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08 - Balística Forense

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Prof. Victor Botteon 
 Aula 05 
 
1 de 110| www.direcaoconcursos.com.br 
Balística Forense 
 
Aula 05 
Balística Forense – Curso Regular 
Prof. Victor Botteon 
2019 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 05 
 
2 de 110| www.direcaoconcursos.com.br 
Balística Forense 
Sumário 
BALÍSTICA FORENSE............................................................................................................................... 3 
Energia Mecânica............................................................................................................................................ 4 
INTRODUÇÃO À BALÍSTICA FORENSE.......................................................................................................................... 6 
INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE.....................................................................................................................9 
Orifício de Entrada X Orifício de Saída............................................................................................................. 12 
Elementos Primários do Tiro........................................................................................................................... 14 
Elementos Secundários do Tiro....................................................................................................................... 15 
Distância do Tiro............................................................................................................................................ 17 
NOÇÕES DE IDENTIFICAÇÃO DE ARMAS DE FOGO....................................................................................................... 24 
Introdução..................................................................................................................................................... 24 
Classificação de Armas de Fogo...................................................................................................................... 30 
Calibre de Arma de Fogo................................................................................................................................. 37 
Munição........................................................................................................................................................ 40 
EXAMES PERICIAIS APLICADOS À BALÍSTICA FORENSE................................................................................................. 44 
Exame de Eficiência em Munição.................................................................................................................... 45 
Exame de Eficiência em Arma de Fogo............................................................................................................ 50 
Exame de Confronto Microbalístico................................................................................................................. 56 
Residuográfico............................................................................................................................................... 66 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR....................................................................................... 74 
LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 86 
GABARITO............................................................................................................................................ 94 
RESUMO DIRECIONADO........................................................................................................................ 95 
ANEXO................................................................................................................................................ 107 
 
 
 
 
 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 05 
 
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Balística Forense 
Balística Forense 
 Bem-vind@s ao universo forense! Essa aula abordará a teoria sobre noções de BALÍSTICA FORENSE, 
esperando que ao final, o aluno compreenda sobre seus principais conceitos, identificação de armas de fogo; 
mecanismos de disparo de arma de fogo, os principais exames periciais aplicados à área da Balística Forense, 
as lesões provocadas por projétil de arma de fogo, além de resoluções de questões relacionadas aos temas 
abordados e focadas em concursos públicos. Preparados? Bora começar! 
 
Noções de Balística Forense: Principais conceitos e exames; Disparo de arma de fogo e lesão 
perfurocontusa; Identificação de Armas de Fogo; Exame de eficiência em munição; Exame de eficiência 
em Arma de Fogo; Confronto Microbalístico; Residuográfico. 
 
INFORMAÇÕES IMPORTANTES ANTES DE COMEÇAR A AULA 
Antes de tudo, cumpre deixar consignado que as fotos apresentadas nesse material didático serão 
sempre de caráter exclusivamente educacional e científico, auxiliando no entendimento dos alunos sobre 
os temas abordados. As fotos que não são de autoria do autor serão citadas as devidas fontes de origem. 
A identidade de pessoas falecidas será sempre preservada, sem qualquer tipo de desrespeito ao luto e às 
vítimas e seus familiares. Peço encarecidamente aos alunos de nosso curso o total respeito e a não 
divulgação de imagens utilizadas nesse material didático. 
Agradeço desde já pela compreensão de todos. 
 
Recapitulando conceitos sobre Traumatologia Forense 
 
 A TRAUMATOLOGIA FORENSE é o campo da MEDICINA LEGAL o qual estuda as lesões corporais 
resultantes de traumatismos e seus aspectos médico-legais e jurídicos. 
 LESÃO CORPORAL é conceituada como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo 
humano por meio de qualquer agente ou energia lesiva externa, seja comissiva (positivo) ou omissiva 
(negativo), dolosa ou culposa, capaz de produzir alterações morfológicas de estruturas, modificações das 
atividades ou funções do corpo (desvio da normalidade). Do ponto de vista médico, pode ser anatômico, 
fisiológico e/ou mental. 
 Já as energias (agentes) lesivas ou vulnerantes são formas de energia capazes de provocar lesões, ou 
seja, de ofender a integridade física ou mental de um indivíduo. São divididos entre instrumentos e meios. 
 Os instrumentos lesivos são qualquer tipo de objeto que provoca lesão ao transferir energia para 
determinado corpo. Já o meio é qualquer situação que pode provocar lesões, seja de ordem física, química, 
físico-química, bioquímica, dentre outras. 
Prof. Victor Botteon 
 Aula 05 
 
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Balística Forense 
Energia Mecânica 
 São as energias que atuam mecanicamente de forma a alterar, parcial ou completamente, o estado 
de inércia (repouso ou de movimento) de um corpo. Agem por contato e diretamente sobre a superfície 
atingida. Tais energias podem apresentar atuação de forma ATIVA ou PASSIVA. O agente vulnerante 
(agens vulnerans) ativo projeta-se contra o corpo em repouso; já a ação passiva ocorre quando um corpo em 
movimento é lançado contra o agente vulnerante , o qual se encontra sem movimento aparente. Também 
pode ocorrer a ação MISTA, quando o corpo e o agente vulnerante se chocam mutuamente, estando ambos 
em movimento. 
 
Os agentes lesivos ou vulnerantes das energias mecânicas podem ser: 
 ARMAS PRÓPRIAS ou propriamente ditas: instrumentos criados com o intuito de atacar ou se 
defender, de forma a produzir lesões. Ex: ARMAS DE FOGO (objeto de estudo da nossa aula), 
espadas, cassetete, soco-inglês, dentre outras. 
 ARMAS IMPRÓPRIAS ou eventuais: instrumentos que possuem finalidades e empregos diversos, 
mas que podem ser utilizados como armas dependendo da situação. Ex: faca de cozinha, navalha de 
barbear, foice, pedra, guarda-chuva, bastão de beisebol, e assim por diante. 
 Armas naturais: mãos (soco), unhas (arranhão), dentes (mordida), pés (chute), cabeça (cabeçada), 
joelhos etc. Animais: cachorro, gato, macaco etc. 
 Outros meios diversos: explosões, quedas, precipitações (cair de elevada altura suficiente para 
causar graves lesões ou a morte, de causa acidental, suicida ou criminosa). 
 
 CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS MECÂNICOS 
Classificação segundo o modo de ação e as características as quais os agentes lesivos imprimem às 
lesões. 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS DE AÇÃO SIMPLES: perfurante, cortante, contundente. 
INSTRUMENTOS MECÂNICOS DE AÇÃO COMPOSTA (MISTA): perfurocortante, 
cortocontundente e o nosso assunto da aula de hoje: PERFUROCONTUNDENTE. 
 
O mecanismo de ação do agente vulnerante definirá o tipo de lesão produzida! 
 
Fique atento 
Vocês sabiam que um mesmo instrumento pode causar diferentes tipos de lesões?? 
Além das lesões típicas causadas, os instrumentos, por suas características específicas, de manuseio e 
conforme a ação empregada, podem atuar de diferentes formas. Uma faca pontiaguda e dotada de 
monogume, por exemplo, além de atuar como instrumento cortante, produzindo lesão incisa ao deslizar o 
gume afiado sobre a pele, e instrumento perfurocortante, produzindo lesão perfuroincisa ao perfurar e 
seccionar os tecidos, também pode atuar como um instrumento contundente, pela ação lesiva provocada 
Prof. Victor Botteon 
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Balística Forense 
 pelo cabo ou até mesmo pela região lateral da lâmina; perfurante, ao usar apenas a ponta para perfurar, 
sem exercer muita pressão; e até mesmo cortocontundente, ao exercer uma ação com predominância da 
força peso do instrumento, provocando contusão e corte na vítima. Fique atento! 
 
 Vamos relembrar então os instrumentos vulnerantes e os respectivos tipos de lesões provocadas os 
quais foram aprendidos até o presente momento em nosso curso? Bora lá! 
 
LESÃO INSTRUMENTO TÍPICO MODO DE ATUAÇÃO 
Punctória 
Perfurante: alfinetes, 
agulhas, espetos, furador 
de gelo. 
Pressão sobre um ponto. 
Incisa 
Cortante: facas, 
navalhas, bisturi, gilete, 
folha de papel, 
fragmentos de vidro. 
Deslizamento maior que 
a pressão aplicada. 
Contusa (genérica), 
ferida contusa e outras 
diversas modalidades 
Contundente: objetos 
com superfície plana, 
pedras, veículos, 
cassetetes, bastão, 
dentre outros diversos. 
Diversos: pressão, 
deslizamento, percussão, 
compressão, 
descompressão, 
explosão, distensão, 
torção, fricção, por 
contragolpe ou de forma 
mista. 
Perfuroincisa 
Perfurocortante: faca, 
punhal, lima, peixeira. 
Pressão (percussão) com 
secção. 
Cortocontusa 
Cortocontundente: foice, 
facão, machado, 
guilhotina, dente, unha, 
rodas de trem. 
Ação principal pela 
contusão, pela pressão 
devido ao próprio peso do 
instrumento e pela força 
aplicada pelo agressor, 
com presença de gume 
(secção). 
 
