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Custos das Matérias Primas O preço da matéria prima varia de acordo com sua disponibilidade (no caso da matéria prima natural), beneficiamento e pureza. Produto Cerâmico Tratamento da Matéria Prima Custo Cerâmica Vermelha - Nenhum ou quase nenhum (Desagregação, homogeneização e acerto de umidade) 1 umidade) Cerâmica Branca -Purificação por processos mecânicos - Moagem e classificação granulométrica - Calcinação Refratários especiais (Óxidos de alta pureza, Carbetos e Nitretos) Materiais eletrônicos e Magnéticos -Purificação Química - Fabricação de matérias primas artificiais por reações em alta temperatura. - Moagem de ultra finos Caracterização das Matérias Primas Antes de iniciar o processamento cerâmico de uma determinada matéria prima é necessário caracterizar a matéria prima para determinar se suas características são adequadas para a fabricação do produto desejado. Os ensaios de caracterização mais comuns são: 1- Caracterização estrutural, composição química e mineralógica - Análise química : determinar a composição química e pureza. 2 - Análise química : determinar a composição química e pureza. - Análise termogravimétrica : determinar a temperatura ou faixa de temperatura onde ocorre perda de massa. - Análise térmica diferencial : determinar a temperatura ou faixa de temperatura onde ocorre reações. - Difração de raios X : determinar as fases cristalinas. 2- Caracterização física -Tamanho médio e distribuição de tamanho de partículas. - Análise da área específica. - Determinação da densidade real - Refratariedade. 3 3- Caracterização química - Capacidade de troca de base (para matéria prima natural). - Solubilidade em diversos meios. 4- Caracterização do comportamento reológico de suspensões e massas plásticas - Traçar curva de defloculação - Análise da viscosidade de suspensões. - Determinação das características da massa plástica 5- Ensaios cerâmicos (tecnológicos) 4 5- Ensaios cerâmicos (tecnológicos) - Medida da fluidez e ensaio de empacotamento do pó. - Densidade e Resistência mecânica de corpos de prova a verde. - Caracterização de corpos sinterizados (densidade, porosidade, retração de queima, absorção de água, resistência mecânica e cor após queima). Definição de termos básicos Materiais particulados consistem de pequenas unidades sólidas que possuem características e denominações específicas: - Partícula primária: Pode ser um monocristal, policristal nonofásico ou polifásico. Se possuir poros eles devem se isolados, portanto é impermeável à fluido. 5 -Aglomerado: termo geral que descreve uma massa pequena que tem uma rede de poros interconcetados. É formado por partículas primárias ligadas através de forças superficiais e/ou pontes sólidas. (Força superficial pode ser atração eletrostática ou van de Walls entre partículas ou forças capilar devido a presença de líquido dentro do aglomerado; Pontes fortes são resultantes da sinterização, fusão, reação química). Aglomerados com ponte sólida podem manter a identidade sob várias condições porém os aglomerados formados por forças superficiais são rompidos facilmente por pequena força externa. Os formados por ponte sólida são chamados aglomerados sólidos ou agregados e os formados por forças superficiais são chamados aglomerados fracos . - Partícula: pode ser uma partícula primária ou aglomerado sólido. É a menor massa que pode se mover num meio líquido 6 sólido. É a menor massa que pode se mover num meio líquido após a dispersão do pó através do rompimento das ligações superficiais. - Granulo: são aglomerados formados intencionalmente pela adição de um agente granulador. Um exemplo de grânulo é o produto da secagem de suspensão em atomizador (spray- dryer). - Flocos: agrupamento de partículas que se forma em suspensões devido à forças de atração entre as partículas. O floco pode ser disperso alterando quimicamente a suspensão de forma a neutralizar a força de atração entre as partículas. O agente utilizado é chamado defloculante. - Coloides: são partículas que possuem tamanho entre 0,1 e 0,001 µm. Essas partículas dispersas em fluidos se mantêm 7 0,001 µm. Essas partículas dispersas em fluidos se mantêm em movimento Browniano. MATÉRIAS PRIMAS NATURAIS As matérias primas naturais usadas na indústria cerâmica são formadas por processos geológicos complexos. Suas características cerâmicas são determinadas composição química e mineralógica (constituintes principais e minerais acessórios). 