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10 - Introdução à Biologia Forense

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Prof. Victor Botteon 
 Aula 06 
 
1 de 118| www.direcaoconcursos.com.br 
Noções de Biologia Forense 
 
 
Aula 06 
Noções de Biologia Forense – 
Curso Regular de Ciências Forenses para concursos 
Prof. Victor Botteon 
2019 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 06 
 
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Noções de Biologia Forense 
 
Sumário 
NOÇÕES DE BIOLOGIA FORENSE.............................................................................................................3 
INTRODUÇÃO À BIOLOGIA FORENSE...........................................................................................................................3 
PROCEDIMENTOS DE COLETA, ACONDICIONAMENTO E ENVIO DE VESTÍGIOS BIOLÓGICOS................................................... 3 
Coleta de Vestígios...........................................................................................................................................4 
Acondicionamento e Envio de Vestígios............................................................................................................. 7 
Recebimento e Armazenamento de Vestígio Biológico..................................................................................... 10 
NOÇÕES DE ENTOMOLOGIA FORENSE...................................................................................................................... 12 
MICROBIOLOGIA FORENSE..................................................................................................................................... 14 
PERÍCIA AMBIENTAL.............................................................................................................................................. 15 
BOTÂNICA FORENSE..............................................................................................................................................19 
TRICOLOGIA FORENSE........................................................................................................................................... 22 
HEMATOLOGIA FORENSE....................................................................................................................................... 26 
Hematologia Forense Identificadora............................................................................................................... 28 
Hematologia Forense Reconstrutora............................................................................................................... 36 
GENÉTICA FORENSE.............................................................................................................................................. 44 
Introdução..................................................................................................................................................... 44 
Natureza dos Vestígios Biológicos................................................................................................................... 47 
Marcadores Genéticos....................................................................................................................................52 
Técnicas aplicadas na Genética Forense.......................................................................................................... 55 
Degradação de Material Genético...................................................................................................................62 
Banco de Dados de Perfis Genéticos................................................................................................................63 
Genética Forense aplicada a Crimes Ambientais.............................................................................................. 69 
Procedimento Operacional Padrão (POP) em Genética Forense........................................................................71 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR....................................................................................... 76 
LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 86 
GABARITO........................................................................................................................................... 94 
RESUMO DIRECIONADO...................................................................................................................... 95 
ANEXO................................................................................................................................................ 101 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 06 
 
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Noções de Biologia Forense 
 
Noções de Biologia Forense 
 Bem-vind@s ao universo forense! Essa aula abordará a teoria sobre os principais aspectos cobrados 
sobre a disciplina de BIOLOGIA FORENSE, esperando que ao final, o aluno compreenda sobre seus principais 
conceitos, áreas e aplicações, com ênfase nos estudos da Hematologia Forense e da Genética Forense, além 
de resoluções de questões relacionadas aos temas abordados e focadas em concursos públicos. 
 Preparados? Bora lá! 
Noções de Biologia Forense: Definição; Principais subáreas e aplicações da Biologia Forense. 
 
Introdução à Biologia Forense 
 
Os procedimentos, interpretações e conclusões dos peritos criminais na realização do exame de corpo 
de delito são provenientes das mais diversas áreas do conhecimento técnico-científico. A BIOLOGIA 
FORENSE, BIOCIÊNCIAS FORENSES ou CRIMINALÍSTICA BIOLÓGICA consiste na utilização das mais 
diversas áreas das CIÊNCIAS BIOLÓGICAS na elucidação de questões de providência policial e de interesse 
judicial. 
Em locais de crime, os vestígios orgânicos ou biológicos estão quase sempre presentes, como sangue, 
saliva, cabelos, partes de corpo, pólens e plantas, larvas de insetos, dentre outros. O objetivo desta aula será 
apresentar as principais subáreas da BIOLOGIA FORENSE e as suas respectivas aplicações, com ênfase no 
estudo do sangue na Hematologia Forense, e da Genética Forense, disciplinas mais cobradas em provas de 
concursos desta área. 
 
 Procedimentos de coleta, acondicionamento e envio de Vestígios Biológicos 
 
 Antes de estudar as principais subáreas da Biologia Forense e as suas respectivas aplicações, vamos 
relembrar como proceder adequadamente com a coleta, acondicionamento e o envio dos diversos tipos de 
vestígios biológicos presentes em um local de crime para a realização das respectivas análises. Tema de suma 
importância e que pode aparecer na hora da sua prova! A análise do vestígio de interesse pericial em 
laboratório forense de nada adiantará se existirem falhas nestes procedimentos que podem contaminar as 
amostras, inviabilizar os exames e até mesmo prejudicar a cadeia de custódia. 
 Os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) são fundamentais para a padronização do trabalho 
pericial e na produção das provas materiais. O começo de toda a investigação se dá no local de crime, e a 
obtenção de resultados confiáveis pelos exames periciais dependerá da adequada coleta e da conservação 
dos vestígios de interesse forense. Vamos relembrar os principais procedimentos do POP da perícia? 
 Segundo o POP, veremos agora as normas de padronização dos procedimentos de coleta de vestígios 
biológicos em local de crime para fins principalmente relacionados a exames de Genética Forense (2.2 Coleta 
Prof. Victor Botteon 
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Noções de Biologia Forense 
 
de Material Biológico em Local de Crime). Conteúdo de suma importância, base do trabalho pericial e que 
pode aparecer na sua prova. O texto foi extraído do POP (“grifo nosso”). 
 
Coleta de Vestígios 
 
Fonte da imagem: http://laorquesta.mx/uaslp-conmemora-dia-del-criminologo/ 
 
Materiais indicados pelo POP para a coleta: 
Água destilada (água para injeção, ou de pureza superior); 
• Algodão hidrofílico;• Avental; 
• Canetas esferográficas e canetas de tinta permanente; 
• Embalagens diversas confeccionadas em papel, como caixas, envelopes de vários tamanhos, dotados de 
lacre numerado inviolável e espaços para identificação inequívoca do conteúdo; 
• Embalagens do tipo porta-swabs; 
• Etiquetas de papel autoadesivas; 
• Fonte de luz forense; 
• Gaze; 
• Lâminas de bisturi estéreis embaladas individualmente; 
• Luvas descartáveis; 
• Máscaras; 
• Material plástico, como envelopes dotados de lacre numerado inviolável, tubos e frascos estéreis em 
vários tamanhos, seringas e sacos; 
• Pente fino; 
• Pinças descartáveis ou descontaminadas; 
• Reagentes quimioluminescentes ou colorimétricos para detecção de material hematoide; 
• Swabs estéreis embalados individualmente; 
http://laorquesta.mx/uaslp-conmemora-dia-del-criminologo/
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Noções de Biologia Forense 
 
• Tesouras descartáveis ou descontaminadas; 
• Toucas; 
• Recomenda-se ainda que todo o material esteja organizado em maletas, que devem ser mantidas 
organizadas e com os objetos listados acima em quantidade adequada à rotina da unidade de perícia. 
PROCEDIMENTOS 
Ações preliminares: 
• A coleta de material biológico está no contexto de exames de local de crime. Portanto, todos os 
procedimentos relativos ao exame de local como, por exemplo, isolamento, documentação e registro, 
fotografias e segurança devem ser observados. 
• Ao ter acesso ao local de crime, o perito criminal realizará o reconhecimento a fim de localizar os pontos 
prováveis que contenham materiais biológicos pertinentes ao caso, identificar a dinâmica do evento, quando 
possível, e tomar providências para a manutenção da preservação dos vestígios ali presentes. 
• Recomenda-se que, antes da coleta, os vestígios sejam fotografados na posição em que foram 
encontrados, com e sem o uso de escala. 
• O perito criminal deve adotar medidas para impedir que pessoas estranhas à equipe pericial manipulem os 
vestígios biológicos presentes no local. 
• Todas as informações que sejam relevantes para a investigação ou para futuros exames, como possível 
contaminação dos vestígios após o delito, devem ser solicitadas pelo perito criminal às testemunhas ou aos 
policiais que se encontrem preservando o local de crime. 
PROCEDIMENTOS DE COLETA EM LOCAL DE CRIME: 
• Antes de entrar no local de crime, o perito deverá certificar-se de estar usando a vestimenta adequada 
para a sua proteção e a dos vestígios. 
• A COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO SERÁ FEITA SEMPRE COM O USO DE LUVAS NOVAS E 
DESCARTÁVEIS, QUE SERÃO TROCADAS ANTES DA MANIPULAÇÃO DE UM NOVO VESTÍGIO. 
• Registrar em formulário adequado de numeração única, todos os vestígios coletados. 
• Reagentes quimioluminescentes ou colorimétricos, assim como fonte de luz forense podem ser 
aplicados para facilitar a visualização de manchas latentes ou de difícil identificação. 
• A embalagem do vestígio coletado deverá conter a mesma identificação inequívoca relacionada no 
formulário descrito no parágrafo anterior. 
ATENÇÃO AGORA PARA A COLETA DE VESTÍGIOS BIOLÓGICOS 
COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO EM SUPORTES MÓVEIS/OBJETOS 
• SÃO SUPORTES MÓVEIS, AQUELES QUE PODEM SER EMBALADOS E TRANSPORTADOS PARA O 
LABORATÓRIO, COMO COPOS, FACAS, ARMAS, VESTES, PONTAS DE CIGARRO, GOMA DE MASCAR, 
ESCOVA DE DENTE, DENTRE OUTROS. 
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Noções de Biologia Forense 
 
