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Teoria do crime - fato típico

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Prévia do material em texto

Ana Luiza Bittencourt 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL I 
Teoria do crime 
Existem 4 conceitos acerca de crime, quais sejam: 
● Conceito Legal: Crime é uma infração punida com pena de reclusão ou detenção, isolada, 
alternativa ou cumulativa com a pena de multa (art. 1º LICP) 
● Conceito Formal ou Nominal: Crime é todo fato proibido pela lei penal. É o fato ao qual a 
ordem jurídica associa a pena como consequência. 
● Conceito Material ou Substancial: Crime consiste na violação de um bem jurídico 
penalmente protegido. É todo fato humano lesivo a um interesse capaz de comprometer as 
condições de existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade. 
● Conceito Analítico ou Dogmático: Crime é um fato típico, ilícito e culpável para a maioria da 
doutrina que adota a Teoria Tripartite e um fato típico e ilícito (para os que adotam a Teoria 
Bipartite), funcionando a Culpabilidade como pressuposto de aplicação da pena. 
 
Obs: O conceito que efetivamente interessa é o analítico, porquanto tal definição exterioriza 
os requisitos do delito, decompondo-o em suas partes constituintes. 
 
CRIME = Fato Típico + Ilícito (antijurídico) + Culpável 
- Se faltar qualquer desses elementos, não tem crime. 
- Será estudado agora o primeiro elemento do crime = Fato Típico. 
Fato típico 
- O Fato Típico é composto por 4 elementos (ou 5, porque o elemento subjetivo tem 
peculiaridades): Conduta (elemento subjetivo), Resultado, Nexo Causal, Tipicidade. 
- Se faltar qualquer desses elementos, não tem crime. 
Conduta: 
- Crimes Comissivos: baseada na ação, mediante um fazer > atuação positiva. Ex. furto, roubo, 
estupro, lesão corporal, homicídio 
- Crimes Omissivos Próprios (Puros): mediante um não fazer > atuação negativa. Esse tipo é que 
a omissão está PREVISTA EM LEI; está no próprio tipo penal; no caput. Ex.: omissão de socorro 
(art. 135), omissão de notificação de doença (art. 269), abandono material (art. 244). 
- Crimes Omissivos Impróprios (Impuros) ou Comissivos por Omissão: quem SE OMITE TENDO 
DEVER DE AGIR E PODENDO AGIR, responde pelo crime na modalidade comissivo por omissão. 
Ex.: um padrasto mantém relação sexual com a enteada menor de 14 anos e a mãe sabe disso e 
não faz nada > ela vai responder pelo crime de estupro de vulnerável na modalidade comissivo 
por omissão (o padrasto responde por estupro de vulnerável, sendo comissivo). 
- Mas quem tem o dever de agir? ART. 13 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe 
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Ex.: a mãe tem o dever legal de 
amamentar o filho. Se não o amamenta, dolosa ou culposamente e ele morre, responde pelo 
homicídio, pois tinha o dever jurídico de agir e podia agir para evitar o resultado. Ex.: delegado 
de política e carcereiro em relação ao preso; bombeiro em relação ao cidadão em perigo; policial 
militar em relação a qualquer cidadão). 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Esta forma pode ser 
originada do contrato, da declaração unilateral de vontade, da promessa e etc. Aquele que 
assume a responsabilidade por outra forma fica na posição de garantidor, devendo impedir a 
ocorrência do resultado. Ex.: guia alpino em relação ao alpinista; salva-vidas em relação ao 
banhista; babá em relação ao bebê; guarda-costas em relação ao guardado; médico em relação 
ao paciente). 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Esta regra 
enuncia o denominado princípio da ingerência. Ela deve ser entendida dentro das limitações 
desejadas pelo legislador. São necessários os seguintes requisitos para a configuração do dever 
jurídico nessa hipótese: a) que a conduta precedente seja objetivamente antijurídica; b) que o 
perigo criado pelo ingerente seja adequado ou idôneo à produção do resultado típico; c) que a 
conduta prévia transformadora do ingerente em garante cause perigo para o bem. Sobrevindo 
dano imediato, o crime será comissivo, não havendo, pois, de falar-se em omissão imprópria. 