8 acessórios). Al, Si e O juntos correspondem a 90% dos elementos da crosta terrestre matérias primas naturais a base de silicatos e silicatos de alumínio são abundantes e baratas e constituem a base da indústria de cerâmica tradicional. CLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS NATURAIS Argilas : são constituídas principalmente por argilo-minerais que são: silicatos hidratados de alumínio com partículas inferiores a 2 µm (diâmetro esférico equivalente). As partículas são lamelares devida a estrutura cristalina lamelar, como por exemplo, a caulinita 9 exemplo, a caulinita Além dos argilo-minerias (caulinita, mica, montmorilonita, etc) as argilas contém minerais tais como quartzo, hidróxido de alumínio, hidróxido de ferro, carbonato de cálcio, etc). A composição mineralógica de uma argila é a quantidade de cada argilo-mineral e mineral que a compõe.O comportamento das argilas durante o processo de queima depende da 10 composição mineralógica. Dependendo da composição mineralógica, as argilas são classificadas como: argila para cerâmica branca, para cerâmica vermelha, argila refratária (possuem elevado teor de Al), argila plástica refratária, etc. Caulins: Possuem principalmente caulinita em sua composição mas se diferencia de uma argila pois a caulinita é muito espessa. São muito puros e queimam branco. Sílica: sendo a forma mais comum o quartzo. Muito utilizada na indústria refratária, cerâmica branca e vidros. 11 na indústria refratária, cerâmica branca e vidros. Magnesita (MgCO3) e Calcita (CaCO3). São utilizados na fabricação de refratários (T de fusão do MgO e CaO= ~2.800 °C) Feldspatos: Principal função: fundente. Existem 03 tipos: Albita: Na2O . Al2O3 . 6SiO2 indústria vidreira Anortita: CaO . Al2O3 . 2SiO2 indústria vidreira Ortoclásio: K2O . Al2O3 . 6SiO2 indústria cerâmica Talco: Silicato hidratado de magnésio (3MgO.6SiO2.H2O). Usado na 12 2 2 fabricação de isolantes elétricos. Zirconita: usada na fabricação de peças cerâmicas, na indústria ótica/oftalmica como polidor e também para obtenção de ZrO2. Badaleita: matéria prima natural que contém 80-90% de ZrO2 com TiO2, SiO2 e F2O3 como principais impurezas. Difratograma da Argila Lopes Quartzo Mica Caulinita Mica MATÉRIA PRIMA Perda ao fogo SiO2 Al 2O3 Fe2O3 CaO Na2O MgO K2O Total Taguá 5,00 68,00 16,00 4,29 1,19 0,38 2,96 97,82 Argila São 13,01 49,44 35,67 1,10 0,25 0,05 0,30 99,82 Análise Química de Matérias Primas Naturais Argila São Simão 13,01 49,44 35,67 1,10 0,25 0,05 0,30 99,82 Caulim Minasolo 13,15 45,90 38,76 0,45 - 0,04 1,10 99,40 Feldspato 0,29 66,24 17,53 0,48 0,12 3,98 11,14 99,78 Filito 3,76 64,77 19,26 3,41 0,03 0,07 1,14 5,54 Reações em alta temperatura As propriedades dos corpos cerâmicos são determinadas pelas propriedades de cada fase presente e pelo modo como essas fases, incluindo porosidade, estão arranjadas formando a microestrutura. Portanto, as propriedades dependem da microestrutura. O desenvolvimento da microestrutura ocorre basicamente durante o processo de queima em alta temperatura e é determinado por dois fatores: 15 determinado por dois fatores: Mudanças químicas e Mudanças físicas Essas mudanças, que são específicas de cada sistema , dependem tanto das condições de queima (taxa de aquecimento, resfriamento e atmosfera) como das características das matérias primas principalmente pureza, tamanho de partículas. As mudanças físicas geralmente estão relacionadas com: - Mudança de estado: mudança do estado sólidopara o líquido ou vapor sem ocorrer decomposição. - Redução da área específica: diminui a energia de superfície do sistema. - Mudança de estrutura cristalina: que é acompanhada de 16 mudança na densidade real. Das mudanças citadas acima, a redução de área específica é comum à todas as classes de cerâmicas (avançada, técnica e tradicional) enquanto que mudança de estado e estrutura cristalina certamente ocorrem na sinterização de cerâmica tradicional mas não necessariamente em cerâmicas avançadas. As mudanças químicas podem ser devidas às reações entre fases sólidas, líquidas ou gasosas. Em materiais cerâmicos as reações mais comuns ocorrem: - entre sólidos - entre sólidos e líquidos - entre sólidos e gases 17 - entre sólidos e gases Muitas das reações que ocorrem em sistemas cerâmicos são heterogêneas. Nessas reações existe uma interface entre o produto da reação e as fases reagentes e, como consequência segue uma sequência de passos: 1- transporte de material para a interface 2- reação no contorno de fases 3- em alguns casos, transporte do produto de reação para região distante da interface. 