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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/352573265 UTILIZAÇÃO DA CASCA DA SEMENTE E DO REJEITO APÓS EXTRACAO DO ÓLEO DA MORINGA OLEIFERA COMO FONTE ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE FERRO GUSA EM SIDERÚRGICAS Conference Paper · June 2021 CITATIONS 0 READS 43 3 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Powder Metallurgy View project P&D GT 604-ANEEL/CEMIG View project Alex Milton Albergaria Campos Universidade Federal de Ouro Preto 22 PUBLICATIONS 11 CITATIONS SEE PROFILE Kátia Monteiro Novack 43 PUBLICATIONS 505 CITATIONS SEE PROFILE Paulo S Assis Universidade Federal de Ouro Preto 130 PUBLICATIONS 392 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Alex Milton Albergaria Campos on 21 June 2021. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/352573265_UTILIZACAO_DA_CASCA_DA_SEMENTE_E_DO_REJEITO_APOS_EXTRACAO_DO_OLEO_DA_MORINGA_OLEIFERA_COMO_FONTE_ENERGETICA_PARA_PRODUCAO_DE_FERRO_GUSA_EM_SIDERURGICAS?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/352573265_UTILIZACAO_DA_CASCA_DA_SEMENTE_E_DO_REJEITO_APOS_EXTRACAO_DO_OLEO_DA_MORINGA_OLEIFERA_COMO_FONTE_ENERGETICA_PARA_PRODUCAO_DE_FERRO_GUSA_EM_SIDERURGICAS?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Powder-Metallurgy-9?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/P-D-GT-604-ANEEL-CEMIG?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Alex-Campos-4?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Alex-Campos-4?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_de_Ouro_Preto?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Alex-Campos-4?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Katia_Novack?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Katia_Novack?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Katia_Novack?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Paulo-Assis-2?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Paulo-Assis-2?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_de_Ouro_Preto?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Paulo-Assis-2?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Alex-Campos-4?enrichId=rgreq-8aea7e7db8b2e2c7f256ac915b8f4ddb-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MjU3MzI2NTtBUzoxMDM3MjQ2NzUyOTAzMTY4QDE2MjQzMTAzMDUxMjA%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia UTILIZAÇÃO DA CASCA DA SEMENTE E DO REJEITO APÓS EXTRACAO DO ÓLEO DA MORINGA OLEIFERA COMO FONTE ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE FERRO GUSA EM SIDERÚRGICAS Alex M. A. Campos 1 , Kátia M. Novack 1,2 e Paulo S. Assis 1,3 1 Universidade Federal de Ouro Preto, REDEMAT, Ouro Preto-MG 2 Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Química, Ouro Preto-MG 3 Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Engenharia Metalúrgica, Ouro Preto- MG RESUMO – A Moringa oleifera é conhecida como árvore da vida por suas inúmeras aplicações na indústria farmacêutica e nutricional. O óleo extraído de sua semente possui propriedades que atendem estas indústrias e também à área de biocombustíveis. Ao se extrair esse óleo são gerados rejeitos como a casca da semente e a torta, que não possuem grande valor agregado. A indústria siderúrgica é conhecida como grande emissora de gases estufas, principalmente pelo consumo de carvão mineral. O processo de fabricação de ferro gusa, que é a principal matéria-prima de fabricação do aço, é o maior emissor de CO2 nas siderúrgicas o que leva empresas a buscar a substituição do carvão mineral por materiais mais sustentáveis. Com isto, este trabalho tem como objetivo caracterizar a casca da semente e a torta após extração do óleo da Moringa oleifera e avaliar seu uso na injeção de material pulverizado no alto-forno. Resultados iniciais mostram que estes materiais possuem boa taxa de combustão, altos voláteis e conteúdo de hidrogênio. Apesar de o teor de carbono e o poder calorífico serem menores que os do carvão mineral, é possível utilizar 40% da casca na injeção misturados ao carvão, reduzindo os custos e as emissões de CO2 no processo. INTRODUÇÃO A Moringa oleifera é uma árvore versátil, que se adapta bem a solos com baixa umidade e climas quentes, com inúmeras aplicações na indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia e outras. Seu óleo tem grande potencial não apenas para a produção de cosméticos e medicamentos, mas também para a produção de biodiesel (OLIVEIRA,2012). A extração deste óleo gera resíduos como