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Língua Portuguesa: Morfologia

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EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Língua Portuguesa: 
Morfologia
São Paulo
2017
Celso Antônio Bacheschi
Língua Portuguesa: 
Morfologia
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL
B121l
Bacheschi, Celso Antônio.
Língua portuguesa: morfologia. / Celso Antônio Bacheschi. São 
Paulo: Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual, 2017.
84 p.
 
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-8456-185-8
1. Linguística. 2. Gramática. I. Cruzeiro do Sul Educacional. 
Campus Virtual. II. Título.
CDD 415
Pró-Reitoria de Educação a Distância: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.
Autoria: Celso Antônio Bacheschi
Revisão Textual: Silvia Augusta de Barros Albert
2017 © Cruzeiro do Sul Educacional. Cruzeiro do Sul Virtual. 
www.cruzeirodosulvirtual.com.br | Tel: (11) 3385-3009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e detentor dos direitos autorais.
Língua Portuguesa: Morfologia
Plano de Aula
9 Unidade I – Estrutura das Palavras I
21 Unidade II – Estrutura das Palavras II
35 Unidade III – Formação das Palavras I
47 Unidade IV – Formação das Palavras II
61 Unidade V – Formação das Palavras III
73 Unidade VI – Formação das Palavras IV
SUMÁRIO
 
6
PLANO DE
AULA
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da 
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário 
fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da 
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
 
