Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Victor Botteon Aula 05 1 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Aula 05 Balística Forense – Curso Regular Prof. Victor Botteon 2019 Prof. Victor Botteon Aula 05 2 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Sumário BALÍSTICA FORENSE............................................................................................................................... 3 Energia Mecânica............................................................................................................................................ 4 INTRODUÇÃO À BALÍSTICA FORENSE.......................................................................................................................... 6 INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE.....................................................................................................................9 Orifício de Entrada X Orifício de Saída............................................................................................................. 12 Elementos Primários do Tiro........................................................................................................................... 14 Elementos Secundários do Tiro....................................................................................................................... 15 Distância do Tiro............................................................................................................................................ 17 NOÇÕES DE IDENTIFICAÇÃO DE ARMAS DE FOGO....................................................................................................... 24 Introdução..................................................................................................................................................... 24 Classificação de Armas de Fogo...................................................................................................................... 30 Calibre de Arma de Fogo................................................................................................................................. 37 Munição........................................................................................................................................................ 40 EXAMES PERICIAIS APLICADOS À BALÍSTICA FORENSE................................................................................................. 44 Exame de Eficiência em Munição.................................................................................................................... 45 Exame de Eficiência em Arma de Fogo............................................................................................................ 50 Exame de Confronto Microbalístico................................................................................................................. 56 Residuográfico............................................................................................................................................... 66 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR....................................................................................... 74 LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 86 GABARITO............................................................................................................................................ 94 RESUMO DIRECIONADO........................................................................................................................ 95 ANEXO................................................................................................................................................ 107 Prof. Victor Botteon Aula 05 3 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Balística Forense Bem-vind@s ao universo forense! Essa aula abordará a teoria sobre noções de BALÍSTICA FORENSE, esperando que ao final, o aluno compreenda sobre seus principais conceitos, identificação de armas de fogo; mecanismos de disparo de arma de fogo, os principais exames periciais aplicados à área da Balística Forense, as lesões provocadas por projétil de arma de fogo, além de resoluções de questões relacionadas aos temas abordados e focadas em concursos públicos. Preparados? Bora começar! Noções de Balística Forense: Principais conceitos e exames; Disparo de arma de fogo e lesão perfurocontusa; Identificação de Armas de Fogo; Exame de eficiência em munição; Exame de eficiência em Arma de Fogo; Confronto Microbalístico; Residuográfico. INFORMAÇÕES IMPORTANTES ANTES DE COMEÇAR A AULA Antes de tudo, cumpre deixar consignado que as fotos apresentadas nesse material didático serão sempre de caráter exclusivamente educacional e científico, auxiliando no entendimento dos alunos sobre os temas abordados. As fotos que não são de autoria do autor serão citadas as devidas fontes de origem. A identidade de pessoas falecidas será sempre preservada, sem qualquer tipo de desrespeito ao luto e às vítimas e seus familiares. Peço encarecidamente aos alunos de nosso curso o total respeito e a não divulgação de imagens utilizadas nesse material didático. Agradeço desde já pela compreensão de todos. Recapitulando conceitos sobre Traumatologia Forense A TRAUMATOLOGIA FORENSE é o campo da MEDICINA LEGAL o qual estuda as lesões corporais resultantes de traumatismos e seus aspectos médico-legais e jurídicos. LESÃO CORPORAL é conceituada como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo humano por meio de qualquer agente ou energia lesiva externa, seja comissiva (positivo) ou omissiva (negativo), dolosa ou culposa, capaz de produzir alterações morfológicas de estruturas, modificações das atividades ou funções do corpo (desvio da normalidade). Do ponto de vista médico, pode ser anatômico, fisiológico e/ou mental. Já as energias (agentes) lesivas ou vulnerantes são formas de energia capazes de provocar lesões, ou seja, de ofender a integridade física ou mental de um indivíduo. São divididos entre instrumentos e meios. Os instrumentos lesivos são qualquer tipo de objeto que provoca lesão ao transferir energia para determinado corpo. Já o meio é qualquer situação que pode provocar lesões, seja de ordem física, química, físico-química, bioquímica, dentre outras. Prof. Victor Botteon Aula 05 4 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Energia Mecânica São as energias que atuam mecanicamente de forma a alterar, parcial ou completamente, o estado de inércia (repouso ou de movimento) de um corpo. Agem por contato e diretamente sobre a superfície atingida. Tais energias podem apresentar atuação de forma ATIVA ou PASSIVA. O agente vulnerante (agens vulnerans) ativo projeta-se contra o corpo em repouso; já a ação passiva ocorre quando um corpo em movimento é lançado contra o agente vulnerante , o qual se encontra sem movimento aparente. Também pode ocorrer a ação MISTA, quando o corpo e o agente vulnerante se chocam mutuamente, estando ambos em movimento. Os agentes lesivos ou vulnerantes das energias mecânicas podem ser: ARMAS PRÓPRIAS ou propriamente ditas: instrumentos criados com o intuito de atacar ou se defender, de forma a produzir lesões. Ex: ARMAS DE FOGO (objeto de estudo da nossa aula), espadas, cassetete, soco-inglês, dentre outras. ARMAS IMPRÓPRIAS ou eventuais: instrumentos que possuem finalidades e empregos diversos, mas que podem ser utilizados como armas dependendo da situação. Ex: faca de cozinha, navalha de barbear, foice, pedra, guarda-chuva, bastão de beisebol, e assim por diante. Armas naturais: mãos (soco), unhas (arranhão), dentes (mordida), pés (chute), cabeça (cabeçada), joelhos etc. Animais: cachorro, gato, macaco etc. Outros meios diversos: explosões, quedas, precipitações (cair de elevada altura suficiente para causar graves lesões ou a morte, de causa acidental, suicida ou criminosa). CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS MECÂNICOS Classificação segundo o modo de ação e as características as quais os agentes lesivos imprimem às lesões. INSTRUMENTOS MECÂNICOS DE AÇÃO SIMPLES: perfurante, cortante, contundente. INSTRUMENTOS MECÂNICOS DE AÇÃO COMPOSTA (MISTA): perfurocortante, cortocontundente e o nosso assunto da aula de hoje: PERFUROCONTUNDENTE. O mecanismo de ação do agente vulnerante definirá o tipo de lesão produzida! Fique atento Vocês sabiam que um mesmo instrumento pode causar diferentes tipos de lesões?? Além das lesões típicas causadas, os instrumentos, por suas características específicas, de manuseio e conforme a ação empregada, podem atuar de diferentes formas. Uma faca pontiaguda e dotada de monogume, por exemplo, além de atuar como instrumento cortante, produzindo lesão incisa ao deslizar o gume afiado