18 região distante da interface. Além disso, as reações nos contornos de fases liberam ou absorvem calor alterando a temperatura do contorno e, por consequência, a velocidade do processo. Desde que os passos ocorrem em série, isto é, para um passo ocorrer é necessário que o anterior tenha ocorrido, a velocidade de uma reação heterogênea é controlada pelo passo mais lento. Reações no estado sólido: ocorrem quando a temperatura envolvida não é suficientemente elevada para o aparecimento de fase líquida. Essas reações ocorrem quando uma mistura de duas fases sólidas, AO e BO de mesma estrutura cristalina, são aquecidas e ocorre interdifusão de átomos formando uma solução sólida (A,B)O. 19 solução sólida (A,B)O. AO BO(A,B)O cA jBjA Espessura “x” A formação da solução sólida ocorre pela interdifusão dos cátions com um fluxo de A (jA) e B (jB) em direções contrárias formando uma camada de solução sólida de espessura “x”. Considerando que o passo que controla a velocidade de formação da camada é a difusão de cátions (D) temos: 20 temos: ou (1) onde dc/dx é o gradiente de concentração ao longo da camada. dx dc DJ −= Mas o fluxo pode também ser colocado em função da velocidade de formação da camada: (2) Integrando obtém-se uma lei parabólica para a velocidade de formação da camada: sendo K´ ~ D (3) x c D dt dx KJ ∆−== 2/1)´( tKx = 21 onde o coeficiente de difusão é termicamente ativado (4) A equação 3 é a equação cinética para a formação de uma camada plana de solução sólida e sua dependência com a temperatura. )exp(0 RTQDD −= Na maioria dos casos de interesse em cerâmica isto é, um compactado de partículas, a geometria da interface não é plana. Geralmente as partículas são consideradas esféricas r x A espessura “x” da camada está relacionada com a fração volumétrica de solução sólida (α) da seguinte maneira: 22 Volume de material não reagido: V=4/3π(r-x)3 que é igual ao volume total da esfera V=4/3πr3 multiplicado pela fração volumétrica não reagida (1- α). Então: (5) portanto, (6) )1( 3 4 )( 3 4 33 αππ −=−= rxrV 3 11( α−−= rx 23 que substituindo na eq. 3 temos: (7) Portanto, reduzindo o tamanho de partícula também é reduzida a fração não reagida (1-α). 2/13 )´( 1 11 tK r =−− α Reações de decomposição : são muito comuns em cerâmica. Exemplos: decomposição de Mg(OH)2, MgCO3, CaCO3. Dependendo dos parâmetros temperatura, tempo, pressão parcial do volátil na atmosfera e tamanho de partículas o processo pode ser controlado: 1- pela velocidade de reação na superfície 24 1- pela velocidade de reação na superfície 2- pela permeação do produto gasoso pelos poros da camada formada 3- pela transferência de calor. Exemplo 1: Decomposição do CaCO3 . CaCO3(s) CaO (s) + CO2 (g) AH=44,3 Kcal/mol Esta reação é fortemente endotérmica isto é, calor deve ser fornecido para que ela aconteça. 25 Em qual temperatura esta reação irá ocorrer? Ao ar Diagrama de Ellingham Mostra a estabilidade de compostos em função da temperatura Energia livre de reações de decomposição em função da temperatura. Linhas tracejadas indicam a pressão de gás em equilíbrio. Ao ar CaCO3 torna-se instável acima de 810 °K. MgCO3 torna-se instável acima de 480 °K. Mg(OH)2 torna-se instável acima de 445 a 465 °K. 26 Considerando a decomposição de uma partícula de CaCO3 . CaCO3 . CaO poroso Fluxo de gás CO2. Interface do reação 27 Se a camada de CaO apresenta baixa porosidade a pressão parcial do produto gasoso na interface de reação torna-se tão alta que a reação atinge um estado de quase equilíbrio. A reação continua com uma velocidade limitada pelo fluxo de gás para fora desta interface. A reação de decomposição do CaCO3 é uma decomposição heterogênea isto é, ocorre numa interface definida. Exemplo 2: Decomposição do Caulinita. Al2(Si2O5) (OH)4 Al2O3. 