a casca da semente e a torta, gerada após a prensagem ou utilização de solventes para extração do óleo. Uma aplicação ainda pouco explorada para a árvore da vida é na geração de energia, no caso deste estudo para a produção de ferro gusa em siderúrgicas. Os resíduos obtidos a partir da extração do óleo têm grande potencial para gerar energia no processo de injeção de materiais pulverizados em alto-forno, substituindo parcialmente ou integralmente o carvão mineral comumente usado (VILASECA et al.,2014). VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia O processo de injeção de materiais pulverizados no alto-forno é uma técnicaque se consolidou nas siderúrgicas em meados do século passado e hoje é conhecida mundialmente, sendo aplicada em mais de 500 altos-fornos em todo o mundo. Neste processo, o combustível é injetado no alto-forno pelas ventaneiras, localizadas na parte inferior do reator, fornecendo energia e gases redutores para o processo de obtenção de ferro gusa, que é a principal matéria- prima para a produção de aço. A principal vantagem deste processo é reduzir o combustível sólido carregado no topo do forno como coque e carvão vegetal (SUOPAJÄRVI et al., 2013). A queima do carvão mineral em altos-fornos emite grande quantidade de CO2, que é um dos principais gases causadores do efeito estufa na atmosfera, fazendo com que as siderúrgicas busquem alternativas ao uso de combustíveis fosseis visando atingir metas ambientais. Existe hoje um consenso mundial para a redução das emissões desses gases poluentes o que leva as siderúrgicas a redobrarem os esforços para ajustar os seus processos operacionais ao comprometimento com acordos internacionais, como o protocolo de Kyoto do qual o Brasil faz parte (ASSIS et al., 2014). Assis (2014) evidenciou em estudos da taxa de combustão, utilizando um simulador de injeção de materiais pulverizados no alto-forno, que a substituição de 25% do carvão mineral por bagaço de cana pode trazer ganhos do ponto de vista ambiental, sem grandes alterações no processo. Em testes simulando taxas de injeção de 50, 100 e 150kg de material por tonelada de gusa foi concluído que era possível reduzir em 30% a produção de CO2 no alto-forno. Sendo assim, este trabalho vem com o propósito de caracterizar a casca da semente e o rejeito após a extração do óleo da Moringa oleifera, que podem ser considerados resíduos, para ser utilizada como combustível juntamente com o carvão mineral em altos-fornos. Serão apresentadas análises químicas e térmicas da casca da semente e do rejeito da moringa, as quais serão comparadas com as propriedades dos carvões minerais comumente utilizados no processo de injeção de material pulverizado no alto-forno. Finalmente, uma pequena análise das emissões de CO2 será mostrada. Será possível perceber que o uso dos rejeitos do processamento das sementes da moringa podem se tornar uma alternativa aos combustíveis fosseis no processo de injeção de materiais pulverizados em altos-fornos. PARTE EXPERIMENTAL Os materiais utilizados neste trabalho foram a casca (CT) e o rejeito após extração do óleo por solvente (RT) das sementes da Moringa oleifera, além do carvão mineral (CM), comumente utilizado na injeção em altos-fornos. A análise imediata para determinar a quantidade de cinzas, materiais voláteis, umidade e, por diferença, o carbono fixo foi realizada no Laboratório de Ensino de Química Analítica do Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto. Os testes foram realizados de acordo com a norma ASTM D3172 a D3175 para carvão mineral e ASTM D1102, E870 a E872 para biomassas. A análise química elementar foi realizada no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) usando um equipamento Perkin Elmer que forneceu o conteúdo de carbono, hidrogênio, nitrogênio, enxofre e, por diferença, o conteúdo de oxigênio. O poder calorífico também foi realizado no INPE utilizando um calorímetro adiabático IKA C200. O teste de combustão para determinação da taxa de combustão foi realizado no Laboratório de Simulação de Injeção de Materiais Pulverizados da Universidade Federal de Ouro Preto. O teste foi feito com os materiais puros e também com mistura com carvão mineral. Como pode ser visto na Figura 1, o teste começa no simulador de injeção onde é VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia possível simular as mesmas condições da zona de combustão do alto-forno, então os gases são coletados e analisados no equipamento ORSAT (CETESB,1990), onde por reação química é possível determinar a quantidade de CO, CO2 e O2 para o cálculo da taxa de combustão. Figura 1: Simulador de injeção de materiais pulverizados em altos-fornos e ORSAT. Para o cálculo das emissões de CO2, foi utilizada a equação 01 (RODRIGUES, 2016): ECO2 = (teor de carbono (kg) x 44) / 12 (01) As análises químicas, imediata e elementar, assim como o poder calorífico foram realizadas em triplicata. O teste de combustão foi realizado em duplicata, simulando taxas de injeção de 80, 100 e 150 kg de material injetado por tonelada de ferro gusa produzido no alto- forno. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após os experimentos serem realizados, os resultados foram anotados e serão apresentados a seguir. A Tabela 1 mostra os resultados obtidos nos ensaios químicos, análise elementar e imediata, e do poder calorífico para o carvão mineral, a casca da semente e o rejeito da semente após extração do óleo da Moringa oleifera. É possível notar que a casca da semente e o rejeito após extração do óleo da moringa possuem menores teores de cinza, carbono e carbono fixo. Em contraste, o conteúdo de voláteis, hidrogênio e oxigênio são maiores. O poder calorífico do carvão mineral também é maior que a casca da semente da moringa. Um fato importante é a grande quantidade de material volátil na casca e no rejeito, mais que o dobro do conteúdo de carvão mineral. Materiais com alto teor de voláteis apresentam maior combustibilidade (BARBIERI et al., 2016). Este tipo de material, alto volátil, é desejado no alto-forno para altas taxas de injeção, pois o curto tempo de permanência destes materiais na zona de combustão do reator. No entanto, um alto teor de voláteis pode também aumentar o volume de gases gerados, aumentando a instabilidade da carga, degradação prematura do coque e aumento da pressão região das ventaneiras. Mesmo assim, um alto teor de voláteis significa maior teor de hidrogênio em sua composição, o que contribui para a redução do minério de ferro. A presença de maiores quantidades de hidrogênio pode ser benéfica para o processo, uma vez que pode atuar como um gerador de calor. O hidrogênio reduz o minério de ferro de maneira menos endotérmica, ou seja, requer menos energia para ocorrer a reação VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia de redução. Com isso, é possível operar o alto forno com uma temperatura de chama menor do que quando se utilizam materiais com menor teor de hidrogênio. Tabela 1: Propriedades da casca e do rejeito após extração do óleo da Moringa oleifera em comparação com o carvão mineral. Propriedades Carvão Mineral (CM) Casca da Semente (CT) Rejeito Após Extração do Óleo (RT) % Cinza 13,45 1,99 2,36 %Voláteis 24,13 76,60 76,29 % Carbono Fixo 62,41 21,04 19,70 %Carbono 80,24 48,84 42,66 %Hidrogênio 3,8 6,27 6,58 %Nitrogênio 1,54 0,93 9,15 %Oxigênio 14,42 43,96 39,00 %Enxofre 0,88 0,83 3,35 Poder Calorfico (J/g) 31396,00 20337,00 18922,00 Outro fato importante é o teor de cinzas e enxofre. A quantidade de cinzas deve ser inferior a 10% para não aumentar a quantidade de escória e consequente perda de produtividade. O enxofre contribui da mesma forma e também contribui para a mudança de basicidade da escória. Além disso, altos teores de enxofre requerem maior gasto com processos subsequentes de dessulfuração, uma vez que o enxofre é extremamente prejudicial às propriedades mecânicas do aço. O teor de enxofre da casca da semente apresentou valores dentro dos requisitos do alto forno (menor que 1%), porém o teor de enxofre do rejeito da semente após extração do óleo apresentou valores muito acima do limite, o que praticamente inviabiliza o seu uso como material para injeção em altos-fornos. A Figura 2 mostra os resultados obtidos no teste de simulação de injeção para as taxas de injeção de 80,100 e 150 kg de material por toneladade ferro gusa produzido. A casca da semente da moringa foi, dentre os materiais puros, o que apresentou melhor taxa de combustão. As biomassas apresentam maiores teores de voláteis, o que favorece a taxa de combustão. Além disso, as biomassas possuem uma maior área superficial especifica, ou seja, é um material mais poroso que o carvão mineral justificando assim a maior taxa de combustão. Outros fatores como o teor de cinzas e a relação de oxigênio/carbono na zona de combustão, também podem influenciar na taxa de combustão. VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia Figura 2: Taxa de combustão de todos os materiais testados. Curiosamente, a amostra contendo 