 Ficou faltando estudar o instrumento lesivo PERFUROCONTUNDENTE típico, o qual produzirá lesão 
denominada de PERFUROCONTUSA. Ansiosos? 
 Agora vamos iniciar nosso estudo sobre Balística Forense e essa área sobre lesões perpetradas por 
DISPAROS DE ARMAS DE FOGO (DAF) que chove em concursos públicos. Vamos lá! 
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Balística Forense 
Questão para fixar 
IBADE - Agente de Polícia Civil (PC-AC)/2017 
A lesão provocada por projétil de arma de fogo disparado a curta distância e que incide perpendicularmente 
sobre a pele é considerada: 
a) bioquímica. 
b) biodinâmica. 
c) incisa. 
d) perfurocontusa. 
e) cortocontusa. 
RESOLUÇÃO: 
 A lesão provocada por projétil de arma de fogo (PAF) é de ordem mecânica, já eliminando as 
alternativas A e B, consistindo em um instrumento perfurocontundente do tipo de ferimento denominado de 
perfurocontuso. Letra D é a alternativa correta da questão! 
 A lesão incisa é provocada pelo deslizamento + pressão de um gume afiado de um instrumento 
cortante. 
 A lesão cortocontusa é provocada por ação mista (contusa + cortante) com efeito do peso e do manejo 
do instrumento cortocontundente, como um facão, machado ou foice, por exemplo. 
Gabarito: D 
 
Introdução à Balística Forense 
 
 Antes de estudarmos as lesões provocadas pelos projéteis de armas de fogo, ou PAF para os mais 
íntimos, precisamos conceituar a BALÍSTICA. Por definição, a BALÍSTICA GERAL é a área da Física que trata 
de estudar o movimento de projéteis perpetrados por armas de fogo, consideradas então como armas 
próprias. 
 Além disso, referida área da Física se subdivide em outros campos, dependendo de sua finalidade de 
estudo. Temos a BALÍSTICA MILITAR, a qual realiza estudos sobre armas de fogo, munições e os fenômenos 
e efeitos relacionados aos tiros, possuindo finalidades bélicas, táticas e operacionais. E o nosso interesse de 
estudo é a BALÍSTICA FORENSE, ciência que também estuda as armas de fogo, as munições e os fenômenos 
e efeitos dos tiros, apresentando finalidade de esclarecimento de questões de providências policiais e 
judiciais. 
 Segundo o Mestre Eraldo Rabello (1995) conceitua, a Balística Forense faz “parte do conhecimento 
criminalístico e médico legal que tem por objeto, especial, o estudo das armas de fogo, das munições e dos 
fenômenos e efeitos próprios dos tiros destas armas, no interesse da justiça, tanto penal como civil". 
 Mas qual o conceito de arma de fogo?? 
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Balística Forense 
 De acordo com o Capítulo II (Definições) do Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000, o qual dá 
nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), arma e arma de fogo 
foram definidas no art 3º como: 
 IX – arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas; 
 XIII – arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados 
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um 
cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e 
estabilidade ao projétil. (...) 
 
 Portanto, a arma de fogo arremessará o projétil, sendo este um elemento sólido qualquer que vai se 
deslocar no espaço, após o recebimento de um impulso empregado, e atingirá determinado anteparo (corpo). 
O PROJÉTIL DA ARMA DE FOGO (PAF) É O VERDADEIRO INSTRUMENTO PERFUROCONTUNDENTE! 
Fique atento 
TRAJETÓRIA 
O caminho percorrido pelo projétil no espaço até atingir determinado corpo, ou seja, é o percurso do 
projétil da arma até a superfície do alvo atingido. 
 
TRAJETO 
O caminho percorrido pelo projétil no interior de um anteparo ou corpo (de um ser humano ou animal), 
podendo ser transfixante (com entrada e saída do projétil) ou não transfixante (projétil retido no corpo). 
 Também pode apresentar trajeto simples, resultante de um único projétil, ou múltiplo, resultante da 
ação de projéteis múltiplos. 
 
 
 
Trajetória 
Trajetória 
Trajeto 
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Balística Forense 
 A perícia possibilita determinar a orientação e o sentido do tiro (qual a trajetória e trajeto do projétil) e 
qual foi o orifício de entrada e o de saída, em caso de projétil que transfixou o corpo da vítima (entrada – 
trajeto – saída). Durante o trajeto, o PAF pode se chocar contra um tecido ósseo e ter o seu percurso alterado 
e também ficar retido. O Médico Legista consegue encontrar o projétil retido no interior do corpo da vítima 
durante o exame necroscópico e por meio de exames de radiografia. 
 Falaremos mais adiante também sobre a área de identificação de armas de fogo, os diversos tipos e 
classificações existentes, além de estudar com maiores detalhes os componentes dos cartuchos (munições) 
que apresentam interesse pericial. 
 Bom, voltaremos agora com o nossotema de Balística Forense. Prosseguindo! 
 
BALÍSTICA FORENSE 
–> BALÍSTICA INTERNA OU INTERIOR; 
–> BALÍSTICA EXTERNA OU EXTERIOR; 
–> BALÍSTICA DOS EFEITOS OU TERMINAL (mais cobrada em provas da área forense)! 
 
 • BALÍSTICA INTERNA => contempla o estudo interno dos mecanismo de funcionamento das armas de 
fogo, seus componentes, resistência de materiais, efeitos da detonação da espoleta e deflagração de agentes 
propelentes, dentre outros, até a saída do projétil pelo cano da arma, objetivando levantar elementos para 
melhor qualidade na produção de armas diversas e para os disparos. 
 
 • BALÍSTICA EXTERNA => foco de estudo na trajetória do projétil e sua movimentação no espaço, 
desde o momento da saída da boca do cano da arma de fogo até o seu destino final (alvo). A trajetória recebe 
influência de diversos fatores, dentre os quais se pode citar o efeito da gravidade e variáveis ambientais 
(pressão atmosférica, resistência do ar, velocidade e direcionamento de ventos), e de fatores intrínsecos ao 
disparo, como suas características, aerodinâmica e formato do projétil, velocidade, energia cinética, dentre 
outros (fotos, crédito na imagem). 
 
 
 
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Balística Forense 
 Durante a trajetória parabólica, o movimento do projétil expelido pelo cano de uma arma de fogo de 
alma raiada (veremos com detalhes sobre a classificação de armas pela alma do cano) pode ser decomposto 
em: translação vertical, horizontal, rotação, nutação e precessão (conceitos de Física sobre decomposição de 
vetores, não se preocupem para quem não é da área). 
 O ângulo crítico é aquele o qual o projétil deixa de possuir a capacidade de penetração em determinado 
anteparo e ocorre o fenômeno de ricochete do tiro, desviando a trajetória do PAF, dependendo de fatores 
como o tipo de projétil e das características do suporte que sofrerá o embate. 
 A alma raiada do cano confere maior estabilidade ao projétil e direcionamento para conseguir atingir 
um alvo a maiores distâncias com melhor precisão. Os elementos da trajetória determinam o alcance do PAF. 
 O perito criminal plantonista consegue realizar estudos sobre a trajetória de um PAF durante o 
levantamento de local de crime. A determinação da trajetória do projétil pode ser realizada a partir do ponto 
de impacto. A trajetória percorrida pelo PAF no espaço possui um determinado alcance, dependendo de 
diversos fatores, como variáveis ambientais, ângulo do disparo, e fatores intrínsecos à arma, ao tipo de 
cartucho e ao projétil empregados, por exemplo, como já vimos. 
 ALCANCE MÁXIMO OU REAL: distância entre a boca do cano e o ponto de repouso contra o solo 
 ALCANCE ÚTIL: distância entre a boca do cano até aquela em que o projétil ainda possui energia 
suficiente para deter um homem. É relativo. Estudaremos mais a frente os conceitos sobre incapacitação 
balística e poder de parada (stopping power). 
 ALCANCE COM PRECISÃO: distância em que um experiente atirador possui a capacidade de atingir um 
quadrado de 30 cm de lado. 
 
 • BALÍSTICA TERMINAL OU DOS EFEITOS 
 Nosso maior interesse na aula de hoje, sendo o assunto mais cobrado em provas de concursos públicos 
da área. Esse campo da Balística Forense foca no estudo do embate ou impacto do projétil no alvo até a sua 
parada (imobilização final), buscando investigar elementos relacionados aos efeitos dos tiros nos corpos 
(alvos), como a penetração do projétil, cavitação, lesões provocadas, deformação dos projéteis, deposição de 
resíduos oriundos dos componentes das munições, dentre outros interesses forenses. 
 
