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TCC TOMAS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA – UNIFAVIP
Curso de Direito
COMPLIANCE UMA FERRAMENTA DE MODERNIZAÇÃO DO DIREITO, UMA FORMA DE EXIGIR QUE AS EMPRESAS CRIEM MECANISMO PARA EVITAR CORRUPÇÃO OU FRAUDE.
TOMÁS VICTOR DINIZ LIMA
 (
Caruaru
2021.2.
) (
Campus
 
Unifavip
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Adjar
 
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Indianópolis
 
Caruaru
 
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PE
)
COMPLIANCE UMA FERRAMENTA DE MODERNIZAÇÃO DO DIREITO, UMA FORMA DE EXIGIR QUE AS EMPRESAS CRIEM MECANISMO PARA EVITAR CORRUPÇÃO OU FRAUDE.
Artigo Científico Jurídico apresentado ao Centro Universitário do Vale do Ipojuca UNIFAVIP, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
 (
TOM
Á
S VICTOR DINIZ LIMA
)
Orientador (a): Prof. (a). Maurilio Sobral
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Caruaru
2021.2.
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Campus
 
Unifavip
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Indianópolis
 
Caruaru
 
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PE
)
PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL
Artigo Científico Jurídico apresentado ao Centro Universitário do Vale do Ipojuca UNIFAVIP, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
Orientador (a): Prof. (a). (titulação docente) nome completo do(a) docente.
Banca Examinadora
Orientador(a) Prof(a). (titulação docente) nome do(a) docente
1º Examinador Prof(a). (titulação docente) nome do(a) docente
2º Examinador Prof(a). (titulação docente) nome do(a) docente
Caruaru
 (
TOMÁS VICTOR DINIZ LIMA
)
 (
2021.2.
Campus
 
Unifavip
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Adjar
 
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PE
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Dedico este trabalho ....
DEDICATÓRIA OPCIONAL
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Campus
 
