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Distribuidor no Brasil: Livraria Ma·rtins fontes Praça da Independência, 12 Santos - S. ·Paulo MARX, ENGEtS -e LéNINE acerca do partido 81.BLIOTECA DO SOCIALISMO CIENTfFl·CO EDITORIAL ESTAMPA Capa de Henrique Ruivo Tradução de Jaime Ferreira INDIC E Prólogo . . . ... . . . . . . .. . 9 1. Papel histórico do proletariado 13 2. A classe operária necessita de criar o seu partido 19 3. O partido é o destacamento de v.anguarda da classe 23 4. Organização para a luta económica e organização para a luta política . . . . . . 31 5. O partido e as massas . . . . . . 39 6. O centralismo democrático 45 7. O partido e a teoria . . . . . . 55 8. A luta contra o revisionismo 59 9. Contra o dogmatismo 71 10. A unidade do partido 77 11. A educação internacionalista, tarefa do partido 85 12. Dirigente da qita.dura do proletariado .. . ... ... ... 91 7 PROLOGO As frentes da luta operária, dos trabalhadores e de todo o povo contra a exploração social e opres são nacional alargam-se. Novos sectores e mais as pectos da vida colectiva e individual pendem para o âmbito deste combate, recebem a sua influência e determinam o seu objectivo. Desde o longínquo Fe vereiro de 1848, em que Karl Marx e Friedrich Engels terminaram a redacção do Manifesto do Partido Comunista, a humanidade superou graves contradições, abrindo decididamente (em 1917, com a Grande Revolução Socialista de Outubro), as com portas da história. O nosso tempo é - precisa mente - caracterizado pela vitória crescente das ideias do marxismo-leninismo e da prática dos destacamentos de vanguarda do proletariado que apoiam a sua força no socialismo cientifico. Hoje, mais de 50 milhões de pessoas actuam em partidos deste tipo, em 90 países diferentes. Agiganta-se a projecção das batalhas em curso e afirma-se, cada vez com mais claridade, a con vicção de que a iniciativa histórica passou às mãos firmes do proletariado, de sua principal criação, o sistema mundial de países socialistas, e com os par tidos comunistas que encabeçam as lutas operárias e populares. Não é por acaso. Um longo, difícil e muitas vezes doloroso processo, que ainda não acabou definitiva- 9 mente, limita o nascimento, o desenvolvimento e a consolidação como vanguardas políticas de massas, dos partidos que se fundamentam no marxismo-le ninismo, os Partidos Comunistas e Operários. Pri meiro foi a descoberta do especial papel que o pro letariado é chamado a desempenhar, papel que o marxismo-leninismo pôde definir graças a um es tudo múltiplo e minucioso da realidade socioeconó mica b�guesa que permitiu explicar a origem, as condições de existência e as tendências fundamen tais do capitalismo. A principal contradição econó mica do capitalismo (entre um processo produtivo que acentua o seu carácter social e a forma privada de expropriação) e a contraposição antagónica de classes (proletariado explorado e burguesia domi nante) demarcam o começo das lutas dos operários para melhorar as suas condições de vida (manten do-se todavia o sistema burguês) e para se liberta rem da exploração e espoliação (destruindo a pro priedade privada capitalista sobre os meios de pro dução fundamentais) . A classe operária é a classe oprimida pelo capi talismo. Por sua vez, é a portadora das novas rela ções de produção. Estas novas relações de produção, cujo aparecimento é o resultado materialmente pre parado pela evolução das forças produtivas sob o sistema capitalista, pressupõem uma profunda reor ganização social. A quebra revolucionária do capi talismo e a sua substituição pelo socialismo, igual mente inevitáveis, são precedidos por uma série de batalhas parciais, êxitos e derrotas, nos planos económicos mais diversos, na actividade ideológica, no campo político até que se alcance uma amplitude e combinaç.ão dessas numerosas influências para que o impulso se transforme em revolução. Pois bem: os operários mais conscientes, organi zados num partido político capaz de actuar no seio da sua classe e das massas, generalizando as expe riências de luta, e iluminando-as com a ciência da revolução, com a sua linha de acção e o seu Pro- 10 grama, constituem o destacamento dirigente do con junto, um verdadeiro estado-maior, consciente de cada batalha e da guerra na sua totalidade, capaz de avançar para um objectivo estratégico bem esta belecido, sem menosprezar os recuos tácticos im prescindíveis, bem como evitar que o secundário e o parcial obscureça o propósito final, socialista. A doutrina marxista-leninista sobre o papel do partido na luta de classes do proletariado, dos tra balhadores e de todo o povo contra a exploração e opressão, resume - por assiri:i dizer - aspectos principais - o essencial, disse V. 1. Lénine- da concepção cientifica do proletariado. o partid9 sin tetiza e representa todas as exigências da luta geral e ao mostrar-se firmemente parcial em cada luta concreta, eleva-se ajudando a ascender a sua classe e a de todos os trabalhadores. O debate sobre a confluência específica dos fac tores objectivos gerais e sociais particulares com os factores subjectivos necessários ao avanço social e - acima de tudo - ao salto revolucionário, leva -nos, inevitavelmente, a pôr em destaque com maior empenho ainda a influência decisiva da presença, da iniciativa, da actividade múltipla do partido mar xista-leninista, das suas organizações básicas, par ticipando em cada um dos aspectos da actividade social. Actuando pronunciadamente num destacamento de vanguarda operária, altamente organizada, é pos sível (como demonstrou e demonstra todos os dias a prática social) aprender a fazer frente aos explo radores, obrigar os imperialistas a retroceder, infli gir-lhes derrotas demolidoras. As transformações sociais mais transcendentes estão visivelmente liga das à actuação do proletariado, tendo à frente os seus partidos revolucionários. O interesse destes problemas é muito grande e não se circunscreve a propostas teóricas de labora tório. O problema está principalmente ligado à 11 perspectiva do nosso desenvolvimento como povo, com o nosso presente e o nosso futuro. Aqueles que duvidam do marxismo (ou melhor: aqueles que pretendem pôr em dúvida o marxismo) começam ou acabam atacando as teses fundamentais do marxismo-leninismo sobre o partido. Muitos iso lam uma ou outra expressão ou deformam. experiên cias para as negar. Na Argentina, concretamente, à medida que nos aproximamos dos momentos definitivos do curso social, quer dizer, à medida que avançamos até à conquista da libertação nacional e social autênticas, a questão so"l:Yre o partido torna-se mais cerrada. A selecção de temas que a editorial «Anteo> apre senta hoje neste volume, tende a satisfazer algumas preocupações. :m claro que nenhuma transcrição de citações pode dar-nos uma visão profunda e de conjunto. Para isso temos que meditar sobre o que diz o Ma nifesto do Partido Comunista, o Que Fazer 1 e Um passo em frente, dois passos atrás de V. I. Lénine, sobre a experiência da história do P. C. U. S. e do movimento comunista .internacional, sobre os ensi namentos do passado nacional. As obras menciona das, juntamente com O «esquerdismo», doença infan til do comunismo, devem estudar-se várias vezes. A consulta desta breve antologia áeveria considerar-se uma introdução a esse esforço imprescindi vel. õscar Arévalo, 15 de Novembro de 1973 12 ' 1 1 - PAPEL HISTÓRICO DO PROLETARIADO O ponto de partida da teoria marxista-leninista sobre a função e regras do partido de vanguarda do proletariado é a concepção materialista da origem e desenvolvimento da sociedade, elaborada por Karl Marx, Friedrich Engels e V. 1. Lénine e, parti cularmente, os seus estudos sobre as classes sociais e a luta entre elas. Os criadores do marxismo-leni nismo consideraram essencial a definição do papel atribuido ao proletariado como protagonista da transformação revolucionáriada sociedade, como guia de todos os trabalhadores e oprimidos na luta pela libertação nacional e social, pelo progresso. [ . . . ] Marx e Engels foram os primeiros a de monstrar que a classe operária, com as suas reivin dicações, é o resultado necessário do sistema econó mico actual que, com a burguesia, cria e organiza inevitavelmente o proletariado. Demonstraram que a humanidade se verá liberta das calamidades que a flagelam não pelos esforços bem-intencionados de algumas nobres personalidades, mas sim pela luta de classes do proletariado organizado. Marx e En gels foram os primeiros a esclarecer nas suas obras cientificas que o socialismo não é uma invenção de sonhadores, mas a meta final e o resultado inevitá vel do desenvolvimento das forças produtivas dentro da sociedade contemporânea. Toda a história escrita até hoje é a história da luta de classes, da mudança 13 '· sucessiva do domínio e da vitória de uma classe social sobre a outra. E isto continuará até que desa pareçam as bases da luta de classes e do domínio de classe: a propriedade privada e a anarquia da pro dução social. Os interesses do proletariado exigem que as ditas hases sejam destruídas, pelo que a luta de classes dos operários organizados deve ser diri gida contra elas. E toda a luta de classes é uma luta política. «Nos nossos dias todo o proletariado em luta pela sua emancipação faz seus estes conceitos de Marx e Engels. Mas quando os dois amigos colabo ravam na década de 40, nas publicações socialistas e participavam nos movimentos sociais do seu tempo, estes pontos de vista eram completamente novos. Nesse tempo havia muitos homens com ta lento e outros sem ele, muitos homens honestos e outros desonestos, que com o ardor da luta pela liberdade política, na luta contra a autocracia dos czares, da polícia e do clero, não percebiam o anta gonismo existente entre os interesses da burguesia e os da classe operária. Esses homens não admitiam SC<Juer a ideia de que os operários actuassem como uma força social independente. Por outro lado, houve muitos sonhadores, por vezes geniais, que acreditavam que bastava convencer os governantes e as classes dominantes da injustiça do regime social existente para que resultasse fácil implantar no mrmdo a paz. e o bem-estar geral. Sonhavam com um socialismo sem luta. Finalmente quase todos os socialistas daquela época e, de um modo geral, os amigos da classe operária, apenas viam uma imper feição no proletariado e viam com horror como esta imperfeição crescia à medida que a indústria - ia crescendo. Por isso todos eles pensavam na forma como deter o desenvolvimento da indústria e do proletariado, como deter "a roda da histórian. Con trariamente ao medo geral perante o desenvolvi mento do proletariado, Marx e Engels resumiam to- r j" 1 l ! 