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Anemia Falciforme: Genética e Manifestações

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AULA 07 – CONTINUAÇÃO: HB’S VARIANTES 
 
 
 
Essas hemoglobinas só tem uma mudança significativa a partir 
do sexto mês de vida, que é quando produz mais Hb beta, e 
diminui a gama. 
 
 
 
ANEMIA FALCIFORME 
Do latim: foice. 
 Fisiopatologia: 
 Alteração molecular primária: substituição de uma única 
base nitrogenada no códon 6 do gene da globina β 
(adenina substituída por timina). GAG -> GTG 
 Substituição do aminoácido ácido glutâmico pela valina. 
 A mudança desse aminoácido gera uma nova Hb: HbS. 
Que quando tem baixa tensão de O2 ela tende a 
polimerizar suas moléculas e com isso, alteração da 
forma da hemácia (forma de foice) = redução da 
deformabilidade: oclusão vascular. 
 Homozigotos SS: produz apenas cadeias βs – anemia 
falciforme. 
 Quando ocorre essa troca de aminoácido, e a Hb S é 
desoxigenada, ela tende a formar polímeros, que são 
formados por febre, acidose, etc. e essa hemácia 
foicizada, altera a membrana e sua adesividade 
levando a uma vasoclusão, resultando a um infarto 
tecidual e levando a uma anemia hemolítica crônica. 
*Uma das terapias utilizadas na polimerização da 
desoxi-hemoglobina S é a transfusão sanguínea, 
porque aumenta os níveis de Hb α, e 
consequentemente diminui os processos vasoclusivos, 
também tentar aumentar a concentração de Hb fetal, porque ela tem 
maior afinidade por O2 e libera mais lentamente para os tecidos, 
evitando assim que ocorra a polimerização da desoxi-hemoglobina S. 
 
 
 
 
 
VASO-OCLUSÃO 
 
 Evento fisiopatológico principal responsável pelos 
casos de internações e morbidade. 
 Ocorre principalmente na micro-circulação. 
 A cascata é uma série de eventos que se 
retroalimenta, por exemplo, durante a vaso-
oclusão também ocorre a hemólise intravascular 
que libera Hb livre, e essa Hb livre se liga ao 
arginato que é precursor de óxido nítrico, que 
aumenta e leva a uma vaso constricção, essas 
células ativadas junto com macrófagos aumentam 
TNF-a, fator tecidual, etc. E se esse processo não é 
interrompido, ele se propaga pra grande parte do corpo. 
 
HBS – GENÉTICA DE POPULAÇÕES 
 
 Principal população afetada de origem africada. 
 Prevalência no brasil: cerca de 8% dos 
indivíduos de origem africana possuem o gene 
Bs 
 Herança mendeliana (AS X AS = 25% de 
probabilidade de gerar filho SS) 
 AS: portadores assintomáticos 
 SS: anemia falciforme 
 SC/SD: doença falciforme 
 
 
 
TRIAGEM NEONATAL PARA HEMOGLOBINOPATIAS 
 É importante, pois antes do teste do pezinho, crianças com idade inferior aos 6 meses de vida, 
tinham mortalidade em torno de 20%. 
 Melhoria do atendimento visando: 
a) Profilaxia de infecções 
b) Reconhecimento de entidades mórbidas de risco 
c) Segurança transfusional 
d) Interface com atenção básica 
e) Orientação genética familiar 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEMIA FALCIFORME: MUTAÇÃO ÚNICA 
 
 Acredita-se que a anemia falciforme tem 
origem múltiplas, porque a mesma mutação 
dá origem a diferentes fenótipos clínicos. 
 Uma das principais fatores dessas diferentes 
situações clínicas se dá aos haplótipos 
relacionados à mutação Bs. 
 Os haplótipos Bs estão associados com 
evolução clínica na AF e com níveis de HbF. 
 CAR ou Bantu 
 Benin 
 Senegal e Árabe-Indiano 
 Análise molecular dos haplótipos Bs: 
PCR-RFLP: polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição. 
 Pesquisa molecular dos haplótipos Bs por PCR-RFLP: 
a. Extração de DNA 
b. PCR 
c. Verificar a amplificação 
d. Análise de restrição 
e. Verificar a digestão 
f. Análise dos resultados 
g. Elaboração do mapa 
 
