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PRINCIPIOS DO DIREITO ADM E TERCEIRO SETOR

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Direito Administrativo I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
O Direito Administrativo e Seus Princípios
O Direito Administrativo e 
Seus Princípios
 
 
• Entender o que vem a ser os Princípios Jurídicos que norteiam as atividades a serem desem-
penhadas pela Administração Pública;
• Conhecer como se organiza a Administração Pública e como ela se relaciona com as denominadas 
entidades do Terceiro Setor.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• O Que São Princípios Aplicados ao Direito Administrativo?
• Princípios por Extensão;
• Terceiro Setor.
UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
O Que São Princípios Aplicados 
ao Direito Administrativo?
O Direito Administrativo, como um ramo do Direito Público, que tem por escopo 
regular a atividade administrativa do Estado, tratando da relação dos integrantes de 
seus órgãos e agentes, bem como da relação das pessoas com a Administração Pública, 
como todo ramo do Direito, também tem suas fontes.
As fontes do Direito indicam o nascedouro do conjunto de Regras Jurídicas que o 
compõem. Esse conjunto de regras é fundamental para a existência do Direito.
Uma das compreensões que podemos dar ao Direito é entendê-lo como um conjunto 
de regras que permitem que os seres humanos convivam de forma harmônica, sendo 
dotado de coercibilidade.
Muitos imaginam que Lei e Direito são a mesma coisa. Entretanto, podemos dizer 
que a Lei é uma das fontes do Direito, ou seja, uma daquelas que compõem o “conjunto 
de Regras”.
Sem dúvida, a Lei pode ser considerada a principal “matéria-prima” do Direito, a 
mais empregada. Daí um dos fundamentos para essa confusão.
Vejamos um conceito do que vem a ser “Fonte do Direito”, segundo descritivo de 
Hugo de Brito Machado:
A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de onde 
ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo de 
onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito, é 
necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do Direito Natural, 
devemos admitir que sua fonte é a natureza humana. Aliás, vale dizer, é a 
fonte primeira do Direito sob vários aspectos. (MACHADO, 2000, p. 57)
Diante desse conceito, podemos entender que a fonte do Direito indica de onde ele 
surge, ou seja, de onde ele “jorra”.
Assim, podemos, para ilustrar essa compreensão, fazer uma comparação com uma 
nascente d’agua, que indica de onde vem o chamado “líquido da vida”.
Figura 1
Fonte: Pixabay
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Podemos adotar a seguinte distribuição das fontes do “Direito”:
Fonte Primária
Lei
Fontes Secundárias
Costumes
Analogia
Princípios Gerais 
do Direito
Jurisprudência
Doutrina
Fontes do Direito
Figura 2
Como o Gráfico coloca em evidência, a Lei é a Fonte Primária do Direito, pois, como 
dito, ela é fundamental para a existência do próprio “Direito ”, encontrando tal entendi-
mento amparo no Artigo 4º do Decreto-Lei nº 4657, de 4 de setembro de 1942 – Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro que, em seu Artigo 4º, dispõe:
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Acrescentamos, ao disposto no Artigo, como Fontes do Direito, a Doutrina e da 
Jurisprudência.
Nesta nossa aula, daremos ênfase aos Princípios, como Fonte do Direito Administra-
tivo, fundamental para todas as condutas e posturas a serem adotadas pela Administra-
ção Pública.
De modo geral, os Princípios são norteadores do intérprete e do operador do Direito, 
pois revelam a forma como deve ser aplicada a Lei e o próprio ideário de Justiça.
Além de colaborar com o usuário da Norma Jurídica, no caso do Direito Adminis-
trativo, que está obrigado a nortear a postura dos Órgãos Públicos e de seus agentes, a 
aplicação dos Princípios também é importante para o administrado, como uma garantia 
de qual deve ser a relação dele e da coletividade, como um todo, com à Administração 
Pública, de modo que as Regras Jurídicas tenham concretude de sua aplicação.
Ainda com relação aos Princípios, eles são muito empregados nas questões afetas 
a garantir e a reconhecer o alcance da interpretação de determinada Norma Jurídica.
Como visto, os Princípios têm papel secundário em relação à Lei, que é a principal 
fonte do Direito. Entretanto, os Princípios não perdem seu protagonismo, pois na sua 
função de colaborar na interpretação da Norma, sua aplicabilidade acaba sendo um 
complemento da própria Lei.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Existe uma Ciência da Interpretação, denominada hermenêutica que, por intermé-
dio de mecanismos de cunho científico, faz interpretações, no caso do Direito, de seus 
postulados, com o objetivo de identificar qual foi a intenção do “legislador” ao estabele-
cer determinada Norma Jurídica.
