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Ciência dos Materiais PARTE 4 - Cerâmicas Esquema básico de fabricação de uma porcelana(cerâmica tradicional) Argila Quartzo Feldspato Mistura Adição de água Conformação Secagem Queima Decoração • As cerâmicas surgiram há mais de 9000 anos. • A palavra “cerâmica” se origina da palavra grega “keramikos”, que significa material queimado. • Materiais Cerâmicos são todos os materiais obtidos por cozedura a altas temperaturas de matérias-primas naturais (ou artificiais) constituídos principalmente por argilas (silicatos de alumínio hidratados). • As peças são queimadas geralmente entre 900ºC e 1400ºC. Esta temperatura depende da composição da peça e das propriedades desejadas. Durante a queima ocorre um aumento da densidade e da resistência mecânica. Fenômenos que ocorrem na queima • Eliminação do material orgânico (dispersantes, ligantes, material orgânico nas argilas); • Decomposição e formação de novas fases de acordo com o diagrama de fases (formação de alumina, mulita e vidro a partir das argilas; • Sinterização (eliminação da porosidade e densificação). Processo pelo qual pequenas partículas de material são ligadas umas às outras por difusão no estado sólido. O potencial para a sinterização é a diminuição da quantidade de superfície por unidade de volume. Sinterização • As cerâmicas são materiais inorgânicos constituídos por elementos químicos metálicos e não metálicos que se ligam por meio de ligações covalentes e iônicas. • O óxido de alumínio, ou alumina, é um exemplo de material cerâmico composto por alumínio, que é um metal, juntamente com o oxigênio, um não metal, cuja fórmula química é Al2O3. • Outros exemplos de materiais cerâmicos comuns são o dióxido de silício (ou sílica, SiO2 ), dióxido de zircônio (ou zircônia, ZrO2 ), carbeto de silício (SiC) e nitreto de silício (Si3N4 ). • As cerâmicas incluem muitos outros compostos, alguns dos quais existem naturalmente, enquanto outros são manufaturados. • Os materiais cerâmicos são duros, possuem rigidez e resistência comparadas às dos metais, entretanto, são frágeis, ou seja, apresentam baixa resistência a esforços de tração, torção, flexão etc. Praticamente não têm ductilidade. Contudo, as cerâmicas são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes severos do que os polímeros e os metais, e são materiais tipicamente isolantes térmicos e elétricos (CALLISTER JR; RETHWISCH, 2016). Obs: dureza é uma das características dos materiais que está intimamente vinculada com a ligação dos átomos que formam esse material. A dureza pode ser entendida como a facilidade que um material tem de riscar ou penetrar em outro. 1. Extremamente duras e frágeis; 2. Resistentes à compressão; 3. Resistentes à corrosão química; 4. Isolantes elétricos, térmicos e radioativos; 5. Suportam altas temperaturas; 6. Sensíveis ao impacto; 7. Superfície porosa; 8. Baixa resistência à tração; 9. Baixa dilatação térmica comparada com os metais e polímeros; 10.Matéria prima de custo baixo. Características das cerâmicas Algumas aplicações mais recentes: Blindagem térmica com placas de Carboneto de silício no revestimento dos ônibus espaciais, para proteger a estrutura interna de alumínio. Nitreto de silício: Utilização em ferramentas de corte por sua alta resistência a choques térmicos e à fratura. Principais desvantagens: São difíceis de serem transformados em produtos acabados; Por serem quebradiços e com baixa resistência à fratura em comparação aos metais. Evolução Tecnológica das cerâmicas • Uma vez que as cerâmicas são compostas por pelo menos dois elementos, frequentemente por mais, suas estruturas cristalinas são, em geral, mais complexas do que as dos metais. • A ligação atômica nesses materiais varia desde puramente iônica até totalmente covalente. Muitas cerâmicas exibem uma combinação desses dois tipos de ligação, sendo o grau de natureza iônica dependente das eletronegatividades dos átomos. MATERIAL