 
ANEMIA FALCIFORME 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 Fase estável da doença: Hb +/- 8g/dl 
 Crises de falcização: crises vaso-oclusivas ou dolorosas, hemolíticas, aplásicas e síndrome de 
sequestro esplênico. 
1. Crises vaso-oclusivas ou dolorosas: 
a. Adesão de hemácias falcizadas ao endotélio vascular – estase sanguíneo – infarto de órgãos – 
necrose 
b. Normalmente estão associadas ao frio, mudanças bruscas de temperaturas, infecções, febre, 
diarréia, período mestrual, gravidez e estresse nos adultos. 
2. Crises hemolíticas: 
a. Aumento excessivo da hemólise 
b. Alguns fatores desencadeantes: infecções por Mycoplasma, esferocitose hereditária, condições de 
baixa tensão de O2. 
c. Agravamento da anemia 
d. Número de reticulócitos aumentado 
3. Crises aplásicas: 
a. MO em exaustão: insuficiência transitória da eritropoese (5 a 10 dias) 
b. Alguns fatores desencadeantes: infecção por parvovírus, deficiência de ácido fólico. 
c. Queda acentuada nos níveis de hemoglobina 
d. Número de reticulócitos extremamente reduzido 
4. Crise de sequestro esplênico: 
a. Acúmulo rápido de sangue no baço 
b. Crise mais grave do paciente falcêmico 
c. Queda nos níveis de Hb 
d. Aumento rápido do baço (esplenomegalia) 
5. Principais complicações clínicas: 
a. Pele: palidez, icterícia, úlceras de perna 
b. Osteoarticular: síndrome mão-pé, dores osteoarticulares, necrose asséptica da cabeça do fêmur 
c. Olhos: glaucoma 
d. SNC: AVC 
e. Cardiopulmonar: infarto pulmonar 
f. Urogenital: priapismo, insuf. Renal crônica 
g. Geral: retardo do crescimento, maior suscetibilidade à infecções 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICO-LABORATORIAIS E BIOLÓGICAS 
 Taxas de Hb variam entre 6 e 9,5 g/dl 
 Reticulócitos entre 5 e 20% 
 Policromasia, pontilhados basófilos, eritroblastos no sangue 
 Presença de hemácias falcizadas: quase 100% dos casos 
 A icterícica é as custas da BL que varia de 1 a 8 mg% 
 
 
 
 
HB C - FISIOPATOLOGIA 
 
 Esse é o processo de formação 
da Hb C, que é uma 
hemoglobina anômala e foi 
gerada a partir de uma troca de 
bases. Ela faz com que a 
hemácia perca em sua 
membrana: potássio e água e 
isso faz com que ela aumente o 
CHCM resultando em uma cristalização da Hb C, 
diminuindo a flexibilidade da forma celular, 
levando a uma hemólise discreta. 
 Esses cristais aumentam a rigidez da membrana, 
levando a uma certa destruição. 
HB C – GENÉTICA DE POPULAÇÕES: 
 Principal população afetada de origem africana; 
 Herança mendeliana; 
 AC – portadores clinicamente assintomáticos, 
sangue periférico com hemácias em alvo 
 CC – doença da Hb C – anemia hemolítica crônica discreta 
 SC – doença falciforme SC 
 