• SEMPRE QUE POSSÍVEL, O SUPORTE/OBJETO SOBRE O QUAL SE ENCONTRA O MATERIAL 
BIOLÓGICO SERÁ COLETADO NA SUA TOTALIDADE. 
• A coleta e a embalagem do suporte/objeto serão feitas de modo a não prejudicar outras análises, tais 
como papiloscópicas ou balísticas. 
• Projéteis que contenham vestígios biológicos devem ser coletados sem a utilização de pinça, de forma a 
preservar as suas marcas individualizadoras. 
COLETA DE FLUIDOS BIOLÓGICOS PRESENTES EM SUPORTES IMÓVEIS COM SUPERFÍCIE NÃO 
ABSORVENTE 
• A COLETA DE FLUÍDOS BIOLÓGICOS SECOS SOBRE SUPERFÍCIES NÃO ABSORVENTES DEVERÁ 
SER FEITA COM SWAB ESTÉRIL UMEDECIDO COM ÁGUA DESTILADA ESTÉRIL. 
• A coleta de fluídos biológicos úmidos poderá ser realizada com swab estéril seco. 
• O swab deve ser acondicionado de maneira a se evitar contaminações entre os vestígios, 
preferencialmente, em embalagens individuais adequadas para tal. 
COLETA DE FLUÍDOS BIOLÓGICOS EM SUPORTES IMÓVEIS COM SUPERFÍCIE ABSORVENTE 
• MANCHAS PRODUZIDAS POR FLUÍDOS BIOLÓGICOS EM SUPERFÍCIES ABSORVENTES, COMO 
CARPETES, CORTINAS, SOFÁS, ESTOFADOS, COLCHÕES, DENTRE OUTROS, DEVEM SER 
RECORTADAS UTILIZANDO-SE PINÇAS, LÂMINAS ESTÉREIS OU TESOURAS ESTERILIZADAS. 
• FLUÍDOS BIOLÓGICOS ABSORVIDOS EM MATERIAIS QUE NÃO POSSAM SER RECORTADOS, TAIS 
COMO PAREDES E PORTAS, PODEM SER COLETADAS POR RASPAGEM COM LÂMINA ESTÉRIL OU 
COM O USO DE SWAB ESTÉRIL UMEDECIDO COM ÁGUA DESTILADA ESTÉRIL. 
COLETA DE OUTROS VESTÍGIOS BIOLÓGICOS 
• Cabelos e pelos devem ser coletados com pinças novas descartáveis ou descontaminadas. Na 
impossibilidade de utilizar pinças novas descartáveis ou descontaminadas, a coleta poderá ser efetuada com 
luvas novas descartáveis. 
• Cabelos e pelos que não tiverem origem aparente comum (tufos ou chumaços) devem ser coletados e 
acondicionados separadamente, trocando-se a pinça ou luva a cada nova coleta. 
• Em cadáveres, onde há SUSPEITA DE AGRESSÃO SEXUAL, em que se evidencie pelos 
morfologicamente diferentes daqueles da vítima, O PERITO PODERÁ PASSAR UM PENTE FINO NA 
REGIÃO PUBIANA PARA FACILITAR A COLETA DE PELOS OU OUTROS VESTÍGIOS BIOLÓGICOS. 
• Coletar swabs umedecidos em água destilada do pente e encaminhar ao laboratório ou encaminhar o 
próprio pente. 
• Ossos, dentes e tecidos biológicos encontrados no local devem ser coletados utilizando-se instrumentos 
novos e descartáveis ou descontaminados. Na ausência desses, podem ser utilizadas luvas novas e 
descartáveis, que devem ser trocadas a cada nova coleta. 
BIOSSEGURANÇA 
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Noções de Biologia Forense 
 
• Todo material biológico presente no local de crime deve ser considerado como potencialmente infectante. 
Portanto, o perito criminal deverá sempre utilizar equipamentos de proteção individual adequados à 
atividade de coleta em local de crime. 
• Todo o material de coleta descartável que entrou em contato com o material biológico deve ser 
armazenado provisoriamente em embalagens adequadas e descartado de forma adequada, conforme 
legislação vigente. 
 
Acondicionamento e Envio de Vestígios 
 
Fonte da imagem: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/biologia-forense.htm 
 
Materiais indicados pelo POP: 
• Avental; 
• Canetas esferográficas e canetas de tinta permanente; 
• Embalagens de isopor ou caixas térmicas (recomendável); 
• Embalagens diversas, como caixas confeccionadas em papelão, envelopes de vários tamanhos 
confeccionados em papel, preferencialmente dotados de lacre numerado e de espaços para identificação 
inequívoca do conteúdo; 
• Embalagens plásticas, como sacos e frascos, preferencialmente dotados de lacre numerado e de espaços 
para identificação inequívoca do conteúdo; 
• Etiquetas de papel autoadesivas (recomendável); 
• Gelo reciclável (recomendável); 
• Luvas descartáveis; 
• Máscaras; 
• Toucas (recomendável). 
PROCEDIMENTOS DE PRESERVAÇÃO INICIAL E EMBALAGEM: 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/biologia-forense.htm
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Noções de Biologia Forense 
 
• A coleta e a embalagem do suporte/objeto devem ser feitas de modo a não prejudicar outras análises, tais 
como papiloscópicas ou balísticas. 
• Projéteis que contenham vestígios biológicos devem ser coletados sem a utilização de pinça, de forma a 
preservar as suas marcas individualizadoras.Fique atento 
VESTÍGIOS ÚMIDOS 
• ENTENDEM-SE COMO VESTÍGIOS ÚMIDOS AQUELES SUPORTES/OBJETOS CONTENDO 
AMOSTRAS DE FLUIDOS BIOLÓGICOS ÚMIDOS TAIS COMO SANGUE, SÊMEN, URINA E OUTRAS 
SECREÇÕES. DA MESMA FORMA, PARA MATERIAL COLETADO NO LOCAL DE CRIME COMO PEÇAS 
ANATÔMICAS TAIS COMO DENTES, OSSOS, TECIDOS MOLES, DENTRE OUTROS E AQUELES 
IMPREGNADOS EM SWABS. 
• HAVENDO CONDIÇÕES APROPRIADAS, OS VESTÍGIOS ÚMIDOS DEVERÃO SER SECOS À 
TEMPERATURA AMBIENTE E AO ABRIGO DA LUZ SOLAR, EM CONDIÇÕES QUE EVITEM 
CONTAMINAÇÃO. UMA VEZ SECOS, DEVERÃO SER EMBALADOS CONFORME OS DEMAIS VESTÍGIOS 
SECOS. 
• Vestígios úmidos que não podem ser facilmente secos, tais como peças anatômicas, tecidos moles, dentre 
outros, deverão ser congelados (temperatura inferior a -18°C). Quando o tempo gasto até o envio destes 
vestígios para as unidades de análise e/ou custódia for inferior a 48 horas, o congelamento poderá ser 
substituído por refrigeração (temperatura entre 0 e 7°C). Os vestígios congelados ou refrigerados deverão ser 
acondicionados em embalagens plásticas apropriadas às condições de temperatura e umidade e que 
impeçam extravasamentos. 
• Na possibilidade de envio imediato para as unidades de análise e/ou custódia, os vestígios úmidos deverão 
ser acondicionados em embalagens apropriadas e, quando possível, resfriados com uso gelo reciclável com a 
finalidade de manter sua integridade. Não é recomendado o uso de gelo convencional em contato direto com 
a embalagem do vestígio, considerando o degelo e consequente produção de líquidos. 
VESTÍGIOS SECOS 
• ENTENDEM-SE COMO VESTÍGIOS SECOS AQUELES SUPORTES/OBJETOS CONTENDO AMOSTRAS 
DE FLUIDOS BIOLÓGICOS SECOS TAIS COMO SANGUE, SÊMEN, URINA E SECREÇÕES DIVERSAS. DA 
MESMA FORMA, SWABS COLETADOS NO LOCAL DE CRIME E QUE FORAM SUBMETIDOS À SECAGEM. 
• Todos os vestígios secos deverão ser acondicionados em embalagens de papel ou papelão, com o objetivo 
de evitar a retenção da umidade. Os swabs secos, sempre que possível, deverão ser acondicionados em porta-
swabs ou, em último caso, em suas embalagens de origem. 
• UMA VEZ SECOS, OS VESTÍGIOS PODERÃO SER MANTIDOS, ATÉ O MOMENTO DO RECEBIMENTO 
NA UNIDADE DE ANÁLISE E/OU CUSTÓDIA, À TEMPERATURA AMBIENTE (INFERIOR A 25°C) E EM 
CONDIÇÕES DE UMIDADE QUE NÃO AFETEM A PRESERVAÇÃO DOS MESMOS. 
PROCEDIMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO E REGISTRO DOS VESTÍGIOS BIOLÓGICOS 
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Noções de Biologia Forense 
 