sobre a pele, e instrumento perfurocortante, produzindo lesão perfuroincisa ao perfurar e seccionar os tecidos, também pode atuar como um instrumento contundente, pela ação lesiva provocada Prof. Victor Botteon Aula 05 5 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense pelo cabo ou até mesmo pela região lateral da lâmina; perfurante, ao usar apenas a ponta para perfurar, sem exercer muita pressão; e até mesmo cortocontundente, ao exercer uma ação com predominância da força peso do instrumento, provocando contusão e corte na vítima. Fique atento! Vamos relembrar então os instrumentos vulnerantes e os respectivos tipos de lesões provocadas os quais foram aprendidos até o presente momento em nosso curso? Bora lá! LESÃO INSTRUMENTO TÍPICO MODO DE ATUAÇÃO Punctória Perfurante: alfinetes, agulhas, espetos, furador de gelo. Pressão sobre um ponto. Incisa Cortante: facas, navalhas, bisturi, gilete, folha de papel, fragmentos de vidro. Deslizamento maior que a pressão aplicada. Contusa (genérica), ferida contusa e outras diversas modalidades Contundente: objetos com superfície plana, pedras, veículos, cassetetes, bastão, dentre outros diversos. Diversos: pressão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, explosão, distensão, torção, fricção, por contragolpe ou de forma mista. Perfuroincisa Perfurocortante: faca, punhal, lima, peixeira. Pressão (percussão) com secção. Cortocontusa Cortocontundente: foice, facão, machado, guilhotina, dente, unha, rodas de trem. Ação principal pela contusão, pela pressão devido ao próprio peso do instrumento e pela força aplicada pelo agressor, com presença de gume (secção). Ficou faltando estudar o instrumento lesivo PERFUROCONTUNDENTE típico, o qual produzirá lesão denominada de PERFUROCONTUSA. Ansiosos? Agora vamos iniciar nosso estudo sobre Balística Forense e essa área sobre lesões perpetradas por DISPAROS DE ARMAS DE FOGO (DAF) que chove em concursos públicos. Vamos lá! Prof. Victor Botteon Aula 05 6 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Questão para fixar IBADE - Agente de Polícia Civil (PC-AC)/2017 A lesão provocada por projétil de arma de fogo disparado a curta distância e que incide perpendicularmente sobre a pele é considerada: a) bioquímica. b) biodinâmica. c) incisa. d) perfurocontusa. e) cortocontusa. RESOLUÇÃO: A lesão provocada por projétil de arma de fogo (PAF) é de ordem mecânica, já eliminando as alternativas A e B, consistindo em um instrumento perfurocontundente do tipo de ferimento denominado de perfurocontuso. Letra D é a alternativa correta da questão! A lesão incisa é provocada pelo deslizamento + pressão de um gume afiado de um instrumento cortante. A lesão cortocontusa é provocada por ação mista (contusa + cortante) com efeito do peso e do manejo do instrumento cortocontundente, como um facão, machado ou foice, por exemplo. Gabarito: D Introdução à Balística Forense Antes de estudarmos as lesões provocadas pelos projéteis de armas de fogo, ou PAF para os mais íntimos, precisamos conceituar a BALÍSTICA. Por definição, a BALÍSTICA GERAL é a área da Física que trata de estudar o movimento de projéteis perpetrados por armas de fogo, consideradas então como armas próprias. Além disso, referida área da Física se subdivide em outros campos, dependendo de sua finalidade de estudo. Temos a BALÍSTICA MILITAR, a qual realiza estudos sobre armas de fogo, munições e os fenômenos e efeitos relacionados aos tiros, possuindo finalidades bélicas, táticas e operacionais. E o nosso interesse de estudo é a BALÍSTICA FORENSE, ciência que também estuda as armas de fogo, as munições e os fenômenos e efeitos dos tiros, apresentando finalidade de esclarecimento de questões de providências policiais e judiciais. Segundo o Mestre Eraldo Rabello (1995) conceitua, a Balística Forense faz “parte do conhecimento criminalístico e médico legal que tem por objeto, especial, o estudo das armas de fogo, das munições e dos fenômenos e efeitos próprios dos tiros destas armas, no interesse da justiça, tanto penal como civil". Mas qual o conceito de arma de fogo?? Prof. Victor Botteon Aula 05 7 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense De acordo com o Capítulo II (Definições) do Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000, o qual dá nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), arma e arma de fogo foram definidas no art 3º como: IX – arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas; XIII – arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil. (...) Portanto, a arma de fogo arremessará o projétil, sendo este um elemento sólido qualquer que vai se deslocar no espaço, após o recebimento de um impulso empregado, e atingirá determinado anteparo (corpo). O PROJÉTIL DA ARMA DE FOGO (PAF) É O VERDADEIRO INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE! Fique atento TRAJETÓRIA O caminho percorrido pelo projétil no espaço até atingir determinado corpo, ou seja, é o percurso do projétil da arma até a superfície do alvo atingido. TRAJETO O caminho percorrido pelo projétil no interior de um anteparo ou corpo (de um ser humano ou animal), podendo ser transfixante (com entrada e saída do projétil) ou não transfixante (projétil retido no corpo). Também pode apresentar trajeto simples, resultante de um único projétil, ou múltiplo, resultante da ação de projéteis múltiplos. Trajetória Trajetória Trajeto Prof. Victor Botteon Aula 05 8 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense A perícia possibilita determinar a orientação e o sentido do tiro (qual a trajetória e trajeto do projétil) e qual foi o orifício de entrada e o de saída, em caso de projétil que transfixou o corpo da vítima (entrada – trajeto – saída). Durante o trajeto, o PAF pode se chocar contra um tecido ósseo e ter o seu percurso alterado e também ficar retido. O Médico Legista consegue encontrar o projétil retido no interior do corpo da vítima durante o exame necroscópico e por meio de exames de radiografia. Falaremos mais adiante também sobre a área de identificação de armas de fogo, os diversos tipos e classificações existentes, além de estudar com maiores detalhes os componentes dos cartuchos (munições) que apresentam interesse pericial. Bom, voltaremos agora com o nossotema de Balística Forense. Prosseguindo! BALÍSTICA FORENSE –> BALÍSTICA INTERNA OU INTERIOR; –> BALÍSTICA EXTERNA OU EXTERIOR; –> BALÍSTICA DOS EFEITOS OU TERMINAL (mais cobrada em provas da área forense)! • BALÍSTICA INTERNA => contempla o estudo interno dos mecanismo de funcionamento das armas de fogo, seus componentes, resistência de materiais, efeitos da detonação da espoleta e deflagração de agentes propelentes, dentre outros, até a saída do projétil pelo cano da arma, objetivando levantar elementos para melhor qualidade na produção de armas diversas e para os disparos. • BALÍSTICA EXTERNA => foco de estudo na trajetória do projétil e sua movimentação no espaço, desde o momento da saída da boca do cano da arma de fogo até o seu destino final (alvo). A trajetória recebe influência de diversos fatores, dentre os quais se pode citar o efeito da gravidade e variáveis ambientais (pressão atmosférica, resistência do ar, velocidade e direcionamento de ventos), e de fatores intrínsecos ao disparo, como suas características, aerodinâmica e formato do projétil, velocidade, energia cinética, dentre outros (fotos, crédito na imagem). Prof. Victor Botteon Aula 05 9 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Durante a trajetória parabólica, o movimento do projétil expelido pelo cano de uma arma de fogo de alma raiada (veremos com detalhes sobre a classificação de armas pela alma do cano) pode ser decomposto em: translação vertical, horizontal, rotação, nutação e precessão (conceitos de Física sobre decomposição de vetores, não se preocupem para quem não é da área). O ângulo crítico é aquele o qual o projétil deixa de possuir a capacidade de penetração em determinado anteparo e ocorre o fenômeno de ricochete do tiro, desviando a trajetória do PAF, dependendo de fatores como o tipo de projétil e das características do suporte que sofrerá o embate. A alma raiada do cano confere maior estabilidade ao projétil e direcionamento para conseguir atingir um alvo a maiores distâncias com melhor precisão. Os elementos da trajetória determinam o alcance do PAF. O perito criminal plantonista consegue realizar estudos sobre a trajetória de um PAF durante o levantamento de local de crime. A determinação da trajetória do projétil pode ser realizada a partir do ponto de impacto. A trajetória percorrida pelo PAF no espaço possui um determinado alcance, dependendo de diversos fatores, como variáveis ambientais, ângulo do disparo, e fatores intrínsecos à arma, ao tipo de cartucho e