Ex.: A pessoa empurra alguém na piscina sabendo que ela não sabe nadar > essa pessoa vê que 
a outra está se afogando > a pessoa passa a ter o dever de agir, mesmo não tendo assumido 
responsabilidade. 
Resultado 
- Naturalístico = visível a olho nu; há uma modificação no mundo exterior > ex.: lesão corporal 
que gera um olho roxo; que mata uma pessoa. 
- Jurídico (normativo) = não visível a olho nu; não gera mudanças no mundo exterior > ex.: 
calúnia, injúria, difamação. Todo crime tem > perigo gerado ao bem jurídico. 
Nexo causal 
 
 
 
 
 
 
- É também chamado de relação de causalidade > só tem incidência nos crimes materiais. 
- crimes materiais: conduta --------- resultado (resultado precisa ocorrer para que se tenha a 
consumação) > ESTABELECER NEXO CAUSAL para verificar se aquela conduta foi a causa 
daquele resultado. 
- crimes formais: conduta ------------ resultado (resultado não precisa ocorrer para a 
consumação) 
- crimes de mera conduta: conduta ---------- (não ocorre consumação) 
 
 
 
- O nexo causal é o vínculo/a relação entre a conduta e o resultado > “relação de produção entre 
a causa eficiente e o efeito ocasionado, pouco importando seja mediato ou imediato.” 
- O nexo causal é utilizado para aferir se o resultado pode ser atribuído, objetivamente, ao 
sujeito ativo como obra do seu comportamento típico. 
- A teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro (art. 13) é a Teoria da Equivalência dos 
Antecedentes Causais (conditio sine qua non) em que se considera causa a conduta (ação ou 
omissão) sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
- Deve-se somar a essa teoria o método/teoria da eliminação hipotética dos antecedentes 
causais (a eliminação leve ao regresso infinito, por isso é preciso romper isso > há algo que 
rompe esse nexo causal). Dessa forma: 
CAUSA: conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido COMO OCORREU ou no MOMENTO 
QUE OCORREU. 
- Faz-se importante analisar o ELEMENTO SUBJETIVO > DOLO ou CULPA. 
- A situação fica um pouco mais complexa quando existem vários componentes que condicionam 
a produção do resultado > concausas > mais de uma causa concorrendo para o resultado > 
outras causas que, além da conduta do agente, geram resultado > há uma relação de 
INDEPENDÊNCIA (total ou parcial) entre a concausa e a conduta. 
- Por exemplo: João, com intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra Antônio 
que, momentos antes, havia sido envenenado por sua esposa. Após morte de Antônio, a perícia 
apurou que o veneno foi o responsável pelo óbito > duas causas concorrem para o evento > 
eliminando-se a conduta de João, concluímos que o resultado (morte de Antônio) ocorreria do 
mesmo modo. Logo, João NÃO pode RESPONDER PELA MORTE, sendo punido, contudo, por 
TENTATIVA DE HOMICÍDIO. 
- Duas espécies de concausas: 
● CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: aquela que ocorre vindo a causar o 
resultado mesmo que não haja qualquer conduta por parte do agente > a causa do 
resultado não se origina (direta ou indiretamente) do comportamento 
concorrente/paralelo > se o infrator não tivesse tentado o crime, a vítima morreria ou 
seria lesada da mesma forma > há o ROMPIMENTO do nexo causal > não pode imputar 
o fato CONSUMADO àquele que teve a conduta, pois o que deu o resultado foi a 
concausa (e não a conduta) > art. 13 
- Preexistente (a causa efetiva/elemento propulsor do resultado antecede o comportamento 
concorrente); Concomitante (a causa efetiva é simultânea ao comportamento concorrente); 
Superveniente (a causa efetiva é posterior ao comportamento concorrente. 
CONCLUSÃO: em se tratandode CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE, não importa a 
espécie (preexistente, concomitante ou superveniente), a conduta será sempre punida na forma 
TENTADA. 
● CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: aquela que ocorre e só tem a 
possibilidade de causar o resultado se for conjugada com a conduta do agente > a causa 
efetiva do resultado se origina, indiretamente, do comportamento concorrente. 
