Buscar

Acerca do partido - Karl Marx, Friedrich Engels, V I Lenin

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 94 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Distribuidor no Brasil: 
Livraria Ma·rtins fontes 
Praça da Independência, 12 
Santos - S. ·Paulo 
MARX, ENGEtS -e LéNINE 
acerca do partido 
81.BLIOTECA DO SOCIALISMO CIENTfFl·CO 
EDITORIAL ESTAMPA 
Capa de Henrique Ruivo 
Tradução de Jaime Ferreira 
INDIC E 
Prólogo . . . ... . . . . . . .. . 9 
1. Papel histórico do proletariado 13 
2. A classe operária necessita de criar o seu partido 19 
3. O partido é o destacamento de v.anguarda da classe 23 
4. Organização para a luta económica e organização 
para a luta política . . . . . . 31 
5. O partido e as massas . . . . . . 39 
6. O centralismo democrático 45 
7. O partido e a teoria . . . . . . 55 
8. A luta contra o revisionismo 59 
9. Contra o dogmatismo 71 
10. A unidade do partido 77 
11. A educação internacionalista, tarefa do partido 85 
12. Dirigente da qita.dura do proletariado .. . ... ... ... 91 
7 
PROLOGO 
As frentes da luta operária, dos trabalhadores 
e de todo o povo contra a exploração social e opres­
são nacional alargam-se. Novos sectores e mais as­
pectos da vida colectiva e individual pendem para 
o âmbito deste combate, recebem a sua influência e 
determinam o seu objectivo. Desde o longínquo Fe­
vereiro de 1848, em que Karl Marx e Friedrich 
Engels terminaram a redacção do Manifesto do 
Partido Comunista, a humanidade superou graves 
contradições, abrindo decididamente (em 1917, com 
a Grande Revolução Socialista de Outubro), as com­
portas da história. O nosso tempo é - precisa­
mente - caracterizado pela vitória crescente das 
ideias do marxismo-leninismo e da prática dos 
destacamentos de vanguarda do proletariado que 
apoiam a sua força no socialismo cientifico. Hoje, 
mais de 50 milhões de pessoas actuam em partidos 
deste tipo, em 90 países diferentes. 
Agiganta-se a projecção das batalhas em curso 
e afirma-se, cada vez com mais claridade, a con­
vicção de que a iniciativa histórica passou às mãos 
firmes do proletariado, de sua principal criação, o 
sistema mundial de países socialistas, e com os par­
tidos comunistas que encabeçam as lutas operárias 
e populares. 
Não é por acaso. Um longo, difícil e muitas vezes 
doloroso processo, que ainda não acabou definitiva-
9 
mente, limita o nascimento, o desenvolvimento e a 
consolidação como vanguardas políticas de massas, 
dos partidos que se fundamentam no marxismo-le­
ninismo, os Partidos Comunistas e Operários. Pri­
meiro foi a descoberta do especial papel que o pro­
letariado é chamado a desempenhar, papel que o 
marxismo-leninismo pôde definir graças a um es­
tudo múltiplo e minucioso da realidade socioeconó­
mica b�guesa que permitiu explicar a origem, as 
condições de existência e as tendências fundamen­
tais do capitalismo. A principal contradição econó­
mica do capitalismo (entre um processo produtivo 
que acentua o seu carácter social e a forma privada 
de expropriação) e a contraposição antagónica de 
classes (proletariado explorado e burguesia domi­
nante) demarcam o começo das lutas dos operários 
para melhorar as suas condições de vida (manten­
do-se todavia o sistema burguês) e para se liberta­
rem da exploração e espoliação (destruindo a pro­
priedade privada capitalista sobre os meios de pro­
dução fundamentais) . 
A classe operária é a classe oprimida pelo capi­
talismo. Por sua vez, é a portadora das novas rela­
ções de produção. Estas novas relações de produção, 
cujo aparecimento é o resultado materialmente pre­
parado pela evolução das forças produtivas sob o 
sistema capitalista, pressupõem uma profunda reor­
ganização social. A quebra revolucionária do capi­
talismo e a sua substituição pelo socialismo, igual­
mente inevitáveis, são precedidos por uma série de 
batalhas parciais, êxitos e derrotas, nos planos 
económicos mais diversos, na actividade ideológica, 
no campo político até que se alcance uma amplitude 
e combinaç.ão dessas numerosas influências para que 
o impulso se transforme em revolução. 
Pois bem: os operários mais conscientes, organi­
zados num partido político capaz de actuar no seio 
da sua classe e das massas, generalizando as expe­
riências de luta, e iluminando-as com a ciência da 
revolução, com a sua linha de acção e o seu Pro-
10 
grama, constituem o destacamento dirigente do con­
junto, um verdadeiro estado-maior, consciente de 
cada batalha e da guerra na sua totalidade, capaz 
de avançar para um objectivo estratégico bem esta­
belecido, sem menosprezar os recuos tácticos im­
prescindíveis, bem como evitar que o secundário e 
o parcial obscureça o propósito final, socialista. 
A doutrina marxista-leninista sobre o papel do 
partido na luta de classes do proletariado, dos tra­
balhadores e de todo o povo contra a exploração e 
opressão, resume - por assiri:i dizer - aspectos 
principais - o essencial, disse V. 1. Lénine- da 
concepção cientifica do proletariado. o partid9 sin­
tetiza e representa todas as exigências da luta geral 
e ao mostrar-se firmemente parcial em cada luta 
concreta, eleva-se ajudando a ascender a sua classe 
e a de todos os trabalhadores. 
O debate sobre a confluência específica dos fac­
tores objectivos gerais e sociais particulares com os 
factores subjectivos necessários ao avanço social 
e - acima de tudo - ao salto revolucionário, leva­
-nos, inevitavelmente, a pôr em destaque com maior 
empenho ainda a influência decisiva da presença, da 
iniciativa, da actividade múltipla do partido mar­
xista-leninista, das suas organizações básicas, par­
ticipando em cada um dos aspectos da actividade 
social. 
Actuando pronunciadamente num destacamento 
de vanguarda operária, altamente organizada, é pos­
sível (como demonstrou e demonstra todos os dias 
a prática social) aprender a fazer frente aos explo­
radores, obrigar os imperialistas a retroceder, infli­
gir-lhes derrotas demolidoras. As transformações 
sociais mais transcendentes estão visivelmente liga­
das à actuação do proletariado, tendo à frente os 
seus partidos revolucionários. 
O interesse destes problemas é muito grande e 
não se circunscreve a propostas teóricas de labora­
tório. O problema está principalmente ligado à 
11 
perspectiva do nosso desenvolvimento como povo, 
com o nosso presente e o nosso futuro. 
Aqueles que duvidam do marxismo (ou melhor: 
aqueles que pretendem pôr em dúvida o marxismo) 
começam ou acabam atacando as teses fundamentais 
do marxismo-leninismo sobre o partido. Muitos iso­
lam uma ou outra expressão ou deformam. experiên­
cias para as negar. 
Na Argentina, concretamente, à medida que nos 
aproximamos dos momentos definitivos do curso 
social, quer dizer, à medida que avançamos até à 
conquista da libertação nacional e social autênticas, 
a questão so"l:Yre o partido torna-se mais cerrada. 
A selecção de temas que a editorial «Anteo> apre­
senta hoje neste volume, tende a satisfazer algumas 
preocupações. 
:m claro que nenhuma transcrição de citações 
pode dar-nos uma visão profunda e de conjunto. 
Para isso temos que meditar sobre o que diz o Ma­
nifesto do Partido Comunista, o Que Fazer 1 e Um 
passo em frente, dois passos atrás de V. I. Lénine, 
sobre a experiência da história do P. C. U. S. e do 
movimento comunista .internacional, sobre os ensi­
namentos do passado nacional. As obras menciona­
das, juntamente com O «esquerdismo», doença infan­
til do comunismo, devem estudar-se várias vezes. A 
consulta desta breve antologia áeveria considerar-se 
uma introdução a esse esforço imprescindi vel. 
õscar Arévalo, 15 de Novembro de 1973 
12 
' 1 
1 - PAPEL HISTÓRICO DO PROLETARIADO 
O ponto de partida da teoria marxista-leninista 
sobre a função e regras do partido de vanguarda do 
proletariado é a concepção materialista da origem 
e desenvolvimento da sociedade, elaborada por Karl 
Marx, Friedrich Engels e V. 1. Lénine e, parti­
cularmente, os seus estudos sobre as classes sociais 
e a luta entre elas. Os criadores do marxismo-leni­
nismo consideraram essencial a definição do papel 
atribuido ao proletariado como protagonista da 
transformação revolucionáriada sociedade, como 
guia de todos os trabalhadores e oprimidos na luta 
pela libertação nacional e social, pelo progresso. 
[ . . . ] Marx e Engels foram os primeiros a de­
monstrar que a classe operária, com as suas reivin­
dicações, é o resultado necessário do sistema econó­
mico actual que, com a burguesia, cria e organiza 
inevitavelmente o proletariado. Demonstraram que 
a humanidade se verá liberta das calamidades que 
a flagelam não pelos esforços bem-intencionados de 
algumas nobres personalidades, mas sim pela luta 
de classes do proletariado organizado. Marx e En­
gels foram os primeiros a esclarecer nas suas obras 
cientificas que o socialismo não é uma invenção de 
sonhadores, mas a meta final e o resultado inevitá­
vel do desenvolvimento das forças produtivas dentro 
da sociedade contemporânea. Toda a história escrita 
até hoje é a história da luta de classes, da mudança 
13 
'· 
sucessiva do domínio e da vitória de uma classe 
social sobre a outra. E isto continuará até que desa­
pareçam as bases da luta de classes e do domínio de 
classe: a propriedade privada e a anarquia da pro­
dução social. Os interesses do proletariado exigem 
que as ditas hases sejam destruídas, pelo que a luta 
de classes dos operários organizados deve ser diri­
gida contra elas. E toda a luta de classes é uma 
luta política. 