7
Objetivos de aprendizagem
Un
id
ad
e I Estrutura das Palavras I
 » Conhecer a diferença entre análise sincrônica e diacrônica e iniciaremos a classificação dos elementos mórficos em 
língua portuguesa. 
 » Para um bom aproveitamento na disciplina, é muito importante a interação e o compartilhamento de ideias para a 
construção de novos conhecimentos.
Un
id
ad
e I
I
Estrutura das Palavras II
 » Aprofundar conhecimentos sobre morfologia. Trataremos dos elementos mórficos que não estudamos na unidade 
anterior e veremos como eles são dispostos na estrutura das palavras.
Un
id
ad
e I
II Formação de Palavras I
 » Tratar do léxico da Língua Portuguesa, de por que se formam palavras e dos processos de formação, que estudaremos 
mais detalhadamente nas unidades seguintes.
Un
id
ad
e I
V Formação das Palavras II
 » Aprofundar conhecimentos sobre a disciplina Língua Portuguesa – Morfologia. Trataremos, nesta unidade, de um dos 
processos de formação de palavras, a composição.
Un
id
ad
e V Formação de Palavras III
 » Abordar mais processos de formação de palavras, que são a derivação prefixal, a derivação sufixal e a derivação 
parassintética.
Un
id
ad
e V
I
Formação de Palavras IV
 » Conhecer os processos de formação de palavras de que ainda não tratamos, a saber: a derivação regressiva, a abreviação 
vocabular, a conversão e a onomatopeia.
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
I
Estrutura das Palavras I
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
10
Contextualização
Antes de iniciarmos nossos estudos da disciplina Língua Portuguesa – Morfologia, convidamos você 
a ler o trecho a seguir, retirado da crônica “Antigamente”, de Carlos Drummond de Andrade:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. 
Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo 
rapagões, faziam-lhes pé de alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do 
balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.” 
Carlos Drummond de Andrade In: Quadrante (1962), obra coletiva reproduzida em Caminhos de 
João Brandão. José Olympio, 1970.
(Disponível em https://goo.gl/RN10R. Acesso em 19 set. 2013.)
Esse texto trata da mudança da linguagem no tempo. Você deve ter reparado que ele contém 
expressões estranhas para os dias de hoje. Por exemplo, a expressão “fazer pé de alferes” foi substituída 
por “paquerar” e, mais tarde, por “azarar”; “janota” passou a “playboy”, “mauricinho” e, atualmente, 
“coxinha”; “levar tábua”, hoje, é o mesmo que “levar o fora”. Interessante, não é? Logo, você vai 
perceber a relação desse trecho com esta unidade do nosso curso.
Estrutura das Palavras I
11
Introdução
O termo “morfologia” (dos elementos do grego morfo + logia – “estudo da forma”) surgiu no 
século XIX. Ele é compartilhado com outras ciências, como a Biologia. Em se tratando dos estudos 
linguísticos, a Morfologia é o estudo dos elementos que formam as palavras e dos processos por meio 
dos quais eles se combinam. Aliás, cada um desses elementos é chamado morfema1 , que é a unidade 
mínima significativa da língua. Vamos ver um exemplo?
Tomemos a palavra “pedreiro”. Agora, vamos formar um par dessa palavra com outra menor, que 
tenha um significado que associamos a “pedreiro”: “pedreira”. Formando esse par, podemos perceber 
que “pedreiro” é constituído por, no mínimo, dois elementos: “pedreir-” + “-o”, correto? Ora, então, 
isso quer dizer que a palavra “pedreira” também pode ser dividida em “pedreir-” + “-a”. Vamos formar 
outro par? Tomando o par “pedreiro” e “pedra”, vemos que as palavras têm um elemento em comum, 
que é “pedr-”.
Resumindo, percebemos que a palavra “pedra” é formada por 
dois elementos, ou seja, dois morfemas:
“pedr-” + “-a”
A palavra “pedreiro” é formada por três morfemas:
“pedr-” + “-eir-” + “-o”.
E a palavra “pedreira” também é formada por três morfemas:
“pedr-” + “-eir-” + “-a”.
Vamos ver, num quadro, quantos elementos nós já distinguimos?
Pedr
a Pedra
eir
o Pedreiro
a Pedreira
Para termos certeza de que entendemos, vamos ver outro exemplo. Tomaremos, agora, a palavra 
“cachorrinho”. Repetindo o que fizemos no primeiro exemplo, vamos formar um par entre essa palavra 
e outra da mesma “família”: “cachorrinha”. Esse par permite-nos dividir “cachorrinho” em “cachorrinh-” 
+ “-o”, assim como “cachorrinha” em “cachorrinh-” + “-a”. Podemos formar mais um par: tomando 
“cachorrinho” e “cachorro”, chegamos ao elemento comum dessas palavras, que é “cachorr-”.
Assim, concluímos que “cachorro”(e, portanto, “cachorra”) são divisíveis em dois morfemas:
“cachorr-” + “-o” / “cachorr-” + “-a”.
1 Algumas palavras que estão em negrito no texto compõem um glossário que está disponível ao final do texto. Consulte-o durante a leitura, 
caso tenha necessidade, para uma melhor compreensão do tema de que se está tratando.
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
12
Concluímos, também, que “cachorrinho” (assim como “cachorrinha”) são divisíveis em três morfemas:
“cachorr-” + “-inh-” + “-o” / “cachorr-” + “-inh-” + “-a”
Vamos ver os elementos no quadro?
Cachorr
o Cachorro
a Cachorra
inh
o Cachorrinho
a Cachorrinha
Lembre-se de que, ao formarmos os pares, tomamos palavras que têm uma ligação de significado, 
que também podemos chamar de ligação semântica. Essas palavras são chamadas de cognatas, isto 
é, pertencem a uma mesma “família” de palavras. Não podemos formar pares com palavras como 
“sábado” e “sabão”, porque, mesmo que exista uma semelhança na sonoridade das palavras, elas não 
têm ligação semântica, não são de uma mesma “família”.
Sincronia e Diacronia
O interesse pelos segmentos que compõem as palavras não ocupou o interesse dos gramáticos da 
Antiguidade nem da Idade Média, que se dedicaram principalmente às palavras ou “partes do discurso”. 
Nas palavras de Rosa (2006: 44-45),
não se procurava, no modelo gramatical que nos foi legado pela tradição 
greco-latina, decompor palavras em unidades mínimas de som e significado, 
em busca da sequência sonora específica que corresponde a tal ou qual 
significado e vice-versa.
Com a descoberta de semelhanças entre línguas como o latim, o grego e o sânscrito, desenvolveu-
se, nos séculos XVIII e XIX, o chamado método histórico-comparativo, que visava a estabelecer as 
famílias linguísticas. Até o início do século XX, as preocupações dos linguistas estavam voltadas para as 
mudanças que as línguas sofrem ao longo do tempo. Até que um linguista suíço, chamado Ferdinand de 
Saussure, estabeleceu a divisão dos estudos linguísticos em sincrônicos e diacrônicos, defendendo 
a ideia de que a Linguística deveria seguir uma abordagem sincrônica. Vamos entender em que essas 
abordagens diferem?
A sincronia refere-se ao estudo que tem por base um determinado estado da língua, não importando 
o que ocorreu anteriormente a ela. Por exemplo, se fizermos uma descrição dos tempos e modos dos 
verbos no português atual, estaremos fazendo um estudo sincrônico. Um estudo sincrônico, no entanto, 
não deve necessariamente abordar a língua atual. Assim sendo, se fizermos o mesmo estudo com base 
nos verbos do português do século XIV, por exemplo, esse também será um estudo sincrônico, porque 
estamos abordando apenas uma fase da língua.
Estrutura das Palavras I
13
A diacronia consiste em uma abordagem da língua ao longo do tempo, ou seja, considerando as 
mudanças pelas quais essa língua passou. Vamos a um exemplo: vamos tratar das mudanças por que 
passou o pronome “você”. No português arcaico – uma variante do português falada na Idade Média 
–, havia a forma de tratamento “vossa mercê”. Essa forma foi progressivamente contraindo-se até a 
forma “você”. Veja:
 Como esse estudo envolve diferentes fases do português, a abordagem é diacrônica. Com base nessa 
e em outras mudanças, os especialistas em Linguística Diacrônica podem estabelecer, por exemplo, o 
ano em que um documento foi escrito.
Neste momento, você pode estar curioso sobre uma questão: por que é importante diferenciar a 
análise sincrônica da análise diacrônica? Resposta: porque cada análise pode conduzir a uma conclusão 
diferente. Para ilustrar, vamos tomar duas palavras: “ourives” e “vinagre”. Considerando apenas o 
português atual, podemos dizer que essas palavras são substantivos simples, porque a primeira, 
“ourives”, nomeia o artesão que trabalha com metais preciosos, como ouro e prata; e a segunda, 
“vinagre”, nomeia uma espécie de tempero. São simples, porque são formados por um só elemento.
Em análise diacrônica, no entanto, observa-se que “vinagre” tem origem no latim vinum acre – 
“vinho azedo” –, e “ourives” nos chegou a partir da forma latina aurifex – de aurum + facere, “ouro” 
+ “fazer”. Como você percebeu, tanto “vinagre” quanto “ourives” têm, em sua origem, mais de um 
elemento. Considerando essa análise, portanto, essas palavras são substantivos compostos, como, por 
exemplo, “guarda-chuva”.
Como vimos, as duas análises, sincrônica e diacrônica, conduzem a conclusões diferentes. Não só 
diferentes, mas também incompatíveis. Uma vez que nosso interesse, neste curso, é o português atual, 
optamos por utilizar apenas análises sincrônicas. Além disso, como ressaltava Mattoso Câmara (2005), 
toda análise histórica é incompleta, porque não se conhece toda a história da língua, mas apenas uma 
parte dela, que se obtém nos documentos históricos.
Os Elementos Mórfi cos
Agora que você já tem uma noção de qual é o objeto de estudo da Morfologia e da abordagem que 
vai guiar nossa análise, vamos iniciar o estudo dos elementos mórficos ou morfemas.
Formas livres e formas presas
Segundo a doutrina do linguista norte-americano Leonard Bloomfield, os elementos mórficos 
dividem-se em formas livres e formas presas. Para ilustrar, imagine o seguinte diálogo:
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
14
Locutor A: Que você vai comprar no mercado?
Locutor B: Açúcar.
A palavra “açúcar” está formando, sozinha, o enunciado do locutor B. Essa palavra sozinha é 
suficiente para que o enunciado tenha sentido de modo que os interlocutores se entendam. Por isso, ela 
é uma forma livre. Uma forma presa, ao contrário, nunca forma um enunciado sozinha. Por exemplo, 
o plural dos substantivos em português é feito com acréscimo de -s (batata, pl.: batatas). Esse -s do 
plural, no entanto, nunca forma um enunciado sozinho2, tratando-se, portanto, de uma forma presa.
O linguista brasileiro Mattoso Câmara (2005) incluiu um novo conceito, que comporta formas como 
o artigo em português. Em “o açúcar”, o artigo “o” não é uma forma livre, pois não ocorre sozinha, 
mas também não é uma forma presa, pois é possível intercalar um elemento entre ele e o substantivo, 
como em “o puro açúcar”. Daí surgiu o conceito de forma dependente.
Radical
Vamos retomar nosso primeiro exemplo: “pedreiro”. Entre os elementos que compõem essa palavra 
– “pedr-” + “-eir-” + “-o” –, podemos notar que aquele que contém a significação básica, ao qual se 
acrescentam os demais, é “pedr-”. Podemos comprovar essa afirmação, tomando outras palavras da 
mesma “família”, como “pedra”, “pedreira”, “pedraria”, “pedregulho”, “pedrisco”, “pedrinha” etc. A 
esse elemento básico, que dá origem a várias palavras de uma mesma família, dá-se o nome de radical.
Algumas palavras são formadas apenas pelo radical, como “luz”, “mar”, “mel” etc. Há radicais, ao 
contrário, que só se apresentam ligados a um afixo (elemento que veremos a seguir), como “carpint-”, 
que ocorre em “carpinteiro” e “carpintaria”.
Agora, vamos tomar outro exemplo: “normalmente”. Para chegarmos ao radical, vamos repetir 
o método de formar um par: “normalmente” / “normal”. Por meio desse par, entendemos que 
“normalmente” é formado por “normal” + “-mente”. Como o elemento que possui a significação 
básica é “normal”, concluímos que esse é o radical. Podemos, no entanto, formar outro par: “normal” 
/ “norma”, a partir do qual chegamos a “norm-” + “-al” (compare com “braçal”, de “braç-” + “-al”).
2 A única exceção é um enunciado metalinguístico (que trata da própria linguagem): como Locutor A: O que marca o plural em português? 
Locutor B: -s.
Estrutura das Palavras I
15
Agora, temos um problema: o radical é “norm-”, “normal-” ou os dois? Para não ficarmos em 
dúvida, vamos diferenciá-los. O elemento que não podemos mais dividir – “norm-” – chamaremos 
de radical primário, pois ele serve de base à formação de “normal”, e o outro elemento “normal-” 
chamaremos de radical secundário e assim por diante. Vamos ver um quadro-resumo?
Radical Primário + RadicalSecundário + =
Norm al Normal mente Normalmente
Alguns autores também chamam o radical primário de raiz, mas vamos evitar esse termo, porque 
ele tem significados diferentes na análise sincrônica e na diacrônica.
Agora, vamos ver outro exemplo a partir da palavra “gasoso”. Formando um par com uma palavra da 
mesma família, obtemos “gasoso” / “gás”. Daí, podemos dividir a palavra “gasoso” em “gas-” + “-oso”. 
O elemento que contém a significação básica é o primeiro, portanto o radical é “gas-”. Teremos um caso 
diferente, porém, se considerarmos a palavra “medroso”, porque, ao formarmos o par “medroso” / 
“medo”, a segmentação do primeiro não resulta em “med-” + “-oso”, mas em “medr-” + “-oso”.
Esse problema nos leva a outra pergunta: podemos dizer que “med-” e “medr-” são dois radicais? 
A resposta é não, porque ambos estão ligados semanticamente à ideia de “medo” (são da mesma 
“família”). A solução, então, é lançar mão de outra explicação: o radical “med-” possui uma forma 
variante “medr-”, que ocorre em “medroso”, mas não em “medonho”. Essa forma variante recebe o 
nome de alomorfe, que significa exatamente “outra forma”. Não é só o radical que pode apresentar 
formas variantes, outros elementos que veremos mais tarde também podem possuir alomorfes.
Para ajudar a visualizar a explicação, vamos usar mais um quadro.
Radical + =
Med onho Medonho
Medr (Alomorfe) oso Medroso
Alguns radicais só ocorrem em conjunto com outro(s), formando substantivos compostos, como 
“ensiforme” (em forma de espada), de ensi (espada) + forme (forma) e “fonoaudiologia”, de fono- 
(som) + -audio- (ouvir) e -logia (estudo). Estes radicais, geralmente, são próprios da linguagem culta 
ou científica.
Afixos
Os afixos são elementos mórficos que se acrescentam ao radical. São, portanto, formas presas. Em 
português, há dois tipos de afixos: os prefixos e os sufixos. Enquanto os radicais pertencem a um 
inventário aberto (que pode expandir-se), os afixos são constituídos por um inventário fechado, ou 
seja, não surgem novos afixos. “Em português, por exemplo, são pouco mais de cinquenta prefixos e 
