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LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 1/126 LINHAS DE TRANSMISSÃO II Projeto Mecânico Professor PDSc. José Eduardo Telles Villas UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2015 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 2/126 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 3/126 ÍNDICE 1 - Seleção da Tensão de Transmissão ............................................................................... 5 2 - Topografia de uma Linha de Transmissão .................................................................. 7 3 - Tipos de Vãos entre Estruturas ................................................................................... 10 4 - Tipos de Estruturas ...................................................................................................... 12 5 - Custo de uma Linha de Transmissão .......................................................................... 19 6 - Cargas Básicas que Atuam sobre as Estruturas ........................................................ 23 7 - Ângulo de Balanço na Cadeia de Isoladores .............................................................. 30 8 - Cálculo do Peso das Estruturas ................................................................................... 34 9 - Projeto Mecânico de Linhas de Transmissão ............................................................. 40 10 - Faixa de Servidão ........................................................................................................... 68 11 - Distâncias Verticais Mínimas ....................................................................................... 69 12 - Cálculo das Ampacidades dos Condutores ................................................................. 71 13 - Níveis de Isolamento ...................................................................................................... 76 14 - Proteções em Linhas de Transmissão .......................................................................... 81 15 - Isoladores ........................................................................................................................ 82 16 - Ferragens para a Cadeia de Isoladores ....................................................................... 85 17 - Sistema de Aterramento das Torres ............................................................................ 88 18 - Vibração nos Condutores .............................................................................................. 98 Anexo I – Parâmetros Meteorológicos e Correções ............................................................... 103 Anexo II – Catálogo de Ferragens para LT’s ......................................................................... 113 Bibliografia: ............................................................................................................................... 125 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 4/126 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 5/126 1 - Seleção da Tensão de Transmissão O documento que normatiza o projeto de Linhas de Transmissão (LT’s) de energia elétrica é a NBR 5422 de Fevereiro de 1985. A NBR 5422 fixa as condições básicas para o projeto de LT’s com tensão máxima (valor eficaz fase-fase) acima de 38 kV e não superior a 800 kV, de modo a garantir níveis mínimos de segurança e limitar perturbações em instalações próximas. Também se aplica a projetos de reisolamento e/reforma de LT’s. A seleção da tensão de transmissão de uma LT é determinada, segundo o Critério de Still (fórmula empírica válida até 400 km) por: 100 .62,0.5,5 PlE += ...(1) sendo: E – tensão entre fases, em kV; P – Potência transmitida, em kW; l – comprimento da LT, em km. A potência de um sistema trifásico é dada por: ϕcos...3 IEP = ...(2) sendo: P – Potência transmitida, em kW; I – Corrente, em A; φ – Fator de Potência. e o cálculo das perdas trifásicas por Efeito Joule: 2..3 IRP = ...(3) Sendo a resistência elétrica dada por: A lR .ρ= ...(4) onde: R – Resistência do condutor, em Ω. ρ – Resistividade elétrica do condutor, em Ω.m. A – Seção transversal do condutor, em m2. l – Comprimento, em m. Quando se eleva a tensão em um cabo condutor da LT a corrente diminui, o que permite a utilização de uma menor seção para o cabo condutor. Cumpre assinalar que, para cada valor de tensão, existe um valor ótimo de potência a ser transmitida sob o aspecto global da transmissão (e não somente das perdas). LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 6/126 Essa potência, denominada de potência natural, varia com a impedância natural da LT, independe da extensão da LT, sendo função apenas da configuração/geometria dos condutores. A Tabela 1.1 apresenta valores de potências naturais função das classes de tensão das LT usualmente empregadas. Tabela 1.1- Valores de Potências Naturais função das Tensões Nominais Condutor/ Potência Natural (MW) Fase 33 69 88 138 220 kV 345 kV 500 kV 765 kV kV kV Kv kV 1 2,7 10,8 19,4 47,6 120 300 - - 2 - - 24,2 59,5 150 370 780 - 3 - - - - 170 425 890 1750 4 - - - - 200 500 1040 2000 Estudos realizados demonstram que, com relação a densidade de corrente em LT’s de E.A.T, a faixa de 0,6 a 0,8 A/mm2 afigura-se como a mais econômica para LT’s operando com sua potência natural. Para condutores do tipo CAA, tem-se as seguintes seções ótimas: - 380/420 kV: 1200 mm2; - 500/520 kV: 1600 mm2; - 700/765 kV: 2200 mm2; LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 7/126 2 - Topografia de uma Linha de Transmissão Para a construção de uma LT, o perfil do terreno bem como o estudo da natureza do terreno (com vistas às fundações das torres e o dimensionamento do sistema de aterramento destas) devem ser analisados cuidadosamente. As seguintes atividades são englobadas na fase do levantamento topográfico: 1) Seleção da diretriz: com base em mapas e fotografias aéreas, escolhe-se a diretriz da LT; 2) Implantação do Traçado e Embandeiramento: um levantamento mais apurado na região “in situ” é feito no sentido de se aperfeiçoar a diretriz e se efetuar a implantação no terreno dos primeiros marcos; 3) Levantamento Topográfico do Perfil: consiste na elaboração das Plantas e Perfis do terreno; 4) Levantamento Cadastral: levantamento dos bens que os proprietários possuem dentro dos seus terrenos; 5) Locação de Estruturas, Levantamento de Seções Diagonais e Desenho de Travessias: com as Plantas e Perfis, assinala-se o piquete central onde será construída a torre, sendo indicado os aterramentos. As seções diagonais retratam as pernas das torres, sendo a mais próxima ao nível do solo denominada montante. Uma análise mais detalhada de cada uma destas atividades é feita a seguir 2.1. Seleção da Diretriz Para definição do traçado, os estudos deverão levar em conta os seguintes fatores: • as estruturas deverão ser sempre colocadas em pontos altos dos terrenos e serão na menor grandeza e quantidade possível; • o caminhamento, sempre que viável, evitará os picos altos e correrá pelas encostas laterais, permitindo assim melhor condição de acesso, construção e lançamento dos cabos condutores. • nos cruzamentos com vias importantes, ferrovias, LT’s, linhas telefônicas ou telegráficas, serão obedecidas as normas estabelecidas pelos respectivos Departamentos ou Órgãos responsáveis pelas instalações a serem cruzadas. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 8/126 • para segurança da LT, será mantida uma distância suficientede pedreiras em exploração, fornos de cal e usinas de produtos químicos. • o paralelismo ou a aproximação oblíqua na linha de telecomunicação será evitada, visando-se restringir os danos causados pelos fenômenos de T.I. (Interferência Telefônica) e R.I (Rádio Interferência). Consideram-se, dentro da faixa de servidão, os valores de campo elétrico ao nível do solo restritivos, consoante as Normas Técnicas sobre o tema. • a existência de projetos e traçados reais de ferrovias e rodovias, possibilidade de futuros loteamentos e tudo mais que possa a vir constituir fator importante na determinação do traçado. • serão evitadas, tanto quanto possível, benfeitorias, terrenos pantanosos, construções onerosas ou sujeitas a erosão. 2.2. Implantação do Traçado e Embandeiramento Após a determinação do traçado, a diretriz da LT será materializada em pontos principais, tais como: - pontos inicial e final. - ângulos e pontos elevados. Esta materialização será efetuada com bandeiras intervisíveis, distantes entre si de, no máximo, 4 km. Serão também colocados ao longo do eixo da LT, marcos de concreto em ordem crescente, a partir do km 0 da linha de transmissão. 2.3. Levantamento Topográfico do Perfil O levantamento topográfico do perfil somente será iniciado após a aprovação do traçado de cada trecho e o mesmo compreenderá as operações de: - levantamento planimétrico do eixo; - levantamento plani-altimétrico da faixa de servidão; - levantamento cadastral; - cálculo das cadernetas. Os desenhos serão apresentados conforme modelo fornecido e em consonância com a Concessionária local. O perfil secundário do terreno será levantado sempre que julgado necessário. 