PERCENTUAL DE NATUREZA IÔNICA CaF2 89% MgO 73% NaCl 67% Al2O3 63% SiO2 51% Si3N4 30% ZnS 18% SiC 12% 1- Cerâmicas à base de silicatos (cerâmicas tradicionais) Os silicatos são materiais compostos principalmente por silício e oxigênio, os dois elementos mais abundantes na crosta terrestre. Consequentemente, a maior parte dos solos, rochas, argilas e areia enquadram-se na classificação de silicatos. • As argilas são as matérias-primas mais usadas nas cerâmicas. Elas são constituídas por finas partículas de silicato hidratado de alumina, que se tornam plásticas com adição de água, ficando moldáveis e conformáveis. As argilas mais comuns são as do mineral caulinita (Al2Si2O5(OH)4). • A sílica está disponível na natureza em várias formas, sendo a mais importante o quartzo, cuja principal fonte é a areia. • O feldspato é outro mineral com frequência usado. O termo feldspato se refere a qualquer dos diversos minerais cristalinos que contenham silicato de alumínio combinado com potássio, sódio, cálcio ou bário. • Outra matéria-prima importante para as cerâmicas tradicionais é a alumina. A maior parte da alumina é processada a partir da bauxita. A alumina é usada com frequência nos tijolos refratários. Outros materiais refratários são o MgO e CaO. • O material abrasivo usado em rebolos de esmeril á composto por alumina (Al2O3)e carbeto de silício (SiC). Produtos estruturais à base de argila: tijolos, azulejos, tubulações de esgoto, aplicações nas quais a integridade estrutural é importante. Louças brancas: tornam-se brancas após a queima em temperatura elevada. Ex: Porcelanas, louça de mesa e louça sanitária. Cerâmicas Vermelhas Argila Vermelha = Óxido de Ferro Tipos 1. Magras: Mais Quartzo: baixa plasticidade 2. Gordas: Mais umidade: alta plasticidade Características: Alta porosidade, absorção de água, baixa resistência ao impacto, boa resistência à compressão, alta resistência a choques térmicos, baixa expansão térmica, elevada resistência química, bom isolamento elétrico. Cerâmicas Brancas Grês sanitários e porcelanas. Tipos pelo tipo de queima: 1. Porcelanas: menor porosidade e aparência vitrificada. Alta dureza, resistência a altas temperaturas, bom isolante elétrico, baixa expansão térmica e alta resistência a choques térmicos. 2. Grês: baixa absorção, e pode receber tratamento superficial para aparência. Relativa resistência ao impacto e alta resistência química. 3. Louças: maior porosidade, queima curta e tratamento superficial para aparência. Alta resistência a altas temperaturas, alta resistência a choques térmicos, baixa expansão térmica. Um diagrama de equilíbrio de fases, assim como nos metais nos mostra o estado físico em relação à temperatura de uma combinação determinada de compostos. Diagrama SiO2 – Al2O3 Material refratário • As propriedades características desses materiais incluem a capacidade de resistir a temperaturas elevadas sem se fundir ou se decompor, e sua capacidade em permanecer não reativos e inertes quando expostos a ambientes severos. • A habilidade de proporcionar isolamento térmico é uma consideração importante (ex: ambientes em que caldeiras e fornos se encontram). • Tijolos são a forma mais comum em que são comercializados. • Seu desempenho depende em grande parte de sua composição. • A porosidade é uma variável microestrutural que deve ser controlada para produzir um tijolo refratário adequado. • A resistência mecânica, a capacidade de suportar carga e a resistência ao ataque por materiais corrosivos aumentam com a redução da porosidade. • Ao mesmo tempo, as características de isolamento térmico e a resistência a choques térmicos são diminuídas • Logo, a porosidade adequada depende das condições de serviço. Tipos de refratários • Refratários silicoaluminosos: compostos por argilas refratárias de alta pureza. Maior temperatura possóvel sem fase líquidaé de 1587ºC. Resistência não é uma propriedade essencial. Ex: fornos. • Refratários à base de sílica: sílica é o principal