«Nos nossos dias todo o proletariado em luta 
pela sua emancipação faz seus estes conceitos de 
Marx e Engels. Mas quando os dois amigos colabo­
ravam na década de 40, nas publicações socialistas 
e participavam nos movimentos sociais do seu 
tempo, estes pontos de vista eram completamente 
novos. Nesse tempo havia muitos homens com ta­
lento e outros sem ele, muitos homens honestos e 
outros desonestos, que com o ardor da luta pela 
liberdade política, na luta contra a autocracia dos 
czares, da polícia e do clero, não percebiam o anta­
gonismo existente entre os interesses da burguesia 
e os da classe operária. Esses homens não admitiam 
SC<Juer a ideia de que os operários actuassem como 
uma força social independente. Por outro lado, 
houve muitos sonhadores, por vezes geniais, que 
acreditavam que bastava convencer os governantes 
e as classes dominantes da injustiça do regime social 
existente para que resultasse fácil implantar no 
mrmdo a paz. e o bem-estar geral. Sonhavam com 
um socialismo sem luta. Finalmente quase todos os 
socialistas daquela época e, de um modo geral, os 
amigos da classe operária, apenas viam uma imper­
feição no proletariado e viam com horror como esta 
imperfeição crescia à medida que a indústria - ia 
crescendo. Por isso todos eles pensavam na forma 
como deter o desenvolvimento da indústria e do 
proletariado, como deter "a roda da histórian. Con­
trariamente ao medo geral perante o desenvolvi­
mento do proletariado, Marx e Engels resumiam to-
r 
j" 
1 
l 
! 
1 
l 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
das as suas esperanças no seu continuo crescimento. 
Quantos mais proletários houver, tanto maior será 
a sua força como classe revolucionária e tanto mais 
próximo e possível será o socialismo. Poderiam ex­
pressar-se, em poucas palavras, os serviços presta­
dos por Marx e Engels à classe operária, dizendo 
que a ensinaram a conhecer-se e a tomar consciên­
cia de si própria, e substituíram as utopias pela 
ciência.» 
V. I. Lénine: Friedrich Engel8 (Em: Lé­
nlne. Obras completas., 2. • ed., Buenos 
Aires, Ed. Cartago, 1969-1973, t. II, 
pp. 13 e 14). 
«0 grande mérito histórico de Marx e Engels é 
terem demonstrado através da análise cientifica a 
inevitabilidade da queda do capitalismo e a sua pas­
sagem ao comunismo, no qual já não existirá a ex­
ploração do homem pelo homem.» 
«0 grande mérito histórico de Marx e Engels é 
terem demonstrado aos proletários de todos os pa.i­
ses qual o seu papel, a sua tarefa, a sua missão, 
quer dizer, serem os primeiros a lançar-se na luta 
revolucionária contra o capital e unir nesta luta, à 
sua volta, todos os trabalhadores e explorados.> 
V. I. Lénine: Discurso na inauguração do 
monumento .a. Marx e Engels, 7 de No­
vembro de 1918 (Em: V. I. L'é.nlne. Ob. 
cit., t. XXX. P. 9). 
«Todo o socialismo moderno, a partir do Mani-
1 esto Comunista, baseia-se na verdade incontroversa 
de que a única classe autenticamente revolucionária 
da sociedade capitalista é o proletariado. Todas as 
outras classes apenas podem ser e são revolucioná­
rias em parte, e em determinadas condições.> 
V. I. Lénine : Aventureirt.,,mo revoiucio­
nário (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. VI, 
p. 230). 
15 
J 
« [ . .. ] Pode dizer-se que todo O Capital de Marx 
se dedica a explicar a verdade de que as forças fun­
damentais da sociedade capitalista não são nem po­
dem ser outras que a burguesia e o proletariado: a 
burguesia, como construtora desta sociedade capita­
lista, como sua dirigente, como sua força motriz; o 
proletariado, como seu coveiro, como a única força 
capaz de a substituir. Dificilmente se encontrará nas 
obras de Marx um capítulo que não se dedique a 
isto.:. 
V. !. Lénlne: Informe sobre o trabalho no 
campo, pronunciado 001o 83 de Março de 
1919, no VIII Congresso do P. O. (b) 
(Em: V. !. Lénlne, Ob. cit., XXXI, 
pp. 67-68). 
« . .. As classes s6 podem ser abolidas pela dita­
dura dessa classe oprimida que foi educada, unida, 
ensinada e temperada por décadas de lutas políticas 
e grevistas contra o capital; só por essa classe que 
assimilou toda a cultura urbana, industrial e do 
grande capitalismo e que conta com a decisão e ca­
pacidade necessárias para a defender e preservar, 
desenvolver todas as suas conquistas e torná-las 
acessiveis a todo o povo, a todos os trabalhadores; 
só por essa classe capaz de enfrentar todos os gol­
pes, todas as provas, todas as contrariedades e os 
grandes sacrifícios que a história impõe inevitavel­
mente àqueles que rompem com o passado e se pro­
põem construir audazmente um caminho próprio 
para um futuro novo; só por essa classe cujos me­
lhores filhos sentem ódio e desprezo por todo o 
pequeno burguês e filisteu, pelas qualidades que 
tanto abundam entre a pequena burguesia, os em­
pregados de segunda ordem e a "intelectualidade"; 
s6 por essa classe que "passou pela endurecedora 
escola do trabalho
,, 
e que, pela sua eficácia, inspira 
l6 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
respeito a todos os trabalhadores, a todos os homens 
honestos.» 
V. I. Lénine: Saudação aos operários 
húngaros (Em: V. I. Lénine, Ob. c$t., 
t. XXXV, p. 259). 
«Ã classe operária estão destinados grandiosos 
objectivos, de envergadura histórica universal: li­
bertar a humanidade de todas as forças de opressão 
e exploração do homem pelo homem, em todo o 
mundo, e desde há já muitas décadas, persegue com 
tenacidade esses objectivos, estendendo incessante­
mente a sua luta e organizando-se em partidos de 
massas, sem se deixar abater pelas derrotas indivi­
duais nem por reveses passageiros.:. 
V. I. Lénlne: A autocracia e o prol6t<J.. 
riaào (Em: V. I. Lénlne, Ol>. cit., 
t. vm, p. 14). 
17 
li - A CLASSE OPERARIA NECESSITA DE CRIAR 
O SEU PARTIDO 
K. Marx, F. Engels· e V. I. Lénine não se limita­
ram a assinalar o papel histórico-mundial do prole­
tariado, classe destinada a transformar revoluciona­
riamente as condições sociais, protagonista principal 
da revolução socialista, mas, além disso, puseram 
em relevo que a dita classe deve organizar-se para 
combater pelos seus direitos e pelos seus objectivos 
politicos. A forma superior de organização é o par­
tido político próprio do proletariado sem o qual os 
operários não poderiam chegar a cumprir a sua 
missão histórica. 
Esta tese da necessidade da organização politica 
independente do proletariado é outra das premissas 
fundamentais da concentração marxista-leninista do 
partido. 
«Apenas se pensa que o proletariado deseja que 
se acorra em sua ajuda; não se pensa que ele não 
espera qualquer espécie de ajuda, a não ser de si 
mesmo.> 
K. Marx: Artigo periódico, 1844. 
« . . . Porquanto as classes possuidoras, longe de 
experimentarema mais pequena necessidade de se 
emancipar, ainda se opõem por todos os. meios a 
que a classe opérária se liberte ela própria, a revo-
19 
lução social terá de ser preparada e realizada uni­
camente pela classe operária.» 
F. Engels: Prefácio à segunda edição 
.a.Iemã de A situação da classe operária 
em Inglaterra, 1892 (Em: K. Marx· 
-F. Engels. Obras tNtcolhMas, Buenos 
Aires, Ed. Ciências do Homem, 1973, 
t. VII, pp. 395-396). 
«A classe operária possui um elemento de triunfo : 
o número.. Porém, o número não pesa na balança, 
se não estiver unido pela associação e guiado pelo 
saber.» 
K. Marx: Manf,Jesto inaugural da .Asso­
ciação Internacional do8 TrabaJihadoreis 
(Em: K. Marx-F. Engels, Ob. cit., t. V, 
p. 13). 
«0 proletariado transforma-se em força a partir 
do momento em que forme um partido operário in­
dependente, e a uma força há sempre que tê-la em 
conta.» 
F. Engels: A qiwstã.o m4:litwr na Prússia 
e o par.tido operário alemão. 
« . . . A classe operária não pode actuar como 
classe contra o poder partilhado pelas classes pos­
suidoras a não ser organizando-se e formando um 
partido político próprio frente a todos os velhos par­
tidos formados pelas classes possuidoras.» 
« . . . Esta organização da classe operária para for­
mar o partido político é indispensável para assegu­
rar a vitória da revolução socialista e alcançar a 
sua meta final : a supressão das classes ... » 
K. Marx e F. Engels: Resoluções da Con-
1 eréncia de De"llegados da .Associação 
Internacional elos Trabalhadore8. 
20 
ri-
ão 
;a 
X• 
os 
·3, 
1, 
o 
)­
� 
'· 
[' 
l 
1 
«Estamos todos de acordo que o proletariado 
não pode conquistar o seu domínio político - única 
porta. que dá acesso à nova sociedade - sem a re­
vohlção violenta. Para que o proletariado se veja 
bastante forte e possa vencer no momento decisivo, 
é indispensável - Marx e eu começámos a defender 
esta posição desde 184 7 - que forme o seu próprio 
partido de classe independente de todos os outros 
partidos e oposto a eles.» 
F. Engels: Carta a Gerson Trier, 18 de 
Dezembro de 1889. 
« [ . . . ] O proletariado deve aspirar a fundar par­
tidos políticos proletários independentes cujo objec­
tivo fundamental seja a conquista do poder político 
pelo proletariado, a fim de organizar a sociedade 
socialista. O proletariado não deve, nem por um 
momento sequer, considerar as outras classes e os 
outros partidos como "apenas uma massa reaccioná­
ria": pelo contrário, deve participar em toda a vida 
política e social, apoiar as classes e partidos pro­
gressistas contra os reaccionários, apoiar todo o mo­
vimento revolucionário contra o regime existente; 
deve s.er o defensor de toda a raça ou povo oprimido, 
de toda a religião perseguida, do sexo privado de 
direitos, etc.» 
V. I. Lénine: Protesto dos sociaJ-demo­
cratas da Rússia (Em: V. I. Lénine, 
Ob. cit., IV, pp. 179-180). 
« [ . . . ] Sem um partido de ferro, experimentado 
na luta, um partido que goze da confiança de todas 
as pessoas honestas da classe de que se fala, um 
partido capaz de observar o estado de espirito das 
massas e influir nele, essa luta não poderá efec­
tuar-se com êxito.» 
V. I. Lénine: O «esquerdismo:., doença 
infantil do comunismo (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. XXXIII, p. 149). 
21 
« [ . . . ] A social-democracia internacional organiza 
o proletariado num partido político independente, 
oposto a todos os partidos burgueses, dirige todas 
as manifestações da sua luta de classe, mostra-lhe 
o antagonismo irreconciliável entre os interesses dos 
exploradores e os interesses dos explorados e explica 
ao proletariado o significado histórico da revolução 
social que se avizinha e as condições necessárias 
para que se produza.» 
