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Estruturas da Personalidade - Psicanálise

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Estruturas da personalidade
Ne�róti��
É um individuo que tem pleno contato com a realidade, olhando-a e
reconhecendo-a plenamente, não negando e não se distanciando dela. O
neurótico consegue, então, se apropriar do que a realidade coloca e há
uma certa aceitação dessa realidade.
É o sujeito que se depara com o édipo, vivencia o édipo e consegue
trabalhar os elementos edípicos, mas a resolução ainda deixa alguns
pontos em aberto.
O neurótico coloca em evidencia o superego, sendo essa a instancia
dominante. O superego está sempre tentando se impor, dominar, trazendo
a questão do controle, do limite, da cobrança, da culpa, da norma, da
regra e atender a todos esses elementos. O superego está sempre
tentando colocar todos esses elementos em evidencia, enquanto o ego
tenta mediar para flexibilizar isso. No momento que o ego tem dificuldade
para mediar, o superego assume e o paciente é cruel, nada pode, nada
cabe, não existem possibilidades além daquele jeito, daquela maneira, e
há um sofrimento muito grande em relação a isso.
O conflito basal está ligado ao desejo, justamente pela questão
controladora do superego. Há uma busca pelo desejo, mas ele está
completamente distanciado. Aqui, tudo que vem do id (desejo, satisfação,
prazer) está distanciado, não olhando ou não se permitindo olhar pra isso.
Sendo assim, o conflito basal é superego com id, a base da fase fálica.
Sujeitos com estrutura neurótica se cobram muito, são muito rígidos, são
muito controladores para evitar elementos que esbarram no desejo. Esse
controle e cobrança funciona com ele mesmo e com o meio. É um sujeito
competitivo, aparecendo muito no ambiente de trabalho e nos
relacionamentos.
Ele também sente e carrega uma culpa muito intensa, porque vira e mexe
aparecem aspectos de desejo e isso não cabe. Se ele atende a essa
necessidade de desejo e chega a uma atuação que sai fora daquilo que
ele entende como correto, ele se culpa muito, acredita que deve sofrer.
Um outro aspecto é uma insatisfação com tudo, ligada justamente à
angústia de castração, atrelada a falta. É um sujeito que a falta está muito
em evidencia e nada preenche e faz com que o sujeito se aproprie de
uma satisfação. Às vezes, esse sujeito não consegue olhar para o que ele
tem, o que ele já conquistou (em termos de habilidades, competências,
oportunidades). Ele tem muita dificuldade de se apropriar do que já tem,
do que é positivo, e foca naquilo que não tem, do que não é possível
naquele momento.
Carregam um elemento de reclamação muito evidente, e o neurótico
geralmente é um sujeito mais ambicioso, teimoso, que confronta,
racionais, lógicos, pautados na ordem, organizam tudo, disputam tudo
mas também são indivíduos com bom controle de impulso, não agindo por
impulso, tendo uma questão avaliativa muito presente, além de serem
mais individualistas, estando constantemente dentro de relações em que
ele está mais focado nele, atendendo os aspectos DELE, focado nos
elementos DELE, se vendo separado do objeto da relação, e vê o objeto
como forma de atende-lo. Chamamos isso de uma relação objetal genital,
onde ele vê com clareza a separação do objeto, e esse é para
investimento, trazendo uma ideia do objeto como individualista, não
estando numa vivencia de troca e construção, mas apenas para atender
os elementos dele, não se misturando e nem dependendo desse objeto.
Em atendimento, temos que partir do principio que temos a nossa
estrutura também e quando o paciente chega, ele tem a estrutura dele.
Isso provoca determinadas reações no profissional, e pacientes
neuróticos também são controladores em atendimento, ou pelo menos
tentam controlar. Aquilo que é da base da maneira que ele funciona fora
da terapia também aparece em terapia, questionando muito, confrontando
muito ou até desqualificando aquilo que está sendo colocado pelo
profissional, não dando importância porque pra ele aquilo não faz sentido
– isso pode gerar um certo mal estar para o profissional.