1 l 1 1 1 1 1 1 1 das as suas esperanças no seu continuo crescimento. Quantos mais proletários houver, tanto maior será a sua força como classe revolucionária e tanto mais próximo e possível será o socialismo. Poderiam ex pressar-se, em poucas palavras, os serviços presta dos por Marx e Engels à classe operária, dizendo que a ensinaram a conhecer-se e a tomar consciên cia de si própria, e substituíram as utopias pela ciência.» V. I. Lénine: Friedrich Engel8 (Em: Lé nlne. Obras completas., 2. • ed., Buenos Aires, Ed. Cartago, 1969-1973, t. II, pp. 13 e 14). «0 grande mérito histórico de Marx e Engels é terem demonstrado através da análise cientifica a inevitabilidade da queda do capitalismo e a sua pas sagem ao comunismo, no qual já não existirá a ex ploração do homem pelo homem.» «0 grande mérito histórico de Marx e Engels é terem demonstrado aos proletários de todos os pa.i ses qual o seu papel, a sua tarefa, a sua missão, quer dizer, serem os primeiros a lançar-se na luta revolucionária contra o capital e unir nesta luta, à sua volta, todos os trabalhadores e explorados.> V. I. Lénine: Discurso na inauguração do monumento .a. Marx e Engels, 7 de No vembro de 1918 (Em: V. I. L'é.nlne. Ob. cit., t. XXX. P. 9). «Todo o socialismo moderno, a partir do Mani- 1 esto Comunista, baseia-se na verdade incontroversa de que a única classe autenticamente revolucionária da sociedade capitalista é o proletariado. Todas as outras classes apenas podem ser e são revolucioná rias em parte, e em determinadas condições.> V. I. Lénine : Aventureirt.,,mo revoiucio nário (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. VI, p. 230). 15 J « [ . .. ] Pode dizer-se que todo O Capital de Marx se dedica a explicar a verdade de que as forças fun damentais da sociedade capitalista não são nem po dem ser outras que a burguesia e o proletariado: a burguesia, como construtora desta sociedade capita lista, como sua dirigente, como sua força motriz; o proletariado, como seu coveiro, como a única força capaz de a substituir. Dificilmente se encontrará nas obras de Marx um capítulo que não se dedique a isto.:. V. !. Lénlne: Informe sobre o trabalho no campo, pronunciado 001o 83 de Março de 1919, no VIII Congresso do P. O. (b) (Em: V. !. Lénlne, Ob. cit., XXXI, pp. 67-68). « . .. As classes s6 podem ser abolidas pela dita dura dessa classe oprimida que foi educada, unida, ensinada e temperada por décadas de lutas políticas e grevistas contra o capital; só por essa classe que assimilou toda a cultura urbana, industrial e do grande capitalismo e que conta com a decisão e ca pacidade necessárias para a defender e preservar, desenvolver todas as suas conquistas e torná-las acessiveis a todo o povo, a todos os trabalhadores; só por essa classe capaz de enfrentar todos os gol pes, todas as provas, todas as contrariedades e os grandes sacrifícios que a história impõe inevitavel mente àqueles que rompem com o passado e se pro põem construir audazmente um caminho próprio para um futuro novo; só por essa classe cujos me lhores filhos sentem ódio e desprezo por todo o pequeno burguês e filisteu, pelas qualidades que tanto abundam entre a pequena burguesia, os em pregados de segunda ordem e a "intelectualidade"; s6 por essa classe que "passou pela endurecedora escola do trabalho ,, e que, pela sua eficácia, inspira l6 1 1 1 1 1 1 respeito a todos os trabalhadores, a todos os homens honestos.» V. I. Lénine: Saudação aos operários húngaros (Em: V. I. Lénine, Ob. c$t., t. XXXV, p. 259). «Ã classe operária estão destinados grandiosos objectivos, de envergadura histórica universal: li bertar a humanidade de todas as forças de opressão e exploração do homem pelo homem, em todo o mundo, e desde há já muitas décadas, persegue com tenacidade esses objectivos, estendendo incessante mente a sua luta e organizando-se em partidos de massas, sem se deixar abater pelas derrotas indivi duais nem por reveses passageiros.:. V. I. Lénlne: A autocracia e o prol6t<J.. riaào (Em: V. I. Lénlne, Ol>. cit., t. vm, p. 14). 17 li - A CLASSE OPERARIA NECESSITA DE CRIAR O SEU PARTIDO K. Marx, F. Engels· e V. I. Lénine não se limita ram a assinalar o papel histórico-mundial do prole tariado, classe destinada a transformar revoluciona riamente as condições sociais, protagonista principal da revolução socialista, mas, além disso, puseram em relevo que a dita classe deve organizar-se para combater pelos seus direitos e pelos seus objectivos politicos. A forma superior de organização é o par tido político próprio do proletariado sem o qual os operários não poderiam chegar a cumprir a sua missão histórica. Esta tese da necessidade da organização politica independente do proletariado é outra das premissas fundamentais da concentração marxista-leninista do partido. «Apenas se pensa que o proletariado deseja que se acorra em sua ajuda; não se pensa que ele não espera qualquer espécie de ajuda, a não ser de si mesmo.> K. Marx: Artigo periódico, 1844. « . . . Porquanto as classes possuidoras, longe de experimentarema mais pequena necessidade de se emancipar, ainda se opõem por todos os. meios a que a classe opérária se liberte ela própria, a revo- 19 lução social terá de ser preparada e realizada uni camente pela classe operária.» F. Engels: Prefácio à segunda edição .a.Iemã de A situação da classe operária em Inglaterra, 1892 (Em: K. Marx· -F. Engels. Obras tNtcolhMas, Buenos Aires, Ed. Ciências do Homem, 1973, t. VII, pp. 395-396). «A classe operária possui um elemento de triunfo : o número.. Porém, o número não pesa na balança, se não estiver unido pela associação e guiado pelo saber.» K. Marx: Manf,Jesto inaugural da .Asso ciação Internacional do8 TrabaJihadoreis (Em: K. Marx-F. Engels, Ob. cit., t. V, p. 13). «0 proletariado transforma-se em força a partir do momento em que forme um partido operário in dependente, e a uma força há sempre que tê-la em conta.» F. Engels: A qiwstã.o m4:litwr na Prússia e o par.tido operário alemão. « . . . A classe operária não pode actuar como classe contra o poder partilhado pelas classes pos suidoras a não ser organizando-se e formando um partido político próprio frente a todos os velhos par tidos formados pelas classes possuidoras.» « . . . Esta organização da classe operária para for mar o partido político é indispensável para assegu rar a vitória da revolução socialista e alcançar a sua meta final : a supressão das classes ... » K. Marx e F. Engels: Resoluções da Con- 1 eréncia de De"llegados da .Associação Internacional elos Trabalhadore8. 20 ri- ão ;a X• os ·3, 1, o ) � '· [' l 1 «Estamos todos de acordo que o proletariado não pode conquistar o seu domínio político - única porta. que dá acesso à nova sociedade - sem a re vohlção violenta. Para que o proletariado se veja bastante forte e possa vencer no momento decisivo, é indispensável - Marx e eu começámos a defender esta posição desde 184 7 - que forme o seu próprio partido de classe independente de todos os outros partidos e oposto a eles.» F. Engels: Carta a Gerson Trier, 18 de Dezembro de 1889. « [ . . . ] O proletariado deve aspirar a fundar par tidos políticos proletários independentes cujo objec tivo fundamental seja a conquista do poder político pelo proletariado, a fim de organizar a sociedade socialista. O proletariado não deve, nem por um momento sequer, considerar as outras classes e os outros partidos como "apenas uma massa reaccioná ria": pelo contrário, deve participar em toda a vida política e social, apoiar as classes e partidos pro gressistas contra os reaccionários, apoiar todo o mo vimento revolucionário contra o regime existente; deve s.er o defensor de toda a raça ou povo oprimido, de toda a religião perseguida, do sexo privado de direitos, etc.» V. I. Lénine: Protesto dos sociaJ-demo cratas da Rússia (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., IV, pp. 179-180). « [ . . . ] Sem um partido de ferro, experimentado na luta, um partido que goze da confiança de todas as pessoas honestas da classe de que se fala, um partido capaz de observar o estado de espirito das massas e influir nele, essa luta não poderá efec tuar-se com êxito.» V. I. Lénine: O «esquerdismo:., doença infantil do comunismo (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. XXXIII, p. 149). 21 « [ . . . ] A social-democracia internacional organiza o proletariado num partido político independente, oposto a todos os partidos burgueses, dirige todas as manifestações da sua luta de classe, mostra-lhe o antagonismo irreconciliável entre os interesses dos exploradores e os interesses dos explorados e explica ao proletariado o significado histórico da revolução social que se avizinha e as condições necessárias para que se produza.» 