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10 - Belle Époque e a era Lemos - Copiar

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Belle Époque e a era Lemos
A Belle Époque
Para a maioria dos europeus, a época entre 1871 e 1914 foi a Belle Époque. A ciência tinha tornado a vida mais cômoda e segura, o governo representativo tinha grande aceitação e se esperava confiantemente um progresso contínuo. As potências européias se orgulhavam dos seus avanços e, convencidas de que a história lhes tinha reservado uma missão civilizadora. Paris foi a principal capital européia que se glorificou com o estilo da belle époque, com exemplos que hoje se podem contemplar na Gare de Lyon e na ponte Alexandre III.
As mudanças realizadas entre os séculos XIX e XX, estimuladas, principalmente, pelo dinamismo da economia internacional, também afetou a sociedade brasileira significativamente. De meados dos anos de 1890 até a Grande Guerra, a orquestra econômica global gerou grande prosperidade no país. O enriquecimento baseado no crescimento explosivo dos negócios formou o plano de fundo do que se tornou conhecido como “os belos tempos” (Belle Époque). No Brasil, a atmosfera do surto amplo de entusiasmo do capitalismo gerou uma sensação entre as elites de que o país havia se posto em harmonia com as forças da civilização e do progresso das nações modernas.
A Belle Époque na região Amazônica
Na região Norte do Brasil a Belle Époque foi fruto do desenvolvimento da economia do látex na Amazônia no período de 1870-1910, o que está intimamente ligado às próprias transformações ocorridas a nível da reprodução do capital e da acumulação de riquezas pela burguesia internacional. Em decorrência do Boom da borracha, Belém do Pará assumiu o papel de principal porto de escoamento da produção do látex, além de se tornar na vanguarda cultural da região. Verifica-se neste momento a construção de todo um processo modernizador na região Norte.
A necessidade de modernizar a capital paraense e realizar uma melhor distribuição do espaço urbano esteve inevitavelmente ao desenvolvimento da borracha, como também as transformações políticas e sociais ocorridas no país a partir da década de 1880. Era preciso adequar a cidade às transformações capitalistas, investindo capital e diversificando sua aplicação em outras atividades, para isso se engendrou todo um processo de modernização da cidade de forma a facilitar o escoamento da produção e de divisas para os países centrais.
O desenvolvimento urbano que se gestava há algum tempo, acelerou-se significativamente com a implantação da República que, enfatizando a descentralização, deu maior autonomia à aplicação dos impostos, além de conceder ao Estado maior participação na renda de exportação da borracha. Neste sentido, a ação dinamizadora do embelezamento visual da cidade estava associada à economia, a demografia e também aos valores estéticos de uma classe social em ascensão (seringalistas, comerciantes, fazendeiros) e às necessidades de se dar a determinados segmentos da população da cidade segurança e acomodação, além da colocação em prática da idéia positivista de progresso enfatizado pelo novo regime republicano.
A Era Lemos
Neste contexto, a grande personalidade pública foi, de fato, Antônio Lemos. Este, nascido em São Luís do Maranhão, em 17 de dezembro de 1843, possuía origens humildes o que surge como um contraste ao seu apego à suntuosidade, o seu amor à magnificência. Aos 17 anos se alistou na Marinha de Guerra, sentando praça como escrevente da Armada. Servindo a Marinha, Lemos fez incursões no Rio da Prata durante a Guerra do Paraguai (entre 1864 e 1870) com a corveta “Paraense” a fim de ajudar no bloqueio de Montevidéu. Em Belém, operou na Companhia de Aprendizes de Marinheiro do Pará e na Companhia de Aprendizes de Artífices do Arsenal de Marinha. Sua vida era de um homem pacato, com amizades restritas a seu pequeno mundo. No entanto, traçou relações de amizade com membros do jornal O Pellicano, que defendia uma linha maçônica liberal e contava com Francisco Cerqueira, padre Eutíquio Pereira da Rocha e Joaquim José de Assis (seu Diretor). Estas relações foram muito importantes para a sua ascensão política.