ao projétil empregados, por exemplo, como já vimos. ALCANCE MÁXIMO OU REAL: distância entre a boca do cano e o ponto de repouso contra o solo ALCANCE ÚTIL: distância entre a boca do cano até aquela em que o projétil ainda possui energia suficiente para deter um homem. É relativo. Estudaremos mais a frente os conceitos sobre incapacitação balística e poder de parada (stopping power). ALCANCE COM PRECISÃO: distância em que um experiente atirador possui a capacidade de atingir um quadrado de 30 cm de lado. • BALÍSTICA TERMINAL OU DOS EFEITOS Nosso maior interesse na aula de hoje, sendo o assunto mais cobrado em provas de concursos públicos da área. Esse campo da Balística Forense foca no estudo do embate ou impacto do projétil no alvo até a sua parada (imobilização final), buscando investigar elementos relacionados aos efeitos dos tiros nos corpos (alvos), como a penetração do projétil, cavitação, lesões provocadas, deformação dos projéteis, deposição de resíduos oriundos dos componentes das munições, dentre outros interesses forenses. Instrumento perfurocontundente Agora vamos estudar os agentes vulnerantes mecânicos de ação mista ou composta que faltava para nossos estudos na área de Traumatologia Forense. Lembram da aula de introdução à Medicina Legal? Ambroise Paré (1510-1590) foi um dos primeiros médicos a iniciar os estudos relacionados aos efeitos dos tiros e os ferimentos provocados nas vítimas, tema que veremos a partir de agora com maiores detalhes. O principal instrumento perfurocontundente objeto de estudo é o projétil de arma de fogo (PAF), produzindo lesão denominada de perfurocontusa, apresentando características típicas representadas por orifício de entrada e o orifício de saída, quando transfixa o corpo após o trajeto. Também há os projéteis Prof. Victor Botteon Aula 05 10 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense múltiplos, expelidos por armas principalmente de alma lisa, os quais podem produzir diversas lesões com um único disparo. LESÃO INSTRUMENTO TÍPICO MODO DE ATUAÇÃO Perfurocontusa. Principal: Projétil de arma de fogo (PAF); Outro exemplo: ponteira do guarda-chuva. Atua traumaticamente perfurando e contundindo concomitantemente. Vocês sabem qual a diferença entre um tiro e um disparo?? O tiro é um disparo eficaz perpetrado pelo mecanismo de uma arma de fogo. Nem todo disparo resultará em um tiro. Os efeitos de um tiro resultará em diversas questões relacionadas a Balística Forense, podendo ser de ordem da Criminalística e/ou de ordem da Medicina Legal. Da Criminalística veremos mais adiante em nossa aula, sendo relacionados aos exames periciais efetuados em armas de fogo, munições e seus elementos e demais vestígios balísticos extrínsecos a pessoa física. Os principais exames periciais que estudaremos são aqueles descritos no Procedimento Operacional Padrão (POP) da SENASP: exames de eficiência de cartuchos e de armas de fogo, exame de confronto microbalístico e coleta de resíduos provenientes do disparo para análise (residuográfico). Além disso, outros tipos de exames que podem ser realizados pelos peritos criminais são de análises das lesões externas presentes em cadáveres em locais de crime; determinação de distância do tiro e reconstituição de trajetórias; diagnose diferencial entre disparo normal e um acidental em laboratório, dentre outros. Os exames periciais de ordem Médico Legal envolvem aqueles realizados pelo perito Médico-Legista no IML, relacionados a pessoas, vivas ou mortas, externos e/ou internos, como a caracterização das lesões perfurocontusas (trajeto do PAF). Prof. Victor Botteon Aula 05 11 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense A foto ilustra uma lesão perfurocontusa típica de orifício de entrada (veremos as características em breve). Exemplo de descrição no laudo: “o cadáver apresentava ferimento perfurocontuso com características dos provocados pela passagem de projétil de arma de fogo, dotados de energia cinética. Os disparos foram efetuados à distância pelas características apresentadas pelas lesões. Cumpre consignar que não foram encontradas armas de fogo e estojos deflagrados no local de crime que pudessem estar relacionadas ao evento criminoso”. Maiores detalhes das características das lesões veremos em breve. Ainda tratando sobre os elementos importantes da Balística Forense terminal, temos mais alguns conceitos importantes a serem abordados. A INCAPACITAÇÃO BALÍSTICA consiste na “impossibilidade física e/ou mental de uma pessoa oferecer qualquer risco de matar ou ferir outra pessoa” (Silvino Jr., 2018), tornando o oponente ineficaz e fora de combate. PODER DE PARADA (STOPPING POWER) => consiste na capacidade que um projétil possui de incapacitar instantaneamente um indivíduo, dependendo de características da arma de fogo empregada, tipo de munição, da distância e do alvo. Mas acima de tudo, segundo nos ensina o Prof. Silvino Jr. (2018), o poder de parada dependerá da região anatômica da vítima que foi atingida e/ou da perda de sangue do indivíduo (hipovolemia) resultante do PAF. Quando o PAF impacta contra um determinado corpo, ocorrerá a deformação do tecido da região atingida, em virtude dadissipação de energia resultante, obedecendo então as leis da Física da energia cinética (E= m.v2/2) e do momento linear (Q = m.v -> ∆Q = I), para os apaixonados pelas Exatas (podem cair questões na sua prova se a disciplina de Física for cobrada no conteúdo programático do edital, como ocorre com o concurso de Perito Criminal do estado de SP). A penetração do PAF no corpo provocará a denominada CAVIDADE PERMANENTE, consistindo no espaço que era ocupado anteriormente por tecidos e sendo destruídos pela passagem do projétil durante o trajeto pelo corpo. Essa capacidade de penetração no corpo depende da massa e do design do projétil, e não de sua velocidade (Silvino Jr., 2018), consistindo em um relevante fator para garantir a efetividade de um calibre. A transferência da energia oriunda do PAF também produzirá a denominada CAVIDADE TEMPORÁRIA, como o próprio nome já nos ensina consiste em uma expansão da cavidade permanente, não sendo duradoura, sem destruição dos tecidos e sem produção de traumas significativos, quando retração dos tecidos posteriormente (ilustrada pela região cinza da figura abaixo). Tal fenômeno é chamado de CAVITAÇÃO. Crédito da imagem: adaptado de Fackler apud Hercules (2014) Prof. Victor Botteon Aula 05 12 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Além disso, a ação de um PAF em seu alvo resultará na produção de efeitos de ordem primária e de ordem secundária: • ELEMENTOS PRIMÁRIOS: são resultantes da ação direta do embate do PAF no alvo, independentemente da distância a qual o tiro foi efetuado. • ELEMENTOS SECUNDÁRIOS: são resultantes da ação explosiva dos gases e resíduos da combustão da pólvora. Estes elementos podem estar presentes e observados no corpo da vítima quando em tiros perpetrados a distâncias mais próximas do alvo, dependendo de diversos fatores. Orifício de Entrada X Orifício de Saída Quando um PAF atinge um corpo e o transfixa, quais as principais características que o perito pode observar para distinguir qual foi o orifício de entrada e qual foi o orifício de saída do projétil? A lesão de entrada pode ser resultado de um projétil único ou de projéteis múltiplos. Quanto à forma da lesão perfuro contusa, o orifício vai variar bastante conforme o ângulo de entrada do projétil no corpo pela ação perfurocontundente. No tiro perpendicular, a FERIDA DE ENTRADA se apresentará com forma mais redonda, bordos regulares e invertidos; e se apresentando de forma mais oval, linear ou em fenda dependendo da angulação de entrada (foto anterior).Quando o PAF penetra apenas no tecido subcutâneo, geralmente de forma tangencial, não atingindo planos mais profundos e cavidades do corpo, o ferimento denomina-se LESÃO “EM SEDENHO” (foto abaixo). Também pode ocorrer a lesão por PAF “de raspão”, ou em canaleta, atingindo a pele tangencialmente, sem a ocorrência da penetração e com produção de alongadas escoriações. O ORIFÍCIO DE SAÍDA, por sua vez, geralmente é maior do que o orifício de entrada, apresenta formato irregular, com maior presença de sangramento, ausência de elementos primários e secundários do tiro e seus bordos se apresentam geralmente evertidos. Lembrando que para toda regra há exceção! Prof. Victor Botteon Aula 05 13 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Fique atento ORIFÍCIO DE ENTRADA ORIFÍCIO DE SAÍDA Invertido. Evertido. Regular. Irregular. Dimensão aproximada ao diâmetro do projeto. Dimensão superior ao diâmetro do projétil. Presença de elementos primários (orlas) e secundários (zonas), dependendo da distância do tiro. Ausência de elementos primários e