Quando se analisa as causas consideradas de forma isolada, não seriam capazes de 
ocasionar o resultado > se o infrator não tivesse tentado/consumado o crime, o fato não 
teria ocorrido como ocorreu > não há rompimento do nexo causal 
- Preexistente: a causa efetiva é anterior à causa concorrente. Ex.: João, portador de hemofilia, 
é vítima de um golpe de faca executado por Antônio com intenção de matar. O ataque para 
matar, não geraria a morte da vítima, caso essa última não tivesse hemorragia. Antônio 
responde por homicídio consumado > eliminando o comportamento de Antônio, João não 
morreria. 
- Concomitante: a causa efetiva ocorre simultaneamente à outra causa. Ex.: Antônio, com 
intenção de matar, atira em João, mas não atinge o alvo. A vítima, assustada, tem um colapso 
cardíaco e morre. Antônio responde por homicídio consumado, pois se não tivesse atirado a 
vítima não levaria o susto que a levou a morte. 
- Superveniente: o resultado é causado por uma causa subsequente à conduta do agente, 
guardando relação de dependência. Previsto no art. 13 §1º, CP: “A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os 
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou: 
● Exclui a imputação = do resultado consumado > a pessoa responde por tentativa 
● Por si só = uma causa que por si só gera a produção do resultado não pode guardar 
relação de dependência com outra > a consequência foi natural da conduta do agente? 
Se sim, a pessoa responde por tentativa. Se não, responde pelo resultado consumado. 
É normal a pessoa morrer como morreu? Se não, então foi um ato por si só, responde 
por tentativa. A concausa superveniente inaugura um novo processo causal, partindo 
do fato anterior. 
● Produz o resultado 
Ex.: A dispara tiros em direção a B, desejando matá-lo, B, ferido, é levado ao hospital vindo a 
falecer em virtude de uma infecção hospitalar, contraída em consequência do tratamento 
recebido. A causa da morte de B (infecção hospitalar) encontra-se na linha do desdobramento 
do perigo causado pela ação, não havendo rompimento do nexo causal. Portanto, o resultado 
morte será imputado ao agente. Da mesma forma procede-se quanto à seguinte situação: A 
dispara tiros em direção a B, desejando matá-lo. B, ferido, é levado ao hospital, vindo a morrer 
diante de erro médico. O equívoco médico encontra-se em relação de homogeneidade com a 
ação anterior, respondendo por homicídio consumado. Todavia, há rompimento do nexo causal 
quando a vítima, lesionada, morre em função de acidente de trânsito com a ambulância que o 
levava ao hospital; pelo desabamento do teto do nosocômio; pela conduta dolosa de médico 
que o tratava; pela ingestão de remédio letal em virtude da ação culposa de médico ou 
enfermeira. Nestas últimas hipótese, as causas não se encontram na linha evolutiva do perigo 
criado pela ação antecedente, havendo exclusão da relação de causalidade, respondendo por 
tentativa. 
CONCLUSÃO: só pode excluir a causa quando a outra (superveniente) causou o resultado. 
Elemento Subjetivo: 
- O Direito Penal EXIGE a subjetividade do agente > a responsabilidade penal é SEMPRE subjetiva. 
- Se não há dolo ou culpa o indivíduo não pode ser responsabilizado. 
- O elemento subjetivo está DENTRO DA CONDUTA > tem que ser dolosa ou culposa > se não 
tiver esse elemento não tem crime. 
- O elemento subjetivo quebra com o “regresso ao infinito”. 
Tipo doloso: 
Art. 18, I - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
a) Teoria da Vontade = há dolo quando o agente representa e quer praticar a ação e 
produzir o resultado. O agente imagina a ação e o resultado, e pratica a ação querendo 
produzir o resultado. O dolo é a representação (consciência) mais o querer finalístico. 
b) Teoria da Representação = basta, para a existência do dolo, que o resultado seja 
representado, imaginado mentalmente pelo agente, que prevê a ocorrência dele. Como 
visto, os adeptos da representação exigem apenas que o agente represente o resultado 
lesivo. 
c) Teoria do Assentimento ou do Consentimento = há dolo quando o sujeito, ao praticar a 
conduta lesiva, representa o resultado e o admite, aceita, tolera. O agente ou omitente 
consente na ocorrência do resultado lesivo, que por ele é previsto quando da prática da 
conduta. 
d) Teoria da Probabilidade (cognição): para a existência do dolo, o autor deve entender o 
fato como provável e não somente como possível. 