Unifavip
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Adjar
 
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Casé,
 
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Indianópolis
 
Caruaru
 
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PE
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AGRADECIMENTOS
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
AGRADECIMENTO OPCIONAL
PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL
José Gabriel Xavier da Silva1
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo xxxxxxxxxxxx. (250 a 300 palavras)
Palavras-chave: xxxxx. xxxxxx. xxxxx. xxxxx. (de 3 a 6 expressões)
SUMÁRIO: Introdução; 1 Nome do primeiro capítulo; 2 Nome do segundo capítulo; 3 Nome do terceiro capítulo; 4 Conclusão; Referências.
INTRODUÇÃO
1 Breve currículo em nota de rodapé
1
Campus Unifavip
Av. Adjar da Silva Casé, 800 - Indianópolis Caruaru - PE
1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
Desde o advento da Constituição Federal de 1988, o Direito de Família Brasileiro vem passando por profundas alterações estruturais e funcionais, especialmente com o fortalecimento da aplicabilidade dos princípios constitucionais e a tendência de personalização do Direito Civil, bem como sua despatrimonialização, já que nesse ramo o patrimônio é figurante e o tratamento das pessoas e suas relações reveste-se de maior importância.
Nesse sentido, muitos dos princípios aplicáveis ao Direito de Família possuem previsão na CF/1988, tais como o princípio de proteção da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); princípio da solidariedade familiar (art. 3º, I); princípio da igualdade entre filhos (art. 227, § 6º); princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros (art. 226, § 5º); princípio do melhor interesse da criança e do adolescente (art. 227, caput) e princípio da função social da família (art. 226, caput). No que diz respeito a questão da guarda durante o poder familiar, tema aprofundado no presente artigo, os princípios da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente possuem maior relevância.
O art. 1º, III, da CF/1988 prevê que a República Federativa do Brasil constitui- se em Estado Democrático de Direito, possuindo como um dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. De acordo com Flávio Tartuce, “trata-se do que se denomina princípio máximo, ou superprincípio, ou macroprincípio, ou princípio dos princípios”.2 Pode-se dizer que todo o ordenamento jurídico é norteado pela dignidade da pessoa humana e a partir dele surgem diversos outros princípios. Ademais, cabe ressaltar que todos os atos que não sejam pautados pelo respeito a este princípio podem ser considerados inconstitucionais. Sobre a importância da dignidade humana, Nelson Nery Junior destaca que:
A dignidade da pessoa humana é princípio central do sistema jurídico, sendo significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso país e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos e que se assenta, entre nós, a ordem
2 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017, p. 1219.
republicana democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo.3
Diante desse novo regramento inaugurado pelo advento da Constituição Federal, a grande reviravolta que se operou no Direito de Família foi, conforme Rolf Madaleno, “a defesa intransigente dos componentes que formulam a inata estrutura humana, passando a prevalecer o respeito à personalização do homem e de sua família, preocupado o Estado Democrático de Direito com a defesa de cada um dos cidadãos”.4 Dessa forma, como explanado anteriormente, todas as disposições concernentes ao Direito de Família devem estar em consonância com o princípio da dignidade humana.
Tamanha a relevância do princípio em comento, o próprio Código de Processo Civil de 2015 elegeu a dignidade humana como norte da aplicação do Direito pelo julgador ao prever em seu art. 8º que “ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”.
Pode-se concluir, portanto, que o princípio da dignidade humana é soberano no ordenamento jurídico e especialmente pertinente no Direito de Família, visto que este ramo se encontra intimamente ligado às relações humanas. Nesse sentido, busca-se priorizar a existência digna do homem e da mulher, bem como da criança e do adolescente nas relações familiares.
Ao tratar especificamente da família, a CF/1988 dispõe em seu art. 226, § 7º que o planejamento familiar é livre decisão do casal, devendo estar fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Derivado do princípio da dignidade humana, enuncia o art. 227, caput, da CF/1988 que:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
3 NERY JUNIOR, Nelson. Constituição Federal Comentada e Legislação Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 187.
4 MADALENO, Rolf. Direito de Família. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 97.