• As embalagens dos vestígios congelados, refrigerados ou mantidos em gelo deverão conter registros 
resistentes às respectivas condições de temperatura e umidade. 
• As embalagens dos vestígios coletados deverão conter a mesma identificação inequívoca relacionada no 
formulário de coleta. 
• DEVERÃO SER USADOS, SEMPRE QUE POSSÍVEL, LACRES DE NUMERAÇÃO ÚNICA A QUAL 
DEVERÁ SER EXPRESSA NO RELATÓRIO DE COLETA, A FIM DE PERMITIR A RASTREABILIDADE DO 
VESTÍGIO. 
PRESERVAÇÃO 
• QUANDO O ENVIO NÃO FOR IMEDIATO, OS VESTÍGIOS BIOLÓGICOS DEVERÃO SER 
PRESERVADOS DE FORMA A GARANTIR A INTEGRIDADE DE SEU MATERIAL GENÉTICO. PARA 
TANTO, DEVEM SER EVITADAS EXPOSIÇÃO À LUZ, A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS E A CONDIÇÕES QUE 
FAVOREÇAM O CRESCIMENTO DE MICRORGANISMOS, TAIS COMO UMIDADE E CALOR. 
 ENVIO 
• Ainda que sejam observadas as condições corretas de preservação, os vestígios biológicos deverão ser 
encaminhados às unidades de análise e/ou custódia com a maior brevidade possível. 
• DURANTE O ENVIO, DEVERÃO SER OBSERVADAS AS CONDIÇÕES DE PRESERVAÇÃO E 
RASTREABILIDADE DOS VESTÍGIOS, ATÉ SUA ENTREGA ÀS UNIDADES DE ANÁLISE E/OU CUSTÓDIA. 
PONTOS CRÍTICOS 
• COM O OBJETIVO DE PREVENIR CONTAMINAÇÕES ENTRE AMOSTRAS DE ORIGENS DIVERSAS, OS 
VESTÍGIOS DEVEM SEMPRE SER EMBALADOS INDIVIDUALMENTE. 
• Ressalta-se a importância da identificação única e inequívoca de cada vestígio nas respectivas embalagens 
e nos formulários de coleta que os acompanham ao longo de todas as etapas, desde sua identificação no local 
de crime até sua entrega às unidades de análise e/ou custódia. Tais registros deverão garantir a 
rastreabilidade dos vestígios e de todos os profissionais envolvidos no processo. 
• Considerando a natureza perecível dos materiais biológicos, bem como a sua unicidade, os vestígios 
biológicos coletados devem ser preservados de forma a garantir a integridade de seu material genético. Para 
tanto, devem ser evitadas exposição à luz, a substâncias químicas e a condições que favoreçam o crescimento 
de micro-organismos, tais como umidade e calor. 
• Ainda que sejam observadas as condições corretas de preservação, os vestígios biológicos coletados 
devem ser encaminhados às unidades de análise e/ou custódia com a maior brevidade possível. 
• O acondicionamento dos suportes/objetos deverá ser feito de modo a não prejudicar outras análises, tais 
como papiloscópicas ou balísticas, quando cabíveis. 
 
 
 
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Recebimento e Armazenamento de Vestígio Biológico 
 
 
Fonte da imagem: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/02/12/interna_gerais,349905/material-biologico-de-vitimas-e-vestigios-de-
cenas-ajudam-a-policia-a-solucionar-casos-dificeis.shtml 
 
Material indicado pelo POP: 
Avental; 
• Canetas esferográficas e canetas de tinta permanente; 
• Envelopes/embalagens de vários tamanhos, papel pardo, sacos plásticos, caixas de papelão; 
• Luvas descartáveis; 
• Máscaras; 
• Toucas (recomendável). 
RECEBIMENTO DO MATERIAL 
EM UNIDADE DE CUSTÓDIA: 
(INICIANDO A FASE INTERNA DA CADEIA DE CUSTÓDIA PARA O EXAME PERICIAL) 
• O RESPONSÁVEL PELO RECEBIMENTO DEVE CONFERIR SE A NUMERAÇÃO DO LACRE DO 
MATERIAL ENVIADO CORRESPONDE AO QUE ESTÁ DESCRITO NA DOCUMENTAÇÃO DE 
ENCAMINHAMENTO. A SEGUIR, VERIFICAR A INTEGRIDADE DO LACRE E DA EMBALAGEM. 
• Conferir se o material chegou dentro das condições indicadas de temperatura e umidade, de acordo com 
as suas características e com o descrito na documentação que o acompanha. 
• Caso sejam observadas não conformidades em um ou mais itens descritos acima, elas deverão ser 
registradas em documento próprio. 
• De acordo com as normas internas vigentes, o material pode ou não ser devolvido para a unidade de 
origem, para posterior adequação aos procedimentos recomendados. 
Diretamente em unidade de análise: 
• O responsável pelo recebimento deve conferir se a numeração do lacre do material enviado corresponde 
ao que está descrito na documentação de encaminhamento. A seguir, verificar a integridade do lacre e da 
embalagem. 
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/02/12/interna_gerais,349905/material-biologico-de-vitimas-e-vestigios-de-cenas-ajudam-a-policia-a-solucionar-casos-dificeis.shtml
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/02/12/interna_gerais,349905/material-biologico-de-vitimas-e-vestigios-de-cenas-ajudam-a-policia-a-solucionar-casos-dificeis.shtml
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• Verificar a integridade da embalagem e proceder à conferência de seu conteúdo. Caso haja necessidade, a 
embalagem lacrada poderá ser aberta, na presença do perito responsável. 
• Averiguar se o material enviado está dentro das condições estabelecidas para temperatura e umidade, de 
acordo com as suas características e com o descrito na documentação que o acompanha. 
• Caso sejam observadas não conformidades em um ou mais itens descritos acima, estas deverão ser 
registradas em documento próprio. 
• De acordo com as normas internas vigentes em cada unidade, o material pode ou não ser devolvido para a 
unidade de origem, para posterior adequação aos procedimentos recomendados. 
ARMAZENAMENTO 
Todo o material deve ser mantido em local seguro, com acesso restrito e controlado. 
MATERIAL DESTINADO A ARMAZENAMENTO EM CURTO PRAZO (PARA ANÁLISE IMEDIATA)• Sangue in natura ou com agentes anticoagulantes, material biológico de diferentes origens impregnado 
em swab, pelo com bulbo, pode ser mantido refrigerado (0°C a 7°C). 
• Material úmido, tais como peças anatômicas, tecidos moles, dentre outros, deverão ser mantidos 
congelados (temperatura inferior a -18°C). 
• Material seco, acondicionado em embalagem de papel ou papelão que evite a retenção da umidade, pode 
ser armazenado em ambiente livre de umidade e com temperatura inferior ou igual a 25°C. 
MATERIAL DESTINADO A ARMAZENAMENTO EM LONGO PRAZO (FUTURO CONFRONTO, 
CONTRAPERÍCIA E/OU CONTRAPROVA) 
• Material úmido, tais como peças anatômicas, tecidos moles, sangue, dentre outros, devem ser mantidos 
congelados (temperatura inferior a -18°C). 
• Recomenda-se que material seco, tais como swabs e recortes de peças de vestuário, seja mantido 
congelado (temperatura inferior a -18°C). 
• Material seco, acondicionado em embalagem de papel ou papelão que evite a retenção da umidade, pode 
ser armazenado em ambiente livre de umidade e com temperatura inferior ou igual a 25°C. 
• O material deverá permanecer armazenado até ordem contrária emitida pela justiça. 
 
Desde a busca pelos vestígios nos locais de crime, todas as etapas são críticas para a produção da prova 
material. Qualquer negligência ou procedimento inadequado pode desqualificar uma evidência e desacreditar 
o trabalho da equipe pericial. As particularidades de cada vestígio e os exames futuros determinarão quais as 
formas mais apropriadas de coleta, a fim de garantir a viabilidade da amostra para exames periciais e a 
confiabilidade dos resultados gerados. Os vestígios biológicos deverão ser encaminhados às unidades de 
análise e/ou custódia com a maior brevidade possível, sempre de forma apropriada para garantir sua 
integridade e não prejudicar nenhuma análise! 
Toda amostra destinada a exame pericial deverá ser acondicionada isoladamente. Para o envio dos 
vestígios a análises, todo material coletado deve ser devidamente embalado em invólucros oficiais e 
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Noções de Biologia Forense 
 
apropriados à preservação e ao transporte, lacrado (nº do lacre oficial), devidamente identificado. Deve-se 
sempre identificar o remetente e o material, com breve descrição do objeto remetido; o objetivo da perícia, 
com todos os quesitos que o perito de local deseja que o perito de laboratório responda por meio de análises; 
identificar a origem do vestígio, endereço da coleta, DP requisitante, dados da ocorrência e do remetente; 
dados históricos e da coleta; número do lacre. 
 Portanto, todo material biológico deve ser devidamente coletado, acondicionado e preservado, 
considerando sua natureza e suas características para que os resultados laboratoriais sejam fidedignos. 
Os métodos de coleta dependerão do estado e condição das amostras. 
 Além disso, todo procedimento de manipulação de material biológico deve considerar preceitos de 
biossegurança padronizadas, visando não só à integridade da prova, mas também à proteção pessoal da 
equipe pericial. 
 É imprescindível que se utilizem todos os protocolos e metodologias de forma adequada, a fim de 
que não haja comprometimento na produção das provas materiais no processo criminal. 
 