secundários. “TRAJETO EM CHULEIO” OU “TRAJETO EM ALINHAVO”: situação quando ocorre a transfixação de diversos segmentos do corpo por um único PAF disparado, com presença de mais orifícios de entrada e saída. Neste cenário, a primeira lesão perfurocontusa de entrada é denominada de “ferida primária” e os demais ferimentos resultantes da transfixação do PAF são chamadas de “feridas secundárias” ou “feridas de reentrada”. O estabelecimento do trajeto realizado pelo PAF deve ser descrito durante o exame necroscópico (foto). Crédito da foto: Prof. Gerson Odilon Pereira apud França (2017). Quando não ocorre a transfixação do corpo pelo PAF, ou seja, ocorre apenas a penetração (orifício de entrada) e a formação das cavidades do trajeto, com o projétil retido no interior do corpo com a ausência do orifício de saída, pode-se chamar de “ferida cega” ou “em fundo de saco”. Prof. Victor Botteon Aula 05 14 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Elementos Primários do Tiro As lesões provocados por PAF podem apresentar causa homicida, suicida ou até mesmo acidental, e os exames periciais são fundamentais para a determinação desta diagnose diferencial. Em casos de suicídio, a vítima apresentará preferência por certos pontos pelo disparo de arma de fogo (DAF), chamados de zona de eleição, como regiões da cabeça, ouvido, boca, dentre outras regiões vitais. Todos os elementos materiais precisam ser analisados em todo o contexto durante o levantamento do local de crime e durante o exame perinecroscópico. O impacto do projétil contra o corpo e a sua consequente penetração por ação perfurocontundente produzirá a deformação dos tecidos, provocando a ocorrência da ORLA DE CONTUSÃO, ORLA DESEPITELIZADA DE FRANÇA, ORLA EROSIVA DE PIEDELIÈVRE E DESOILLE, ZONA DE CONTUSÃO DE THOINOT, ZONA INFLAMATÓRIA DE HOFFMANN, HALO MARGINAL EQUIMÓTICO-ESCORIATIVO DE LEONCINI OU ANEL DE FISCH, consistindo na área que circunda o orifício de entrada, consequente à escoriação tegumentar provocada pelo impacto rotatório e pelo atrito do PAF, ocorrendo a invaginação do tecido. O ferimento de entrada nas vísceras, principalmente no pulmão, apresenta o halo hemorrágico visceral de Bonnet. Também há a ocorrência do HALO OU ORLA DE ENXUGO, ALIMPADURA OU DE LIMPEZA (ORLA DE CHAVIGNY) no orifício de entrada, consistindo zona de cor escura pela deposição de resíduos da pólvora nas imediações do orifício de entrada conforme o PAF vai penetrando e adentrando no corpo, realizando a limpeza ou enxugo do projétil. As sujidades do PAF ficam então aderidas ao tecido. Esta orla pode inexistir quando o PAF encontra outro obstáculo antes de atingir o corpo de um indivíduo, sendo limpo até mesmo nas vestes trajadas pela vítima. Por fim, também pode ocorrer a presença da ORLA EQUIMÓTICA, consistindo na zona da hemorragia provocada pela ruptura de pequenos vasos e infiltração nas malhas dos tecidos adjacentes à lesão (orifício de entrada). Nem sempre está presente! Esta orla pode aparecer também no orifício de saída. As orlas de enxugo e de contusão são características do orifício de entrada causado pelo embate de PAF animado de energia cinética. Crédito da imagem: Prof. Eraldo Rabelo. SINAL DE ROMANESI: consiste NA ORLA DE ESCORIAÇÃO que ocorre adjacente ao orifício de SAÍDA da lesão causada por PAF quando o corpo se encontra em contato com um anteparo rígido Prof. Victor Botteon Aula 05 15 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense externamente. O projétil transfixante ficaria retido no anteparo ou, dependendo da situação e da característica do anteparo rígido o qual o corpo está encostado, pode nem ocorrer a transfixação completa, ficando o PAF retido no corpo nesse cenário. SINAL DE BONNET (FUNIL DE BONNET): define a entrada e a saída do PAF em plano ósseo, principalmente nos ossos do crânio. Também conhecido pelo nome de CONE TRUNCADO DE POUSOLD. Segundo relata o Dr. França (2017), as características de tal sinal consiste em ferimento de entrada arredondado, regular e em forma de “saca-bocado”, na lâmina óssea externa.Já na lâmina interna, o ferimento é irregular e maior, dando à perfuração o formato então de um funil ou de um tronco de cone (foto). O ferimento de saída apresenta as características a o contrário, com a base do cone voltada para fora. Crédito da foto: Dr. França (2017). Elementos Secundários do Tiro Quando da realização do tiro, diversos resíduos sólidos provenientes da detonação da mistura iniciadora e da pólvora, e mais produtos gasosos são expelidos juntamente com o projétil. Parte destes resíduos também ficam impregnados no interior do cano da arma de fogo, permitindo ao perito criminal realizar exames de recenticidade de disparo de arma de fogo (DAF), por meio de aplicação de reagente (IPT+NH4) para a pesquisa e detecção de nitritos em até aproximadamente uma semana após a realização do disparo. Parte desses resíduos também é projetada para fora do cano da arma, atingindo as mãos, braços, vestes do atirador e até o local de crime, permitindo outro exame pericial (o qual veremos mais adiante) visando à pesquisa por partículas provenientes do DAF (residuográfico), principalmente pelos principais elementos: antimônio (Sb), bário (Ba) e chumbo (Pb). Portanto, os produtos residuais da combustão de explosivos (nitrato de potássio, nitrito de potássio, sulfeto de potássio, sulfeto de chumbo, hidrogênio-sulfeto, sulfidreto, tiocianato de potássio, carbonato de potássio, carvão, fulminato de mercúrio, estifinato de chumbo), resultantes do tiro, podem ser levantados no corpo da vítima e do atirador, nas vestes, no cano da arma de fogo, nas câmaras do tambor do revólver, estojos balísticos vazios (Croce & Croce Jr. 2012). Prof. Victor Botteon Aula 05 16 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Quando o tiro atinge o corpo (alvo) também se pode observar os efeitos dos elementos secundários, os quais permitem ao perito realizar valiosas apreciações acerca da dinâmica dos fatos, podendo inferir sobre a distância e a angulação do tiro com relação à vítima. Tais elementos compreendem a ZONA DE CHAMUSCAMENTO/QUEIMADURA; ZONA DE ESFUMAÇAMENTO e ZONA DE TATUAGEM. Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012) ZONA DE CHAMUSCAMENTO A chama consequente à combustão da pólvora exterioriza-se em forma de cone. A zona de chamuscamento é resultante da ação dos gases superaquecidos resultantes da combustão do explosivo propelente, provocando queimaduras na pele, nos pelos, nas vestes trajadas pela vítima, em tiros encostados e à curta distância. A ação das chamas (agressão térmica) pode provocar a NECROSE COAGULATIVA TÉRMICA. ZONA DE ESFUMAÇAMENTO Essa zona consiste na deposição de grânulos de fuligem ao redor do orifício de entrada da lesão provocada por PAF, sendo superficial e removida por lavagem (falsa zona de tatuagem). A dispersão (diâmetro) da fuligem aumenta segundo a distância entre a boca do cano da arma de fogo e o alvo, variando também conforme o ângulo do tiro. ZONA DE TATUAGEM A zona de tatuagem verdadeira é composta pela impregnação de partículas de pólvora incombusta, dispersas ao redor do orifício de entrada. Os grânulos ficam incrustados na pele, sendo de difícil remoção por lavagem, recebendo a denominação de “tatuagem das armas de fogo”. Também pode ser dividida em zona de TATUAGEM INDELÉVEL (TATUAGEM PROPRIAMENTE DITA), cenário o qual a incrustação das partículas ocorre em camadas mais profundas da pele; e TATUAGEM DELÉVEL, quando a impregnação dos grânulos de pólvora incombusta ocorre mais superficialmente na pele da vítima, possibilitando a remoção das partículas por meio de lavagem. Durante o exame pericial, o perito precisa avaliar também a ocorrência de falsa zona de tatuagem ou de outros elementos, como por exemplo, casos de impregnação de fragmentos vítreos (de vidro) na pele, dentre outros, que podem levar a uma conclusão equivocada. Prof. Victor Botteon Aula 05 17 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense As características das referidas zonas podem fornecer informações sobre a distância e ângulo do tiro e até mesmo sobre o tipo de munição (pólvora) utilizada. Fique atento Tanto a presença das orlas (halos) dos efeitos primários quanto a presença das zonas dos efeitos secundários do tiro caracterizam o orifício de entrada da lesão perfurocontusa perpetrada por PAF! Distância do Tiro Considerando a distância com que os tiros são disparados, o Mestre Di Maio e outros autores classificam em: TIROS ENCOSTADOS (ARMA APOIADA); TIROS À CURTA DISTÂNCIA (À QUEIMA-ROUPA); TIROS À DISTÂNCIA (DE LONGE OU DE LONGA DISTÂNCIA). Lembrando que essa classificação é bastante relativa, pois não existe uma distância ou um intervalo de distância tão precisa para cada classificação, dependendo de diversos fatores, com exceção do tiro encostado como o próprio nome nos revela. As demais distâncias precisam ser levantadas por meio de ensaios experimentais que veremos ao final deste tópico. Essa classificação permite uma observação inicial para a inferência da distância do tiro, baseada em elementos de ordem primária e secundária encontrados na lesão de entrada provocada por PAF. TIRO ENCOSTADO Quando o tiro é disparado com a boca do cano da arma de fogo em contato direto com a superfície do alvo (imagem abaixo), podendo provocar os efeitos explosivos quando em contato com plano ósseo. Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012). Vamos começar com mais epônimos importantes! SINAL DE BENASSI (OU BENASSI-CUELI): presença de halo fuliginoso no exterior do plano ósseo. SINAL DE “SCHUSSKANOL”: esfumaçamento presente nas paredes do conduto (túnel) produzido pelo PAF, situado entre as lâminas interna e externa de um osso chato. Prof. Victor Botteon Aula 05 18 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense SINAL DE WERKGARTNER (PUPPE-WERKGARTNER): impressão formada pela boca do cano da arma de fogo (e/ou da massa de mira) na superfície da pele atingida, ao redor do orifício de entrada (foto). Crédito da foto: França (2017). CÂMARA (BOCA) DE MINA DE HOFFMANN: fenômeno relacionado ao efeito explosivo violento dos gases (blow-out) em situação de tiro encostado (imagem abaixo), principalmente sob planos ósseos, acarretando a formação da “mina”, uma lesão de entrada com diâmetro geralmente maior do que o do projétil e com as bordas evertidas (voltadas para fora da lesão), com ocorrência do escurecimento do orifício e do início do trajeto por causa deposição de fuligem e resíduos da pólvora (foto). TIROS À CURTA DISTÂNCIA OU À QUEIMA-ROUPA A expressão “à queima roupa” já diz bastante coisa. O tiro é perpetrado próximo ao alvo a ponto de que o cone das chamas provenientes do disparo atinjam o corpo (ZONA DE CHAMUSCAMENTO), provocando a queimadura da pele, pelos, vestes. O orifício de entrada assume forma arredondada ou ovalar, encontrando- se circundado pelos elementos secundários do tiro (zona de esfumaçamento e de tatuagem, além da zona de chamuscamento). À medida que a distância do tiro cresce, aumenta o diâmetro dessas zonas (foto). O DAF sofre com os efeitos do cone de dispersão do tiro , sendo possível inferir sobre a distância do tiro, sendo o teste mais preciso quando for utilizado para os exames as mesmas condições do caso concreto, Prof. Victor Botteon Aula 05 19 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense empregando o mesmo tipo de arma de fogo, mesmo tipo de munição (mesmas características de seus elementos), dentre outros fatores. Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012). Crédito da imagem: residuograma do Prof. Eraldo Rabello. No exame de residuograma são tomadas as medidas do diâmetro e formato das zonas causadas pelos resíduos da pólvora.Para inferir sobre a distância do tiro, entre o cano da arma de fogo até atingir a superfície do corpo da vítima, ensaios experimentais são realizados com disparos a diferentes distâncias, buscando utilizar na experimentação a mesma arma de fogo com a mesma munição (mesmo lote, se possível), até resultar em características de deposição de resíduos similar ao resultado observado no corpo da vítima, vestes Prof. Victor Botteon Aula 05 20 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense ou outro anteparo objeto de exame. A tabela a seguir demonstra distâncias aproximadas correspondentes às modalidades de disparo para armas do tipo revólver e pistola, com emprego de munição usual de carga simples utilizadas no Brasil. Crédito: Muñoz & Almeida apud França (2017). Observação: as armas que apresentam compensadores de recuo alteram esse formato tradicionalmente observado do residuograma. Também pode deixar de provocar o ferimento em câmara (ou boca) de mina de Hoffmann nos tiros encostados em plano ósseo, em face da dispersão dos gases pelos furos da extremidade distal do cano da arma de fogo. TIRO À DISTÂNCIA (TIROS DE LONGE OU DE LONGA DISTÂNCIA) Presença de orifício de entrada com orla de contusão e o halo de enxugo, presentes nos orifícios de entrada independentemente da distância do tiro, e a aréola equimótica nem sempre presente, com o diâmetro do orifício geralmente menor do que o diâmetro do projétil. Os elementos secundários (zonas) NÃO são observados em tiros desta natureza! FERIMENTO DE ENTRADA DE PAF EM FORMATO DE “BURACO DE FECHADURA”. Tipo especial de ferimento de entrada que pode ocorrer geralmente nos ossos da calvária, quando o PAF atinge a região por meio de incidência tangencial suficiente para penetrar na cavidade craniana (foto). Crédito da foto: Prof. Jorge Paulete Vanrell apud França (2017). Prof. Victor Botteon Aula 05 21 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense ARMAS DE PROJÉTEIS MÚLTIPLOS Geralmente são as armas dotadas de cano de alma lisa, de caça como espingarda, as quais geralmente expelem projéteis múltiplos esféricos (BALINS). Os tiros perpetrados à distância determinam a formação da chamada rosa ou “roseta do tiro”, formando um cone de dispersão progressivo na sua trajetória até o impacto contra o alvo, sendo possível inferir sobre a distância do tiro pela dispersão dos diversos projéteis. Quanto mais longe tiver sido perpetrado o DAF, maior será a circunferência da rosa do tiro e menor será a precisão. Nos tiros a curta distância ou à queima-roupa, o orifício de entrada produzido pode ser de grande dimensão em virtude da penetração da bucha presente no cartucho, podendo apresentar inúmeros orifícios menores ao redor da lesão central, originados pelos balins dispersos. Também pode ocorrer a lesão perpetrada por um único PAF chamado balote, mais comumente presente quando o DAF foi efetuado por meio de arma dotado de cano liso chokebored. LESÕES PRODUZIDAS POR PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA Os ferimentos de entrada produzidos por esses projéteis dotados de alta velocidade e elevada energia cinética podem provocar extensas áreas de deformação dos tecidos atingidos, com ocorrência de orifícios muito maiores do que o diâmetro do projétil. As orlas dos efeitos primários podem se encontrar irregulares ou até ausentes tamanha a deformação causada (foto). Os ferimentos de saída apresentam geralmente a forma de rasgões, como se a pele fosse puxada e rasgada, segundo descreve o Dr. França (2017), bem diferente do observado com as “armas de fogo tradicionais” de baixa energia. Crédito da foto: Dr. Carlos Henrique S. Durão apud França (2017), adaptada (tarja preta). Os projéteis de alta energia apresentam velocidade superior a 750 m/s, produzindo ondas de pressão e de choque, com potência proporcional à resistência dos tecidos. O fenômeno da cavitação apresenta cavidades temporárias nos sentidos transversal e longitudinal, em virtude da aceleração brusca dos tecidos, e a presença de várias expansões, conhecidas como cavitação temporária pulsante, sendo possível observar um rastro de pequenas bolhas de ar ao final do processo. O dano causado pode ser bastante significativo. A cavidade permanente apresenta dimensões médias transversais do projétil (França, 2017). Prof. Victor Botteon Aula 05 22 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Agora vamos praticar resolvendo questões sobre os assuntos tratados nesse tópico importante da nossa aula. Vamos lá! Questões para fixar Delegado de Polícia (PC-MG)/2015 O percurso realizado por um projétil de arma de fogo no interior do corpo humano é denominado a) deformação. b) halo. c) trajeto. d) trajetória. RESOLUÇÃO: Para nunca mais esquecer, hein! O percurso do PAF no interior do corpo (não necessariamente humano) é denominado TRAJETO. O percurso do PAF externamente ao corpo (anteparo), do cano da arma de fogo até o corpo, e ao sair do corpo após a transfixação até a imobilização final, chama-se TRAJETÓRIA! Gabarito: C FUNCAB - Perito Criminal - Contabilidade (PC-AC)/2015 O respectivo sinal de balística resulta da impregnação de grãos de pólvora incombusta que alcançam o corpo e se incrustam na pele, orientando a perícia quanto à posição da vítima e do agressor. Trata-se do sinal de: a) orla de escoriação ou contusão. b) orla de enxugo. c) zona de esfumaçamento. d) zona de tatuagem. e) zona de chamuscamento. RESOLUÇÃO: O enunciado da questão falou sobre impregnação de pólvora incombusta na pele, ou seja, está nos falando sobre efeitos secundários do tiro presentes ao redor do orifício de ENTRADA. As letras A e B tratam sobre efeitos primários e já podemos descartar logo de cara. A zona de chamuscamento (E) é a queimadura provocada em tiros à curta distância e a zona de esfumaçamento (podendo