Essas garantias são de suma importância para resguardar a dignidade da criança e do adolescente, especialmente porque a infância e a adolescência são as fases em que o ser humano está formando a sua personalidade e se desenvolvendo física e mentalmente. É necessário, portanto, uma proteção especial nesse período para garantir um desenvolvimento digno.
Cabe ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) regulamenta essa proteção, considerando criança a pessoa com idade entre zero e 12 anos incompletos e adolescente aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade. Além disso, reforçando a garantia constitucional, os arts. 3º e 4º do ECA determinam que:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteçãointegral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Todos esses dispositivos podem ser compreendidos como reflexo do chamando princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, ou best interest of the child, conforme reconhecido na Convenção Internacional de Haia, que trata da proteção dos interesses das crianças.5 A finalidade do princípio é proporcionar todos os instrumentos básicos para que seja alcançado o pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social da criança e do adolescente, em condições de liberdade e dignidade.
Ressalta-se que a Constituição prescreve ser dever do Estado o fornecimento desses instrumentos, como se observa a partir da leitura do art. 226, § 8º, segundo o qual “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. No entanto, esse dever não é exclusivo do Estado, cabendo igualmente aos genitores a observância desses preceitos. A omissão dos genitores, nesse sentido, gera, além de
5 TARTUCE, op. cit., p. 1.229.
responsabilização civil e criminal, o risco de perda do poder familiar. Nesse sentido, o art. 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.
Diante do exposto, nota-se que o legislador conferiu prioridade máxima ao interesse da criança e do adolescente, tornando inadmissível qualquer decisão que afete ou desrespeite seus direitos fundamentais. Conforme será tratado de forma aprofundada ao decorrer do presente artigo, esse princípio é extremamente relevante quando se fala em guarda. Por hora, é suficiente destacar que o Código Civil de 2002 passou por alterações substanciais com o advento da Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008.
Na ocasião, foram modificados os artigos 1.583 e 1.584, que tratam da proteção dos filhos, e especificamente sobre as modalidades de guarda. A regra passou a ser a guarda compartilhada, em detrimento da guarda unilateral, o que reflete o objetivo de atender ao melhor interesse da criança e do adolescente.
Independente da modalidade de guarda adotada, o interesse da criança e do adolescente é o princípio que deve nortear todo o processo de escolha. É consenso que a guarda compartilhada é preferível quando a situação permitir, porém há inúmeros requisitos que devem ser observados antes de qualquer decisão. Caso a situação fática não seja analisada de forma correta afim de preservar o interesse da criança e do adolescente, diversos problemas podem surgir, tais como a alienação parental, temática que será tratada adiante no presente artigo.
2. PODER FAMILIAR E MODALIDADES DE GUARDA
As crianças e adolescentes são incapazes de prover suas necessidades e administrar seus bens, necessitando, portanto, de que alguém o faça. Nesse sentido, o poder familiar engloba as normas concernentes aos direitos e deveres dos pais em relação aos filhos menores e está disciplinado nos artigos 1.630 a 1.638 do Código Civil. De acordo com Maria Helena Diniz:
O poder familiar pode ser definido como um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.6
Importa destacar que atualmente ambos os genitores possuem, em igualdade de condições, o poder decisório sobre a pessoa e os bens dos filhos menores, diferente do que ocorria na vigência do Código Civil de 1916, que assegurava o chamado pátrio poder exclusivamente ao marido, considerado chefe da família.
Ressalta-se, portanto, que em decorrência do poder familiar os pais possuem o direito e o dever de ter consigo os filhos menores, a fim de orientar a sua formação e educação. Dessa forma, pode-se classificar o poder familiar como irrenunciável, intransferível, inalienável, imprescritível, e as obrigações que dele decorrem são consideradas personalíssimas.7
O Código Civil, em seu artigo 1.634, alterado pela Lei nº 13.058/2014, se encarrega de listar as atribuições ou deveres legais decorrentes do poder familiar, estabelecendo que compete aos pais quanto à pessoa dos filhos: I – dirigir-lhes a criação e educação; II – tê-los em sua companhia e guarda; III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casar; IV – nomear-lhes tutor; V – representá-los e assisti-los nos atos da vida civil, VI – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha, e VII – exigir obediência, respeito e serviços próprios de sua idade e condição.8 Além
6 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 5: Direito de Família. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 601.
7 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011,
p. 425.