Dentre as “ferramentas” ou Métodos de Interpretação, no campo específico do “Di-
reito ” existe a “Hermenêutica Jurídica”, que contempla, como um dos Métodos a serem 
aplicados na busca do “por que” e “o que pretende’ certa Norma Jurídica, o nominado 
“Método Principiológico”, cuja finalidade é compreender o exato alcance da Norma 
Jurídica.
Esse método utiliza os “Princípios Jurídicos” afetos a determinado Ramo do Direito 
como insumo para sua interpretação.
Existem diversos conceitos do que vem a ser um Princípio. Sob ótica geral, o Dicio-
nário Eletrônico Michales, assim o define:
Princípio: Momento em que uma coisa tem origem; aquilo do qual alguma coisa procede na 
ordem do conhecimento ou da existência; característica determinante de alguma coisa; regras 
ou código de (boa) conduta pelos quais alguém governa a sua vida e as suas ações; lei, dou-
trina ou acepção fundamental em que outras são baseadas ou de que outras são derivadas.
No campo específico do Direito, empreguemos os conceitos e definições de Miguel 
Reale, enfatizados por Odete Medauar:
Consistem em “enunciações normativas de valor genérico que condicio-
nam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico para sua aplica-
ção e integração e para a elaboração de novas normas” (REALE, M. Li-
ções preliminares de direito, 1974, p. 339). Constituem as bases nas quais 
assentam institutos e normas jurídicas. (apud MEDAUAR, 2016, cap. 7)
Cabe destacar que, no âmbito da Legislação que contempla o Direito Administrativo, 
os Princípios têm papel de enorme relevância, tanto para o intérprete quanto para o 
operador da Norma Jurídica, vez que vivemos em um “Estado Federal”, que tem como 
característica a divisão desse estado em unidades autônomas (estados-membros, Distrito 
Federal e municípios), sendo que cada ente possui suas Normas Legislativas enquadráveis 
no Direito Administrativo, diversificadas umas com relação às outras, pois, como já comen-
tado, não seria possível termos um único Estatuto Jurídico de Direito Administrativo.
Para encerrarmos a conceituação do que são Princípios do Direito, não poderíamos 
deixar de mencionar a compreensão sobre o tema de Celso Antônio Bandeira de Melo:
Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposi-
ção fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes 
o espírito e sentido servindo de critério para sua exata compreensão e 
inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do siste-
ma normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. 
(MELLO, 2009, p. 882)
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No campo do Direito Administrativo, os Princípios ainda guardam um outro ponto 
de relevância, que torna sua observância essencial para a Administração Pública, por 
intermédio de seus agentes.
A observância do direcionamento dado às condutas e às posturas da Administração 
Pública deve refletir, de forma peculiar, a aplicação indicada pelos Princípios, a ponto 
de que uma ação contrária do Agente Público a esses mandamentos nucleares poderá 
ensejar a responsabilização dele.
A Lei nº 8.429, de 2 de junho de1992, conhecida como “Lei de Improbidade Admi-
nistrativa”, em seu Artigo 11, preceitua:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra 
os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que 
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às 
instituições, e notadamente.
Com relação ao ato tido como improbo, sob a ótica da Lei de Improbidade Adminis-
trativa, os infratores da Norma estarão sujeitos às sanções listadas no Artigo 12: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas 
previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de impro-
bidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada 
ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
 [...]
III – Na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, 
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco 
anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração 
percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio 
majoritário, pelo prazo de três anos.
A seguir, estudaremos os Princípios Jurídicos aplicáveis ao Direito Administrativo, 
dividindo-os em dois grupos.
O primeiro grupo será composto pelos Princípios constitucionais do Direito Adminis-
trativo, enumerados no caput do Artigo 37 de nossa Constituição, para, na sequência, 
apreciarmos, o segundo grupo, decorrente dele.
L I M P E
Legalidade
Moralidade
Publicidade
E�ciência
Impessoalidade
Figura 3
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Princípio da Legalidade
Não é por acaso que o Princípio da Legalidade inaugura os Princípios Gerais 
aplicáveis à Administração Pública, vez que ele manterá uma íntima relação com os 
demais Princípios.
O Princípio da Legalidade, dentre outros fundamentos, impede que a Administração 
Pública adote posturas arbitrárias, pois a inobservância dos mandos legais resultará em 
ilegalidade ou abuso de poder.
Nossa Carta Maior estabelece, dentre os chamados “remédios constitucionais”, o 
“Mandado de Segurança”, com o fulcro de deter os efeitos inerentes às posturas dos 
Agentes Públicos contrárias à legalidade ou praticadas com exorbitância, ou seja, com 
abuso de poder.
Art. 5º.
[...]
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger Direito líquido 
e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o 
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
O Princípio da Legalidade não é uma exclusividade da Administração Pública.
Prescreve o Artigo 5º da Constituição de 1988, em seu inciso II:
Art. 5º.
[...]