Percebemos que as vezes vamos colocando questões para o neurótico e
ele simplesmente não consegue ver de outra forma, não vê possiblidades,
e temos a impressão que estamos batendo num muro, porque o superego
é muito enrijecido e não permite flexibilização, não dando espaço para o
ego se colocar – o sujeito também sofre com isso, porque ele tem
desejos, mas o desejo está massacrado, e a culpa também fica muito
grande.
A estrutura neurótica pode se apresentar de 3 modos:
1. Modo obsessivo – muito rígido, sofre muito conscientemente com o
pensamento, e apresenta controle muito acentuado.
2. Sofre fóbico – sofre com o mundo que o cerca, colocando para fora
em um objeto, em algum ponto que não é ele, dizendo que o temor
está ligado a algo exterior a ele.
3. Modo histérico – sofre no corpo, apresentando sintomática física
acentuada.
O principal mecanismo de defesa do neurótico é o recalque, que é a
retirada daquilo que gerou desconforto. É um mecanismo clássico dessa
estrutura, tirando tudo que ele acha que pode causar prazer, aparecendo,
em algum momento, os sintomas via corpo, pensamento ou mundo que o
cerca.
Ele entende a situação terapêutica como hierárquica, então ele vai omitir,
ele vai tentar mostrar que ele entende mais que o profissional,
desconsidera o que o profissional fala e não apresenta muito controle com
horário. Costumam falar muito, não necessariamente para trazer
conteúdo, mas para controlar, porque se ele fala, o outro não fala. E
questiona o processo pro terapeuta, falando que não está vendo melhora,
e é importante que o profissional não leve pro pessoal, para que
possamos devolver isso a ele, mostrando que não é a relação, mas sim
ele mesmo a problemática do processo terapêutico.
Psi�óti��
Traz uma questão de desorganização muito marcada, ligado a angustia
de fragmentação, estando mais próximo do desejo, mas a realidade, o
externo para ele é muito mais ameaçador.
São indivíduos que tem uma necessidade de manter o externo mais
distante para poderem olhar mais para si. Isso está ligado ao conflito do id
com a realidade.
Em termos de investimento, há um receio muito grande de se fragmentar
e se misturar ao outro a partir disso, pois tem uma tendência a uma
relação mais fusional, se mantendo mais distanciado justamente por isso.
Limít�o�� (Ber����t)
Limítrofe, ou estado limite, seria um sujeito que está na divisão entre o
neurótico e o psicótico. Esse indivíduo também se depara com a questão
edípica, olhando para esses elementos, mas percebemos em seu
movimento uma necessidade muito grande de ser visto, ser atendido pelo
outro, então são indivíduos que demandam muito do outro no sentido
deste estar o atendendo, estar trazendo para ele aquilo que ele busca de
forma constante. Eles não têm elemento fusional com o objeto, mas sim
uma questão de dependência para atender aspectos próprios, por isso
falamos de uma relação anaclítica (de dependência).
Uma questão muito presente no limítrofe é a dependência vs.
Independência. Há uma demanda por independência, mas em termos de
pratica é muito difícil assumirem a própria vontade, aquilo que é dele,
havendo um receio em relação a esse elemento. Pensando nessa
questão, são indivíduos que tem uma demanda por afeto muito marcante,
sendo uma dificuldade mesmo em lidar com a questão afetivo, ter
investimento, busca pela construção afetiva. Isso está atrelado à instancia
dominante, que no caso não é nem o id, nem o ego e nem o superego.
