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Esclerose Sistêmica Esclerodermia quer dizer endurecimento fibrótico da pele e pode ser usado de duas maneiras distintas: 1. Para doenças dermatológicas que cursam com acometimento cutâneo isolado 2. Para síndrome clínica mais abrangente, onde há acometimento cutâneo e também lesão de diversos órgãos internos. A esclerose sistêmica Forma cutânea difusa: lesões em qualquer parte do corpo, incluindo tronco e abdome Forma cutânea limitada: lesões em regiões distais aos cotovelos e joelhos e superiore às clavículas Forma visceral: comprometimento de órgãos internos, na ausência de qualquer lesão de pele. INTRODUÇÃO Doença rara Superprodução e deposição de colágeno, caracterizando-se pela fibrose das estruturas envolvidas Órgãos mais frequentemente acometidos são: pele, pulmões, trato gastrointestinal, rins e coração. Mais em mulheres, entre 30-50 anos Mais comum e mais grave em negros ETIOLOGIA E PATOGÊNESE Colagenose Não há explicação para focos de inflamação aguda Acontece patologicamente por: 1. Disfunção vascular de pequenas artérias 2. Desenvolvimento insidioiso de fibrose nos órgãos e tecidos afetados. A deposição de colágeno acontece pela grande quantidade de fibroblastos ativados Teoria Imunológica Fibrose secundária a ativação anormal do sistema imune Linfócitos T autorreativos respondem a estimulo não identificado e acumulam-se no tecidos envolvidos Liberam citocitas que recrutam células inflamatórias que em conjunto com as plaquetas ativadas e o endotélio liberam fatores de crescimento capazes de atrair e ativar os fibroblastos (tgf-beta principalmente) Não se conhece se os anticorpos, apesar de característicos, são causadores ou consquencia da lesão. Teoria Vascular Ocorre lesão das pequenas artérias e arteríolas – espessamento fibrótico da camada intima O endotélio lesado produz maior quantidade de fatores vasoconstritores como endotelina-1, e menor quantidade de substâncias vasodilatadoras o mo NO e Prostaciclina (PG12) A lesão endotelial predispõe agregação plaquetária nos capilares e vênulas, liberando tromboxane A2 (vasoconstritor) Esses eventos geral episódios repetidos de isquemia e reperfusão tecidual estimulando deposição de fibroblastos ativados e formação da fibrose patológica. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Doença monofásica – instal-se em única onda de lesão tecidual começando pelo edema inflamatório (fase precoce), seguido pela fibrose progressiva e atrofia tecidual (fase tardia) Fenomenos vasculares (raynaud) podem ser os primeiros a aprecer numa fase chcmada pré-esclerodermia. MANIFESTAÇÕES VASCULARES (RAYNAUD) Obstrução de pequenas artérias e arteríolas agravada pelos episódios de vasoespasmo Ocorre na sequencia: palidez, cianose, rubor. -Vaso constrição temporária -Isquemia -Revascularização Costuma ser precipitado pelo frio ou estresse emocional Quando plenamente desenvolvido é bilateral, com frequência cada vez maior, especialmente no inverno. Associado a dormência, esfriamento dos dedos. Rubor pode estar associado a dor e formigamento. Em casos mais prolongados pode provocar pequenas ulceras dolorosas em polpa digital. Esclerose sistêmica não é a principal causa. A principal é a doença de raynaud, que cursa com: Acometimento de mulheres mais jovens Ausência de gangrena digital ou alterações no exame físico Autoanticorpos negativos ou em baixos títulos com VHS normal Capilaroscopia normal MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA (EXTERNAS) Esclerodactilia Facies da esclerodermia Lesão em sal e pimenta Necrose de plpas digitais Talngectasias Calcinose Segue um curso típico em 3 fases: 1. Edema Especialmente em mãos e antebraço; Sensação de pele menos flexível Intenso prurido 2. Endurecimento Após algumas semanas Mais rápido na doença difusa que na limitada (3-5 anos de doença) 3. Atrofia Pele fina e aderida aos tecidos subjacentes Eslcerodactilia A pele dos dedos perde as pregas da região sobre articulações e chega a incapacidade de pinçar os tecidos moles dessa região. Produz contraturas fixas de