22 111-0 PARTIDO É O DESTACAMENTO DE VAN GUARDA DA CLASSE Já no Manifesto do Partido Comunista K. Marx e F. Engels estabeleceram as relações e a diferença entre o partido e o conjunto do proletariado. Nas resoluções da Primeira Internacional sobre o papel dos sindicatos e sobre a luta política do proleta riado, os criadores do marxismo voltam a insistir nessa questão de princípio. Na época em que Lénine inicia a sua actividade revolucionária, em 1893, não existia um partido na Rússia marxista, mas apenas uma certa difusão de ideias marxistas entre a intelectualidade em oposi ção ao regime existente. O proletariado começava a ascender à luta reivindicativa e política. O problema em questão era o de construir um partido independente, marxista, revolucionário, da classe operária da Rússia multinacional. Um tipo de organização política capaz de superar o desmembra mento ideológico e a dispersão organizativa, um par tido capaz de guiar um movimento político revolu cionário. V. I. Lénine desenvolve um duro combate contra as raízes doutrinárias da dispersão das forças socia listas na Rússia - por exemplo, o culto da espon taneidade e o economismo - e ao fazer isto, vai mais além das condições específicas e da contingên cia política do momento e da Rússia, defrontando o problema do partido na sua fundamentação teórica 23 geral, demonstrando a sua necessidade em todos os casos, explicando a sua essência e determinando as formas concretas de organização. Empenha-se, em suma, na elaboração, no desenvolvimento da teoria sobre o partido como o elemento essencial e pre missa da própria construção do partido. A primeira manifestação da luta da. classe ope rária, como classe explorada, dá-se no campo econó mico, em forma de resistência, de defesa, de luta reivindicativa económica, contra a exploração capi talista. � a fase sindicalista da luta de classes. Al guns pretendiam e pretendem delimitar a luta ope rária e esse primeiro momento elementar (ainda que muito importante) da luta reivindicativa. Propõem que a luta política fique a cargo de outroe, na reali dade, da burguesia. Segundo eles, para realizar a sua luta (que vêem apenas como luta económica) o proletariado não necessita de um partido político, bastam-lhe as organizações sindica.is. Outros afirmavam e afirmam que o próprio pro letariado, por suas próprias forças, espontaneamente e sem a ajuda dos seus elementos mais conscientes agrupados num partido político, transporá os limites da luta económica e do grau de consciência que a ela corresponde e se elevará ao nível da consciência socialista. Assim, do movimento sindical, brotaria espontaneamente o impeto que levaria o proletariado a alcançar os seus objectivos históricos. Ambas as correntes ignoram as particularidades da luta de classe na época do capitalismo e do impe rialismo e, portanto, negam a necessidade do partido. De qualquer maneira, só o partido pode assegu rar a reunião de todas as formas de luta do prole tariado (económica, ideológica, politica, até atingir o revolução) e garantir assim a conquista do poder. O dirigente político da classe operária. é o partido marxista-leninista. « [ . . . ] O partido deve ser apenas o destacamento de vanguarda, o dirigente da imensa massa da classe operária que actua toda ela (ou quase toda) "sob 24 ; os > as em :>ria pre- )pe- mó- !uta !!.pi- AI- >pe- que >em ali- r a ) o ico, �ro- nte Ltes Ltes e a 1.cia .ria 1.do des pe- do. gu- >le- gir ler. ido 1to sse mb í 1 . ' t l • ' o controle e a direcção" das organizações do partido, mas que, na sua totalidade, não pertence, nem pode pertencer ao "partido".» V. I. Lénine: Segundo diiscurso na dis cussão dos es.tatutos do Pa?1tiào. II Con gresso do P. O. S. D. R. (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit, t. VI, p. ·549). · « . . . Finalmente, não há, pois, que confundir o partido como destacamento de vanguarda da classe operária, com toda a classe. E nesta confusão ( ca racterística geral do nosso economismo oportunista) cai o camarada A.xelrod quando diz: «Em primeir-0 lugar e, antes de tudo, penso eu, estamos a criar úma organização dos elementos mais activos do partido, uma organizaçãode revolucionários, mas devemos cuidar, visto que somos o partido de uma classe, de que não se ponham à margem do partido aqueles que conscientemente, embora não muito activamente, se tenham ligado a ele.» Em primeiro lugar, entre os elementos activos do partido operário social-de mocrata não se conta apenas a organização dos revolucionários, mas sim toda uma série de organii zações operárias reconhecidas como do partido. E, em segundo lugar, em virtude de que causa, de que lógica, se pode deduzir, pelo facto de sermos um partido de classe, a conclusão de que não é neces sário distinguir entre aqueles que fazem parte do partido e aqueles que se encontram ligados a ele'? Muito pelo contrário: precisamente por existir uma diferença quanto ao grau de consciência e de activi dade, é necessário estabelecer também uma diferença quanto ao grau de proximidade ao partido. Somos um partido de classe, razão pela qual quase toda a classe (e em tempo de guerra, nos períodos de guerra civil, absolutamente toda a classe) deve actuar sob a direcção do nosso partido, deve aderir ao nosso partido com a maior coesão possível, mas seria in correr em manilovismo e em "seguidismo" pensar 25 que toda a classe ou quase toda a classe nunca possa, sob o capitalismo, elevar-se até ao grau de cons ciência e de actividade do seu destacamento de van guarda, do seu partido social-democrata. Nenhum social-democrata sensato duvida que, sob o capita lismo, nem sequer as organizações sindicais (que são mais elementares e mais acessíveis ao grau de consciência das camadas não desenvolvidas) podem abranger toda a classe operária ou quase toda. Esquecer a diferença que existe entre o destaca mento de vanguarda e o conjunto das massas que gravitam à sua volta, esquecer o dever constante do destacamento de vanguarda de elevar a grupos cada vez mais amplos ao seu próprio nível de van guarda, só significa enganar-se a si próprio, fechar os olhos perante a imensidão das nossas tarefas, para torná-las pequenas.» V. I. Lénine: Um passo em frente, dois passos atrás (Em: V. I. Léoine, Ob. cit., t. VII, pp. 287-288 ). « . . . Só o partido comunista, se é realmente a vanguarda da classe revolucionária; se inclui os me lhores representantes da dita classe; se se compõe de comunistas conscientes e fiéis que tenham sido educados e preparados pela experiência de uma luta revolucionária tenaz ; se este partido logrou ligar-se indissoluvelmente a toda a vida da sua classe e, por meio dela, a todas as massas de explorados, e ganhar completamente a confiança de classe destas massas ; só tal partido é capaz de dirigir o proletariado na luta mais implacável, decisiva e final contra todas as forças do capitalismo.» V. I. Lénine: Teses para o II Congresso da Internacional CQmunista (Em: V. I. Lénlne, Ob. mt., t. xxxrn, p. 313). 26 «Üs marxistas têm uma op1ruao fundamental mente distinta acerca da relação entre as massas não organizadas (e não organizáveis durante longo tempo, às vezes durante decénios) e o partido, a organização. Para que as massas de determinada classe possa aprender a conhecer os seus interesses e a sua situação, aprender a aplicar a sua própria política, deve haver, quanto antes e a qualquer preço, uma organização dos elementos avançados da classe, ainda que, ao princípio, estes elementos ape nas constituam uma minúscula parte da classe. A fim de servir as massas e exprimir os seus interes ses, depois de ter definido correctamente esses inte resses, o destacamento de vanguarda, a organização, deve realizar toda a sua actividade entre as massas, atraindo a si as melhores forças sem excepção, com provando a cada passo, cuidadosa e objectivamente, se se mantém o contacto com as massas e se é um contacto vivo. Assim e só assim, a organização de vanguarda educa e instrói as massas, exprimindo os seus interesses, ensinando-lhes a organizar-se e orientando todas as actividades das massas para o caminho de uma consciente politica de classe.» V. I. Lénine: Como V. Zassulich «demolui o liquidacioní.smo (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. XXX, pp. 161-162). « [ . . . ] Em todos os países, sempre e em toda a parte, existe, além do partido, um "amplo sector" de pessoas ligadas ao partido e a enorme massa da classe que funda o partido, o faz surgir e o ali menta». «0 partido é o sector politicamente consciente e avançado da classe, é a sua vanguarda. A força dessa vanguarda é dez, cem e mais vezes maior que o seu número.» «Isso é possível ? Acaso a força de centenas pode ser maior que a força de milhares?» 27 «Pode ser e é-o, quando as centenas estão orga nizadas.» «A organização decuplica a força.» «A consciência política do destacamento de van guarda manifesta-se, entre outras coisas, na sua capacidade de organizar-se. Ao organizar-se conse gue a unidade de vontade e essa vontade unida da vanguarda [ . . . ] converte-se na vontade da classe. O intermediário entre o partido e a classe é o "am· plo sector" (maior que o partido, mas mais estreito que a classe), o sector que vota pelos social-demo cratas, o sector que ajuda, simpatiza, etc.» V. I. Lénine: Id., ibid., p. 159. « . . . Pois não basta intitular-se "vanguarda", or ganização avançada: é preciso trabalhar de maneira que todas as outras organizações vejam e sejam obrigadas a reconhe_cer que marchamos na primeira fila. Perguntamos ao leitor: acaso os representantes das outras "organizações" são tão estúpidos que nos reconheçam como "vanguarda" só porque o di zemos?» V. 1. Lénlne: Q� fazer1 (Em: V. 1. LP nlne, Ob. cit., t. V, p. 480). «Só o partido que organize campanhas de denún cia que cheguem realmente a todo o povo poderá converter-se, nos nossos dias, em vanguarda das for ças revolucionárias. As palavras "a todo o povo" encerram um grande conteúdo. A imensa maioria dos denunciantes que não pertencem à classe operá ria e (para ser vanguarda é necessário, sobretudo, atrair outras classes) são políticos realistas e pes soas sensatas e práticas. Sabem muito bem quão perigoso é "queixar-se" até de um modesto funcio nário e nem falar se se trata do "todo-poderoso" governo russo. Por isso, só nos trarão as suas quei- 28 a- n- 1a e la e. a- to o- r :"a m :-a es ie Li- n- , r-a r- )" ia , a- o, s- io o- ) " �i- xas quando virem que podem surtir efeito, que re presentamos uma força política. Para chegar a uma força politica perante os outros, temos de trabalhar muito e com tenacidade a fim de elevar a nossa consciência, iniciativa e decisão; não basta pôr o rótulo de "vanguarda" a uma teoria e ter uma prá tica de retaguarda.