- O Código Penal Brasileiro acolheu a teoria da vontade em relação ao dolo direto e a teoria do 
consentimento em relação ao dolo eventual. 
Espécies de dolo: 
a) Dolo direto: o agente quer o resultado lesivo. O dolo direto em relação ao fim proposto 
e aos meios escolhidos é classificado como de primeiro grau, e em relação aos efeitos 
colaterais, representados como necessários, é classificado como de segundo grau. 
b) Dolo Indireto: 
- Alternativo: ocorre quando o agente quer um ou outro resultado. 
- Eventual: ocorre quando o agente prevê o resultado, mas não deseja alcança-lo; 
contudo, quando da prática da conduta o admite, tolera, aceita que ele ocorra, 
assumindo o risco de produzi-lo. Distingue-se da culpa consciente, eis que nesta, apesar 
de o agente prever o resultado, não aceita que ele ocorra, pois confia que sua atuação 
não dará causa a ele (confiança leviana). 
c) Dolo natural: aquele desprovido de consciência da ilicitude. 
d) Dolo normativo: aquele impregnado da consciência da ilicitude. 
e) Dolo genérico: elemento subjetivo implícito em todo tipo penal, porque contido na 
ação. 
f) Dolo Específico: especial finalidade de agir do sujeito ativo ou especial conhecimento 
de situação fática imposta pelo tipo penal. Ex.: art. 219 (especial finalidade de agir: para 
fim libidinoso); art. 130 (especial conhecimento de situação fática exigida pelo tipo: 
desde que sabe ou deve saber que estar contaminado). 
g) Dolo de dano: ocorre quando o agente quer, ou assume o risco de lesionar o bem 
jurídico. Ex.: matar, ferir, subtrair, etc. 
h) Dolo de perigo: ocorre quando o agente não quer lesionar o bem jurídico, nem assume 
o risco de produzi-lo, desejando ou aceitando o risco de produzir um resultado de perigo 
(nesta espécie de delito o perigo constitui resultado). Ex: art. 309 do CTB. 
i) Dolo geral ou erro sucessivo: o agente, representando um determinado resultado, 
pratica uma conduta antecedente visando produzir o evento e, considerando ter obtido 
êxito, pratica uma conduta posterior tendente a outro fim, sendo que nesta o resultado 
ocorre. Ex.: A que matar B e pratica conduta tendente a matar (desfere-lhe um tiro). B 
cai inerte ao chão. A acredita que o matou. Deseja ocultar o cadáver e joga-o no rio. B, 
que não estava morto, morre afogado. 
Elementos componentes do dolo: 
a) Consciência da conduta e do resultado; 
b) Consciência da relação de causalidade entre a conduta e o resultado; 
c) Vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado. 
Momentos do dolo: 
- Momento intelectivo: momento da representação, imaginação do fato material. 
- Momento volitivo: momento da exteriorização da vontade. 
Tipo Culposo 
- Art. 18, II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência 
ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. > sujeito só pode ser punido por crime 
doloso quando a lei permitir> ex.: o crime de dano (art. 163) não possui previsão na lei de 
crime culposo, então a pessoa não pode ser punida. Já o crime de homicídio culposo traz a 
modalidade “culposa” expressamente, então a pessoa pode ser punida. 
- Culpa é a ação ou omissão praticada sem o cuidado objetivo necessário. É a inobservância do 
cuidado objetivo necessário ao atuar. 
- A verificação da atuação do agente com ou sem cautela é feita através da PREVISIBILIDADE 
objetiva, que é a previsão do resultado que teria ou não o homem médio (de mediana prudência 
e mediano discernimento), se estivesse no lugar do agente no momento da prática da conduta 
ensejadora do fato lesivo. 
- Sabe-se se uma pessoa atuou ou não com o cuidado objetivo necessário se, naquelas 
circunstâncias, naquele mesmo local, daquela mesma maneira, o homem médio tivesse atuado 
de forma semelhante. Caso contrário, o agente não poderia ter atuado como atuou, motivo pelo 
qual agiu sem o cuidado objetivo que lhe era exigido. 