QUADRO CLÍNICO: 
1. Forma heterozigota: Hb AC 
a. Assintomático 
b. Não tem anemia 
c. Alteração morfológica: hemácias em alvo 
2. Forma homozigota: Hb CC 
a. Anemia hemolítica crônica de gravidade variável 
b. Hem em alvo 
c. Cristais intermediários de HbC 
d. Esplenomegalia 
e. Colelitíase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS DA HB – DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
 Determinação da hematimetria 
 Observação morfológica das hemácias 
 Determinação do padrão eletroforético (pH alcalino) 
 Confirmação do padrão eletroforético (pH ácido) 
 Dosagens das Hbs A2 e fetal 
 Quantificação das Hb S, C e outras variantes 
 Teste de solubilidade ou teste de falcização (confirmação de Hb S) 
 Análise familial 
 Eletroforese de cadeias globínicas 
 Análise molecular (identificação da mutação) 
HEMOGRAMA NA ANEMIA FALCIFORME 
 
 Hm, Hb e Ht diminuídos 
 VCM e HCM normais 
 Leucocitose e trombocitose 
 Número de reticulócitos elevados 
 Esfregaço sanguíneo: anisocitose, poiquilocitose 
(drepanócitos), eritroblastos 
*Não pode ser normocítica, quando se tem 
drepanócitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Policromasia evidente. 
Seta verde: monócito. 
Plaquetose. 
Seta azul: neutrófilo. 
Seta laranja: hemácia policromática. 
 
 
 
 
ELETROFORESE DE HEMOGLOBINAS 
 
 É uma técnica de separação de substâncias carregadas eletricamente, que, quando submetidas a 
um campo elétrico, migram em direção ao eletrodo positivo (se forem ânions) ou negativo (se 
forem cátions). 
 A mudança de comportamento eletroforético é uma das alterações físico-químicas observada nashemoglobinas anômalas. A eletroforese utiliza-se desta propriedade alterada para identificar a 
maioria das hemoglobinas anormais. 
PRINCÍPIO: 
 Em pH 8,0 – 9,0 a Hb é uma proteína carregada 
negativamente, migrando em direção ao pólo positivo. 
 Esse método identifica as Hbs normais e grande parte das 
variantes. 
 As diferentes mobilidades verificadas entre as diversas 
Hbs com defeitos estruturais se devem às alterações de 
cargas elétricas, causadas por substituições de 
aminoácidos de diferentes pontos isoelétricos (pI). 
 Quanto mais negativa for a Hb, ou seja, quanto mais 
inferior for seu PI em relação ao pH do tampão, mais 
rápida será a sua migração eletroforética. 
 
 
Presença de células em alvo e de 
esferócitos. 
AULA 08 – CONTINUAÇÃO HB’S INSTÁVEIS E ANEMIA FALCIFORME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Baseado na insolubilidade da Hb S quando no seu 
estado reduzido, o agente redutor é o ditiolito de sódio. 
 Se formar um botão, significa que tem a presença da Hb 
S, porque ela é insolúvel e quando precipita, forma um 
botão. 
Pega 20 miligramas -> homogeniza -> 100 
microlitos só da ‘’papa’’ da hemácia após o 
sangue decantado -> chacoalhar -> 
centrifuga a 2.500 rpm por 5 minutos -> se 
formar halo preto, tem presença da Hb S. 
*Se o indivíduo é um Hb S beta 0: tem uma mutação de S e uma de B talassemia, sendo 
0 então não produz nada de Hb A. 
Na eletroforese ele aparece como SS. 
Então amplifica -> coloca em contato com enzima de restrição. Quem tem Hb S 
permanece em 88, ele não deixa cortar. 
Se for SS, ele só vai ter 2 bandas. 
 