> V. I. Lénine: ld., ibfld., pp. 485-486. 29 IV - ORGANIZAÇÃO PARA A LUTA ECONOMICA E ORGANIZAÇÃO PARA A LUTA POLITICA A definição dos objectivos juntamente com as condições concretas da luta do proletariado confi guram as formas de organização que correspondem a ,cada aspeeto da actividade social da clasEJe ope rária. Particularmente importantes são as organiza ções sindicais, surgidas para a luta reivindicativa e as organizações políticas, cujo trabalho se destina a resolver o confronto essencial de classes, a conquista de um novo poder estatal. Há que ajudar a transformar a luta económica a elevar-se aos planos mais complexos da luta polltica. Há que dar um conteúdo politico transcendente à própria luta económica. Isso não podem assegurar as organizações sindicais. :m indispensável a organi zação superior da classe: a organização dos revolu cionários num partido. Ambos os tipos de organizações (em geral, toda a série de organizações em que se agrupa o proleta riado e outros sectores de trabalhadores) devem li gar-se estritamente. O carácter desta ligação situa o p�rtido político dos revolucionários no papel de ins pirador, dirigente, coordenador do conjunto. O par tido orienta todas as formas da luta do proletariado e dos trabalhadores e - por sua vez- mantém-se estreitamente ligado às massas, actuando nas suas organizações naturais. 31 « ... A luta económica é a luta colectiva dos ope rários contra os patrões para alcançar melhores con dições de venda da sua /orça de trabalho e de vida, melhores condições de trabalho e de vida. :m, neces sariamente, uma luta sindical, porque as condições de trabalho são muito variadas nos diferentes sindi· catos e, portanto, a luta para as melhorar deve ser levada a cabo forçosamente por sindicatos (pelos sindicatos no Ocidente, por associações sindicais de carácter provisório e por meio de folhetos na Rús sia, etc.) . > V. I. Lénine: Que fazer1 (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. V, p. 459). «Todos sabem que a luta económica dos operários russos se estendeu em vasta escala e se consolidou paralelamente à aparição da "literatura" que denun ciava a situação económica (nas fábricas e nos sin dicatos). O conteúdo principal dos folhetos consistia em revelar o sistema existente nas fábricas e des pertou prontamente entre os operários, uma verda deira paixão por estas denúncias. Enquanto viram que os círculos dos social-democratas queriam e podiam proporcionar-lhes um novo tipo de folhetos onde se expunha toda a verdade sobre a sua vida miserável, o seu trabalho incrivelmente penoso e a sua falta de direitos, começaram a chover, por assim dizer, cartas das fábricas e oficinas. Esta "litera tura de denúncias" produziu uma enorme impressão, não só nas fábricas cujo sistema se criticava, mas também em todas as fábricas onde chegavam noti cias dos feitos denunciados. E como as necessidades e os padecimentos dos operários de empresas dife rentes e de sindicatos diferentes têm muito em comum, a "verdade sobre a vida operária" entusias mava todos. Entre os operários mais atrasados sur giu uma verdadeira paixão "por aparecer em letras grandes", paixão nobre por esta forma embrionária de guerra contra todo o regime social actual, ba- 32 !J l .- .- :- .- n e s a a n L ), . s í !S :!- n :i r LS ia !l· seado na pilhagem e na opressão. E os "folhetos", na maior parte dos casos, eram por certo uma decla ração de guerra, porque a denúncia exercia uma in fluência muito estimulante, levava todos os operá rios a reclamar que se pusesse fim aos escândalos mais flagrantes e predispunha-os a apoiar as suas reivindicações por meio de greves. Os próprios donos das fábricas deviam reconhecer no fim de contas, a tal ponto a importância dos folhetos como decla ração de guerra que, em muitos casos, nem sequer quiseram esperar que começassem as hostilidades. Como sempre acontece, só a sua publicação conferia força às denúncias, que adquiriram o significado de uma poderosa pressão moral. Mais de '.lma vez bas tou que aparecesse um folheto para que as reivin dicações fossem satisfeitas total ou parcialmente. Numa palavra, as denúncias económicas (relativas às fábricas) foram e continuam a ser hoje uma mola importante da luta económica. E continuarão a con servar esta importância, enquanto subsistir o capi talismo que gera necessariamente a autodefesa dos operários. Nos países europeus mais avançados, po de-se observar ainda hoje, como as denúncias de abusos que ocorrem em alguma "indústria artesa nal", num lugar remoto, ou em qualquer espécie de trabalho caseiro, esquecida por todos, se converte em ponto de partida para despertar a consciência de classe, para iniciar a luta sindical e a difusão do socialismo.» « . . . A imensa maioria dos social-democratas russos esteve quase inteiramente absorvida por esse trabalho de organização de denúncias nas fábricas . Basta recordar o caso da Rab. Misl para advertir até que ponto estavam absorvidos por essa tarefa; de tal maneira que chegaram a esquecer que essa acti vidade não era ainda, só por si, na essência, social -democrata, mas apenas sindical. Na realidade, as de núncias apenas se referiam às relações dos operários de um determinado grémio com seus respectivos pa trões e o único objectivo que alcançavam era que 33 os vendedores da força de trabalho aprenderam a vender essa "mercadoria" com maiores vantagens e a lutar com os compradores ao nivel de transac ções puramente comerciais. As denúncias poderiam converter-se (sempre que a organização dos revolu cionários as utilizasse de modo adequado) em ponto de partida e elemento integrante da actividade so cial-democrata; mas também podiam conduzir (e com o culto da espontaneidade era iniludivel que assim fosse) a uma luta "puramente sindical'' e a um movimento operário não social-democrata. A so cial-democracia dirige a luta da classe operária não só para obter melhores condições de venda da força de trabalho, mas também para destruir o regime social que obriga os não possuidores a vender a sua força de trabalho aos ricos. A social-democracia representa a classe operária, não só na sua relação com um determinado grupo de empresários, mas também nas suas relações com todas as classes da sociedade contemporânea, e com o Estado como força política organizada. Compreende-se então, que os social-democratas, longe de se limitarem à luta económica, nem sequer podem admitir que a orga nização das denúncias económicas constitua a sua actividade predominante. Devemos empreender, com energia, a tarefa de educar politicamente a classe operária, desenvolver a sua consciência politica. » V. I. Lénine: Id., tbid., pp. 453-455. « . . . A luta económica apenas leva os operários a pensar na atitude do governo em relação à classe operária; por isso, por mais que nos esforcemos por "imprimir à própria luta económica um carácter político", nunca poderemos, no objectivo de tal ta refa, desenvolver a consciência política dos operá rios (até ao grau de consciência política social-de· mocrata), pois o dito objectivo é demasiado estreito. A teoria de Martinov é-nos valiosa, não como prova 34 de confusão do seu autor, mas porque nela existe em relevo o erro fundamental de todos os econo mistas, ou seja : a convicção de que se pode desen volver a consciência política de classe dos operários de dentro para fora, por assim dizer, ou seja, to mando apenas (ou pelo menos principalmente) essa luta como ponto de partida e baseando-se apenas (ou pelo menos principalmente) nessa luta. Este con ceito está errado na base; e como os "economistas", furiosos com a nossa polémica com eles, não querem reflectir com seriedade sobre a origem dos nossos desacordos, acabamos literalmente por não nos com preendermos e falarmos línguas diferentes. «A consciência política de classe apenas pode chegar ao operário de fora para dentro, quer dizer, de um campo situado fora da luta económica, à mar gem da esfera de relações entre os operários e pa trões. A única esfera, donde se pode extrair estes conhecimentos, é a das relações de todas as classes e camadas com o Estado e o governo, a esfera das relações de todas as classes entre si.» V. I. Lénlne : Id., ibid., p. 476. « . . . A luta política da social-democracia é muito maior e complexa que a luta económica dos operá rios contra os patrões e o governo. Do mesmo modo (e como sua consequência), é inevitável que a orga nização de um partido social-democrata revolucio nário seja de tipo diferente da organização dos ope rários para a luta económica. A organização dos operários deve ser, acima de tudo, sindical ; segundo, deve ser o mais ampla possível; terceiro, deve ser o menos clandestina possível (claro, que aqui e no que se segue, me refiro à Rússia autocrática) . Pelo contrário, a organização dos revolucionários deve in cluir antes e acima de tudo, as pessoas cuja profis são seja a actividade revolucionária (por isso falo de uma organização de revolucionários e refiro-me 35 aos social-democratas) . Dada esta caracterlstica comum aos membros de tal organização, deve desa parecer por completo toda a diferença entre operá rios e intelectuais,sem falar da que existe entre as diversas profissões de uns e outros. � imprescindí vel que essa organização não seja muito ampla, mas o