Elementos do fato típico culposo: 
a) Ação ou omissão desprovida de cautela devida exigida; 
b) Previsibilidade objetiva (alguém ser capaz de prever); 
c) Ausência de previsão do resultado lesivo (ocorre somente na culpa inconsciente. Pois 
na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas confia levianamente que ele não 
ocorrerá); 
d) Resultado involuntário; 
e) Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado involuntários; 
f) Tipicidade. 
Modalidades de Culpa: 
a) Imprudência: prática de um fato perigoso, uma conduta arriscada. Ex.: dirigir automóvel 
em alta velocidade nas proximidades de uma escola infantil, em horário de saída dos 
alunos. 
b) Negligência: ausência de precaução, ou indiferença em relação ao ato que deveria ser 
praticado. É a falta de atuar quando a atuação seria devida. Ex.: pai que, vendo uma 
arma municiada num determinado local ao alcance de seu filho, não a retira daquele 
local; viajar sem anteriormente fazer a revisão do automóvel, etc. 
c) Imperícia: falta de aptidão momentânea para o exercício de arte, profissão ou ofício. A 
imperícia pressupõe que o fato tenha sido praticado por pessoa presumivelmente perita 
(que possui prática, capacidade ou experiência em certa atividade) e no exercício de seu 
mister (trabalho). 
Espécies de Culpa: 
a) Culpa Inconsciente: o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível para o 
homem médio. 
b) Culpa Consciente: o resultado é previsto pelo sujeito, que confia levianamente na sua 
não ocorrência. 
c) Culpa própria: é aquela em que a conduta é praticada sem o cuidado objetivo necessário 
e gera um resultado involuntário. É a culpa propriamente dita, nas modalidades de 
imprudência, negligência e imperícia. 
d) Culpa Imprópria, por extensão, por assimilação ou equiparação: é a culpa derivada de 
erro. É uma hipótese de fato doloso punível a tipo culposo. Esta é a razão pela qual a 
culpa é denominada imprópria, ou seja, o contrário da culpa propriamente dita. Para 
explicar melhor a questão concernente à culpa imprópria, necessário se faz examinar a 
matéria relacionada ao erro em direito penal, o que será feito mais adiante. Comete o 
crime achando que está numa causa excludente de ilicitude > uma pessoa ameaça a te 
matar às 17h na frente de casa > quando a pessoa que ameaçou chegou, colocou a mão 
dentro do casaco > a pessoa armada se assusta, sabendo que a outra quer matá-la, e 
dispara um tiro e mata a outra > sendo que aquele que ameaçou de morte se 
arrependeu e ia tirar apenas um papel > nesse caso, ele atirou acreditando que o outro 
ia atirar nele primeiro > se retira o dolo e permite a punição a título de culpa (a pessoa 
não tinha o dolo de matar, ela apenas atirou porque ACHOU que estava em uma 
situação que se estivesse tornaria sua ação). 
e) Culpa Imediata: aquela que tem ligação, vinculação direta com o resultado que foi 
gerado por imprudência, negligência ou imperícia. 
f) Culpa Mediata ou Indireta: ocorre quando o agente, ao atuar sem a cautela devida, dá 
ensejo a um determinado resultado que, por conseguinte, gera outro resultado lesivo. 
Esse segundo resultado será imputado ao agente se lhe for previsível. Ex.: carro saindo 
da garagem de ré. Duas crianças brincam na rua perto do pai. O motorista não tem o 
cuidado devido e atira uma das crianças longe atingindo-a com seu carro e o pai, ao 
correr para salvar a criança, é atropelado por outro carro. O motorista do 1º carro será 
responsabilizado pelo atropelamento do pai da criança. 
Compensação e concorrência de culpas 
- No direito penal é possível a concorrência de culpa onde o agente e vítima contribuíram para 
o evento danoso. Já a compensação de culpa da vítima não retira a culpa, ou seja, o fato típico 
culposo praticado pelo agente. Contudo, quando da fixação da pena base ela será examinada 
pelo juiz em razão da regra do art. 59 do CPB (deve o juiz atentar para o comportamento da 
vítima). 
Tentativa no crime culposo 
- No art. 14, II do CPB fala-se em vontade do agente, na culpa não existe vontade de se obter 
aquele resultado. Ele ocorre involuntariamente, logo, não há que se falar, em regra, de 
tentativa no crime culposo, a não ser na culpa imprópria (derivada de erro), caso em que a ação 
que gerou o resultado foi dolosa. Neste último caso (culpa imprópria), o resultado foi obtido 
pela vontade do agente; se há vontade, há possibilidade de tentativa, em face da ação que gera 
o resultado ser dolosa. 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade 
do agente. 