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei;
Tal Princípio é um Direito fundamental de qualquer pessoa, dando-lhe a liberdade de 
fazer ou deixar de fazer algo, devendo, entretanto, observar o limite da Lei, o que poderá 
restringir sua liberdade, fazendo dela uma realidade não absoluta.
Por exemplo, um empresário regularmente instalado pode vender os produtos que 
fazem parte do objeto de sua Empresa. Entretanto, não poderia comercializar produtos 
cujo comércio é proibido, como o caso de “drogas ilícitas”.
Já no que se refere ao Princípio da Legalidade aplicado à Administração Pública, 
somente pode agir na forma descrita pelo Ordenamento Jurídico, não permitindo “qual-
quer” desvio do preconizado em Lei, sob pena de responsabilidade, como já menciona-
do no caso da Lei de Improbidade Administrativa.
Como exemplo dessa dicotomia, pode-se destacar, com relação a uma Empresa pri-
vada que deseja adquirir um determinado produto: ela terá liberalidade de escolher o 
produto que lhe interessa, por marca, preço etc., mas a Administração Pública não terá 
essa liberalidade, pois a Constituição, de acordo com o Princípio da Legalidade, prevê 
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a obrigatoriedade de promover a aquisição do mesmo produto mediante a realização de 
Procedimento Licitatório, na conformidade do Artigo 37, Inciso XXI:
Art. 37.
 [...]
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, 
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente per-
mitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à 
garantia do cumprimento das obrigações. 
Princípio da Impessoalidade
Toda conduta e postura da Administração Pública deve estar pautada na satisfação 
do interesse público, de modo que não pode qualquer decisão ser adotada para firmar 
satisfação pessoal do agente, bem como de particular.
Quanto o que vem a ser o interesse público, destacamos o que menciona Odete Me-
dauar:
[...] interesse público pode ser associada a bem de toda a coletividade, à 
percepção geral das exigências da vida na sociedade . (MEDAUAR, 2016, 
cap. 7)
Assim, essa é a posição a ser adotada, guiando os “passos” de quem atua em nome 
da Administração Pública.
Destacando a mesma autora, citamos a seguir o conceito dela a respeito do Princípio 
da Impessoalidade:
Com o princípio da impessoalidade, a Constituição visa obstaculizar atua-
ções geradas por antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, 
nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em licitações, con-
cursos públicos, exercício do poder de polícia. Busca, desse modo, que 
predomine o sentido de função, isto é, a ideia de que os poderes atribuí-
dos finalizam-se ao interesse de toda a coletividade, portanto a resultados 
desconectados de razões pessoais . (MEDAUAR, 2016, cap. 7)
Muitos autores despertam a atenção ao Princípio da Impessoalidade, traçando tan-
gentes com relação aos Princípios da Publicidade e da Moralidade.
Com relação à Publicidade, podemos entender que a ideia de todo ato praticado pela 
Administração Pública, seja ele material, seja formal, tenha ampla divulgação, ou seja, 
esteja disponível para conhecimento de todos.
Nesse sentido, ressalta-se que uma das características do Estado Democrático de 
Direito – como é o nosso país, é de que o detentor do poder do Estado é o seu povo, 
como enfatiza o parágrafo único do Artigo 1º de nossa Constituição Federal de 1988:
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Art. 1º.
[...]
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Seguindo essa ideia, cabe ao povo, por exemplo, fiscalizar as ações praticadas pelo 
Estado, por intermédio de sua Administração Pública, já que ela deve agir em prol do 
interesse desse mesmo povo, ou seja, fazendo prevalecer em todas as suas condutas os 
interesses coletivos, consubstanciado no chamado “interesse público”.
Nesse caso, sabedor de uma postura conflitante com o interesse público, poderá o 
“cidadão”, membro integrante do povo, propor uma Ação Constitucional específica, 
a fim de anular qualquer ato lesivo ao interesse público, fazendo-o por intermédio da 
chamada Ação Popular, preceituada no Artigo 5º, INCISO LXXIII, de nossa Lei Maior:
Art. 5º.
[...]
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular 
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que 
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, 
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Tomando conhecimento dos atos praticados pela Administração Pública, poderá 
também o Ministério Público, na qualidade de fiscal da Lei e dos interesses difusos e 
coletivos, interpor, por exemplo, uma Ação Civil Pública(Lei nº 7.347, de 24 de julho 
de 1985), com o propósito de anular e responsabilizar a Administração Pública e seus 
agentes por práticas de posturas contrárias à Lei ou ao interesse público.
No tocante ao Princípio da Moralidade, em associação aos Princípios da Publicidade 
e da Impessoalidade, podemos entender que todo ato praticado de modo contrário ao 
interesse público será um ato também contrário a uma postura moral, esperada e exigida 
pela Constituição e pelas Normas Infraconstitucionais.
