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UDF – Centro Universitário do Distrito Federal Bacharelado em Direito Direito Constitucional Professora: Cristina Aguiar Ferreira da Silva Aluna: Bruna Santos Borges RGM: 21930074 Resenha da obra Constitucionalismo latino-americano: direitos sociais e a “sala de máquinas” da Constituição Brasília, abril de 2020. Resenha da obra Constitucionalismo latino-americano: direitos sociais e a “sala de máquinas” da Constituição GARGARELLA, Roberto; PÁDUA, Thiago; GUEDES, Jefferson. Constitucionalismo latino- americano: direitos sociais e a “sala de máquinas” da Constituição. Universitas JUS, v. 27, n. 2, p. 33-41, 2016. O texto tratado na presente resenha relata a evolução das constituições latino-americanas no período de 1810 à 2010. Inicia-se abordando como se deu o surgimento das primeiras constituições latino-americanas subjugada pela aliança dos liberais e consevadores. Ao longo do texto são evidenciadas os grandes avanços destas constituições no que se refere ao rol dos Direitos Sociais. Em contraposição é demonstrada a falha quanto à manutenção das estruturas de poder consolidadas. Destaca-se que o texto é dividido em quatro capítulos e segue a ordem cronológica dos fatos narrados, são eles: Capítulo 1 Constituições Liberais- Conservadoras (1850 – 1910); Capítulo 2 Constitucionalismo social (1910-1950); Capítulo 3 Multiculturalismo e Direitos Humanos (1950 – 2010); Capítulo 4 A sala de máquinas da Constituição. Nos próximos parágrafos serão abordados os pontos mais relevantes de cada capítulo. O primeiro Capítulo define as constituições liberais-conservadoras, que foram instituídas em decorrência de acordos políticos inesperados entre liberais e conservadores, historicamente antagônicos, que ocorreram predominantemente na segunda metade do século XIX. Estas constituições, de forma resumida, são caracterizadas pela tolerância religiosa, a instituição de um sistema de freios e contrapesos com a centralização do poder no chefe do executivo, bem como a definição do modelo federalista centralizador. Entretanto, os direitos sociais foram suprimidos neste primeiro momento posto que o grupo de poder dominante, qual seja, os liberais-conservadores, reprimiram os movimentos contrários aos seus interesses. Em seguida, o autor relata as conquistas sociais no capítulo segundo, apresentando as evoluções constitucionais no período entre 1910 e 1950. Esta fase foi antecedida por um momento de grande prosperidade econômica que, entretanto, acentuou as desigualdades sociais e gerou um desconforto da classe trabalhadora. O texto dá grande destaque a Constituição Mexicana de 1917, fruto da Revolução de 1910. Aponta significativos ganhos sociais como os direitos laborais, especificamente a definição de uma jornada máxima de trabalho, o uso do trabalho infantil, o direito a férias, salários iguais, greve, associação e seguridade social. A referida constituição foi o norte para a modificação de diversas constituições latino-americanas, representa um marco histórico no constitucionalismo reconhecendo o valor e a necessidade dos trabalhadores. Na sequência, no capítulo 3, é apresentado o segundo período marcante nas mudanças constitucionais, que ocorreu no período de 1980 a 2000. Estas mudanças foram marcadas pelo contexto histórico de ditaduras e a adoção de reformas econômicas neoliberais. Em decorrência da grande violação aos direitos humanos no período de ditaduras enfrentadas pelos países latino-americanos, ao final desta época, vários países como, por exemplo, Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Costa Rica e El Salvador, atribuíram status especial, inclusive status constitucional, aos tratados de direitos humanos firmados nos anos anteriores. Tendo em vista o contexto das reformas econômicas neoliberais aplicadas nos governos democráticos pós-ditatoriais, que efetivaram um a drástica redução dos gastos públicos e a eliminação dos programas sociais, como consequência, os países vivenciaram a miséria social e o crescente desemprego. O autor relata que nesta fase iniciaram os protestos sociais e levantes contra-institucionais, como exemplos são citadas as ocupações dos Trabalhadores Sem Terra (SMT) no Brasil, a insurreição dos Zapatistas EZLN no México, a tomada de terras em Santiago, dentre outras. Como resposta as diversas manifestações sociais, ao final do século, a maioria dos países efetivaram mudanças constitucionais no que se refere aos direitos sociais, econômicos e culturais, bem como instituíram formas de participação democrática, tais como: o referendo ou consulta popular, e a previsão de revogação do mandato. Por fim, o texto nos apresenta o paradoxo da “Sala de máquinas da Constituição”, em que é evidenciado o grande avanço na efetivação dos direitos sociais, entretanto, em contraposição, mostra que a organização de poderes não foi modificado. Como consequência da manutenção da organização dos poderes, aquela mesma que mantêm a concentração de poderes desde o século XIX, coloca-se em risco os avanços previstos nas seções de direitos. Sendo assim, o autor conclui que, antes mesmo de buscar garantias na seção de direitos da Constituição, é imprescindível realizar uma reforma na organização de poder elitista que se mantém desde o século XIX. Conclusão: O texto apresenta linguagem clara, objetiva e de fácil compreensão. Quanto ao conteúdo, acredito que o texto possuí muitas informações relevantes para a compreensão do contexto das evoluções constitucionais latino- americanas e, sobretudo, nos alerta sobre a necessidade de efetivar mudanças na organização de poderes a fim de efetivamente obtermos os direitos sociais e a participação popular concretizada. Sem dúvidas, a leitura do texto agrega muitos conhecimentos e propõe uma reflexão sobre o quanto ainda é preciso avançar em termos de mudanças constitucionais.
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