2SiO2 + 2H2O caulinita meta caulinita A caulinita não se decompõe da mesma maneira que o CaCO3. Sua decomposição não apresenta uma interface heterogênea de reação. 28 decomposição não apresenta uma interface heterogênea de reação. Acima de 500 °C a água de cristalização (ions hidroxilas) são liberados de suas posições na estrutura cristalina deixando uma estrutura pseudomórfica com a estrutura cristalina original contendo grande concentração de posições aniônicas vazias. Acima de 980 °C e sta estrutura entra em colapso irreversível ocorrendo um rearranjo para as estruturas da mulita e da sílica (cristobalita), liberando calor. A cinética de decomposição da caulinita é controlada pela difusão dos íons hidroxilas através da rede cristalina não aparecendo uma superfície de decomposição heterogênea. Portanto, a reação é homogênea e a cinética é controlada pela difusão na rede. Como o calor envolvido nas reações é elevado elas são facilmente detectadas por 29 nas reações é elevado elas são facilmente detectadas por análise térmica diferencial (ATD). (Cerâmica 49 (2003) 120-127) ATD – ATG de argila caulinítica 30 Caulinita meta caulinita mulita + cristobalita 3 [Al2(Si2O5) (OH)4] 3[Al2O3. 2SiO2]+ 6H2O Al6Si2O13 + 4 SiO2. Reações entre sólidos e gases . Exemplo: Oxidação: 2FeO(s) + ½ O2 (g) Fe2O3 (s) Reações entre sólidos e líquidos Ocorrem quando a temperatura envolvida é suficientemente 31 Ocorrem quando a temperatura envolvida é suficientemente alta para promover o aparecimento de uma certa quantidade de fase líquida que fica em contato com as partículas sólidas. Exemplo: dissolução de partículas de quartzo (SiO2) no líquido feldspaltico. Até aqui CORPO CERÂMICO TRIAXIAL Muitos produtos cerâmicos possuem composições que pertencem ao triaxial Feldspato – Metacaulinita - Quartzo . Exemplos de produtos: Isoladores elétricos, louça sanitária. 32 Função de cada matéria prima na composição triaxial Argila: fornece partículas finas e plasticidade à massa. Feldspato: gera líquido viscoso durante a queima. 33 Quartzo: forma o esqueleto da peça. Em baixas temperaturas permanece inalterado e em alta temperatura se dissolve parcialmente no líquido feldspaltico aumentando a viscosidade. Reações que ocorrem durante a queima de corpo ce râmico triaxial ~500 °C : ocorre a perda de água estrutural da caulinita 990 °C : ocorre o eutético dos sistema argila-feldspato-quartzo ~1000 °C : começa a formação de agulhas de mulita que crescem com o aumento da temperatura. 1.140 °C : os grãos de feldspato começam a se fundir formando líquido de elevada viscosidade não provocando mudanças na forma 34 líquido de elevada viscosidade não provocando mudanças na forma da peça até 1.200 °C. ~1250 °C : os grãos de feldspato menores que 10 µm já desapareceram. Os grãos de quartzo começam a se dissolver na fase líquida. ~ 1350 °C : grãos de quartzo menores que 20 µm já se dissolveram. Acima de 1400°C : pouco quartzo permanece e a porcelana consiste de mulita e vidro. Porcelana sinterizada a 600 °C Q= quartzo C= aglomerado de argila já decomposta MX= mistura de feldspato, argila e quartzo J Pak Mater Soc 2008 2(2) 62-71 Microestrutura de uma porcelana 35 Porcelana sinterizada a 900 °C Q= quartzo C= aglomerado de argila já decomposta C+F= argila + feldspato MX= mistura de feldspato, argila e quartzo Porcelana sinterizada a 1.000 °C Q= quartzo C= aglomerado de argila (decomposta) MX= mistura de feldspato, argila e quartzo L= líquido J Pak Mater Soc 2008 2(2) 62-71 36 Porcelana sinterizada a 1.100 °C Q= quartzo C= aglomerado de argila (decomposta) MX= mistura de feldspato, argila e quartzo L= líquido Microestrutura de uma porcelana comercial J Pak Mater Soc 2008 2(2) 62-71 37 Q= quartzo R= fase vítrea rica em silica P= mulita primária S= mulita secundária A= cristal de corindum Microestrutura de porcelana de composição: 45% argila caulinitica + 30% feldspato + 25% quartzo (% em peso) 1200 °C 1250 °C 38 1300 °C 1300 °C Bull. Mater. Sci. Vol.27 n°2 pp. 183-188 2004
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