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disso, na esfera patrimonial, conforme artigo 1.689 do CC, incumbe aos pais a administração e o usufruto dos bens dos filhos menores sob sua autoridade. No entanto, conforme reflexão proposta por Maria Berenice Dias:
Nesse extenso rol não consta o que talvez seja o mais importante dever dos pais com relação aos filhos: o dever de lhes dar amor, afeto e carinho. A missão constitucional dos pais, pautada nos deveres de assistir, criar e educar os filhos menores, não se limita a vertentes patrimoniais. A essência existencial do poder familiar é a maias importante, que coloca em relevo a afetividade responsável que liga pais e filhos, propiciada pelo encontro, pelo desvelo, enfim, pela convivência familiar.9
Tendo em vista, portanto, que a afetividade é o principal elemento do poder familiar e que o interesse do filho menor sempre deve pautar todas as decisões, evidentemente a separação judicial, o divórcio ou a dissolução de união estável não são capazes de interferir no poder familiar, persistindo os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Na hipótese de dissolução da sociedade conjugal, surge a problemática referente a guarda dos filhos, matéria que passou por diversas alterações legislativas no decorrer do tempo. Para compreender a evolução do instituto da guarda no ordenamento jurídico brasileiro é necessário, portanto, explanar de forma cronológica essas mudanças e suas repercussões.
A Lei nº 6.515/1977, conhecida como Lei do Divórcio, estabelecia a influência da culpa na fixação da guarda dos filhos após a separação do casal. Os artigos 9º e 10 do diploma legal prescreviam que no caso de dissolução da sociedade conjugal pela separação judicial consensual, seria observado o que os cônjuges acordassem sobre a guarda dos filhos. Já no caso de separação judicial fundada na culpa, os filhos menores ficariam com o cônjuge que não tivesse dado causa à dissolução, ou seja, o cônjuge inocente.10 Conforme Maria Berenice Dias, nesse caso os filhos “eram entregues como prêmio, verdadeira recompensa ao cônjuge ‘inocente’, punindo-se o culpado pela separação com a pena da perda da guarda da prole”.11
Além disso, historicamente a guarda dos filhos costumava ser outorgada preferencialmente à mãe, levando em consideração o contexto social em que estavam
9 DIAS, op. cit., p. 429.
10 TARTUCE, op. cit., p. 1.357.
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inseridas as mulheres, que na maioria dos casos abdicavam de trabalhar e por isso teoricamente possuíam mais tempo disponível para permanecer em casa e cuidar da prole. Dessa forma, o comum era que a mãe ficasse com a guarda e o pai apenas com o direito de visita.
Nota-se que essas regras eram absolutamente conservadoras e deixavam de priorizar o interesse das crianças e adolescentes envolvidos. Com o advento da CF/1988, os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal passaram a ser exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, mudança que repercutiu no Código Civil de 2002, passando o artigo 1.583 a preceituar que na dissolução da sociedade conjugal prevaleceria o que os cônjuges acordassem sobre a guarda, no caso de separação ou divórcio consensual. Se não houvesse acordo, a guarda seria atribuída a quem relevasse as melhores condições para exercê-la.
A atual codificação civil excluiu qualquer noção de culpa conjugal, elegendo como elemento principal e indispensável para a definição da guarda dos filhos o seu interesse e felicidade.12 Os artigos 1.583 e 1.584 sofreram grandes modificações com a edição da Lei nº 11.698/2008, que passou a determinar como regra a guarda compartilhada, prevalecendo sobre a guarda unilateral, conforme se depreende da leitura do dispositivo:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
12 MADALENO, op. cit., p. 412.
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§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 4º (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
Inicialmente, é necessário mencionar que o dispositivo legal prevê a possibilidade de adoção da guarda unilateral, se houver consenso entre ambos os genitores nesse sentido. Nessa modalidade de guarda, o menor fica com um dos pais em residência fixa, enquanto ao outro genitor é conferido o direito de visitas.
No entanto, tamanha é a importância e a preferência da lei pela guarda compartilhada que o artigo 1.584, §1º dispõe que “Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e a mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas”.
Isso se deve principalmente ao fato de que a guarda unilateral acaba por enfraquecer o vínculo da criança com o genitor que não possui a guarda, visto que só há convivência em dias de visita preestabelecidos. A este respeito, Dias aponta que:
A visitação em datas predeterminadas, fixando quando o genitor pode ficar com o filho em sua companhia, cria um distanciamento entre ambos. A imposição de períodos de afastamento leva ao estremecimento dos laços afetivos pela não participação do pai no cotidiano do filho, além de gerar certo descompromisso com o seu desenvolvimento. As visitas periódicas têm efeito destrutivo sobre o relacionamento entre pais e filhos, uma vez que propiciam o afastamento entre eles, lenta e gradualmente, até o desaparecimento, devido às angústias perante os encontros e as separações repetidas.13