2.4. Levantamento Cadastral Serão observados os seguintes detalhes especiais: - cruzamentos com estradas de ferro e de rodagem; - presença de LT’s e de distribuição, telegráficas e telefônicas; LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 9/126 - acidentes isolados de importância; - cursos d’água; - terrenos impróprios para fundações de estruturas; - muros, cercas e valas divisórias. 2.5. Locação das Estruturas e Levantamento das Seções Diagonais São atividades desta fase: - locação das torres pelos marcos, pelas estacas (piquete central), sendo assinalada no piquete central o número da estrutura e sua respectiva progressiva em relação à torre anterior; - levantamento das seções diagonais, o que permitirá mostrar o perfil das secções das pernas das estruturas; - elaboração de desenhos simplificados mostrando as travessias existentes; LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 10/126 3 - Tipos de Vãos entre Estruturas Os vãos, ou distâncias entre estruturas nas LT’s, variam substancialmente de linha para linha, não se podendo na realidade, ter um vão padrão para as mesmas. São os seguintes os vãos de interesse em uma LT: a- Vão Teórico para Cálculo; b- Vãos das Estruturas: Horizontal (ou de Vento) e Gravante (ou de Peso); c- Vão Médio da LT ou de um Trecho da LT; d- Vão Regulador ou Vão Básico. 3.1. Vão Teórico para Cálculo Valor que se adota como padrão para determinação dos esforços transmitidos pelos cabos às estruturas, quando do dimensionamento destas. Neste caso, deve-se representar o valor máximo para o qual as estruturas serão dimensionadas. Sua escolha é baseada em critérios práticos, na experiência e desempenho de LT’s construídas, levando-se em consideração: - tensão da linha; - perfil topográfico do terreno; - material das estruturas; - resistência mecânica do material e diâmetro dos condutores; - disposição dos condutores nas estruturas. 3.2 Vãos das Estruturas Os vãos reais das LT’s não são iguais, uma vez que o espaçamento entre as estruturas é determinado em função do perfil topográfico. Uma mesma estrutura pode possuir vãos adjacentes diferentes. 3.2.1 Vão Horizontal ou de Vento Representa a média dos vãos adjacentes à estrutura em causa. 3.2.2 Vão Gravante ou de Peso Representa a distância entre os pontos mais baixos das catenárias adjacentes à estrutura em causa. 3.2.3 Vão Médio Representa a média aritmética de todos os vãos da LT (serve para levantamento do custo do projeto). 3.2.4 Vão Regulador ou Vão Básico Representa o vão escolhido como o “vão de projeto” que garante a melhor tensão de esticamento média de um trecho (também denominado de seção de tensionamento) entre estruturas de amarração (ou ancoragem) de vãos de comprimentos diferentes, e pode ser calculado pela expressão: LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 11/126 3 321 33 3 3 2 3 1 )...( )...( n n R LLLL LLLL V ++++ ++++ = ...(1) L1, L2,…,Ln – extensão de cada vão do trecho entre 2 (duas) estruturas de amarração, em m. Quando a distribuição dos vãos em um trecho entre estruturas de ancoragem é razoavelmente uniforme, o vão regulador (ou vão básico) pode ser calculado pela expressão abaixo: )( 3 2 médmáxmáxR VVVV −+= ...(2) onde: - Vmáx – vão máximo do trecho entre estruturas de ancoragem; - Vméd – vão médio do trecho entre estruturas de ancoragem; Do ponto de vista prático, a seção de seccionamento (trecho) se comporta como um vão único para efeito de cálculo de trações. Quando o número de vãos de uma seção de tensionamento aumenta, o valor do vão regulador tende a se aproximar do valor do vão médio da LT. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 12/126 4 - Tipos de Estruturas As estruturas de uma LT podem ser classificadas segundo: - a sua função na LT; - a sua forma de resistir aos esforços; - ao material empregado em sua fabricação. 4.1. Classificação quanto a Finalidade As estruturas, quanto à finalidade, podem ser classificadas como: a- Suspensão ou Alinhamento Reto; b- Ângulo; c- Ancoragem; d- Transposição; e- Derivação; f- Terminal. 4.1.1 Suspensão ou Alinhamento Reto São colocadas em trechos retilíneos das LT’s e servem para sustentar os condutores, sendo dimensionadas para suportar as seguintes cargas: - normais verticais; - normais horizontais; - transversais (devido à ação do vento sobre os cabos e a estrutura). 4.1.2 Estruturas em Ângulo São colocadas nos vértices de mudanças de direções das LT’s, sendo dimensionadas para suportar as seguintes cargas: - normais verticais; - normais horizontais incluindo as introduzidas pelo ângulo da LT; - transversais (devido à ação do vento sobre os cabos e a estrutura) e as introduzidas pelo ângulo da LT; - excepcionais (anormais) provocadas pelo rompimento dos condutores da LT. 4.1.3 Estruturas de Ancoragem São destinadas a fornecer pontos de amarração (tensionamento) às LT’s sendo dimensionadas para suportar as seguintes cargas: - normais verticais; - normais horizontais; - transversais (devido à ação do vento sobre os cabos e a estrutura); - excepcionais (anormais) provocadas pelo rompimento dos condutores da LT. 4.1.4 Estruturas de Transposição São destinadas a efetuar a rotação de fases visando simetrizar eletricamente a LT. 4.1.5 Estruturas de Derivação São destinadas a efetuar a derivação sem haver necessidade de seccionar a LT. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 13/126 4.1.6 Estruturas Terminais São destinadas a absorver unilateralmente todo o esforço de tração não balanceado do último vão (por esta razão é a torre mais reforçada e, portanto, a mais cara). 4.2 Classificação quanto à forma de Resistência das Estruturas Uma estrutura pode ser considerada como uma viga vertical engastada no solo. As solicitações (cargas) que se acham submetidas às estruturas são: - axial vertical; - horizontal transversal; - horizontal longitudinal. As cargas horizontais são preponderantes para o dimensionamento das estruturas, face aos momentoselevados provocados na linha de engastamento. As estruturas, quanto ao comportamento face estas cargas, podem ser consideradas: - estruturas auto-portantes; - estruturas estaiadas. 4.2.1 Estruturas Auto-Portantes Nestas estruturas, os esforços são diretamente transmitidos para as fundações, sendo elevados os momentos fletores junto à linha do solo. Estas estruturas se dividem em: - rígidas: dimensionadas para resistir aos esforços normais e sobrecargas, sem deformações elásticas perceptíveis, e às cargas excepcionais, com deformações elásticas de menor importância. São, em geral, construídas em estruturas metálicas treliçadas, simétricas nas direções transversal e longitudinal, e apresentam grandes dimensões. - flexíveis: dimensionadas para resistir apenas aos esforços normais sem deformações elásticas perceptíveis, e às sobrecargas e cargas excepcionais, com deformações elásticas expressivas. São simétricas em ambas as direções, caracterizando-se pelo elevado grau de esbeltez. - mistas ou semi-rígidas: estruturas assimétricas, sendo rígidas em uma direção (onde as dimensões são maiores) e flexíveis na outra direção. A Figura 4.1 apresenta os tipos de estruturas acima mencionados. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 14/126 CONCRETO MADEIRA A B C A B C CBA Figura 4.1 – Estruturas Auto-Portantes: a) Rígida; b) Flexível ; c) Semi-Rígida [1]. 4.2.2 Estruturas Estaiadas São estruturas flexíveis ou mistas enrijecidas por tirantes ou estais. Uma parcela dos esforços horizontais é parcialmente absorvida pelos tirantes e transmitida diretamente ao solo pelas âncoras, sendo a outra parcela dos esforços, transmitida axialmente pelas estruturas. Para os tirantes, são normalmente utilizados cabos de aço galvanizado a fogo, do tipo HS (“High Strenght”) ou SM (Siemens-Martin), 7 fios, ou cabos do tipo “copperweld” ou “alumoweld”. O uso, no passado, desse tipo de estruturas, era limitado a tensões até 230 kV, sendo atualmente usadas em tensões de até 750 kV. A Figura 4.2 apresenta exemplos desse tipo de estrutura. Figura 4.2 – Estruturas Estaiadas [1]. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 15/126 4.3 Classificação quanto ao Material de Construção Os seguintes materiais são utilizados nas estruturas: - madeira; - concreto; - aço; - alumínio. 4.3.1 Estruturas de Madeira, As características requeridas para o uso da madeira como estruturas em LT’s são: - elevada resistência mecânica à flexão (superiores a 1000 kg/cm2); - boa resistência às intempéries (a madeira não pode fender ou trincar); - indeformabilidade com o decorrer do tempo (caracterizada por torções ou encurtamentos desiguais em suas fibras); - boa resistência ao ataque de microorganismos que acarretam à sua destruição (apodrecimento da madeira). Utilizada em larga escala no Brasil em LT’s até 34,5 kV curtas para a transmissão de pequenos blocos de energia (sistemas de distribuição). Suas principais desvantagens são: - vida útil média; - sujeitas a fogo; - necessita de largas picadas ao longo da linha. - não permite vãos grandes. - necessárias emendas e tratamento contínuo da madeira. Como vantagens, são mais econômicas, reduzindo despesas de investimento. 4.3.2 Estruturas de Concreto Utilizado em LT’s de perfil plano. Suas principais vantagens são: - vida útil elevada; - montagem simples; - não necessita de conservação; - geralmente não necessita de reforço nas fundações devido ao peso próprio elevado; - ótima aparência. Como desvantagens, pode-se citar: - o peso; - dificuldade de transporte, principalmente em terrenos acidentados e de difícil acesso; - controle de qualidade durante a fase de fabricação da estrutura. As estruturas de concreto são menos dispendiosas que as de aço e mais caras que as de madeira, e têm sido bastante utilizadas no Brasil em tensões até 230 kV. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 16/126 4.3.3 Estruturas Metálicas de Aço-Carbono São construídas normalmente de aços-carbono normais ou de alta resistência, em perfilados ou tubos, podendo ser obtidas as mais variadas dimensões e formas. São estruturas mais leves e por serem compostas de peças, podem ser transportadas com bastante facilidade a qualquer ponto, para sua montagem no local, sendo, portanto, menos onerosas. Sua principal desvantagem é o preço do aço. Como as estruturas são expostas às intempéries, necessitam ser protegidas contra a oxidação, por zincagem a quente de todas as peças. No Brasil têm sido usadas para tensões acima de 230 kV ou terrenos muito acidentados. 4.3.4 Estruturas de Alumínio e suas Ligas O custo destas estruturas é elevado, sendo, portanto, seu uso restrito, como em locais bastantes acidentados onde a vantagem obtida pela redução no custo de transporte face ao reduzido peso das peças de alumínio compensa o seu emprego. 4.4 Dimensões das Estruturas As dimensões das estruturas são ditadas pelos seguintes fatores: - configuração geométrica dos condutores; - distância entre condutores; - dimensões e formas de isolamentos; - flechas dos condutores; - altura de segurança; - função mecânica; - forma de resistir aos esforços; - materiais estruturais; - número de circuitos na torre, etc. As dimensões principais das estruturas são função da tensão nominal da LT e dos valores máximos das sobretensões (a impulsos e à 60 Hz) que podem ocorrer no Sistema Elétrico, tendo papel secundário a flecha dos condutores, a forma de sustentação e o diâmetro dos condutores. 4.4.1 Disposições dos Condutores Nas LT’s trifásicas são utilizadas 3 (três) disposições de condutores: triangular, horizontal e vertical. 4.4.1.1 Disposição Triangular Os condutores são dispostos nos vértices de um triângulo, que, quando equilátero recebe o nome de disposição simétrica, e assimétrica no caso inverso (ver Figura 4.3). LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 17/126 Figura 4.3 - Disposição Triangular [1]. 4.4.1.2 Disposição Horizontal Os condutores são dispostos em um mesmo plano horizontal. A principal vantagem está em possibilitar estruturas de menor altura, para o mesmo condutor e mesmo vão, sendo esta a disposição usual para LT’s a circuito simples para tensões de AT e E.A.T. (ver Figura 4.4). A B C A B C Figura 4.4 - Disposição Horizontal [1]. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 18/126 4.4.1.3 Disposição Vertical É a disposição preferida para LT’s a circuito duplo e para LT’s que acompanham vias públicas, onde os condutores se encontram instalados em um plano vertical (ver Figura 4.5). Figura 4.5 - Disposição Vertical [1]. Para LT’s a circuito duplo, as disposições triangulares e verticais são as mais usadas, como se indica na Figura 4.6. A configuração horizontal para essas LT’s, acarretaria em estruturas muito largas ou a sobreposição dos circuitos. Figura 4.6 - Linhas a Circuito Duplo [1]. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 19/126 5 - Custo de uma Linha de Transmissão Os principais componentes para a formação do custo direto de uma LT são indicados a seguir: 5.1 Materiais (incluindo Seguros e Transportes): - Torres; - Fundações; - Cabos Condutores; - Cabos Pára-Raios; - Isoladores; - Ferragens; - Sistema de Aterramento das Estruturas. 5.2 Instalação: - Reconhecimento e Serviços Topográficos; - Locação no Campo; - Aquisição da Faixa de Servidão; - Desmatamento e Limpeza de Faixas; - Execução das Fundações; - Execução dos Sistemas de Aterramento e Medição das Resistências de Terra; - Instalação e Montagem das Estruturas; - Lançamento, Esticamento e Nivelamento dos Cabos Condutores e Pára-raios; - Armamento dos Cabos; - Inspeção Final. 5.3 Custo Indireto (15 a 20% do Preço Global): - Estudos e Projetos; - Administração e Fiscalização da Obra; - Desapropriações; 5.4 Condutores para Linhas Aéreas de Transmissão Os condutores usadosnas LT’s de energia elétrica são normalmente condutores nus, isto é, desprovidos de isolamento. Devem, pois, ser apoiados sobre isoladores que são fixados sobre estruturas suportes (postes, torres, etc). Quando utilizados, o isolamento entre os condutores é a camada que os envolve. Os condutores são de 2 (dois) tipos: a) Fios maciços. b) Cabos. Os fios maciços eram, no passado, utilizados até com bitolas expressivas, estando seu uso hoje quase limitado a bitola no 4 AWG, acima da qual se prefere os cabos, face a sua maior flexibilidade e facilidade de manejo. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 20/126 Os cabos são condutores formados por uma série de fios mais finos, encordoados em uma ou mais camadas e podem ser compostos de fios de mesmo material (cabo homogêneo) ou de fios de materiais diferentes (cabos heterogêneos) ou ainda de fios de aço revestidos de cobre ou alumínio (“copperweld”, “alumoweld”). Os condutores das LT’s devem ser fabricados por materiais que satisfaçam 3 (três) condições: - alta condutividade elétrica; - resistência mecânica adequada; - custo razoável; Dos metais existentes, os que satisfazem estas 3 (três) condições acima são o aço, o alumínio e o cobre. O cobre e o alumínio são empregados em suas formas reais puras (ou em forma de ligas), enquanto que o aço é empregado em adição ao alumínio ou cobre para aumentar a resistência mecânica dos condutores e como cabos pára-raios. Dos cabos selecionados para efetuarem o sistema de aterramento das torres tem-se os cabos de aço de alta resistência, do tipo H.S (“High Strenght”) galvanizados e, em alguns casos especiais, os do tipo E.H.S (“Extra High Strenght”), com diâmetros 3/8” e 5/16”. Os cabos “copperweld” e “alumoweld” também são empregados como cabos pára- raios. Para os subcondutores das fases das LT’s, utilizam-se normalmente cabos do tipo CAA (condutor alumínio-aço). 5.5 Comparação do Alumínio sobre o Cobre 5.5.1 Vantagens Nas LT’s que atravessam regiões acidentadas, o peso reduzido do alumínio facilita o transporte do cabo para os pontos de montagem, o que simplifica essas operações, reduzindo, desse modo, o custo final da LT. A elevada resistência dos cabos de alumínio com alma de aço (CAA) permite, para uma mesma distância mínima do condutor ao solo, um maior vão. Para o caso de vãos iguais, o uso do cabo CAA permite a utilização de torres mais baixas, pois sendo o condutor mais resistente, este poderá ser esticado com menor flecha. 5.5.2 Desvantagens Por ser macio e facilmente roído, deve-se evitar arrastá-lo sobre pedras ou superfícies duras, devendo ser cuidadosamente manejado. 5.6 Nomenclatura Fio: É um corpo de metal estirado, usualmente de forma cilíndrica e de seção circular. Cabo: É um elemento formado por um grupo de fios ou por um conjunto de grupos de fios não isolados entre si. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 21/126 Condutor: É um fio ou cabo que visa conduzir corrente elétrica. 5.7.1 Determinação da Seção mais Econômica do Cabo Condutor A determinação da seção mais econômica do cabo condutor é feita com base na Lei de Lord Kelvin que estabeleceu: “O custo de operação anual mínimo de uma LT ocorre quando o custo do investimento inicial mais a depreciação são iguais ao custo anual do cabo”. O custo anual do cabo pode ser calculado por: tClPC ... 1= ...(1) sendo: C – Custo Anual do Cabo, em R$; P – Peso do Cabo, em (kg/m); l – Comprimento da LT, em m. C1 – Custo do Cabo, em R$/kg. t – Taxa de Amortização e Depreciação do Custo do Cabo = 12,5 %. As perdas elétricas no cabo são de 2 (dois) tipos, expressas por: - Perdas por Efeito Corona (Perdas por Tensão); - Perdas por Efeito Joule (Perdas por Corrente). As Perdas por Efeito Corona são significativas para tensões acima de 345 kV. As Perdas Joule no condutor de uma LT são calculadas como se segue: 32 10...3 −= IRkWmáx ...(2) sendo: kWmáx – Perdas Joule máxima, em kW. R – Resistência do condutor, em Ω/km. I – Corrente Máxima que é transmitida no condutor, em A. e o custo destas Perdas Joule, calculado pela seguinte expressão: kWh RhkWCusto ano $.8760.)(= ...(3) sendo: Custo – Custo das Perdas Joule, em R$. kW(ano) – Perdas Joule no ano, em kW. R$/kWh – Custo da Energia, em R$/kWh 8760 – Horas-Ano (365 x 24). LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 22/126 A utilização de um cabo de maior seção representa uma diminuição das Perdas Joule (por redução da resistência elétrica do condutor) e de seu custo por Perdas Joule associado, tendo, em contrapartida um aumento no investimento face ao custo do material (peso do cabo) e seu reflexo no custo global do empreendimento da LT, por elevação dos esforços mecânicos introduzidos nesta. A Figura 5.1 apresenta a composição destes custos visando à seleção ótima da seção dos cabos condutores. Figura 5.1 – Variação do Custo Anual das Perdas e dos Investimentos na Transmissão de Energia com a Seção do Condutor [1]. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 23/126 6 - Cargas Básicas que Atuam sobre as Estruturas As seguintes cargas básicas atuam sobre as estruturas: a- Cargas Verticais; b- Cargas Transversais; c- Cargas Longitudinais. 