V -> E -> I 
 Lembrem-se de que após a devida análise do vestígio, provando sua relação com o crime, este passa a 
ser uma evidência e posteriormente um indício ao ser incorporado no processo penal (VESTÍGIO -> 
EVIDÊNCIA -> INDÍCIO). Mas para isso, a análise do vestígio dependerá de cada tipo de material biológico 
com potencial uso forense. 
 Visto os principais procedimentos para o manejo dos vestígios biológicos, agora vamos estudar as 
principais subáreas da BIOLOGIA FORENSE e as suas respectivas aplicações em exames periciais buscando 
elucidar questões judiciais relevantes. Mais importante do que localizar e coletar um vestígio é saber o que 
fazer com ele! Bora lá! 
 
Noções de Entomologia Forense 
 
 A ENTOMOLOGIA é o estudo dos insetos (entomon = insetos e logos = estudo) e de suas relações com o 
meio ambiente e outros seres vivos. Quando os insetos se tornam vestígios de um crime, a ENTOMOLOGIA 
FORENSE (EF) é a Ciência que busca aplicar o conhecimento de aspectos bioecológicos e comportamentais 
de insetos (e de outros artrópodes) para auxiliar a Justiça no esclarecimento dos fatos. 
 Os dados entomológicos são utilizados principalmente em casos relacionados com mortes violentas, 
fornecendo elementos que possam auxiliar as investigações policiais por meio dos trabalhos realizados pelos 
peritos criminais e médicos-legistas, com inúmeros estudos da entomofauna necrófaga como indicadores 
da cronotanatognose e na determinação do local da morte da vítima, em casos na confirmação de 
hipótese de negligência infantil, abuso sexual e maus tratos a idosos, entomotoxicologia, dentre outros 
da área da Entomologia Forense Médico-Legal. Nesta área (também conhecida como médico-criminal), os 
insetos necrófagos são utilizados na prática principalmente para estimar o intervalo pós-morte (IPM). 
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 Além da aplicação da Entomologia Forense na área médico-legal, no clássico trabalho de Lord & 
Stevesson (1986), a Entomologia Forense é subdividida em mais 2 áreas: ENTOMOLOGIA FORENSE 
URBANA e de PRODUTOS ESTOCADOS. Além disso, a ENTOMOLOGIA FORENSE AMBIENTAL também é 
citada como uma recente e importante subárea de estudo no universo pericial. Os detalhes de cada 
subdivisão desta fascinante ciência serão abordados em nossa próxima aula específica sobre ENTOMOLOGIA 
FORENSE. 
 
 
 
 Também estudaremos os procedimentos adequados para a coleta, acondicionamento e transporte de 
vestígios entomológicos (ovo, ninfa/larva, pupa, inseto adulto). 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA 
FORENSE 
URBANA 
DE PRODUTOS 
ESTOCADOS 
MÉDICO-LEGAL 
AMBIENTAL 
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Microbiologia Forense 
 
A MICROBIOLOGIA é a área das Ciências Biológicas a qual estuda os micro-organismos, como fungos, 
bactérias, vírus, protozoários, dentre outros. No âmbito forense, os micro-organismos envolvidos no processo 
de decomposição podem auxiliar a elucidar questões de interesse judicial que vão além da sua importância na 
ciclagem da matéria orgânica. 
A MICROBIOLOGIA FORENSE estuda espécies de micro-organismos, por exemplo, as quais estão 
relacionadas aos processos de decomposição cadavérica de relevância para aplicação da Medicina Legal. É 
uma ciência considerada relativamente nova, tendo seu primeiro artigo de revisão publicado apenas em 2003 
(CARTER; TIBBETT, 2003). 
A MICOLOGA FORENSE consiste nas aplicações dos fungos nas análises forenses como na 
determinação do tempo de morte; investigar a causa de morte, alucinações ou envenenamentos; localizar 
cadáveres enterrados e até na área de armas biológicas (bioterrorismo). Os primeiros pesquisadores que 
tiveram interesse em analisar se o crescimento fúngico em cadáver tinha valor na determinação do tempo de 
morte foram os belgas Voorde e van Dijck (VOORDE; VAN DIJCK, 1982). Naquele trabalho, os pesquisadores 
isolaram os fungos que cresciam sobre as pálpebras e na pele inguinal de uma baronesa que havia sido 
assassinada e encontrada morta em seu quarto, em uma antiga mansão na Bélgica, no ano de 1980. Os 
fungos isolados foram incubados sob mesma temperatura em que o corpo foi encontrado, a uma constante 
de 12 °C, como nos registros do termostato presente no quarto. Através das medições diárias do crescimento 
das colônias fúngicas, foi possível estimar a morte da baronesa em aproximadamente 18 dias antes de seu 
corpo ser encontrado, o que coincidiu exatamente com a informação dada pelo assassino quando admitiu tê-la matado. 
Em outro trabalho, Hitosugi et al. (2006) também demonstraram a importância da utilização dos fungos 
para determinação do intervalo pós morte (IPM). Estes pesquisadores isolaram e identificaram os fungos que 
colonizavam a face de um homem encontrado morto, em posição ajoelhada, com parte do corpo imerso na 
água, no fundo de um poço. Com os dados da colonização fúngica, juntamente com dados da aparência da 
superfície do cadáver, do estado de decomposição de seus órgãos e informações policiais que indicavam seu 
desaparecimento por volta de 12 dias, foi possível estimar que a morte do homem ocorrera há pelo menos 10 
dias. Neste caso a Entomologia Forense não podia auxiliar como ferramenta para determinação do tempo de 
morte, pelo fato de não existir colonização de insetos no cadáver, por isso a Micologia Forense foi ferramenta 
imprescindível no auxílio da determinação do IPM. 
 
 
Crédito: Hitosugi et al. (2006). 
 
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 Além de estimar o IPM pelas taxas de crescimento dos fungos em cadáveres humanos, a 
Microbiologia Forense pode ser utilizada em exames periciais diversos, como na identificação de micro-
organismos contaminantes em produtos alimentícios (vigilância sanitária) e contaminação de água e solo em 
casos de poluição, dentre outras aplicações. 
Outra importante contribuição desta ciência é na investigação de agentes biológicos, na identificação e 
prevenção de ataques por armas biológicas. A confecção de armas microbiológicas possui diversas 
motivações, sendo constituídas por bactérias, fungos, toxinas ou vírus patogênicos. A aplicação ocorre por 
vias aéreas, pela água ou até mesmo por meio dos alimentos. De acordo com a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), a avaliação de risco para o trabalho com agentes biológicos se dá por meio de ações que 
objetivam o reconhecimento e identificação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano, identificando 
a virulência, modo de transmissão, estabilidade, concentração e volume, origem do agente biológico 
potencialmente patogênico, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento 
eficaz, dose infectante e tipo de ensaio. 
Em 1972, entrou em vigor a Convenção sobre Armas Biológicas (BWC, em inglês). O assunto ganhou 
grande foco em 2001 devido ao ataque bioterrorista ocorrido nos E.U.A., logo após o atentado do 11 de 
setembro. Neste episódio bioterrorista, foram identificados envelopes contaminados com esporos da 
bactéria Bacillus anthracis, agente causador do carbúnculo ou antraz, causando a morte de 5 pessoas. 
 
 
 
Perícia Ambiental 
 
 Veremos ao longo de nossos estudos diversos tipos de exames periciais voltados a questões da área 
ambiental. A perícia ambiental criminal se destaca como um importante meio probatório no esclarecimento 
de questões advindas de ilícitos contra o meio ambiente, caracterizando materialmente os impactos 
antrópicos causados à natureza. A perícia ambiental é uma área ampla, multidisciplinar, complexa e 
relativamente recente, a qual ainda demanda mais pesquisas e profissionais especializados para a realização 
dos mais variados tipos de exames periciais. A área civil apresenta grande demanda de casos e poucos 
profissionais atuantes. 
 O Direito Ambiental, por meio de um robusto conjunto normativo, oferece sua contribuição para a 
imprescindível tutela do meio ambiente por parte do Estado. No Brasil, a Constituição Federal (CF) de 1988 
impõe ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e 
futuras gerações em seu célebre art. 225, no Título VIII: Da Ordem Social, Capítulo VI: Do Meio Ambiente: 
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 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
 I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e 
ecossistemas; 
 II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades 
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
 V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente; 
 VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de 
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a 
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o 
que não poderão ser instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as 
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do 
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do 
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar 
dos animais envolvidos. 
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 Promulgada em fevereiro do ano de 1998, a Lei de Crimes Ambientais (LCA - Lei nº 9.605/1998) 
representou um marco histórico na legislação ambiental brasileira, versando sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e consolidando a tríplice 
responsabilidade provocada pelo dano ambiental tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas: 
 Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
autoras ou partícipes do mesmo fato. 
 Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoajurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
(...) 
 