 
TRATAMENTO 
PROFILÁTICO: 
 Evitar fatores que podem ocasionar crises de falcização (desidratação, infecções, grandes altitudes, 
exercícios intensos, frio) 
 Boas condições de nutrição e higiene 
 Suplementação com ácido fólico 
 Imunização para prevenir infecções (vacinas contra pneumococos, hepatite B) 
 Penicilina profilática (menores de 5 anos e esplenectomizados) 
 Bezetacil 
 Cuidados durante a gravidez e na utilização de anestesia em cirurgias 
 TMO 
 Uso de medicamentos que promovem o aumento da hemoglobina fetal (hidroxiuréia) – nem todos 
os pacientes respondem bem a esse tratamento. 
 Aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal 
 
 
HEMOGLOBINAS INSTÁVEIS 
 
 Constituem um grupo de variantes genéticas de Hbs em que a mutação nas globinas A e B afeta a 
estrutura da molécula tornando-a instável. 
 A maioria dessas variantes causa anemia hemolítica em seus portadores, cuja intensidade é 
diretamente proporcional ao grau de instabilidade da hemoglobina anômala. 
 Hbs instáveis surgem como resultado da síntese anormal da estrutura das cadeias globínicas, 
usualmente simples troca de aminoácidos, mas ocasionalmente deleções, inserções ou cadeias 
truncadas e extensas 
 Comumente se apresentam como anemias hemolíticas hereditárias de herança autossômica-
dominante 
 Uma das principais características das Hbs instáveis que causam anemia hemolítica é a presença de 
corpos de inclusão conhecidos por corpos de Heinz 
 A apresentação das Hbs instáveis é sob a forma de crises de hemólise, fatores desencadeantes de 
instabilidade da Hb: infecção, contato com substâncias químicas oxidantes, uso de antibióticos ou 
quimioterápicos antibacterianos. 
 Deve-se suspeitar da presença de uma Hb instável em pacientes que tem anemia hemolítica crônica 
sem uma causa óbvia mais comum, em especial quando a doença se manifesta desde a infância, e 
nos pacientes que desenvolvem crises hemolíticas quando expostas a medicamentos, infecções ou 
intoxicações. 
CAUSAS BIOQUÍMICAS DAS HBS INSTÁVEIS 
 
 A estrutura tetramerizada da molécula de Hb se mantém estável por meio de ligações efetuadas 
por aminoácidos. As principais causas das Hbs instáveis são: 
a. Mutações em aminoácidos que fazem os contatos interglobinas α – β 
b. Mutações em aminoácidos que protegem o grupo heme 
c. Mutações nas regiões internas das globinas beta e alfa. 
d. Substituições de qualquer um desses resíduos, pertencentes a um dos 3 pontos estabilizados, por 
outro de características físico-químicas diferentes, por exemplo: tamanho do ponto isoelétrico e 
polaridade, impossibilitará a manutenção da integridade molecular. 
e. Essa desestabilização ocorrerá, inicialmente, pelo afrouxamento de sua estrutura, permitindo o 
acesso de água para o interior do grupo heme, oxidando-o. 
f. Em seguida, ocorre o processo de desintegração do tetrâmero, cujos polipetídeos desagregados 
precipitam-se no interior dos eritrócitos sob a forma de corpos de Heinz. 
 Mutações em regiões de ligação com o heme ou entres as cadeias importantes para a manutenção 
da estabilidade da molécula -> precipitação -> hemólise; 
 Corpos de Heinz positivos 
 Teste de estabilidade em n-butamol 
 Teste de estabilidade em isopropanol 
 Teste de instabilidade térmica 
TESTES DE INSTABILIDADE 
 
 Quando a hemoglobina é dissolvida em um solvente como o isopropanol ou n-butanol, que são 
mais apolares que a água, as ligações hidrofóbicas são enfraquecidas e a estabilidade da molécula é 
diminuída. 
 Ou quando a hemoglobina em solução é aquecida, as ligações hidrofóbicas são enfraquecidas e a 
estabilidade da molécula é diminuída. 
 Sob condições controladas a Hb instável precipita, enquanto a Hb normal permanece em solução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coloca 2ml de n-butanol e 200 microlitros da 
‘’papa’’ da hemácia -> espera um tempo (30 
minutos) -> homogeniza e deixa na bancada 
Precipitação: Hb instável 
Não houve precipitação: Hb normal 
Hemolisado da Hb em contato com o isopropanol. 
Se a solução ficar límpida: não tem instabilidade 
Turva: tem instabilidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Tem que ser ao menos 2 desses testes positivos. 
HB INSTÁVEL OU TALASSEMIA? 
o Paciente caucasóide de 8 anos, 
o Procedente de caruaru – Pe 
o Encaminhado para investigar anemia hemolítica crônica, microcitose/hipocromia, icterícia, 
hepatoesplenomegalia e necessidade de transfusões sanguíneas 
o Acompanhado no ambulatório do hospital HEMOPE. 
 