mais clandestina possível.» V. I. Lénine: ld., tlrid., p. 506. «Organizem-se!, repete aos operanos a Rabót chaia Misl, nos mais diversos números e com ela todos os partidários da corrente "economista". Como é natural, solidarizamo-nos inteiramente com esta palavra de ordem, mas acrescentamos: organizem-se não só e.m sociedades de ajuda mútua, em caixas de greves e em circulos operários, mas também num partido político, para a luta decidida contra um go verno autocrático e contra toda a sociedade capita lista. Sem esta organização, o movimento operário não é capaz de se elevar até ao nível de uma luta consciente; sem esta organização, o movimento ope rário está condenado à impotência; só com as caixas de greves, os círculos e as sociedades de ajuda mútua, a classe operária jamais conseguirá cumprir a sua grande missão histórica: emancipar-se a si própria e emancipar todo o povo russo da sua escravidão política e económica.» V. I. Lénine: T<11ref<JJ8 urfJ&ntes do no880 �o (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., .t. IV, pp. 377 -378) . «Üs organizações operárias para a luta econó mica devem ser organizações sindicais. Todos os ope rários social-democratas devem apoiar, o mais pos sível, essas organizações e trabalhar activamente nelas. De acordo. Mas é, por certo, estranho aos nos- 36 ca a á- !l.S lí UJ t la lO :a �e le n )- l. .o .a . s t, a a o <> ., sos interesses a exigência de que só os social-demo cratas possam ser membros das associações "gre miais", pois que isso reduziria o alcance da nossa influência nas massas. Que participem na associação gremial todos os operários que compreendam a ne cessidade de se unirem para lutar contra os patrões e o governo. O objectivo das associações gremiais seria inatingível, se não agrupassem todos os operá rios capazes de aí se incluírem ainda que esta noção seja elementar, se não fossem organizações gremiais muito amplas. E quanto mais amplas forem, tanto maior será o nosso ascendente sobre elas, exercido não só pelo desenvolvimento "espontâneo" da luta económica, mas também pela influência directa e consciente dos membros socialistas dos sindicatos sobre os seus camaradas.» V. l. Lénine: Que fazur-1 (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. V., pp. 507-508). « . . . Que os sindicatos devem actuar "debaixo do controle e direcção" das organizações social-demo cratas é algo acerca do qual não pode haver duas . opiniões entre os social-democratas.» [ . . . ] «0 par tido deve esforçar-se e esforçar-se-á por inculcar o seu espírito, por submeter, à sua influência, as asso ciações gremiais, mas para alcançar isto terá exacta mente de distinguir, entre os elementos totalmente social-democratas (filiados no Partido Social-Demo crata) destas associações dos que não tenham adqui rido total consciência de classe, que não sejam de todo politicamente activos, e não deverá confun di-los . . . » V. I. Lénine: Um passo em frente, dol9 pas808 atrás (Em: V. I. Lénine, Ob. cm., t. VII, pp. 291 e 292). � «Todo o partido, que deseje pertencer à Inter- nacional Comunista, deve realizar persistente e sis- 37 · ! tematicamente trabalho comunista nos sindicatos, cooperativas e outras organizações operárias de massas. E se necessário, formar células comunistas nos sindicatos que, com trabalho prolongado e tenaz, devem ganhá-los para a causa do comunismo. Estas células têm o dever de desmascarar em cada aspecto do trabalho quotidiano, a traição dos social-patrio tas e as vacilações do "centro". Devem estar inte gralmente subordinados ao partido no seu con junto.» V. I. Lénine: Teses para o II Congresso da InternaoKmal Comumsta. (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. XXXIII, p. 332). «No seu trabalho, o partido apoia-se directa mente nos sindicatos, que têm agora, segundo os dados do último Congresso (Abril de 1920), mais de quatro milhões de filiados e que formalmente são apartidários. Na realidade, todos os organismos di rigentes da grande maioria dos sindicatos e sobre tudo o do centro, ou gabinete geral de sindicatos de toda a Rússia (Conselho Central de Sindicatos de toda a Rússia) são compostos por comunistas e apli cam todas as directivas do partido. Temos assim, em conjunto, um aparelho proletário formalmente não comunista, flexível e, relativamente amplo e muito poderoso, por meio do qual o partido está estreita mente ligado à classe e às massas, e por meio do qual se exerce, sob a direcção do partido, a ditadura da classe.» V. I. Lénine: O «esqwe:rdisrno», ãatmça infantil do comunismo (Em: V. I. Lé nine, Ob. ciit., t. XXXIII, pp. 152-153). 38 V - O PARTIDO E AS MASSAS Segundo a concepção marxista-leninista do par tido, este é o destacamento de vanguarda da classe operária, um sector dela, o mais avançado, organi zado e decidido. Ao mesmo tempo, deve existir uma ligação sólida, estreita, dinâmica e permanente entre a parte e o todo, entre a classe operária e os traba lhadores e a sua força dirigente. O partido não poderia actuar como uma força política e cumprir a sua função dirigente, se as mas- . sas operárias e todos os trabalhadores não vissem nele o seu guia seguro, se não reconhecessem o seu ascendente político e a sua autoridade. Só resolvendo esse problema é que se adquire a capacidade de con duzir as massas, atributo fundamental de todo o partido marxista-leninista maduro. O partido revolucionário não é um fim em si mesmo, é um instrumento do proletariado para im pulsionar e garantir a vitória da revolução, para encaminhar o proletariado e os outros trabalhadores �té ao poder político. :m o partido das massas, a sua própria raiz e deve chegar a dirigi-las, contribuindo para as organizar, ajudando a educá-las política e ideologicamente, desenvolvendo a sua iniciativa e mobilizando-as para que cumpram com êxito as suas tarefas. « . . . Um dos erros mais graves e perigosos come tidos pelos comunistas [ . . . ] é a ideia de que uma re- 39 volução pode ser feita só pelos revolucionários. Pelo contrário, para o êxito de todo o trabalho revolucio nário honesto é necessário compreender e saber aplicar na prática que os revolucionários apenas são capazes de desempenhar o papel como vanguarda da classe verdadeiramente viável e avançada. A van guarda cumpre apenas as suas tarefas como van guarda quando é capaz de não se isolar da massa que dirige e se é verdadeiramente apta a conduzir toda a massa para a frente.». V. I. Lén1ne: O significado � materia ltsm.o milttanite (Em: V. I. Lénlne. Ob. oit., t. XXXVI, p. 191 ) . « . . . Se não queremos ser um partido de massas apenas de nome, devemos inserir na participação em todos os assuntos do partido de massas cada vez mais amplas, elevando-as constantemente da indif e rença política à contestação e à luta, do espírito geral de contestação à identificação consciente com as ideias social-democratas, da identificação com estas ideias ao apoio do movimento, do apoio à participa ção organizada dentro do partido.» V. I. Lén1ne: Carta à Redacção da «ls kra> (Em: V. I. Lénlne, Ob. cit., t. VII, p. 127). « . . . De nada serve falar do papel da social-demo cracia como vanguarda da revolução, se nem sequer conhecemos bem o estado de espírito das massas, se não soubermos fundir-nos com elas, mobilizá-las.:. «A nossa obrigação é aprofundar e estender o trabalho entre as massas e a influência sobre elas. [ . . . ] Todo o sentido da nossa rigorosa indepen dência, como partido do proletariado, consiste, em grande parte, em que devemos realizar sempre e sem vacilações esta tarefa marxista para elevar no pos sível toda a classe operária ao nível da consciência da social-democracia [ . . . ] 40 «Sem este trabalho, a acção política degeneraria inevitavelmente num jogo, já que o trabalho politico apenasadquire um significado sério para o proleta riado, na medida em que desperta a massa de uma determinada classe, conquista o seu interesse e a mobiliza para tomar parte activa e dirigente nos acontecimentos.» V. I. Léni.ne: Sobre a confusão de poli tica e �agogia (Em: V. I. Léni.ne, Ob. cit., t. VIII, pp. 526 e 527 ) . «A política séria só pode ser executada pelas massas; mas as massas a partidárias que não seguem a direcção de um partido forte são massas desuni das, ignorantes, incapazes de se manterem firmes, propensas a converter-se em joguete nas mãos de políticos hábeis que surgem "a tempo" das fileiras das classes dominantes para aproveitar as circuns tâncias "favoráveis".» V. I. Lénine: Os apartidá.rio.s estão des concertados (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. XX, p. 192). «A revolução proletária não pode levar-se a cabo sem contar com a simpatia e o apoio da grande maioria dos trabalhadores à sua vanguarda, o pro letariado. Mas esta simpatia e apoio não aparecem espontaneamente, não se decidem por eleições, mas conquista-se no decorrer de uma longa, difícil e dura luta de classes. A luta de classes que liberta o prole tariado porque se ganha a simpatia, porque se ganha o apoio da maioria dos trabalhadores, não termina com a conquista do poder político pelo proletariado. Esta luta 1ffOssegue depois da conquista do poder, só que sob outras formas.» V. I. Lénine: Saudação aos comunistas italianos, frM&Cese8 e alemães (Em: V. I. Léni.ne, Ob. oit., t. XXXII, p. 34). 