flexão; queda de pelos, redução da sudorese (destruí fâneros cutâneos). Podem atingir dorso das maõs Podem surgir ulceras nas pontas dos dedos que frequentemente se infectam Existe perda de tecido mole das poupas digitais Pode ocorrer reabsorção óssea das falagens distais Síndrome CREST Depósitos de calcio no tecido subcutâneo – calcinose Pele pode romper drenando tecido calcificado Face: Perda das pregas cutâneas normais Incapacidade de abrir completamente a boca (microstomia) Dentes costuma ficar a mostra Lábios adelgados com pregas verticais qaue conferem um aspecto enrugado Nariz afinado Lesão em sal e pimenta (leucomelanodermia) Pele áspera e hiperpigmentada em certas áreas (mesmo sem exposição ao sol) Pode haver áreas de despigmentação que se assemelham ao vitiligo (poupa áreas perifoliculares) Telangiectasias Número de capilares na pele é reduzido pelo processo fibrótico Os remanescentes originam telangiectasias Estão rpesentes na síndrome de CREST e podem aparecer em face, tórax, palma das mãos e até em mucosas como a língua. MANIFESTAÇÕES CONSTINUCIONAIS Fadiga Perda de peso Febre (rara) MANIFESTAÇÕES ESQUELÉTICAS Poliartralgia/mialgias: mais comuns e precoces Raramente poliartrite simétrica semelhante a AR. Atrofia/Fraqueza muscular Restrição da mobilidade das articulações pela retração fibrótica dos tecidos moles Extensão do precosso fibrótico para os tecidos musculares Superposição de polimiosite Síndrome do túnel do carpo Espessamento das bainhas tendinosas do punho pode comprimir o nervo mediano Presença de atritos é mau prognóstico e indica forma difusa da doença. MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS Refluxo gastroesofágico (redução da pressão de repouso do EEI) Esofago de Barret Dismotilidade dos 2/3 do esôfago distal (pode se manifestar como disfagia, especialmente para sólidos) Atrofia de mucosa e camada muscular lisa Estomago em melancia Retardo do esvaziamento Sintomas dispépticos Hipotonia e estase instestinais Distensão, esteatorreia, sd de ma absorção Diverticulos intestinais de boca larga Atrofia muscular do cólon Patognomonio Constipação crônica Cirrose biliar primária MANIFESTAÇÕES PULMONARES Alveolite com fibrose do parênquima pulmonar Tosse seca, dispneia de esforço Prova de função pulmonar: utiliza-se espirometria como o teste da difusão do monóxido de carbado Baixa difusão de CO e querda da capacidade vital (CV) Rx não é adequado, TCAR (alta resolução) é mais indicado. fase inflamatória: vidro fosco Lavado bronco alveolar: aumento da celularidade, predomínio de neutrofilod e eosinófilos. Hipertensão pulmonar (e cor pulmonale) (vasculopatia pulmonar). Complicação clássica de forma cutânea limitada da esclerose sistêmica Obliteração de pequenos e médios vasos pulmonares decorrente de fibrose da íntima e hipertrofia da média. Pode estar assintomático, ter dispneia de esforços, tonteira ou síncope. Pode se instalar de forma brusca emergência médica Hiperfonese de P2 e sinais de sobrecarga de VD (insuficiência triscuspide, turgência jugular, hepatomegalia e edema). Rx: abaulamento do segundo arco esquerdo e proeminência do hilo pulmonar Pneumonia por aspiração secundárias à disfunção esofágica Derrame pleural é incomum MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS Miocardiopatia difusa fibrótica Bloqueios e arritmias Pericardide/derrame pericárdico MANIFESTAÇÕES RENAIS Crise renal na esclerose sistêmica Manifestaçãoexclusiva da forma difusa A crise ocorre mais comumente durante os 5 primeiros anos do diagnóstico, mais frequente em negros. 1. Insuficiencia renal aguda oligúrica 2. Hipertensão arterial acelerada maligna (cefaleia, borramento visual, encefalopatia, convulsões e edema agudo pulmonar) -Proteínuria raramente nefrótica. 