O conhecimento, por intermédio da publicidade das posturas e dos atos praticados 
pela Administração, que atentem ao preceito da impessoalidade, permite que eles sejam 
confrontados com a legitimidade de satisfação do interesse público, permitindo que as 
posturas contrárias à moralidade administrativa, se constatadas, provoquem medidas 
sancionatórias em conformidade com a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429, 
de 2 de junho de 1992).
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Figura 4
Fonte: Getty Images
Princípio da Moralidade
Com relação ao Princípio da Moralidade, ele deve nortear, em comunhão com os 
demais Princípios, os atos materiais e formais oriundos da Administração Pública.
Este Princípio exige que os “passos” dados pelo ente público atendam à expectativa 
do povo, que aguarda sempre posturas justas, legais, impessoais e probas.
Para complementar o que abordamos com relação a tal Princípio, é oportuno citar as 
palavras de Marçal Justen Filho:
O princípio da moralidade exige que a atividade administrativa seja desen-
volvida de modo leal e que assegure a toda a comunidade a obtenção de 
vantagens justas. Exclui a aplicação do provérbio de que o fim justifica os 
meios . (JUSTEN FILHO, 2016, cap. 4)
Muito bem enfatiza o mencionado autor, na parte final de sua conceituação: “[...] 
Exclui a aplicação do provérbio de que o fim justifica os meios”, vez que a postura da 
Administração Pública não pode ser pautada em condutas injustas, com a “promessa” 
de que elas implicarão resultados mais justos.
Com relação ao interesse público, não se pode, atualmente, inclusive em razão do 
último Princípio Constitucional que estudaremos, o “Princípio da Eficiência”, serem ado-
tadas proposituras sem planejamento estratégico que assegure sempre o “bem comum” 
ou, como alguns autores preferem chamar, o “bem estar social”.
Tal entendimento, não significa que o contorno de “crises” não exija, por vezes, 
medidas impopulares, como o controle do comércio, do trânsito em determinadas vias 
públicas, o desenvolvimento de certas atividades comerciais ou de prestações de servi-
ços, dentre outras.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Mas tais medidas sempre devem ser associadas a fundamentos de fato e de Direito, 
que estimem a garantia do “interesse público”.
Figura 5
Fonte: Freepik
Sem dúvida, a propositura de nossa Constituição Federal, no Inciso I do seu Artigo 
3º, coaduna com o Preceito da Moralidade, insculpido no caput do Artigo 37:
Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Nesse caso, a moralidade está inserida no senso de justiça, a ser adotado pelo Estado, 
e este, por exemplo, por intermédio da Administração Pública, com o desempenho de 
Políticas Morais e Impessoais, já que, sem dúvida, o Inciso do Artigo em destaque narra 
um resumo do que vem a ser interesse público.
Por fim, a moralidade, no que se refere à probidade dos atos materiais e formais 
praticados pela Administração Pública, e esta por seus agentes, foi considerada guia 
fundamental para a gestão administrativa do Estado, já que a Constituição Federal de 
1988 criou um dispositivo de caráter preventivo, para que tais desvios do Princípio da 
Moralidade não sejam atentados pelos agentes públicos.
Esse mesmo dispositivo apresenta outra medida de cunho repressivo que, quando 
praticada, fará com que o próprio Estado aplique a sanção correspondente à conduta.
Estamos tratando do parágrafo 4º do Artigo 37 de nossa Constituição, que assim 
estabelece:
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Art. 37.
 [...]
§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens 
e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem 
prejuízo da ação penal cabível.
A mencionada Lei, que trata do Dispositivo Constitucional em apreço, trata-se, hoje, 
da Lei nº 8429, de 2 de junho de 1992, é a Norma Jurídica que tipifica as condutas 
consideradas ímprobas, bem como delimita as sanções cabíveis.
Essa Norma é conhecida como “Lei da Improbidade Administrativa”. Nela podemos 
encontrar os tipos, que enquadram as condutas consideradas como atos ímprobos, passí-
veis de serem praticados pelos Agentes Públicos, bem como as sanções correspondentes, 
que podem ser: civis, penais, eleitorais, administrativas e político-administrativas.
Figura 6
Fonte: Freepik
Princípio da Publicidade
Conforme visto quando do estudo do Princípio da Impessoalidade, o Princípio da 
Publicidade guarda estreita relação com aquele. Entretanto, podemos dizer que todos os 
Princípios Constitucionais do Artigo 37, que ora estudamos, mantém uma para com o 
outro pontos em comum.
Como veremos, toda a postura administrativa deve ser legal, impessoal, moral e efi-
ciente, sendo a publicidade fundamental para dar transparência a todas essas posturas.
A publicidade permite o acompanhamento popular das condutas administrativas, 
valendo a mesma coisa para os órgãos para as instituições de controle do interesse 
público, como, por exemplo, o Ministério Público, a Controladoria Geral da União e o 
Tribunal de Contas.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
No tocante ao controle popular, podemos destacar determinados preceitos constitu-
cionais que lhe dão fundamento.