22 
111-0 PARTIDO É O DESTACAMENTO DE VAN­
GUARDA DA CLASSE 
Já no Manifesto do Partido Comunista K. Marx 
e F. Engels estabeleceram as relações e a diferença 
entre o partido e o conjunto do proletariado. Nas 
resoluções da Primeira Internacional sobre o papel 
dos sindicatos e sobre a luta política do proleta­
riado, os criadores do marxismo voltam a insistir 
nessa questão de princípio. 
Na época em que Lénine inicia a sua actividade 
revolucionária, em 1893, não existia um partido na 
Rússia marxista, mas apenas uma certa difusão de 
ideias marxistas entre a intelectualidade em oposi­
ção ao regime existente. O proletariado começava a 
ascender à luta reivindicativa e política. 
O problema em questão era o de construir um 
partido independente, marxista, revolucionário, da 
classe operária da Rússia multinacional. Um tipo de 
organização política capaz de superar o desmembra­
mento ideológico e a dispersão organizativa, um par­
tido capaz de guiar um movimento político revolu­
cionário. 
V. I. Lénine desenvolve um duro combate contra 
as raízes doutrinárias da dispersão das forças socia­
listas na Rússia - por exemplo, o culto da espon­
taneidade e o economismo - e ao fazer isto, vai 
mais além das condições específicas e da contingên­
cia política do momento e da Rússia, defrontando 
o problema do partido na sua fundamentação teórica 
23 
geral, demonstrando a sua necessidade em todos os 
casos, explicando a sua essência e determinando as 
formas concretas de organização. Empenha-se, em 
suma, na elaboração, no desenvolvimento da teoria 
sobre o partido como o elemento essencial e pre­
missa da própria construção do partido. 
A primeira manifestação da luta da. classe ope­
rária, como classe explorada, dá-se no campo econó­
mico, em forma de resistência, de defesa, de luta 
reivindicativa económica, contra a exploração capi­
talista. � a fase sindicalista da luta de classes. Al­
guns pretendiam e pretendem delimitar a luta ope­
rária e esse primeiro momento elementar (ainda que 
muito importante) da luta reivindicativa. Propõem 
que a luta política fique a cargo de outroe, na reali­
dade, da burguesia. Segundo eles, para realizar a 
sua luta (que vêem apenas como luta económica) o 
proletariado não necessita de um partido político, 
bastam-lhe as organizações sindica.is. 
Outros afirmavam e afirmam que o próprio pro­
letariado, por suas próprias forças, espontaneamente 
e sem a ajuda dos seus elementos mais conscientes 
agrupados num partido político, transporá os limites 
da luta económica e do grau de consciência que a 
ela corresponde e se elevará ao nível da consciência 
socialista. Assim, do movimento sindical, brotaria 
espontaneamente o impeto que levaria o proletariado 
a alcançar os seus objectivos históricos. 
Ambas as correntes ignoram as particularidades 
da luta de classe na época do capitalismo e do impe­
rialismo e, portanto, negam a necessidade do partido. 
De qualquer maneira, só o partido pode assegu­
rar a reunião de todas as formas de luta do prole­
tariado (económica, ideológica, politica, até atingir 
o revolução) e garantir assim a conquista do poder. 
O dirigente político da classe operária. é o partido 
marxista-leninista. 
« [ . . . ] O partido deve ser apenas o destacamento 
de vanguarda, o dirigente da imensa massa da classe 
operária que actua toda ela (ou quase toda) "sob 
24 
; os 
> as 
em 
:>ria 
pre-
)pe-
mó-
!uta 
!!.pi-
AI-
>pe-
que 
>em 
ali-
r a 
) o 
ico, 
�ro-
nte 
Ltes 
Ltes 
e a 
1.cia 
.ria 
1.do 
des 
pe-
do. 
gu-
>le-
gir 
ler. 
ido 
1to 
sse 
mb 
í 
1 . 
' 
t 
l 
• 
' 
o controle e a direcção" das organizações do partido, 
mas que, na sua totalidade, não pertence, nem pode 
pertencer ao "partido".» 
V. I. Lénine: Segundo diiscurso na dis­
cussão dos es.tatutos do Pa?1tiào. II Con­
gresso do P. O. S. D. R. (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit, t. VI, p. ·549). 
· « . . . Finalmente, não há, pois, que confundir o 
partido como destacamento de vanguarda da classe 
operária, com toda a classe. E nesta confusão ( ca­
racterística geral do nosso economismo oportunista) 
cai o camarada A.xelrod quando diz: «Em primeir-0 
lugar e, antes de tudo, penso eu, estamos a criar úma 
organização dos elementos mais activos do partido, 
uma organizaçãode revolucionários, mas devemos 
cuidar, visto que somos o partido de uma classe, 
de que não se ponham à margem do partido aqueles 
que conscientemente, embora não muito activamente, 
se tenham ligado a ele.» Em primeiro lugar, entre 
os elementos activos do partido operário social-de­
mocrata não se conta apenas a organização dos 
revolucionários, mas sim toda uma série de organii­
zações operárias reconhecidas como do partido. E, 
em segundo lugar, em virtude de que causa, de que 
lógica, se pode deduzir, pelo facto de sermos um 
partido de classe, a conclusão de que não é neces­
sário distinguir entre aqueles que fazem parte do 
partido e aqueles que se encontram ligados a ele'? 
Muito pelo contrário: precisamente por existir uma 
diferença quanto ao grau de consciência e de activi­
dade, é necessário estabelecer também uma diferença 
quanto ao grau de proximidade ao partido. Somos 
um partido de classe, razão pela qual quase toda a 
classe (e em tempo de guerra, nos períodos de guerra 
civil, absolutamente toda a classe) deve actuar sob 
a direcção do nosso partido, deve aderir ao nosso 
partido com a maior coesão possível, mas seria in­
correr em manilovismo e em "seguidismo" pensar 
25 
que toda a classe ou quase toda a classe nunca possa, 
sob o capitalismo, elevar-se até ao grau de cons­
ciência e de actividade do seu destacamento de van­
guarda, do seu partido social-democrata. Nenhum 
social-democrata sensato duvida que, sob o capita­
lismo, nem sequer as organizações sindicais (que 
são mais elementares e mais acessíveis ao grau de 
consciência das camadas não desenvolvidas) podem 
abranger toda a classe operária ou quase toda. 
Esquecer a diferença que existe entre o destaca­
mento de vanguarda e o conjunto das massas que 
gravitam à sua volta, esquecer o dever constante 
do destacamento de vanguarda de elevar a grupos 
cada vez mais amplos ao seu próprio nível de van­
guarda, só significa enganar-se a si próprio, fechar 
os olhos perante a imensidão das nossas tarefas, 
para torná-las pequenas.» 
V. I. Lénine: Um passo em frente, dois 
passos atrás (Em: V. I. Léoine, Ob. cit., 
t. VII, pp. 287-288 ). 
« . . . Só o partido comunista, se é realmente a 
vanguarda da classe revolucionária; se inclui os me­
lhores representantes da dita classe; se se compõe 
de comunistas conscientes e fiéis que tenham sido 
educados e preparados pela experiência de uma luta 
revolucionária tenaz ; se este partido logrou ligar-se 
indissoluvelmente a toda a vida da sua classe e, por 
meio dela, a todas as massas de explorados, e ganhar 
completamente a confiança de classe destas massas ; 
só tal partido é capaz de dirigir o proletariado na 
luta mais implacável, decisiva e final contra todas 
as forças do capitalismo.» 
V. I. Lénine: Teses para o II Congresso 
da Internacional CQmunista (Em: V. I. 
Lénlne, Ob. mt., t. xxxrn, p. 313). 
26 
«Üs marxistas têm uma op1ruao fundamental­
mente distinta acerca da relação entre as massas 
não organizadas (e não organizáveis durante longo 
tempo, às vezes durante decénios) e o partido, a 
organização. Para que as massas de determinada 
classe possa aprender a conhecer os seus interesses 
e a sua situação, aprender a aplicar a sua própria 
política, deve haver, quanto antes e a qualquer 
preço, uma organização dos elementos avançados da 
classe, ainda que, ao princípio, estes elementos ape­
nas constituam uma minúscula parte da classe. A 
fim de servir as massas e exprimir os seus interes­
ses, depois de ter definido correctamente esses inte­
resses, o destacamento de vanguarda, a organização, 
deve realizar toda a sua actividade entre as massas, 
atraindo a si as melhores forças sem excepção, com­
provando a cada passo, cuidadosa e objectivamente, 
se se mantém o contacto com as massas e se é um 
contacto vivo. Assim e só assim, a organização de 
vanguarda educa e instrói as massas, exprimindo os 
seus interesses, ensinando-lhes a organizar-se e 
orientando todas as actividades das massas para o 
caminho de uma consciente politica de classe.» 
V. I. Lénine: Como V. Zassulich «demolui 
o liquidacioní.smo (Em: V. I. Lénine, 
Ob. cit., t. XXX, pp. 161-162). 
« [ . . . ] Em todos os países, sempre e em toda a 
parte, existe, além do partido, um "amplo sector" 
de pessoas ligadas ao partido e a enorme massa da 
classe que funda o partido, o faz surgir e o ali­
menta». 
«0 partido é o sector politicamente consciente e 
avançado da classe, é a sua vanguarda. A força 
dessa vanguarda é dez, cem e mais vezes maior que 
o seu número.» 
«Isso é possível ? Acaso a força de centenas pode 
ser maior que a força de milhares?» 
27 
«Pode ser e é-o, quando as centenas estão orga­
nizadas.» 
«A organização decuplica a força.» 
«A consciência política do destacamento de van­
guarda manifesta-se, entre outras coisas, na sua 
capacidade de organizar-se. Ao organizar-se conse­
gue a unidade de vontade e essa vontade unida da 
vanguarda [ . . . ] converte-se na vontade da classe. 
O intermediário entre o partido e a classe é o "am· 
plo sector" (maior que o partido, mas mais estreito 
que a classe), o sector que vota pelos social-demo­
cratas, o sector que ajuda, simpatiza, etc.» 
V. I. Lénine: Id., ibid., p. 159. 
« . . . Pois não basta intitular-se "vanguarda", or­
ganização avançada: é preciso trabalhar de maneira 
que todas as outras organizações vejam e sejam 
obrigadas a reconhe_cer que marchamos na primeira 
fila. Perguntamos ao leitor: acaso os representantes 
das outras "organizações" são tão estúpidos que 
nos reconheçam como "vanguarda" só porque o di­
zemos?» 
V. 1. Lénlne: Q� fazer1 (Em: V. 1. LP­
nlne, Ob. cit., t. V, p. 480). 