componente. Suporta até 1650ºC. Uso nos tetos em arco dos fornos para fabricação de aços. • Refratários básicos: ricos em periclásio, ou magnésia (MgO). Resistente ao ataque de escórias. Uso em fornos de produção e refino de aços. • Refratários especiais: produzidos com óxidos de alta pureza e resultamem um material com muita pouca porosidade. Materiais cerâmicos refratários comuns Material Al2O3 SiO2 MgO Cr2O3 Fe2O3 CaO TiO2 Porosidade aparente (%) Argila refratária 25,0-45,0 70,0-50,0 0-1 0 0-1 0-1 1,0 - 2,0 10,0 - 25,0 Argila refratária com alto teor de alumina 90,0-50,0 10,0-45,0 0-1 0 0-1 0-1 1,0 - 4,0 18,0 - 25,0 Sílica 0,2 96,3 0,6 0 0 2,2 0 25,0 Periclásio 1,0 3,0 90,0 0,3 3,0 2,5 0,0 22,0 Minério de periclásio-cromo 9,0 5,0 73,0 8,2 2,0 2,2 0,0 21,0 2 - Cerâmicas avançadas • São materiais cerâmicos que foram sintetizados nas últimas décadas. • São obtidas através técnicas de processamento mais avançadas, por isso, diferem mais das cerâmicas tradicionais devido ao processamento do que devido à matéria-prima. A alumina, por exemplo, é hoje em dia produzida sinteticamente a partir da bauxita, usando fornos elétricos. • Por meio do controle do tamanho das partículas e das impurezas, e pela mistura com quantidades pequenas de outras cerâmicas, a resistência e a tenacidade da alumina são substancialmente melhoradas quando comparadas com a alumina natural. • Os carbetos incluem o WC (de tungstênio), TiC (de titânio), TaC (de tântalo) e Cr3C2 (de cromo). São reconhecidos por sua dureza e resistência ao desgastes em ferramentas de corte. O WC é o mais importante e mais amplamente usado desse grupo. Eles devem ser combinados com um ligante metálico como o cobalto ou níquel para a fabricação de peças sólidas úteis. Suas peças são obtidas através da metalurgia do pó. • As cerâmicas avançadas incluem materiais que são usados em sistemas microeletromecânicos , assim como os nanocarbonos (fullerenos, nanotubos de carbono e grafeno). Classificação quanto à pureza As aplicações são baseadas em propriedades mais específicas: – elétricas • sensores de temperatura (NTC, PTC) • ferroelétricos (capacitores, piezoelétricos) • varistores (resistores não lineares) • dielétricos (isolantes) – térmicas – químicas • sensores de gases e vapores – magnéticas – ópticas – biológica 3 - Vidros • Material cerâmico transparente geralmente obtido com o resfriamento de uma massa líquida à base de sílica. São considerados líquidos super resfriados. • Principal óxido: SiO2 (óxido de silício, ou sílica) • A razão pela qual a sílica é tão empregada nessas composições se deve ao fato de se transformar de maneira natural para o estado vítreo durante o resfriamento do líquido, enquanto a maioria das cerâmicas cristalizam ao solidificarem. • Outros óxidos: CaO, Na2O, K2O e Al2O3 • No resfriamento, não ocorre cristalização (ordenação dos íons em uma estrutura cristalina). Quando o líquido é resfriado, aumenta a sua viscosidade (e diminui o seu volume) até que a viscosidade aumente tanto que o material comece a apresentar o comportamento mecânico de um sólido. • Não existe uma temperatura de fusão cristalina, mas uma temperatura de transição vítrea ( Tg ) • A temperatura de transição vítrea é definida como a temperatura (cerca de 1.300°C) que separa o comportamento sólido do líquido em um sólido amorfo como o vidro. Vimos que uma fase cristalina tem arranjo atômico definido, repetitivo e longo. Uma fase amorfa tem ordem apenas em pequenas distâncias. Como as fases amorfas não têm ordem em grandes distâncias, seus arranjos atômicos são menos definidos e permitem maiores diferenças na composição que as fases cristalinas. A maior parte dos vidros industriais comuns são compostos de: • 72% de Areia (óxidos e carbonatos de silício, cálcio e sódio); • 11% Calcário; • 14% Carbonato de sódio (barrilha ou soda); • 2% Alumina; • 1% Corantes. Composições típicas de produtos de vidros selecionados Sílica cal-soda Boro-silicato Vycor Suporta