 
Uso o tampão fosfato e coloco 500 microlitros do 
hemolisado em contato com essa solução tampão, levo 
pro banho maria 55 graus por 1 hora. 
Precipiração: Hb instável 
Não houve precipitação: sem Hb instável 
Pode ser feito com violeta de metila. 
São esses agregados, mostrando a Hb 
instável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A mutação encontrada aqui não havia sido previamente 
descrita. 
O aminoácido que ocupa a posição 122 da cadeia beta 
participa dos contatos α1/β1; 
A incorporação de serina (resíduo hidrofílico) no lugar da 
fenilalanina (resíduo hidrofóbico) pode ser responsável pela 
instabilidade estrutural observada na Hb caruaru. 
A mutação estava nas células germinativas, tendo um mosaico 
(as células germinativas, parte tem a mutação e parte não 
tem). Mas as células diplóides não tem mutação! 
 
 
CASO 2 
 
 
 
 
TALASSEMIAS 
 
 Talassemia é quando ocorre um 
desequilíbrio das cadeias globínicas e uma 
delas acaba sobrando e acaba 
precipitando. 
 Constituem um grupo heterogêneo de 
doenças genéticas, caracterizadas pela 
redução ou ausência da síntese de um dos 
tipos de cadeias de globina que formam a 
hemoglobina. 
 Resultam de defeitos moleculares em 
genes responsáveis pela codificação das 
cadeias globínicas, e se manifestam sob 
várias formas clínicas, dependendo da 
cadeia globínica comprometida e da 
intensidade de tal comprometimento. 
 As talassemias de importância clínica são as 
talassemias α e β. 
 
 
 
 TALASSEMIA B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS NA TALASSEMIA Β 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 Frequência da Mutação (843 mutações no gene β 10-10-2014) 
 Anemias hipocrômicas e microcíticas 
 Transmissãopor genes autossômicos recessivos 
 Característica nos heterozigotos 
 Homozigotos têm Talassemia Maior ou Intermediária 
NOMENCLATURA 
 Do ponto de vista clínico, a talassemia β pode ser classificada como: 
 Talassemia maior (talassemia major, anemia de Cooley): forma mais grave, sintomática e 
dependente de transfusão. 
 Talassemia intermediária (talassemia intermédia): forma mais rara, em que há manifestações 
clínicas menos intensas e não dependentes de transfusões. 
 Talassemia menor (talassemia minor, traço talassêmico, talassemia mínima ou talassemia β 
heterozigótica): assintomáticos, que somente podem ser identificados por testes laboratoriais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TALASSEMIA MAIOR 
Genótipos 
 β0/ β0 (homozigoto, não produz nenhuma cadeia , não tem 
HbA). 
 β0/β+ (Duplo heterozigoto, produção muito pequena de 
cadeia , quantidade muito pequena de HbA). 
Manifestações Clínicas 
 Anemia hemolítica grave: Hb ± 4,5 a 5,0 g/dl 
 Esplenomegalia/Hepatomegalia 
 Alterações ósseas, dentárias, faciais e articulares: hiperplasia 
medular. 
 Lesões hepáticas, cardíacas: sobrecarga de ferro. 
 Pigmentação cinza da pele: excesso de melanina e hemosiderina. 
 Infecções 
 Hipodesenvolvimento somático e sexual. 
 