Instrumento perfurocontundente 
 
 Agora vamos estudar os agentes vulnerantes mecânicos de ação mista ou composta que faltava para 
nossos estudos na área de Traumatologia Forense. Lembram da aula de introdução à Medicina Legal? 
Ambroise Paré (1510-1590) foi um dos primeiros médicos a iniciar os estudos relacionados aos efeitos dos 
tiros e os ferimentos provocados nas vítimas, tema que veremos a partir de agora com maiores detalhes. 
 O principal instrumento perfurocontundente objeto de estudo é o projétil de arma de fogo (PAF), 
produzindo lesão denominada de perfurocontusa, apresentando características típicas representadas por 
orifício de entrada e o orifício de saída, quando transfixa o corpo após o trajeto. Também há os projéteis 
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Balística Forense 
múltiplos, expelidos por armas principalmente de alma lisa, os quais podem produzir diversas lesões com um 
único disparo. 
 
LESÃO INSTRUMENTO TÍPICO MODO DE ATUAÇÃO 
Perfurocontusa. 
Principal: Projétil de arma 
de fogo (PAF); 
Outro exemplo: ponteira 
do guarda-chuva. 
Atua traumaticamente 
perfurando e 
contundindo 
concomitantemente. 
 
 Vocês sabem qual a diferença entre um tiro e um disparo?? 
 O tiro é um disparo eficaz perpetrado pelo mecanismo de uma arma de fogo. Nem todo disparo 
resultará em um tiro. Os efeitos de um tiro resultará em diversas questões relacionadas a Balística Forense, 
podendo ser de ordem da Criminalística e/ou de ordem da Medicina Legal. Da Criminalística veremos mais 
adiante em nossa aula, sendo relacionados aos exames periciais efetuados em armas de fogo, munições e 
seus elementos e demais vestígios balísticos extrínsecos a pessoa física. 
 Os principais exames periciais que estudaremos são aqueles descritos no Procedimento Operacional 
Padrão (POP) da SENASP: exames de eficiência de cartuchos e de armas de fogo, exame de confronto 
microbalístico e coleta de resíduos provenientes do disparo para análise (residuográfico). 
 Além disso, outros tipos de exames que podem ser realizados pelos peritos criminais são de análises das 
lesões externas presentes em cadáveres em locais de crime; determinação de distância do tiro e 
reconstituição de trajetórias; diagnose diferencial entre disparo normal e um acidental em laboratório, dentre 
outros. 
 Os exames periciais de ordem Médico Legal envolvem aqueles realizados pelo perito Médico-Legista no 
IML, relacionados a pessoas, vivas ou mortas, externos e/ou internos, como a caracterização das lesões 
perfurocontusas (trajeto do PAF). 
 
 
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 A foto ilustra uma lesão perfurocontusa típica de orifício de entrada (veremos as características em 
breve). Exemplo de descrição no laudo: “o cadáver apresentava ferimento perfurocontuso com características 
dos provocados pela passagem de projétil de arma de fogo, dotados de energia cinética. Os disparos foram 
efetuados à distância pelas características apresentadas pelas lesões. Cumpre consignar que não foram 
encontradas armas de fogo e estojos deflagrados no local de crime que pudessem estar relacionadas ao 
evento criminoso”. Maiores detalhes das características das lesões veremos em breve. 
 Ainda tratando sobre os elementos importantes da Balística Forense terminal, temos mais alguns 
conceitos importantes a serem abordados. A INCAPACITAÇÃO BALÍSTICA consiste na “impossibilidade 
física e/ou mental de uma pessoa oferecer qualquer risco de matar ou ferir outra pessoa” (Silvino Jr., 
2018), tornando o oponente ineficaz e fora de combate. 
 PODER DE PARADA (STOPPING POWER) => consiste na capacidade que um projétil possui de 
incapacitar instantaneamente um indivíduo, dependendo de características da arma de fogo empregada, 
tipo de munição, da distância e do alvo. Mas acima de tudo, segundo nos ensina o Prof. Silvino Jr. (2018), o 
poder de parada dependerá da região anatômica da vítima que foi atingida e/ou da perda de sangue do 
indivíduo (hipovolemia) resultante do PAF. 
 Quando o PAF impacta contra um determinado corpo, ocorrerá a deformação do tecido da região 
atingida, em virtude dadissipação de energia resultante, obedecendo então as leis da Física da energia 
cinética (E= m.v2/2) e do momento linear (Q = m.v -> ∆Q = I), para os apaixonados pelas Exatas (podem cair 
questões na sua prova se a disciplina de Física for cobrada no conteúdo programático do edital, como ocorre 
com o concurso de Perito Criminal do estado de SP). 
 A penetração do PAF no corpo provocará a denominada CAVIDADE PERMANENTE, consistindo no 
espaço que era ocupado anteriormente por tecidos e sendo destruídos pela passagem do projétil durante 
o trajeto pelo corpo. Essa capacidade de penetração no corpo depende da massa e do design do projétil, e 
não de sua velocidade (Silvino Jr., 2018), consistindo em um relevante fator para garantir a efetividade de um 
calibre. A transferência da energia oriunda do PAF também produzirá a denominada CAVIDADE 
TEMPORÁRIA, como o próprio nome já nos ensina consiste em uma expansão da cavidade permanente, não 
sendo duradoura, sem destruição dos tecidos e sem produção de traumas significativos, quando retração dos 
tecidos posteriormente (ilustrada pela região cinza da figura abaixo). Tal fenômeno é chamado de 
CAVITAÇÃO. 
 
 
Crédito da imagem: adaptado de Fackler apud Hercules (2014) 
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 Além disso, a ação de um PAF em seu alvo resultará na produção de efeitos de ordem primária e de 
ordem secundária: 
• ELEMENTOS PRIMÁRIOS: são resultantes da ação direta do embate do PAF no alvo, 
independentemente da distância a qual o tiro foi efetuado. 
• ELEMENTOS SECUNDÁRIOS: são resultantes da ação explosiva dos gases e resíduos da combustão da 
pólvora. Estes elementos podem estar presentes e observados no corpo da vítima quando em tiros 
perpetrados a distâncias mais próximas do alvo, dependendo de diversos fatores. 
 
Orifício de Entrada X Orifício de Saída 
 Quando um PAF atinge um corpo e o transfixa, quais as principais características que o perito pode 
observar para distinguir qual foi o orifício de entrada e qual foi o orifício de saída do projétil? 
 
 A lesão de entrada pode ser resultado de um projétil único ou de projéteis múltiplos. Quanto à forma da 
lesão perfuro contusa, o orifício vai variar bastante conforme o ângulo de entrada do projétil no corpo pela 
ação perfurocontundente. 
 No tiro perpendicular, a FERIDA DE ENTRADA se apresentará com forma mais redonda, bordos 
regulares e invertidos; e se apresentando de forma mais oval, linear ou em fenda dependendo da angulação 
de entrada (foto anterior).Quando o PAF penetra apenas no tecido subcutâneo, geralmente de forma 
tangencial, não atingindo planos mais profundos e cavidades do corpo, o ferimento denomina-se LESÃO “EM 
SEDENHO” (foto abaixo). Também pode ocorrer a lesão por PAF “de raspão”, ou em canaleta, atingindo a 
pele tangencialmente, sem a ocorrência da penetração e com produção de alongadas escoriações. 
 O ORIFÍCIO DE SAÍDA, por sua vez, geralmente é maior do que o orifício de entrada, apresenta 
formato irregular, com maior presença de sangramento, ausência de elementos primários e secundários 
do tiro e seus bordos se apresentam geralmente evertidos. Lembrando que para toda regra há exceção! 
 
 
 
 
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Fique atento 
ORIFÍCIO DE ENTRADA ORIFÍCIO DE SAÍDA 
Invertido. Evertido. 
Regular. Irregular. 
Dimensão aproximada 
ao diâmetro do projeto. 
Dimensão superior ao 
diâmetro do projétil. 
Presença de elementos 
primários (orlas) e 
secundários (zonas), 
dependendo da 
distância do tiro. 
Ausência de elementos 
primários e secundários. 
 
 “TRAJETO EM CHULEIO” OU “TRAJETO EM ALINHAVO”: situação quando ocorre a transfixação de 
diversos segmentos do corpo por um único PAF disparado, com presença de mais orifícios de entrada e saída. 
Neste cenário, a primeira lesão perfurocontusa de entrada é denominada de “ferida primária” e os demais 
ferimentos resultantes da transfixação do PAF são chamadas de “feridas secundárias” ou “feridas de 
reentrada”. O estabelecimento do trajeto realizado pelo PAF deve ser descrito durante o exame 
necroscópico (foto). 
 
Crédito da foto: Prof. Gerson Odilon Pereira apud França (2017). 
 