«Só o partido que organize campanhas de denún­
cia que cheguem realmente a todo o povo poderá 
converter-se, nos nossos dias, em vanguarda das for­
ças revolucionárias. As palavras "a todo o povo" 
encerram um grande conteúdo. A imensa maioria 
dos denunciantes que não pertencem à classe operá­
ria e (para ser vanguarda é necessário, sobretudo, 
atrair outras classes) são políticos realistas e pes­
soas sensatas e práticas. Sabem muito bem quão 
perigoso é "queixar-se" até de um modesto funcio­
nário e nem falar se se trata do "todo-poderoso" 
governo russo. Por isso, só nos trarão as suas quei-
28 
a-
n-
1a 
e­
la 
e. 
a-
to 
o-
r­
:"a 
m 
:-a 
es 
ie 
Li-
n-
, 
r-a 
r-
)" 
ia 
, 
a-
o, 
s-
io 
o-
) " 
�i-
xas quando virem que podem surtir efeito, que re­
presentamos uma força política. Para chegar a uma 
força politica perante os outros, temos de trabalhar 
muito e com tenacidade a fim de elevar a nossa 
consciência, iniciativa e decisão; não basta pôr o 
rótulo de "vanguarda" a uma teoria e ter uma prá­
tica de retaguarda.> 
V. I. Lénine: ld., ibfld., pp. 485-486. 
29 
IV - ORGANIZAÇÃO PARA A LUTA ECONOMICA 
E ORGANIZAÇÃO PARA A LUTA POLITICA 
A definição dos objectivos juntamente com as 
condições concretas da luta do proletariado confi­
guram as formas de organização que correspondem 
a ,cada aspeeto da actividade social da clasEJe ope­
rária. Particularmente importantes são as organiza­
ções sindicais, surgidas para a luta reivindicativa e 
as organizações políticas, cujo trabalho se destina a 
resolver o confronto essencial de classes, a conquista 
de um novo poder estatal. 
Há que ajudar a transformar a luta económica a 
elevar-se aos planos mais complexos da luta polltica. 
Há que dar um conteúdo politico transcendente à 
própria luta económica. Isso não podem assegurar 
as organizações sindicais. :m indispensável a organi­
zação superior da classe: a organização dos revolu­
cionários num partido. 
Ambos os tipos de organizações (em geral, toda 
a série de organizações em que se agrupa o proleta­
riado e outros sectores de trabalhadores) devem li­
gar-se estritamente. O carácter desta ligação situa o 
p�rtido político dos revolucionários no papel de ins­
pirador, dirigente, coordenador do conjunto. O par­
tido orienta todas as formas da luta do proletariado 
e dos trabalhadores e - por sua vez- mantém-se 
estreitamente ligado às massas, actuando nas suas 
organizações naturais. 
31 
« ... A luta económica é a luta colectiva dos ope­
rários contra os patrões para alcançar melhores con­
dições de venda da sua /orça de trabalho e de vida, 
melhores condições de trabalho e de vida. :m, neces­
sariamente, uma luta sindical, porque as condições 
de trabalho são muito variadas nos diferentes sindi· 
catos e, portanto, a luta para as melhorar deve ser 
levada a cabo forçosamente por sindicatos (pelos 
sindicatos no Ocidente, por associações sindicais de 
carácter provisório e por meio de folhetos na Rús­
sia, etc.) . > 
V. I. Lénine: Que fazer1 (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. V, p. 459). 
«Todos sabem que a luta económica dos operários 
russos se estendeu em vasta escala e se consolidou 
paralelamente à aparição da "literatura" que denun­
ciava a situação económica (nas fábricas e nos sin­
dicatos). O conteúdo principal dos folhetos consistia 
em revelar o sistema existente nas fábricas e des­
pertou prontamente entre os operários, uma verda­
deira paixão por estas denúncias. Enquanto viram 
que os círculos dos social-democratas queriam e 
podiam proporcionar-lhes um novo tipo de folhetos 
onde se expunha toda a verdade sobre a sua vida 
miserável, o seu trabalho incrivelmente penoso e a 
sua falta de direitos, começaram a chover, por assim 
dizer, cartas das fábricas e oficinas. Esta "litera­
tura de denúncias" produziu uma enorme impressão, 
não só nas fábricas cujo sistema se criticava, mas 
também em todas as fábricas onde chegavam noti­
cias dos feitos denunciados. E como as necessidades 
e os padecimentos dos operários de empresas dife­
rentes e de sindicatos diferentes têm muito em 
comum, a "verdade sobre a vida operária" entusias­
mava todos. Entre os operários mais atrasados sur­
giu uma verdadeira paixão "por aparecer em letras 
grandes", paixão nobre por esta forma embrionária 
de guerra contra todo o regime social actual, ba-
32 
!J 
l 
.-
.-
:-
.-
n 
e 
s 
a 
a 
n 
L­
), 
. s 
í­
!S 
:!-
n 
:i­
r­
LS 
ia 
!l· 
seado na pilhagem e na opressão. E os "folhetos", 
na maior parte dos casos, eram por certo uma decla­
ração de guerra, porque a denúncia exercia uma in­
fluência muito estimulante, levava todos os operá­
rios a reclamar que se pusesse fim aos escândalos 
mais flagrantes e predispunha-os a apoiar as suas 
reivindicações por meio de greves. Os próprios donos 
das fábricas deviam reconhecer no fim de contas, 
a tal ponto a importância dos folhetos como decla­
ração de guerra que, em muitos casos, nem sequer 
quiseram esperar que começassem as hostilidades. 
Como sempre acontece, só a sua publicação conferia 
força às denúncias, que adquiriram o significado de 
uma poderosa pressão moral. Mais de '.lma vez bas­
tou que aparecesse um folheto para que as reivin­
dicações fossem satisfeitas total ou parcialmente. 
Numa palavra, as denúncias económicas (relativas 
às fábricas) foram e continuam a ser hoje uma mola 
importante da luta económica. E continuarão a con­
servar esta importância, enquanto subsistir o capi­
talismo que gera necessariamente a autodefesa dos 
operários. Nos países europeus mais avançados, po­
de-se observar ainda hoje, como as denúncias de 
abusos que ocorrem em alguma "indústria artesa­
nal", num lugar remoto, ou em qualquer espécie de 
trabalho caseiro, esquecida por todos, se converte 
em ponto de partida para despertar a consciência de 
classe, para iniciar a luta sindical e a difusão do 
socialismo.» 
« . . . A imensa maioria dos social-democratas 
russos esteve quase inteiramente absorvida por esse 
trabalho de organização de denúncias nas fábricas . 
Basta recordar o caso da Rab. Misl para advertir até 
que ponto estavam absorvidos por essa tarefa; de 
tal maneira que chegaram a esquecer que essa acti­
vidade não era ainda, só por si, na essência, social­
-democrata, mas apenas sindical. Na realidade, as de­
núncias apenas se referiam às relações dos operários 
de um determinado grémio com seus respectivos pa­
trões e o único objectivo que alcançavam era que 
33 
os vendedores da força de trabalho aprenderam a 
vender essa "mercadoria" com maiores vantagens 
e a lutar com os compradores ao nivel de transac­
ções puramente comerciais. As denúncias poderiam 
converter-se (sempre que a organização dos revolu­
cionários as utilizasse de modo adequado) em ponto 
de partida e elemento integrante da actividade so­
cial-democrata; mas também podiam conduzir (e 
com o culto da espontaneidade era iniludivel que 
assim fosse) a uma luta "puramente sindical'' e a 
um movimento operário não social-democrata. A so­
cial-democracia dirige a luta da classe operária não 
só para obter melhores condições de venda da força 
de trabalho, mas também para destruir o regime 
social que obriga os não possuidores a vender a sua 
força de trabalho aos ricos. A social-democracia 
representa a classe operária, não só na sua relação 
com um determinado grupo de empresários, mas 
também nas suas relações com todas as classes da 
sociedade contemporânea, e com o Estado como 
força política organizada. Compreende-se então, que 
os social-democratas, longe de se limitarem à luta 
económica, nem sequer podem admitir que a orga­
nização das denúncias económicas constitua a sua 
actividade predominante. Devemos empreender, com 
energia, a tarefa de educar politicamente a classe 
operária, desenvolver a sua consciência politica. » 
V. I. Lénine: Id., tbid., pp. 453-455. 
« . . . A luta económica apenas leva os operários a 
pensar na atitude do governo em relação à classe 
operária; por isso, por mais que nos esforcemos por 
"imprimir à própria luta económica um carácter 
político", nunca poderemos, no objectivo de tal ta­
refa, desenvolver a consciência política dos operá­
rios (até ao grau de consciência política social-de· 
mocrata), pois o dito objectivo é demasiado estreito. 
A teoria de Martinov é-nos valiosa, não como prova 
34 
de confusão do seu autor, mas porque nela existe 
em relevo o erro fundamental de todos os econo­
mistas, ou seja : a convicção de que se pode desen­
volver a consciência política de classe dos operários 
de dentro para fora, por assim dizer, ou seja, to­
mando apenas (ou pelo menos principalmente) essa 
luta como ponto de partida e baseando-se apenas (ou 
pelo menos principalmente) nessa luta. Este con­
ceito está errado na base; e como os "economistas", 
furiosos com a nossa polémica com eles, não querem 
reflectir com seriedade sobre a origem dos nossos 
desacordos, acabamos literalmente por não nos com­
preendermos e falarmos línguas diferentes. 
«A consciência política de classe apenas pode 
chegar ao operário de fora para dentro, quer dizer, 
de um campo situado fora da luta económica, à mar­
gem da esfera de relações entre os operários e pa­
trões. A única esfera, donde se pode extrair estes 
conhecimentos, é a das relações de todas as classes 
e camadas com o Estado e o governo, a esfera das 
relações de todas as classes entre si.» 
V. I. Lénlne : Id., ibid., p. 476. 
« . . . A luta política da social-democracia é muito 
maior e complexa que a luta económica dos operá­
rios contra os patrões e o governo. Do mesmo modo 
(e como sua consequência), é inevitável que a orga­
nização de um partido social-democrata revolucio­
nário seja de tipo diferente da organização dos ope­
rários para a luta económica. A organização dos 
operários deve ser, acima de tudo, sindical ; segundo, 
deve ser o mais ampla possível; terceiro, deve ser o 
menos clandestina possível (claro, que aqui e no 
que se segue, me refiro à Rússia autocrática) . Pelo 
contrário, a organização dos revolucionários deve in­
cluir antes e acima de tudo, as pessoas cuja profis­
são seja a actividade revolucionária (por isso falo 
de uma organização de revolucionários e refiro-me 
35 
aos social-democratas) . Dada esta caracterlstica 
comum aos membros de tal organização, deve desa­
parecer por completo toda a diferença entre operá­
rios e intelectuais,sem falar da que existe entre as 
diversas profissões de uns e outros. � imprescindí­
vel que essa organização não seja muito ampla, mas 
o mais clandestina possível.» 
