Buscar

Surgimento e Objetivos da Sociologia

Prévia do material em texto

Surgimento da Sociologia
As transformações económicas, políticas e culturais ocorridas no século XVIII, como as Revoluções Industrial e Francesa, colocaram em destaque mudanças significativas da vida em sociedade.
A sociologia surge no século XIX com Auguste Comte, não só como forma de entender essas mudanças mas, também, de explica-las. 
Efectivamente, diversos autores ao longo dos tempos, tentaram definir a sociologia e, consequentemente, o seu objecto de estudo.
Comte defendia que a disciplina devia aplicar ao estudo da sociedade os métodos científicos e rigorosos que a física e a química usam para estudar o mundo físico.
Por outro lado, a sociologia pode ser vista, segundo Anthony Giddens, como o “estudo da vida social humana, grupos e sociedades”, sendo que nos ensina que o que consideramos natural, invevitável ou verdadeiro pode não o ser e o que tomamos como “dado nas nossas vidas é influenciado por forças históricas sociais”.
Por outro lado, pode afirmar-se que a sociologia é o estudo sistemático do comportamento social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações sociais, como essas relações influenciam o comportamento das pessoas, e como as sociedades, a soma de tais relações, de desenvolvem e mudam.
Pierre Bourdieu diz ainda que a sociologia “é a ciência dos determinismos sociais, do comportamento humano e das formas de organização em sociedade”.
Por outro lado, o mesmo autor defende, também, que a sociologia estuda “os princípios de visão e de di-visão do mundo social”.
Norber Elias considera que a sociologia provém das estruturas resultantes do conjunto “das cadeias de interdependência funcional” que ligam entre si os seres humanos a cada sociedade”.
A sociologia é o estudo da vida social humana, grupos e sociedades, sendo que a esfera de acção do estudo sociológico é extremamente abrangente, podendo ir da análise de encontros culturais entre indivíduos que se cruzam na rua até à investigação de processos sociais globais.
Um dos objectivos principais da sociologia é analisar uma questão e encará-la como um facto social, sendo que um dos procedimentos típicos da sociologia é o de colocar os factos em estudo no seu contexto social.
A análise sociológica está particularmente atenta às razões que os indivíduos dão para aquilo que fazem.
Segundo António Firmino da Costa, procurar compreender e interpretar o sentido que as pessoas atribuem às suas acções é um dos objectivos fundamentais do trabalho sociológico.
A abordagem sociológica consiste assim em investigar as causas sociais dos factos sociais da sociedade que estuda
Um dos procedimentos básicos da sociologia é a ruptura com as convicções preconceituosas e com as explicações simplistas que circulam na sociedade a propósito dos fenómenos sociais.
Por outro lado, pode afirmar-se, ainda, que é com base nas teorias sociológicas que é possível elaborar programas de pesquisa para investigar determinados fenómenos sociais. É a reflexão teórica que permite pegar em perguntas e reformula-las, de modo a construir interrogações consistentes sobre o social, susceptíveis de serem investigadas e analisadas cientificamente, com vista a produzir conhecimentos fundamentados a seu respeito.
Pode afirmar-se, assim, que a sociologia enquanto ciência social pode ser vista pelo lado dos agentes sociais que a praticam como os sociólogos e utilizadores do conhecimento sociológico ou pelo conjunto de instituições que a suportam e reproduzem (universidades, centros de investigação, revistas, bibliografias e outros instrumentos de divulgação ou ainda pelo lado dos impactos sociais da prática sociológica).
Por outro lado, pode afirmar-se que a sociologia é uma das ciências humanas que estuda a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.
A sociologia, ao contrário da psicologia, tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenómenos sociais, tentando explica-los.
Pode dizer-se que a sociologia se ocupa e interessa fundamentalmente pela cultura e sociedade (costumes, diversidade cultural, identidades), pela globalização, novos riscos, desigualdades globais, interacção social e vida quotidiana, crime e desvio, género e sexualidade (identidade de género, feminismo, comportamento sexual, homossexualidade, prostituição, violência doméstica), sociologia do corpo, saúde, doença e envelhecimento, estratificação social e estrutura de classes, etnicidade e raça, famílias (teorias, casamento e divórcio, violência familiar, padrões familiares), pobreza, exclusão social, grupos e organizações, o trabalho e a vida económica, os governos e as políticas, educação, comunicação e mass media, os fenómenos religiosos, o urbanismo e as cidades, a população e o ambiente, os meios de comunicação de massa e a comunicação em geral, a guerra e os militares, mudança social e modernidade.
Neste sentido, a sociologia representa uma disciplina do saber que toma a realidade social como seu objecto de estudo, partilhando-o com os restantes membros da “família” das ciências sociais. A realidade social, entendida como conjunto de fenómenos ou factos particulares, e como um conjunto de elementos materiais e imateriais, interdependentes e organizados, que formam um todo, constitui, assim, o objecto real da sociologia.
Assim, realidades sociais como a família, o divórcio, a educação, os conflitos de gerações, a comunicação social, a religião, o desenvolvimento económico, a emigração, etc., são realidades que decorrem da nossa vida colectiva e que, como tal, são designadas por realidades sociais ou fenómenos sociais. Qualquer uma destas realidades sociais faz parte de um grande conjunto a que chamamos vida social.
Simultaneamente, a sociologia interessa-se pelo estudo dos comportamentos sociais, comuns a grandes conjuntos de indivíduos, isto é, à sociedade em geral.
Desta forma, pode afirmar-se que a sociologia é uma das ciências que se preocupa com a explicação dos factos ou dos fenómenos sociais.
Segundo Anthony Giddens, é tarefa da sociologia investigar as relações entre o que a sociedade faz de nós e o que nós fazemos de nós próprios.
O autor defende ainda que a sociologia tem muitas implicações práticas para as nossas vidas e que desempenha um papel fundamental, não só porque ela nos permite que olhemos para o mundo social a partir de muitos pontos de vista mas, também, porque a sociologia nos consegue proporcionar uma auto-compreensão cada vez maior.
Para o sociólogo, a sociologia deve ser vista segundo o seu passado histórico “uma ciência ignorante dos seus fundadores, diz Alvin Gouldner, não sabe nem de onde vem, nem de onde está, e assim está perdida”, sendo que é nele que o sociólogo se deve apoiar para os projectos de investigação que venha a desenvolver.
Na tentativa de entender o comportamento social, os sociólogos baseiam-se num tipo de pensamento criativo a que C. Wright MIlls descreve como imaginação sociológica, uma consciência da relação entre o indivíduo e a sociedade mais ampla. Esta consciência permite que todos nós compreendamos as ligações existentes entre o nosso ambiente social pessoal imediato e o mundo social impessoal que nos circunda e que colabora para nos moldar. A imaginação sociológica permite-nos, assim, ir além das experiências e observações pessoais para compreender temas públicos de maior amplitude.
Actualmente, uma das principais linhas de pesquisa dos sociólogos são macroestruturas inerentes à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e género, além de instituições como a família.
Pode concluir-se que a sociologia é uma forma de conhecimento, que estuda essencialmente a vida das pessoas em sociedade e os fenómenos sociais, o que implica, assim, uma investigação mais detalhada das relações entre as pessoas, isto é, das relações sociais e dos contextos em que estas se formam e ocorrem

Continue navegando