 Quando não ocorre a transfixação do corpo pelo PAF, ou seja, ocorre apenas a penetração (orifício de 
entrada) e a formação das cavidades do trajeto, com o projétil retido no interior do corpo com a ausência do 
orifício de saída, pode-se chamar de “ferida cega” ou “em fundo de saco”. 
 
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Elementos Primários do Tiro 
 As lesões provocados por PAF podem apresentar causa homicida, suicida ou até mesmo acidental, e os 
exames periciais são fundamentais para a determinação desta diagnose diferencial. Em casos de suicídio, a 
vítima apresentará preferência por certos pontos pelo disparo de arma de fogo (DAF), chamados de zona de 
eleição, como regiões da cabeça, ouvido, boca, dentre outras regiões vitais. Todos os elementos materiais 
precisam ser analisados em todo o contexto durante o levantamento do local de crime e durante o exame 
perinecroscópico. 
 O impacto do projétil contra o corpo e a sua consequente penetração por ação perfurocontundente 
produzirá a deformação dos tecidos, provocando a ocorrência da ORLA DE CONTUSÃO, ORLA 
DESEPITELIZADA DE FRANÇA, ORLA EROSIVA DE PIEDELIÈVRE E DESOILLE, ZONA DE CONTUSÃO 
DE THOINOT, ZONA INFLAMATÓRIA DE HOFFMANN, HALO MARGINAL EQUIMÓTICO-ESCORIATIVO 
DE LEONCINI OU ANEL DE FISCH, consistindo na área que circunda o orifício de entrada, consequente à 
escoriação tegumentar provocada pelo impacto rotatório e pelo atrito do PAF, ocorrendo a invaginação do 
tecido. O ferimento de entrada nas vísceras, principalmente no pulmão, apresenta o halo hemorrágico 
visceral de Bonnet. 
 Também há a ocorrência do HALO OU ORLA DE ENXUGO, ALIMPADURA OU DE LIMPEZA (ORLA 
DE CHAVIGNY) no orifício de entrada, consistindo zona de cor escura pela deposição de resíduos da pólvora 
nas imediações do orifício de entrada conforme o PAF vai penetrando e adentrando no corpo, realizando a 
limpeza ou enxugo do projétil. As sujidades do PAF ficam então aderidas ao tecido. Esta orla pode inexistir 
quando o PAF encontra outro obstáculo antes de atingir o corpo de um indivíduo, sendo limpo até mesmo nas 
vestes trajadas pela vítima. 
 Por fim, também pode ocorrer a presença da ORLA EQUIMÓTICA, consistindo na zona da hemorragia 
provocada pela ruptura de pequenos vasos e infiltração nas malhas dos tecidos adjacentes à lesão (orifício de 
entrada). Nem sempre está presente! Esta orla pode aparecer também no orifício de saída. As orlas de enxugo 
e de contusão são características do orifício de entrada causado pelo embate de PAF animado de energia 
cinética. 
 
 
Crédito da imagem: Prof. Eraldo Rabelo. 
 
 SINAL DE ROMANESI: consiste NA ORLA DE ESCORIAÇÃO que ocorre adjacente ao orifício de 
SAÍDA da lesão causada por PAF quando o corpo se encontra em contato com um anteparo rígido 
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externamente. O projétil transfixante ficaria retido no anteparo ou, dependendo da situação e da 
característica do anteparo rígido o qual o corpo está encostado, pode nem ocorrer a transfixação completa, 
ficando o PAF retido no corpo nesse cenário. 
 SINAL DE BONNET (FUNIL DE BONNET): define a entrada e a saída do PAF em plano ósseo, 
principalmente nos ossos do crânio. Também conhecido pelo nome de CONE TRUNCADO DE POUSOLD. 
Segundo relata o Dr. França (2017), as características de tal sinal consiste em ferimento de entrada 
arredondado, regular e em forma de “saca-bocado”, na lâmina óssea externa.Já na lâmina interna, o 
ferimento é irregular e maior, dando à perfuração o formato então de um funil ou de um tronco de cone 
(foto). O ferimento de saída apresenta as características a o contrário, com a base do cone voltada para fora. 
 
 
Crédito da foto: Dr. França (2017). 
 
Elementos Secundários do Tiro 
 Quando da realização do tiro, diversos resíduos sólidos provenientes da detonação da mistura iniciadora 
e da pólvora, e mais produtos gasosos são expelidos juntamente com o projétil. Parte destes resíduos 
também ficam impregnados no interior do cano da arma de fogo, permitindo ao perito criminal realizar 
exames de recenticidade de disparo de arma de fogo (DAF), por meio de aplicação de reagente (IPT+NH4) 
para a pesquisa e detecção de nitritos em até aproximadamente uma semana após a realização do disparo. 
 Parte desses resíduos também é projetada para fora do cano da arma, atingindo as mãos, braços, vestes 
do atirador e até o local de crime, permitindo outro exame pericial (o qual veremos mais adiante) visando à 
pesquisa por partículas provenientes do DAF (residuográfico), principalmente pelos principais elementos: 
antimônio (Sb), bário (Ba) e chumbo (Pb). 
 Portanto, os produtos residuais da combustão de explosivos (nitrato de potássio, nitrito de potássio, 
sulfeto de potássio, sulfeto de chumbo, hidrogênio-sulfeto, sulfidreto, tiocianato de potássio, carbonato de 
potássio, carvão, fulminato de mercúrio, estifinato de chumbo), resultantes do tiro, podem ser levantados no 
corpo da vítima e do atirador, nas vestes, no cano da arma de fogo, nas câmaras do tambor do revólver, 
estojos balísticos vazios (Croce & Croce Jr. 2012). 
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 Quando o tiro atinge o corpo (alvo) também se pode observar os efeitos dos elementos secundários, os 
quais permitem ao perito realizar valiosas apreciações acerca da dinâmica dos fatos, podendo inferir sobre a 
distância e a angulação do tiro com relação à vítima. Tais elementos compreendem a ZONA DE 
CHAMUSCAMENTO/QUEIMADURA; ZONA DE ESFUMAÇAMENTO e ZONA DE TATUAGEM. 
 
Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012) 
 
 ZONA DE CHAMUSCAMENTO 
 A chama consequente à combustão da pólvora exterioriza-se em forma de cone. A zona de 
chamuscamento é resultante da ação dos gases superaquecidos resultantes da combustão do explosivo 
propelente, provocando queimaduras na pele, nos pelos, nas vestes trajadas pela vítima, em tiros 
encostados e à curta distância. A ação das chamas (agressão térmica) pode provocar a NECROSE 
COAGULATIVA TÉRMICA. 
 ZONA DE ESFUMAÇAMENTO 
 Essa zona consiste na deposição de grânulos de fuligem ao redor do orifício de entrada da lesão 
provocada por PAF, sendo superficial e removida por lavagem (falsa zona de tatuagem). A dispersão 
(diâmetro) da fuligem aumenta segundo a distância entre a boca do cano da arma de fogo e o alvo, 
variando também conforme o ângulo do tiro. 
 ZONA DE TATUAGEM 
 A zona de tatuagem verdadeira é composta pela impregnação de partículas de pólvora incombusta, 
dispersas ao redor do orifício de entrada. Os grânulos ficam incrustados na pele, sendo de difícil remoção 
por lavagem, recebendo a denominação de “tatuagem das armas de fogo”. Também pode ser dividida em 
zona de TATUAGEM INDELÉVEL (TATUAGEM PROPRIAMENTE DITA), cenário o qual a incrustação das 
partículas ocorre em camadas mais profundas da pele; e TATUAGEM DELÉVEL, quando a impregnação dos 
grânulos de pólvora incombusta ocorre mais superficialmente na pele da vítima, possibilitando a remoção das 
partículas por meio de lavagem. 
 Durante o exame pericial, o perito precisa avaliar também a ocorrência de falsa zona de tatuagem ou de 
outros elementos, como por exemplo, casos de impregnação de fragmentos vítreos (de vidro) na pele, dentre 
outros, que podem levar a uma conclusão equivocada. 
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 As características das referidas zonas podem fornecer informações sobre a distância e ângulo do tiro e 
até mesmo sobre o tipo de munição (pólvora) utilizada. 
 Fique atento 
Tanto a presença das orlas (halos) dos efeitos primários quanto a presença das zonas dos efeitos 
secundários do tiro caracterizam o orifício de entrada da lesão perfurocontusa perpetrada por PAF! 
 