aproximadamente cento e quarenta sufixos” (Petter, 2003: 71).
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
16
Prefixo
Chama-se prefixo o morfema que se acrescenta antes do radical. Veja o quadro:
Prefixo Radical =
Des Leal Desleal
Sub Total Subtotal
Nos exemplos, acrescenta-se o prefixo des-, com sentido de negação, antes do radical “leal”, 
formando-se “desleal” (= não leal); e o prefixo sub-, com sentido de posição inferior, é acrescentado 
antes de “total”, formando-se “subtotal” (= abaixo do total).
Como podemos notar, combina-se o significado de um prefixo (des-, sub-) com o de uma palavra já exis-
tente na língua (leal, solo), tendo como resultado uma palavra que combina o significado dos dois elementos.
Agora, vamos pensar no funcionamento da língua: poder combinar elementos já existentes (como 
prefixo + radical), para obter uma palavra nova, é muito mais prático do que criar uma palavra nova “do 
nada”, porque se parte de significados que as pessoas que conhecem a língua já possuem na memória. 
Esse princípio permite ampliar o léxico da língua (o vocabulário) a partir do material que já existe.
Os prefixos, em geral, não alteram a classe gramatical de uma palavra, ou seja, a partir de um adje-
tivo, como “leal”, forma-se outro adjetivo, “desleal”, a partir de um substantivo, como “solo”, forma-se 
outro substantivo, “subsolo”. Há algumas exceções. Alguns poucos prefixos podem formar adjetivos a 
partir de substantivos. Por exemplo, em “período pós-guerra”, com o acréscimo do prefixo pós- ao 
substantivo “guerra”, forma-se o adjetivo “pós-guerra”, com significado de “posterior à guerra”.
No endereço a seguir, você pode encontrar uma lista de prefixos do português: 
https://goo.gl/lklyPZ
Com base na lista, vamos fazer um teste. Tente deduzir o sentido das palavras “preconceito” e 
“hipoderme”. Você encontrará a resposta no final desta unidade.
Sufixo
Chama-se sufixo o morfema que se acrescenta depois do radical. Veja o quadro:
Radical Sufixo =
Pedr eiro Pedreiro
Gás oso Gasoso
No primeiro caso, acrescenta-se o sufixo -eiro ao radical pedr-, formando-se “pedreiro”. No segundo 
caso, acrescenta-se o sufixo -oso ao radical gás, formando-se “gasoso”.
O resultado são palavras que combinam o significado do radical e do sufixo. Há, no entanto, uma 
diferença entre os dois casos. No primeiro, do radical da palavra “pedra”, que é o substantivo, formou-se 
“pedreiro”, que também é um substantivo. A combinação do radical com o sufixo originou, portanto, 
uma palavra da mesma classe gramatical (um substantivo) com uma significação nova. No segundo 
Estrutura das Palavras I
17
caso, houve a formação de um adjetivo (“gasoso” – que contém gás) a partir do substantivo “gás”. 
Daí, podemos deduzir que os sufixos têm uma dupla função: o acréscimo semântico (de significado) e 
a mudança de classe gramatical3.
Alguns sufixos têm como única função a mudança de classe gramatical. Os sufixos que formam 
substantivos e adjetivos são chamados nominais, como o sufixo -al, que forma adjetivos a partir 
de substantivos: “braço” + -al = “braçal”. Outros, ao contrário, formam substantivos a partir de 
adjetivos, como o sufixo -eza: “claro” + -eza = “clareza”. Também é possível formar substantivos 
e adjetivos a partir de verbos. Do verbo “sustentar”, forma-se o substantivo “sustentação” (ação de 
sustentar) e o adjetivo “sustentável” (que pode ser sustentado). Vamos visualizar isso no quadro?
Radical Sufixo =
Sustenta(r)
ção Sustentação
vel Sustentável
Também é possível formar verbos a partir de substantivos e adjetivos. Por exemplo, do substantivo 
“árvore” + -ecer, forma-se “arvorecer”; e, do adjetivo “ameno” + -izar, forma-se “amenizar”.
O único sufixo que forma advérbios a partir de adjetivos, em português, é o sufixo -mente: “fácil” 
+ -mente = “facilmente”.
Outros sufixos não servem à mudança de classe gramatical, como os sufixos diminutivos -inho(a),- 
ito(a), -ilho(a),- im,- ete(a), -ulo(a), -culo(a), que figuram em “passarinho”, “cãozito”, “sapatilha”, 
“camarim”, “carreta”, “óvulo” e “película”, e os aumentativos, como -ão, -aço(a), -arro(a), que figuram 
em “caldeirão”, “barcaça” e “bocarra”.
Alguns sufixos são polissêmicos, isto é, têm vários significados. O sufixo como -eiro(a) pode 
acrescentar o significado de “agente” em “pedreiro” e “carpinteiro”, de recipiente em “açucareiro”, 
de gentílico, em “brasileiro” e “mineiro” (este também com significado de “agente”), de coletivo em 
“formigueiro”, de indivíduo que possui certa peculiaridade de comportamento em “bagunceiro”, de 
árvore que produz determinado fruto em “abacateiro”, de equipamento com certa finalidade ou que 
produz efeito semelhante a algo em “britadeira” e “chuveiro” etc.
Glossário
Polissemia é a propriedade de um morfema, palavra ou expressão de possuir diversos sentidos.
Martins (1989: 80) observa que “o elemento avaliativo pode ser acrescentado a um lexema por um 
sufixo ou prefixo” (destaques da autora). Os sufixos aumentativos, por exemplo, podem expressar uma 
ideia de valorização, como em “carrão” e “golaço” ou de ridículo, como em “dentuço”. Tomando-se, 
por exemplo, o vocábulo “gente”, nota-se que todos os substantivos formados a partir dele, como 
“gentalha”, “gentaça”, “gentama”, “gentinha”, “gentarada” e “gentuça”, possuem, em geral, valor 
pejorativo, sendo equivalentes a “ralé”. Pode-se afirmar o mesmo dos substantivos derivados de “povo”, 
como “povão”, “povinho”, “povaréu” e “poviléu”.
3 A esse respeito, ver BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987.
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
18
Lapa (1975: 106) afirma que a ideia de pequenez “anda ligada geralmente em nosso espírito à ideia 
de ternura, simpatia, graciosidade”, de modo que, segundo o autor, livrinho “pode não ser um livro 
pequeno, pode ser um livro com as dimensões vulgares; mas é certamente coisa querida e apreciada”.
O estudo desses fenômenosexpressivos da linguagem cabe a uma disciplina chamada Estilística, que 
fará parte do seu curso de Letras.
Você pode encontrar uma lista de sufixos do português em https://goo.gl/iY5Qlm
Vimos, nesta unidade, que há duas abordagens de análise linguística: a sincrônica, que enfoca 
apenas uma fase da língua, e a diacrônica, que considera fases diversas.
Vimos, também, alguns dos morfemas do português, como o radical, que serve de base à palavra, o 
prefixo, que serve basicamente ao acréscimo semântico, e o sufixo, que serve ao acréscimo semântico e 
à mudança de classe gramatical. Na próxima unidade, continuaremos a estudar os elementos mórficos. 
Resposta da atividade sobre o prefixo: A palavra “preconceito” é formada por pre- + “conceito”. 
O prefixo pre- significa “posição anterior”, logo “preconceito” significa “anterior ao conceito”. A 
palavra “hipoderme” é formada por hipo- + “derme”. O prefixo hipo- significa “posição inferior”, 
“derme” significa “pele”, logo “hipoderme” significa “abaixo da pele”.
Glossário
adjetivo: palavra que se liga a um substantivo para expressar uma característica: “dia quente”.
advérbio: palavra que modifica um verbo (acordar cedo), um adjetivo (bastante claro) ou outro 
advérbio (muito perto).
afixo: morfema que se liga a um radical. Em português, são os prefixos e os sufixos.
forma livre: forma que pode constituir um enunciado sozinha.
forma presa: forma que só pode constituir um enunciado quando presa a uma forma livre, como 
o -s do plural.
forma dependente: forma que, não sendo presa, se combina a outra em um enunciado, como o 
artigo em “a batata”.
prefixo: morfema que antecede o radical, como des- em “desleal”.
radical: morfema que contém o significado básico de uma palavra, como “leal” em “desleal”.
substantivo: palavra que nomeia seres, ações, características, sentimentos etc.
sufixo: morfema que se pospõe ao radical, como -eza em “clareza”.
sufixo adverbial: que forma advérbios. É o sufixo -mente em português: “felizmente”.
sufixo nominal: que forma substantivos ou adjetivos, como -eza e -oso(a).
sufixo verbal: que forma verbos, como -izar.
Estrutura das Palavras I
19
Material Complementar
Para aprender mais a respeito das questões apresentadas nesta unidade, faça as seguintes leituras:
KEHDI, Valter. Morfemas do Português. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à Morfologia. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Obras Disponíveis Online:
ALVES, Ieda Maria. et. al. Afixos marcadores de intensidade: sufixação versus prefixação. 
Os Estudos Lexicais em Diferentes Perspectivas. v. I. São Paulo: FFLCH/USP, 2009.
https://goo.gl/UjJWB5. Acesso em 22 set. 2013.
LOPES, Carlos Alberto Gonçalves. Prefixos intensivos. Revista Philologus. v. 38. Disponível em 
https://goo.gl/zblQDF Acesso em 2 dez. 2013.
SANDMANN, Antônio José. A expressão da pejoratividade. Revista Letras. v. 38. Curitiba: UFPR, 
1989b. Disponível em https://goo.gl/J2voxe. Acesso em 29 set. 2013.
Estrutura das Palavras I
UNIDADE
I
20
Referências
BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007.
LAPA, Manuel Rodrigues. Estilística da Língua Portuguesa. 8. ed. Coimbra: Coimbra, 1975.
MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística: A Expressividade na Língua Portuguesa. São 
Paulo: T. A. Queirós, 1989.
MATTOSO CÂMARA JR., Joaquim. Estrutura da Língua Portuguesa. 37. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2005.
PETTER, Margarida Maria Tadoni. Morfologia. In: FIORIN, Luís Antônio (org.). Introdução à 
Linguística II: Princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2003.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à Morfologia. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
II
Estrutura das Palavras II
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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Antes de iniciarmos nossos estudos desta unidade da disciplina Língua Portuguesa – Morfologia, 
convidamos você a ler o texto a seguir e a assistir ao vídeo da música Metáfora, de Gilberto Gil, 
disponíveis em https://goo.gl/OW0JrF:.
Nesse texto, o autor depreende dois elementos da palavra “metáfora”, os quais ele utiliza para 
referir-se ao modo como o poeta dá sentido ao que escreve. Reflita sobre o texto e, a seguir, você 
poderá perceber a relação desse trecho com esta unidade do nosso curso.
Contextualização
Metáfora
Uma lata existe para conter algo;
Mas, quando o poeta diz “lata”,
Pode estar querendo dizer o incontível.
Uma meta existe para ser um alvo;
Mas, quando o poeta diz “meta”,
Pode estar querendo dizer o inatingível.
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata.
Na lata do poeta tudo nada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível.
Deixe a meta do poeta, não discuta.
Deixe a sua meta fora da disputa.
Meta dentro e fora, lata absoluta.
Deixe-a simplesmente metáfora.
Estrutura das Palavras II
23
Na unidade anterior do nosso curso, tratamos de alguns elementos mórficos. Nesta unidade, 
trataremos dos elementos que você ainda não conhece e compreenderemos a função de cada um 
dentro do sistema da língua.
Antes de abordarmos os elementos desta unidade, é preciso que entendamos que, no português, há 
palavras variáveis e invariáveis. Para isso, tomemos os enunciados a seguir:
1. O aluno chegou cedo à escola.
2. A aluna chegou cedo à escola.
3. Os alunos chegaram cedo à escola.
A comparação dos enunciados permite-nos notar que algumas palavras têm formas diferentes. 
Há um substantivo que possui uma forma no masculino singular (aluno), outra no feminino singular 
(aluna) e uma terceira no masculino plural (alunos). O verbo do enunciado também possui uma forma 
no singular (chegou) e outra no plural (chegaram). Essas palavras são, portanto, variáveis. Já a palavra 
“cedo” possui uma única forma, logo é invariável.
O processo por meio do qual as palavras podem variar chama-se flexão. No caso do substantivo 
e das palavras que a ele se ligam, ocorre a flexão nominal; e, no caso dos verbos, a flexão verbal.
Os elementos que permitem a flexão das palavras variáveis chamam-se desinências e servem para 
estabelecer diferenças gramaticais entre as palavras, como gênero, número, tempo etc. As desinên-
cias que servem à flexão nominal são as desinências nominais, e as que servem à flexão verbal 
são as desinências verbais. A parte da Morfologia que se dedica à flexão das palavras chama-se 
Morfologia flexional.
As desinências nominais dividem-se em desinências de gênero e de número. As de gênero diferenciam 
masculino e feminino; e as de número, singular e plural.
Introdução
Palavras Variáveis e Invariáveis
Desinências Nominais
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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Desinências de Gênero
Vamos retomar, agora, as palavras dos exemplos 1 e 2 e formar um par:
aluno – aluna.
Desse par, podemos compreender que as palavras possuem um 
radical e uma desinência de gênero. Veja o quadro a seguir:
RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO =
ALUN- -O ALUNO
ALUN- -A ALUNA
No quadro, percebe-se que a desinência -o, de “aluno” é a marca de masculino e a desinência -a, 
de “aluna” é a marca de feminino. Há autores, como Mattoso Câmara (2005), que defendem a ideia 
de que somente o feminino possui desinência de gênero, porque, como veremos, em algumas palavras 
a distinção entre masculino e feminino é feita apenas pela desinência de feminino. Para aprofundar 
seus estudos, leia sobre o assunto no livro do Professor Valter Kehdi, disponível em pdf no endereço 
a seguir:
Agora, observe o par a seguir:
juiz – juíza
Da comparação desse par, podemos compreender que uma das palavras possui um radical e uma 
desinência de gênero, é o caso do -a em “juíza”. No entanto, percebemos que na palavra “juiz” o que 
indica o gênero masculino é a ausência desse -a. Veja o quadro:
RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO =
JUIZ- -A JUÍZA
JUIZ- Ø JUIZ
Nesse caso, a ausência do -a é representada por Ø. Como Ø tem um significado gramatical 
(indica gênero masculino),ele é um morfema, chamado de morfema zero. O morfema zero ocorre 
quando uma ausência corresponde a uma presença obrigatória. Que isso quer dizer? Isso significa 
que a ausência de marca de masculino em palavras como “juiz”, “cantor”, “marquês” etc. opõe-se, 
obrigatoriamente à presença do -a no feminino em “juíza”, “cantora”, “marquesa” etc.
Radical: morfema 
que contém o 
signifi cado básico de 
uma palavra, como 
“leal” em “desleal”.
https://goo.gl/NoVHdC
Estrutura das Palavras II
25
Daí, deduzimos que, em português, o masculino pode ser indicado pela desinência -o (de “aluno”) 
ou pelo morfema zero (Ø – de “juiz”). Isso significa que a desinência de gênero -o possui uma forma 