 (
Antônio Lemos
)Com o fechamento de O Pellicano, passou a integrar O Liberal do Pará, também dirigido por Joaquim José de Assis. Em 1885, Lemos é exonerado de suas funções burocráticas da Marinha, por injunções políticas, dr Assis o compensou elegendo o deputado provincial. E dele fez seu braço direito. A 22 de junho de 1897 (aniversário da promulgação da Constituição do Pará, no regime republicano), Lemos disputou a Intendência Municipal. O cargo de intendente municipal (hoje prefeito) foi criado pela Lei Orgânica dos Municípios, em 28 de outubro de 1891. Em 1897 foi a vez de Antônio Lemos. Seu adversário, João Pontes de Carvalho, não chegou a obter 600 votos. Lemos teve mais de seis mil. Em 1900, Lemos viria a se reeleger para a Intendência de Belém. Neste período, o governo era de Paes de Carvalho (1897-1901), que enfrentara crises econômicas e políticas.
Contudo houve alguns pontos positivos do governo de Paes de Carvalho. O mais significativo foi a colonização da Região Bragantina, estimulando a emigração européia (principalmente a espanhola) fundando núcleos agrícolas, alguns deles transformados, muito tempos depois, em sedes municipais. Outros pontos positivos foram: o início do saneamento de Belém; a inauguração do Hospital do Isolamento; a ampliação da Santa Casa, do Liceu (hoje Colégio Paes de Carvalho); a construção de muitas escolas pelo interior, e a ajuda concreta dada à urbanização de Belém, empreendida pela Intendência Municipal.
Em 11 de fevereiro de 1901, Augusto Montenegro, aos 34 anos incompletos, assumiu o governo do Estado. Neste momento, entre Montenegro e Lemos foi celebrado um acordo: o primeiro ficava com a administração; o segundo, com a política. Desta forma, o poder de Lemos tornou-se total.
Em 1907 estourou uma crise, em decorrência da desvalorização da borracha. Para poder fazer frente à crise, Montenegro tomou drásticas medidas de contenção de despesas. Sem aumentar os impostos, conseguiu diminuir a dívida em três mil contos de réis.
As principais realizações de seu governo foram: construção de 28 grupos escolares; construção do Instituto Gentil Bittencourt; remodelação total do Teatro da Paz e do Palácio do Governo; conclusão do Instituto Lauro Sodré e da Estrada de Ferro de Bragança, entre outras realizações. Sem falar na saúde pública, no serviço de abastecimento de águas e na abertura de estradas de rodagem. Até o final de seu segundo mandato, Montenegro cumpriu fielmente o acordo, acertado com Lemos, apesar de, já nos últimos tempos, ter praticamente rompido como o chefe político.
Modernização e urbanização em Belém do Pará
Antônio Lemos, ao longo de sua Intendência Municipal, adotou uma política modernizante e urbanística em Belém. Neste sentido, o saneamento preventivo, propunha-se não somente a zelar pelo “bem-estar”, como também cuidar de certos aspectos da vida urbana, como saneamento, saúde pública, estética da cidade, etc., para que não fossem prejudicados pelos maus hábitos de uma população considerada indisciplinada e fétida. O intendente reconhecia a necessidade de implantação de mediadas que viabilizassem a política sanitarista, como também a urgência na reorganização dos serviços públicos, necessários à concretização do projeto de reurbanização da cidade, uma vez que as leis municipais estavam em desacordo com as leis federais.
De fato, o controle do poder público ia além da esfera do visual da cidade, se estendeu à moralidade dos seus habitantes, tanto que pelo Código de Posturas em vigor ficava proibido fazer “algazarra, dar gritos sem necessidade, apitar, fazer batuque e sambas (artigo 110). Foram medidas, segundo o discurso oficial, tomadas em favor do silêncio, como forma de amenizar a poluição sonora que se elevou diante do aumento demográfico e do tráfego de veículos. Isto demonstra toda uma política rigorosa de controle público sobre o comportamento dos habitantes e a imposição de um padrão de comportamento em público, sem se falar na presençade uma vigilância severa dos espaços públicos.
O cuidado com a saúde pública e o serviço sanitário de Belém se constituíam num dos pontos prioritários da gestão lemista. A preocupação com a saúde pública do município tinha razão de ser, principalmente numa época em que as epidemias dizimavam grande parte da população citadina e doa arredores.
Neste contexto, a limpeza urbana e a cremação de lixo se tornaram em uma das metas prioritárias da administração lemista.