6.1 Cargas Verticais: São provocadas pelo peso dos condutores, dos isoladores e das ferragens das estruturas assim como as cargas durante a construção e a manutenção. - normal: peso próprio dos suportes, isoladores e condutores. - excepcional: esforços introduzidos durante a construção. As cargas excepcionais são sempre maiores que as normais sendo um valor usual adotado de 300 kg. Considera-se ainda um fator de segurança, na faixa de 1,3 a 1,8. V = p . n . Vg + P1 + P2 ...(1) sendo: V – Carga vertical, em kg. p – Peso do condutor, em kg/m. n – Número de subcondutores por fase. Vg – Vão de peso ou gravante, em m. P1 – Peso dos isoladores e das ferragens, em kg. P2 – Peso dos espaçadores, amortecedores, armaduras e contrapesos (colocados quando necessário para diminuir o ângulo de balanço na cadeia de isoladores), em kg. 6.2 Cargas Transversais: As cargas transversais atuam numa direção paralela à linha de centro da mísula. São provocadas pela pressão do vento nas estruturas, ferragens, isoladores, condutores e pela componente transversal da tensão da LT nas estruturas em ângulo. T = n . P . ϕ . Vh + 2 . n . T1 . sen (α/2) ...(2) sendo: T – Tração transversal, em kg. P – Pressão exercida pelo vento sobre o condutor, em kg/m2. n – Número de subcondutores por fase. ϕ – Diâmetro do subcondutor, em m. Vh – Vão Horizontal ou de vento, em m. T1 – Tensão máxima do condutor ou cabo-terra, em kg. α – Ângulo de deflexão da LT. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 24/126 6.2.1. Carga do Vento A carga do vento é determinada considerando-se a área projetada da superfície sobre um plano perpendicular à direção do vento. No caso de cabos condutores e pára- raios, a pressão exercida pelo vento é dada por: P = 0,0045. v2. α …(3) P – pressão exercida pelo vento sobre o condutor, em kg/m2 v – velocidade do vento, em km/h α – fator de efetividade (como as frentes de vento são em geral mais estreitas do que os comprimentos dos vãos das LT’s, a pressão exercida pelo vento sobre os cabos não será uniformeao longo do seu comprimento). Entretanto, para efeito de simplicidade de cálculo, esta será considerada uniforme. Para vento máximo, é adotado o valor de 0,0075 na expressão acima, mesmo fator utilizado para superfícies planas. No caso de suportes treliçados, as cargas de vento são determinadas considerando-se a área real projetada da face a barlavento multiplicada por, no mínimo, 1,5, para se ter em conta a área da face a sotavento. Para fins de simplificação dos cálculos pode-se admitir no caso de torres com 4 (quatro) pés, a ação do vento sobre as faces a barlavento e a sotavento. O limite de projeto da velocidade de vento máximo até hoje utilizado foi de 120 km/h. 6.2.2. Cálculo de Velocidade do Vento O registro da intensidade das velocidades dos ventos é feito através de aparelhos denominados anemômetros. O cálculo de velocidade do vento é feito através de 2 (dois) métodos a saber: a- Método dos Valores Extremos (E.G.Gumbel). b- Nomograma de Weiss. a- Método dos Valores Extremos (E.G.Gumbel) Gumbel aplicou conceitos de estatística chegando a uma distribuição aproximadamente normal. Para uso deste método, devem ser efetuadas inúmeras leituras (no mínimo 15 anos) relativas aos fenômenos de interesse sendo considerados os dados referentes aos valores máximos fornecidos pelas tabelas de cada ano (média obtida dos valores máximos de cada mês em um ano). Como uma LT é projetada para 30 a 40 anos, deve-se extrapolar, com base na curva dos valores extremos, o valor que assumirá o fenômeno para este período. Este método recebe o nome de período de retorno. Exemplo: Dada uma série de valores máximos anuais de temperatura (20 valores) na cidade de Toronto cujo período de observação foi de 1948 a 1967, qual será o valor da temperatura máxima anual para um período de retorno de 50 anos. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 25/126 101oF; 99oF; 77oF; 90oF; 94oF; 100oF; 93oF; 98oF; 95oF; 90oF; 94oF; 92oF; 91oF; 94oF; 94oF; 98oF; 94oF; 97oF; 89oF, 92oF. m xmáx 1+ = u mPM ...(4) 1 77 2 89 3 90 ... ... 19 100 20 101 mi u = 20 - número total de dados. %80,4 21 1 ==MP %20,95 21 20 ==MP sendo: PM - probabilidade de ocorrência de valores inferiores. O Método de Gumbel será tanto mais confiável quanto se puder ajustar uma reta. Como nem sempre é possível ter-se disponíveis um grande conjunto de dados, pode-se utilizar o Nomograma de Weiss. b- Nomograma de Weiss Cálculo do desvio-padrão: n xx s M∑ −= 2)( ...(5) 60,93=Mx 20=n 20 )7760,93( 615,1 2− ==Míns - para o valor mínimo da amostragem 20 )10160,93( 622,3 2− ==Máxs - para o valor máximo da amostragem MáxT S.KX x M += ...(6) Para um período de retorno de 50 anos, tem-se: K = 3,179 (Tabela dos Valores Extremos), sendo K o fator que expressa a variável para um dado período de retorno. Os valores do desvio padrão, na Figura 6.1, estão compreendidos entre 0,10 e 2,00. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 26/126 Como o desvio padrão máximo obtido da amostragem acima é de 3,622 (e o máximo desvio padrão é 2,0), há necessidade de incluir um fator que possibilite o uso da Figura 6.1. sx= 3,622 / 2,0 = 1,811 Utilizando-se da Reta de Desvio Padrão 1,811 da Figura 6.1 e com o Fator de Frequência (K) 3,179, obtém-se, na escala do Eixo Y desta figura: 5,90. Utilizando-se a equação ajustada da reta expressa em (6), obtém-se: 3,104811,1.90,560,93 =+=Tx LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 27/126 Fator de Freqüência (K) Figura 6.1 – Nomograma de Weiss. Fator de Freqüência (K) Figura 6.1 – Nomograma de Weiss. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 28/126 6.3 Cargas Longitudinais Estas cargas atuam em direção perpendicular à linha de centro da mísula. Diversas condições introduzem cargas longitudinais, tais como: - condutor ou cabo-terra rompido; - cargas durante o lançamento dos condutores ou cabos-terra; - vento paralelo à LT ou à 45º; - falhas em estruturas adjacentes. A expressão para cálculo da carga longitudinal é dada por: L = 0,75 . n . 18% .UTS ...(7) sendo: UTS – Máximo Valor de Tracionamento (“Ultimate Tensile Strength”), em kg. 0,18 – no cálculo da operação para esticamento do condutor, foi constatado ser este o valor percentual de tensão mais indicado, visto o cabo, quanto mais rígido estiver, menor será a sua vida útil face à fadiga. (18% UTS). n – número de subcondutores por fase. 6.4 Esforços Resultantes na Cadeia de Isoladores 6.4.1. Esforço Transversal É função da pressão do vento sobre os cabos, sendo calculado para as velocidades máxima e mínima do vento. 6.4.2. Esforço Vertical Considerado apenas para estruturas em suspensão. Existem 4 (quatro) tipos de isoladores, em função da capacidade do esforço mecânico: → 15000 libras → 25000 libras → 36000 libras → 50000 libras É recomendado o fator de segurança de 2,0 para vento máximo e 2,5 para vento mínimo. 6.4.3. Cálculo do Número de Isoladores Para LT’s de até 220 kV, utiliza-se a expressão abaixo para cálculo do número de isoladores: 1 15 += EN ...(8) sendo: N – número de isoladores. E – tensão nominal entre fases da LT, em kV. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 29/126 6.4.4. Esforço Resultante sobre a Cadeia de Isoladores de Suspensão 2 1 2 TVR += ...(9) 2 2 2 TVR += ...(10) sendo: R – Esforço Resultante sobre a Cadeia de Isoladores de Suspensão, em kg. T1 – Esforço Transversal calculado para a condição de vento máximo, em kg. T2 – Esforço Transversal calculado para a condição de vento mínimo, em kg V – Esforço Vertical em kg. O valor de fator de segurança é determinado pela relação entre a capacidade do esforço mecânico admissível dos isoladores (15000 libras, 25000 libras, 36000 libras e 50000 libras) e o esforço resultante atuante na cadeia de isoladores (R), calculado para as 2 (duas) condições de vento citadas acima. Os valores resultantes utilizando-se as expressões (9) e (10) acima são comparados com os fatores de segurança de 2,0 para vento máximo e 2,5 para vento mínimo. 6.4.5. Suportabilidade de Tensão de 1 (um) Isolador O nível de tensão que um isolador suporta é de 45 kV. O Fabricante recomenda até 1/3 do nível de tensão para condição de operação normal da LT. 6.4.6. Ordem de Grandeza Relativa de Custo dos Isoladores Isoladores com capacidade do esforço mecânico de 25.000 libras são 20% mais caros quando comparados com o de 15000 libras. Os de 36000 libras, 20% mais caros comparados com os de 25000 libras e os de 50000 libras, 40% mais caros comparados com os de 36000 libras. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 30/126 7 - Ângulo de Balanço na Cadeia de Isoladores A determinação do ângulo de balanço é função do vão horizontal (ou de vento) e do vão de peso (ou gravante). 7.1. Fatores que Influenciam o Ângulo de Balanço a) Diferenças de tensões entre os cabos durante a operação de lançamento do cabo (as flechas calculadas teoricamente não possuirão na primeira fase do lançamento valores idênticosaos assumidos); b) Esforços desenvolvidos pela pressão do vento na cadeia de isoladores. 7.2. Expressão do Ângulo de Balanço V T ∑ ∑ =)(tan θ ...(1) sendo: Σ T – somatório dos esforços transversais, em kg. Σ V – somatório dos esforços verticais, em kg. onde: pPPV VPsenT c g hv ++ ± = 2 . ..)2/(.2 )(tan 1 φα θ ...