É o caso do parágrafo único do Artigo primeiro de nossa Constituição:
Art. 1º.
[...]
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Já que o povo é o detentor do poder do Estado, nada melhor que ele tenha possibi-
lidade de acompanhar a gestão dos atos da Administração.
Para isso, a própria Constituição Federal lhe empresta fundamento, como é o caso 
do Artigo 5º, Inciso XXXIII, que permite a qualquer pessoa, seja ela Física, seja Jurídica, 
terá acesso às informações de seu interesse em particular, ou de cunho coletivo ou geral:
Art. 5º.
[...]
XXXIII – todos têm Direito a receber dos órgãos públicos informações de 
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
Princípio da Eficiência
O Princípio da Eficiência trata-se de uma inclusão ao texto original da Constituição 
Federal, fruto do denominado “Poder Constituinte Originário”, que somente dispunha 
dentre os Princípios Gerais da Administração, em seu Artigo 37, os até então estudados.
No tocante ao Princípio da Eficiência, ele foi inserido pelo “Poder Constituinte Deri-
vado”, fruto da Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, conhecida à época 
como “Reforma Administrativa”.
A ideia inicial da inclusão do Princípio da Eficiência foi levar para a Gestão Pública 
Princípios utilizados na iniciativa privada.
Mas uma questão é fundamental com relação a esse propósito, pois a iniciativa pri-
vada emprega a eficiência como uma forma de ampliar a produção ou a prestação de 
serviços, com a redução de custos, sem perder a qualidade, o que muitos resumem como 
sendo: “fazer mais com menos”.
Nesse caso, o lucro da Empresa privada, que é sem dúvida seu objetivo, garante a ela com-
petitividade no Mercado, devido ao Princípio econômico-capitalista da “livre concorrência”.
Quanto a esse Princípio, é de oportuno valor, mencionar os comentários de Marçal 
Justen Filho, sobre seu objetivo quando aplicávelà Administração Pública:
Veda-se o desperdício ou a má utilização dos recursos destinados à 
satisfação de necessidades coletivas. É necessário obter o máximo de 
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resultados com a menor quantidade possível de desembolsos . (JUSTEN 
FILHO, 2016, cap. 4)
Como a interpretação da aplicabilidade desse Princípio não encontra Norma Jurídica 
que lhe dê sustentação definitiva, até porque tal preceito não carece de complemento 
de Norma Infraconstitucional, pois é Norma de Eficácia Plena, de maneira que, com a 
promulgação da Emenda Constitucional, a aplicação do Princípio da Eficiência passa a 
ser preceito de efeitos imediatos.
Diante da dicotomia apresentada, parte dos doutrinadores e operadores do Direito 
sustenta que a inserção do Princípio da Eficiência foi uma redundância normativa, pois a 
eficiência, no caso da Administração Pública, está insculpida junto ao Princípio da Mo-
ralidade, pois a Administração ter posturas eficientes, tangencia o Princípio da Moralida-
de, vez que é justo e honesto que os recursos públicos sejam empregados com eficiência.
Do mesmo modo, há quem empregue o Princípio da Eficiência da Administração 
Pública no sentido de que uma gestão adequada dos meios permite que os deveres do 
Estado com relação aos Direitos Fundamentais obtenham a satisfação e a amplitude 
esperada pelo povo, seu beneficiário.
 Princípios por Extensão
Os Princípios CONSTITUCIONAIS afetos à Administração Pública não limitam o 
emprego de outros Princípios que estejam a eles alinhados, ou seja, que não os conflitem.
Esses Princípios tem como raiz os Princípios Constitucionais aplicáveis à Administração 
Pública, que acabamos de estudar. Os Princípios por Extensão são também reconhecidos 
como “Princípios Decorrentes”.
Iremos estudar os principais Princípios por Extensão, reconhecidos por grande parte dos 
doutrinadores, o que indica que o reconhecimento de outros Princípios não contaria com 
qualquer impedimento, desde que tenham como base sólida os Princípios Constitucionais.
 Princípio da Finalidade
O Princípio da Finalidade, também é denominado, por certa parte da doutrina do 
Direito Administrativo, Princípio do Interesse Público, pois é com esse interesse que 
todas as posturas da Administração Pública devem estar intimamente relacionadas. 
seu fundamento
É fácil reparar que o Princípio da Finalidade busca nos Princípios da Impessoalidade 
e da Moralidade, posto que a gestão dos meios do Estado deve sempre estar direcionada 
à prática de atos impessoais e moralmente destinados à satisfação do bem-comum.
Por exemplo, um dos chamados poderes-deveres do Estado na manutenção, garantia 
e concretização dos Direitos Fundamentais é o dever da prestação de “saúde”.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Essa obrigação tem, inclusive, previsão de Cunho Constitucional, no Artigo 196 de 
nossa Lei Maior:
Art. 196. A saúde é Direito de todos e dever do Estado, garantido me-
diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Diante da imposição constitucional, o interesse público da prestação e a garantia de 
saúde para com o povo brasileiro é o que se espera do Estado.