Em 1899, pela Lei Municipal nº 229 de 13 de junho, ficava o intendente autorizado a adquirir uma área destinada à instalação de um novo forno crematório de lixo e animais mortos encontrados na cidade. A área adquirida, ficava até há pouco tempo, na atual avenida 9 de janeiro com a rua Conceição, no atual bairro da Cremação. De fato, a limpeza pública era uma necessidade fundamental para a cidade de Belém da Belle Époque, pois constituía-se em afastar da zona central da cidade, os ares fétidos causadores pela emanação mal cheirosa do lixo urbano. Neste sentido, a utilização do processo crematório tornou-se imprescindível na cidade moderna. É também durante a intendência de Lemos que se tem a efetivação do estabelecimento da rede geral dos esgotos que se encaixava na estratégia mais ampla de urbanização e modernização de Belém.
A Belle Époque imprimia, desse modo, a redefinição do espaço urbano, a redistribuição dos locais destinados aos serviços sanitários e o emprego de mecanismos de controle dos hábitos da população, o que tornava bastante viável a distinção entre a área central da cidade, destinada aos ricos burgueses desodorizados e higienizados e as áreas periféricas destinadas à população trabalhadora e pobre.
Modernização e estética da cidade
O período de apogeu da economia da borracha produziu em Belém, um processo de transformações que tentava dar à cidade as feições urbanas de suas pretensas congêneres na Europa. Belém tornava-se, sob certos aspectos, uma capital agitada e pretensamente mais européia do que brasileira, dominado por um francesismo, principalmente no aspecto intelectual, que ressaltava a ligação da cidade com as principais capitais européias, causada de um lado pela dependência financeira e comercial à Inglaterra, e por outro, por uma relação cultural intensa com a França. As famílias locais ricas na época tinham por hábito enviar seus filhos para as escolas da França. A cidade também se tornou um verdadeiro centro de consumo. Belém ficou conhecida no Ciclo da Borracha como Paris N'América.
 (
Paris n'
America
, do comerciante português F. de Castro que vendia produtos de luxo importados de Paris, França.
) (
Interior de Paris
 n'
America
.
)
 (
Rua João Alfredo em 1907, era uma das ruas mais ativas comercialmente do bairro do Comércio.
)A remodelação da cidade tornou-se um projeto das elites locais que a propunha em nome do progresso e do interesse coletivo. Essa proposta urbanística, em decorrência da movimentação do porto de Belém, exigiu abertura e calçamento de ruas, tornando o bairro comercial altamente valorizado e ocupado, concorrendo para a transferência das residências das famílias abastadas para outros locais como os bairros de Nazaré, Umarizal e Batista Campos. Tendo Paris como modelo, Antônio Lemos procurou transformar as feições da cidade, reformando basicamente o centro da cidade, considerado o locus econômico e cultural por onde circulava o capital, as rendas os seus possuidores. Se a reforma e o embelezamento do urbano tinha como proposta a transformação da cidade obedecendo ao modelo das civilizações européias, Antônio Lemos entendeu que reformar era construir boulevards, quiosques, arborizar a cidade, instalar bosques, embelezar praças e erigir monumentos, calçar ruas, dotá-las de iluminação elétrica e bondes, concentrar a venda de alimentos em mercados e etc.
Avenida Presidente Vargas (15 de Agosto) no início do séc. XX: arborizada, calçada, a presença de quiosques (a esquerda da imagem) e trilhos de bondes elétricos.
Os quiosques eram construções leves e elegantes, construídos basicamente de madeira e ferro. Na organização estética de Belém foram criados os típicos modelos da Belle Époque, que obedeciam o estilo Art Nouveau, o maior exemplo é o da Praça da República, na Av. Presidente Vargas, cujo primeiro nome foi “I Life”, hoje Bar do Parque. Os quiosques eram na maioria dos casos voltados para estabelecimento de comércio a retalho, como cafés, charutarias, botequins e revistas.
A arborização da cidade era a busca de uma vida saudável, ligada à natureza, tanto na qualidade de vida acerca de ar purificado a partir do processo de fotossíntese, quanto a respeito da beleza que a cidade arborizada transmitia aos seus habitantes, além de amenizar o clima tropical da cidade.
O calçamento das ruas, prática importada da Inglaterra, vem ser desenvolvida em Belém desde a década de 1850. A distribuição dos tipos de revestimento na cidade deu-se da seguinte forma: paralelepípedos nas principais avenidas: 15 de Agosto, Nazaré, Independência, São Jerônimo (atual av. Alcindo Cacela), todo o bairro do comércio, as principais ruas do Reduto e da Cidade Velha, a av. Generalíssimo Deodoro e a Praça Brasil, até a avenida Gentil Bittencourt. Nas ruas de menor trânsito utilizou-se pedras irregulares e aterro, principalmente nas zonas baixas de Belém: quase todo o bairro da Batista Campos, Marco, Cremação, Guamá, Telégrafo, Umarizal e São Brás.