 A partir deste momento de avanço do arcabouço legal em defesa do meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo, os recursos naturais estariam amparados por um mecanismo 
jurídico para promoção da devida punição dos infratores e reparação dos danos ambientais causados por 
interferências antrópicas. Referida lei inovou ao elevar algumas condutas que eram consideradas 
contravenções a tipos penais e compilou, em um único instrumento legal, diversas condutas anteriormente 
previstas em legislação esparsa, classificando as espécies penais em: crimes contra a fauna; crimes contra 
a flora; poluição e outros crimes ambientais; crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio 
cultural; crimes contra a administração ambiental; além de infrações administrativas. 
 A grande maioria das condutas tipificadas na LCA (em ANEXO) são crimes de natureza material, e 
dentre os vários meios produtores de prova na esfera judicial, a perícia criminal ambiental se destaca no 
esclarecimento de questões de providências policiais, na tipificação, qualificação e na cominação das penas 
ao final da fase processual, a fim de trazer à luz a veracidade dos fatos. 
 A perícia ambiental tem como objeto de estudo o meio ambiente nos seus aspectos abióticos, bióticos e 
socioeconômicos, de caráter complexo e multidisciplinar, destinada a verificar, apurar ou esclarecer 
determinado fato relacionado a litígios ambientais. Referido exame pericial se faz necessário para analisar 
casos de demandas judiciais específicas advindas das questões ambientais, quando o principal objeto de 
estudo é o dano ambiental ocorrido ou risco de sua ocorrência, fixando o montante do prejuízo causado pelo 
dano ambiental, sempre que possível: 
 Art. 17 (LCA). A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita 
mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão 
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. 
 Art. 19 (LCA). A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante 
do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. 
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no 
processo penal, instaurando-se o contraditório. 
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 Os principais tipos de exames periciais ambientais realizados pelas equipes da Perícia Criminal Federal, 
da Polícia Federal (PF) do Brasil são: 1) extração e comercialização ilegal de bens da União, 2) crimes contra 
a fauna e flora, 3) ocupações e usos do solo em áreas protegidas, 4) análise de procedimentos 
administrativos ambientais e 5) poluição. 
Os crimes contra fauna estão previstos nos artigos 29 a 37 (Capítulo V, Seção I - Dos Crimes contra a Fauna) 
da Lei 9605/1998, tipificando as condutas lesivas contra os animais, caracterizando a caça da fauna silvestre, 
exportação ilegal de peles e couros, importação ilegal de animais, extermínio de espécie aquática pela 
poluição das águas, pesca proibida e pesca predatória. 
 O perito criminal nesses tipos de crimes auxilia na descrição e identificação taxonômica das espécies (de 
forma direta ou indireta); na coleta de material biológico, caso necessário (responsável pela aplicação de 
anestésicos contra animais agressivos, transporte e trato adequado dos animais); constatação de lesões e 
maus-tratos; exame necroscópico; determinação do sexo, idade, habitat, funções ecológicas; na classificação 
e categoria de conservação do animal, caso seja ameaçado de extinção (o que qualificaria o crime); 
constatação de destruição de ninhos ou criadouros naturais; exames em recintos (tipo de recinto, higiene, 
dimensão, estrutura, condições ambientais) e objetos utilizados na perpetração do delito (petrechos, 
instrumentos e sistema de marcação); descrição e morfometria da fauna aquática; determinação de 
lançamentos de efluentes em corpos hídricos e sua toxicidade; dentre outros exames periciais. 
 Em perícias de danos ambientais na vegetação natural (crimes contra a flora - artigos 29 a 37), as 
diversas aplicações da BOTÂNICA FORENSE são importantes para a caracterização e avaliação de danos 
causados ao meio ambiente, auxiliando na identificação taxonômica da(s) espécie(s) botânica(s) (Botânica 
Sistemática), na constatação de danos e classificação da área de interesse pericial. Em locais de corte, poda, 
desmatamento, os estudos na área da DENDROLOGIA permite identificar as espécies arbóreas por meio de 
características organolépticas e anatômicas da madeira (anatomia da madeira), em cortes transversais e 
longitudinais. 
 Em casos de incêndio florestal, é necessária a investigação sobre a causa determinante do fogo, sítio 
inaugural das chamas, o comportamento do incêndio, velocidade ou taxa de propagação do fogo, intensidade 
calórica, indicadores de queima e de fonte de ignição. Em casos relacionados à queima de carvão, por meio da 
ANTRACOLOGIA é possível identificar as espécies botânicas pelo estudo anatômico das amostras de carvão, 
sendo possível identificar se a madeira utilizada na queima se trata de madeira de lei ou de alguma espécie 
rara e/ou ameaçada de extinção. 
 Nos casos de poluição e outros crimes ambientais (artigos 54 a 61), de poluição hídrica, dos solos, 
atmosférica e poluição sonora, os exames periciais objetivam a identificação e quantificação das substâncias 
poluentes, analisando e comparando aos níveis mencionados na legislação (caracterização de substância 
tóxica, perigosa ou nociva), caracterizando os agentes poluentes e identificando a sua fonte na área. São 
perícias bastante complexas, pois as emissões de poluentes podem ser pontuais e não representar em um 
momento a real situação do padrão de emissões das fontes analisadas. Além disso, há dificuldade na 
apuração e constatação dos crimes, em virtude do lapso temporal desprendido entre a data dos fatos e a data 
dos exames. Diversos impactos podem ser pontuais e efêmeros, com perda de vestígios que possam 
caracterizar o delito. 
 No caso de poluição sonora, os critérios, diretrizes e normas reguladoras da poluição sonora estão 
descritos na Res. CONAMA 01/90; as normas, métodos e ações para controlar o ruído excessivo estão 
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previstos na Res. CONAMA 02/90; e a avaliação de ruído em áreas habitadas na NBR 10.151/2000; 
constatando se o som/ruído pode ultrapassar os limites estabelecidos e se há perigo ou dano à saúde humana 
para caracterizar o crime previsto no art. 54 da LCA. 
 Os exames periciais nos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (artigos 62 a 65) 
residem na constatação de danos e de alteração do aspecto ou estrutura de edificação especialmente 
protegido por Lei; verificação de construção em solo não edificável ou em seu entorno; constatação de 
pichação ou outros meios de conspurcar edificação ou monumento urbano, buscando coletar elementos para 
identificação da autoria da infração. 
 Por fim, em exame pericial em crimes contra a administração ambiental (artigos 66 a 69-A da LCA), o 
perito deve analisar os procedimentos de autorização ou de licenciamento, estudos, laudos e relatórios 
ambientais com relação à veracidade das informações contidas e a adequação às normas vigentes. 
 
Lembrando que a Lei de Crimes Ambientais pode cair de forma mais aprofundada em provas para cargos 
específicos, como para o cargo de Perito Criminal da área Ambiental. Geralmente tal dispositivo legal 
aparece no conteúdo programático em legislação específica ou no conteúdo de disciplinas específicas 
para o cargo em questão ououtros similares. 
 
Botânica Forense 
 
 A Botânica Forense consiste na aplicação do estudo das plantas e de suas estruturas, como sementes, 
folhas, flores, frutos, caule, madeira etc., na resolução de questões legais. A Botânica Forense não estuda 
somente as plantas (Reino Vegetal), mas também engloba algas não vegetais (Ficologia ou Algologia 
Forense), como as diatomáceas, por exemplo. Vamos conhecer um pouco sobre as suas principais aplicações. 
Lembrando que em provas para cargos específicos, como para Perito Criminal da área de Ciências Biológicas, 
a Botânica pode ser cobrada de forma mais aprofundada. 
 No âmbito criminalístico, a Botânica apresenta diversas aplicações para a resolução de questões 
judiciais. Por exemplo, esta ciência pode auxiliar na investigação de toxinas vegetais, venenos e 
entorpecentes de origem vegetal; rastreamento de drogas e toxinas em caso de bioterrorismo; identificação 
de madeiras e outras questões ligadas a crimes ambientais contra a flora, dentre outras. 
 Para citar alguns casos famosos em que a Botânica Forense foi importante no esclarecimento, pode-se 
citar o caso do sequestro e assassinato do bebê de Lindbergh, ocorrido em 1932 nos Estados Unidos, sendo o 
primeiro caso em que os conhecimentos da Botânica Forense foram admitidos como prova. O anatomista de 
madeira, Sr. Arthur Koehler, demostrou que o suspeito/réu do crime havia construído a escada utilizada para 
o rapto do bebê com um pedaço de madeira do assoalho do sótão da sua residência, além de outros 
diferentes tipos de madeira. Já no Brasil, a Botânica Forense foi importante para o esclarecimento do caso da 
morte da advogada Mércia Nakashima, onde o corpo desaparecido foi encontrado na represa de Nazaré 
Paulista-SP no ano de 2010. Algas do gênero Chaetophora, as quais podem ser encontradas na referida 
represa onde o corpo foi localizado, foram constatadas nos sapatos do principal suspeito, o ex-companheiro 
de Mércia, Mizael Bispo de Souza. As algas foram importantes para vincular o autor ao local de crime. 
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 Portanto, a Botânica Forense é importante na solução de casos de homicídios, apontando conexões 
entre a identificação do criminoso e o crime, estabelecendo o local do delito por meio de espécies vegetais 
endêmicas e a época da morte por meio de características das plantas e até da sucessão ecológica 
(ECOLOGIA FORENSE). O conhecimento de plantas e algas pode auxiliar na identificação do que as vítimas 
comeram ou inalaram antes da morte. Em vítimas de afogamento, é comum constatar a presença de algas 
nas vias aéreas, podendo auxiliar na diagnose diferencial e na causa da morte. 
 Dentre as subáreas da Botânica Forense, a PALINOLOGIA FORENSE se destaca, consistindo no estudo 
dos palinomorfos (grãos de pólen e esporos de plantas), podendo fornecer elementos que podem vincular 
indivíduos de interesse investigativo a locais, e até mesmo ao horário aproximado em que o pólen foi aderido 
ao seu corpo. A palinologia envolve a identificação taxonômica do pólen, esporos das plantas e até os esporos 
de fungos (Reino Fungi -> MICOLOGIA FORENSE) encontrados em amostras. Os grãos de pólen e os esporos 
são estruturas microscópicas os quais apresentam grande variabilidade de características físicas, sendo 
considerados como as “impressões digitais das plantas”. A associação palinológica coletada na amostra 
questionada é analisada em um estudo comparativo com a flora presente no(s) local(is) de crime. 
 Para estabelecer relações entre os grãos de pólen, as respectivas plantas as quais pertencem e locais 
onde ocorrem, é necessária a identificação da espécie por meio das características morfológicas, tamanho e 
estruturas do grão de pólen. Além da identificação taxonômica, o conhecimento dos períodos de floração de 
cada tipo de planta e dos seus respectivos mecanismos de polinização são importantes para a interpretação 
dos resultados. Para comparação das amostras questionadas e amostras de referência, as coleções biológicas 
da diversidade palinológica, denominadas palinotecas, auxiliam nas identificações dos materiais, por meio de 
coleções de lâminas ou até mesmo imagens digitalizadas. Nos estudos de Botânica Forense em geral, as 
coleções biológicas são extremamente importantes no suporte para as identificações, como as exsicatas de 
plantas presentes em herbários, coleções de frutos (carpotecas), de sementes (sementoteca ou 
espermatoteca), de caules e madeiras (xiloteca), dentre outras. 
 