Nesse sentido, a lei supracitada representou uma importante mudança de paradigma, pois a guarda compartilhada permite maior aproximação de ambos os genitores na vida dos filhos, proporcionando uma participação mais ampla nas decisões cotidianas, na formação e educação da prole, objetivo que dificilmente é alcançado com a simples imposição de visitas. Conforme Madaleno:
13 DIAS, op. cit., p. 449.
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A guarda compartilhada da Lei n. 11.698/2008 buscava resgatar esse ambiente de harmonização e de coparticipação ou cooperação dos pais na educação e formação de seus filhos comuns, no salutar propósito de não dar qualquer solução de continuidade no exercício efetivo do poder familiar, tão relevante no que respeita à educação e formação dos filhos e, desse modo, minimizar os efeitos negativos da separação dos pais, embora viesse sendo ordinariamente confundida com a guarda alternada de compartilhamento do tempo de convívio dos pais em relação aos seus filhos.14
No que diz respeito a fixação da modalidade de guarda, o artigo 1.584 determina que tanto a guarda unilateral como a compartilhada poderão ser requeridas, por consenso, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou ainda em medida cautelar; ou decretadas pelo juiz, levando em consideração as necessidades específicas do filho.
Apesar da importância da opinião e deliberação dos genitores, é necessário lembrar que o momento da dissolução do vínculo conjugal é sempre delicado para os envolvidos, o que pode resultar em uma fragilidade emocional capaz de prejudicar a tomada de decisões. Eventuais desavenças entre o casal podem refletir nos filhos, que por vezes passam a ser usados como instrumentos de vingança e disputa.
Posteriormente, a Lei nº 13.058/2014, chamada Lei da Guarda Compartilhada Obrigatória, passou a estabelecer que “na guarda compartilhada, o tempo de convivência com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos”, além de frisar que “a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos”.
Percebe-se que o dispositivo se preocupa em fazer constante referência ao princípio do melhor interesse, ressaltando que o tempo de convívio deve ser definido visando os interesses dos filhos, bem como a escolha da base de moradia.
Há de se citar a guarda alternada, modalidade que não está prevista no ordenamento jurídico, mas é comumente confundida com a guarda compartilhada. Nessa modalidade, a criança não possui residência fixa, ocorrendo um verdadeiro revezamento entre os lares dos genitores, por períodos de tempo determinados. Essa alternância pode ser diária, semanal, mensal ou até anual.15
14 MADALENO, op. cit., p. 566.
15 RODRIGUES, Edwirges Elaine. Guarda compartilhada: um caminho para inibir a alienação parental?
Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, vol. 9, n. 2. Rio Grande do Sul, 2014, p. 325
O modelo de guarda alternada é bastante criticado pela doutrina, considerado contrário ao princípio do melhor interesse da criança do adolescente. Essa situação pode ser caótica para o menor envolvido e dificultar a formação de laços afetivos com os genitores, bem como impedir a consolidação de uma rotina. Sobre o assunto, Ana CarolinaSilveira Akael esclarece que:
Cremos que a alternância entre lares e guardiões impede que ocorra a consolidação dos hábitos diários, da própria rotina existente nos ambientes familiares e dos valores daí decorrentes, tão importantes para a vida e desenvolvimento da prole. Da relação alternada entre pais ocorre um elevado número de mudanças, repetidas separações e reaproximações, propiciando uma instabilidade emocional e psíquica ao menor.16
Esse problema não existe na guarda compartilhada, pois nesta o menor possui uma residência fixa, residindo com apenas um dos genitores. O diferencial da guarda conjunta é que neste caso a responsabilidade dos pais é absolutamente equivalente, ou seja, ambos terão o mesmo nível de responsabilidade na tomada de decisões acerca da criação e educação dos filhos. Sobre o assunto, dispõe Madaleno:
Com a separação dos pais a guarda compartilhada tem a função de preservar em condições de igualdade seus laços de interação com seus filhos, permanecendo o mais próximo possível do relacionamento existente durante a coabitação dos genitores. A guarda compartilhada reconhece e põe em prática os princípios da isonomia entre o homem e a mulher e os do superior interesse da criança, sendo relevante a existência de certa cumplicidade dos genitores, desenvolvida unicamente no propósito de assegurar os superiores interesses da prole (...)17