A atual avenida Nazaré muito arborizada, calçada e a presença de trilhos de bondes elétricos no início do séc. XX.
Avenida portugal (16 de novembro) e a praca D Pedro II, em 1910. A rua apresenta-se bem arborizada, calçada, os postes de eletrecidade, os quiosques e com a presença de bondes elétricos em contrastes com as carroças ao lado. 
A rua dos cearenses, uma das ruas dos setores pobres da cidade de Belem. Contraste com as ruas do centro da cidade na época.
O serviço de viação urbana por bondes elétricos se constituiu num dos grandes exemplos de transformação na dinâmica da vida urbana de Belém do início do século XX, pois o bonde era uma dessas obras nascidas do progresso técnico que apresenta os impactos tecnológicos nas mentalidades da população. A inauguração do serviço de viação pública deu-se a 15 de agosto de 1907, na antiga estação da Independência. O advento das ferrovias, dos bondes elétricos, além de representarem uma das invenções da modernidade, surgirão em razão da necessidade de articulação do mercado mundial e, no caso de Belém, essa invenção surgiu também como uma necessidade básica de uma cidade que se ampliava e dinamizava.
Bonde da época.
Interior de Bonde.
O ponto central da metamorfose da cidade era construído através do alargamento das ruas, na construção de largas avenidas e de suntuosas praças, marcos simbólicos da modernidade, isto é, de uma nova concepção estética burguesa do urbano. O grande exemplo de símbolo da modernidade na cidade foi o caso da Praça da República que já havia sido inaugurada antes da administração do senador Antônio Lemos. Neste contexto, o centro da cidade era construído com praças suntuosas a exemplo das praças européias a fim de se construir a própria cidade de acordo com o estilo mais condizente com a nova ordem social da época.
Praça da República no início do séc. XX. No centro o monumento à República, ao fundo a já extinta caixa d’água.
As praças eram lugares públicos de lazer e lugar onde todos querem ir para serem vistos. Ser visto é o novo hobby da nova elite. A praça, o lugar onde, com o vestuário se identifica a que classe cada um pertence. Dentro das praças, os monumentos indicam com certeza algum dos sentidos dos próprios projetos de Lemos, nos quais o grupo hegemônico podia exibir os primeiros monumentos voltados à sagração de seu triunfo e de seus ideais. Esse comportamento da administração de Lemos traduzia a expansão de uma mentalidade modernizadora a serviço de uma classe que saia ao público e que exigia que os espaços por ela frequentados fossem indicadores de sua posição social.Sala de jantar de uma casa de um rico "aviador" do periodo.
Outro exemplo foi o Cinema Olympia, a mais antiga casa de exibição de filmes de Belém, considerada uma das mais luxuosas e modernas de seu tempo, foi inaugurado em 21 de abril de 1912 no auge do cinema mudo internacional, pelos proprietários Antonio Martins e Carlos Augusto Teixeira, à Praça da República , esquina da Rua Macapá.
Obras de Lemos
Antônio Lemos governou Belém por quase 14 anos. Aqui podemos observar algumas de suas principais obras:
1 – Limpeza pública e Forno Crematório – No lugar do ruinoso forno crematório que existia no bairro da Batista Campos, construiu, na então avenida 22 de Junho (atual Alcindo Cacela) um outro, moderno, com todos os requintes técnicos. Foi inaugurada em 31 de janeiro de 1901.
2 – Asilo de Mendicidade – Localizado às margens da extinta Estrada de Ferro de Bragança (hoje avenida Almirante Barroso) e possuía 6 metros de frente por 72,60 de fundos. Era moldado no estilo clássico italiano. Foi inaugurado em 16 de novembro de 1902.
3 – Necrotério Público – Localizado na Doca do Ver-oPeso, foi inaugurado no dia 28 de março de 1899.
4 – Arborização da Cidade – Umas das grandes preocupações de Lemos, tanto que aparelhou completamente o Horto Municipal. Depois de muitos estudos optou pelas mangueiras.