Distância do Tiro 
 Considerando a distância com que os tiros são disparados, o Mestre Di Maio e outros autores classificam 
em: TIROS ENCOSTADOS (ARMA APOIADA); TIROS À CURTA DISTÂNCIA (À QUEIMA-ROUPA); TIROS 
À DISTÂNCIA (DE LONGE OU DE LONGA DISTÂNCIA). 
 Lembrando que essa classificação é bastante relativa, pois não existe uma distância ou um intervalo de 
distância tão precisa para cada classificação, dependendo de diversos fatores, com exceção do tiro encostado 
como o próprio nome nos revela. As demais distâncias precisam ser levantadas por meio de ensaios 
experimentais que veremos ao final deste tópico. Essa classificação permite uma observação inicial para a 
inferência da distância do tiro, baseada em elementos de ordem primária e secundária encontrados na lesão 
de entrada provocada por PAF. 
 
 TIRO ENCOSTADO 
 Quando o tiro é disparado com a boca do cano da arma de fogo em contato direto com a superfície do 
alvo (imagem abaixo), podendo provocar os efeitos explosivos quando em contato com plano ósseo. 
 
Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012). 
 
 Vamos começar com mais epônimos importantes! 
 SINAL DE BENASSI (OU BENASSI-CUELI): presença de halo fuliginoso no exterior do plano ósseo. 
 SINAL DE “SCHUSSKANOL”: esfumaçamento presente nas paredes do conduto (túnel) produzido pelo 
PAF, situado entre as lâminas interna e externa de um osso chato. 
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 SINAL DE WERKGARTNER (PUPPE-WERKGARTNER): impressão formada pela boca do cano da arma 
de fogo (e/ou da massa de mira) na superfície da pele atingida, ao redor do orifício de entrada (foto). 
 
Crédito da foto: França (2017). 
 
 CÂMARA (BOCA) DE MINA DE HOFFMANN: fenômeno relacionado ao efeito explosivo violento dos 
gases (blow-out) em situação de tiro encostado (imagem abaixo), principalmente sob planos ósseos, 
acarretando a formação da “mina”, uma lesão de entrada com diâmetro geralmente maior do que o do 
projétil e com as bordas evertidas (voltadas para fora da lesão), com ocorrência do escurecimento do orifício e 
do início do trajeto por causa deposição de fuligem e resíduos da pólvora (foto). 
 
 
 
 TIROS À CURTA DISTÂNCIA OU À QUEIMA-ROUPA 
 A expressão “à queima roupa” já diz bastante coisa. O tiro é perpetrado próximo ao alvo a ponto de que 
o cone das chamas provenientes do disparo atinjam o corpo (ZONA DE CHAMUSCAMENTO), provocando a 
queimadura da pele, pelos, vestes. O orifício de entrada assume forma arredondada ou ovalar, encontrando-
se circundado pelos elementos secundários do tiro (zona de esfumaçamento e de tatuagem, além da zona 
de chamuscamento). À medida que a distância do tiro cresce, aumenta o diâmetro dessas zonas (foto). 
 O DAF sofre com os efeitos do cone de dispersão do tiro , sendo possível inferir sobre a distância do tiro, 
sendo o teste mais preciso quando for utilizado para os exames as mesmas condições do caso concreto, 
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empregando o mesmo tipo de arma de fogo, mesmo tipo de munição (mesmas características de seus 
elementos), dentre outros fatores. 
 
Crédito da imagem: Croce & Croce Jr. (2012). 
 
 
 Crédito da imagem: residuograma do Prof. Eraldo Rabello. 
 
 
 
 No exame de residuograma são tomadas as medidas do diâmetro e formato das zonas causadas pelos 
resíduos da pólvora.Para inferir sobre a distância do tiro, entre o cano da arma de fogo até atingir a superfície 
do corpo da vítima, ensaios experimentais são realizados com disparos a diferentes distâncias, buscando 
utilizar na experimentação a mesma arma de fogo com a mesma munição (mesmo lote, se possível), até 
resultar em características de deposição de resíduos similar ao resultado observado no corpo da vítima, vestes 
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ou outro anteparo objeto de exame. A tabela a seguir demonstra distâncias aproximadas correspondentes às 
modalidades de disparo para armas do tipo revólver e pistola, com emprego de munição usual de carga 
simples utilizadas no Brasil. 
 
 
Crédito: Muñoz & Almeida apud França (2017). 
 
 Observação: as armas que apresentam compensadores de recuo alteram esse formato 
tradicionalmente observado do residuograma. Também pode deixar de provocar o ferimento em câmara (ou 
boca) de mina de Hoffmann nos tiros encostados em plano ósseo, em face da dispersão dos gases pelos furos 
da extremidade distal do cano da arma de fogo. 
 
 TIRO À DISTÂNCIA (TIROS DE LONGE OU DE LONGA DISTÂNCIA) 
 Presença de orifício de entrada com orla de contusão e o halo de enxugo, presentes nos orifícios de 
entrada independentemente da distância do tiro, e a aréola equimótica nem sempre presente, com o 
diâmetro do orifício geralmente menor do que o diâmetro do projétil. Os elementos secundários (zonas) 
NÃO são observados em tiros desta natureza! 
 FERIMENTO DE ENTRADA DE PAF EM FORMATO DE “BURACO DE FECHADURA”. 
 Tipo especial de ferimento de entrada que pode ocorrer geralmente nos ossos da calvária, quando o 
PAF atinge a região por meio de incidência tangencial suficiente para penetrar na cavidade craniana (foto). 
 
Crédito da foto: Prof. Jorge Paulete Vanrell apud França (2017). 
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 ARMAS DE PROJÉTEIS MÚLTIPLOS 
 Geralmente são as armas dotadas de cano de alma lisa, de caça como espingarda, as quais geralmente 
expelem projéteis múltiplos esféricos (BALINS). Os tiros perpetrados à distância determinam a formação da 
chamada rosa ou “roseta do tiro”, formando um cone de dispersão progressivo na sua trajetória até o 
impacto contra o alvo, sendo possível inferir sobre a distância do tiro pela dispersão dos diversos projéteis. 
Quanto mais longe tiver sido perpetrado o DAF, maior será a circunferência da rosa do tiro e menor será a 
precisão. 
 Nos tiros a curta distância ou à queima-roupa, o orifício de entrada produzido pode ser de grande 
dimensão em virtude da penetração da bucha presente no cartucho, podendo apresentar inúmeros orifícios 
menores ao redor da lesão central, originados pelos balins dispersos. Também pode ocorrer a lesão 
perpetrada por um único PAF chamado balote, mais comumente presente quando o DAF foi efetuado por 
meio de arma dotado de cano liso chokebored. 
 
 LESÕES PRODUZIDAS POR PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA 
 Os ferimentos de entrada produzidos por esses projéteis dotados de alta velocidade e elevada energia 
cinética podem provocar extensas áreas de deformação dos tecidos atingidos, com ocorrência de orifícios 
muito maiores do que o diâmetro do projétil. As orlas dos efeitos primários podem se encontrar irregulares ou 
até ausentes tamanha a deformação causada (foto). Os ferimentos de saída apresentam geralmente a forma 
de rasgões, como se a pele fosse puxada e rasgada, segundo descreve o Dr. França (2017), bem diferente do 
observado com as “armas de fogo tradicionais” de baixa energia. 
 
 
Crédito da foto: Dr. Carlos Henrique S. Durão apud França (2017), adaptada (tarja preta). 
 
 Os projéteis de alta energia apresentam velocidade superior a 750 m/s, produzindo ondas de pressão e 
de choque, com potência proporcional à resistência dos tecidos. O fenômeno da cavitação apresenta 
cavidades temporárias nos sentidos transversal e longitudinal, em virtude da aceleração brusca dos tecidos, e 
a presença de várias expansões, conhecidas como cavitação temporária pulsante, sendo possível observar 
um rastro de pequenas bolhas de ar ao final do processo. O dano causado pode ser bastante significativo. A 
cavidade permanente apresenta dimensões médias transversais do projétil (França, 2017). 
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 Agora vamos praticar resolvendo questões sobre os assuntos tratados nesse tópico importante da 
nossa aula. Vamos lá! 
Questões para fixar 
Delegado de Polícia (PC-MG)/2015 
O percurso realizado por um projétil de arma de fogo no interior do corpo humano é denominado 
a) deformação. 
b) halo. 
c) trajeto. 
d) trajetória. 
RESOLUÇÃO: 
 Para nunca mais esquecer, hein! O percurso do PAF no interior do corpo (não necessariamente humano) 
é denominado TRAJETO. 
 O percurso do PAF externamente ao corpo (anteparo), do cano da arma de fogo até o corpo, e ao sair do 
corpo após a transfixação até a imobilização final, chama-se TRAJETÓRIA! 
Gabarito: C 
 