(2) sendo: ϴ – Ângulo de balanço da cadeia de isoladores, em graus. T – Tensão de esticamento do condutor, em kg. α – Ângulo de deflexão da LT, em graus. ϕ – Diâmetro do subcondutor da fase, em m. Pv – Pressão exercida pelo vento sobre a cadeia de isoladores, em kg/m2. Vh – Vão horizontal ou de vento, em kg. Vg – Vão gravante ou de peso, em m. P – Peso do condutor da fase, em kg. Pc1 – Peso da cadeia de isoladores, em kg. p – Peso do contrapeso colocado quando necessário visando diminuir o ângulo de balanço da cadeia de isoladores, em kg. Face ao risco real de choque mecânico entre os subcondutores das fases por ação do vento exercida sobre os mesmos, para LT’s com classes de tensão superiores a 230 kV, espaçadores são colocados entre os subcondutores das fases visando eliminar este risco. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 31/126 Têm-se as seguintes situações de análise para os ângulos de balanço: a – Ângulo de Balanço Normal: Não se leva em conta a pressão do vento, visto na temperatura média a velocidade do vento ser considerada nula. b – Ângulo de Balanço Máximo: Com vento atuando na direção do ângulo de deflexão da LT sendo a temperatura ambiente, geralmente de 0 oC a 10 oC (o esforço máximo no condutor com vento ocorre a baixa temperatura). Na expressão (2) o sinal é positivo (+) para o cálculo do ângulo de balanço máximo. c – Ângulo de Balanço Mínimo: Calculado para a temperatura máxima que dilata o cabo, tornando a tensão menor. O vento atua em sentido contrário ao ângulo de deflexão da LT. Na expressão (2) o sinal é negativo (-) para o cálculo do ângulo de balanço mínimo. Para o caso de estruturas em alinhamento (suspensão), visto o ângulo α ser nulo, tem-se a seguinte expressão para cálculo do ângulo de balanço (ϴ): pPPV VP c g hv ++ = 2 . .. )(tan 1 φ θ ...(3) A Figura 7.1 apresenta um gráfico de Vão de Vento x Vão de Peso obtido para uma LT com as características de projeto assinaladas nas notas dessa figura. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 32/126 Fi gu ra 7 .1 – G rá fic o V ão d e V en to x V ão d e Pe so . LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 33/126 7.4 Verificação do Balanço das Cadeias de Isoladores A maioria das falhas em Sistemas Elétricos ocorre nas LT’s, sendo cerca de 80.% das falhas em seus componentes isolantes por ação de sobretensões elétricas. Os componentes isolantes das LT’s são compostos pelos isoladores e o ar que os cerca e, para que resistam a solicitações elétricas advindas das sobretensões resultantes de descargas atmosféricas (raios), manobras ou falhas no sistema elétrico, o número de isoladores em uma cadeia e as distâncias entre ferragens energizadas das cadeias e parte das estruturas (que se acham aterradas) devem ser adequadamente dimensionadas. Fixando o valor do ângulo máximo de balanço (αmáx) e supondo-se uma série de valores para α (para cada valor de α, variam-se os valores de vão médio Vm), pode-se, determinar os valores mínimos de vão gravante (ou de peso) Vg para que o valor de αmax não seja ultrapassado. Desses dados e resultados, pode-se traçar uma família de curvas para cada tipo de estrutura, como a representada na Figura 7.2. Figura 7.2– Gráfico para verificação de Balanço das Cadeias de Isoladores αmáx = 10º [1]. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 34/126 8 - Cálculo do Peso das Estruturas O peso das estruturas depende, basicamente, dos seguintes fatores: a- número de circuitos da LT: circuito simples ou duplo; b- forma de resistir aos esforços: → estruturas auto-portantes rígidas; → estruturas auto-portantes semi-rígidas; → estruturas auto-portantes elásticas; → estruturas estaiadas. c- número, dimensões, pesos e resistências mecânicas dos cabos condutores e pára- raios; d- material empregado na torre: alumínio e suas ligas, aço-carbono normal ou aço- liga de alta resistência; e- nível básico de isolamento (NBI): as solicitações resultantes das sobretensões temporárias, de surtos atmosféricos e de manobras ditam as distâncias mínimas fase–fase e fase–terra da torre, sendo responsáveis pelas dimensões globais das estruturas; f- critérios adotados para os esforços mecânicos consoante as Norma Técnicas vigentes; O peso total da LT será função do vão médio mais econômico para cada estrutura adotada. Dos fatores acima, os 4 (quatro) primeiros são preponderantes, tendo nos 2 (dois) últimos fatores sido obtidas consideráveis reduções nos custos da LT face ao conhecimento adquirido nas 2 (duas) recentes décadas através de estudos detalhados das solicitações de natureza elétrica e mecânica que a LT é submetida. Um projeto de otimização técnico-econômica de uma LT quanto a peso total das estruturas, envolveria uma análise de sensibilidade, para cada estrutura selecionada, dos seguintes fatores: - variação da altura; - variação do vão gravante (ou de peso); - variação do peso dos condutores e pára-raios; - variação dos diâmetros dos condutores e pára-raios; - variação do número de sub-condutores; - variação das distâncias entre fases; - variação dos ângulos de blindagens; Para avaliação do peso de uma estrutura, a expressão desenvolvida pela Alcan e pela Boneville Power Administration (BPA), apresentada abaixo, permite seu cálculo: ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ ++= 3/23/23/2... VHTKhCW ...(1) sendo: LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 35/126 W – peso da Estrutura, em libras (1 libra = 0,484 kg). C – coeficiente de forma, o qual é função: → do tipo de torre; → das dimensões da torre; → do tipo de carregamento imposto à torre. h – altura da torre, em pés. K – fator função do espaçamento entre fases, em pés. onde: ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ += 400 44,1 2dK ...(2) onde: d – distância entre fases, em pés. T – esforço transversal, em libras. H – esforço horizontal, em libras. V – esforço vertical, em libras. sendo T, V e H o somatório dos esforços calculado para as 3 (três) fases da LT. O valor de C varia de 0,1 a 0,3. Dados da evolução temporal dos pesos para estruturas do tipo auto-portante rígida para diferentes classes de tensão são apresentadas a seguir: - 69 kV: 14,0 t/km – 1930-1932 – circuito simples (CS); - 138 kV: 10,5 t/km – 1956-1957 – circuito duplo (CD); - 345 kV: 12,5 t/km – 1962 – circuito simples (CS); - 500 kV: 21,6 t/km – 2013 – circuito simples (CS). Projetos mais elaborados das torres por um melhor detalhamento dos esforços a que estas se acham submetidas através do uso de programas computacionais específicos como os que utilizam elementos finitos tem permitido reduções nos pesos das estruturas. Para a classe de tensão em 765 kV, face ao uso extensivo e crescente de torres estaiadas ou do tipo “cross-rope”, os pesos das estruturas reduziram sensivelmente. As Tabelas 8.1 a 8.6 apresentam, para diferentes tipos de torres auto-portantes e estaiadas, em circuito simples (CS) e duplo (CD), para as classes de tensão desde 230 a 765 kV e ± 600 kV (c.c), e diversas configurações de cabos condutores, os valores de pesos das estruturas de aço (ton/km).As Figuras 8.1 e 8.2, apresentam a comparação de pesos das torres em CS e CD em função da classe de tensão, para Torre Auto-Portante Convencional (Figura 8.1) e Torre Estaiada Convencional (Figura 8.2). LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 36/126 Tabela 8.1 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: 230 kV Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 1 x 636 26/7 11,45 18,33 60,1 Aço Autoportante Convencional 2 x 636 26/7 14,89 23,82 60,0 Aço Autoportante Raquete 2 x 636 26/7 15,31 24,50 60,0 Aço Estaiada Convencional 1 x 636 26/7 7,24 11,58 60,0 Aço Estaiada Convencional 2 x 636 26/7 9,41 15,06 60,0 Aço Estaiada Trapézio 2 x 636 26/7 9,43 15,09 60,0 Aço Autoportante Convencional 1 x 1113 45/7 11,79 18,87 60,1 Aço Autoportante Convencional 2 x 1113 45/7 15,33 24,53 60,0 Aço Autoportante Raquete 2 x 1113 45/7 15,64 25,02 60,0 Aço Estaiada Convencional 1 x 1113 45/7 7,57 12,11 60,0 Aço Estaiada Convencional 2 x 1113 45/7 9,84 15,74 60,0 Aço Estaiada Trapézio 2 x 1113 45/7 9,63 15,41 60,0 Tabela 8.2 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: 345 kV Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 2 x 636 26/7 15,18 24,29 60,0 Aço Autoportante Convencional 3 x 636 26/7 17,46 27,94 60,0 Aço Estaiada Convencional 2 x 636 26/7 12,88 20,61 60,0 Aço Estaiada Convencional 3 x 636 26/7 14,81 23,70 60,0 Aço Autoportante Convencional 2 x 1113 45/7 15,52 24,83 60,0 Aço Autoportante Convencional 3 x 1113 45/7 17,85 28,56 60,0 Aço Estaiada Convencional 2 x 1113 45/7 13,22 21,15 60,0 Aço Estaiada Convencional 3 x 1113 45/7 15,20 24,32 60,0 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 37/126 Tabela 8.3 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: 440 kV Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 4 x 291 42/19 20,30 32,48 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 387 32/19 20,55 32,89 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 465 26/7 20,80 33,29 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 636 26/7 20,42 32,67 60,0 Aço Estaiada Convencional 4 x 636 26/7 15,22 24,35 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 715,5 26/7 20,49 32,79 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 715,5 30/19 20,53 32,86 60,0 Aço Estaiada Convencional 4 x 715,5 26/7 15,22 24,35 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 795 26/7 20,56 32,90 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 795 45/7 20,50 32,81 60,0 