5 – Mercado de Ferro – Um dos símbolos de Belém, projetado pelos engenheiros Bento Miranda e Raimundo Vianna. Foi inaugurado no dia 1º de dezembro de 1901.
6 – Bairro do Mercado – Totalmente projetado na administração de Lemos, com avenidas de 44 metros de largura e travessas com 22 metros.
7 – O Bosque Municipal – O Bosque já existia, mas quem o transformou no mais belo logradouro (e maior) de Belém foi Lemos. Reinaugurou-o em 15 de agosto de 1903.
8 – Bondes Elétricos e Iluminação da Cidade – No dia 16 de dezembro de 1905, a Intendência de Belém assinou o contrato com a firma inglesa Pará Eletric Railways and Lighting Company, para os serviços de implementação de iluminação pública da cidade e a introdução do sistema de bondes elétricos para o transporte da população. No dia 15 de agosto de 1907, os bondes começaram a percorrer as ruas de Belém.
9 – Calçamento da Cidade – Dividiu as vias públicas em quatro categorias para o calçamento: por paralelepípedos de granito, macadame (camada composta de pequenos granitos, basalto misturados com areia e cimento), pedras irregulares e aterro. Com paralelepípedos calçou as principais avenidas: 15 de Agosto (Presidente Vargas), Nazaré, São Jerônimo (Gov. José Malcher), até a 22 de Junho (Alcindo Cacela); Independência (Gov. Magalhães Barata); todo o bairro comercial; as principais ruas dos bairros do Reduto, da Cidade Velha e de Nazaré; a Generalíssimo Deodoro, o Boulevard da República (Castilho França), a Marechal Hermes, além das ruas do bairro da Campina até a praça da República e todas as praças da cidade.
10 – Orfanato Antônio Lemos – Construído em Santa Izabel, que na época pertencia ao município de Belém. Foi inaugurado em 1908, é hoje um colégio do Estado.
11 – Quiosques – Com contrato firmado em dezembro de 1904, deu concessão para Francisco Bolonha explorar os quiosques de Belém. E com seu refinamento, Bolonha projetou e construiu-os.
12 – Matadouro Modelo – Construído na vila de Pinheiro (hoje Icoaraci), à margem do furo do Maguari.
13 – A Rede Geral dos Esgotos – Uma das mais importantes obras da administração de Lemos. O centro da cidade e muitos bairros passaram a contar com um eficiente sistema de esgotos.
14 – As Praças – Antes de Lemos, as praças de Belém eram bem simples. Ele transformou completamente todas elas, com destaque para a praça da República e a praça Batista Campos.
15 – Mercado de São Brás – Um dos mais belos edifícios da cidade, inaugurado um mês antes da renúncia de Lemos, em 1911.
16 – Mercado Municipal – Completamente reformado em sua administração.
17 – Outras Realizações – Reaparelhou completamente o Corpo de Bombeiros; organizou um perfeito Serviço Sanitário; embelezou o Palácio da Municipalidade (hoje Palácio Antônio Lemos); dinamizou o ensino público, criando escolas primárias; e muitas dezenas de outras realizações.
Referência Bibliográfica
MEIRA, Augusto Filho. Evolução histórica de Belém e do Grão-Pará. Belém: (s.n.), 1976.
PROST, Gérard. História do Pará: do período da borracha aos dias atuais. Volume II. Belém: Secretaria de Estado de Educação, 1998.
ROCQUE, Carlos. Antônio Lemos e Sua Época. Belém: Cejup, s/d.
ROCQUE, Carlos. História geral de Belém e do Grão-Pará. Belém: Distribel, 2001.
SARGES, Maria de Nazaré. Riquezas produzindo a Belle Époque (1870-1912). Belém: Paka-Tatu, 2000.
SEVCENKO, Nicolau e outros. História da vida privada no Brasil 3 — República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
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As ideias políticas na Imprensa: a oposição republicana
 (
O Paraense: em 1822, fundado e dirigido por Felipe Patroni, e depois, dirigido por Batista Campos.
)O ideário republicano e o sistema federativo de governo instalado pela República em nada influíram no destino do Pará. É verdade que as ideias liberais já tinham medrado no sentimento dos paraenses desde a publicação do jornal O Paraense. 