Isto é, o interesse público se materializa quando cumprido o preceituado no início do 
dispositivo constitucional: “[...] A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]”.
Desse modo, não há de se contestar que toda medida adotada, por parte da Adminis-
tração Pública na garantia desse Direito Fundamental, deve sempre pautar-se a “todos”, 
certificando o ajuste ao Princípio da Finalidade.
Brasil Imunizado
Saúde inicia distribuição mais 4,5 milhões de doses da vacina do Butantan
Com o novo lote, pasta já coordenou o envio de mais de 24,5 milhões de doses de imunizantes 
contra a Covid-19 a todos os estados e Distrito Federal.
Ministério da Saúde está distribuindo nesta semana mais 4.558.420 milhões de doses da 
vacina contra a Covid-19 produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. O novo lote é destinado 
para vacinar idosos entre 75 e 79 anos e trabalhadores da saúde. A previsão é de que as 
entregas ocorram a partir desta terça-feira (16/03) e se estendam pela quarta (17/03), de 
forma proporcional e igualitária a todas os estados e Distrito Federal.
A nova remessa de vacinas do Butantan corresponde à entrega de duas doses, sendo necessário 
que estados e municípios façam a reserva da segunda dose para garantir que o esquema vacinal 
seja completado no período recomendado pelo laboratório, de 2 a 4 semanas.
Fonte: https://bit.ly/3wFlBSL
Princípio da Proporcionalidade
O Princípio da Proporcionalidade é uma expressão muito empregada pelo Direito 
Administrativo do “Velho Continente” (Europa).
Por exemplo, pode ser visto no Artigo 5º do Tratado sobre o Funcionamento da 
União Europeia, quando, em seu Artigo 5º, dispõe: 
Art. 5º.
I – Os Estados-Membros coordenam as suas políticas económicas no âm-
bito da União. Para tal, o Conselho adota medidas, nomeadamente as 
orientações gerais dessas políticas.
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Buscando compreender esse dispositivo e associá-lo ao Princípio da Proporciona-
lidade, pode-se entender que os limites da Política Econômica de cada país integrante 
do Bloco devem ser proporcionais às diretrizes do Conselho Econômico.
Vamos voltar aos pensamentos de Marçal Justen Filho, com relação ao Princípio da 
Proporcionalidade:
Uma das peculiaridades do princípio da proporcionalidade consiste no 
reconhecimento de que a solução jurídica não pode ser produzida por 
meio do isolamento do aplicador em face da situação concreta. Não é 
possível extrair a solução pelo simples exame de textos legais abstratos. 
O intérprete tem o dever de avaliar os efeitos concretos e efetivos poten-
cialmente derivados da adoção de certa alternativa . (JUSTEN FILHO, 
2016, cap. 3)
Diante do que preconiza o autor, podemos inferir que o Princípio da Proporcionalida-
de mantém estreita ligação com o Princípio da Legalidade, pois procura dar tratamento 
jurídico a uma situação em concreto, a ser superada pela Administração Pública. 
Além do Princípio da Legalidade, outro Princípio Constitucional da Administração Pú-
blica deve ser colocado em evidência, o Princípio da Moralidade, pois os efeitos das pos-
turas assumidas devem estar pautados naquele que melhor satisfaça o interesse público.
Daí também porque a relação com o Princípio da Eficiência possui certa relação com 
o Princípio da Proporcionalidade.
Dessa forma, imaginemos uma situação: a necessidade de fechamento de Shopping 
Centers, em razão de minimizar a circulação de pessoas, diante de uma Pandemia oriun-
da de um vírus com alto índice de transmissão por contato.
Nesse caso, é proporcional a medida adotada pelo município no qual se encontra 
esse Centro de Comércio?
Para fundamentar essa resposta, miremos na competência afeta ao ente federativo 
“município”, prevista no Artigo 30 da Constituição, mais precisamente no Inciso I:
Art. 30. Compete aos Municípios:
 [...]
I – legislar sobre assuntos de interesse local.
Regular o funcionamento do comércio é tratar do interesse local?
Para encerrar os questionamentos, a Súmula Vinculante nº STF 38, não nos deixa 
qualquer dúvida:
Súmula Vinculante 38
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de 
estabelecimento comercial.
Nesse caso, visando à preservação da vida e à garantia da saúde do povo, parece-nos 
tal medida ser proporcional.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Princípio da Razoabilidade
Embora o Princípio que iremos estudar tenha até, pelo expressionismo, certa simila-
ridade com o Princípio visto anteriormente, o da Proporcionalidade, ambos apresentam 
certas peculiaridades que os distinguem.