40% de casca da semente da moringa e 60% de carvão mineral mostrou a maior taxa de combustão. Pode-se dizer que este fato ocorre devido a combinação de dois fatores: alto poder calorífico do carvão mineral e alto teor de voláteis da casca da moringa. Assim, pode-se inferir que existe uma interação entre pirólise e combustão de materiais voláteis de ambos os materiais. Outro ponto que auxilia essa mistura a possuir melhor taxa de combustão está no fato que a média ponderada do material volátil da casca da semente e do carvão mineral está entre 20% e 40%, que é o desejado pelas usinas siderúrgicas. Ambientalmente, o uso parcial da casca da semente da moringa pode contribuir significativamente para a redução das emissões de CO2 no alto-forno, responsável por 70% das emissões deste gás em uma siderúrgica (ORTH et al.,2007). Considerando que todo CO2 liberado na queima da casca da semente no alto-forno é consumido durante o crescimento da Moringa oleifera pelo processo de fotossíntese e que uma empresa que produz 10 mil toneladas de ferro gusa por dia injeta 150 kg de carvão mineral por tonelada gusa, pode-se dizer que 4400 toneladas de CO2 são emitidas no processo de injeção de materiais pulverizados no final do dia. Substituindo 40% desse carvão mineral pela casca da semente da moringa, a emissão diária de CO2 seria de 1320 toneladas. Este resultado representa uma redução de 30% nas emissões de CO2 no processo de injeção de materiais pulverizados no alto-forno. 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 80 kg/ ton 100 kg/ton 150 kg/ton T a x a d e C o m b u st ã o ( % ) Taxa de Injeção (kg/ t de gusa) CM CT RT 20%CT+80%CM 30%CT+70%CM 40%CT+60%CM 30%RT+70%CM 20%RT+80%CM 40%RT+60%CM VII ENCONTRO NACIONAL DE MORINGA 18 a 21 de novembro de 2018 Salvador-Bahia CONCLUSÃO • A casca e o rejeito após extração do óleo da semente da Moringa oleifera têm teores de carbono, nitrogênio, enxofre, cinza e carbono fixo mais baixo do que os carvões minerais comumente usados no processo de injeção em altos-fornos; • O poder calorífico da casca e do rejeito após extração do óleo da semente da Moringa oleifera também é menor que o carvão; • Nos rejeitos da moringa, o conteúdo de materiais voláteis, hidrogênio e oxigênio são maiores que o carvão; • A taxa de combustão da casca da semente da moringa é melhor que a do carvão mineral, mas os melhores resultados foram obtidos em misturas contendo 40% de casca e 60% de carvão mineral; • O alto teor de enxofre inviabiliza o uso em altos-fornos do rejeito da semente após extração do óleo por solvente; • A casca da semente da moringa pode substituir parcialmente o carvão na injeção de materiais pulverizados no alto-forno, reduzindo as emissões de CO2 em 30% neste processo. REFERÊNCIAS ASSIS, C.F.C. (2014), Caracterização de Biomassas para sua Injeção em Altos-Fornos, Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP, Minas Gerais 133p. (Tese de Doutorado) OLIVEIRA, D.S. (2012). “Obtenção do Biodiesel através da transesterificação do óleo de Moringa oleifera lam”, HOLOS, v.1, pp.49-61. VILASECA M., GRIMAU V., BOUZAN C. (2014) “Valorization of waste obtained from oil extraction in Moringa oleifera seeds: Coagulation of reactive dyes in textile effluents” Materials, vol. 7, pp 6569-6584. SUOPAJÄRVI, H., PONGRÁCZ, E., FABRITIUS. T. (2013) “The potential of using biomass-based reducing agents in blast furnace: A review of Thermochemical conversion Technologies and assessments related to sustainability” Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 25, pp. 511-528. ASSIS, C.F.C., TENÓRIO, J.A.S., ASSIS, P.S., NATH, N.K. (2014) “Experimental simulation and analysis of agricultural waste injection as an alternative fuel for blast furnace” ACS Energy&Fuels, v.28, pp. 7268-7273. RODRIGUES P.M.S., SILVA, P.A.F. (2016) “Quantificação das emissões de dióxido de carbono (CO2) por veículos automotores na cidade de Boa Vista/RR-2005-2015”. 7 o Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento Urbano, Integrado e Sustentável, Maceió-AL. BARBIERI, C., ÓSORIO, E., VILELA, A. (2016) “Combustibility and reactivity of coal blends and charcoal fines aiming use in ironmaking” Materials Research, v.19,pp. 594- 601. ORTH, A., ANASTASIJEVIC, N., EICHBERGER, H. (2007) Low CO2 emission technologies for iron and steelmaking as well as titania slag production”, Minerals Engineering, v.20, pp. 854-861. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/352573265
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