FUNCAB - Perito Criminal - Contabilidade (PC-AC)/2015 
O respectivo sinal de balística resulta da impregnação de grãos de pólvora incombusta que alcançam o corpo 
e se incrustam na pele, orientando a perícia quanto à posição da vítima e do agressor. Trata-se do sinal de: 
a) orla de escoriação ou contusão. 
b) orla de enxugo. 
c) zona de esfumaçamento. 
d) zona de tatuagem. 
e) zona de chamuscamento. 
RESOLUÇÃO: 
 O enunciado da questão falou sobre impregnação de pólvora incombusta na pele, ou seja, está nos 
falando sobre efeitos secundários do tiro presentes ao redor do orifício de ENTRADA. As letras A e B tratam 
sobre efeitos primários e já podemos descartar logo de cara. 
 A zona de chamuscamento (E) é a queimadura provocada em tiros à curta distância e a zona de 
esfumaçamento (podendo ser chamada também de falsa tatuagem) consiste na impregnação de fuligem ao 
redor do orifício de entrada. O sinal descrito na questão se trata da zona de tatuagem, a qual apresenta 
grânulos de pólvora incombusta que podem ficar incrustados na pele atingida. 
Gabarito: D 
FUNCAB - Perito Criminal (PC-AC)/2015 
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Sobre o Sinal de Schusskanol, no estudo da Balística forense, é correto afirmar que : 
a) é o esfumaçamento encontrado no túnel do tiro diante de tiros de cano encostado ou a curta distância. 
b) diz respeito à tatuagem escura que fica impregnada no osso (mancha escura), em decorrência de disparo 
com cano encostado. 
c) se trata de ferida de entrada de projétil de arma de fogo quando diante de tiro com cano encostado quando 
há superfície óssea no local do disparo. 
d) se caracteriza pela ferida oblíqua provocada por projétil de arma de fogo, somente atingindo a pele, sem as 
demais camadas. 
e) ocorre nos ossos da calvária, quando o projétil tem incidência tangencial. 
RESOLUÇÃO: 
 Vejam como pode cair epônimos na prova! Ótima questão para relembrar os conceitos! 
 O SINAL DE “SCHUSSKANOL” consiste no esfumaçamento presente nas paredes do conduto (túnel) 
produzido pelo PAF, situado entre as lâminas interna e externa de um osso chato. Tal definição se encontra 
logo na alternativa A! 
 A letra B se trata do sinal de Benassi; 
 A letra C se trata da Câmara de Mina de Hoffmann; 
 A letra D se trata da lesão em sedenho; 
 A letra E se trata da lesão em formato de fechadura. 
Gabarito: A 
 
FGV - Delegado de Polícia (PC-MA)/2012 
As feridas em sedenho resultam da 
a) ação penetrante de um instrumento cortante na região anterior do pescoço. 
b) transfixação de vísceras ocas por instrumentos perfurantes. 
c) ação mutilante dos instrumentos corto-contundentes nas extremidadesdos membros. 
d) ação subcutânea dos instrumentos pérfuro-contundentes nos tiros oblíquos. 
e) escoriação da pele nos tiros tangencias. 
RESOLUÇÃO: 
 A lesão denominada de “ferida em sedenho” é um tipo de lesão perfurocontusa, sendo produzida, 
portanto, por meio de um instrumento perfurocontundente. Somente de posse desta informação já podemos 
excluir as letras A, B e C. 
 Referida lesão consiste na penetração subcutânea da pele por ação de um PAF, sem atingir planos mais 
profundos de cavidade do corpo, ocorrendo geralmente em tiros tangenciais. O tiro de raspão atinge 
tangencialmente o corpo, produzindo escoriação e sem ocorrer a penetração do PAF (E). 
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Gabarito: D 
 Bora matar mais uma questão! 
INSTITUTO AOCP - Técnico em Necropsia (EBSERH)/2015 
Durante necrópsia de uma vítima de múltiplos ferimentos por disparo de arma de fogo, o Perito observou que 
uma das lesões apresentava características que a diferenciava das demais: a borda de um dos ferimentos 
parecia queimada, era irregular e estava evertida. Este tipo de ferimento é conhecido como 
a) tiro a curta distância. 
b) tiro encostado. 
c) tiro distante. 
d) tiro irregular. 
e) tiro aproximado. 
RESOLUÇÃO: 
 Muita atenção! Falou em bordas irregulares e evertidas o concurseiro pode pensar de cara no orifício de 
saída da lesão provocada pelo PAF. Sorte a nossa que nem tem essa opção dentre as alternativas disponíveis! 
 Outra informação que o enunciado nos trouxe foi a presença de queimadura, a qual ocorre em tiros 
efetuados encostados (B) ou à curta distância (A). O sinal Balístico que provoca essa lesão de entrada com 
estas características descritas é a “Câmara de Mina de Hoffmann”, fenômeno o qual ocorre em tiros 
encostados em planos ósseos. Portanto, letra B de Balística Forense! 
Gabarito: B 
 Agora que já estamos craques nas lesões perfurocontusas, vamos estudar com mais detalhe os 
instrumentos que expelem o projétil (instrumento perfurocontundente): as ARMAS DE FOGO e suas 
classificações. 
 
Noções de Identificação de Armas de Fogo 
 
Introdução 
 As mortes provocadas por disparos de armas de fogo (pelo projétil lançado pela arma de fogo) vêm 
aumentando significativamente no Brasil e em diversos locais do mundo. No artigo intitulado "Global 
mortality from firearms, 1990-2016", publicado no ano de 2018 na revista "Journal of the American Medical 
Association", os autores estimaram a mortalidade causada por disparos de arma de fogo no período situado 
entre 1990 a 2016 em 195 países. Estimou-se entre 195.000 e 276.000 mortes por disparo de arma de fogo em 
todo o mundo em 2016, com 6 países (BRASIL, Estados Unidos, México, Colômbia, Venezuela e Guatemala) 
representando 50,5% dessas mortes, sendo o homicídio a principal morte provocada. Como mudar este 
cenário? 
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 Vamos começar agora a estudar sobre as armas de fogo e os principais exames periciais que auxiliam na 
resolução destes casos que assolam a nossa sociedade. 
 Bom, já definimos até esse momento de nossa aula alguns conceitos importantes como o que seria uma 
ARMA DE FOGO. Agora vamos estudar os principais assuntos sobre esse tema presentes na legislação 
brasileira e que podem cair na sua prova de concurso público. Uma parte mais chatinha, porém 
imprescindível. Bora para algumas definições importantes! 
 
Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004 
 Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e 
comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes. 
(...) 
CAPÍTULO II 
DA ARMA DE FOGO 
Seção I 
Das Definições 
 
Art. 10. ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem 
como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei 
no 10.826, de 2003. 
Art. 11. ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições 
de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do 
Exército, de acordo com legislação específica. 
(...) 
 
Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 
 Dá nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). 
(...) 
CAPÍTULO II 
DEFINIÇÕES 
 