variante Ø. Como vimos, na unidade anterior, as formas variantes são chamadas de alomorfes. Isso 
significa que a desinência -o possui um alomorfe zero.
Algumas palavras que se referem a pessoas não possuem desinência de gênero no masculino nem 
no feminino. Veja:
MASCULINO FEMININO
(O) CHEFE (A) CHEFE
Nesse caso, o -e final é um outro elemento chamado vogal temática, que veremos mais adiante.
Desinências de Número
Consideremos o par a seguir:
café – cafés
Em “cafés”, sabemos que o -s final indica plural. Por outro lado, sabemos que “café” está no singular 
devido à ausência do -s, ou seja, como não há uma desinência específica para o singular em português, 
ele é indicado por um morfema zero (Ø). Veja o quadro:
RADICAL DESINÊNCIA DE NÚMERO =
CAFÉ -S CAFÉS
CAFÉ Ø CAFÉ
Considere, agora, os seguintes enunciados:
1. Traga um lápis preto.
2. Traga dois lápis pretos.
3. Tire um xérox deste documento.
4. Tire dois xérox deste documento.
Em 1 e 3, temos, respectivamente as palavras “lápis” e “xérox” no singular e, em 2 e 4, as mesmas 
palavras no plural. Como essas palavras não apresentam uma desinência para indicar o plural, podemos 
dizer que a desinência -s possui, nesses casos, uma forma variante (alomorfe) zero.
Tradicionalmente, diz-se que o plural de algumas palavras é formado por -es, como “raiz” – “raízes”. 
É possível analisar a questão de outra forma: o plural é formado por raiz + e + s, em que o -e é aquele 
elemento que aparece em “chefe”, a vogal temática.
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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Em Morfologia, a ordem dos elementos é muito rígida. Observe que a desinência de número sempre 
vem depois da de gênero:
RADICAL DESINÊNCIA DE GÊNERO DESINÊNCIA DE NÚMERO =
ALUN- -O -S ALUNOS
Quando a palavra possui um sufixo, as desinências vêm depois dele, como em “caseiros”: cas- 
(radical) + -eir- (sufixo) + -o (desinência de gênero) + -s (desinência de número).
As desinências verbais dividem-se em desinências modo-temporais, que indicam o modo e o 
tempo verbal e desinências número-pessoais, que indicam a pessoa e o número. Elas são morfemas 
cumulativos, ou seja, cada uma indica dois fatos gramaticais.
Desinências Modo-Temporais
Para conhecermos as desinências modo-temporais, observemos o par a seguir:
chega – chegava
Podemos notar que o que difere as duas formas verbais é a presença de -va na última delas. Uma 
vez que o verbo está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, vamos ver a conjugação completa 
do verbo nesse tempo:
chegava – 1ª pessoa do sing.,
chegavas – 2ª pessoa do sing.,
chegava – 3ª pessoa do sing.,
chegávamos – 1ª pessoa do pl.,
chegáveis – 2ª pessoa do pl.,
chegavam – 3ª pessoa do pl.
Observamos, agora, que a desinência -va aparece em todas as formas verbais desse tempo, tendo a 
forma variante (alomorfe) -ve na segunda pessoa do plural. Isso significa que é essa desinência que está 
diferenciando o pretérito imperfeito do indicativo dos demais tempos verbais. É devido à presença de 
-va (-ve) que sabemos que o verbo está conjugado nesse tempo, pois ela não ocorre em nenhum outro 
tempo verbal.
Desinências Verbais
Estrutura das Palavras II
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A partir daí, podemos afirmar que cada 
tempo verbal é caracterizado por uma 
desinência modo-temporal diferente ou, em 
alguns casos, pela ausência dela. Vamos, 
agora, aprofundar nosso estudo sobre esse 
assunto, formando um quadro completo com 
as desinências modo-temporais de cada tempo 
e seus alomorfes. Veja:
Para visualizar e compreender me-
lhor o que vamos explicar a seguir, 
você deve acompanhar a leitura da 
explicação com o verbo chegar, con-
jugado, em todos os tempos e mo-
dos. Para isso, você deve clicar em:
• http://www.conjuga-me.net/verbo-chegar
MODO TEMPO DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL (e alomorfes)
Indicativo
Presente Ø
Pretérito
perfeito Ø, -ra (3ª p. pl.)
imperfeito
-va (-ve) – 1ª conjugação,
-ia (-ie) – 2ª e 3ª conjugações
mais-que-perfeito -ra (-re) – átono
Futuro
do presente -ra (-re) – tônico
do pretérito -ria (-rie)
Subjuntivo
Presente
-e – 1ª conjugação,
-a – 2ª e 3ª conjugações
Pretérito imperfeito -sse
Futuro -r (-re)
Formas 
Nominais
Infinitivo -r (-re)
Gerúndio -ndo
Particípio -do(a)
Como se percebe no quadro, o presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo têm 
desinência modo-temporal Ø (exceto a terceira pessoa do plural deste último), mas podemos diferenciá-
los porque esses tempos têm desinências número-pessoais diferentes.
O pretérito imperfeito do indicativo, de que tomamos o exemplo “chegava”, da 1ª conjugação, 
também possui a desinência -ia (-ie), que ocorre nos verbos da 2ª conjugação, como “corria” e da 3ª 
conjugação, como “sorria”.
No pretérito mais-que-perfeito do indicativo, a desinência é átona, como em “chegara”, enquanto 
no futuro do presente do indicativo, a desinência é tônica, como em “chegará”.
O presente do subjuntivo apresenta a desinência -e quando o verbo é da 1ª conjugação, como 
“chegue”, e a desinência -a, quando o verbo é da 2ª conjugação, como “corra”, e da 3ª conjugação, 
como “sorria”.
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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O imperativo negativo é formado por essas mesmas desinências, assim como o imperativo afirmativo, 
que, no entanto apresenta uma diferença nas 2ªs pessoas, que são iguais às do presente do indicativo, 
retirando-se o -s final.
Vale lembrar que o mesmo ocorre para verbos com terminação –er/ –or (correr, compreender, 
sofrer, por, repor etc.) e para verbos com terminação em –ir (sentir, dividir etc.). Falaremos mais das 
terminações dos verbos mais adiante, quando tratarmos de vogal temática.
Desinências Número-Pessoais
Vamos prosseguir com a técnica de formação de pares, para entendermos as desinências número-
pessoais. Veja:
chega – chegamos
Podemos notar que o que difere as duas formas desse par é o elemento -mos. Ele nos indica duas 
coisas: a 1ª pessoa gramatical e número plural, ou seja, podemos notar que, quando a forma verbal 
possui a desinência -mos, ela concorda com o pronome pessoal “nós”:
“nós chegamos”
Essa desinência -mos sempre marca essa pessoa gramatical, ou seja, a primeira pessoal do plural, 
independentemente do tempo em que o verbo está conjugado. Veja:
chegamos – presente do indicativo,
chegáramos – pretérito mais-que-perfeito indicativo,
chegássemos – pretérito imperfeito subjuntivo,
chegarmos – futuro do subjuntivo.
As desinências número-pessoais também apresentam formas variantes (alomorfes). Vamos ver um 
quadro com essas desinências:
PESSOA DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL (e alomorfes)
SINGULAR
1ª
Ø
-o (pres. ind.)
-i (pret. perf. ind. e fut. pres. ind.)
2ª
-s
-ste (pret. perf. ind.)
3ª
Ø
-u (pret. perf. ind.)
PLURAL
1ª -mos
2ª
-is
-stes (pret. perf. ind.)
-des (fut. subj. e infinitivo flex.)
3ª -m
Estrutura das Palavras II
29
Como já foi observado anteriormente, a ordem é muito 
importante para a Morfologia. No caso dos verbos, as 
desinências número-pessoais sempre ocorrem depois das 
modo-temporais.
VT – Vogal Temática
DMT- Desinência ModoTemporal
DNP- Desinência NúmeroPessoal
No início da unidade anterior, formamos o par
pedra – pedreiro,
a partir do qual constatamos que a palavra “pedra” é formada por dois elementos; “pedr-” e “-a”. 
Lembra-se? Vimos, também, que o primeiro elemento é o radical da palavra, mase o segundo? Esse 
elemento chama-se vogal temática e permite que, a partir do radical “pedr-”, se chegue à forma 
“pedra”. As vogais temáticas dividem-se em nominais e verbais.
Vogais Temáticas Nominais
As vogais temáticas nominais são -a, -e , -o. Para que você as visualize, trazemos o quadro 
que segue:
RADICAL VOGAL TEMÁTICA =
PEDR- -A PEDRA
DENT- -E DENTE
LIVR- -O LIVRO
As vogais temáticas não se ligam ao gênero dos nomes. Embora a maior parte das palavras 
terminadas pela vogal temática -a sejam femininas, ela ocorre, também, em palavras masculinas, 
como “o planeta”, “o problema”, “o cometa”, “o sistema” etc. Da mesma forma, a maior parte dos 
nomes que contém a vogal temática -o são masculinos, mas isso nem sempre acontece, pois “libido” 
é nome feminino. Muitos nomes terminados em -a podem ter uma só forma para o masculino e o 
feminino, como “o/a pianista”, “o/a colega” etc. Às vezes, a partir de um mesmo radical, formam-se 
nomes com essas duas vogais temáticas, como “barco” e “barca”, “jarro” e “jarra” etc.
Vogal Temática
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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Os nomes terminados pela vogal temática -e podem ser masculinos, como “dente” e “pote” ou 
femininos, como “estante” e “grafite” (sim, “a grafite”); mas, quando esses nomes se referem a pessoas, 
eles geralmente têm uma única forma para os dois gêneros, como “o/a chefe”.
Como já vimos, ao tratar de radical, não são todos os nomes que possuem vogal temática. Ela não 
ocorre nos nomes que são terminados por consoantes, como “Sol”, “lápis”, “rim”, “luz”, “cor”, e nos 
terminados em vogal tônica, como “café”, “cipó” etc.
Para não confundir vogal temática nominal com desinência de gênero, pense nas palavras “carro” 
e “caneta”. Essas palavras não permitem a formação de pares de masculino e feminino, como “carro” 
e “carra” ou “caneta” e “caneto”. Da mesma forma, “barco” não é o masculino de “barca”; e “porto” 
não é o masculino de “porta”.
Vogais Temáticas Verbais
Além das vogais temáticas que vimos, há outras que ocorrem nos verbos e servem para distinguir as 
três conjugações verbais do português. Elas são -a (1ª conjugação) -e (2ª conjugação) e -i (3ª conjugação). 
Vamos ver a ocorrência dessas vogais com os verbos no infinitivo. Veja o quadro:
RADICAL VOGAL TEMÁTICA INFINITIVO (+R)
CHEG- -A- CHEGAR
CORR- -E- CORRER
OUV- -I- OUVIR
Observe que o verbo “pôr” e seus derivados (apor, antepor, compor, contrapor, depor, dispor, expor, 
impor, indispor, interpor, justapor, opor, propor, repor, sobrepor, supor, transpor etc.) pertencem à 2ª 
conjugação. A vogal temática não se apresenta no infinitivo (pôr), mas está presente em outras formas 
do verbo, como no pretérito imperfeito do subjuntivo. Veja:
RADICAL VOGAL TEMÁTICA DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL (-SSE)
CHEG- -A- SSE
PUS- 
(alomorfe) -E- PUSESSE
OUV- -I- OUVISSE
As vogais temáticas verbais também possuem variantes (alomorfes). Por exemplo, a vogal -a (1ª con-
jugação), que ocorre em “chegar”, tem as variantes -e em “cheguei” (1ª pessoa do singular do pretérito 
perfeito do indicativo) e -o em “chegou” (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo). A 
vogal temática -e (2ª conjugação), que ocorre em “correr”, tem a variante -i em “corrido” (particípio).
Na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, a vogal temática, em geral, é Ø: “chego”, 
“corro”, mas ela se apresenta, por exemplo, em “sorrio”, vogal temática –i.
Estrutura das Palavras II
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Os elementos de ligação dividem-se em consoantes de ligação e vogais de ligação.
Consoantes de Ligação
Para tratar dos elementos de ligação, vamos, mais uma vez, formar um par:
língua – linguarudo.
À primeira vista, podemos dividir a segunda palavra nos elementos “língua” e “-rudo”. Confrontando-
se, no entanto, a palavra com outras que apresentam o mesmo sufixo, como “chifrudo”, “barbudo” 
etc., nota-se que o “r” não faz parte do sufixo. Veja:
RADICAL SUFIXO =
BARB- -UDO BARBUDO
Se o que ocorre em “barbudo” fosse seguido de modo idêntico em “língua” + -udo, obteríamos 
“linguudo”, com esse desagradável encontro de “uu” (soa mal, não é?). Para evitar isso, acrescenta-se 
a consoante de ligação “-r-”, formando-se, assim, “linguarudo”. Observe:
RADICAL + VT CONSOANTE DE LIGAÇÃO SUFIXO =
LÍNGUA -R- -UDO LINGUARUDO
Além de -r-, há, também, em português, as consoantes de ligação -l-, -z- e -t-, que ocorrem, por 
exemplo em “paulada”, “bambuzal” e “cafeteira”. Veja o quadro:
RADICAL CONSOANTE DE LIGAÇÃO SUFIXO =
PAU -L- -ADA PAULADA
BAMBU -Z- -AL BAMBUZAL
CAFÉ -T- -EIRA CAFETEIRA
Elementos de Ligação
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
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Vogais de Ligação
Outros elementos que servem para ligar dois morfemas são as vogais de ligação. Em português, são as 
vogais -i-, -o-, presentes, por exemplo, nas palavras “pernilongo” e “gasômetro”. Veja o quadro:
RADICAL VOGAL DE LIGAÇÃO RADICAL =
PERN- -I- -LONGO PERNILONGO
GÁS -O- -METRO GASÔMETRO
Vimos nessa unidade, vários outros elementos mórficos presentes na estrutura das palavras em 
português. É muito importante notar que esses elementos são responsáveis pela grande economia 
da língua. Veja que, ao trabalharmos com a desinência –s para o plural, economizamos a criação de 
muitas palavras. Imagine se para indicaro plural criássemos a cada vez uma nova palavra? E lembre-se: 
compreender como as palavras se estruturam é uma forma de conhecer os mecanismos da língua e dar 
sentido a muitas regras que decoramos sem nem mesmo saber o porquê. Não é mesmo?
Glossário
consoante de ligação: consoante que liga dois morfemas, como o -r- de “linguarudo”.
desinência de gênero: ver desinência nominal.
desinência de número: ver desinência nominal.
desinência modo-temporal: ver desinência verbal.
desinência nominal: morfemas que indicam a flexão de gênero (masculino e feminino) e de 
número (singular e plural) dos nomes.
desinência número-pessoal: ver desinência verbal.
desinência verbal: morfemas que indicam flexão de tempo e modo (modo-temporais) e número 
e pessoa (número-pessoais) dos verbos.
flexão: propriedade das palavras de variar em gênero, número (nomes), tempo, modo, pessoa e 
número (verbos).
morfema zero (Ø): ausência de morfema que se contrapõe a outro morfema, como a ausência de 
-s no singular em “aluno”, que se opõe ao -s em “alunos”.
palavra invariável: palavra que possui flexão.
palavra variável: palavra que não possui flexão.
radical: morfema que contém o significado básico de uma palavra, como “leal” em “desleal”.
substantivo: palavra que nomeia seres, ações, características, sentimentos etc.
sufixo: morfema que se pospõe ao radical, como -eza em “clareza”.
vogal temática: vogal a que se junta a um radical, constituindo o tema, a que se juntam as desinências.
vogal de ligação: vogal que liga dois morfemas, como o -o- de “gasômetro.
Estrutura das Palavras II
33
Material Complementar
Para aprender mais a respeito das questões apresentadas nesta unidade, faça as seguintes leituras:
 