 
Crédito: amostra contendo palinomorfos por Wiltshire (2009). 
 
 Os estudos palinológicos são usualmente utilizados como ferramenta para interpretações das 
modificações climáticas e paisagens pretéritas, fornecendo valiosas informações sobre a dinâmica da 
composição da vegetação e consequentes mudanças no ecossistema ao longo do tempo. Recentemente vem 
sendo aplicado no contexto forense, devido a sua potencialidade de resolução de crimes. O clima e o período 
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do dia interferem no desenvolvimento e até na liberação e dispersão do grão de pólen, variando conforme a 
sazonalidade e permitindo inferir sobre a data de fatos. Além disso, o potencial de aplicabilidade forense do 
pólen reside na sua capacidade de dispersão, transferência e adesão em pessoas, animais e/ou objetos, e 
também pela elevada resistência à degradação, uma vez que se conservam no ambiente por milhares de 
anos, dependendo das condições. 
 Os grãos de pólen, presentes nas anteras, possuem a função de transportar o gametófito masculino ao 
estigma da planta para que possa ocorrer a fertilização, apresentando características morfológicas, estrutura 
e ornamentação próprias, sendo possível identificar a planta produtora (produção em torno de 100 a 100.000 
pólens/antera). Possuem pequenas dimensões, geralmente < 200 μm, sendo identificados pelo tamanho, 
forma, estrutura da parede externa (exina), tipo e ornamentações da superfície, número e disposição das 
aberturas, dentre outras características. 
 
 
Crédito: Carina Reis (2010) adaptado de Hesse et al. (2009). 
 
 
Crédito: Poviauskas (2018). 
 
 As paredes dos grãos de pólen são constituídas por duas camadas: a intina, camada mais interna a qual 
delimita a superfície citoplasmática, e a exina, camada mais externa da parede, sendo compostas por 
celulose, proteínas e de esporopolenina na exina, conferindo grande resistência até mesmo aos tratamentos 
químicos das amostras para a análise do material e confecção de lâminas para estudo dos palinomorfos. A 
intina não é resistente ao tratamento da acetólise. A exina ainda pode ser subdividida em outra duas 
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camadas: a nexina, camada mais interna, e a sexina, camada mais externa a qual apresenta os mais variados 
detalhes da estrutura da parede do grão de pólen, permitindo a identificação taxonômica. 
 Já os esporos, por sua vez, são as células reprodutoras assexuadas das Pteridófitas (samambaias, 
cavalinhas) e das Briófitas (musgos). O esporo é revestido por uma parede celular (exina), de morfologia 
diversificada, sendo constituída por esporopolenina, conferindo proteção contra as condições ambientais 
desfavoráveis. Os esporos, assim como os grãos de pólen, são resistentes e bioindicadores, permitindo 
realizar inferências sobre o ambiente onde foram coletados. 
 
Portanto, a PALINOLOGIA FORENSE estuda os palinomorfos, como grãos de pólen e esporos de planta, 
possibilitando diversas aplicações na área da Criminalística, sendo possível relacionar o tipo de vegetação 
com o pólen encontrado, possibilitando relacionar um suspeito com o local do crime; no rastreamento e 
determinação da origemde uma droga ilícita de origem vegetal, dentre outras aplicações, sendo uma 
importante ferramenta investigativa utilizada no Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Canadá, por 
exemplo. 
 
Tricologia Forense 
 
 Cabelos e pelos são outros tipos de vestígios biológicos comuns de serem encontrados em local de 
crime. A TRICOLOGIA FORENSE é a ciência que estuda os pelos e cabelos humanos e de outros animais, e 
até mesmo fibras, de origem natural ou sintética, por meio de métodos de confrontos entre as amostras 
questionadas e as amostras referências. 
 Os pelos podem ser utilizados para a identificação humana e de animais, assim como para diagnósticos 
de uso de substâncias entorpecentes ou até a constatação de envenenamentos (exames toxicológicos). Os 
exames das características macro e microscópicas fornecem elementos comparativos para a associação 
entre amostras questionadas e amostra de referência padrão. Pelas características apresentadas pelo 
cabelo ou pelo é possível constatar se foi cortado, arrancado ou se caiu naturalmente; se o cabelo 
apresenta característica de que foi descolorido, dentre outras informações que podem ser relevantes 
para a investigação e aos exames periciais. Além disso, também é possível identificar pessoas (ou 
animais), por meio do levantamento de perfil genético a partir de pelos ou cabelos (vamos estudar mais 
sobre Genética Forense posteriormente). 
 
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Referida amostra se trata de pelo, cabelo ou de fibra? Se for identificado como uma fibra, qual a sua 
origem? O pelo é de origem humana ou animal? O pelo foi arrancado, cortado ou caído? O pelo ou cabelo 
foi descolorido ou não? Qual a origem deste pelo (qual parte do corpo)? Há compatibilidade morfológica 
ou não de uma fibra ou de um pelo/cabelo questionado em relação a uma amostra de referência? 
 Os pelos constituem o tegumento dos mamíferos, distribuídos por quase todo o corpo destes animais, 
apresentando como principal função a termorregulação. Outras funções importantes que os pelos podem 
apresentar são de proteção contra a luz solar direta e raios UV; de camuflagem no ambiente; comunicação; 
percepção sensorial, por terem terminações nervosas ligadas à base do folículo (vibrissas); e até mesmo 
podem desempenhar papel na atração sexual. Algumas regiões do corpo não apresentam pelos, sendo 
chamadas de pele glabra, como nas palmas das mãos, solas dos pés e face palmar dos dedos, por exemplo. 
 Os pelos dos animais, de forma geral, são sempre substituídos em seu ciclo, por meio de renovação 
periódica, permanecendo em média de quatro anos no folículo piloso até a queda natural. Os pelos e cabelos 
apresentam diferentes características conforme a região do corpo ao qual estão inseridos, como no caso dos 
pelos pubianos que são mais ondulados e espessos. Além disso, as características pilosas se conservam ao 
longo do tempo mesmo após a morte, apresentando resistência à decomposição e permitindo análises e 
comparações para fins forenses. Os pelos são mais resistentes ao processo putrefativo do que os tecidos 
moles do organismo, mas menos resistentes do que os ossos e dentes. A cutícula é responsável pela 
resistência dos pelos, sendo composta por células achatadas ricas em enxofre, a qual protege os pelos contra 
choques mecânicos e demais agentes exógenos. 
 
 
Crédito da imagem: http://dermatologiacapilar.med.br/conheca-seus-cabelos/ 
 
 De maneira geral, os pelos são filamentos delgados flexíveis e queratinizados, produzidos pelo processo 
de queratinização. 
 Apresentam a região da raiz e a haste: 
 RAIZ OU BULBO: porção inferior do pelo, subcutânea, encontrando-se na derme e apresentando 
material genético de origem nuclear; 
 HASTE (SHAFT OU BARRA): projeta-se acima da epiderme pelo músculo eretor do pelo, sendo 
constituída principalmente por queratinas, cisteínas e as proteínas associadas à queratina (alfas-queratinas 
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são as principais proteínas estruturais). A porção basal a mediana do pelo é ideal para a observação e análise 
dos padrões cuticulares. A extremidade distal (ponta) da haste do pelo ou do cabelo pode proporcionar 
vestígios de corte recente. 
 Os pelos, em geral, apresentam três camadas celulares concêntricas: a cutícula (mais externa), o córtex 
(intermediário) e a medula (mais interna). 
CUTÍCULA: “camada celular mais externa do pelo, composta por escamas com disposição, forma, 
tamanho e ornamentação variáveis. O padrão cuticular possui características diagnósticas importantes, 
seu estudo, geralmente feito através de lâminas temporárias contendo impressões (moldes) das escamas 
cuticulares, constitui-se numa das bases da tricologia”. 
CÓRTEX: “camada intermediária do pelo, situada entre a cutícula e a medula. Não costuma ter 
características morfológicas com aplicação taxonômica”. 
MEDULA: “camada mais interna do pelo. Possui maior importância diagnóstica para a identificação de 
espécies”. 
Miranda et al. (2014) 
 O exame pericial de confronto visa a analisar os padrões morfológicos da cutícula e da medula, os 
quais conferem características diagnósticas específicas para a identificação, por meio de microscopia. A 
análise das características microscópicas geralmente se dá em secção transversal, em função do grau de 
curvatura do cabelo, analisando o comprimento, a textura e a espessura (fina, média e grossa) da amostra 
biológica, além das características morfológicas dos padrões cuticulares e medulares, dentre outras 
características de interesse pericial. 
 