IX - arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas; 
X - arma automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento 
ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aquela que dá rajadas); 
XI - arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou oblonga; 
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XII - arma controlada: arma que, pelas suas características de efeito físico e psicológico, pode causar danos 
altamente nocivos e, por esse motivo, é controlada pelo Exército, por competência outorgada pela União; 
XIII - arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela 
combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que 
tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao 
projétil; 
XIV - arma de porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por um indivíduo em 
um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta 
definição, pistolas, revólveres e garruchas; 
XV - arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento implica o emprego de gases comprimidos para 
impulsão do projétil, os quais podem estar previamente armazenados em um reservatório ou ser produzidos 
por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo solidário a uma mola, no momento do disparo; 
XVI - arma de repetição: arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da sua ação 
sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta para 
concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo; 
XVII - arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a 
pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército; 
XVIII - arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas 
instituições de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo 
Exército, de acordo com legislação específica; 
XIX - arma pesada: arma empregada em operações militares em proveito da ação de um grupo de homens, 
devido ao seu poderoso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de poderosos meios de 
lançamento ou de cargas de projeção; 
XX - arma não-portátil: arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser transportada por 
um único homem; 
XXI - arma de fogo obsoleta: arma de fogo que não se presta mais ao uso normal, devido a sua munição e 
elementos de munição não serem mais fabricados, ou por ser ela própria de fabricação muito antiga ou de 
modelo muito antigo e fora de uso; pela sua obsolescência, presta-se mais a ser considerada relíquia ou a 
constituir peça de coleção; 
XXII - arma portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único 
homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização 
eficiente do disparo; 
XXIII - arma semi-automática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento 
com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer,a cada disparo, um novo acionamento do gatilho (...) 
XXXV - calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do 
raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir ou 
caracterizar um tipo de munição ou de arma; 
XXXVI - canhão: armamento pesado que realiza tiro de trajetória tensa e cujo calibre é maior ou igual a vinte 
milímetros; 
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XXXVII - carabina: arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - 
embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada; 
XXXVIII - carregador: artefato projetado e produzido especificamente para conter os cartuchos de uma arma 
de fogo, apresentar-lhe um novo cartucho após cada disparo e a ela estar solidário em todos os seus 
movimentos; pode ser parte integrante da estrutura da arma ou, o que é mais comum, ser independente, 
permitindo que seja fixado ou retirado da arma, com facilidade, por ação sobre um dispositivo de fixação; (...) 
XLIX - espingarda: arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não-raiada; 
LIII - fuzil: arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada; 
LXI - metralhadora: arma de fogo portátil, que realiza tiro automático; 
LXII - morteiro: armamento pesado, usado normalmente em campanha, de carregamento antecarga 
(carregamento pela boca), que realiza unicamente tiro de trajetória curva; 
LXIII - mosquetão: fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma carabina, de repetição por ação de 
ferrolho montado no mecanismo da culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo; 
LXIV - munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito 
desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; 
manejo; outros efeitos especiais; 
LXV - obuseiro: armamento pesado semelhante ao canhão, usado normalmente em campanha, que tem 
carregamento pela culatra, realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de trajetória curva e dispara 
projéteis de calibres médios a pesados, muito acima de vinte milímetros; 
LXVI - petrecho: aparelho ou equipamento elaborado para o emprego bélico; 
LXVII - pistola: arma de fogo de porte, geralmente semi-automática, cuja única câmara faz parte do 
corpo do cano e cujo carregador, quando em posição fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta 
seqüencialmente para o carregamento inicial e após cada disparo; há pistolas de repetição que não 
dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente, tiro-a-tiro, pelo atirador; 
LXVIII - pistola-metralhadora: metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada com 
apenas uma das mãos, tal como uma pistola; 
LXXI - raias: sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de 
forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos projéteis, ou granadas, 
que lhes garante estabilidade na trajetória; 
LXXIV - revólver: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado atrás 
do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas e eqüidistantes do seu eixo e que 
recebem a munição, servindo de câmara; 
LXXIX - uso permitido: a designação "de uso permitido" é dada aos produtos controlados pelo Exército, cuja 
utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação 
normativa do Exército; 
LXXX - uso proibido: a antiga designação "de uso proibido" é dada aos produtos controlados pelo Exército 
designados como "de uso restrito"; 
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LXXXI - uso restrito: a designação "de uso restrito" é dada aos produtos controlados pelo Exército que só 
podem ser utilizados pelas Forças Armadas ou, autorizadas pelo Exército, algumas Instituições de Segurança, 
pessoas jurídicas habilitadas e pessoas físicas habilitadas; 
(...) 
CAPÍTULO III 
PRODUTOS CONTROLADOS DE USO RESTRITO E PERMITIDO 
(IMPORTANTE!) 
 
Art. 15. As armas, munições, acessórios e equipamentos são classificados, quanto ao uso, em: 
I - de uso restrito; e 
II - de uso permitido. 
Art. 16. SÃO DE USO RESTRITO: 
I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica no que diz 
respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais; 
II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao material bélico usado 
pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego militar ou 
policial; 
III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a (trezentas libras-
pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 
Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; 
IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a mil libras-
pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22-250, .223 Remington, 
.243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester 
e .44 Magnum; 
V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre; 
VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com comprimento de cano menor que vinte e quatro 
polegadas ou seiscentos e dez milímetros; 
VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas munições; 
VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior a seis 
milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza; 
IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de objetos 
inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes; 
X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62mm, M964, FAL; 
XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas munições; 
XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a localização da 
arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou 
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a chama do tiro e também os que modificam as condições de emprego, tais como os bocais lança-granadas e 
outros; 
XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de provocar 
incêndios ou explosões; 
XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos sobre a pessoa 
atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projéteis explosivos ou venenosos; 
XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares; 
XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc; 
XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou diâmetro da objetiva 
igual ou maior que trinta e seis milímetros; 
XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo; 
XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito; 
XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais como coletes, 
escudos, capacetes, etc; e 
XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar. 
 
Art. 17. SÃO DE USO PERMITIDO: 
I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, 
energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições,como por exemplo, os 
calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto; 
II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha, na saída do 
cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por 
exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40; 
III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou inferior, com comprimento 
de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as de menor calibre, 
com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso permitido; 
IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis 
milímetros e suas munições de uso permitido; 
V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem cartuchos 
contendo exclusivamente pólvora; 
VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário; 
VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva menor que 
trinta e seis milímetros; 
VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como "cartuchos de 
caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; 
IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; 
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X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais como coletes, 
escudos, capacetes, etc; e 
XI - veículo de passeio blindado. 
 
Art. 18. Os equipamentos de proteção balística contra armas portáteis e armas de porte são classificados 
quanto ao grau de restrição – uso permitido ou uso restrito – de acordo com o nível de proteção, conforme a 
seguinte tabela: 
 
 
 Parágrafo único. Poderão ser autorizadas aos veículos de passeio as blindagens até o nível III. 
(...) 
 
 Outras definições presentes também nos glossários do Procedimento Operacional Padrão (POP) da 
SENASP foram inseridas na parte de ANEXO desta aula! 
 O estudo das legislações específicas sobre o tema é da alçada das disciplinas de Direito. Finalizando essa 
parte de principais conceitos de elementos balísticos presentes na legislação, vamos estudar agora sobre a 
classificação das armas de fogo. Entendendo essa parte mais teórica (bem conceitual e nem tanto cobrada 
em provas de concurso) daí sim vamos ingressar no estudo dos principais exames periciais relacionados à 
Balística Forense e que pode cair na sua prova. 
 
Classificação de Armas de Fogo 
 As armas de fogo podem ser classificadas de diversas formas. Vamos ver as principais formas que o 
homem utiliza para organizá-las por meio de características comuns, auxiliando a identificá-las por base de 
critérios gerias a particulares até a sua individualização. Definições por meio do Decreto 3.665/2000. Bora lá? 
 Uma das principais formas de classificação, proposta pelo saudoso Mestre Eraldo Rabello, é por meio da 
alma do cano. Mas o que seria isso? 
 A alma é a parte oca do interior do cano da arma de fogo, projetada para resistir à pressão dos gases 
produzidos pela combustão da pólvora e outros explosivos para a deflagração do PAF. 
 
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 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ALMA DO CANO => ALMA LISA E RAIADA. 
 ALMA RAIADA 
 Alma dotada de raias, “sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, 
geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos projéteis, 
ou granadas, que lhes garante estabilidade na trajetória (art. 3º , LXXI, do Decreto 3.665/2000)”, formadas 
por cheios e cavados (veremos no tópico sobre “calibre de armas de fogo”), proporcionando a rotação do 
projétil e garantindo maior estabilidade em sua trajetória. As raias podem girar o projétil no sentido horário, 
chamadas de DEXTRÓGIRAS (lembra de direita), ou anti-horário, SINISTRÓGIRAS (lembra de esquerda). 
 Revólver, pistola, carabina e fuzil são tipos de armas de fogo que apresentam esse tipo de alma de cano. 
Em exame da arma de fogo e de projétil observa-se a quantidade de raias e qual o sentido de giro, por 
critérios de identificação. Só nessa observação macroscópica já é possível excluir a vinculação entre um 
determinado projétil (ou fragmento de projétil) e uma arma de fogo questionada. 
 
 
 
 ALMA LISA 
 Quando a alma do cano é polida, não apresentando raias, como ocorre nas armas de fogo do tipo 
espingardas. 
 
Fonte da imagem: www.casadotiro.com.br 
 *Existem também as armas mistas ou armas combinadas, as quais apresentam um ou mais canos, de 
alma lisa e cano de alma raiada. 
 
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 QUANTO AO USO 
 Armas de fogo de USO COLETIVO E DE USO INDIVIDUAL, relacionado à quantidade de pessoas 
necessárias para a operacionalidade da arma, sendo que as armas de uso coletivo necessitam da participação 
de duas ou mais pessoas para a sua utilização, como algumas armas militares de artilharia, por exemplo. 
 
 QUANTO À PORTABILIDADE (MOBILIDADE) 
 ARMA NÃO-PORTÁTIL: “arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser 
transportada por um único homem”, como em casos de armas militares para guerras. 
 ARMA PESADA: “arma empregada em operações militares em proveito da ação de um grupo de 
homens, devido ao seu poderoso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de poderosos meios de 
lançamento ou de cargas de projeção”. 
 ARMA DE PORTE: “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por um 
indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-
se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas”. 
 ARMA PORTÁTIL: “arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único 
homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a 
realização eficiente do disparo”, como, por exemplo, espingardas, fuzis, carabinas, dentre outros. 
 