KEHDI, Valter. Formação de Palavras em Português. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003.
________. Morfemas do Português. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004.
Obras disponíveis on-line
BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987. Disponível em: https://goo.gl/klAe1e.
KEHDI, Valter. Joaquim Mattoso Câmara Jr. Contribuições aos estudos da língua portuguesa. Dis-
ponível em https://goo.gl/K46B1X.
________. O problema do infixo em português. Disponível em https://goo.gl/DEih5I.
Estrutura das Palavras II
UNIDADE
II
34
BASÍLIO, M. Teoria lexical. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book) 
KEHDI, Valter. A flexão de gênero em português. Estudos Linguísticos. Anais dos Seminários do 
GEL, Campinas, v.XIV, p. 282-289, 1987.
MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística: A Expressividade na Língua Portuguesa. São 
Paulo: T. A. Queirós, 1989.
MATTOSO CÂMARA JR., Joaquim. Estrutura da Língua Portuguesa. 37. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2005.
NEVES, M. H. M. Texto e gramática. São Paulo: Contexto,2006. (E-book)
ROSA, M. C. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000. (E-book) 
SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São 
Paulo: Manole, 2010. (E-book)
Referências
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
III
Formação de Palavras I
Formação de Palavras I
UNIDADE
III
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Contextualização
Antes de iniciarmos nossos estudos nessa unidade da disciplina Língua Portuguesa – Morfologia, 
você deve ler o trecho a seguir:
Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? 
Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim.
Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
– Mamãe, quer me passar o mexedor?
– Mexedor? Que é isso?
– Mexedorzinho, de mexer café.
– Ah... colherinha, você quer dizer.
– Papai, me dá o suco de vaca?
– Que é isso, menino!
– Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
– Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino? [...]
Até que um dia... O cachorro do Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de madeira que 
Seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latildo. 
E aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. Alguém jogou uma ponta de cigarro pela grade, e 
foi aquele desastre!
Marcelo entrou em casa correndo:
– Papai, papai, embrasou a moradeira do Latildo!
– O quê, menino? Não estou entendendo nada!
– A moradeira, papai, embrasou...
– Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala direito!
– Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada!
Seu João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada...
(ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de Janeiro: Salamandra, 
1976. Disponível em https://goo.gl/SdLl8J)
Observe que o menino, personagem da narrativa, apesar da pouca idade, tem pleno conhecimento 
de como se formam palavras em português e faz uso dos processos de formação para formar palavras 
como “sentador”, “moradeira”, “embrasou” e outras. Essa capacidade é comum aos falantes de uma 
língua e permite que eles “economizem a memória” para se entender. Você logo perceberá que a 
“nova língua” de Marcelo está relacionada diretamente ao conteúdo desta unidade e das próximas.
Formação de Palavras I
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Léxico
O léxico é o conjunto das palavras existentes em uma língua. Essas palavras podem ter origem na 
própria língua ou em outras. Vamos conhecer melhor o léxico do português?
Léxico Português
Para tratar do léxico da língua portuguesa, precisamos, antes, conhecer um pouco de história. 
Então, vamos a ela. Por volta de 753 a. C., foi fundada, na região central da Península Itálica, a cidade 
de Roma, que hoje é a capital da Itália. Essa região chamava-se Lácio, e a língua que nela se falava era 
o latim. Roma desenvolveu-se em várias áreas, como a Filosofia e a Engenharia, além de tornar-se a 
maior força militar da Europa.
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Com o desenvolvimento cultural, surgiram duas variedades do latim, o clássico e o vulgar. O latim 
clássico era a língua literária, mais sofisticada, de maior prestígio, a qual, nas palavras de Coutinho 
(1976: 29), “caracterizava-se pelo apuro do vocabulário, pela correção gramatical, pela elegância do 
estilo”. O latim vulgar era a linguagem falada do dia a dia, em que não se encontravam preocupações 
literárias, de modo que são raros os textos escritos em latim vulgar.
Roma expandiu-se muito e formou um grande império, conquistando a maior parte da Europa, o 
norte da África e parte do Oriente Médio. Os romanos, então, foram construindo estradas que ligavam 
Roma, a capital do Império, às diversas províncias romanas. É por isso que até hoje se diz que “todos 
os caminhos levam a Roma”.
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No século II a. C, o Império Romano anexou o território da Lusitânia como província romana. Essa 
região localiza-se na Península Ibérica, que atualmente é ocupada por Portugal e Espanha. Os romanos 
não obrigavam os povos conquistados a falar latim, mas isso era interessante, porque, afinal, era a 
língua da administração pública, das instituições e do exército. Foi assim, portanto, que o latim passou 
a ser falado na região onde hoje fica Portugal. Qual latim? Ora, o latim falado, ou seja, o latim vulgar.
Assim seguiu a história até que, no século IV d. C., o Império Romano ficou tão grande – e tão difícil 
de ser administrado – que foi dividido em duas partes, o Império do Ocidente e o Império do Oriente. 
A história começa a mudar no ano de 476 d. C., 
quando ocorreu a queda do Império Romano do Ocidente. 
Como consequência da queda, não havia mais, nas terras 
conquistadas, o exército romano e as outras instituições 
que garantiam a unidade da língua latina. O latim, porém, 
não desapareceu. Ele tornou-se língua científica até o 
século XIX e, ainda hoje, é a língua oficial do estado do 
Vaticano e da Igreja Católica. Com o final do império, 
o latim vulgar começou a modificar-se gradualmente, 
gerando as chamadas línguas românicas, entre as quais, a língua portuguesa. Essas modificações, que 
eram diferentes em regiões diferentes, são estudadas por uma disciplina chamada Filologia.
Portugal surge, como nação independente, em 1139. No princípio, por volta do século VIII, o 
português era ainda uma língua ágrafa (que não tem escrita), uma vez que os documentos eram redigidos 
em uma variedade do latim, conhecida como latim bárbaro. Nos documentos dessa época, porém, já 
se notava a presença de palavras de uma forma arcaica da língua portuguesa. Os primeiros documentos 
escritos em português (escritos em uma variante conhecida como galego-português) de que se tem 
conhecimento vão surgir só no século XII. Neles, o vocabulário era limitado, com palavras herdadas do 
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Formação de Palavras I
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latim vulgar por via popular, ao qual se adicionaram outras de línguas de povos vizinhos, como o 
provençal, o castelhano e o árabe. Por que o árabe? É que os árabes dominaram a Península Ibérica 
por muitos anos. Eles ficaram lá entre 711 e 1492, quando foram expulsos na chamada Reconquista.
Agora, que você já sabe como surgiu a Língua 
Portuguesa, é preciso esclarecer que a língua 
portuguesa, em sua origem, era muito diferente do 
que é hoje. O vocabulário (léxico) do português, por 
exemplo, era bem menor. Por isso, a língua dessa 
época é conhecida como português arcaico.
À medida que a sociedade se torna mais complexa, 
a língua a acompanha. Muitas palavras são incorpo-
radas a partir do latim clássico por escritores como 
Camões. A partir dessa fase (século XVI), passa-se a 
designar o idioma como português moderno.
Portanto, o léxico da língua portuguesa tem origem principalmente no latim vulgar, tanto pelo uso 
diário dos falantes, quanto pelo esforço intelectual dos escritores e estudiosos.
O contato entre povos diferentes reflete-se no idioma, de modo que o léxico português 
contemporâneo é composto de uma grande diversidade de línguas, como o francês, o espanhol, o 
alemão, o inglês, o japonês, o árabe, o chinês, o russo etc. No Brasil, a língua recebeu, ainda, 
influências das línguas nativas, particularmente do tupi, e de algumas línguas africanas faladas 
pelos escravos. 
No século XIX, a França era o grande centro irradiador 
de cultura do mundo. No Brasil, os escritores franceses 
alcançavam grande sucesso (considerando o pequeno 
público leitor brasileiro), e tudo que fosse francês era tido 
como moderno e progressista (cf. Hallewell, 1985: 129). 
Em consequência, integravam-se ao português muitas 
palavras de origem francesa, como “greve” e “menu”.
No século XX, com a chegada do futebol, várias palavras da língua inglesa foram introduzidas 
no português. O próprio nome do esporte origina-se de foot, “pé” e Ball, “bola”. Algumas dessas 
palavras mantêm-se até hoje, como “gol”(de goal); outras foram substituídas, como corner kick, 
trocada por “escanteio”.
Novas palavras continuam a incorporar-se ao léxico do português por empréstimo de outros idiomas. 
Essas palavras podem seguir quatro caminhos diferentes:
1. Conservação pura e simples do estrangeirismo em sua forma original, como shopping (inglês);
2. Aportuguesamento do estrangeirismo, como “contêiner” (do inglês container), adaptando-o à 
grafia e ao sistema flexional do português (plural: contêineres);
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3. Tradução do estrangeirismo, como “disco rígido” por hard disc;
4. Criação de neologismo (palavra nova) para substituir o estrangeirismo, como em “cardápio” 
por menu.
As mudanças por que passam as línguas são estudadas não só no nível lexical por uma disciplina 
chamada Sociolinguística.
Por que se formam Palavras?
Além das palavras que vieram da língua-mãe, o latim, e de outros idiomas, há palavras que se 
formaram na própria língua portuguesa por meio dos processos que permitem que se criem novos 
itens do léxico a partir do material já existente.
Basílio (1987), ao tratar da formação lexical, distingue três motivos pelos quais se formam palavras. 
O primeiro deles é a mudança de classe gramatical (apontada como função principal dos sufixos). 
Tomemos, por exemplo, o substantivo “norma”, que significa “regra, modelo, modo de proceder”. 
Agora, digamos que você precise usar não essa palavra, mas outra com o sentido de “aquilo que 
pertence à norma”. Você também não quer usar todas essas palavras, você quer uma só. Sua saída é 
formar um adjetivo a partir do substantivo “norma”. Você pode fazer isso, ao acrescentar o sufixo -al 
ao radical do substantivo. Veja:
Radical + Sufixo = Adjetivo
Norm- -al Normal
Agora, digamos que você queira usar não exatamente esse adjetivo, “normal”; mas uma palavra 
com o sentido de “tornar (alguma coisa) normal”. Lembre-se de que você quer uma palavra só e não 
esse grupo inteiro. O recurso, desta vez, é formar um verbo a partir do adjetivo “normal”, que servirá 
como radical secundário. Para isso, você pode utilizar o sufixo -izar. Veja:
Radical + Sufixo = Verbo
Normal- -izar Normalizar
Digamos que você tenha gostado tanto de formar essas palavras que queira prosseguir mais um 
pouco. Desta vez, você quer usar uma palavra que dê nome à ação de normalizar. Você, para fazer isso, 
precisa formar outro substantivo. Então, você pode usar o verbo como radical terciário e acrescentar 
a ele o sufixo -ção:
Radical + Sufixo = Substantivo
Normaliza(r) -ção Normalização
Formação de Palavras I
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Observe que a formação dessas palavras segue uma sequência rígida, em que a ordem de acréscimo 
dos sufixos é fixa:
 