3. Anemia hemolítica microangiopática – lesão mecânica das hemácias ao passar pelos microvasos renais obstruídos. Acedita-se que ocorrem vasosespasmos prolongado das artérias interlobulares Rins reduzidos Infartos corticais cuneiformes endarterite de artérias interlobulares a arteríolas aferentes 4. Trambocitopenia OUTRAS MANIFESTAÇÕES Sindrome sicca olhos secos (xeroftalmia) e boca seca (xerostomia) Over lap com Sd sjogren Metade possui anti-ro e anti-la Predisposição a cárie e doença periodontal Fibrose da tireoide hipotireoidismo Elevação de anti tpo Amenorrei, infertilidade, impotência Neuraldia do trigemio Lesão fibrótica de outros órgãos PADRÕES CLÍNICOS DE APRESENTAÇÃO FORMA CUTÂNEA LIMITADA CREST: calcinose, raynaud, esofagopatia, esclerodactilia, telangiectasia Paciente tem menor chance de desenvolver lesões graves de órgãos internos. Lesões cutâneas: áreas distais aos cotovelos, porupando porção proximal dos membras, tórax e abdome Mais comum em mulheres entre 35-50 anos Aumento de anticentromero (ACC) em 80% FAN positivo em 90% dos casos 1. Raynaud durante anos antes de iniciar CREST 2. Pirose – acometimento esofágico 3. calcinose 4. telangiectasias na face, mãos e mucosas. FORMA DIFUSA Lesão cutânea em qualquer região do corpo Lesão grave em órgãos internos (rim, pulmão e coração) Raynoud costuma aparecer pouco tempo antes, concomitante ou logo depois. Não há predileção por sexo Anticorpos antitopoisomerase I são positivos em até 40% dos casos Negativo para ACC FAN positivo em 90% dos casos FORMA VISCERAL Forma rara de apresentação Acometimento visceral sem que se possam detectar alterações marcantes de envolvimento cutâneo DIAGNÓSTICO Clinica Esclerodactilia que se estende para regiões proximais às articulações metacarpofalangeana e metatarsofalangeanas Inicio agudo e inexplicado de insuficiência renal e hipertensão arterial grave, principalmente associado a anemia hemolítica microangiopática Aparecimento de dispneia e infiltrados pulmonares denunciando inflamação/fibrose do parênquima pulmonar Desenvolvimento de edema de membros inferiores, hepatomegalia, turgência jugular – hipertensão pulmonar com cor pulmonale Existencia de dismotilidade esofageana e refluxo gastroesofágico significativo. Autoanticorpos específicos Fan (padrão nucleolar ou padrão nuclear pontilhado) Anticentromero: 99,5% de especificidade; forma limitada (70-80% de positividade); difusa (5%) antitopoisomerase I: especificidade 99,5%, é positivo em 40% dos paciente com forma difusa e em 10% com forma limitada Relacionados: anti RNA polimerase I,II,III, anti-U3-RNP e anti-th-RNP Anti rna I e III: específicos da esclerose sistêmica; relacionados a forma difusa e a lesão renal Anti-u3 RNP – antifibrilarina – específico da esclerose, tendência para hipertensão arterial pulmonar e prognóstico ruim Capilaroscopia subungueal avaliação miscroscópica da vasculatura da região da cutícula CREST: tortuosidade e dilatação das alças capilares CUTANEA DIFUSA: áreas avasculares CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO (2013) ACR-EULAR Critérios de exclusão: Espessamento cutâneo que poupa os dedos das mãos Outra doença explica melhor os sintomas Patognomônico: Espessamento cutâneo nos dedos das mãos que acomete a região proximal das metacarpofalangeanas REGRA: ter o patognomonico ou somar 9 pontos nos outros critérios TRATAMENTO Não tem cura Controle do processo patogênico Deve ser iniciado precocemente Antigibróticos e antiinflamatórios; terapia imunossupressora; drogas de ação vascular Não farmacológico: 1. interrupção do tabagismo 2. Interrupção do uso de drogas potencialmente prejudiciais (beta-bloqueadores, descongestionantes nasais) 3. Aquecimento das extremidades com luvas, meias e tecidos térmicos 4. Establização adequada da temperatura ambiente Farmacológicos 1. Antagonistas do cálcio (nifedipina, anlodipina) ou não diidropirimídicos (dialtezem) 2. Vasodilatadores (nitroglicerina tópica) – aplicada ao longo do curso das artérias dos dedos mais afetados. IECA não tem efeito sobre o fenômeno de raynaud Pode ser usado hidralazina também, porém possui grandes efeitos colaterais. 3. Prazosin (antagonista de alfa-1- adrenérgico) – indicado apenas para fase aguda do fenômeno de raynaud 4. Prostaglandinas venosas (iloprost) – terapia paliativa de curta duração 5. Terapia antiplaquetária com baixas doses de aspirina ou dipiridamol. 6. SImpatectomia pode ser associada ao botox