Conclui-se, portanto, que atualmente há preferência da doutrina e da própria legislação pelo modelo de guarda compartilhada, por este apresentar inúmeros benefícios e melhor atender ao interesse da criança e do adolescente. No entanto, nota-se que para que esses benefícios sejam de fato usufruídos, é necessário que haja um nível mínimo de harmonia entre os genitores. Do contrário, pode haver enorme prejuízo no diálogo e na tomada de decisões acerca da vida dos filhos, o que pode resultar até mesmo em casos de alienação parental.
16 AKAEL, Ana Carolina Silveira. Guarda compartilhada: avanço para a família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 94.
17 MADALENO, op. cit., p. 567.
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3. ALIENAÇÃO PARENTAL: ALTERNATIVAS PARA INIBIR A PRÁTICA
A alienação parental é instituto ligado ao poder familiar que vem sendo amplamente explorado e discutido pela doutrina e pela jurisprudência, tendo em vista a ocorrência cada vez maior dessa prática. O tema reveste-se de importância diante do impacto que causa nas relações familiares e principalmente no psicológico da criança ou do adolescente que convive com a situação.
Diante desse cenário, foi promulgada a Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, conhecida como Lei da Alienação Parental, que traz a definição do instituto:
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Percebe-se que a prática de alienação parental não ocorre somente entre os genitores, podendo envolver também os avós ou qualquer pessoa que tenha a criança ou adolescente sob sua guarda. Conforme observa Maria Berenice Dias, no entanto, esse fenômeno é comum principalmente no ambiente materno, visto que, como observado anteriormente, historicamente coube à mãe o papel de guardiã:
Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação e o sentimento de rejeição, de traição, faz surgir um desejo de vingança: desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Nada mais do que uma ‘lavagem cerebral’ feita pelo genitor alienador no filho, de modo a denegrir a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram e não aconteceram conforme a descrição dada pelo alienador. Assim, o infante passa aos poucos a se convencer da versão que lhe foi implantada, gerando a nítida sensação de que essas lembranças de fato aconteceram. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre o genitor e o filho. Restando órfão do genitor alienado, acaba se identificando com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo que lhe é informado.18
A prática dos atos de alienação parental pode ocasionar a chamada Síndrome de Alienação Parental (SAP), termo proposto pelo psicanalista infantil Richard Gardner, em 1985. A primeira manifestação da síndrome é justamente a campanha
18 DIAS, op. cit., p. 463.
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de difamação contra um dos genitores por parte da criança.19 Esclarecendo as diferenças entre a SAP e alienação parental, a professora Priscila Correa Fonseca:
A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular de custódia. A síndrome, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminantemente e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho.20
O Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, por meio do Grupo de Estudo e Trabalho sobre Alienação Parental, realizou pesquisa sobre o tema no período de 13 de agosto de 2020 a 10 de setembro de 202021, por meio de questionário virtual. Uma das perguntas presente no estudo versava sobre a frequência com que o fenômeno da alienação parental estava presente na atuação profissional dos associados. Do total de 519 participantes, 435 afirmaram que lidam “frequentemente” com o fenômeno, o que equivale a 83,81% das respostas.
Os números da pesquisa reforçam que o fenômeno da alienação parental é comum e recorrente nas relações familiares e interfere diretamente na saúde mental das crianças e adolescentes, impossibilitando a convivência harmônica com seus genitores. Dessa forma, faz-se necessária a aplicação de mecanismos para coibir essa prática, a fim de evitar a sua ocorrência e consequente judicialização desses casos, visando resguardar o melhor interesse do menor.
Além de trazer a definição do instituto, a supracitada lei exemplificou algumas situações concretas que podem ser consideradas alienação parental:
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
19 RODRIGUES, op. cit., p. 333.
20 FONSECA, Priscila M. P. Correa da. Síndrome da alienação parental. Revista Brasileira de Direito de Família, v. 8, n. 40, fev/mar. 2007.
21 INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA (IBDFAM). Grupo de Estudos e Trabalho sobre Alienação Parental – Pesquisa sobre a Lei de Alienação Parental, 2020. Disponível em: < https://ibdfam.org.br/pesquisaalienacaoparental/>. Acesso em: 29/09/2021.
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Importante ressaltar que, conforme disposição do art. 3º da Lei nº 12.318/2010, “a prática da alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável [...]”. Constitui-se verdadeiro abuso moral, podendo gerar inclusive a responsabilidade civil do alienador (art. 187 do CC). Essas situações, quando levadas ao Poder Judiciário, geram casos extremamente delicados, considerando a dificuldade de identificar a real existência ou não das práticas relatadas pelo genitor ou pelo menor. De acordo com Maria Berenice Dias, ao se deparar com as denúncias, é dever do magistrado tomar uma atitude imediatamente, que pode ser a suspensão das visitas ou até a reversão da guarda.