41 «Esta absurda "teoria" de que os comunistas não devem trabalhar nos sindicatos reaccionários de monstra do modo mais evidente com que ligeireza consideram os comunistas "de esquerda" o problema da influência nas "massasn e de que modo abusam do seu palavreado acerca das "massas". Se se quer ajudar as "massas" e conquistar a simpatia e o apoio das "massas", não há que temer as dificuldades, as alfinetadas, as tramóias, os insultos e as persegui ções dos "dirigentes" (que, por serem oportunistas e social-chauvinistas, estão, na maioria dos casos, directa ou indirectamente ligados à burguesia e à polícia) , mas deve-se trabalhar sem falta ali onde estão as massas. Há que saber fazer toda a espécie de sacrifícios, vencer maiores obstáculos para levar a cabo a agitação e a propaganda de forma sistemá tica, tenaz, perseverante e paciente naquelas insti tuições, sociedades e associações, por reaccionárias que sejam, onde haja massas proletárias ou semi proletárias. » «0 Comité Executivo da m Internacional deve, a meu ver, condenar terminantemente e exigir que o próximo Congresso da Internacional Comunista con dene tanto a política de se negar a trabalhar nos sindicatos reaccionários em geral (explicando em pormenor porque é que semelhante negação é um disparate e que prejuízo enorme traz à causa da revolução proletária) como, em particular, a linha de conduta de alguns membros do Partido Comu nista Holandês, que - embora de forma directa ou indirecta, aberta ou encoberta, total ou parcial, é a mesma coisa, têm apoiado esta política errada.» V . I. Lén.ine: O «esquerrdismo», doença '1if am;til <bo comunism<> (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. XXXIII, pp. 158, 160). «0 nosso objectivo permanente que não devemos perder de vista nem por um instante, tem de ser a organização especial de um partido, independente, 42 do proletariado, que através de todos os ensejos de mocráticos aspire à revolução socialista total. Mas voltar as costas por este motivo, ao movimento cam ponês seria um caso de filisteísmo e pedantismo sem remédio. Não, o carácter revolucionário e demo crático deste movimento é indiscutível e devemos apoiá-lo · com todas as nossas forças, desenvolvê-lo, convertê-lo em movimento politicamente consciente dos seus objectivos e do seu carácter de classe, im pulsioná-lo para a frente, marchar com ele, passo a pas�o até ao fim, pois nós iremos muito mais além do objectivo final de qualquer movimento do cam pesinato; nós propomos pôr fim definitivamente a toda a divisão da sociedade em classes.» V. I. Lénine. A «redistribuição gerai da terral'» norte-americana segundCJ Marx (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. VIII, p. 342). 43 VI - O CENTRALISMO DEMOCRATICO Demonstrada a necessidade da organização polí tica, restava resolver outra questão: de que forma deve organizar-se a vanguarda da classe para ga rantir o exercício do papel que está chamada a de sempenhar e tornar mais eficiente a sua intervenção na actividade social transformadora. K. Marx, F. Engels e V. 1. Lénine elaboraram os fundamentos ou princípios orgânicos do partido. Não se trata de opiniões fortuitas, mas que resumem o estudo critico das experiências do movimento ope rário revolucionário e de libertação nacional. Aqui se enlaçam, do modo mais estreito, a teoria e a prática. A ciência sobre o partido e as suas re gras de existência não foi criada de uma vez para sempre. Desenvolveu-se, enriqueceu e concretizou-se no processo de aparecimento e fortalecimento do próprio partido e no decorrer da sua actividade di rigente da luta de classe do proletariado. Por isso mesmo, não se deve compreender como um enume rado de regras estáticas, mas como um guia essen cial que se deve aplicar em diversas condições his tóricas e que conserva a sua vitalidade e perma nência. Os fundadores do marxismo-leninismo frisaram o centralismo democrático como o principio funda mental da organização e da vida interna do partido. São dois aspectos de um todo único, que longe de 45 se excluírem - como dizem os inimigos do prole tariado - se conjugam e completam mutuamente. O centralismo e a disciplina são necessários para que o partido actue com uma vontade comum, única e assegure a coordenação do trabalho. Ao mesmo tempo, só se pode alcançar e consolidar esta von tade discutindo conjuntamente os problemas e apro vando decisões obrigatórias para todos. A vontade comum, cristalizada nas decisões do partido, é fruto da democracia interna. « . . . Todos estão de acordo que o "amplo princí pio democrático" supõe estas duas condições impres cindíveis: em primeiro lugar, uma publicidade com pleta e, em segundo lugar, o carácter electivo de todos os cargos. Seria ridículo falar de espírito de mocrático sem publicidade e, aliás, sem uma publi cidade que não se limite aos membros da organiza ção do Partido Socialista Alemão, porque nele tudo se leva a cabo publicamente, inclusive as sessões dos seus congressos ; mas nada chamará de democrática uma organização que se oculte de todos os que não sejam seus membros por trás de um véu secreto. Portanto, que sentido tem propor um amplo princí pio democrático, quando a sua condição fundamental é irrealizável para uma organização secreta ?» «Sem falar ainda no segundo atributo de demo cracia, o carácter electivo. Nos países que gozam de liberdade política, esta condi�ão está resolvida. [ . . . ] Todos sabem que determinado dirigente polí tico começou de tal maneira, seguiu tal evolução, como agiu num momento difícil da sua vida, que se distingue em geral por certas qualidades; por tanto, é natural que todos os membros do partido o possam eleger ou não, com conhecimento de causa, para determinado cargo. O controle total (no sen tido literal da palavra) de cada um dos passos do filiado do partido, ao longo da sua carreira política, cria um mecanismo de acção automática, cujo re sultado é o que em Biologia se chama "sobrevivência 46 dos mais aptos". A "selecção natural" produto da verdadeira publicidade, do carácter electivo e do controle total, assegura finalmente que, cada diri gente permaneça "no seu lugar", se encarregue da tarefa que melhor esteja de acordo com as suas for ças e com as suas aptidões, sinta todas as conse quências dos seus erros e demonstre acima de tudo a sua capacidade para os reconhecer e evitar.» V. I. Lénine: Que fazer� (Em: V. I. Lé nine.Ob. cit., t . V, pp. 530, 531 ) . «As condições em que o nosso partido deve de senvolver a sua actividade modificaram-se radical mente. Conquistou-se a liberdade de reunião, de associação, de imprensa. Naturalmente, estes direi tos são muito precários e confiar nas actuais liber dades seria uma loucura, senão um crime. Ainda nos espera a luta decisiva e a preparação para essa luta deve ser posta em primeiro plano. A clandesti nidade do partido deve ser mantida. Mas, ao mesmo tempo, é absolutamente necessário aproveitai" ao máximo as possibilidades actuais relativamente am plas. Ê absolutamente necessário criar, além da clandestinidade do partido, novas organizações do partido (e organizações ligadas ao partido) legais e semilegais. » « . . . Nós, representantes da social-democracia re volucionária, os partidários da "maioria", temos dito várias vezes que a democratização total do par tido era impossível nas condições de trabalho clan destino; que, em tais condições o "princípio de elec tividade" é apenas uma frase. [ . . . j Mas nós, os bol cheviques, afirmámos sempre que em novas condi ções, quando se alcançassem liberdades politicas, seria indispensável adoptar o princípio de electivi dade.» «Assim, pois, a tarefa é clara : conservar agora a clandestinidade e desenvolver um outro aspecto, o 47 legal [ . . . ] convocar o IV Congresso sobre a base dos estatutos e ao mesmo tempo começar, já, em seguida, a aplicar o princípio de electividade.» « . . . Com efeito, já chegou, ou pelo menos e.stá a chegar, o momento em que o princípio de electivi dade pode ser aplicado na organização do partido não com palavras, mas nos factos ; não como uma frase bonita e oca, mas sim como um princípio ver dadeiramente novo, verdadeiramente renovador, que amplie e reforce os laços do partido. A "maioria", personificada no c. C., exigiu directamente a ime diata aplicação e implantação do princípio de elec tividade. » V. I. Lénine: Sobre a re<Yrgawização do Partido (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., .t. X. pp. 23, 24 e 32). « . . . O partido é um conjunto de organizações in terligadas num todo único. O partido é a organiza ção da classe operária, espalhada numa rede das mais diversas organizações locais e especiais, cen trais e gerais.» V. I. Lénine : Como V. Za.s.sulich combate o Ztqu.tdacionismo (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. XX, p. 155) . « . . . A unidade em matéria de programa e em ma téria de táctica é condição essencial, mas de modo algum suficiente para alcançar a unificação do par tido [ . . . ] Este último requer, além disso, unidade de organização que, num partido que começa apenas a sair dos limites de um círculo familiar, é inconce bível sem estatutos formais, sem a subordinação da minoria à maioria, da parte ao todo. Enquanto não existia entre nós unidade em relação aos problemas fundamentais de programa e táctica, admitíamos abertamente que vivíamos ainda num periodo de dispersão e de círculos separados, declarámos aber- 48 tamente que, antes de nos unirmos, era necessar10 traçar uma linha demarcatória ; nem sequer falámos dos moldes de uma organização conjunta, mas dis cutimos exclusivamente os novos (e nisso então eram novos de verdade) problemas da luta progra mática e táctica contra o oportunismo. Mas agora esta luta, como todos o reconhecemos, já produziu um grau de unidade suficiente, como foi formulado no programa e resoluções do partido sobre proble mas de táctica ; tínhamos de dar o passo seguinte e demo-lo de comum acordo, elaborando os moldes de uma organização única que unificaria todos os círculos.» V. I. Lénine: Um passo em frente, doi.! passos atrá.s (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. VII, p. 415). « . . . Burocracia versus democracia significa, na realidade, centralismo versus autonomismo ; é o princípio de organização da social-democracia revo lucionária oposto ao princípio de organização dos oportunistas da social-democracia. Este último pro põe-se agir de baixo para cima, razão pela qual de