Observe, também, que a formação de palavras não é um privilégio de escritores ou de estudiosos 
da linguagem, pois cada falante tem uma “gramática internalizada”, que lhe permite formar palavras 
intuitivamente. Basílio (op. cit.) explica que,
Quando estamos lendo um artigo no jornal, um livro, etc., em geral não 
percebemos que algumas palavras do texto não faziam parte do nosso 
vocabulário anteriormente à leitura.
Por exemplo, pensem nos advérbios formados pela adição do sufixo 
-mente a um adjetivo. Se encontrarmos em algum texto, digamos, a palavra 
sinuosamente, é provável que a interpretemos sem a mínima dificuldade. No 
entanto, para muitos a palavra poderia estar sendo adquirida no momento e 
através do próprio ato de leitura.
No exemplo acima, temos uma palavra que outra pessoa usou. Mas, da mesma 
maneira que autores de artigos e livros, nós também formamos palavras 
novas frequentemente no uso diário da língua, seja construindo termos como 
verbalidade ou agilização, característica do discurso formal, seja usando formas 
só permitidas em situações coloquiais, tais como deduragem, caretice e muitas 
outras, entre as quais se incluem dezenas de diminutivos e aumentativos.
Como há palavras formadas a partir de outras da mesma classe, cabe adicionar um segundo motivo, 
que é o acréscimo semântico (de significado). Em outras palavras, digamos que você não queira usar 
um substantivo relacionado a um verbo, como ocorreu em “normalização”, mas você quer usar uma 
palavra ligada à outra que você conhece, com certa diferença de significado. Por exemplo, como você 
se referiria a uma pessoa que faz tortas para vender? Claro que você poderia dizer, simplesmente, algo 
como “Vera faz tortas para vender”; mas, se você não quisesse usar tantas palavras, você recorreria a 
um processo de formação. O processo comum, nesse caso, é o acréscimo de um sufixo, como -eiro(a), 
o que resultaria em “torteira”. Na verdade, a palavra já existe com o sentido de “recipiente para cozer 
tortas” (Houaiss, 2009), uma vez que esse sufixo pode apresentar sentidos diferentes.
No entanto, embora esse processo pareça bem simples e ocorra frequentemente no dia a dia, 
não é sempre assim que fazemos para nos comunicar. Pense no seguinte: quando queremos fazer 
referência à ação contrária à de ligar, recorremos ao prefixo des-, que nos dá “desligar”; mas, 
quando queremos fazer referência à ação contrária à de abrir, dizemos “fechar” e não “desabrir”. 
Se tivéssemos de recorrer a uma palavra totalmente diferente a cada vez que fôssemos fazer 
referência a uma ação contrária, seríamos obrigados a memorizar um número muito maior de 
palavras, não é mesmo? Portanto, chegamos a um terceiro motivo que explica por que formamos 
palavras: formar palavras facilita a memorização. Nas palavras de Basílio (1987),
Formação de Palavras I
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Em última análise, a razão por que formamos palavras é a mesma razão 
por que formamos frases: o mecanismo da língua sempre procura atingir 
o máximo de eficiência, o que se traduz num máximo de flexibilidade em 
termos de expressão simultaneamente a um mínimo de elementos estocados 
na memória.
Agora que conhecemos os elementos que formam as palavras e sabemos por que elas são formadas, 
vamos tratar dos processos de formação de palavras em português.
 