No entanto, sempre há o receio de que a denúncia não seja verdadeira, o que acabaria apenas prejudicando o convívio do menor com o genitor acusado injustamente.22
Para identificar a ocorrência de alienação parental, portanto, a lei determina a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial, que pode incluir entrevista pessoal com as partes, exame de documentos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes e avaliação da personalidade dos envolvidos O laudo pericial deve ser apresentado em 90 dias (art. 5º, § 1º e § 3º).
22 DIAS, op. cit., p. 463.
Explanado o conceito e as implicações da alienação parental, passa-se a analisar as alternativas propostas pela legislação, doutrina e jurisprudência para inibir a ocorrência dessas práticas. A Lei nº 12.318/2010 cuidou de listar os procedimentos que podem ser adotados pelo juiz nesses casos:
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Percebe-se que o dispositivo cita como uma das medidas cabíveis para inibir ou atenuar os efeitos da alienação a determinação de alteração da guarda para guarda compartilhada, tema do presente artigo e que merece uma análise mais profunda, sem desconsiderar a importância das outras medidas.
Nesse contexto, a guarda compartilhada aparece novamente como uma das alternativas para solucionar conflitos entre os genitores acerca das decisões sobre a vida dos filhos, já que na guarda unilateral a criança ou adolescente fica com apenas um dos genitores, restando ao outro somente o direito de visita. Essa situação dificulta a aproximação do genitor com os filhos e pode facilitar a ocorrência de alienação parental, pois a presença e a influência do genitor que detém a guarda é mais efetiva. A guarda compartilhada é indicada principalmente porque nessa modalidade ambos os pais estão em contato próximo e frequente com os filhos, administrando em conjunto a educação, as amizades e todas as atividades diárias. Corroborando com
essa opinião, a psicóloga Ana Lúcia Navarro de Oliveira defende que:
[...] a guarda compartilhada viabiliza o reequilíbrio dos papéis parentais, por meio da co-responsabilidade, da coparentalidade, e da tomada de decisões importantes na vida dos filhos, assim como na minimização das perturbações psicoemocionais provenientes do divórcio, porque ambos os genitores desempenham um papel efetivo e afetivo na formação diária dos seus filhos.23
No entanto, há casos em que a relação dos genitores torna-se extremamente nociva após a dissolução do vínculo conjugal, dificultando qualquer tentativa de diálogo e harmonia. Nesse diapasão, surge a discussão acerca da possibilidade de implementação da guarda compartilhada por imposição judicial, ou seja, quando os genitores não chegam a um consenso.
A Lei nº 11.698/2008 já aconselhava a aplicação da guarda compartilhada sempre que possível, porém deixava claro que esta dependia do consenso dos genitores. Já a Lei nº 13.058/2014 passou a dispor que a guarda conjunta deve ser aplicada mesmo quando não houver consenso. Apesar disso, a legislação deve ser interpretada de forma a buscar o melhor interesse do menor, e deve-se concordar que apesar de a guarda compartilhada se apresentar como uma boa alternativa, não será sempre a melhor opção no caso concreto. É o que defende Rolf Madaleno:
Existindo sensíveis e inconciliáveis desavenças entre os divorciandos, não há como encontrar lugar para uma pretensão judicial de guarda compartilhada pela autoridade do julgador, e não pela vontade consciente dos pais. É seguro aduzir que nesse quadro dos acontecimentos a cena reverteria para o acirramento dos ânimos, e para a perpetuação dos conflitos, repercutindo esse ambiente hostil de modo negativo, a causar severos danos à saúde psicológica dos filhos, e comprometer sua estrutura emocional, em ambiente muito propício para a disseminação da Alienação Parental (AP). 24
Por essa razão, considerando que a imposição da guarda deve buscar favorecer o interesse da criança e adolescente, e não fomentar ainda mais transtornos e conflitos entre os genitores, seria ilógico impor um dever de cooperação entre pais que não desejam manter uma convivência harmônica ou esquecer suas desavenças em nome do interesse maior dos filhos.
Nas questões envolvendo Direito de Família, e especialmente alienação parental, é essencial que o Poder Judiciário possa se valer do auxílio de profissionais
23 OLIVEIRA, Ana Lúcia Navarro de. A alienação parental e suas implicações no contexto familiar. Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial. FBV/Devry - Recife, 2015, p. 14.
24 MADALENO, op. cit., p. 582.
de outras áreas, tal como a psicologia. É sabido que por vezes o juiz não possui todos os conhecimentos necessários para tomar a melhor decisão sobre determinado assunto, necessitando da participação desses especialistas para construir a melhor solução jurídica, sempre buscando preservar o interesse do menor.