fende, sempre que seja possível e até onde seja pos sível, o autonomismo e a "democracia" levados (por aqueles que pecam por excesso de zelo) até ao anar quismo. O primeiro, pelo contrário, propõe-se agir de cima para baixo e defende a necessidade de au mentar os direitos e atributos do centro em relação às partes. Na época da desunião e dos círculos se parados, essa linha, da qual a social-democracia re volucionária procurava avançar de um modo orga nizado, era inevitavelmente um dos círculos, o que gozava de maior influência pela sua actividade e firmeza revolucionárias (no nosso caso a organiza ção da lskra). Ao estabelecer-se a unidade real do partido e ao dissolver-se nela os círculos antiquados essa linha é necessariamente o congresso do partido, como órgão supremo deste ; o congresso agrupa no 49 possível representantes de todas as organizações activas e, ao designar os organismos centrais . . . faz deles a linha até ao congresso seguinte. V. I. Lénine: Id., ibid., p. 425. « . . . E apenas porque o partido permanecia alerta, porque mantinha a mais rigorosa disciplina, porque a autoridade do partido unia todas as instituições e departamentos governamentais, porque dezenas, centenas, milhares e em último caso milhões de pes soas executaram como um só homem a palavra de ordem lançada pelo e. e. ; apenas porque se fizeram sacrifícios inauditos ; apenas devido a tudo isto foi possível o milagre que se deu. Só devido a tudo isto pudemos derrotar as campanhas repetidas dos im perialistas da Entente e dos imperialistas de todo o mundo. Naturalmente, não frisemos apenas este as pecto da questão, apesar de devermos ter presente que isto nos ensina que, sem disciplina e sem cen tralização, nunca teríamos podido levar a cabo esta tarefa. Os sacrifícios incríveis, que temos feito para salvar o país da contra-revolução, para que a revo lução russa triunfe sobre Denikine, Iudénich e Kol chak, são uma garantia para a revolução socialista mundial. Para alcançar isto era necessária a disci plina do partido, a mais rigorosa centralização, a segurança absoluta de que os inumeráveis sacrifí cios de dezenas e centenas de milhares de homens nos ajudariam a realizar todas essas tarefas, de que isso, efectivamente, podia se·r levado a cabo, podia ser cumprido. Mas para isso era necessário que o nosso partido e a classe que exerce a ditadura, a classe operária, servissem como elementos unifica dores de milhões e milhões de trabalhadores, tanto na Rússia como em todo o mundo.» V. I. Lénine: IX Congresso do P.C.(b)R. (Em: V. r. Lénine, Ob. cit., . t. X.XXII!, pp. 31-32). 50 «Na nossa imprensa sempre defendemos a demo cracia interna do partido. Mas nunca falámos contra a centralização do partido. Somos partidários do centralismo democrático.» V. I. Lénine: Ao secretário da «Liga para. cv Propaganda. Socialiista» (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. xxm, p. 58). «Somos partidários do centralismo democrático. E é necessário que se compreenda com clareza que uma diferença enorme separa, por um lado, o cen tralismo democrático do centralismo burocrático e do anarquismo, por outro. Os adversários do centra lismo propõem sempre a autonomia e a federação como meios para combater as contingências do cen tralismo. Na verdade, o centralismo democrático não exclui a autonomia, muito pelo contrário, pressupõe a necessidade da mesma. Na realidade, inclusiva mente a federação, quando se realiza dentro dos li mites razoáveis do ponto de vista económico, quando se fundamenta em peculiaridades nacionais impor tantes que provocam uma verdadeira necessidade de determinada separação estatal, inclusivamente a federação não contradiz de modo algum o centra lismo democrático. Frequentemente a federação, sob um regime autenticamente democrático e, mais ainda, com a organização soviética do Estado, é ape nas um passo de para o verdadeiro centralismo democrático. O exemplo da República Soviética da Rússia mostra-nos com especial evidência que a fede ração, que estamos a implantar e será implantada, é agora o passo mais seguro para alcançar a união perpétua das diferentes nações da Rússia num Es tado soviético único, democrático e centralizado.» V. I. :i;...énine: Pri-mieWa variante ® artigo «As tarefas imediatas do povo sovié . ticO» (Em: V. I. Lénine, Ob. ait., t. XXVIII, p. 430). 51 « . . . Os partidos que pertencem à Internacional Comunista devem estar organizados de acordo com o princípio do centralismo democrático. Nesta época de acentuada guerra civil, o Partido Comunista só poderá cumprir o seu dever se estiver organizado na forma mais centralizada possível, se predominar nele uma disciplina férrea, a tocar a disciplina mi litar, se tiver centros do partido fortes e com auto ridade, investidos de amplos poderes e que gozem da confiança total dos membros do partido.» V. I. Lénlne: Teses para o li Congresso da l'Wternaci;cmal Carnunista (Em: V. I. Lénine, Ob. ciit., t. XXXIII, p. 333). «Ü Partido Operário Social-Democrata Russo é um partido organizado na forma democrática. Isto significa que todos os assuntos do partido devem ser discutidos - directamente ou por meio de repre sentantes - por todos os membros do partido num plano de igualdade de direitos, sem excepção; além disso, todos os funcionários, todos os organismos de direcção e todas as instituições do partido são elegíveis, responsáveis perante os filiados pela sua gestão e substituíveis. V. I. Lénine: A social-democracia. e as eleições à Duma (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. XI, p. 478). « . . . A experiência da vitoriosa ditadura do prole tariado na Rússia demonstrou claramente, inclusi vamente aqueles que são incapazes de pensar ou não tiveram ocasião de reflectir sobre o ·problema, que a centralização absoluta e a rigorosa disciplina do proletariado são condições essenciais para a vitória sobre a burguesia [ . . . ] » «As primeiras perguntas que surgem são: como se mantém a disciplina do partido revolucionário do 52 proletariado, como se a demonstra, como se a re força? Primeiro, pela consciência à!e classe da van guarda do proletariado e pela sua fidelidade à revo lução, pela sua tenacidade, abnegação e heroísmo. Segundo, pela sua capacidade de se unir, de estabe lecer o mais estreito contacto e, se for preciso, de se fundir, em certa medida, com as mais amplas massas niio proletárias. Terceiro, pela linha política correcta que essa vanguarda segue, pela correcção da sua estratégia e táctica políticas, sempre que as massas se convençam, por experiência própria, de que são correctas. Sem estas condições é impossível obter disciplina num partido revolucionário verda deiramente capaz de ser o partido da classe avan çada, cuja missão é derrubar a burguesia e transfor mar toda a sociedade.» V. I. Lénlne: O «esquerdismo», doença infantil do comunismo (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. XXXIII, pp. 128-129). « . . . Estamos dispostos a repetir uma vez mais os princípios fundamentais de organização cuja acei tação é, a nosso ver, indispensável para a união: 1) a minoria deve submeter-se à maioria (não con fundir maioria e minoria entre aspas; trata-se do princípio de organização de um partido em geral e não da fusão da "minoria" com a "maioria", acerca da qual se falará mais adiante). De um modo abstracto, é possível imaginar a fusão nessa forma, que haja "mencheviques" e "bolcheviques" em igual número, mas mesmo assim seria impossível a fusão, sem aceitar o princípio de obrigação da submissão da minoria à maioria. 2) O organismo supremo do partido deve ser o congresso, quer dizer, uma assem bleia de delegados de todas as organizações com plenos direitos; a decisão destes delegados deve ser definitiva (este é o principio de representação de mocrática, em oposição ao princípio de conferências ·Consultivas, cujas decisões devem ser confirmadas por votação das organizações, quer dizer, por um plebiscito) . 3) As eleições do organismo central do partido (ou dos seus organismos centrais) devem ser directas e realizadas no congresso. As eleições fora do congresso, as eleições indirectas, etc., são inadmissíveis. 4) Todas as publicações partidárias, tanto locais como centrais, devem depender incondi cionalmente do congresso e da organização corres pondente local ou central. :m inadmissível a existên cia de publicações partidáras que não estejam liga das ao partido. 5) O conceito de filiação no partido deve ser definido com precisão absoluta. 6) Igual mente devem ser definidos com precisão nos estatu tos os direitos da minoria do partido.» «Tais são, na nossa opinião, os princípios de organização absolutamente obrigatórios, cuja não aceitação torna impossível a união.» V. I. Lénlne: Pr6Zogo ao folheto «08 ope rário8 e a cisão no Partido> (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. IX, pp. 160-161) . Si VII - O PARTIDO E A TEORIA O partido revolucionário consolida-se e desen volve a sua acção de organizador e dirigente da classe operária e das massas trabalhadoras e opri midas, partindo de uma firme base teórica, o socia lismo científico, de K. Marx, F. Engels e V. 1. Lé nine. O partido não só guia as suas tarefas quotidia nas pela teoria marxista-leninista, aplicando-a se gundo uma perspectiva criadora às condições his tóricas objectivas, mas também é sua principal fun ção facilitar a fusão dessa teoria com o movimento operário a fixp. de dotar este último da plena cons ciência dos seus objectivos históricos. Isso implica elaboração, aplicação, desenvolvimento da teoria. O partido é, portanto, o portador da ciência mar xista-leninista que toma como base teórica. de toda a sua actividade entre as massas e como norma da sua própria vida. ·� também difusor dessa própria ciência, ao situar como tarefa essencial e perma nente, o aumento constante do nível de consciência de um número cada vez maior de operários e traba lhadores e, finalmente, é o defensor da teoria revo lucionária contra os propósitos destinados a negá-la ou a ignorá-la, propósitos que provêm dos inimigos do proletariado.