TALASSEMIA INTERMEDIÁRIA 
Genótipos 
 β+/β+ (homozigoto, produção moderada de cadeia , 
 quantidade moderada de HbA). 
 β0/β+ (Duplo heterozigoto, produção moderada de cadeia , 
 quantidade moderada de HbA). 
Manifestações Clínicas 
 Anemia hemolítica moderada: Hb ± 6,0 a 9,0 g/dl 
 Esplenomegalia/Hepatomegalia 
 Alterações ósseas 
TALASSEMIA MENOR 
Genótipos 
 β+/β (heterozigoto, produção quase normal de cadeia , 
 quantidade quase normal de HbA). 
 β0/β(heterozigoto, produção quase normal de cadeia , 
 quantidade quase normal de HbA). 
Manifestações Clínicas 
 Anemia hemolítica mínima ou ausente: Hb ± 10,0 a 15,0 g/dl 
 
 
INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL DAS TALASSEMIAS B 
 
 Alterações Hematológicas nos Heterozigotos da Talassemia β 
 Poliglobulia / microcitose e hipocromia / Hb A2 > 3,5% / Hb F normal ou discretamente elevada. 
 Hb total normal quando compensada, anemia microcítica e hipocrômica quando descompensada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 09 – DIAGNÓSTICOS (CONTINUAÇÃO) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BETA TALASSEMIA MAIOR 
Outros Testes: 
 Resistência Osmótica (NaCl 0,36%) – Positivo (resistente) 
 Ferritina – Muito aumentada 
 Ferro sérico – Aumentado 
B0/B+ com baixa produção de Hb A. 
 Reticulócitos – Aumentado (10 a 20%) 
 Bilirrubina Indireta – Aumentada (1 a 3 mg/dl) 
 Medula Óssea – Hiperplasia eritrocitária 
TRATAMENTO 
 
 Transfusões: indicadas para pacientes com níveis de Hb consistentemente abaixo de 7,0g/dl. 
 Terapia quelante: desferioxamina (Desferal e Deferiprone). 
 Suplementação com ácido fólico. 
 Esplenectomia: indicada quando há plaquetopenia e consumo transfusional de sangue elevado. 
 Imunização para prevenir infecções (vacinas contra pneumococos, haemophilus, meningococos, 
hepatite B). 
 Penicilina profilática (esplenectomizados). 
 Apoio psicológico. 
 Tratamentos adicionais: tratamento hormonal (atraso da puberdade), terapias específicas para 
diabetes, arritmias e insuficiência cardíaca. 
 Cuidados durante a gravidez. 
 Transplante de medula óssea. 
 TESTES MOLECULARES: PCR E SEQUENCIAMENTO 
 ACONSELHAMENTO GENÉTICO 
 DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL 
INTERAÇÃO S/Β TALASSEMIA 
 
 Uma outra possibilidade da ocorrência dos genes 
talassêmicos é na doença falciforme, onde o gene 
da HbS está associado ao da talassemia β; 
 O quadro clínico e hematológico na síndrome S/β 
tal é bastante variável (leveβgrave); com um 
espectro que vai desde um quadro mais 
falciforme, com crises dolorosas, a um mais 
talassêmico, com maior necessidade de 
transfusão de hemácias; 
 Essa heterogeneidade resulta em quantidades 
variáveis de HbS, HbF e HbA, dependendo da 
mutação talassêmica associada. 
 
INTERAÇÃO S/B0 TALASSEMIA 
 Microcitose e hipocromia: Anemia moderada a grave (Hb: 6-10 g/dL), 
 Hb S: 80 a 90% 
 Hb Fetal elevada (até 10%) 
 Ausência de Hb A 
 Hb A2 constantemente elevada 
 Teste de solubilidade positivo 
 
INTERAÇÃO S/Β+ TALASSEMIA 
 
 Microcitose e hipocromia: Anemia discreta (Hb: 10-14g/dL), 
 Presença de Hb A (5 a 30%) 
 Hb S em maior percentual que a Hb A 
 Hb A2 e Fetal elevadas ou não 
 Teste de solubilidade positivo 
 
 
 