V. I. Lénine: ld., tlrid., p. 506. 
«Organizem-se!, repete aos operanos a Rabót­
chaia Misl, nos mais diversos números e com ela 
todos os partidários da corrente "economista". Como 
é natural, solidarizamo-nos inteiramente com esta 
palavra de ordem, mas acrescentamos: organizem-se 
não só e.m sociedades de ajuda mútua, em caixas de 
greves e em circulos operários, mas também num 
partido político, para a luta decidida contra um go­
verno autocrático e contra toda a sociedade capita­
lista. Sem esta organização, o movimento operário 
não é capaz de se elevar até ao nível de uma luta 
consciente; sem esta organização, o movimento ope­
rário está condenado à impotência; só com as caixas 
de greves, os círculos e as sociedades de ajuda mútua, 
a classe operária jamais conseguirá cumprir a sua 
grande missão histórica: emancipar-se a si própria 
e emancipar todo o povo russo da sua escravidão 
política e económica.» 
V. I. Lénine: T<11ref<JJ8 urfJ&ntes do no880 
�o (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., 
.t. IV, pp. 377 -378) . 
«Üs organizações operárias para a luta econó­
mica devem ser organizações sindicais. Todos os ope­
rários social-democratas devem apoiar, o mais pos­
sível, essas organizações e trabalhar activamente 
nelas. De acordo. Mas é, por certo, estranho aos nos-
36 
ca 
a­
á-
!l.S 
lí­
UJ 
t­
la 
lO 
:a 
�e 
le 
n 
)-
l.­
.o 
.a 
. s 
t, 
a 
a 
o 
<> 
., 
sos interesses a exigência de que só os social-demo­
cratas possam ser membros das associações "gre­
miais", pois que isso reduziria o alcance da nossa 
influência nas massas. Que participem na associação 
gremial todos os operários que compreendam a ne­
cessidade de se unirem para lutar contra os patrões 
e o governo. O objectivo das associações gremiais 
seria inatingível, se não agrupassem todos os operá­
rios capazes de aí se incluírem ainda que esta noção 
seja elementar, se não fossem organizações gremiais 
muito amplas. E quanto mais amplas forem, tanto 
maior será o nosso ascendente sobre elas, exercido 
não só pelo desenvolvimento "espontâneo" da luta 
económica, mas também pela influência directa e 
consciente dos membros socialistas dos sindicatos 
sobre os seus camaradas.» 
V. l. Lénine: Que fazur-1 (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. V., pp. 507-508). 
« . . . Que os sindicatos devem actuar "debaixo do 
controle e direcção" das organizações social-demo­
cratas é algo acerca do qual não pode haver duas . 
opiniões entre os social-democratas.» [ . . . ] «0 par­
tido deve esforçar-se e esforçar-se-á por inculcar o 
seu espírito, por submeter, à sua influência, as asso­
ciações gremiais, mas para alcançar isto terá exacta­
mente de distinguir, entre os elementos totalmente 
social-democratas (filiados no Partido Social-Demo­
crata) destas associações dos que não tenham adqui­
rido total consciência de classe, que não sejam de 
todo politicamente activos, e não deverá confun­
di-los . . . » 
V. I. Lénine: Um passo em frente, dol9 
pas808 atrás (Em: V. I. Lénine, Ob. 
cm., t. VII, pp. 291 e 292). 
� «Todo o partido, que deseje pertencer à Inter-
nacional Comunista, deve realizar persistente e sis-
37 
· ! 
tematicamente trabalho comunista nos sindicatos, 
cooperativas e outras organizações operárias de 
massas. E se necessário, formar células comunistas 
nos sindicatos que, com trabalho prolongado e tenaz, 
devem ganhá-los para a causa do comunismo. Estas 
células têm o dever de desmascarar em cada aspecto 
do trabalho quotidiano, a traição dos social-patrio­
tas e as vacilações do "centro". Devem estar inte­
gralmente subordinados ao partido no seu con­
junto.» 
V. I. Lénine: Teses para o II Congresso 
da InternaoKmal Comumsta. (Em: V. I. 
Lénine, Ob. cit., t. XXXIII, p. 332). 
«No seu trabalho, o partido apoia-se directa­
mente nos sindicatos, que têm agora, segundo os 
dados do último Congresso (Abril de 1920), mais 
de quatro milhões de filiados e que formalmente são 
apartidários. Na realidade, todos os organismos di­
rigentes da grande maioria dos sindicatos e sobre­
tudo o do centro, ou gabinete geral de sindicatos de 
toda a Rússia (Conselho Central de Sindicatos de 
toda a Rússia) são compostos por comunistas e apli­
cam todas as directivas do partido. Temos assim, em 
conjunto, um aparelho proletário formalmente não 
comunista, flexível e, relativamente amplo e muito 
poderoso, por meio do qual o partido está estreita­
mente ligado à classe e às massas, e por meio do qual 
se exerce, sob a direcção do partido, a ditadura da 
classe.» 
V. I. Lénine: O «esqwe:rdisrno», ãatmça 
infantil do comunismo (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. ciit., t. XXXIII, pp. 152-153). 
38 
V - O PARTIDO E AS MASSAS 
Segundo a concepção marxista-leninista do par­
tido, este é o destacamento de vanguarda da classe 
operária, um sector dela, o mais avançado, organi­
zado e decidido. Ao mesmo tempo, deve existir uma 
ligação sólida, estreita, dinâmica e permanente entre 
a parte e o todo, entre a classe operária e os traba­
lhadores e a sua força dirigente. 
O partido não poderia actuar como uma força 
política e cumprir a sua função dirigente, se as mas-
. sas operárias e todos os trabalhadores não vissem 
nele o seu guia seguro, se não reconhecessem o seu 
ascendente político e a sua autoridade. Só resolvendo 
esse problema é que se adquire a capacidade de con­
duzir as massas, atributo fundamental de todo o 
partido marxista-leninista maduro. 
O partido revolucionário não é um fim em si 
mesmo, é um instrumento do proletariado para im­
pulsionar e garantir a vitória da revolução, para 
encaminhar o proletariado e os outros trabalhadores 
�té ao poder político. :m o partido das massas, a sua 
própria raiz e deve chegar a dirigi-las, contribuindo 
para as organizar, ajudando a educá-las política e 
ideologicamente, desenvolvendo a sua iniciativa e 
mobilizando-as para que cumpram com êxito as suas 
tarefas. 
« . . . Um dos erros mais graves e perigosos come­
tidos pelos comunistas [ . . . ] é a ideia de que uma re-
39 
volução pode ser feita só pelos revolucionários. Pelo 
contrário, para o êxito de todo o trabalho revolucio­
nário honesto é necessário compreender e saber 
aplicar na prática que os revolucionários apenas são 
capazes de desempenhar o papel como vanguarda da 
classe verdadeiramente viável e avançada. A van­
guarda cumpre apenas as suas tarefas como van­
guarda quando é capaz de não se isolar da massa 
que dirige e se é verdadeiramente apta a conduzir 
toda a massa para a frente.». 
V. I. Lén1ne: O significado � materia­
ltsm.o milttanite (Em: V. I. Lénlne. 
Ob. oit., t. XXXVI, p. 191 ) . 
« . . . Se não queremos ser um partido de massas 
apenas de nome, devemos inserir na participação em 
todos os assuntos do partido de massas cada vez 
mais amplas, elevando-as constantemente da indif e­
rença política à contestação e à luta, do espírito geral 
de contestação à identificação consciente com as 
ideias social-democratas, da identificação com estas 
ideias ao apoio do movimento, do apoio à participa­
ção organizada dentro do partido.» 
V. I. Lén1ne: Carta à Redacção da «ls­
kra> (Em: V. I. Lénlne, Ob. cit., t. VII, 
p. 127). 
« . . . De nada serve falar do papel da social-demo­
cracia como vanguarda da revolução, se nem sequer 
conhecemos bem o estado de espírito das massas, 
se não soubermos fundir-nos com elas, mobilizá-las.:. 
«A nossa obrigação é aprofundar e estender o 
trabalho entre as massas e a influência sobre 
elas. [ . . . ] Todo o sentido da nossa rigorosa indepen­
dência, como partido do proletariado, consiste, em 
grande parte, em que devemos realizar sempre e sem 
vacilações esta tarefa marxista para elevar no pos­
sível toda a classe operária ao nível da consciência 
da social-democracia [ . . . ] 
40 
«Sem este trabalho, a acção política degeneraria 
inevitavelmente num jogo, já que o trabalho politico 
apenasadquire um significado sério para o proleta­
riado, na medida em que desperta a massa de uma 
determinada classe, conquista o seu interesse e a 
mobiliza para tomar parte activa e dirigente nos 
acontecimentos.» 
V. I. Léni.ne: Sobre a confusão de poli­
tica e �agogia (Em: V. I. Léni.ne, 
Ob. cit., t. VIII, pp. 526 e 527 ) . 
«A política séria só pode ser executada pelas 
massas; mas as massas a partidárias que não seguem 
a direcção de um partido forte são massas desuni­
das, ignorantes, incapazes de se manterem firmes, 
propensas a converter-se em joguete nas mãos de 
políticos hábeis que surgem "a tempo" das fileiras 
das classes dominantes para aproveitar as circuns­
tâncias "favoráveis".» 
V. I. Lénine: Os apartidá.rio.s estão des­
concertados (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., 
t. XX, p. 192). 
«A revolução proletária não pode levar-se a cabo 
sem contar com a simpatia e o apoio da grande 
maioria dos trabalhadores à sua vanguarda, o pro­
letariado. Mas esta simpatia e apoio não aparecem 
espontaneamente, não se decidem por eleições, mas 
conquista-se no decorrer de uma longa, difícil e dura 
luta de classes. A luta de classes que liberta o prole­
tariado porque se ganha a simpatia, porque se ganha 
o apoio da maioria dos trabalhadores, não termina 
com a conquista do poder político pelo proletariado. 
Esta luta 1ffOssegue depois da conquista do poder, 
só que sob outras formas.» 