O ego do limítrofe é muito imaturo ainda para propiciar questões
adaptativas, então dentro disso emerge como a instancia dominante a
questão do ideal do ego, muito ligado à questão inicial do
desenvolvimento, de um sujeito que tem um voltar-se para si mesmo, uma
questão narcísica. Quando falamos de ego ideal, estamos falando de
perfeição narcísica, que é aquela primeira ideia do sujeito de que ele e a
mãe se constituem como um elemento só e ele sempre será atendido sem
nenhuma interferência, uma certa onipotência,de que ele bastaria, ele
atenderia à mãe. Mas durante o desenvolvimento, vai ficando claro que
isso não é bem assim, e ele não vai atender tudo dessa mãe, não vai ser
sempre atendido, surgindo o ideal do ego, que é um elemento muito mais
ligado à fase fálica, onde o sujeito identifica que ele demanda muito e não
vai atender tudo do outro, começando a ter exigências que vão ser
apresentadas a partir da vivencia com as duas figuras (materna e
paterna). O ideal do ego é um elemento que se coloca pro sujeito atender
às exigências que estão vindo do meio (sendo o meio os aspectos que
vem a partir das figuras materna e paterna). Visualiza que há uma
exigência que vem desses pais, e o que fica para esse sujeito é que ele
teria que se comportar, se colocar de uma determinada maneira para
atender as demandas, as expectativas dessas figuras, entendendo que ao
atender as expectativas, o outro permanecerá. Aqui, se vê uma questão
de idealização, porque agora entende que para ele continuar a ser visto e
ter contato com o outro, precisa corresponder ao que o outro espera dele.
Num primeiro momento vem com as figuras parentais, mas depois
continua com outras partes do externo.
O conflito do limítrofe é a articulação entre expectativa desse externo, o
desejo do sujeito limítrofe (que nem sempre vai de encontro com a
expectativa do outro) e a realidade. A angustia desse sujeito é o medo de
perder esse objeto, tendo uma dificuldade afetiva e demandando muito do
outro, precisando estar com ele, tê-lo por perto. Ele tem uma dificuldade
em estar sozinho, por medo de perder o objeto. Um movimento muito
comum do limítrofe é a dificuldade de assumir o desejo, por medo de
perder o objeto, porque dependendo de como ele vai se colocar, o objeto
pode “desaparecer”, e ele acaba não se colocando, só atendendo ao
outro.
Entendemos que o superego dele é um pouco precário, porque ele
entende os elementos da norma e da regra, mas a preocupação maior é
atender o outro. Portanto, é mais fragilizado.
O principal mecanismo de defesa é a clivagem dos objetos, ou seja,
tendência a olhar os objetos de forma parcial, recortados. É isso que vai
fazer com que ele consiga lidar com estar ali com o objeto sempre,
vendo-o como ou muito bom ou muito ruim.
Esse movimento de medo de perder, dificuldade de se colocar de forma
plena, estar sempre preocupado em atender e corresponder, agradar, os
tornam indivíduos muito sedutores, tem uma disponibilidade muito grande,
são envolventes, porque estão sempre muito próximos, sempre
atendendo, sempre muito abertos ao outro. Isso faz com que o outro se
sinta atendido, porque se ele atende, ele garante que o outro fique ali.
Portanto, são agradáveis para se conviver, porque não confrontam, não
questionam, apenas demandam cuidado (mesmo que de forma
cuidadosa, para não correr risco de perder o objeto). Para eles, é melhor
uma relação que não agrega muito do que ficar sozinho. Se eles terminam
uma relação, quase que imediatamente se vinculam a outra, não havendo
um espaço para sentir vazio, sentir solidão, porque isso incomoda demais.
Estão sempre investindo.
Por entender que precisa sempre atender, agradar e corresponder, tem
uma preocupação muito grande com não estar cumprindo o que o outro
espera, e uma vergonha de não cumprir, porque entende que “tem que
fazer”.
São indivíduos que apresentam duvidas em profundidade em relação a
eles mesmos, se questionando muito se aquilo é o melhor, se eles estão
atendendo, se realmente é isso, havendo uma angustia em relação a isso,
mesmo quando fazem algo.
Observamos que esse tipo de funcionamento, em atendimento, são
pacientes muito próximos, solícitos, agradáveis, são muito interessados,
não são competitivos, aceitam muito o que é colocado, e para o
profissional isso pode parecer muito agradável, porque parece que está
fazendo sentido, que ele está se apropriando, mas não necessariamente
ele está, as vezes ele só quer agradar, tentando falar o que ele acha que
o profissional quer ouvir, mas não porque realmente está se apropriando,
mas entende que precisa atender para manter a relação na terapia. Por
isso, temos que ficar atentos às nossas próprias reações., ao que é
disparado a partir da forma que o paciente se coloca em atendimento.