A imprensa sempre teve um papel importante na vida política da sociedade paraense. Centenas de jornais circularam em Belém, como órgãos dos partidos políticos, associações, e congregações religiosas. Os mais importantes foram o “13 de maio”, substituído pelo “Jornal do Pará” em 1862. Este, por sua vez, teve como diretor Cipriano José dos Santos, que mais tarde fundou a “Folha do Norte”, com circulação diária. Mas, antes mesmo, em 1853, surgiu o “Diário do Grão-Pará”, órgão do Partido Conservador, depois do Partido Católico. Em 1868, surgiu o “Diário de Belém”; em 1869, aparece “O Liberal do Pará”; em 1871, foi publicado o semanário “Boa Nova”, que defendia as ideias católicas; e na mesma época, “A Luz da Verdade” e “A Lanterna” (semanário humorístico, crítico e literário). Em 1873 foi publicado “A Constituição”, diário do Partido Conservador, e o bissemanário “A Regeneração”, de propriedade de Wallace MacDowell. Em 1875, surgiu também o semanário “A Aurora”, exclusivamente literário. E, depois, “A Província do Pará”, que foi o jornal de número 145 surgido já em 1876 em nossa capital.
A primeira manifestação de hostilidade direta contra a Monarquia feita no Pará foi o manifesto do tenente Lauro Sodré, em julho de 1889, lançado no Clube Republicano, quando da visita do Conde D’Eu a Belém. E a propósito dessa visita “A Província do Pará” publicou uma crônica de Rataplan, pseudônimo de Antônio Lemos, ironizando a Monarquia e os pretensos fidalgos regionais.
Mais do que os partidos políticos, a imprensa foi o grande veículo da propaganda republicana. Lauro Sodré, usando o pseudônimo de Diderot, dedicava-se a escrever contra o Império; Paes de Carvalho e Justo Chermont escreviam conclamando o povo para fazer a reforma do regime. 
Dentre os princípios do regime republicano, a federalização do Brasil era o que mais interessava ao povo paraense. Tanto que, muito antes da Proclamação da República “A Província do Pará” já fazia uma campanha em prol desse princípio renovador que permitiria ao Pará livrar-se das decisões absurdas do poder central.
I.1.2 - O ideal federalista e os líderes políticos do Pará: 
Ainda em razão dos interesses paraenses em ter um governo composto de autoridades da terra, Francisco Xavier da Veiga Cabral, o “Cabralzinho”, chefiou uma insurreição já em julho de 1891, visando a impedir a instalação de um Congresso Constituinte que tentava manter ou eleger para o governo pessoas estranhas à terra, naturalmente influenciadas pelas autoridades e comerciantes portugueses não só pela imensa distância geográfica, mas também pelo distanciamento do poder central. 
Embora os princípios republicanos não estivessem bem expressos para os paraenses, pois os discursos, manifestos e programas não explicitavam essas questões ideológicas, o sistema presidencialistae o regime federativo, que faziam parte do ideário da República, constituíam mudanças que bem podiam atender aos interesses do povo paraense, sempre esquecido e sempre abandonado pelas autoridades dos poderes centrais. A federalização acenava com maior autonomia ao Pará, transformando-o em novo Estado federado.
Embora os partidos políticos não representassem a maioria do povo (mulheres e analfabetos não votavam), e o sistema colonial fosse ainda controlado pelo poder econômico, as eleições livres permitiriam a escolha de representantes e governantes moradores e filhos da terra. Tal era a preocupação dos políticos do Pará, que a primeira Constituição Estadual já fixava a necessidade de o postulante a cargo eletivo ter, pelo menos, cinco anos de residência no local do pleito eleitoral.
Mas, apesar das idéias republicanas, o processo político do Estado do Pará se desenvolveu apenas em função dos interesses de pessoas e de grupos. A não ser Paes de Carvalho, Augusto Montenegro (ambos no governo do Estado) e Antonio Lemos (na intendência do município de Belém), todos os outros representantes e governantes passaram pelo poder sem deixar grandes marcas de suas atividades administrativas.
A imprensa substituiu os partidos e as organizações políticas nesse período da história do Pará. E, apesar da quantidade de jornais criados nesse período, coube aos jornais “A Província do Pará” (1876) e “Folha do Norte” (1896) comandar as facções que se digladiaram, porque o Pará ficou dividido entre lemistas e lauristas. Estes eram os dois chefes políticos mais importantes, que decidiram, por algum tempo, a ocupação do poder e o destino de Belém e do Pará.

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