V. I. Lénine: Saudação aos comunistas 
italianos, frM&Cese8 e alemães (Em: 
V. I. Léni.ne, Ob. oit., t. XXXII, p. 34). 
41 
«Esta absurda "teoria" de que os comunistas não 
devem trabalhar nos sindicatos reaccionários de­
monstra do modo mais evidente com que ligeireza 
consideram os comunistas "de esquerda" o problema 
da influência nas "massasn e de que modo abusam 
do seu palavreado acerca das "massas". Se se quer 
ajudar as "massas" e conquistar a simpatia e o apoio 
das "massas", não há que temer as dificuldades, as 
alfinetadas, as tramóias, os insultos e as persegui­
ções dos "dirigentes" (que, por serem oportunistas 
e social-chauvinistas, estão, na maioria dos casos, 
directa ou indirectamente ligados à burguesia e à 
polícia) , mas deve-se trabalhar sem falta ali onde 
estão as massas. Há que saber fazer toda a espécie 
de sacrifícios, vencer maiores obstáculos para levar 
a cabo a agitação e a propaganda de forma sistemá­
tica, tenaz, perseverante e paciente naquelas insti­
tuições, sociedades e associações, por reaccionárias 
que sejam, onde haja massas proletárias ou semi­
proletárias. » 
«0 Comité Executivo da m Internacional deve, 
a meu ver, condenar terminantemente e exigir que o 
próximo Congresso da Internacional Comunista con­
dene tanto a política de se negar a trabalhar nos 
sindicatos reaccionários em geral (explicando em 
pormenor porque é que semelhante negação é um 
disparate e que prejuízo enorme traz à causa da 
revolução proletária) como, em particular, a linha 
de conduta de alguns membros do Partido Comu­
nista Holandês, que - embora de forma directa ou 
indirecta, aberta ou encoberta, total ou parcial, é 
a mesma coisa, têm apoiado esta política errada.» 
V . I. Lén.ine: O «esquerrdismo», doença 
'1if am;til <bo comunism<> (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. XXXIII, pp. 158, 160). 
«0 nosso objectivo permanente que não devemos 
perder de vista nem por um instante, tem de ser a 
organização especial de um partido, independente, 
42 
do proletariado, que através de todos os ensejos de­
mocráticos aspire à revolução socialista total. Mas 
voltar as costas por este motivo, ao movimento cam­
ponês seria um caso de filisteísmo e pedantismo 
sem remédio. Não, o carácter revolucionário e demo­
crático deste movimento é indiscutível e devemos 
apoiá-lo 
·
com todas as nossas forças, desenvolvê-lo, 
convertê-lo em movimento politicamente consciente 
dos seus objectivos e do seu carácter de classe, im­
pulsioná-lo para a frente, marchar com ele, passo 
a pas�o até ao fim, pois nós iremos muito mais além 
do objectivo final de qualquer movimento do cam­
pesinato; nós propomos pôr fim definitivamente a 
toda a divisão da sociedade em classes.» 
V. I. Lénine. A «redistribuição gerai da 
terral'» norte-americana segundCJ Marx 
(Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. VIII, 
p. 342). 
43 
VI - O CENTRALISMO DEMOCRATICO 
Demonstrada a necessidade da organização polí­
tica, restava resolver outra questão: de que forma 
deve organizar-se a vanguarda da classe para ga­
rantir o exercício do papel que está chamada a de­
sempenhar e tornar mais eficiente a sua intervenção 
na actividade social transformadora. 
K. Marx, F. Engels e V. 1. Lénine elaboraram 
os fundamentos ou princípios orgânicos do partido. 
Não se trata de opiniões fortuitas, mas que resumem 
o estudo critico das experiências do movimento ope­
rário revolucionário e de libertação nacional. 
Aqui se enlaçam, do modo mais estreito, a teoria 
e a prática. A ciência sobre o partido e as suas re­
gras de existência não foi criada de uma vez para 
sempre. Desenvolveu-se, enriqueceu e concretizou-se 
no processo de aparecimento e fortalecimento do 
próprio partido e no decorrer da sua actividade di­
rigente da luta de classe do proletariado. Por isso 
mesmo, não se deve compreender como um enume­
rado de regras estáticas, mas como um guia essen­
cial que se deve aplicar em diversas condições his­
tóricas e que conserva a sua vitalidade e perma­
nência. 
Os fundadores do marxismo-leninismo frisaram 
o centralismo democrático como o principio funda­
mental da organização e da vida interna do partido. 
São dois aspectos de um todo único, que longe de 
45 
se excluírem - como dizem os inimigos do prole­
tariado - se conjugam e completam mutuamente. 
O centralismo e a disciplina são necessários para 
que o partido actue com uma vontade comum, única 
e assegure a coordenação do trabalho. Ao mesmo 
tempo, só se pode alcançar e consolidar esta von­
tade discutindo conjuntamente os problemas e apro­
vando decisões obrigatórias para todos. A vontade 
comum, cristalizada nas decisões do partido, é fruto 
da democracia interna. 
« . . . Todos estão de acordo que o "amplo princí­
pio democrático" supõe estas duas condições impres­
cindíveis: em primeiro lugar, uma publicidade com­
pleta e, em segundo lugar, o carácter electivo de 
todos os cargos. Seria ridículo falar de espírito de­
mocrático sem publicidade e, aliás, sem uma publi­
cidade que não se limite aos membros da organiza­
ção do Partido Socialista Alemão, porque nele tudo 
se leva a cabo publicamente, inclusive as sessões dos 
seus congressos ; mas nada chamará de democrática 
uma organização que se oculte de todos os que não 
sejam seus membros por trás de um véu secreto. 
Portanto, que sentido tem propor um amplo princí­
pio democrático, quando a sua condição fundamental 
é irrealizável para uma organização secreta ?» 
«Sem falar ainda no segundo atributo de demo­
cracia, o carácter electivo. Nos países que gozam 
de liberdade política, esta condi�ão está resolvida. 
[ . . . ] Todos sabem que determinado dirigente polí­
tico começou de tal maneira, seguiu tal evolução, 
como agiu num momento difícil da sua vida, que 
se distingue em geral por certas qualidades; por­
tanto, é natural que todos os membros do partido 
o possam eleger ou não, com conhecimento de causa, 
para determinado cargo. O controle total (no sen­
tido literal da palavra) de cada um dos passos do 
filiado do partido, ao longo da sua carreira política, 
cria um mecanismo de acção automática, cujo re­
sultado é o que em Biologia se chama "sobrevivência 
46 
dos mais aptos". A "selecção natural" produto da 
verdadeira publicidade, do carácter electivo e do 
controle total, assegura finalmente que, cada diri­
gente permaneça "no seu lugar", se encarregue da 
tarefa que melhor esteja de acordo com as suas for­
ças e com as suas aptidões, sinta todas as conse­
quências dos seus erros e demonstre acima de tudo 
a sua capacidade para os reconhecer e evitar.» 
V. I. Lénine: Que fazer� (Em: V. I. Lé­
nine.Ob. cit., t . V, pp. 530, 531 ) . 
«As condições em que o nosso partido deve de­
senvolver a sua actividade modificaram-se radical­
mente. Conquistou-se a liberdade de reunião, de 
associação, de imprensa. Naturalmente, estes direi­
tos são muito precários e confiar nas actuais liber­
dades seria uma loucura, senão um crime. Ainda 
nos espera a luta decisiva e a preparação para essa 
luta deve ser posta em primeiro plano. A clandesti­
nidade do partido deve ser mantida. Mas, ao mesmo 
tempo, é absolutamente necessário aproveitai" ao 
máximo as possibilidades actuais relativamente am­
plas. Ê absolutamente necessário criar, além da 
clandestinidade do partido, novas organizações do 
partido (e organizações ligadas ao partido) legais 
e semilegais. » 
« . . . Nós, representantes da social-democracia re­
volucionária, os partidários da "maioria", temos 
dito várias vezes que a democratização total do par­
tido era impossível nas condições de trabalho clan­
destino; que, em tais condições o "princípio de elec­
tividade" é apenas uma frase. [ . . . j Mas nós, os bol­
cheviques, afirmámos sempre que em novas condi­
ções, quando se alcançassem liberdades politicas, 
seria indispensável adoptar o princípio de electivi­
dade.» 
«Assim, pois, a tarefa é clara : conservar agora 
a clandestinidade e desenvolver um outro aspecto, o 
47 
legal [ . . . ] convocar o IV Congresso sobre a base 
dos estatutos e ao mesmo tempo começar, já, em 
seguida, a aplicar o princípio de electividade.» 
« . . . Com efeito, já chegou, ou pelo menos e.stá 
a chegar, o momento em que o princípio de electivi­
dade pode ser aplicado na organização do partido 
não com palavras, mas nos factos ; não como uma 
frase bonita e oca, mas sim como um princípio ver­
dadeiramente novo, verdadeiramente renovador, que 
amplie e reforce os laços do partido. A "maioria", 
personificada no c. C., exigiu directamente a ime­
diata aplicação e implantação do princípio de elec­
tividade. » 
V. I. Lénine: Sobre a re<Yrgawização do 
Partido (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., 
.t. X. pp. 23, 24 e 32). 
« . . . O partido é um conjunto de organizações in­
terligadas num todo único. O partido é a organiza­
ção da classe operária, espalhada numa rede das 
mais diversas organizações locais e especiais, cen­
trais e gerais.» 
V. I. Lénine : Como V. Za.s.sulich combate 
o Ztqu.tdacionismo (Em: V. I. Lénine, 
Ob. cit., t. XX, p. 155) . 
« . . . A unidade em matéria de programa e em ma­
téria de táctica é condição essencial, mas de modo 
algum suficiente para alcançar a unificação do par­
tido [ . . . ] Este último requer, além disso, unidade 
de organização que, num partido que começa apenas 
a sair dos limites de um círculo familiar, é inconce­
bível sem estatutos formais, sem a subordinação da 
minoria à maioria, da parte ao todo. Enquanto não 
existia entre nós unidade em relação aos problemas 
fundamentais de programa e táctica, admitíamos 
abertamente que vivíamos ainda num periodo de 
dispersão e de círculos separados, declarámos aber-
48 
tamente que, antes de nos unirmos, era necessar10 
traçar uma linha demarcatória ; nem sequer falámos 
dos moldes de uma organização conjunta, mas dis­
cutimos exclusivamente os novos (e nisso então 
eram novos de verdade) problemas da luta progra­
mática e táctica contra o oportunismo. Mas agora 
esta luta, como todos o reconhecemos, já produziu 
um grau de unidade suficiente, como foi formulado 
no programa e resoluções do partido sobre proble­
mas de táctica ; tínhamos de dar o passo seguinte 
e demo-lo de comum acordo, elaborando os moldes 
de uma organização única que unificaria todos os 
círculos.» 
V. I. Lénine: Um passo em frente, doi.! 
passos atrá.s (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., 
t. VII, p. 415). 