Com ele, trabalhamos para que ele assuma os próprios desejos, que ele
se aproprie de aspectos ligados ao desejo, ao investimento próprio, e não
do outro. A ideia é que ele olhe para o próprio desejo, para o que ele
demanda e entender que numa relação, ele pode estar colocando o
desejo sem necessariamente ter uma perda, a perda pode acontecer até
independentemente disso, não sendo assumir o desejo que vai levar a
perda. Ele atende para ser atendido.
Per���s� (F�E��)
Freud entendia que existia uma terceira estrutura, mas não caracterizou
como limítrofe. Num primeiro momento, identifica a questão das
perversões sexuais, mas depois identifica que não era só ligado ao
componente sexual, e sim uma forma mais abrangente de funcionamento
que poderia passar pelo aspecto sexual, sendo mais amplo.
Ele traz algumas características, então, para a estrutura perversa. Está
ligado à questão do édipo também, tendo uma proximidade muito grande
da estrutura neurótica, mas cada um tem um movimento diferente ligado a
questão edípica e da castração.
Tanto o neurótico quanto o perverso têm uma questão com a castração,
por isso que fala dessa aproximação. Só que o neurótico é aquele que
assume o elemento, se submetendo a castração, assumindo a regra, a
norma e ficando angustiado com isso, enquanto o perverso também
entende a existência da regra, reconhecendo sua presença, mas pra ele
não faz muito sentido, não seria algo que geraria uma mobilização.
Enquanto o neurótico absorve as regras, o perverso recusa e não tem
problema nenhum em transgredir e quebrar as regras, desde que seja
para beneficio próprio.
Portanto, para o perverso, a castração entra parcialmente. Ele identifica a
castração, a questão da regra e da norma, mas ele não aceita.
O perverso foca muito no que atende para ele. Enquanto o neurótico não
se permite ter o desejo, o perverso se permite e não vê problema em lidar
com o desejo, porque ele tem que ser atendido. Ele está num movimento
em que o seu desejo é prioridade, e se ele é prioridade, tem que ser
imediato, tem que atender e tem que ter retorno para ele, independente
do que ele faz para ter esse beneficio próprio. Se ele precisar transgredir
algo que não é adequado, ele não vê problema desde que seja para
atender ao seu desejo, não carregando culpa em relação a isso. Assim,
pode abusar de poder, passar por cima ou envolver ou outro para
atende-lo e depois não mais investir no outro, não vendo nenhum
problema nisso. Isso tem uma relação com a questão edípica e como a
figura materna se coloca, sendo a estrutura materna uma que atende
muito, ignorando o elemento da triangulação., e o perverso fica
basicamente como a mãe. A criança entende a castração e percebe que a
mãe é castrada, mas ao mesmo tempo a mãe do perverso não busca no
pai a questão de bastar. Ela basta por si só, carregando um elemento de
poder. Então mesmo quando o pai está presente e faz parte da
triangulação, a mãe traz uma visão muito negativa sobre esse pai, sendo
desqualificado pelo discurso da mãe, colocando-o num posicionamento
de nunca atender. Assim, o sujeito perverso vê que ele pode atender a
essa mãe, então consequentemente ele não precisa desse pai. A partir
disso, em todas as relações o individuo busca a mãe, sendo essa a que
sempre atende, que sempre está disponível, porque é a representação
que ele carrega por não ter tido o rompimento total da simbiose com a
mãe, se entendendo como o único objeto de amor da mãe, já que o pai foi
desqualificado.
O individuo perverso tem uma questão com a contestação, porque para
ele é daquela forma e será assim, tendo também dificuldade para atender
o outro. Ele se coloca muito, sempre vinculado àbusca do prazer, sendo
esse ligado a ele conseguir ser atendido independente de qual é a
realidade, qual é a regra, porque até mesmo quebrar a regra pode ser
prazeroso, vendo que o prazer que ele sente é amplo, não só ligado à
questão sexual. É um indivíduo muito manipulativo, para benefício próprio,
levando o outro a fazer algo que o atenda. Sendo muito sedutor e
envolvente, o outro acaba o atendendo.
Tem uma atuação de superego muito precária, tendo dificuldades com
elementos afetivos, de desenvolver e dar esse afeto, porque é algo
ameaçador, havendo ainda o fato de que nada substitui o primeiro objeto.