Os Processos de Formação de Palavras
Basicamente, há dois processos de formação de palavras: a composição e a derivação.
A composição é o processo por meio do qual se formam palavras a partir de duas ou mais palavras. 
Logo, são compostas palavras como “beija-flor”, “vaivém”, “banana-maçã”, “azul-marinho”, “amor-
perfeito”, “girassol”, “biografia” etc. Observe que, muitas vezes, a palavra formada por composição 
não tem nenhuma ligação de significado com os elementos que lhe serviram de base. Por exemplo, 
“amor-perfeito” é o nome de uma flor, portanto não há relação entre o significado do composto com 
suas partes (“amor” e “perfeito”).
Os compostos podem ter como base formas livres, como “flor” e “Sol” ou formas presas, como 
“bio-”. Aliás, é o que ocorre com os radicais morfo- e -logia, que compõem o nome de nossa disciplina, 
como vimos em unidade anterior .
A derivação consiste na formação de palavras a partir de um único radical, ao qual se acrescenta 
um afixo ou uma vogal temática. São derivadas palavras como “desrespeito”, “pianista” “anoitecer”, 
“choro” etc. 
Nos três primeiros casos, diz-se que a derivação é progressiva e, no último, regressiva. A derivação 
progressiva pode ocorrer por meio do acréscimo de um prefixo (derivação prefixal), de um sufixo (deri-
vação sufixal) ou de um prefixo e de um sufixo simultaneamente (derivação parassintética). A derivação 
regressiva ocorre, como no último exemplo, por meio do acréscimo de uma vogal temática ao radical. 
Há casos em que a palavra não sofre alteração alguma, mas sua classe gramatical é alterada. É 
o que ocorre, por exemplo, em “o jantar foi servido”, em que o substantivo “jantar” – que exerce 
função de sujeito – é formado a partir do verbo “jantar”. Esse fenômeno é chamado derivação im-
própria. Muitos autores preferem o termo conversão, por entenderem que, nesses casos, o termo 
“derivação” não se justifica. A parte da morfologia que tratadesse processo de formação de palavras 
chama-se Morfologia derivacional.
Além desses processos, há outros bem menos produtivos, ou seja, processos por meio dos quais se 
forma um número bem menor de palavras. Esses processos são a abreviação vocabular ou redução, 
que consiste na redução de fonemas de uma palavra, formando-se outra de mesmo significado. É o 
que ocorre, por exemplo, em “foto” (de “fotografia”) e a onomatopeia, que consiste na formação de 
palavras por meio da reprodução aproximada de sons que não pertencem à língua falada, como em 
“tique-taque”.
Formação de Palavras I
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Nas próximas unidades, estudaremos mais detalhadamente cada um desses processos.
Por ora, é importante perceber que estudar a formação de palavras na língua portuguesa, reforça 
a ideia de que a língua é dinâmica e que apresenta processos que permitem flexibilidade e constantes 
mudanças. Esse é um dos princípios da língua e quanto mais nos aprofundarmos nesses estudos, mais 
fácil será aceitar as variações linguísticas e assumir a língua como um fenômeno social.
Glossário
• Abreviação: processo de formação de palavra por meio da redução de fonemas.
• Adjetivo: palavra que se liga a um substantivo para expressar uma característica: “dia quente”.
• Composição: processo de formação de palavras a partir de dois ou mais radicais.
• Conversão: processo de formação de palavra a partir de palavra de outra classe gramatical.
• Derivação: processo de formação de palavras a partir de um único radical.
• Derivação imprópria: ver conversão.
• Derivação parassintética: formação de palavra por meio de acréscimo simultâneo de um 
prefixo e de um sufixo a um radical.
• Derivação prefixal: formação de palavra por meio de acréscimo de um prefixo a um radical.
• Derivação progressiva: formação de palavra por meio de acréscimo de um afixo (prefixo 
ou sufixo) a um radical.
• derivação sufixal: formação de palavra por meio de acréscimo de um sufixo a um radical.
• Empréstimo: palavra que é integrada ao léxico de uma língua, sendo originária de 
língua diversa.
• Léxico: conjunto das palavras existentes em uma língua.
• Radical: morfema que contém o significado básico de uma palavra, como “leal” em “desleal”.
• Redução: ver abreviação.
• Substantivo: palavra que nomeia seres, ações, características, sentimentos etc.
• Sufixo: morfema que se pospõe ao radical, como -eza em “clareza”.
Formação de Palavras I
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Material Complementar
Para aprender mais a respeito das questões apresentadas nesta unidade, faça as seguintes leituras:
KEHDI, Valter. Formação de Palavras em Português. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003.
________. Morfemas do Português. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004.
Obras Disponíveis Online
BASSETTO, Bruno Fregni. O léxico românico herança latina nas línguas ocidentais. 
Disponível em https://goo.gl/rMpkPd. Acesso em 29 out. 2013.
BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987. Disponível em: https://goo.gl/klAe1e. 
Acesso em 31 out. 2013.
MANZOLILLO, Vito. Aspectos da constituição do léxico português. Disponível em: 
https://goo.gl/1vGtny. Acesso em 22 out. 2013.
PIEL, Joseph-Maria. Origens e estruturação histórica do léxico português. Disponível em 
https://goo.gl/czttvW. Acesso em 31 out. 2013.
Formação de Palavras I
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Referências
ALVES, I. M. Neologismo: Criação Lexical. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book)
BASÍLIO, M. Teoria lexical. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. (Coleção princípios). (E-book) 
BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro 
Técnico, 1976.
HALLEWELL, Laurence. O Livro no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1985.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
NEVES, M. H. M. Texto e Gramática. São Paulo: Contexto, 2006. (E-book)
ROSA, M. C. Introdução à Morfologia. São Paulo: Contexto, 2000. (E-book) 
SAUTCHUK, I. Prática de Morfossintaxe: como e por que aprender análise
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Celso Antônio Bacheschi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Silvia Augusta Albert
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Formação das Palavras II
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Contextualização
Antes de iniciarmos nossos estudos nesta unidade da disciplina Língua Portuguesa – 
Morfologia, convidamos você a ler o trecho a seguir:
Ao Deus Kom Unik Assão
Eis-me prostrado a vossos peses 
que sendo tantos todo plural é pouco. 
Deglutindo gratamente vossas fezes 
vai-se tornando são quem era louco. 
Nem precisa cabeça pois a boca 
nasce diretamente do pescoço 
e em vosso esplendor de auriquilate 
faz sol o que era osso.
Genucircunflexado vos adouro 
Vos arnouro, a vós sonouro 
deus da buzina & da morfina 
que me esvaziais enchendo-me de flato 
e flauta e fanopeia e fone e feno.
Vossa pá lavra o chão de minha carne
e planta beterrabos balouçantes
de intenso carneiral belibalentes
em que disperso espremo e desexprimo
o que em mim aspirava a ser eumano.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Ao Deus Kom Unik Assão. In: 
Comunicação & Educação, São Paulo, 1996.)
Nesse trecho, o autor cria palavras inusitadas, como “genucircunflexado” – de genu-, 
“joelho” + circun-, “ao redor de” + “flexado”, a partir do radical de “flexão” – “adouro” 
– de “adoro” + “ouro”– “eumano” – de “eu” + “humano”. Logo, você poderá perceber 
a relação desse trecho com esta unidade de nossa disciplina. No endereço abaixo, você 
poderá encontrar o texto completo.
Artigo - Ao Deus KOM UNIK ASSÃO - https://goo.gl/xIXsl7
Formação das Palavras II
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Introdução
Agora que você já conhece os elementos que formam as palavras e sabe por que elas se formam, 
podemos estudar os seus processos de formação. Inicialmente, vamos tratar da composição.
Composição
A composição é o processo de formação de palavras por meio da reunião de dois ou mais radicais, 
que passam a exprimir conceito novo e único e, não raro, desvinculado do sentido de cada um de seus 
componentes. Tomemos, por exemplo, a palavra “amor-perfeito”. Nela, temos a reunião de duas 
formas livres1 , que adquirem um significado novo (o nome da flor). Há, também, os compostos 
formados por radicais latinos e gregos, que só ocorrem em palavras compostas, como “psicologia”. 
Estes, geralmente, pertencem à linguagem científica ou literária.
RADICAL RADICAL =
AMOR PERFEITO AMOR-PERFEITO
PSIC(O)- -LOGIA PSICOLOGIA
Como reconhecer uma palavra composta?
Tradicionalmente, diz-se que os elementos da composição, na escrita, podem apresentar-se juntos, 
do mesmo modo que uma palavra simples, como “girassol”, ou ligados por hífen, como “guarda-chuva”.
Essa definição nos traz um problema, porque ela se baseia no modo como se escreve a palavra para 
determinar se ela é ou não composta. A escrita é uma convenção e, como tal, está sujeita a mudanças. 
Por exemplo, segundo o Formulário Ortográfico de 19432 , a palavra “pão-de-ló” escreve-se dessa 
forma, ou seja, os elementos são ligados por hífen. Segundo o Acordo ortográfico de 1990, no 
entanto, deve-se escrever “pão de ló” (sem hífens). Será que “pão de ló” era uma palavra composta e 
passou, de repente, a ser apenas um grupo de palavras? Claro que não. Para entendermos a questão, 
vamos ler a lição de Said Ali (1964: 259), um antigo mestre da nossa língua:
Não há ortografia uniforme para as palavras compostas; umas, quer a 
convenção que se escrevam reunindo os termos em um só vocábulo; outras se 
representam interpondo o traço d’união; para outras, finalmente, é costume 
escrever os termos separadamente como se não houvesse composição alguma.
Ou seja, elementos das palavras compostas podem ser escritos sem hífen, como em “girassol”, 
separados por hífen, como em “amor-perfeito”, ou separados e sem hífen, como em “estrada de 
ferro”. Isso nos traz outro problema, pois, se não podemos ter como base a escrita, como saberemos 
1 Algumas palavras que estão em negrito no texto compõem um glossário que está disponívelao final do texto. Consulte-o durante a 
leitura, caso tenha necessidade, para uma melhor compreensão do tema de que se está tratando. Sobre formas livres, consulte também a 
unidade “Estrutura das palavras I”.
2 O Formulário Ortográfico de 1943 é um documento elaborado com o objetivo de fornecer as instruções para a organização do 
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Foi aprovado pela academia Brasileira de Letras e alterado pela Lei 5765/71. Suas normas 
são válidas até 31 de dezembro de 2015.
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se a palavra é ou não composta? A resposta vem da lição de outro mestre. Herculano de Carvalho 
(1973), ao tratar de compostos como “amor-perfeito” (aos quais chama de sintagmas fixos), descreve 
as propriedades que permitem reconhecer esses elementos. Como essas propriedades são as mesmas 
que normalmente são atribuídas a uma palavra simples, vamos fazer um teste, comparando uma 
palavra simples e outra composta, para que possamos verificar se ambas têm as mesmas propriedades. 
Para isso, tomaremos como exemplos, “desleal” e “estrada de ferro”. Vamos lá?
 