« . . . Burocracia versus democracia significa, na 
realidade, centralismo versus autonomismo ; é o 
princípio de organização da social-democracia revo­
lucionária oposto ao princípio de organização dos 
oportunistas da social-democracia. Este último pro­
põe-se agir de baixo para cima, razão pela qual de­
fende, sempre que seja possível e até onde seja pos­
sível, o autonomismo e a "democracia" levados (por 
aqueles que pecam por excesso de zelo) até ao anar­
quismo. O primeiro, pelo contrário, propõe-se agir 
de cima para baixo e defende a necessidade de au­
mentar os direitos e atributos do centro em relação 
às partes. Na época da desunião e dos círculos se­
parados, essa linha, da qual a social-democracia re­
volucionária procurava avançar de um modo orga­
nizado, era inevitavelmente um dos círculos, o que 
gozava de maior influência pela sua actividade e 
firmeza revolucionárias (no nosso caso a organiza­
ção da lskra). Ao estabelecer-se a unidade real do 
partido e ao dissolver-se nela os círculos antiquados 
essa linha é necessariamente o congresso do partido, 
como órgão supremo deste ; o congresso agrupa no 
49 
possível representantes de todas as organizações 
activas e, ao designar os organismos centrais . . . faz 
deles a linha até ao congresso seguinte. 
V. I. Lénine: Id., ibid., p. 425. 
« . . . E apenas porque o partido permanecia alerta, 
porque mantinha a mais rigorosa disciplina, porque 
a autoridade do partido unia todas as instituições 
e departamentos governamentais, porque dezenas, 
centenas, milhares e em último caso milhões de pes­
soas executaram como um só homem a palavra de 
ordem lançada pelo e. e. ; apenas porque se fizeram 
sacrifícios inauditos ; apenas devido a tudo isto foi 
possível o milagre que se deu. Só devido a tudo isto 
pudemos derrotar as campanhas repetidas dos im­
perialistas da Entente e dos imperialistas de todo o 
mundo. Naturalmente, não frisemos apenas este as­
pecto da questão, apesar de devermos ter presente 
que isto nos ensina que, sem disciplina e sem cen­
tralização, nunca teríamos podido levar a cabo esta 
tarefa. Os sacrifícios incríveis, que temos feito para 
salvar o país da contra-revolução, para que a revo­
lução russa triunfe sobre Denikine, Iudénich e Kol­
chak, são uma garantia para a revolução socialista 
mundial. Para alcançar isto era necessária a disci­
plina do partido, a mais rigorosa centralização, a 
segurança absoluta de que os inumeráveis sacrifí­
cios de dezenas e centenas de milhares de homens 
nos ajudariam a realizar todas essas tarefas, de que 
isso, efectivamente, podia se·r levado a cabo, podia 
ser cumprido. Mas para isso era necessário que o 
nosso partido e a classe que exerce a ditadura, a 
classe operária, servissem como elementos unifica­
dores de milhões e milhões de trabalhadores, tanto 
na Rússia como em todo o mundo.» 
V. I. Lénine: IX Congresso do P.C.(b)R. 
(Em: V. r. Lénine, Ob. cit., . t. X.XXII!, 
pp. 31-32). 
50 
«Na nossa imprensa sempre defendemos a demo­
cracia interna do partido. Mas nunca falámos contra 
a centralização do partido. Somos partidários do 
centralismo democrático.» 
V. I. Lénine: Ao secretário da «Liga para. 
cv Propaganda. Socialiista» (Em: V. I. 
Lénine, Ob. cit., t. xxm, p. 58). 
«Somos partidários do centralismo democrático. 
E é necessário que se compreenda com clareza que 
uma diferença enorme separa, por um lado, o cen­
tralismo democrático do centralismo burocrático e 
do anarquismo, por outro. Os adversários do centra­
lismo propõem sempre a autonomia e a federação 
como meios para combater as contingências do cen­
tralismo. Na verdade, o centralismo democrático não 
exclui a autonomia, muito pelo contrário, pressupõe 
a necessidade da mesma. Na realidade, inclusiva­
mente a federação, quando se realiza dentro dos li­
mites razoáveis do ponto de vista económico, quando 
se fundamenta em peculiaridades nacionais impor­
tantes que provocam uma verdadeira necessidade de 
determinada separação estatal, inclusivamente a 
federação não contradiz de modo algum o centra­
lismo democrático. Frequentemente a federação, sob 
um regime autenticamente democrático e, mais 
ainda, com a organização soviética do Estado, é ape­
nas um passo de para o verdadeiro centralismo de­mocrático. O exemplo da República Soviética da 
Rússia mostra-nos com especial evidência que a fede­
ração, que estamos a implantar e será implantada, é 
agora o passo mais seguro para alcançar a união 
perpétua das diferentes nações da Rússia num Es­
tado soviético único, democrático e centralizado.» 
V. I. :i;...énine: Pri-mieWa variante ® artigo 
«As tarefas imediatas do povo sovié­
. ticO» (Em: V. I. Lénine, Ob. ait., 
t. XXVIII, p. 430). 
51 
« . . . Os partidos que pertencem à Internacional 
Comunista devem estar organizados de acordo com 
o princípio do centralismo democrático. Nesta época 
de acentuada guerra civil, o Partido Comunista só 
poderá cumprir o seu dever se estiver organizado 
na forma mais centralizada possível, se predominar 
nele uma disciplina férrea, a tocar a disciplina mi­
litar, se tiver centros do partido fortes e com auto­
ridade, investidos de amplos poderes e que gozem 
da confiança total dos membros do partido.» 
V. I. Lénlne: Teses para o li Congresso 
da l'Wternaci;cmal Carnunista (Em: V. 
I. Lénine, Ob. ciit., t. XXXIII, p. 333). 
«Ü Partido Operário Social-Democrata Russo é 
um partido organizado na forma democrática. Isto 
significa que todos os assuntos do partido devem 
ser discutidos - directamente ou por meio de repre­
sentantes - por todos os membros do partido num 
plano de igualdade de direitos, sem excepção; além 
disso, todos os funcionários, todos os organismos 
de direcção e todas as instituições do partido são 
elegíveis, responsáveis perante os filiados pela sua 
gestão e substituíveis. 
V. I. Lénine: A social-democracia. e as 
eleições à Duma (Em: V. I. Lénine, 
Ob. cit., t. XI, p. 478). 
« . . . A experiência da vitoriosa ditadura do prole­
tariado na Rússia demonstrou claramente, inclusi­
vamente aqueles que são incapazes de pensar ou não 
tiveram ocasião de reflectir sobre o ·problema, que 
a centralização absoluta e a rigorosa disciplina do 
proletariado são condições essenciais para a vitória 
sobre a burguesia [ . . . ] » 
«As primeiras perguntas que surgem são: como 
se mantém a disciplina do partido revolucionário do 
52 
proletariado, como se a demonstra, como se a re­
força? Primeiro, pela consciência à!e classe da van­
guarda do proletariado e pela sua fidelidade à revo­
lução, pela sua tenacidade, abnegação e heroísmo. 
Segundo, pela sua capacidade de se unir, de estabe­
lecer o mais estreito contacto e, se for preciso, de 
se fundir, em certa medida, com as mais amplas 
massas niio proletárias. Terceiro, pela linha política 
correcta que essa vanguarda segue, pela correcção 
da sua estratégia e táctica políticas, sempre que as 
massas se convençam, por experiência própria, de 
que são correctas. Sem estas condições é impossível 
obter disciplina num partido revolucionário verda­
deiramente capaz de ser o partido da classe avan­
çada, cuja missão é derrubar a burguesia e transfor­
mar toda a sociedade.» 
V. I. Lénlne: O «esquerdismo», doença 
infantil do comunismo (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. XXXIII, pp. 128-129). 
« . . . Estamos dispostos a repetir uma vez mais 
os princípios fundamentais de organização cuja acei­
tação é, a nosso ver, indispensável para a união: 
1) a minoria deve submeter-se à maioria (não con­
fundir maioria e minoria entre aspas; trata-se do 
princípio de organização de um partido em geral e 
não da fusão da "minoria" com a "maioria", acerca 
da qual se falará mais adiante). De um modo 
abstracto, é possível imaginar a fusão nessa forma, 
que haja "mencheviques" e "bolcheviques" em igual 
número, mas mesmo assim seria impossível a fusão, 
sem aceitar o princípio de obrigação da submissão 
da minoria à maioria. 2) O organismo supremo do 
partido deve ser o congresso, quer dizer, uma assem­
bleia de delegados de todas as organizações com 
plenos direitos; a decisão destes delegados deve ser 
definitiva (este é o principio de representação de­
mocrática, em oposição ao princípio de conferências 
·Consultivas, cujas decisões devem ser confirmadas 
por votação das organizações, quer dizer, por um 
plebiscito) . 3) As eleições do organismo central do 
partido (ou dos seus organismos centrais) devem 
ser directas e realizadas no congresso. As eleições 
fora do congresso, as eleições indirectas, etc., são 
inadmissíveis. 4) Todas as publicações partidárias, 
tanto locais como centrais, devem depender incondi­
cionalmente do congresso e da organização corres­
pondente local ou central. :m inadmissível a existên­
cia de publicações partidáras que não estejam liga­
das ao partido. 5) O conceito de filiação no partido 
deve ser definido com precisão absoluta. 6) Igual­
mente devem ser definidos com precisão nos estatu­
tos os direitos da minoria do partido.» 
«Tais são, na nossa opinião, os princípios de 
organização absolutamente obrigatórios, cuja não 
aceitação torna impossível a união.» 
V. I. Lénlne: Pr6Zogo ao folheto «08 ope­
rário8 e a cisão no Partido> (Em: V. I. 
Lénine, Ob. cit., t. IX, pp. 160-161) . 
Si 
VII - O PARTIDO E A TEORIA 
O partido revolucionário consolida-se e desen­
volve a sua acção de organizador e dirigente da 
classe operária e das massas trabalhadoras e opri­
midas, partindo de uma firme base teórica, o socia­
lismo científico, de K. Marx, F. Engels e V. 1. Lé­
nine. 
O partido não só guia as suas tarefas quotidia­
nas pela teoria marxista-leninista, aplicando-a se­
gundo uma perspectiva criadora às condições his­
tóricas objectivas, mas também é sua principal fun­
ção facilitar a fusão dessa teoria com o movimento 
operário a fixp. de dotar este último da plena cons­
ciência dos seus objectivos históricos. Isso implica 
elaboração, aplicação, desenvolvimento da teoria. 
O partido é, portanto, o portador da ciência mar­
xista-leninista que toma como base teórica. de toda 
a sua actividade entre as massas e como norma da 
sua própria vida. ·� também difusor dessa própria 
ciência, ao situar como tarefa essencial e perma­
nente, o aumento constante do nível de consciência 
de um número cada vez maior de operários e traba­
lhadores e, finalmente, é o defensor da teoria revo­
lucionária contra os propósitos destinados a negá-la 
ou a ignorá-la, propósitos que provêm dos inimigos 
do proletariado.> 
« . . . Não pode haver um partido socialista forte 
sem uma teoria revolucionária que una todos os so-
ss 
cialistas, de onde estes extraiam todas as suas con­
vicções e a apliquem nas suas formas de luta e mé­
todos de acção.» 