 QUANTO AO TAMANHO 
 ARMAS DE FOGO CURTAS => por suas dimensões e massa, é possível de ser operada por meio de 
uma ou duas mãos, sem necessidade do apoio no ombro. 
 REVÓLVER: arma de fogo curta que possui a alma do cano geralmente raiada, de repetição, na qual os 
cartuchos são inseridos nas câmaras do tambor (cilindro giratório) situado posteriormente ao cano, podendo 
apresentar o mecanismo de disparo de ação simples ou dupla (veremos diante sobre os mecanismos de 
disparo). 
 O Lefaucheux era um revólver militar de origem francesa, de ação simples ou dupla, sendo considerado 
como um dos primeiros a empregar cartuchos de metal de calibre 12mm Lefaucheux, projetado por Casimir 
Lefaucheux. Nesse tipo de arma, o pino percussor fazia parte do cartucho, e não da arma de fogo, com 
sistema de percussão intrínseca empregado nos cartuchos. 
 Os principais componentes atuais de uma arma de fogo do tipo revólver podem ser visualizadas na 
figura ilustrativa abaixo: 
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Crédito da imagem: Cartilha de armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). 
 
 PISTOLA: arma de fogo curta, portátil, de lama do cano raiada, podendo ser semiautomática ou 
automática, de ação simples ou de ação dupla, apresentando um carregador externo onde a munição é 
inserida para alimentar a câmara do cano (foto). Pode até existir pistola mais antiga de repetição em que o 
carregamento se dá de forma manual, sem a presença de carregador para receber diversos cartuchos de uma 
vez. 
 
 
Crédito da imagem: Cartilhade armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). 
 
 Outra arma curta que pode aparecer para exames periciais é a GARRUCHA, também conhecida como 
perereca no Brasil, consistindo em uma arma de fogo de cano curto, com aparência similar a uma pistola ou 
revólver, apresentando um ou 2 canos (paralelos ou sobrepostos) que comportam apenas um cartucho por 
cano (de alma raiada ou lisa), com o carregamento realizado manualmente na região posterior do cano da 
arma (foto). 
 Ainda podem aparecer para exames armas de fogo artesanais funcionais, confeccionadas pelos 
criminosos; armas dissimuladas também operando a contento, escondidas no interior de outros objetos 
aparentemente inofensivos; e simulacros de armas de fogo, podendo ser réplicas de outras armas reais, 
comercializadas, as quais podem disparar chumbinho por pressão ou esferas plásticas por ar comprimido, 
dentre outras, ou objetos com aparência similar a uma arma de fogo, confeccionadas por criminosos para 
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facilitar a prática de crimes de forma a enganar as vítimas ao simular a presença de uma arma de fogo real, 
mas que não realiza nenhum tipo de disparo de projéteis. 
 
 
Crédito da foto: globo.com 
 
 ARMAS DE FOGO LONGAS => dimensões, comprimento e peso maiores do que as armas curtas 
apresentam, portáteis ou não portáteis, geralmente necessitando das 2 mãos para poder operar a arma 
a contento podendo ser 
 
 ARMAS LONGAS DE ALMA RAIADA 
 FUZIL: “arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”, disparando tiros de 
elevada energia cinética, podendo ser de repetição, semiautomática ou automática. O termo RIFLE, de 
origem inglesa, pode ser considerado como um sinônimo. 
 CARABINA: “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - 
embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada”. Geralmente o cano apresenta 
comprimento superior a 10 polegadas e inferior a 20 polegadas (unidade de medida empregada para 
comprimento de cano). 
 MOSQUETÃO: “fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma carabina, de repetição por ação de 
ferrolho montado no mecanismo da culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo”. 
 METRALHADORA: arma portátil automática, disparando rajadas de tiros com calibres equivalentes ou 
até superiores aos dos fuzis. A submetralhadora é um termo empregado para a metralhadora de mão, com 
dimensões, comprimento, peso e calibres menores. 
 
 ARMAS LONGAS DE ALMA LISA: representada pelas ESPINGARDAS (foto), armas de cano longo de 
alma lisa, as quais empregam cartuchos de projéteis múltiplos (balins) ou único (balote). 
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Crédito da imagem: Cartilha de armamento e tiro (SAT, ANP, CONAT/DARM). 
 
 Espingardas de 1ª geração: tiro unitário, podendo apresentar um único cano ou canos duplos (paralelos 
ou sobrepostos); 
 2ª geração: espingardas de repetição como as pumps; 
 3ª geração: espingardas semiautomáticas; 
 4ª geração: espingardas que podem atuar no sistema de repetição ou no sistema semiautomático. 
 Além disso, as espingardas podem apresentar na região frontal dos canos o chamado choke (foto), 
consistindo em um afunilamento (estrangulamento) do diâmetro interno do cano da arma, visando à 
melhoria do agrupamento dos projéteis múltiplos (balins). Os chokes podem ser: 
1. Pleno ou cheio (Full - F)=> maior grupamento 70-75%; 
2. Modificado melhorado (Improved Modified - IM) (3/4 de choque); 
3. Modificado (Modified - M) (1/2 choque); 
4. Cilíndrico melhorado (Improved cylinder - IC) (1/4 de choque); 
5. Cilíndrico (Cylinder - CL) (ausência de choque). 
 
 
Crédito da imagem: http://static.hsw.com.br/gif/shotgun-chokes.gif 
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 QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO DA ARMA DE FOGO 
 ANTECARGA: o carregamento da arma é realizado pela boca do cano, sendo comum em armas de fogo 
mais obsoletas. ANTE= NA FRENTE. 
 RETROCARGA MANUAL: o carregamento da arma é realizado manualmente pelo atirador pela região 
posterior do cano. RETRO=ATRÁS. 
 RETROCARGA AUTOMÁTICA: o carregamento da arma é realizado pela região posterior do cano, por 
meio de mecanismo automatizado, dispensando a intervenção humana a cada disparo realizado. 
 
 QUANTO AO SISTEMA DE ACIONAMENTO 
 O disparo do tiro se dá pelo acionamento do gatilho da arma de fogo, promovendo então o impacto do 
percussor sobre a espoleta presente no cartucho, provocando a detonação da mistura explosiva e do agente 
propolente (pólvora), com a consequente deflagração do projétil. Esse sistema de acionamento pode ocorrer 
principalmente de 2 formas: 
 AÇÃO SIMPLES: necessário armar o sistema de disparo (engatilhamento manual da arma) para que 
seja efetuado ao acionar o gatilho apenas uma operação ocorre, por meio do recuo do cão até a posição de 
armado, travado à retaguarda. O engatilhamento prévio do cão é essencial para armas que funcionam 
somente por meio de ação simples. Sistema de acionamento comum de ser encontrado em revólver, mas a 
maioria das armas atuais funcionam também em ação dupla, além da ação simples (DUPLA AÇÃO). 
 AÇÃO DUPLA: o acionamento do gatilho promove automaticamente o recuo do cão e o mecanismo de 
engatilhamento da arma de fogo para efetuar o disparo. 
 
 Com relação ao sistema de percussão: percussão direta e percussão indireta. 
 PERCUSSÃO DIRETA: o percussor é uma parte integrante do cão, podendo ser fixo, consistindo em 
um prolongamento do cão, ou oscilante quando afixado por um pino. 
 PERCUSSÃO INDIRETA: o percussor se encontra livre e recebe o embate proveniente do cão de forma 
indireta. 
 Quanto ao sistema de inflamação (combustão), as armas de fogo podem ser classificadas em sistemas 
de forma extrínseca e intrínseca. Com o surgimento do cartucho, este sistema de percussão intrínseca 
também aparece, sendo subdividido principalmente em: RADIAL (mistura iniciadora depositada na orla do 
estojo) ou CENTRAL (espoleta apresenta-se montada no centro da base do cartucho). 
 Pode existir também o sistema de inflamação elétrico, empregado em armamentos de uso militar, 
como bazucas. 
 
 QUANTO AO FUNCIONAMENTO 
 ARMAS DE TIRO UNITÁRIO: dotado de um único tiro por cano, com carregamento manual, 
aparecendo em alguns tipos de espingardas de 1ª geração e em garruchas. 
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 ARMAS DE REPETIÇÃO: “arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da 
sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta 
para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-
lo”, como ocorre com revólver, alguns tipos de espingardas, fuzis e carabinas. 
 ARMAS SEMIAUTOMÁTICAS: “armas que realizam, automaticamente, todas as operações de 
funcionamento com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo, um novo 
acionamento do gatilho”, como, por exemplo, pode-se citar a maioria das pistolas, ocorrendo a ejeção do 
estojo balístico, com o retorno do ferrolho, e a inserção de um novo cartucho na câmara do cano, proveniente 
do carregador, após cada disparo efetuado. 
 ARMAS AUTOMÁTICAS: “armas em que o carregamento, o disparo e todas as operações de 
funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aquela que DÁ 
RAJADAS)”, como no caso das metralhadoras. 
 
Calibre de Arma de Fogo 
 Outro critério para classificação de armas de fogo é com relação ao seu calibre. Mas o que seria isto? 
 
 CALIBRE DE ARMA DE ALMA RAIADA 
 O CALIBRE

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