Aço Estaiada Convencional 4 x 795 26/7 15,69 25,11 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 900 45/7 20,60 32,96 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 927,2 37 20,29 32,47 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 950 33/4 20,41 32,66 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 954 45/7 20,65 33,04 60,0 Aço Autoportante Convencional 3 x 954 45/7 18,77 30,04 60,0 Tabela 8.4 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: 500 kV Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 3 x 636 26/7 19,62 31,38 59,9 Aço Autoportante Convencional 4 x 636 26/7 21,58 34,53 60,0 Aço Autoportante Raquete 4 x 636 26/7 25,33 40,53 60,0 Aço Estaiada Convencional 3 x 636 26/7 15,12 24,19 60,0 Aço Estaiada Convencional 4 x 636 26/7 18,84 30,14 60,0 Aço Estaiada Cross Rope 4 x 636 26/7 15,60 24,96 60,0 Aço Estaiada Trapézio 4 x 636 26/7 15,60 24,96 60,0 Aço Autoportante Convencional 3 x 1113 45/7 19,95 31,93 60,1 Aço Autoportante Convencional 4 x 1113 45/7 21,95 35,12 60,0 Aço Autoportante Raquete 4 x 1113 45/7 25,67 41,07 60,0 Aço Estaiada Convencional 3 x 1113 45/7 15,45 24,72 60,0 Aço Estaiada Convencional 4 x 1113 45/7 19,17 30,67 60,0 Aço Estaiada Trapézio 4 x 1113 45/7 15,81 25,30 60,0 LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 38/126 Tabela 8.5 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: ± 660 kV (c.c) Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 4 x 1113 45/7 15,20 0,00 - Aço Autoportante Raquete 4 x 1113 45/7 15,20 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1113 45/7 15,20 24,32 60,0 Aço Estaiada Trapézio 4 x 1113 45/7 15,20 24,32 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1590 54/19 15,56 0,00 - Aço Autoportante Raquete 4 x 1590 54/19 15,56 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1590 54/19 15,56 24,90 60,0 Aço Estaiada Trapézio 4 x 1590 54/19 15,56 24,90 60,0 Tabela 8.6 - Peso das Torres: CS x CD Tensão: 750 kV Torre Seção (MCM) Peso (ton/km) (%) Peso CD/CS CS CD Aço Autoportante Convencional 4 x 563 54/19 38,44 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 563 54/19 38,33 61,33 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 973 84/19 38,92 0,00 - Aço Autoportante Convencional 4 x 1113 45/7 38,33 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1113 45/7 38,33 61,33 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1192,5 45/7 38,38 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1192,5 45/7 38,38 61,41 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1272 45/7 38,43 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1272 45/7 38,43 61,49 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1351,5 45/7 38,48 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1351,5 45/7 38,54 61,66 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1431 45/7 38,54 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1431 45/7 38,58 61,72 60,0 Aço Autoportante Convencional 4 x 1510,5 45/7 38,58 0,00 - Aço Estaiada Convencional 4 x 1510,5 45/7 36,68 61,88 68,7 Aço Autoportante Convencional 4 x 1590 54/19 38,68 0,00 - Aço Autoportante Convencional 4 x 1700 54/7 38,14 0,00 - Aço Autoportante Convencional 4 x 1800 54/7 38,31 0,00 - LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 39/126 Figura 8.1 – Comparação de pesos das torres em CS e CD em função da classe de tensão, para Torre Auto-Portante Convencional [4,5] Figura 8.2 – Comparação de pesos das torres em CS e CD em função da classe de tensão, para Torre Estaiada Convencional ]4,5] LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 40/126 9 - Projeto Mecânico de Linhas de Transmissão 9.1 Considerações Gerais Sob o ponto de vista econômico para a transmissão de energia, a melhor solução é aquela em que a soma dos custos das perdas de energia, durante a vida útil da LT mais o custo do investimento, é mínima. Após a comparação de todas as alternativas consideradas tecnicamente viáveis, escolhe-se a solução de menor custo, sendo então iniciado o projeto mecânico já conhecida à classe de tensão, os tipos e quantidades de cabos condutores e pára-raios, a composição das cadeias de isoladores, etc. Quando a tração em um cabo ultrapassa um determinado valor, pode ocorrer a sua ruptura. Este valor, denominado carga de ruptura, depende das características do material e de sua secção. A solicitação máxima dos materiais empregados deve ficar bem aquém da carga de ruptura oferecendo uma satisfatória margem de segurança. A relação entre a carga de ruptura e a carga máxima admissível é denominada fator de segurança. 9.2 Segurança das Linhas de Transmissão O cálculo mecânico dos cabos condutores é feito com a finalidade de: a- Efetuar a distribuição das estruturas e dos cabos sobre os perfis do terreno de forma a assegurar, sob condição de flecha máxima, uma altura mínima sobre o solo denominada altura de segurança; b- Assegurar que a taxa máxima de trabalho não ultrapasse o valor estabelecido em projeto nas condições de máximo carregamento e nas áreas de carga; c- Determinar os esforços que servem de base para o projeto das Estruturas e de suas Fundações; d- Preparar as tabelas e curvas de tensionamento que serão empregadas nos trabalhos de campo de tensionamento de cabos, assegurado que, em nenhuma hipótese, as condições limites estabelecidas sejam ultrapassadas. Em um projeto de uma LT a escolha dos tipos e bitolas dos cabos condutores obedece a critérios técnicos e econômicos e, muito raramente mecânicos. A escolha dos materiais para as estruturas, sua configuração e dimensões básicas dependemdas solicitações mecânicas e elétricas, do terreno no qual devem ser implantadas e de aspectos de segurança visando assegurar um mínimo risco de falhas mecânicas face a possibilidade de descontinuidade da transmissão da energia e danos à vida humana e instalações/equipamentos. Os projetistas devem iniciar o projeto mecânico estabelecendo as “Hipóteses de Cálculo”, a saber: LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 41/126 a – formulação das hipóteses de carga nas quais se procura fixar os valores das solicitações mecânicas (normais e anormais), que poderão incidir sobre as estruturas na sua vida útil; b – escolha das taxas de trabalho mais adequadas face ao comportamento dos materiais escolhidos e dos tipos de solicitações a que serão submetidos; As Normas Técnicas estabelecem, para cada tipo de estrutura, as condições mínimas de segurança, fixando tanto as hipóteses de carga mínima como as solicitações máximas admissíveis nos diversos materiais. A carga de ruptura de um elemento estrutural não pode ser considerada em termos de um valor absoluto: nos materiais técnicos usados em obras, são aceitas tolerâncias de fabricação tanto em suas dimensões físicas finais, quanto em suas características específicas (peso, resistência específica à tração ou compressão, etc.), sendo válido admitir um valor médio para cada grandeza e uma dada tolerância. Esta será tanto menor quanto mais rigorosas forem as especificações de fabricação, de controle de qualidade e aceitação. Assim, as cargas de ruptura são tratadas como grandezas estatísticas (por seu valor médio e desvio padrão), podendo-se associar, para cada valor de esforço que atua sobre um elemento estrutural, um risco de falha. Este risco será tanto menor quanto maior for a relação carga de ruptura/solicitação máxima atuante, relação esta que determina o fator de segurança para uma dada solicitação. Um fator de segurança elevado acarreta um maior custo no empreendimento. Assinala-se que as cargas que atuam sobre as estruturas, principalmente quando decorrentes de fenômenos naturais, não podem ser previstas com precisão e, para quaisquer valores supostos, existem sempre um risco de que os mesmos sejam ultrapassados durante a vida útil da obra. Tanto a suportabilidade de uma estrutura (ou qualquer de um de seus elementos estruturais) como as forças atuantes, podem ser consideradas grandezas estatísticas, e o risco de falha existirá sempre para qualquer combinação destas. Na Figura 9.1 seja P(L) a curva cumulativa de distribuição das suportabilidades de uma estrutura pertencentes a um lote cuja distribuição pode ser considerada normal, com um desvio padrão entre 5% e 10%. A curva f0(L) representa uma distribuição de valores extremos – velocidades máximas anuais dos ventos responsáveis pelas solicitações, descrita pela Lei de Gumbel. O risco de falha R corresponde a área hachurada, sendo expresso por: dLLfxLPR .)()( 0 0∫ ∞ = ...(1) O risco teórico de falha de uma estrutura pode ser determinado pela posição relativa das 2 (duas) curvas P(L) e f0(L). A posição da curva P(L) é determinada pela “suportabilidade estatística garantida L1” sendo definida pela carga de 90% das estruturas de um mesmo lote que devem resistir quando submetidas a uma carga igual a L1. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 42/126 Figura 9.1 – Risco de Falha de uma Estrutura [1]. A posição da curva f0(L) é definida pela probabilidade da carga L1 ser igualada ou excedida (ou pelo período de retorno T de L1), sendo T igual ao inverso da probabilidade da ocorrência de uma carga L maior ou igual a L1. Quanto mais f0(L) estiver afastada de P(L), menor será o risco de falha. Para cargas de vento e um período de retorno de 50 anos, como recomendado pela NBR 5410, o risco teórico de falha anual de uma estrutura é de cerca de 10-2, para um desvio padrão na suportabilidade das estruturas de 7,5%. A Norma IEC recomenda que se considere 3 (três) classes de segurança para LT’s para os riscos teóricos de falha função de sua importância no sistema. Para falhas sob a ação do vento, sugere os seguintes riscos anuais: 10-2, 10-3 e 10-4. 