> « . . . Não pode haver um partido socialista forte sem uma teoria revolucionária que una todos os so- ss cialistas, de onde estes extraiam todas as suas con vicções e a apliquem nas suas formas de luta e mé todos de acção.» V. I Lénine: Artigos para «Rabótchaia Gazeta>: O Nosso Programa (Em: V. I. Lénine, Ob. cit., t. IV, p. 215). « . . . O movimento de libertação mais poderoso da classe oprimida, a classe mais revolucionária da his tória, é impossível sem uma teoria revolucionária. Essa teoria não pode ser inventada. Nasce da união da experiência revolucionária e do pensamento re volucionário de todos os países do mundo. Tal teoria desenvolveu-se na segunda metade do século XIX. Chama-se marxismo. Não se pode ser socialista nem social-democrata revolucionário sem participar, com todas as forças, na elaboração e aplicação dessa teoria . . . » V. I. Lénine: A voz de u.m socialista fr<Itn cés h<>nest<> (Em: V. I. Lénine, Ob. cf.t., t. XXII, p. 462). « . . . Só a teoria do marxismo revolucionário pode servir de bandeira ao movimento da classe operária e a social-democracia russa deve velar pelo desen volvimento posterior desta teoria pela sua aplica ção na prática e protegê-Ia por sua vez contra os desvios e envelhecimentos a que são frequentemente submetidas as "teorias da moda" (e os êxitos da social-democracia na Rússia converteram já o mar xismo numa "teoria da moda") .» V. I. Lénine : Protesto dos social-demo cratas do; Rússia (Em: V. I. Lénine, Ob. cf.t., t. IV, pp. 182-183) . « . . . O problema põe-se apenas a8sim: ideologia burguesa ou ideologia socialista. Não há meio termo (pois a humanidade não elaborou nenhuma "ter- 56 ceira" ideologia; além disso, na sociedade corroída pelas contradições de classenunca pode existir uma ideologia à margem das classes ou acima destas) . Por isso, tudo o que seja denegrir a ideologia socia lista, tudo o que seja afastar .. se dela equivale a for talecer a ideologia burguesa.» V. I. Lénln�: Que /az&r1 (Em: V. I. Lé nine, Ob. cit., t. V, pp. 439-440). « . . . Uma das condições necessárias para prepa rar o proletariado para a sua vitória é uma longa, tenaz, implacável luta contra o oportunismo, o re formismo, o social-chauvinismo e outras influências e correntes burguesas similares que são inevitáveis visto que o proletariado actua num meio capitalista. Se não se empreende essa luta, se não se derrota previamente por completo o oportunismo dentro do movimento operário, não haverá ditadura do prole tariado. O bolchevismo não teria podido vencer a burguesia em 1917-1919 se antes, em 1903-1917, não tivesse aprendido a derrotar os mencheviques, ou seja, os oportunistas, reformistas e social-chauvinis tas e a expulsá-los implacavelmente do partido da vanguarda do proletariado.» V. I. Lénine: As eleições à Assembleia Constiitumte e a ditadura do proleta riado (Em: V. I. Lénlne, Ob. cit., t. XXXII, p. 265). «Criar e consolidar o partido significa criar e consolidar a unidade de todos os social-democratas russos, mas [ . . . ] tal unificação não se pode alcan çar por decreto, não se pode impor simplesmente pela decisão, digamos, de uma união de represen tantes ; não, há que trabalhar por ela. � preciso, em primeiro lugar, criar uma firme unidade ideológica que exclua essas divergências e essa confusão que, 57 sejamos sinceros, imperam actualmente entre os social-democratas russos; é imprescindível fortale cer essa unidade ideológica com um programa par tidário,» «Como já dissemos, a unidade ideológica dos so cial-democratas russos ainda tem de ser criada e para isso é imprescindível, na nossa opinião, uma discussão franca e completa de todos os problemas fundamentais de princípio e táctica, expostos pelos "economistas", bernsteinianos e "critícos" contem porâneos. Antes de nos unirmos e para nos poder mos unir devemos começar por traçar uma linha de princípios com decisão e clareza. De outro modo a nossa unidade apenas seria um.a ficção que encobri ria a confusão existente e impediria de a extirpar de raiz. Compreende-se, pois, que não estejamos dis postos a permitir que o nosso jornal seja um simples depósito das mais diversas opiniões. Pelo contrário, dar-lhe-emos um.a orientação precisa e definida. Esta orientação pode exprimir-se numa palavra: marxismo e não achamos necessário acrescentar que somos partidários do desenvolvimento consequente das ideias de Marx e Engels e que rejeitamos cate goricamente essas emendas híbridas, vagas e opor tunistas, que estão na moda actualmente, seguindo o exemplo fácil de E. Bernstein, P. Struve e muitos outros.» V. I. Lénlne; Declaraçãio da Redacção da «Iskrar> (Ob. cit., t. IV, pp. 362-363). 58 VIII - A LUTA CONTRA O REVISIONISMO O marxismo-leninismo forjou-se e desenvolveu-se numa constante polémica intransigente contra todas as concepções dos inimigos do proletariado. Pri meiro, contra todos os que defendiam a conciliação de classes ou se propunham desviar o proletariado da luta revolucionária. «11:: bem conhecida a máxima que diz que se os axiomas geométricos afectassem os interesses das pessoas, certamente haveria quem os combatesse. As teorias das ciências naturais, que chocaram com as velhas ideias da teologia, provocaram e conti nuam a provocar a oposição mais cerrada. Nada tem de estranho, pois, que a doutrina de Marx, que serve directamente a educação e a organização da classe de vanguarda da sociedade moderna, que define as tarefas dessa classe e demonstra a substituição ine vitável, em virtude do desenvolvimento económico, do regime actual por uma nova ordem, terá de lutar para conquistar cada um dos seus passos. «Inútil será dizer que, isto se aplica à ciência e à filosofia burguesas, ensinadas por professores do ensino oficial para embrutecer as novas gerações das classes possuidoras e "educá-las" contra os ini migos externos e internos. Esta ciência nem quer ouvir falar de marxismo e declara-o errado e ani quilado; Marx é atacado com igual zelo quer pelos jovens estudantes que fazem carreira combatendo 59 ( , . 1 1 , 1 o socialismo, quer pelos decrépitos anciãos que con servam a tradição de toda a espécie de "sistemas" antiquados. Os avanços, difusão e consolidação das ideias marxistas entre a classe operária provocam inevitavelmente a repetição e agudização desses ata ques burgueses contra o marxismo que resulta mais forte, mais preparado e vivo de cada um dos seus "aniquilamentos" pela ciência oficial. «Mas ainda entre as doutrinas ligadas à luta da classe operária e difundidas predominantemente en tre o proletariado, o marxismo não consolidou de modo algum a sua posição espontaneamente; muito pelo contrário. Durante o primeiro meio século da sua existência (desde a década de 40 do século :xx) lutou contra teorias que lhe eram profundam.ente hostis. Na primeira metade da década de 40, Marx e Engels ajustaram contas com os jovens hegelianos radicais, cujo ponto de vista era o do idealismo filo sófico. Nos finais dessa década, a luta contra o proudhonismo passou para primeiro plano no çampo das doutrinas económicas. Esta luta terminou na década de 50 com a crítica aos partidos e doutrinas que tinham surgido no turbulento ano de 1848. Na década de 60, ao expulsar o bakuninismo da Inter nacional, a luta deslocou-se do campo da teoria geral para um plano mais próximo ao movimento operá rio propriamente dito. Nos começos da década de 70, destacou-se na Alemanha, por algum tempo, o. proudhonista Mühlberger; nos finais desse período, o positivista Dühring. Mas a influência de um e outro sobre o proletariado era já insignificante. O marxismo tinha alcançado um triunfo indiscutível sobre todas as outras ideologias do movimento ope rário. «Fundamentalmente, este triunfo culminou na década de 90 do século passado. Até nos países lati nos, onde as tradições do proudhonismo se tinham mantido por mais tempo, os partidos operários estru turaram os seus programas e a sua táctica sobre bases marxistas. Ao renovar-se sob a forma de con- 60 gressos internacionais periódicos, a organização in ternacional do movimento operário colocou-se, no essencial, imediatamente e quase sem luta, no campo do marxismo. Mas quando o marxismo teve de com bater todas as doutrinas mais ou menos integralistas que lhe eram hostis, as tendências que nelas se alber gavam começaram a procurar outros caminhos. As formas e as causas da luta modificaram-se, mas a luta continuou. E o marxismo começou o segundo meio século de existência (década de 90 do século passado) a enfrentar uma corrente hostil dentro do próprio marxismo. «Ü ex-marxista ortodoxo Bernstein deu o seu nome a esta corrente ao proclamar com grande alarido e com expressões grandiloquentes as emen das a Marx, o revisionismo. Agora na Rússia, onde, devido ao atraso económico e à preponderância da população camponesa oprimida pelos vestígios do servilismo, o socialismo não marxista manteve-se durante muito tempo, hoje converte-se simplesmente em revisionismo diante dos nossos próprios olhos. E o mesmo acontece com o problema agrário (pro grama de municipalização de toda a terra) que nas questões programadas e tácticas de carácter geral, os nossos social-democratas foram substituindo cada vez com mais "emendas" a Marx os restos agonizan tes e caducos do velho sistema, coerente à sua ma neira e profundamente hostil ao marxismo. «Ü socialismo pré-marxista foi derrotado. Conti nua a lutar agora não no seu próprio terreno, mas uo do marxismo, como revisionismo. Examinemos, pois, qual é o conteúdo ideológico do revisionismo. «No campo da filosofia, o revisionismo está dependente da "ciência" académica
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