temperaturas de até 1200ºC por curto período ou 900º por períodos longosPyrex – boro-silicato Têmpera • Processo de aquecimento e resfriamento graduais para aumento da resistência a altas temperaturas. • O vidro temperado, quando fraturado, se fragmenta em pequenos pedaços, com arestas menos cortantes que o vidro comum. • Tem resistência mecânica cerca de quatro a cinco vezes superior à do vidro comum Depois de acabado, não permite novos processamentos de cortes, furos ou recortes Fibra de vidro • Pode tanto referir-se à própria fibra como ao material compósito polímero reforçado com fibra de vidro (PRFV), que é popularmente conhecido pelo mesmo nome. • É um material composto da aglomeração de finíssimos filamentos de vidro, que não são rígidos, altamente flexíveis e resina poliéster (ou outro tipo de resina. A indústria produz e utiliza dois tipos básicos de Fibras de Vidro: • Lã de Vidro com aplicações como isolante térmico e acústico; • Fiberglass que é constituído de filamentos de pequenos diâmetros, é da maior importância industrial como elemento de reforço de resinas plásticas, originando uma nova família de materiais de engenharia. Propriedades • Baixo custo de ferramental e equipamentos; • Alta resistência à tração, flexão e impacto, sendo muito empregados em aplicações estruturais; • Não conduz corrente elétrica, sendo utilizado também como isolante estrutural • Não enferruja e tem excepcional resistência a ambientes altamente agressivos aos materiais convencionais; • A resistência química é determinada pela resina e construção do laminado; • Custos de manutenção baixos devido à alta inércia química e resistência às intempéries; • Grande resistência o corrosão; • Podem-se dimensionar peças em vários tamanhos, sem emendas aparentes, com grande estabilidade, com contornos variados e complexos; • Pode substituir várias peças de outros materiais; • Leve, o peso específico do laminado é ± 1,5g/cm3. Tipos de fibra de vidro Roving: Pode ser usado na fabricação de Piscinas, Banheiras, Telhas, Caixas D´Água, Tubulações, Tanques, Perfis Estruturais. Manta: Utilizada na fabricação de Embarcações, Peças Automobilísticas, Perfis, etc. Fibra Picada: Utilizada na fabricação de Termoplásticos e termofixos reforçados em geral. Tecido: Utilizado para fabricação de Embarcações, Tanques, Peças Automobilísticas, Perfis, etc. Comparação de Fibras Vitrocerâmicas • É uma classe de material cerâmico produzido pela conversão do vidro vítreo em uma estrutura policristalina por tratamento térmico. Esse processo é chamado cristalização. • A proporção da fase cristalina no produto final varia entre 90% e 98%, sendo o restante a fase vítrea que não foi convertida. • O tamanho do grão é mais reduzido do que os grãos das cerâmicas tradicionais. • Essa microestrutura cristalina torna as vitrocerâmicas mais resistentes do que os vidros de onde são obtidas. • Devido à sua estrutura cristalina, elas são opacas (cinza, branca), mas com tratamento adequado podem ser transparentes. Processo de fabricação das vitrocerâmicas Aquecimento e moldagem da peça como vidro Taxa de resfriamento controlada Formação de núcleos cristalinos (nucleação) Adição de um agente de nucleação . Ex: TiO2 Taxa de aqueciemnto controlada A presença de um agente de nucleação desloca as curvas de transformação para tempos mais curtos. Fabricados sob os nomes comerciais de : Pyroceram, CorningWare, Cercor e Vision. Vantagens: • Resistência mecânica relativamente elevada; • Ausência de porosidade; • Baixo coeficiente de expansão térmica e alta resistência ao choque térmico; • Boas propriedades dielétricas (para aplicações em encapsulamentode componentes eletrônicos) • Facilidade de fabricação • São utilizados como peças para irem ao forno, peças para irem à mesa, janelas de fornos e tampas de fogões d ecozinha, principalmente por sua resistência mecânica e excelente resistência a choques térmicos.
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