ser chamada também de falsa tatuagem) consiste na impregnação de fuligem ao redor do orifício de entrada. O sinal descrito na questão se trata da zona de tatuagem, a qual apresenta grânulos de pólvora incombusta que podem ficar incrustados na pele atingida. Gabarito: D FUNCAB - Perito Criminal (PC-AC)/2015 Prof. Victor Botteon Aula 05 23 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Sobre o Sinal de Schusskanol, no estudo da Balística forense, é correto afirmar que : a) é o esfumaçamento encontrado no túnel do tiro diante de tiros de cano encostado ou a curta distância. b) diz respeito à tatuagem escura que fica impregnada no osso (mancha escura), em decorrência de disparo com cano encostado. c) se trata de ferida de entrada de projétil de arma de fogo quando diante de tiro com cano encostado quando há superfície óssea no local do disparo. d) se caracteriza pela ferida oblíqua provocada por projétil de arma de fogo, somente atingindo a pele, sem as demais camadas. e) ocorre nos ossos da calvária, quando o projétil tem incidência tangencial. RESOLUÇÃO: Vejam como pode cair epônimos na prova! Ótima questão para relembrar os conceitos! O SINAL DE “SCHUSSKANOL” consiste no esfumaçamento presente nas paredes do conduto (túnel) produzido pelo PAF, situado entre as lâminas interna e externa de um osso chato. Tal definição se encontra logo na alternativa A! A letra B se trata do sinal de Benassi; A letra C se trata da Câmara de Mina de Hoffmann; A letra D se trata da lesão em sedenho; A letra E se trata da lesão em formato de fechadura. Gabarito: A FGV - Delegado de Polícia (PC-MA)/2012 As feridas em sedenho resultam da a) ação penetrante de um instrumento cortante na região anterior do pescoço. b) transfixação de vísceras ocas por instrumentos perfurantes. c) ação mutilante dos instrumentos corto-contundentes nas extremidadesdos membros. d) ação subcutânea dos instrumentos pérfuro-contundentes nos tiros oblíquos. e) escoriação da pele nos tiros tangencias. RESOLUÇÃO: A lesão denominada de “ferida em sedenho” é um tipo de lesão perfurocontusa, sendo produzida, portanto, por meio de um instrumento perfurocontundente. Somente de posse desta informação já podemos excluir as letras A, B e C. Referida lesão consiste na penetração subcutânea da pele por ação de um PAF, sem atingir planos mais profundos de cavidade do corpo, ocorrendo geralmente em tiros tangenciais. O tiro de raspão atinge tangencialmente o corpo, produzindo escoriação e sem ocorrer a penetração do PAF (E). Prof. Victor Botteon Aula 05 24 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Gabarito: D Bora matar mais uma questão! INSTITUTO AOCP - Técnico em Necropsia (EBSERH)/2015 Durante necrópsia de uma vítima de múltiplos ferimentos por disparo de arma de fogo, o Perito observou que uma das lesões apresentava características que a diferenciava das demais: a borda de um dos ferimentos parecia queimada, era irregular e estava evertida. Este tipo de ferimento é conhecido como a) tiro a curta distância. b) tiro encostado. c) tiro distante. d) tiro irregular. e) tiro aproximado. RESOLUÇÃO: Muita atenção! Falou em bordas irregulares e evertidas o concurseiro pode pensar de cara no orifício de saída da lesão provocada pelo PAF. Sorte a nossa que nem tem essa opção dentre as alternativas disponíveis! Outra informação que o enunciado nos trouxe foi a presença de queimadura, a qual ocorre em tiros efetuados encostados (B) ou à curta distância (A). O sinal Balístico que provoca essa lesão de entrada com estas características descritas é a “Câmara de Mina de Hoffmann”, fenômeno o qual ocorre em tiros encostados em planos ósseos. Portanto, letra B de Balística Forense! Gabarito: B Agora que já estamos craques nas lesões perfurocontusas, vamos estudar com mais detalhe os instrumentos que expelem o projétil (instrumento perfurocontundente): as ARMAS DE FOGO e suas classificações. Noções de Identificação de Armas de Fogo Introdução As mortes provocadas por disparos de armas de fogo (pelo projétil lançado pela arma de fogo) vêm aumentando significativamente no Brasil e em diversos locais do mundo. No artigo intitulado "Global mortality from firearms, 1990-2016", publicado no ano de 2018 na revista "Journal of the American Medical Association", os autores estimaram a mortalidade causada por disparos de arma de fogo no período situado entre 1990 a 2016 em 195 países. Estimou-se entre 195.000 e 276.000 mortes por disparo de arma de fogo em todo o mundo em 2016, com 6 países (BRASIL, Estados Unidos, México, Colômbia, Venezuela e Guatemala) representando 50,5% dessas mortes, sendo o homicídio a principal morte provocada. Como mudar este cenário? Prof. Victor Botteon Aula 05 25 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Vamos começar agora a estudar sobre as armas de fogo e os principais exames periciais que auxiliam na resolução destes casos que assolam a nossa sociedade. Bom, já definimos até esse momento de nossa aula alguns conceitos importantes como o que seria uma ARMA DE FOGO. Agora vamos estudar os principais assuntos sobre esse tema presentes na legislação brasileira e que podem cair na sua prova de concurso público. Uma parte mais chatinha, porém imprescindível. Bora para algumas definições importantes! Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004 Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes. (...) CAPÍTULO II DA ARMA DE FOGO Seção I Das Definições Art. 10. ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei no 10.826, de 2003. Art. 11. ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica. (...) Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 Dá nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). (...) CAPÍTULO II DEFINIÇÕES IX - arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas; X - arma automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aquela que dá rajadas); XI - arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou oblonga; Prof. Victor Botteon Aula 05 26 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense XII - arma controlada: arma que, pelas suas características de efeito físico e psicológico, pode causar danos altamente nocivos e, por esse motivo, é controlada pelo Exército, por competência outorgada pela União; XIII - arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil; XIV - arma de porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas; XV - arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento implica o emprego de gases comprimidos para impulsão do projétil, os quais podem estar previamente armazenados em um reservatório ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo solidário a uma mola, no momento do disparo; XVI - arma de repetição: arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo; XVII - arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército; XVIII - arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica; XIX - arma pesada: arma empregada em operações militares em proveito da ação de um grupo de homens, devido ao seu poderoso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de poderosos meios de lançamento ou de cargas de projeção; XX - arma não-portátil: arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser transportada por um único homem; XXI - arma de fogo obsoleta: arma de fogo que não se presta mais ao uso normal, devido a sua munição e elementos de munição não serem mais fabricados, ou por ser ela própria de fabricação muito antiga ou de modelo muito antigo e fora de uso; pela sua obsolescência, presta-se mais a ser considerada relíquia ou a constituir peça de coleção; XXII - arma portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo; XXIII - arma semi-automática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer,a cada disparo, um novo acionamento do gatilho (...) XXXV - calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma; XXXVI - canhão: armamento pesado que realiza tiro de trajetória tensa e cujo calibre é maior ou igual a vinte milímetros; Prof. Victor Botteon Aula 05 27 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense XXXVII - carabina: arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada; XXXVIII - carregador: artefato projetado e produzido especificamente para conter os cartuchos de uma arma de fogo, apresentar-lhe um novo cartucho após cada disparo e a ela estar solidário em todos os seus movimentos; pode ser parte integrante da estrutura da arma ou, o que é mais comum, ser independente, permitindo que seja fixado ou retirado da arma, com facilidade, por ação sobre um dispositivo de fixação; (...) XLIX - espingarda: arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não-raiada; LIII - fuzil: arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada; LXI - metralhadora: arma de fogo portátil, que realiza tiro automático; LXII - morteiro: armamento pesado, usado normalmente em campanha, de carregamento antecarga (carregamento pela boca), que realiza unicamente tiro de trajetória curva; LXIII - mosquetão: fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma carabina, de repetição por ação de ferrolho montado no mecanismo da culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo; LXIV - munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais; LXV - obuseiro: armamento pesado semelhante ao canhão, usado normalmente em campanha, que tem carregamento pela culatra, realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de trajetória curva e dispara projéteis de calibres médios a pesados, muito acima de vinte milímetros; LXVI - petrecho: aparelho ou equipamento elaborado para o emprego bélico; LXVII - pistola: arma de fogo de porte, geralmente semi-automática, cuja única câmara faz parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em posição fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta seqüencialmente para o carregamento inicial e após cada disparo; há pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente, tiro-a-tiro, pelo atirador; LXVIII - pistola-metralhadora: metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma das mãos, tal como uma pistola; LXXI - raias: sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos projéteis, ou granadas, que lhes garante estabilidade na trajetória; LXXIV - revólver: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas e eqüidistantes do seu eixo e que recebem a munição, servindo de câmara; LXXIX - uso permitido: a designação "de uso permitido" é dada aos produtos controlados pelo Exército, cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército; LXXX - uso proibido: a antiga designação "de uso proibido" é dada aos produtos controlados pelo Exército designados como "de uso restrito"; Prof. Victor Botteon Aula 05 28 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense LXXXI - uso restrito: a designação "de uso restrito" é dada aos produtos controlados pelo Exército que só podem ser utilizados pelas Forças Armadas ou, autorizadas pelo Exército, algumas Instituições de Segurança, pessoas jurídicas habilitadas e pessoas físicas habilitadas; (...) CAPÍTULO III PRODUTOS CONTROLADOS DE USO RESTRITO E PERMITIDO (IMPORTANTE!) Art. 15. As armas, munições, acessórios e equipamentos são classificados, quanto ao uso, em: I - de uso restrito; e II - de uso permitido. Art. 16. SÃO DE USO RESTRITO: I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego militar ou policial; III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a (trezentas libras- pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a mil libras- pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22-250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44 Magnum; V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre; VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições; VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza; IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes; X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62mm, M964, FAL; XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas munições; XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou Prof. Victor Botteon Aula 05 29 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense a chama do tiro e também os que modificam as condições de emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros; XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de provocar incêndios ou explosões; XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projéteis explosivos ou venenosos; XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares; XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc; XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros; XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo; XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito; XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar. Art. 17. SÃO DE USO PERMITIDO: I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições,como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto; II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40; III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido; V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora; VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário; VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis milímetros; VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; Prof. Victor Botteon Aula 05 30 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e XI - veículo de passeio blindado. Art. 18. Os equipamentos de proteção balística contra armas portáteis e armas de porte são classificados quanto ao grau de restrição – uso permitido ou uso restrito – de acordo com o nível de proteção, conforme a seguinte tabela: Parágrafo único. Poderão ser autorizadas aos veículos de passeio as blindagens até o nível III. (...) Outras definições presentes também nos glossários do Procedimento Operacional Padrão (POP) da SENASP foram inseridas na parte de ANEXO desta aula! O estudo das legislações específicas sobre o tema é da alçada das disciplinas de Direito. Finalizando essa parte de principais conceitos de elementos balísticos presentes na legislação, vamos estudar agora sobre a classificação das armas de fogo. Entendendo essa parte mais teórica (bem conceitual e nem tanto cobrada em provas de concurso) daí sim vamos ingressar no estudo dos principais exames periciais relacionados à Balística Forense e que pode cair na sua prova. Classificação de Armas de Fogo As armas de fogo podem ser classificadas de diversas formas. Vamos ver as principais formas que o homem utiliza para organizá-las por meio de características comuns, auxiliando a identificá-las por base de critérios gerias a particulares até a sua individualização. Definições por meio do Decreto 3.665/2000. Bora lá? Uma das principais formas de classificação, proposta pelo saudoso Mestre Eraldo Rabello, é por meio da alma do cano. Mas o que seria isso? A alma é a parte oca do interior do cano da arma de fogo, projetada para resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora e outros explosivos para a deflagração do PAF. Prof. Victor Botteon Aula 05 31 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ALMA DO CANO => ALMA LISA E RAIADA. ALMA RAIADA Alma dotada de raias, “sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos projéteis, ou granadas, que lhes garante estabilidade na trajetória (art. 3º , LXXI, do Decreto 3.665/2000)”, formadas por cheios e cavados (veremos no tópico sobre “calibre de armas de fogo”), proporcionando a rotação do projétil e garantindo maior estabilidade em sua trajetória. As raias podem girar o projétil no sentido horário, chamadas de DEXTRÓGIRAS (lembra de direita), ou anti-horário, SINISTRÓGIRAS (lembra de esquerda). Revólver, pistola, carabina e fuzil são tipos de armas de fogo que apresentam esse tipo de alma de cano. Em exame da arma de fogo e de projétil observa-se a quantidade de raias e qual o sentido de giro, por critérios de identificação. Só nessa observação macroscópica já é possível excluir a vinculação entre um determinado projétil (ou fragmento de projétil) e uma arma de fogo questionada. ALMA LISA Quando a alma do cano é polida, não apresentando raias, como ocorre nas armas de fogo do tipo espingardas. Fonte da imagem: www.casadotiro.com.br *Existem também as armas mistas ou armas combinadas, as quais apresentam um ou mais canos, de alma lisa e cano de alma raiada. Prof. Victor Botteon Aula 05 32 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense QUANTO AO USO Armas de fogo de USO COLETIVO E DE USO INDIVIDUAL, relacionado à quantidade de pessoas necessárias para a operacionalidade da arma, sendo que as armas de uso coletivo necessitam da participação de duas ou mais pessoas para a sua utilização, como algumas armas militares de artilharia, por exemplo. QUANTO À PORTABILIDADE (MOBILIDADE) ARMA NÃO-PORTÁTIL: “arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser transportada por um único homem”, como em casos de armas militares para guerras. ARMA PESADA: “arma empregada em operações militares em proveito da ação de um grupo de homens, devido ao seu poderoso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de poderosos meios de lançamento ou de cargas de projeção”. ARMA DE PORTE: “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram- se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas”. ARMA PORTÁTIL: “arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo”, como, por exemplo, espingardas, fuzis, carabinas, dentre outros. QUANTO AO