- O que difere o crime consumado do crime tentado é a PENA: 
● O crime tentado tem a mesma pena do consumado, diminuída de 1/3 a ⅔: 
- Se a situação do crime tentado chegou mais perto do consumado, reduz o mínimo; 
- Se a situação do crime tentado estava relativamente longe de se consumar, reduz o 
máximo. 
- Crime por tentativa também é chamado de conatus. 
- Iter criminis (caminho do crime): 
● COGITAÇÃO = os atos de cogitação não são punidos. Enquanto encarcerada nas 
profundezas da mente humana, a conduta é um nada, totalmente irrelevante para o 
direito penal. Somente quando se rompe o claustro psíquico que a aprisiona, e 
materializa-se concretamente a ação, é que se pode falar em fato típico. 
● PREPARAÇÃO = atos preparatórios = é a preparação da ação delituosa. O agente 
seleciona os meios aptos, procura lugar apropriado, compra objetos necessários para o 
crime, etc.. Trata-se de atos externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva. 
PUNIÇÃO: Em regra, os atos de preparação não são punidos. No entanto, conforme 
esclarece Cleber Masson, em casos excepcionais, é possível a punição de atos 
preparatórios nas hipóteses em que a lei optou por incriminá-los de forma autônoma. 
São os chamados crimes-obstáculo. É o que se dá com os crimes de fabrico, 
fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante 
(CP, art. 253), incitação ao crime (CP, art.286), associação criminosa (CP, art. 288) e 
petrechos para a falsificação de moeda (CP, art. 291), porte ilegal de arma (art. 14 da Lei 
10.826). Só é punido quando a prática, por si só, configura um crime. 
● EXECUÇÃO = (atos executórios), se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da 
realização do núcleo do tipo penal. É muito tênue a linha divisória entre o término da 
preparação e a realização do primeiro ato executório. Torna-se, assim, bastante difícil 
saber quando o agente ainda está preparando ou já está executando um crime. O 
melhor critério para tal distinção é o que entende que a execução se inicia com a prática 
do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito. (reveste-se de 
capacidade suficiente para lesar o bem jurídico e, sendo inequívoco, deve se destinar a 
atacar este mesmobem jurídico 
● CONSUMAÇÃO = a consumação é o momento de conclusão do delito, reunindo todos 
os elementos do tipo penal. Ela ocorre quando o agente pratica todas as elementares 
que compõem o crime. Pode se dar em momento diferente da execução. 
Obs.: não confundir consumação com os exaurimentos do crime = crime exaurido (ou esgotado) 
é aquele em que, posteriomente à consumação subsistem efeitos lesivos da conduta do autor. 
No terreno da tipicidade, o exaurimento não compõe o iter criminis, que se encerra com a 
consumação. Exemplo: caso de corrupção passiva basta SOLICITAR para que se configura como 
crime> a pessoa solicita algo e depois recebe o dinheiro > o recebimento é MERO 
EXAURIMENTO. Exemplo: o sequestro por si só já é um crime > quando o sequestro é seguido 
de extorsão o recebimento do valor é um mero exaurimento. Logo, o exaurimento ocorre nas 
situações em que o crime até gera um resultado, mas não precisa ter esse resultado para que o 
crime se consuma (só o ato já consume o crime, como na corrupção passiva). 
Obs.: quando é possível separar a execução da consumação pode-se ter o crime por tentativa 
(iniciou a execução mas o crime não chega a ser consumado) 
- Tentativa branca (incruenta) = a vítima não chega a ser atingida > bem jurídico não foi atingido. 
- Tentativa vermelha (cruenta) = a vítima sofre lesões > bem jurídico foi atingido. 
ATENÇÃO: se a tentativa já estiver prevista no próprio artigo, aplica-se a pena do crime 
consumado, sem diminuição. 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (desistência 
voluntária) ou impede que o resultado se produza (arrependimento eficaz), só responde pelos 
atos já praticados. 
- É uma política criminal para impedir a consumação do crime > favorece réu. 