No que tange ao Princípio da Proporcionalidade, sua base é encontrada na busca 
do alcance permitido da Norma, dado pelo Sistema Jurídico, o que possibilita a adoção 
de determinada posturada Administração Pública, para a solução de um fato concreto.
Assim Marçal Justen Filho descreve esse Princípio: 
A técnica da interpretação conforme reflete uma manifestação do chamado 
princípio da razoabilidade, que preconiza ser a interpretação jurídica uma 
atividade que ultrapassa a mera lógica formal. Interpretar significa valer-se 
do raciocínio, o que abrange não apenas soluções rigorosamente lógicas, 
mas especialmente as que se configuram como razoáveis. (JUSTEN FILHO, 
2016, cap. 3).
Por exemplo, é razoável a Administração Pública remover pessoas de suas moradias 
em razão do risco de perda da vida, provenientes de uma enchente, provocada pelo 
rompimento de uma barragem?
Sem dúvida que sim, pois o direito de propriedade e de habitação não superam o 
direito à vida, de modo ser razoável sacrificar um direito para salvaguardar outro.
Princípio da Legitimidade
Também chamado de Princípio da boa-fé, trata do direcionamento que pode existir 
ante certa relação jurídica da Administração Pública para com o Administrado, de modo 
que são considerados verdadeiros e legítimos todos os atos praticados pela Administração, 
admitindo-se prova em sentido contrário por parte do Administrado.
Um bom exemplo de tal Princípio pode ser o da aplicação de uma multa adminis-
trativa por um Agente da Vigilância Sanitária de determinado município, vez que certa 
Lanchonete tenha deixado de observar Normas de higiene e saúde na manipulação e no 
armazenamento de sua matéria-prima.
A autuação carrega consigo a presunção de legitimidade do ato, ou seja, ele está fun-
dado em preceitos de fato e de direito, mas admite provas que o contestem por parte do 
proprietário do estabelecimento, a serem apresentadas em eventual recurso.
Princípio da Segurança Jurídica
Uma questão para a estabilidade das relações jurídicas, especificamente entre a 
Administração Pública e o Administrado, é que ela seja estável e equilibrada, respeitando 
sempre o chamado Ato Jurídico Perfeito.
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Essa garantia encontra amparo constitucional no nosso Artigo 5º, Inciso XXXVI:
Art. 5º.
 [...]
XXXVI – a lei não prejudicará o Direito adquirido, o ato jurídico perfeito 
e a coisa julgada;
O Ato Jurídico Perfeito sedimenta uma Relação Jurídica, pois, realizado na forma da 
Lei, por Pessoas Físicas ou Jurídicas capazes, faz com que seu objeto seja respeitado e 
reconhecido no âmbito social.
A garantia do Ato Jurídico Perfeito, trata-se de dar segurança às partes, que devem 
respeitá-las, não podendo ser alteradas, inclusive por apreciação em Demanda Judicial.
Essa garantia é um dos Direitos fundamentais, assegurados no caput do Artigo 5º 
da Constituição:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes [..] (grifo nosso).
A segurança abordada aqui não se refere a Segurança Pública prevista no Artigo 6º 
da Constituição, sendo direito de todos, cujo Sistema está descrito no Artigo 144.
A segurança jurídica do Caput do Artigo 5º da Lei Maior é tida como o direito inerente 
a cada pessoa no tocante às Relações Jurídicas, lastreadas pelo Ato Jurídico Perfeito, o 
Direito Adquirido e a Coisa Julgada:
Figura 7
Fonte: Freepik
Princípio da Continuidade
Esse Princípio tem como norte relevar às atividades da Administração Pública, adje-
tivando-as como de caráter “permanente”.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Deve-se levar em consideração que todas as atividades realizadas pelo Poder Público 
têm por escopo garantir a prestabilidade dos Direitos fundamentais e, por consequência, 
do Interesse público.
Outro fundamento que dá base ao Princípio da Continuidade está ligado a uma das 
características dos Direitos Fundamentais, que são indisponíveis.
Assim, por exemplo, a interrupção da Prestação de Serviços de Saúde de um Hospital 
Público, em razão do exercício do direito de greve, não poderá interromper a prestabili-
dade do Direito Fundamental à Saúde.
Bem, o direito de greve dos Agentes Públicos é previsto na Constituição Federal no 
Inciso VII do Artigo 37:
Art. 37.
[...]
VII – o Direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos 
em lei específica.
Desse modo, mesmo sendo o direito de greve um direito dos servidores públicos, 
isto não permite a eles interromper toda a prestação do serviço de saúde, mantendo o 
mínimo necessário para atendimento à população.
Terceiro Setor
Uma das previsões do desempenho das atividades da Administração Pública é a 
possibilidade de que, mediante Contrato, tal responsabilidade poderá ser compartilhada.
Uma das espécies de Contrato que permite essa “parceria” é denominado “Contrato 
de Gestão”.