1ª propriedade: a ordem é fixa.
Veja: “desleal” é formado pelo prefixo des- + “leal”, mas não podemos inverter essa ordem em 
“leal” + des-.
 
Da mesma forma, não podemos alterar a ordem dos elementos de “estrada de ferro” para “de ferro 
estrada”, “ferro de estrada” etc.
2ª propriedade: não se pode inserir um elemento entre os componentes da palavra.
Veja: podemos acrescentar um sufixo a “desleal”, obtendo “deslealdade”, mas não podemos inseri-
lo entre os componentes, formando des- + -dade + “leal”.
 
 Da mesma forma, podemos dizer “estrada de ferro antiga”, mas não “*estrada antiga de ferro” ou 
“*estrada de antigo ferro”.
 
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3ª propriedade: os elementos não podem ser substituídos.
Veja: não podemos substituir des- por in-, por exemplo, formando “*inleal”3.
 
Da mesma forma, não podemos substituir “estrada de ferro” por de “estrada de aço”, por exemplo, 
pois o significado se altera completamente.
4ª propriedade: não se pode suprimir nenhum elemento.
Veja: o significado de “desleal” é resultado da combinação dos elementos des- e “leal”, de modo que uma 
parte não pode valer pelo todo. Da mesma forma, em “viajei pela estrada de ferro” não se pode suprimir 
qualquer elemento, como em “viajei pela estrada” ou “viajei pelo ferro”.
 
Kehdi (2003: 42) acrescenta que um composto como “estrada de ferro”, equivale a uma palavra 
simples, pois, em um enunciado, ele pode ser substituído por uma única palavra (e não necessaria-
mente por um grupo de palavras). O autor nos dá o seguinte exemplo: “admiro a estrada de ferro” 
/ “admiro a pista”.
 
Como se Formam os Compostos?
Said Ali (1964) já observara que os compostos são formados por um processo sintático e não 
morfológico. Que isso quer dizer? Isso significa que uma palavra composta é formada a partir de 
uma frase ou de parte dela. Por exemplo, palavras como “saca-rolhas”, “beija-flor” e “ganha-pão” 
formaram-se a partir de expressões como “objeto que saca rolhas”, “ave que beija flor” e “ofício com 
que se ganha o pão”.
Rodrigues Lapa (1975: 92) apresenta visão idêntica, que exemplifica com a palavra “mancheia” (de 
“mão” + “cheia” = “punhado”), conforme segue:
Ao princípio, dir-se-ia: “Tinha as mãos cheias de flores”. Depois, pela frequência 
do emprego e um pouco de imaginação, os dois termos fizeram corpo um com 
o outro e começou a dizer-se: “Atirou-lhe mãos cheias de flores”. Os dois 
nomes andam hoje intimamente soldados; a tal ponto que já mão-cheia se diz 
e escreve simplesmente mancheia.
3 O asterisco que antecede a palavra indica que a forma é inexistente.
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Benveniste (1999: 147) compartilha a visão desses auto-
res e acrescenta que a lógica entre os elementos é essencial 
à analise. Tomando como exemplo “papel-moeda”, obser-
va que, em tais compostos, o primeiro elemento é sempre o 
que nomeia o ser; e o segundo, o que o especifica. O objeto 
pertence à classe do primeiro elemento e é determinado pelo 
segundo. A relação entre ambos é de semelhança, ou seja, 
papel-moeda é “um papel que é moeda”, ou que tem valor equi-
valente ao dela. Nem sempre é fácil estabelecer essa relação 
entre os elementos da palavra composta. Tomando-se, por exemplo, “peixe-espada”, não temos 
dificuldade em perceber que se trata de um peixe que tem forma semelhante à de uma espada. 
Já “dama-da-noite” não é uma mulher de vida noturna, e não há nada nos elementos que formam a 
palavra que nos permita entender que se trata de uma flor. Do mesmo modo, “louva-a-deus” não é 
uma pessoa religiosa, e o sentido do todo não corresponde à soma de suas partes. Nada indica que 
se trata de um inseto.
O linguista francês Bernard Pottier propôs o conceito de lexia, o qual pode ajudar-nos a entender 
os compostos. Uma lexia é uma “unidade lexical memorizada”. Pode ser uma palavra simples, um 
composto, uma expressão, ou seja, qualquer item do léxico que trazemos, na memória, como um todo 
significativo. Vamos, então, à lição do mestre:
o locutor, quando diz: “quebrar o galho”, “Nossa Senhora!”, “pelo amor de 
Deus”, “bater as botas”, “barra-limpa”, “nota promissória”, não constrói essa 
combinação no momento em que fala, mas tira o conjunto de sua “memória 
lexical”, da mesma forma que “banco”, “livro”... Assim, “pé de cabra” pode 
ser uma lexia, no sentido de ferramenta, ou o resultado de uma construção 
sintática de discurso, se se tratar do pé do animal (Pottier, Audubert & Pais, 
1972: 26-27).
A contribuição dos autores, ao introduzir a noção de lexia, é de fornecer um conceito abrangente, 
pois nele se incluem, além das lexias simples, como “pé”, as lexias compostas, como “pé de cabra” e as 
lexias textuais (a fraseologia), como “quem tudo quer tudo perde”, “pão, pão, queijo, queijo”, “quanto 
mais alto o coqueiro, maior o tombo” etc.
Se observarmos atentamente, excluindo-se as lexias simples, todas as demais podem ser entendidas, 
lato sensu, como compostos, e isso amplia bastante o nosso entendimento sobre o fenômeno.
Outro tipo de composição são os chamados “cruzamentos vocabulares”, também deignados 
como blend, mistura, fusão vocabular, palavra entrecruzada, amálgama, mesclagens lexicais etc. 
Esse tipo de composição visa a alcançar um efeito cômico por meio da reunião de palavras, como 
em “chocólatra”, (de “chocolate” + “alcoólatra”). Basílio (2003: 1) observa que:
o cruzamento vocabular pode ser considerado como um tipo de composição, na 
medida em que sua formação envolve duas palavras, e o processo correspondente 
envolve o mecanismo de formar uma nova palavra cujo significado e forma final 
decorrem diretamente da combinação de duas palavras.
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Formação das Palavras II
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Em alguns desses compostos, os elementos se ligam devido a semelhanças de sonoridade, como 
“chafé”, “trêbado”, “apertamento”, “burrocracia”, “lixeratura”, “paitrocínio”, “showmício”, podendo 
indicar, também, posição intermediária, como “portunhol”, “brasiguaio”, “namorido”, “batatalhau”. 
Em outros, substitui-se um fragmento por outro que possui semelhança de significado (real ou suposta), 
como em “bebemorar” e “carreata”.
Há compostos em que se dá um fenômeno chamado haplologia, que consiste na supressão de 
uma sílaba semelhante a outra que ocorre em sequência. São exemplos “dedurar” por “dedo-durar”, 
“cunicultura” (criação de coelhos) por “cuniculicultura”, “tragicômico” por “trágico-cômico” etc. A 
haplologia também ocorre em palavras formadas por outros processos. A haplologia não deve ser 
confundida com a aglutinação, que é a perda de fonemas que ocorre em certos compostos, como 
“aguardente”, de “água” + “ardente”. Nos compostos em que não ocorre perda de fonemas, diz-
se, por oposição à aglutinação, que se trata de justaposição.
Por que se Formam os Compostos?
Uma resposta bem simples a essa pergunta é: formam-se compostos para designar

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