9.3 Determinação dos Elementos Solicitantes As solicitações mecânicas dos cabos das LT’s e de suas estruturas e fundações são resultado das variações das condições atmosféricas nas regiões em que estas se encontram. Os dados básicos de projeto devem ser coletados em postos de observação meteorológicos na própria região ou em regiões climáticas semelhantes. Tratando-se de fenômenos naturais, os eventos meteorológicos têm uma natureza completamente aleatória e só podem ser analisados e quantificados por processos estatísticos, requerendo um grande número de registros realizados ao longo de um elevado número de anos, por aparelhos automáticos e contínuos, isentos de falhas humanas. Relaciona-se a seguir as informações meteorológicas necessárias para o estabelecimento das hipóteses de carga: a – Temperaturas: → temperaturas máximas anuais; → temperaturas mínimas anuais; → temperaturas médias anuais (obtidas por taxa horária de amostragem) LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 43/126 b – Velocidades máximas anuais de ventos. Na impossibilidade de se obter um número suficiente de anos de registros, o projetista pode recorrer às cartas meteorológicas constantes do Anexo A da NBR 5422. 9.3.1 Determinação das Temperaturas Necessárias aos Projetos 9.3.1.1 Método Estatístico A Tabela 9.1 mostra 21 (vinte e um) dados meteorológicos no período 1950-1970 coletados de um Posto próximo ao traçado de uma LT. Com os dados registrados nesta Tabela, foram calculadas: – Médias das temperaturas mínimas anuais (tmín) – Médias das temperaturas médias anuais (tmédia) – Médias das temperaturas máximas anuais (tmáx) – os desvios padrão correspondentes. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 44/126 Dessas temperaturas, podem-se determinar as temperaturas de projeto, para a formulação das hipóteses de cálculo para as diversas condições de solicitações das LT’s, consoante as Normas NBR 5422 e a IEC, a saber: → Temperatura para a Condição de Maior Duração ( T ): a temperatura é definida pelo valor das médias anuais das temperaturas do ar → Temperatura Mínima (T50mín ): é o menor valor de temperatura do ar calculada com uma probabilidade de 2% de ser igualada (ou ocorrer um valor menor para um período de retorno de 50 anos), expressa por: T50mín = tmín – 2,59 . σmín ...(2) onde: tmín - média das temperaturas mínimas anuais Tmín,, em 0C; σmín - desvio padrão da distribuição de temperaturas mínimas anuais Tmín. → Temperatura Máxima (T5m0áx ): é a maior temperatura do ar determinada para uma probabilidade de 2% de ser igualada ou excedida (correspondente a um período de retorno de 50 anos), sendo expressa por: T50máx = tmáx + 2,59. σmáx ...(3) onde: tmáx - média das temperaturas máximas anuais Tmáx ,em 0C; σmáx - desvio padrão da distribuição de temperaturas máximas anuais Tmáx. O Período de Retorno (T) é definido como o intervalo médio entre ocorrências sucessivas de um mesmo evento durante um período de tempo indefinidamente longo. 9.3.1.2- Método Direto ou Gráfico As cartas meteorológicas do Brasil constantes no Anexo A da NBR 5422/1985 e reproduzidas no Anexo I, apresentam resultados de dados coletados por todo o país, sendo as curvas “isotermais” resultado da conexão de todos os pontos de iguais temperaturas. Para sua utilização deve-se localizar a LT nos mapas através de suas coordenadas visando-se obter das figuras os valores das temperaturas correspondentes.LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 45/126 9.3.2- Determinação das Velocidades dos Ventos O comportamento dos ventos quando corretamente considerado propicia maior segurança e substanciais economias face ao dimensionamento mais realista das estruturas. Dentre os fatores de relevância na escolha dos chamados ventos de projeto, tem-se: – a ação do vento depende da rugosidade do solo que, quanto maior, mais elevada será a turbulência do vento e menor sua velocidade. O efeito das diferenças de rugosidade do terreno de uma LT sobre as velocidades médias de ventos requer correções. Tanto a Norma ABNT como a IEC classificam os terrenos em 4 (quatro) categorias de rugosidade, como indicado na Tabela 9.2. Categoria do Terreno Característica do Terreno Coeficiente de Rugosidade KR A Vastas Extensões de Água; Áreas Planas Costeiras; Desertos Planos 1,08 B Terreno Aberto com Poucos Obstáculos 1,00 C Terreno com Obstáculos Numerosos e Pequenos 0,85 D Áreas Urbanizadas; Terrenos com Muitas Árvores Altas 0,67 Tabela 9.2 – Coeficientes de Rugosidade do Terreno Notas: a) Em vales que possibilitem uma canalização de vento em direção desfavorável para o efeito em questão, deve-se adotar para KR uma categoria imediatamente anterior a que foi definida com as características apresentadas nessa Tabela. b) os valores de KR correspondem a uma velocidade de vento média com um período de integração de 10 minutos, medida a 10m da altura do solo. c) as mudanças previstas nas características da região atravessada devem ser levadas em conta na escolha de KR. d) LT´s que cruzam áreas altamente urbanizadas devem ser consideradas localizadas em terrenos de categoria D, pois é muito difícil a sua real avaliação. – para maior turbulência próxima à superfície do solo, a velocidade do vento aumenta com o aumento da altura em relação ao solo; – os ventos apresentam-se sob a forma de rajadas com frentes pouco extensas (centenas de metros) podendo seus efeitos serem sentidos simultaneamente; – obstáculos existentes que se opõem ao vento possuem tempos de resposta diferentes à sua solicitação (ventos de intensidades elevadas de curta duração LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 46/126 podem ter efeitos menores do que ventos menos intensos mas de maior duração). A determinação da velocidade dos ventos em determinado local é feita por aparelhos denominados anemômetros, que registram continuamente essas velocidades. A Figura 9.2 mostra um diagrama V = f(t) de uma frente de rajada de vento com as várias velocidades e respectivos tempos de integração. Figura 9.2 – Efeito dos Tempos de Integração nas Velocidades dos Ventos [1]. Nessa figura, V1, V2, V3, V4 e Vmáx são os valores das velocidades parciais da rajada obtidos em intervalos cujo tempo de integração é 2s. V10 corresponde ao valor medido com tempo de integração 10s. As velocidades de vento são publicadas com diferentes tempos de integração. A altura de instalação dos anemômetros foi padronizada em 10m, sendo que, dados obtidos em alturas diferentes podem ser igualmente corrigidos. 9.3.2.1 Velocidade Básica do Vento (Vb) A velocidade básica do vento é calculada para um período de retorno de 50 anos, medida a 10m de altura sobre o solo de Categoria B, com um período de integração de 10minutos. Sua determinação obedece a 2 (dois) métodos que tem como base as cartas com curvas “isótacas” publicadas na NBR 5422 e reproduzidas na Figura I.6 d do Anexo I: LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 47/126 - método estatístico, a partir de velocidades medidas no campo; - método a ser usado na impossibilidade de se empregar o anterior. - Método Estatístico: Sejam Vimáx as n velocidades máximas anuais dos ventos, obtidas em um Posto Meteorológico, em cada um dos n anos de observação. O valor da velocidade que poderá ser igualada ou excedida uma vez em T ano é expresso por: ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ +−−−−= − ).45,0(. .6 expexp1)( V v VVVP σ σ π ...(4) sendo: P(V) = 1/T – probabilidade anual do vento V ser igualado ou excedido; V – velocidade do vento com uma probabilidade anual de P(V), em m/s; – valor médio da distribuição das n velocidades máximas, em m/s; σv – desvio padrão amostral das n velocidades. Este método só deve ser utilizado quando se dispõe de um número elevado de anos de observação (no mínimo 20 anos). - Método Gráfico ou Direto: O valor da velocidade básica do vento (Vb) pode ser lido diretamente das curvas isótacas constantes de Figura I.6. 9.3.2.2- Velocidade de Vento de Projeto (Vp) É a velocidade a ser usada na determinação das solicitações provocadas pelo vento sobre os elementos das LT’s, sendo calculada a partir da velocidade básica de vento (Vb), com as correções devidas aos seguintes fatores: – quando a rugosidade do terreno for diferente de “B”, deve-se multiplicar a velocidade básica de vento pelo coeficiente de rugosidade KR referente ao terreno da LT obtido da Tabela 9.2. – quando os tempos de resposta forem diferentes (período de integração t) à ação do vento em diversos elementos da LT como: → estruturas e cadeias de isoladores: período de integração de 2 s; → cabos: período de integração de 30 s. Os coeficientes de conversão KD entre os valores médios de vento a 10 m de altura do solo para diferentes períodos de integração e rugosidades do terreno são obtidos da Figura 9.3. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 48/126 Figura 9.3 – Relação entre as Velocidades Médias a 10m de altura do solo. – quando os obstáculos cuja altura sobre o solo forem diferentes de 10m, deve ser usado um fator de correção Kh dado por: n h HK 1 10⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡= ...(5) onde: H - altura do obstáculo, em m. n - fator que depende da rugosidade do terreno da LT e do período de integração t, obtido da Tabela 9.3. A velocidade de vento de projeto (Vp) é determinada por: (Vp) = KR . Kd . Kh . Vb …(6) LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 49/126 9.3.2.3- Velocidade Básica com Período de Retorno Qualquer O período de retorno de 50 anos é considerado satisfatório. Caso seja desejado aumentar a segurança da LT, pode-se aumentar o período de retorno para 100, 500 ou mesmo 1000 anos. Também neste caso há 2 (dois) procedimentos: - Método Estatístico: Utiliza-se a expressão (4) com valor de P(V) correspondente e determina-se o valor da velocidade básica (Vb) para o valor de T especificado, como mostrado no Exemplo 9.3. Repetindo os cálculos com T = 500 anos e P(V) = 0,002, a velocidade do vento de projeto (Vp) será igual a 132,19 km/h (36,72 m/s). - Método Direto ou Gráfico: Determina-se Vb para um período de retorno diferente T de 50 anos pela expressão: α β ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ −− = TVT 11lnln . ...(7) onde: α - Estimador do Fator de Escala da Distribuição de Gumbel - Figura 9.4; β - Estimador do Fator de Posição da Distribuição de Gumbel - Figura 9.5; T – Período de Retorno em anos. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 50/126 Figura 9.4 – Parâmetro α da Distribuição de Gumbel (m/s)-1. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 51/126 Figura 9.5 – Parâmetro β da Distribuição de Gumbel (m/s) -1. 9.4 - Formulação das Hipóteses de Cálculo Ashipóteses de cálculo são feitas a partir de uma hipótese de carga associada a uma restrição ao uso de materiais. Normas técnicas impõem limites às solicitações, porém a experiência do projetista é essencial. Em projetos de LT’s no Brasil adotam-se, no mínimo, as seguintes hipóteses de carga (ou de solicitação): 9.4.1 - Hipótese de Carga de Maior Duração À esta hipótese estão associados os esforços atuantes quando a LT estiver sob a ação de uma temperatura do ar correspondente ao seu valor médio anual (t) sem o efeito do vento. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 52/126 9.4.2 - Hipótese de Carga de Flecha Mínima Considera-se a LT sujeita à temperatura mínima absoluta que pode ocorrer considerando o período de retorno de 50 anos sem o efeito do vento. 9.4.3 – Hipótese de Carga de Flecha Máxima Considera-se a LT sujeita à temperatura mais elevada dos cabos resultante da temperatura ambiente elevada (temperatura máxima média) acrescidas do efeito térmico das correntes nos cabos, sem o efeito do vento. 9.4.4 – Hipótese de Máximo Carregamento (Carga de Vento Máximo) Condição que mais solicita os elementos da LT, pois considera esta sob a ação do vento de máxima intensidade com a temperatura coincidente (correspondente à média das temperaturas mínimas), a mais provável de sua ocorrência. Para cada uma das hipóteses acima correspondem limitações nas taxas de trabalho dos materiais nos diversos elementos das LT’s. Para os cabos condutores e cabos pára-raios, a NBR 5422/1985 estabelece que “na condição de trabalho de carga de maior duração”, caso não tenham sido adotadas medidas de proteção contra os efeitos da vibração, deve-se limitar o esforço de tração nos cabos aos valores máximos indicados na Tabela 9.4. Tabela 9.4- Carga de Ruptura Tipos de Cabos (%) Carga de Ruptura Aço AR 16 Aço EAR 14 Aço-Cobre 14 Aço-Alumínio 14 CA 21 CAA 20 CAL 18 CALA 16 CAA-EF 16 Observação: a) Mesmo com o emprego de armaduras antivibrantes ou grampos armados, os projetistas de LT’s em EAT têm limitado a tração nos cabos CAA a 18% da sua carga de ruptura. b) Na hipótese de carga de vento máximo, o esforço de tração axial nos cabos não pode ser superior a 50% da carga nominal de ruptura dos mesmos (na prática 35% de sua carga de ruptura). c) Na hipótese de carga de flecha mínima (temperatura mínima) é recomendado que o esforço de tração axial nos cabos não ultrapasse 33% da carga de ruptura dos mesmos. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 53/126 9.5- Fatores que afetam as Flechas Máximas dos Cabos A locação das estruturas das LT’s sobre o terreno é feita com base em um projeto que considera o perfil longitudinal da faixa de servidão desenhado a partir do levantamento topográfico efetuado. A localização de cada estrutura é função da altura e da topografia do terreno, das alturas de segurança exigidas e da forma da curva (catenária) que os cabos terão quando estiverem com sua flecha máxima. A ideia central é de uma locação otimizada e que resulte no menor custo em estruturas e fundações. A flecha a ser usada para definir essa curva (catenária) deverá ser a maior flecha que poderá ocorrer durante a “vida útil” da LT, sendo esse valor função do comprimento do cabo quando suspenso, estando esse sujeito a variações em função de sua temperatura e ao alongamento permanente que irá sofrer com o decorrer de seu tempo de uso. 9.5.1- Temperatura Máxima O valor da temperatura máxima deverá ser determinado em função dos seguintes fatores: → temperatura máxima média do ar; → efeito da corrente máxima coincidente com a temperatura máxima do ar; → efeito da radiação solar por ocasião da temperatura máxima do ar; → admite-se um fator de redução na forma de uma brisa de até 1,0 m/s. 9.5.2- Características Elásticas dos Cabos Os alongamentos permanentes que os cabos das LT’s podem sofrer, quando em serviço, são resultado de suas características elásticas. Para o estudo do comportamento mecânico dos cabos deve-se considerar: - suas dimensões físicas; - seção; - diâmetro; - peso unitário; - carga de ruptura; - coeficiente de expansão térmica; - módulo de elasticidade. Essas grandezas constam nos catálogos dos fabricantes de cabos condutores sob a forma de valores médios obtidos em um grande número de medições realizadas em lotes de amostras de condutores, com tolerâncias especificadas em normas (nas Normas ASTM e ABNT, uma tolerância ± 2 % no peso e ± 1 % no diâmetro, tolerâncias estas que devem ser estendidas às demais características físicas). Os metais utilizados na fabricação dos cabos usados nas LT’s não podem ser considerados perfeitamente elásticos, pois devido à elevada relação comprimento/secção, após o seu primeiro tensionamento, apresentam alongamentos LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 54/126 residuais que influenciam os valores das flechas podendo comprometer as alturas de segurança das LT’s. 9.5.3 - Deformações Plásticas e Modificações no Módulo em Fios Metálicos Os diagramas de tensões x alongamentos (ou tensões x deformações) são obtidos em ensaios de tração em laboratórios de resistência dos materiais. Nesses diagramas as tensões aplicadas às amostras de fios são registradas nas ordenadas e os alongamentos unitários medidos nas abscissas, sendo esse teste conduzido até o limite de escoamento ou até à ruptura da amostra. Sendo o ensaio interrompido com valor inferior ao de seu limite elástico e a tração reduzida gradativamente até zero, o diagrama resultante das tensões x alongamentos terá o aspecto da Figura 9.6. A amostra, sob a ação da tensão σΑ estará com o seu comprimento aumentado em um valor proporcional OA’. Ao retornar ao estado de repouso, seu comprimento terá sofrido um aumento proporcional a OA”. O alongamento A”A é transitório representando uma deformação elástica. Se a mesma amostra for novamente tracionada, verifica-se que, entre σ = 0 e σ = σΑ ela obedecerá à curva A”A, passando em seguida a descrever a curva AB para valores de tensões maiores que σΑ até σΒ. O comprimento da amostra sob essa tensão é acrescido de um valor proporcional a OB’. Uma nova redução gradativa da tensão faz com que esse acréscimo também diminua, tornando-se, quando a tensão voltar a ser nula, proporcional a OB”. Verifica-se um aumento na deformação permanente sofrida pela amostra. No diagrama (σ , ε) da Figura 9.6 as retas inclinadas A”A e B”B representam os módulos de elasticidade dos materiais. Pela Lei de Hooke: εσ .E= → ε σ =E ...(8) A curva OAB representa a variação do módulo de elasticidade quando o fio é tensionado pela primeira vez, sendo constante para valores baixos da tensão (σ < σΑ), apresentando um valor de ε para cada valor de σ subsequente. Esta curva é denominada “curva inicial” e define os módulos de elasticidade no estado inicial. LINHAS DE TRANSMISSÃO II – Projeto Mecânico 55/126 Figura 9.6 – Diagrama Tensões x Alongamentos [1]. As curvas A’’A e B’’B representam os módulos de elasticidade após o primeiro tensionamento a determinados valores de σ . Como são paralelas, tem o mesmo valor de módulo de elasticidade, denominado de módulo de elasticidade final, que é constante e independente do valor máximo de σ . Logo, quando um fio metálico é tracionado pela primeira vez, ele tem alterado seu módulo de elasticidade devido ao fenômeno de “encruamento” (têmpera por trabalho a frio), sendo acompanhado de um aumento em seu comprimento. Esse alongamento depende da natureza do material e do valor máximo da tensão a que foi submetido. Se uma nova amostra for submetida a um ensaio até um valor de tensão correspondente a σA e esta for mantida constante durante um razoável intervalo de tempo t, observa-se da Figura
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