Odete Medauar, ao tratar sobre esses contratos, assim procura destacá-los:
[...] é visto como técnica de gestão privada ou meio de propiciar autonomia 
a empresas, entes ou órgãos estatais, dentro de parâmetros fixados pelo 
poder central, ou, ainda, como técnica de descentralização. Mediante o 
contrato de gestão são estabelecidos objetivos e metas a serem atingidos, 
ficando sua execução sujeita ao acompanhamento, fiscalização e sanção 
do poder público. (MEDAUAR, 2016, cap. 11).
A delegação de competências estatais não exime o Poder Público do financiamento, 
ficando o ente privado incumbido de promover A Gestão Administrativa para dar con-
cretude à obrigação que caberia ao Poder Público.
Muito embora a Constituição Federal, no § 8º do Artigo 37 da Lei Maior, não empre-
gue o termo “Contrato de Gestão”, sua previsibilidade é de lá decorrente:
Art. 37.
[...]
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§ 8º. A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e en-
tidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante 
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que 
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou 
entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I – o prazo de duração do contrato; 
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações 
e responsabilidade dos dirigentes;
III – a remuneração do pessoal.
Uma das possibilidades de serem firmados “Contratos de Gestão” se dá com o cha-
mado “Terceiro Setor”.
Mas o que é o “Terceiro Setor”?
A ideia de repartir atividades realizadas pela Sociedade, tanto do ponto de vista social 
quanto do econômico, tem origem em uma classificação adotada nos Estados Unidos.
A ideia tem a concepção de estabelecer uma gestão organizada nas Atividades desen-
volvidas com o Estado em eventuais parcerias.
Nessa distribuição, temos o chamado “Primeiro Setor”, que tem por objetivo gerar 
infraestrutura para realização de atividades destinadas ao desenvolvimento econômico 
ou social. 
Assim, por exemplo, a construção de uma malha adequada para escoar a produção 
agrícola integra esse Setor.
Figura 8
Fonte: Freepik
Na sequência, temos o Segundo Setor, como são conhecidas as Empresas de cunho 
privado, que tem por objeto propiciar melhores condições para as pessoas de modo geral.
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Essas Empresas integram nesse Setor e, embora realizem uma atividade de cunho 
público, elas o fazem mediante a perspectiva de lucro. É o caso, por exemplo, das con-
cessionárias das Rodovias, em grande parte do Brasil.
Figura 9
Fonte: Freepik
Por fim, encontramos o “Terceiro Setor”, formado pela relação público e privada, que 
tem por fulcro atender a garantia de Direitos Fundamentais de determinado Setor mais 
carente da Sociedade, não havendo qualquer pretensão de auferir “lucro”.
Quanto ao Terceiro Setor, Alexandre Mazza, assim, dispõe:
[...] O terceiro setor é composto por entidades privadas da sociedade 
civil que exercem atividades de interesse público sem finalidade lucrativa. 
(MAZZA, 2018, p. 242)
Um bom exemplo de uma entidade do Terceiro Setor, é a Associação de Assistência 
à CriançaDeficiente – AACD, cujo objetivo é prestar assistência às pessoas necessitadas 
de cuidados especiais, que não contam com recursos ou condição para fazê-lo.
Figura 10
Fonte: Reprodução
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Princípios da Presunção e da Fé Pública
https://bit.ly/31SY96C
Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
https://bit.ly/3t1L6M5
A Regularização do Terceiro Setor e seus Diversos Conceitos Doutrinários
https://bit.ly/3mudALM
Constituição Federal de 1988
https://bit.ly/3mvtlSS
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UNIDADE O Direito Administrativo e Seus Princípios
Referências
ARAÚJO, E. N. de. Curso de Direito Administrativo. 8.ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2018. (e-book)
ARAUJO, L. A. D.; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. 9.ed. 
São Paulo: Saraiva, 2005. (e-book)
BARROSO, L. R. Curso de Direito constitucional contemporâneo: os conceitos fun-
damentais e a construção do novo modelo. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
(e-book)
BEVILÁCQUA, C. Teoria Geral do Direito Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Livraria 
Francisco Alves, 1929.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 out. 1988. Senado 
Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de Direito Administrativo. 34.ed. São Paulo: 
Atlas, 2020. (e-book)
COUTO, R. Curso de Direito Administrativo. 3.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019. (e-book)
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 32.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
JUSTEN FILHO. M. Curso de Direito Administrativo. 13.ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2018. (e-book)
MACHADO, H. B. Uma Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Dialética. 2000.
MAZZA, A. Manual de Direito Administrativo. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2018. (e-book)
MEDAUAR, O. Direito Administrativo Moderno. 20.ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016. (e-book)
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. 26.ed. São Paulo: Malheiros. 2009.
MORAES, A. de. Direito Constitucional. 35.ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
NUNES, Rizzato. Manual de introdução ao estudo do Direito: com exercícios para 
sala de aula e lições de casa.15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (e-book)
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