A própria Lei da Alienação Parental prevê, em seu art. 4º, que devem ser adotadas todas as medidas necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente. A psicóloga Sandra Mônica de Siqueira Rocha resume:
Na opinião de alguns juristas é preciso trazer contribuições de diferentes ciências a fim de auxiliar na compreensão e aplicação da norma jurídica, pois embora dotado de poder de decisão, o juiz não possui conhecimento sobre todas as coisas que necessita de seu posicionamento. Em virtude disso, cada vez mais encontramos a participação de outros profissionais na construção de um direito que por vezes recorre à utilização das equipes psicossociais. A opinião dos profissionais, que possuem embasamento científico, serve como auxiliar em seu entendimento. Por conseguinte, vemos a construção de leis em que exigem a participação dessas equipes, a exemplo temos o Estatuto da Criança e do Adolescente, as diretrizes da guarda compartilhada e, finalmente, a lei que trata da alienação parental, como meio de fornecer subsídios à fundamentação decisória.25
Conclui-se que a Lei nº 11.698/2008, ao criar a modalidade de guarda compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro, representou um importante avanço no sentido de fortalecer a convivência de ambos os pais com os filhos, além de proporcionar maior atendimento ao princípio do melhor interesseda criança e do adolescente e minimizar a ocorrência de disputas entre os genitores.
Entretanto, para que a guarda compartilhada produza os efeitos desejados, é essencial que haja o mínimo de harmonia entre os genitores. Do contrário, o efeito pode ser o oposto, culminando até em casos de alienação parental, que é justamente o que se pretende evitar com esse modelo de guarda.
Dessa forma, é essencial que haja a participação dos profissionais de psicologia para auxiliar na decisão sobre a melhor modalidade de guarda a ser adotada depois da dissolução do casamento. Nesse processo, o mais importante é preservar a integridade mental dos menores envolvidos.
25 ROCHA, Sandra Mônica de Siqueira. A alienação parental e o abuso de direito nas relações de família.
Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial. FBV/Devry - Recife, 2015, p. 91.
REFERÊNCIAS
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15/09/2021.
 	. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 15/09/2021.
 	. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 15/09/2021.
 	. Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11698.htm>. Acesso em: 15/09/2021.
 	. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Lei da Alienação Parental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12318.htm>. Acesso em: 30/09/2021.
 	. Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Lei da Guarda Compartilhada Obrigatória. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2014/lei/l13058.htm>. Acesso em: 30/09/2021.
AKAEL, Ana Carolina Silveira. Guarda compartilhada: avanço para a família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Volume 5: Direito de Família. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
FONSECA, Priscila M. P. Correa da. Síndrome da alienação parental. Revista Brasileira de Direito de Família, v. 8, n. 40, fev/mar. 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA (IBDFAM). Grupo de Estudos e
Trabalho sobre Alienação Parental – Pesquisa sobre a Lei de Alienação Parental, 2020. Disponível em: < https://ibdfam.org.br/pesquisaalienacaoparental/>. Acesso em: 29/09/2021.
MADALENO, Rolf. Direito de família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
NERY JUNIOR, Nelson. Constituição Federal Comentada e Legislação Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
OLIVEIRA, Ana Lúcia Navarro de. A alienação parental e suas implicações no contexto familiar. Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial. FBV/Devry - Recife, 2015.
ROCHA, Sandra Mônica de Siqueira. A alienação parental e o abuso de direito nas relações de família. Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial. FBV/Devry - Recife, 2015.
RODRIGUES, Edwirges Elaine. Guarda compartilhada: um caminho para inibir a alienação parental? Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, vol. 9, n. 2.
Rio Grande do Sul, 2014.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
ANEXO I
Declaração de Isenção de Responsabilidade
Eu,	, matrícula n o
 	, aluno de TC curso de Direito, declaro para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pela originalidade do trabalho de curso que resultará da orientação recebida sobre o tema objeto de minha pesquisa, bem como, pela contribuição científico-ideológica decorrente dos postulados por mim defendidos, razão pela qual isento de qualquer responsabilidade ao IES, a Coordenação do Curso de Direito e o Professor Orientador a esse respeito.
Caruaru, de	de 2021
 	Assinatura do (a) Aluno(a)

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