 
TALASSEMIA Α 
 
CONCEITO 
A talassemia α constitui um grupo de doenças hereditárias, de distribuição mundial, causada pela 
deficiência de síntese das cadeias a da hemoglobina. 
FISIOPATOLOGIA: 
 Deleções nos genes a = redução ou ausência de produção de cadeias globínicas a. 
 Hemoglobinização deficiente das hemácias = microcitose e hipocrômia. 
 Acúmulo das cadeias de síntese preservada: 
 Feto: g4 -> Hb Bart’s -> elevada afinidade pelo O2. 
 Adulto: α4 -> HbH -> altamente instável -> precipitação -> hemólise (extravascular). 
 
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS 
 Classificação morfológica: anemia microcítica e hipocrômica 
 Classificação fisiopatológica: anemia causada por aumento da destruição das hemácias 
 As talassemias a são mais freqüentemente 
causadas por deleções dos genes 
correspondentes. 
 Como existem 2 genes a por cromossomo, a 
a0-talassemia corresponde à perda dos dois 
genes a do mesmo cromossomo, enquanto 
a a+ - talassemia significa a perda ou 
mutação que inativa total ou parcialmente 
apenas um dos genes a. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em vermelho: significa que todos os alelos são 
intactos. 
Azul: está deletado. 
Circulados de laranja: são assintomáticos, possuem 
microcitose e hipocromia. 
 
 
 
 
Quando vai investigar hemoglobinopatias tem que entrar eritrograma e contagem de reticulócitos, se tem 
anemia, que tipo de anemia é aquela: se ela é hipo ou hiper proliferativa, sempre com a análise com a 
morfologia eritrocitária e testes complementares (metabolismo do ferro). 
No caso da Hb H tem que fazer teste de pH neutro, pra saber se aquela hemoglobina que migrou na frente da A 
no pH alcalino, é realmente Hb H ou Bart’s. Porque no pH neutro, nenhuma hemoglobina se separa a não ser H e 
Bart’s. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASOS CLÍNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	Aula 07 – continuação: hb’s variantes
	Anemia Falciforme
	Vaso-oclusão
	HbS – Genética de populações
	Triagem neonatal para Hemoglobinopatias
	Anemia falciforme: mutação única
	Anemia falciforme
	Manifestações clínicas:
	MANIFESTAÇÕES CLÍNICO-LABORATORIAIS E BIOLÓGICAS
	Hb C - Fisiopatologia
	Hb C – Genética de populações:
	Quadro clínico:
	Alterações estruturais da Hb – diagnóstico laboratorial
	Hemograma na anemia falciforme
	Eletroforese de hemoglobinas
	Princípio:
	AULA 08 – continuação hb’s instáveis e anemia falciforme
	Tratamento
	Profilático:
	Hemoglobinas Instáveis
	Causas bioquímicas das Hbs instáveis
	Testes de instabilidade
	Hb instável ou talassemia?
	Caso 2
	TALASSEMIAS
	Talassemia B
	Mecanismos fisiopatológicos na talassemia β
	Considerações gerais
	Nomenclatura
	Talassemia maior
	Talassemia intermediária
	Talassemia menor
	Investigação laboratorial das talassemias B
	AULA 09 – DIAGNÓSTICOS (CONTINUAÇÃO)
	Beta talassemia maior
	Tratamento
	Interação S/β talassemia
	Interação S/B0 Talassemia
	Interação S/β+ talassemia
	Talassemia α
	Conceito
	Fisiopatologia:
	Mecanismos fisiopatológicos
	 Classificação morfológica: anemia microcítica e hipocrômica
	 Classificação fisiopatológica: anemia causada por aumento da destruição das hemácias
	 As talassemias a são mais freqüentemente causadas por deleções dos genes correspondentes.
	 Como existem 2 genes a por cromossomo, a a0-talassemia corresponde à perda dos dois genes a do mesmo cromossomo,enquanto a a+ - talassemia significa a perda ou mutação que inativa total ou parcialmente apenas um dos genes a.
	Casos clínicos

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