TAMANHO ARMAS DE FOGO CURTAS => por suas dimensões e massa, é possível de ser operada por meio de uma ou duas mãos, sem necessidade do apoio no ombro. REVÓLVER: arma de fogo curta que possui a alma do cano geralmente raiada, de repetição, na qual os cartuchos são inseridos nas câmaras do tambor (cilindro giratório) situado posteriormente ao cano, podendo apresentar o mecanismo de disparo de ação simples ou dupla (veremos diante sobre os mecanismos de disparo). O Lefaucheux era um revólver militar de origem francesa, de ação simples ou dupla, sendo considerado como um dos primeiros a empregar cartuchos de metal de calibre 12mm Lefaucheux, projetado por Casimir Lefaucheux. Nesse tipo de arma, o pino percussor fazia parte do cartucho, e não da arma de fogo, com sistema de percussão intrínseca empregado nos cartuchos. Os principais componentes atuais de uma arma de fogo do tipo revólver podem ser visualizadas na figura ilustrativa abaixo: Prof. Victor Botteon Aula 05 33 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Crédito da imagem: Cartilha de armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). PISTOLA: arma de fogo curta, portátil, de lama do cano raiada, podendo ser semiautomática ou automática, de ação simples ou de ação dupla, apresentando um carregador externo onde a munição é inserida para alimentar a câmara do cano (foto). Pode até existir pistola mais antiga de repetição em que o carregamento se dá de forma manual, sem a presença de carregador para receber diversos cartuchos de uma vez. Crédito da imagem: Cartilhade armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). Outra arma curta que pode aparecer para exames periciais é a GARRUCHA, também conhecida como perereca no Brasil, consistindo em uma arma de fogo de cano curto, com aparência similar a uma pistola ou revólver, apresentando um ou 2 canos (paralelos ou sobrepostos) que comportam apenas um cartucho por cano (de alma raiada ou lisa), com o carregamento realizado manualmente na região posterior do cano da arma (foto). Ainda podem aparecer para exames armas de fogo artesanais funcionais, confeccionadas pelos criminosos; armas dissimuladas também operando a contento, escondidas no interior de outros objetos aparentemente inofensivos; e simulacros de armas de fogo, podendo ser réplicas de outras armas reais, comercializadas, as quais podem disparar chumbinho por pressão ou esferas plásticas por ar comprimido, dentre outras, ou objetos com aparência similar a uma arma de fogo, confeccionadas por criminosos para Prof. Victor Botteon Aula 05 34 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense facilitar a prática de crimes de forma a enganar as vítimas ao simular a presença de uma arma de fogo real, mas que não realiza nenhum tipo de disparo de projéteis. Crédito da foto: globo.com ARMAS DE FOGO LONGAS => dimensões, comprimento e peso maiores do que as armas curtas apresentam, portáteis ou não portáteis, geralmente necessitando das 2 mãos para poder operar a arma a contento podendo ser ARMAS LONGAS DE ALMA RAIADA FUZIL: “arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”, disparando tiros de elevada energia cinética, podendo ser de repetição, semiautomática ou automática. O termo RIFLE, de origem inglesa, pode ser considerado como um sinônimo. CARABINA: “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada”. Geralmente o cano apresenta comprimento superior a 10 polegadas e inferior a 20 polegadas (unidade de medida empregada para comprimento de cano). MOSQUETÃO: “fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma carabina, de repetição por ação de ferrolho montado no mecanismo da culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo”. METRALHADORA: arma portátil automática, disparando rajadas de tiros com calibres equivalentes ou até superiores aos dos fuzis. A submetralhadora é um termo empregado para a metralhadora de mão, com dimensões, comprimento, peso e calibres menores. ARMAS LONGAS DE ALMA LISA: representada pelas ESPINGARDAS (foto), armas de cano longo de alma lisa, as quais empregam cartuchos de projéteis múltiplos (balins) ou único (balote). Prof. Victor Botteon Aula 05 35 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense Crédito da imagem: Cartilha de armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). Espingardas de 1ª geração: tiro unitário, podendo apresentar um único cano ou canos duplos (paralelos ou sobrepostos); 2ª geração: espingardas de repetição como as pumps; 3ª geração: espingardas semiautomáticas; 4ª geração: espingardas que podem atuar no sistema de repetição ou no sistema semiautomático. Além disso, as espingardas podem apresentar na região frontal dos canos o chamado choke (foto), consistindo em um afunilamento (estrangulamento) do diâmetro interno do cano da arma, visando à melhoria do agrupamento dos projéteis múltiplos (balins). Os chokes podem ser: 1. Pleno ou cheio (Full - F)=> maior grupamento 70-75%; 2. Modificado melhorado (Improved Modified - IM) (3/4 de choque); 3. Modificado (Modified - M) (1/2 choque); 4. Cilíndrico melhorado (Improved cylinder - IC) (1/4 de choque); 5. Cilíndrico (Cylinder - CL) (ausência de choque). Crédito da imagem: http://static.hsw.com.br/gif/shotgun-chokes.gif Prof. Victor Botteon Aula 05 36 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO DA ARMA DE FOGO ANTECARGA: o carregamento da arma é realizado pela boca do cano, sendo comum em armas de fogo mais obsoletas. ANTE= NA FRENTE. RETROCARGA MANUAL: o carregamento da arma é realizado manualmente pelo atirador pela região posterior do cano. RETRO=ATRÁS. RETROCARGA AUTOMÁTICA: o carregamento da arma é realizado pela região posterior do cano, por meio de mecanismo automatizado, dispensando a intervenção humana a cada disparo realizado. QUANTO AO SISTEMA DE ACIONAMENTO O disparo do tiro se dá pelo acionamento do gatilho da arma de fogo, promovendo então o impacto do percussor sobre a espoleta presente no cartucho, provocando a detonação da mistura explosiva e do agente propolente (pólvora), com a consequente deflagração do projétil. Esse sistema de acionamento pode ocorrer principalmente de 2 formas: AÇÃO SIMPLES: necessário armar o sistema de disparo (engatilhamento manual da arma) para que seja efetuado ao acionar o gatilho apenas uma operação ocorre, por meio do recuo do cão até a posição de armado, travado à retaguarda. O engatilhamento prévio do cão é essencial para armas que funcionam somente por meio de ação simples. Sistema de acionamento comum de ser encontrado em revólver, mas a maioria das armas atuais funcionam também em ação dupla, além da ação simples (DUPLA AÇÃO). AÇÃO DUPLA: o acionamento do gatilho promove automaticamente o recuo do cão e o mecanismo de engatilhamento da arma de fogo para efetuar o disparo. Com relação ao sistema de percussão: percussão direta e percussão indireta. PERCUSSÃO DIRETA: o percussor é uma parte integrante do cão, podendo ser fixo, consistindo em um prolongamento do cão, ou oscilante quando afixado por um pino. PERCUSSÃO INDIRETA: o percussor se encontra livre e recebe o embate proveniente do cão de forma indireta. Quanto ao sistema de inflamação (combustão), as armas de fogo podem ser classificadas em sistemas de forma extrínseca e intrínseca. Com o surgimento do cartucho, este sistema de percussão intrínseca também aparece, sendo subdividido principalmente em: RADIAL (mistura iniciadora depositada na orla do estojo) ou CENTRAL (espoleta apresenta-se montada no centro da base do cartucho). Pode existir também o sistema de inflamação elétrico, empregado em armamentos de uso militar, como bazucas. QUANTO AO FUNCIONAMENTO ARMAS DE TIRO UNITÁRIO: dotado de um único tiro por cano, com carregamento manual, aparecendo em alguns tipos de espingardas de 1ª geração e em garruchas. Prof. Victor Botteon Aula 05 37 de 110| www.direcaoconcursos.com.br Balística Forense ARMAS DE REPETIÇÃO: “arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá- lo”, como ocorre com revólver, alguns tipos de espingardas, fuzis e carabinas. ARMAS SEMIAUTOMÁTICAS: “armas que realizam, automaticamente, todas as operações de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo, um novo acionamento do gatilho”, como, por exemplo, pode-se citar a maioria das pistolas, ocorrendo a ejeção do estojo balístico, com o retorno do ferrolho, e a inserção de um novo cartucho na câmara do cano, proveniente do carregador, após cada disparo efetuado. ARMAS AUTOMÁTICAS: “armas em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aquela que DÁ RAJADAS)”, como no caso das metralhadoras. Calibre de Arma de Fogo Outro critério para classificação de armas de fogo é com relação ao seu calibre. Mas o que seria isto? CALIBRE DE ARMA DE ALMA RAIADA O CALIBRE
Compartilhar