- Desistência voluntária = tentativa abandonada = o sujeito não termina os atos executórios, 
sendo que ele PODIA PROSSEGUIR, mas não quis. É o contrário da tentativa, onde o agente 
queria prosseguir, mas não podia > responde pelos atos já praticados e não por tentativa. 
- Arrependimento eficaz = o sujeito termina os atos executórios e se arrepende depois, ANTES 
da consumação > nesse caso, o agente já fez o que tinha que fazer para consumar o crime, mas 
logo se arrepende > mas precisa ser um arrependimento EFICAZ > ele precisa impedir que ocorra 
o resultado, por exemplo, ele deve salvar a vida da pessoa. 
- Obs.: caso não se consiga evitar o resultado, o agente responderá pelo crime consumado. 
- Nestes dois casos, o iter criminis está na fase de EXECUÇÃO. 
- Natureza jurídica: causa de extinção de punibilidade. 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, 
a pena será reduzida de um a dois terços. 
- O crime (sem violência ou grave ameaça) já se consumou e é possível reparar o dano ou restituir 
a coisa > o arrependimento posterior só é válido se feito ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA 
AO JUIZ (fato > BO > inquérito > MP > oferecer denúncia (MP) > recebimento da denúncia [juiz]). 
- Pena reduzida de 1/3 a 2/3. 
- O arrependimento posterior está na fase da CONSUMAÇÃO (os atos executórios já terminaram 
e o crime já se consumou). 
- É uma política criminal pensada na vítima, para minorar o prejuízo. 
- Obs.: 
• Não cabe nos crimes com violência ou grave ameaça contra pessoa; 
• Cabe em caso de dano contra coisa; 
• O ato tem que ser voluntário; 
• Quanto mais demorar, menos reduz a pena (pior para o agente); 
• Quanto mais verdadeiro o ato do agente no sentido do grau de voluntariedade, maior a 
redução (melhor para o agente). 
- Natureza jurídica: causa de diminuição de pena (minorante). 
CRIME IMPOSSÍVEL 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
- Ineficácia absoluta do meio = quando o meio utilizado para alcançar o resultado não é capaz 
de consumar o crime. Ex.: uma pessoa tem a intenção de matar a outra com veneno, mas no 
lugar do veneno tinha água > ela aplicou achando que era veneno > não há crime. 
- Absoluta impropriedade do objeto = a conduta do agente não é capaz de provocar qualquer 
resultado lesivo à vítima/ao bem jurídico. Ex.: uma pessoa chega em sua casa com uma arma, 
com a intenção de matar a outra e dá um tiro > mas a pessoa já estava morta há 1 dia > não há 
crime. 
- Teoria Objetiva Temperada = só se pune um delito quando o meio e o objeto forem, ao menos, 
relativamente eficazes (quando há possibilidade de alcançar o resultado). 
- Súmula 145 STF – não há crime, quando a preparação do flagrante pela política torna 
impossível a sua consumação. 
- Natureza Jurídica = causa de exclusão de tipicidade. 
Tipicidade 
- Tipicidade Penal = Tipicidade Formal + Tipicidade Material 
- Tipicidade formal = adequação do fato à norma > previsão na lei > subsunção (o fato se 
subsume/encaixa em determinada norma). 
- Tipicidade material = ofensa relevante ao bem jurídico > o princípio da insignificância exclui o 
fato típico > se o bem lesado não foi relevante, não tem que se falar em tipicidade > se não há 
tipicidade não há fato típico, então não há crime. 
- Divergência doutrinária importante para concurso: 
- Eugênio Raúl Zaffaroni > conceito de Tipicidade Conglobante (tipicidade material + 
antinormatividade) 
- Em resumo, para ele a tipicidade penal é composta por: tipicidade formal + tipicidade material 
+ antinormatividade 
- Antinormatividade = a antinormatividade deve ser analisada pela ótica de todo o direito, e não 
apenas do Direito Penal > se tem alguma lei que autorize determinada conduta, não pode haver 
fato típico, pois não há tipicidade. 
- TODO FATO TÍPICO É PRESUMIDAMENTE ILÍCITO, SALVO QUANDO HÁ CAUSA EXCLUDENTE 
DE ILICITUDE > art. 24 > é estudado na parte de “ilícito”, dos componentes do crime (fato típico 
+ ilícito + culpável).

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