 
Crédito da imagem: http://criminalistica.mp.gob.ve/tricologia-forense/ 
 
 Além do uso mais comum da análise microscópica para se verificar a natureza da amostra biológica, a 
técnica física pode ser empregada para discriminar amostras de pelos e fibras, por meio de observações de 
características macroscópicas e organolépticas. As fibras são fios as quais apresentam aparência similar aos 
pelos, à vista desarmada, possuindo origem vegetal (natural) ou sintética (artificial). Além disso, há métodos 
químicos colorimétricos, por exemplo, para se verificar a natureza da amostra: fibra vegetal ou pelo de 
animal. 
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 As características fenotípicas de pelos são a cor, espessura, comprimento, dentre outras. O pelo 
humano apresenta cutícula imbricada e achatada; córtex espesso, apresentando pigmentos 
homogêneos em forma de grãos; medula contínua, descontínua ou ausente. 
 Na análise do pelo, a fim de determinar a sua natureza e origem, o perito observa o aspecto da medula, 
índice medular (relação entre o diâmetro da medula e o diâmetro total do pelo), e características da cutícula. 
O exame pericial na área da Tricologia permite até mesmo a raça do indivíduo, a região do corpo onde o se 
implantava, se o pelo ou cabelo foi tingido, deformado, arrancado, cortado, gastos, dentre outras 
particularidades. O sinal étnico dos cabelos já foi descrito nos tipos raciais de Ottolenghi. 
 As características do cabelo ou pelo do homem são bem diferentes das observadas em outros animais. 
O índice medular é constante em cada espécie. O diâmetro do cabelo no homem é inferior a 0,30; enquanto 
que, na maioria dos animais, o diâmetro é superior a 0,60. 
 
 PELOS DE ANIMAIS 
 A presença de pelos de animais em locais de crime pode estar relacionada a casos de maus tratos. A 
identificação indireta de mamíferos também pode ser realizada por meio de seus pelos, analisando 
características fenotípicas como coloração, espessura, comprimento e morfologia da cutícula, córtex e 
medula do pelo, distinguindo do padrão apresentado pelos cabelos e pelos de origem humana. Um guia de 
identificaçãode pelos de mamíferos brasileiros foi publicado em 2014 pelos pesquisadores Guilherme de 
Miranda da Polícia Federal, e colaboradores, podendo ser facilmente encontrado na Internet. 
 O Guia de Identificação de Pelo de Mamíferos Brasileiros (2014) fornece subsídios significativos aos 
exames periciais relacionados aos crimes contra a fauna, possibilitando um método alternativo de 
identificação taxonômica de animais silvestres. Para ilustrar as características morfológicas do pelo de um 
animal, vamos visualizar como é a descrição do padrão do pelo do Leopardus colocolo, popularmente 
conhecido como colocolo ou gato-palheiro. Segundo o referido guia ilustrativo, a descrição macroscópica do 
pelo deste felino consiste em: “pelos dorsais longos (4-6 cm) e nucais curtos (2-3 cm), retilíneos a levemente 
curvos, de coloração marrom com bandas branca e preta (região proximal para distal)”. 
 As fotografias por microscopia abaixo ilustram o padrão cuticular e o padrão medular (características 
microscópicas) do pelo do gato-palheiro, respectivamente. 
 
 
Crédito: padrão cuticular de pelo por Guilherme de Miranda et al. (2014) 
 
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Crédito: padrão medular de pelo por Guilherme de Miranda et al. (2014) 
 
Hematologia Forense 
 
 O sangue é um importante vestígio biológico que pode ser encontrado em local de crime. Mas você 
conhece a importância desse vestígio e o que ele tem a nos dizer? Esta pergunta é o principal objetivo de 
estudo da HEMATOLOGIA FORENSE, a qual constata, analisa e interpreta as manchas de sangue em exames 
periciais. 
 
 
 A Hematologia Forense está subdividida em: Hematologia Forense Identificadora ou Analítica, 
objetivando a identificação de manchas de sangue, e a Hematologia Forense Reconstrutora. A constatação 
de manchas de sangue em locais envolvendo morte violenta é uma atividade rotineira na carreira de perito 
criminal e suas características permitem realizar valiosas apreciações, quando pormenorizadamente 
analisadas. 
 “As características das manchas de sangue podem definir padrões, identificando a natureza do evento 
que as originou e fornecendo informações importantes sobre a ocorrência. Em síntese, a sua análise permite 
inferir, por exemplo, sobre o tipo de arma utilizado na ação e a quantidade de golpes desferidos contra a 
vítima; inferir sobre o ponto de convergência dos impactos e o posicionamento dos indivíduos envolvidos no 
evento; tipos de lesões perpetradas; tempo decorrido dos fatos; estabelecer a dinâmica dos acontecimentos; 
e até mesmo permitir a identificação da vítima e da autoria do delito, por meio do levantamento do perfil 
genético” (Botteon, 2016). 
 Portanto, as manchas de sangue permitem ao perito compreender os acontecimentos do evento que 
culminaram na(s) morte(s) da(s) vítima(s), quando avaliadas com o devido cuidado e em conjunto para que 
todas as peças do quebra-cabeça sejam coligidas, interpretadas e o caso elucidado. 
 
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 MAS O QUE É O SANGUE? 
 
 O sangue é um tecido conjuntivo líquido, uma mistura coloidal constituída por plasma (45% do volume 
total do sangue), sendo composto principalmente por água (90%), sais orgânicos e minerais, proteínas, 
gorduras, dentre outros; e componentes celulares, como plaquetas (fragmentos celulares com função de 
coagulação), leucócitos (glóbulos brancos), eritrócitos (hemácias ou glóbulos vermelhos), dentre outros. A 
principal função do sangue é de transporte de nutrientes, oxigênio (O2), hormônios, eletrólitos, água, e outras 
substâncias aos demais tecidos vivos do organismo, além do transporte de resíduos do metabolismo celular e 
do dióxido de carbono (CO2). O sangue corresponde aproximadamente de 8 a 9% da massa corporal e 
apresenta um potencial hidrogeniônico (pH) em torno de 7,4, sendo levemente alcalino. 
 Entre as células que compõem o nosso sangue, encontram-se os eritrócitos, hemácias ou glóbulos 
vermelhos (~55% do volume total do sangue), sendo compostos por hemoglobina (Hb), complexo 
responsável pela pigmentação vermelha (cromóforo) de nosso sangue e pela condução de oxigênio aos 
tecidos do organismo. 
 A Hb é composta por uma porção proteica, denominada de globina, e quatro cadeias polipeptídicas, 
sendo cada uma ligada a um grupamento heme em sua estrutura. 
 
 A porção heme situada no centro da molécula contém o átomo de ferro (Fe) ligado a 4 átomos de 
nitrogênio (N). O Fe do grupo heme se encontra no estado ferroso, de oxidação 2+ (Fe2+ ou Fe II), gerando a 
coloração vermelha do nosso sangue. 
 O sangue se degrada ao sair do nosso organismo, e em contato com o O2 do ar (solução oxigenada) a 
hemoglobina se oxida, transformando o átomo de ferro de heme para hemina ou hematina e ocorrendo a 
mudança no estado de oxidação do Fe para 3+ (Fe3+ ou Fe III -> estado férrico), ocasionando alteração da cor 
do sangue de vermelha para marrom (castanho). 
 À medida que o tempo desde a deposição da mancha de sangue aumenta (TSD, time since deposition, 
em inglês), ocorrem alterações conformacionais da molécula, e atualmente é possível estimar o TSD por meio 
de métodos espectroscópicos, por exemplo, baseados no princípio de alteração de coloração do sangue em 
face de sua degradação. A alteração na cor do sangue sugere uma mudança na hemoglobina (oxiemoglobina 
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para metaemoglobina e hemicromo). A determinação do tempo de deposição de uma mancha de sangue 
pode auxiliar na precisão do tempo de morte ou de uma lesão que provocou uma hemorragia. 
 Além disso, no estado férrico, a Hb possui atividades catalíticas e capacidade de participar em reações 
de oxidação e redução como um grupo de enzimas chamadas peroxidases, sendo o princípio de algumas 
reações químicas para a identificação de amostras de sangue. 
 O sangue pode ser encontrado em diversas morfologias no local de crime, em estado fluido, coagulado, 
seco, e o perito antes de determinar suas interpretações durante o levantamento de local, deve atestar que se 
determinada mancha de aspecto hematoide se trata realmente de sangue. E se for sangue, trata-se de 
sangue humano?? 
 