Ele nunca está sozinho, mas sempre está investindo em objetos para
atende-lo, não por questões de afeto, por empatia e preocupação com o
outro. Muitas vezes o próprio individuo entende que ele é assim, e sabe
que fala o que o outro quer ouvir, mas não faz, com o intuito de que
consiga o que quer do outro.
É importante delinear a personalidade do sujeito para que possamos
delinear a hipótese diagnostica desse paciente de forma mais eficaz,
para que os elementos delineados e a hipótese de tratamento sejam
mais precisas. Cada tipo de personalidade faz com que o distúrbio
psicopatológico funcione de maneira diferenciada, e a partir disso
alguns cuidados são necessários para o encaminhamento da
intervenção, de forma que o sujeito se aproprie do que está sendo
colocado pra ele sem afetar o ponto de fragilidade que ele ainda não
dê conta. Precisamos construir um respaldo para que comecemos a
trabalhar esse ponto frágil de forma sutil e possa aderir ao
tratamento, e não desistir logo quando se sentir confrontado com o
elemento que traz desconforto.
O el����to �� �r��e
A estruturação da personalidade do paciente influencia na forma como ele
chega para o tratamento. Alguns podem chegar super desorganizados,
enquanto alguns podem ter clareza e estarem encaminhando bem. Ao
mesmo tempo que estamos entendendo a organização do paciente, é
importante visualizarmos se esse paciente buscou o atendimento no ápice
da crise (não está se dando conta e se vendo no meio disso) ou não (está
incomodado ou com medo de desorganizar, mas ainda está caminhando).
Aqui, Hegenberg coloca que o paciente pode chegar em crise, na beira da
crise ou sem crise.
O qu� é a c���� - mo���t��
Quando pensamos no nosso funcionamento em relação à saúde mental,
temos momentos em que estamos estáveis, acontece algo, olhamos para
isso, encaminhamos isso e estabilizamos de novo – movimento não linear.
Se tenho recursos para olhar mesmo perante desconforto e desprazer e
me ajustar, estabilizar, por conta própria, ÓTIMO! Estou dando conta e
estou caminhando.
A ideia do ajustamento em saúde mental não é total e nem permanente,
justamente por esse movimento não linear. O ajustamento está presente
naquele momento para aquela situação, mas pode ser necessário perante
outra situação e assim por diante.
Existem 3 momentos de crise:
▪ Crise – mais questionamentos, mais tempo de psicoterapia
▪ Beira da crise – individuo consegue atravessa-la ou procura o
retorno ao equilibro anterior
▪ Fora da crise – trabalha com interpretações transferenciais
Suj���o� �m ���se
Podemos também ter sujeitos que desorganizam de uma forma que não
conseguem mais dar conta e voltar perante o desconforto e o sofrimento,
e é aqui que a crise se coloca, no momento em que ele não consegue
mais se ajustar, mesmo usando os recursos que ele tinha. O sujeito se
sente estranho, se sente sem chão.
O sujeito em crise traz muito no seu discurso uma sensação de
estranhamento, como se ele não fosse ele, que ele está diferente e não
está conseguindo lidar com o que ele está vivenciando. Ele diz que
parece ser outra pessoa, que não era assim, nunca foi dessa forma, são
frases que podem aparecer até em 3ª pessoa, exemplo: “Parece que a
Lívia desapareceu”. É uma sensação de que algo não acomoda e não
ajusta, e a sensação de estranhamento é algo que pode trazer
comportamentos, reações que podem gerar um desconforto que é dele e
passa até a ser do outro, este podendo até sinalizar que ele está
diferente, que não era assim, e até mostrando os pontos que estão
diferenciados. O meio começa a trazer componentes que reforçam ainda
mais o que ele já está percebendo – que ele está estranho. É como se ele
estivesse se vendo de fora, tivesse se deslocado da sua própria vivencia
e algo se quebrou, e não consegue mais estabelecer a ponte dentro
desse contexto.