V. I Lénine: Artigos para «Rabótchaia 
Gazeta>: O Nosso Programa (Em: V. 
I. Lénine, Ob. cit., t. IV, p. 215). 
« . . . O movimento de libertação mais poderoso da 
classe oprimida, a classe mais revolucionária da his­
tória, é impossível sem uma teoria revolucionária. 
Essa teoria não pode ser inventada. Nasce da união 
da experiência revolucionária e do pensamento re­
volucionário de todos os países do mundo. Tal teoria 
desenvolveu-se na segunda metade do século XIX. 
Chama-se marxismo. Não se pode ser socialista nem 
social-democrata revolucionário sem participar, com 
todas as forças, na elaboração e aplicação dessa 
teoria . . . » 
V. I. Lénine: A voz de u.m socialista fr<Itn­
cés h<>nest<> (Em: V. I. Lénine, Ob. cf.t., 
t. XXII, p. 462). 
« . . . Só a teoria do marxismo revolucionário pode 
servir de bandeira ao movimento da classe operária 
e a social-democracia russa deve velar pelo desen­
volvimento posterior desta teoria pela sua aplica­
ção na prática e protegê-Ia por sua vez contra os 
desvios e envelhecimentos a que são frequentemente 
submetidas as "teorias da moda" (e os êxitos da 
social-democracia na Rússia converteram já o mar­
xismo numa "teoria da moda") .» 
V. I. Lénine : Protesto dos social-demo­
cratas do; Rússia (Em: V. I. Lénine, 
Ob. cf.t., t. IV, pp. 182-183) . 
« . . . O problema põe-se apenas a8sim: ideologia 
burguesa ou ideologia socialista. Não há meio termo 
(pois a humanidade não elaborou nenhuma "ter-
56 
ceira" ideologia; além disso, na sociedade corroída 
pelas contradições de classenunca pode existir uma 
ideologia à margem das classes ou acima destas) . 
Por isso, tudo o que seja denegrir a ideologia socia­
lista, tudo o que seja afastar .. se dela equivale a for­
talecer a ideologia burguesa.» 
V. I. Lénln�: Que /az&r1 (Em: V. I. Lé­
nine, Ob. cit., t. V, pp. 439-440). 
« . . . Uma das condições necessárias para prepa­
rar o proletariado para a sua vitória é uma longa, 
tenaz, implacável luta contra o oportunismo, o re­
formismo, o social-chauvinismo e outras influências 
e correntes burguesas similares que são inevitáveis 
visto que o proletariado actua num meio capitalista. 
Se não se empreende essa luta, se não se derrota 
previamente por completo o oportunismo dentro do 
movimento operário, não haverá ditadura do prole­
tariado. O bolchevismo não teria podido vencer a 
burguesia em 1917-1919 se antes, em 1903-1917, não 
tivesse aprendido a derrotar os mencheviques, ou 
seja, os oportunistas, reformistas e social-chauvinis­
tas e a expulsá-los implacavelmente do partido da 
vanguarda do proletariado.» 
V. I. Lénine: As eleições à Assembleia 
Constiitumte e a ditadura do proleta­
riado (Em: V. I. Lénlne, Ob. cit., 
t. XXXII, p. 265). 
«Criar e consolidar o partido significa criar e 
consolidar a unidade de todos os social-democratas 
russos, mas [ . . . ] tal unificação não se pode alcan­
çar por decreto, não se pode impor simplesmente 
pela decisão, digamos, de uma união de represen­
tantes ; não, há que trabalhar por ela. � preciso, em 
primeiro lugar, criar uma firme unidade ideológica 
que exclua essas divergências e essa confusão que, 
57 
sejamos sinceros, imperam actualmente entre os 
social-democratas russos; é imprescindível fortale­
cer essa unidade ideológica com um programa par­
tidário,» 
«Como já dissemos, a unidade ideológica dos so­
cial-democratas russos ainda tem de ser criada e 
para isso é imprescindível, na nossa opinião, uma 
discussão franca e completa de todos os problemas 
fundamentais de princípio e táctica, expostos pelos 
"economistas", bernsteinianos e "critícos" contem­
porâneos. Antes de nos unirmos e para nos poder­
mos unir devemos começar por traçar uma linha de 
princípios com decisão e clareza. De outro modo a 
nossa unidade apenas seria um.a ficção que encobri­
ria a confusão existente e impediria de a extirpar 
de raiz. Compreende-se, pois, que não estejamos dis­
postos a permitir que o nosso jornal seja um simples 
depósito das mais diversas opiniões. Pelo contrário, 
dar-lhe-emos um.a orientação precisa e definida. 
Esta orientação pode exprimir-se numa palavra: 
marxismo e não achamos necessário acrescentar que 
somos partidários do desenvolvimento consequente 
das ideias de Marx e Engels e que rejeitamos cate­
goricamente essas emendas híbridas, vagas e opor­
tunistas, que estão na moda actualmente, seguindo 
o exemplo fácil de E. Bernstein, P. Struve e muitos 
outros.» 
V. I. Lénlne; Declaraçãio da Redacção da 
«Iskrar> (Ob. cit., t. IV, pp. 362-363). 
58 
VIII - A LUTA CONTRA O REVISIONISMO 
O marxismo-leninismo forjou-se e desenvolveu-se 
numa constante polémica intransigente contra todas 
as concepções dos inimigos do proletariado. Pri­
meiro, contra todos os que defendiam a conciliação 
de classes ou se propunham desviar o proletariado 
da luta revolucionária. 
«11:: bem conhecida a máxima que diz que se os 
axiomas geométricos afectassem os interesses das 
pessoas, certamente haveria quem os combatesse. 
As teorias das ciências naturais, que chocaram com 
as velhas ideias da teologia, provocaram e conti­
nuam a provocar a oposição mais cerrada. Nada tem 
de estranho, pois, que a doutrina de Marx, que serve 
directamente a educação e a organização da classe 
de vanguarda da sociedade moderna, que define as 
tarefas dessa classe e demonstra a substituição ine­
vitável, em virtude do desenvolvimento económico, 
do regime actual por uma nova ordem, terá de lutar 
para conquistar cada um dos seus passos. 
«Inútil será dizer que, isto se aplica à ciência e 
à filosofia burguesas, ensinadas por professores do 
ensino oficial para embrutecer as novas gerações 
das classes possuidoras e "educá-las" contra os ini­
migos externos e internos. Esta ciência nem quer 
ouvir falar de marxismo e declara-o errado e ani­
quilado; Marx é atacado com igual zelo quer pelos 
jovens estudantes que fazem carreira combatendo 
59 
( 
, . 1 
1 
, 1 
o socialismo, quer pelos decrépitos anciãos que con­
servam a tradição de toda a espécie de "sistemas" 
antiquados. Os avanços, difusão e consolidação das 
ideias marxistas entre a classe operária provocam 
inevitavelmente a repetição e agudização desses ata­
ques burgueses contra o marxismo que resulta mais 
forte, mais preparado e vivo de cada um dos seus 
"aniquilamentos" pela ciência oficial. 
«Mas ainda entre as doutrinas ligadas à luta da 
classe operária e difundidas predominantemente en­
tre o proletariado, o marxismo não consolidou de 
modo algum a sua posição espontaneamente; muito 
pelo contrário. Durante o primeiro meio século da 
sua existência (desde a década de 40 do século :xx) 
lutou contra teorias que lhe eram profundam.ente 
hostis. Na primeira metade da década de 40, Marx 
e Engels ajustaram contas com os jovens hegelianos 
radicais, cujo ponto de vista era o do idealismo filo­
sófico. Nos finais dessa década, a luta contra o 
proudhonismo passou para primeiro plano no çampo 
das doutrinas económicas. Esta luta terminou na 
década de 50 com a crítica aos partidos e doutrinas 
que tinham surgido no turbulento ano de 1848. Na 
década de 60, ao expulsar o bakuninismo da Inter­
nacional, a luta deslocou-se do campo da teoria geral 
para um plano mais próximo ao movimento operá­
rio propriamente dito. Nos começos da década de 
70, destacou-se na Alemanha, por algum tempo, o. 
proudhonista Mühlberger; nos finais desse período, 
o positivista Dühring. Mas a influência de um e 
outro sobre o proletariado era já insignificante. O 
marxismo tinha alcançado um triunfo indiscutível 
sobre todas as outras ideologias do movimento ope­
rário. 
«Fundamentalmente, este triunfo culminou na 
década de 90 do século passado. Até nos países lati­
nos, onde as tradições do proudhonismo se tinham 
mantido por mais tempo, os partidos operários estru­
turaram os seus programas e a sua táctica sobre 
bases marxistas. Ao renovar-se sob a forma de con-
60 
gressos internacionais periódicos, a organização in­
ternacional do movimento operário colocou-se, no 
essencial, imediatamente e quase sem luta, no campo 
do marxismo. Mas quando o marxismo teve de com­
bater todas as doutrinas mais ou menos integralistas 
que lhe eram hostis, as tendências que nelas se alber­
gavam começaram a procurar outros caminhos. As 
formas e as causas da luta modificaram-se, mas a 
luta continuou. E o marxismo começou o segundo 
meio século de existência (década de 90 do século 
passado) a enfrentar uma corrente hostil dentro do 
próprio marxismo. 
«Ü ex-marxista ortodoxo Bernstein deu o seu 
nome a esta corrente ao proclamar com grande 
alarido e com expressões grandiloquentes as emen­
das a Marx, o revisionismo. Agora na Rússia, onde, 
devido ao atraso económico e à preponderância da 
população camponesa oprimida pelos vestígios do 
servilismo, o socialismo não marxista manteve-se 
durante muito tempo, hoje converte-se simplesmente 
em revisionismo diante dos nossos próprios olhos. 
E o mesmo acontece com o problema agrário (pro­
grama de municipalização de toda a terra) que nas 
questões programadas e tácticas de carácter geral, 
os nossos social-democratas foram substituindo cada 
vez com mais "emendas" a Marx os restos agonizan­
tes e caducos do velho sistema, coerente à sua ma­
neira e profundamente hostil ao marxismo. 
«Ü socialismo pré-marxista foi derrotado. Conti­
nua a lutar agora não no seu próprio terreno, mas 
uo do marxismo, como revisionismo. Examinemos, 
pois, qual é o conteúdo ideológico do revisionismo. 
«No campo da filosofia, o revisionismo está 
dependente da "ciência" académica

Outros materiais