 
 
 Estudaremos agora a área da Hematologia Forense responsável pelos estudos analíticos para a 
identificação de sangue encontrado em locais de crime, vestimentas, instrumentos, dentre outros objetos 
questionados, de interesse pericial. Esta é a subárea mais cobrada em concursos periciais! 
 
Hematologia Forense Identificadora 
 Antes de interpretar um vestígio é essencial conhecer a sua natureza. Antes de tudo, precisamos saber 
como identificar determinada mancha ou sujidade de aspecto hematoide localizada em um local de crime 
como sendo de fato uma mancha de sangue. 
 Para concluir sobre a natureza do material a ser analisado, existem diversos testes os quais serão objeto 
de nossos estudos, como os testes presuntivos, soluções reagentes para a revelação de manchas de sangue 
latentes, e testes específicos para a identificação de sangue humano presente no local de crime. Toda 
conclusão não deve ser pautada apenas pelos resultados obtidos após as análises, mas também considerando 
os limites apresentados por cada técnica ou método analítico empregado. 
 A maioria dos testes para identificação de vestígio de sangue se baseia na atividade da hemoglobina. 
No caso dos reagentes para levantamento de sangue latente, como por exemplo, o famoso luminol, o átomo 
de ferro presente na hemoglobina, atua como o catalisador da reação que desencadeia a 
quimioluminescência característica. 
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 Na prática,o teste mais empregado em exames periciais na rotina dos peritos é o teste específico para 
detecção de hemoglobina humana, denominado de Feca Cult One Step, empregado tanto em laboratório 
quando em local de crime, em virtude de sua facilidade e rapidez de aplicação. O Feca Cult One Step é um 
teste imunocromatográfico, apresentando anticorpo anti-hemoglobina (bastante específico), utilizado 
inicialmente para a identificação qualitativa de hemoglobina humana em fezes. A partir do ano de 1999, estes 
testes começaram a ser empregados em análises forenses para a constatação de sangue humano, sendo 
extremamente eficaz até mesmo em amostras antigas, mal conservadas ou em estado de putrefação. 
 Entretanto, assim como acontece com a maioria dos exames desta área, a exposição do sangue por 
período prolongado com presença de agentes químicos, como água sanitária e alvejante, podem fornecer 
resultados falso-negativos, assim como se a amostra estiver bastante diluída. Também já foi observada a 
ocorrência de resultados falso-positivos na presença de larvas e fungos que podem degradar a amostra. 
Lembrando que a forma como se coleta, e, sobretudo a conservação das amostras pode influenciar no 
resultado real dos testes. 
 A foto abaixo ilustra o referido teste específico para a constatação de hemoglobina humana. A 
presença de 2 traços, sendo um traço na letra C (controle) e o outro na letra T (tratamento), como se 
observa na foto, indica a ocorrência de um resultado POSITIVO para sangue humano. A presença de 
apenas 1 traço na letra C indica um resultado negativo. A ausência de traços indica que o teste está 
inválido. 
 
 
 
 Em um trabalho de pesquisa recente, Holtkötter et al. (2017) validaram um teste imunocromatográfico 
que permite a discriminação entre sangue periférico e menstrual, denominado de teste SERATEC PMB. 
Referido teste combina a detecção de hemoglobina humana e D-dímero (ou dímero-D - DD), produto da 
degradação da fibrina pela plasmina na coagulação do sangue, sendo desenvolvido para a identificação de 
sangue proveniente de fluido menstrual, importante para a investigação de casos de agressões sexuais. 
 As Ciências Forenses estão em constante evolução, com o desenvolvimento de métodos e técnicas cada 
vez mais aprimoradas para gerar ferramentas de combate e resolução de crimes, auxiliando a Justiça. 
 
 
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Testes Presuntivos 
 Os testes presuntivos para detecção de sangue são chamados também de testes de orientação ou 
orientativos, e de triagem, pois não são testes específicos para sangue humano, consistindo em prova de 
ausência, mas não atestando categoricamente como evidência de presença de sangue na amostra analisada. 
São empregados como testes iniciais para orientar os peritos se determinada amostra pode conter ou não a 
presença de vestígios de sangue. 
 Referidos testes são geralmente de natureza catalítica, baseando-se em uma reação de oxidação de uma 
substância indicadora (altera a cor) ou quimiluminescente por meio de um agente oxidante, como o 
peróxido de hidrogênio (água oxigenada = H2O2, geralmente a 3%), atuando como uma enzima 
peroxidase sendo catalisada na presença da hemoglobina (Fe) do sangue. 
 
 TESTES COLORIMÉTRICOS 
 Os testes colorimétricos apresentam substância cromogênica na composição da solução, acarretando 
em mudança de coloração da amostra após a ocorrência da oxidação química, catalisada pelo sangue. A 
mudança de cor, após a aplicação do teste, indica um resultado potencialmente positivo para a presença de 
sangue. A lenta mudança de cor pode indicar um resultado negativo, pois pode representar a oxidação do 
indicador na presença do oxigênio presente no ar. Além disso, há chances de ocorrência de resultados falso-
negativos e falso-positivos também, dependendo da natureza da amostra analisada. 
 
 TESTE KASTLE-MEYER - FENOLFTALEÍNA 
 O teste Kastle-Meyer é um dos mais utilizados na rotina dos exames periciais em laboratório. O 
reagente é constituído por uma mistura de substâncias: 0,1 g de fenolftaleína, 2,0 g de hidróxido de sódio, 
2,0 g de pó de zinco metálico e 10 mL de água destilada. A fenolftaleína é um indicador de pH incolor em meio 
ácido ou neutro e que muda para uma cor rosácea ou avermelhada em soluções básicas (geralmente pH entre 
8,2 e 9,8). Portanto, a fenolftaleína pode reagir com qualquer substância em caráter básico, como 
determinados produtos de limpeza, por exemplo. 
 Neste contexto, a água oxigenada (peróxido de hidrogênio = H2O2(aq)) é utilizada como catalisador da 
reação, acelerando o processo de mudança de cor, indicando a ocorrência da reação de oxidação. O peróxido 
de hidrogênio atua catalisando as moléculas de hemoglobina, ocorrendo a decomposição do H2O2 em 
oxigênio (O2). O O2 liberado irá reagir com a fenolftaleína, transformando-a em sua forma oxidada, na 
presença de zinco e a solução de hidróxido de potássio. Alguns vegetais, como a batata, possuem fortes 
oxidantes para realizar essa reação, acarretando em resultados falsos-positivos, em virtude da presença de 
enzimas peroxidases de plantas. 
 
 TESTE DE ADLER-ASCARELLI – BENZIDINA 
 Teste que se baseia no mesmo princípio do que o reagente de Kastle-Meyer. O reagente de benzidina 
(4,4’-diaminobifenil) baseia-se na catálise da decomposição do H2O2 em água e oxigênio pela hemoglobina 
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presente no sangue. O O2 oxida a benzidina, modificando a sua estrutura e tornando a solução para uma 
coloração intermediária azul, em meio ácido (pH ~4,5), e uma coloração final marrom após alguns minutos. 
 
 
Crédito: Almeida (2009) 
 
Uma proporção possível para a confecção da solução pode ser: 0,16 g de benzidina cristalizada, 4 mL de 
ácido acético glacial e 4 mL de peróxido de hidrogênio de 3 a 5 %. Referido teste é conduzida na presença de 
ácido acético glacial, sendo realizado em dois estágios, visando à redução da ocorrência de resultados falso-
positivos. Apesar de ser um teste bastante clássico, desenvolvido por volta da década de 1900, tornou-se 
pouco empregado na prática, por causa da benzidina ser considerada um agente cancerígeno. 
 
 LEUCO VERDE MALACHITA 
 Da mesma forma do que os anteriores, no teste Leuco Verde Malachita ocorre a obtenção da cor verde 
após a ocorrência da reação positiva, em meio ácido e na presença do H2O2. Este teste é menos específico que 
o Kastle-Meyer, mas possui maior sensibilidade (1:10.000), sendo desenvolvido em 1904. 
 
 TESTE DE VAN DEEN - O-TOLIDINA 
 Este teste foi desenvolvido por Van Deen, em 1864, apresentando menor toxicidade da benzidina do 
teste de Adler-Ascarelli, mas também apresenta efeito cancerígeno. Pelo mesmo princípio, após a ocorrência 
da reação de oxidação, em meio ácido, gera um produto de coloração azul escuro. O o-Tolidina ou guaiaco foi 
a solução utilizada como reagente do teste Hemastix® em 1981, o qual objetivava a constatação de sangue na 
urina, sendo o primeiro teste apresentado na forma de fita de pH. 
 
 TETRAMETILBENZIDINA 
 O tetrametilbenzidina (TMB) foi desenvolvido a partir da metilação das posições orto do reagente 
benzidina, a fim de reduzir a toxicidade apresentada pela orto hidroxilação a qual ocorre em vivo e a 
ocorrência do produto tóxico 3,3’-dihidroxibenzidina. Pelo mesmo princípio, referido teste gera uma 
coloração azul esverdeado em meio ácido, também apresentando efeito cancerígeno (menor do que os testes 
descritos anteriormente). 
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 TESTES LUMINESCENTES 
 Os testes que emitem luminescência são aplicados geralmente em casos para revelação de manchas de 
sangue latentes, em ambiente escuro (baixa luminosidade) para a observação

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