Algumas frases com ideia de ruptura podem aparecer na fala do paciente,
ideia de quebra, como: a vida dele não tem mais sentido, não sabe
porque ainda está vivendo, porque ainda está trabalhando. Parece que
tudo que foi vivenciado até ali não tem mais lugar, não tem mais
possibilidade. Também não há sentido, na crise, pensar em futuro. Ele
começa a abandonar qualquer perspectiva de futuro, e diz que pensava
em fazer tal coisa, mas não tem porque investir nisso. O sujeito em crise
tem possibilidade de fazer algo, tem riscos, como ideação e tentativas de
suicídio, já que ele não vê sentido em continuar.
Consequentemente, há uma ruptura de equilibro, então ele não consegue
ver uma possibilidade de estabilizar de novo e o estranhamento está
ligado ao corte da subjetividade – o eu sofre um impacto. Essa ruptura
pode ser em outros elementos também, as vezes nem conseguindo
avaliar as consequências dessas rupturas, ligadas ao trabalho, relações
de amizade, amorosas e familiares.
Para conseguir trabalhar com um sujeito que chega em crise deve-se
primeiro tentar estabiliza-lo, para ver opções de reequilíbrio, de
reestabelecimento, porque num primeiro momento ele não consegue ver o
porquê daquilo. Depois de estabilizado, ele começa a ver sentido. Porém,
não temos uma previsão de quanto tempo demoraria para um paciente
estabilizar, isso é muito particular.
Pacientes em crise não permitem o trabalho com psicoterapia breve, pois
demandam tempo para conter e depois começar o trabalho.
O elemento da mudança é muito presente, pois há um desejo de voltar
para o que ele era antes, uma expectativa. Ao mesmo tempo, alguns
pacientes não trazem abertura para essa mudança.
▪ Paciente pode ter sintomas sem estar em crise
▪ Ruptura do sentido da vida
▪ Ruptura do equilíbrio
▪ Corte na subjetividade
▪ Sujeito não se percebe como aquele que era e se sente fora da
sua história; os outros o estranham
▪ Relações perdem sentido
▪ Formação de sintomas
Car����ri��ção d� ���se
Para vermos se o paciente está em crise, devemos olhar o tipo de
personalidade, o estilo de vida (hábitos, gostos que mudaram de forma
acentuada), suas características particulares (se sentir estranho pode ser
diferente para cada um, por exemplo, e devemos avaliar com ele como é
o agora e o como era o antes) e a perspectiva de futuro.
Suj���o à be��� �a c����
O paciente ainda está tendo recursos, mas pode entrar em crise a
qualquer momento. Ele sustente algumas questões, mas outras estão se
perdendo. Ou seja, ele ainda tem perspectiva de futuro, mas está
perdendo parte disso. Ele está no meio do caminho, ainda está tendo
algum tipo de recurso, conseguindo se manter, mas tem um risco muito
alto de ele entrar em crise.
Pode ser que a partir do atendimento ele reorganize alguns pontos e
supere, voltando na perspectiva de funcionamento anterior, mas devemos
pensar que o atendimento também pode ser um disparador de crise,
porque conteúdos são mobilizados, elementos vêm à tona, e entrar em
contato com elementos de desconforto pode levar o sujeito à crise e
desorganizar. O sujeito pode estar tentando enfrentar, mas não está
dando conta, e a crise aparece. Não temos controle absoluto, apenas
tomamos cuidado com o manejo do atendimento para que evite essa
desorganização.
Podemos pensar no atendimento de psicoterapia breve aqui, mas
depende do caso e do quão a beira da crise ele está.
O elemento da mudança é muito presente, pois há um desejo de voltar
para o que ele era antes,uma expectativa. Ao mesmo tempo, alguns
pacientes não trazem abertura para essa mudança.
Suj���o ��r� �a �r���
O sujeito que está fora da crise está organizado, mas algo o está
incomodando. Ele está fazendo suas atividades, se relacionando,
investindo, mas tem um desconforto que pode ser pontual, levando-o a
procurar o atendimento.
O ego está mais equilibrado, ele tem mais recursos, então o atendimento
é mais “rápido”, tendo intervenções mais pontuais, que não precisam ser
levadas com tanto cuidado e cautela para desorganizar. Portanto, pode-se
trabalhar com psicoterapia breve nesses casos, trabalhando de forma
mais objetiva.

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