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Da tribalização passada ao neo

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ESTÁCIO FACULDADE DO PARÁ
Profª Rosilene da Silva Vieira
E-mail rosilene.vieira@estacio.br
DA TRIBALIZAÇÃO PASSADA AO NEO-TRIBALISMO DA PÓS-MODERNIDADE.
O sociólogo francês Michel Maffessoli defende a tese que sugere que estamos entrando em um novo paradigma cultural, exatamente pela emergência notória de grupos que estão resgatando emoções e sentimentos que teriam sido considerados ultrapassados em função da razão e do progresso que levou a humanidade a um processo de individualização. Podemos notar esse fenômeno, de constantes transformações, se observamos a “fase tribal” na qual nos encontramos, com uma volta de valores que a modernidade julgava enterrados. A nova geração forma grupos dentro dela própria, como o movimento flash mob.
A pós-modernidade, condição sócio cultural e estética do capitalismo contemporâneo, se configura com um perfil de fenômenos tribais. O comando do social começa a ser tomado pelas micro-tribos, a partir da emoção, do afeto, e não somente da razão. O que acontece na pós-modernidade é a volta de elementos que a modernidade julgava ultrapassados, arcaicos. O neo-tribalismo é um novo humanismo, porém mais completo e rico, em que o trabalho tem o seu lugar mais ao lado do prazer, da estética e da criação.
Para entender temos que ter em mente de que estamos no início de uma nova civilização que tende a desvendar alguns dos mistérios do universo. Porém, os rápidos progressos da tecnologia que são frutos deste novo paradigma surgem sob o signo da ambiguidade, isto é, de um lado, concorrem para a melhoria das condições de vida, de outro, ameaçam a existência de certos valores reais da vida humana.
Observamos que a saturação dos valores da modernidade e o advento de novas tecnologias de comunicação estão resultando em transformações profundas em todas as esferas da sociedade. A junção entre os meios de comunicação para as massas e a microinformática, por exemplo, aliada ao crescimento das redes comunicacionais, operam modificações não só no cotidiano como também na maneira como o homem percebe o mundo e o seu semelhante. Michel Maffesoli trata a pós-modernidade como um novo paradigma tentando não sugerir rupturas, nem radicalização, mas sim uma reorganização: de valores, ideias, visões de mundo e etc, que são provenientes da modernidade.
Estamos entrando em um novo paradigma cultural deixando para trás os traços da chamada modernidade, onde se destacaram a estrutura mecânica, a organização econômica e política, os indivíduos e os grupos contratuais. Reconhecemos, desta maneira, que estamos vivendo num contexto de grandes mudanças onde percebemos que novas formas de sociabilidade estão emergindo. Este novo paradigma pontua o fim de uma lógica individualista típica da modernidade. Estamos caminhando em direção à multiplicidade de papéis e “máscaras” em que a pessoa só existe em termos do papel ou máscara usada em dado momento ou situação.
Essa nova sociabilidade diz respeito ao tribalismo pós-moderno que está se tornando, nos grandes centros urbanos, um dos maiores expoentes dessas alterações nas relações sociais pelas quais estamos passando. Tribos bastante diferenciadas como punks, surfistas, mobbers e internautas, são exemplos desses grupos que se caracterizam pela pulsão de estar junto, que se reúnem de acordo com suas afinidades e seus interesses no momento e que não tem outra finalidade a não ser reunir-se. Esse processo de transformações vem acontecendo desde o século XVIII. As pessoas veem a necessidade de agrupar-se em micro tribos e buscam novas formas de solidariedade que não são encontradas necessariamente nas instituições sociais habituais.

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