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DESCRIÇÃO Os métodos e as ferramentas de gerenciamento de riscos em ambientes de trabalho industriais. PROPÓSITO Reconhecer os riscos ocupacionais e os perigos a eles relacionados, assim como as ferramentas e os métodos de seu gerenciamento. PREPARAÇÃO Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, certifique-se de estar com acesso à internet e à biblioteca virtual do curso. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever os conceitos e as práticas de gerenciamento de riscos corporativos MÓDULO 2 Identificar as práticas de gerenciamento de riscos ocupacionais e o planejamento de gerenciamento de riscos conforme a NR-1 MÓDULO 3 Distinguir as ferramentas de gerenciamento de riscos ocupacionais INTRODUÇÃO O IMPACTO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NOS RESULTADOS DA EMPRESA AVISO: Orientações sobre unidades de medida ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km). No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Descrever os conceitos e as práticas de gerenciamento de riscos corporativos LIGANDO OS PONTOS Já pensou como deve ser difícil administrar uma empresa? Tantos planejamentos são feitos, mas muitas coisas diferentes do planejado podem ocorrer. Produtos e serviços, afinal, podem não ser vendidos tanto pela falta de clientes quanto pela ausência de capacidade de atendimento a muitos daqueles que os desejam. javascript:void(0) Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Por isso, analisaremos o case desta empresa: ZPK Logística. Case - empresa ZPK Logística A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no estado do Rio. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras. Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como seu diferencial o alto nível de automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário. A organização se orgulha de operar com tamanha agilidade que suas cargas praticamente apenas passam pelos centros de distribuição, quase sem esperas para o embarque. Já o volume de cargas em espera é mínimo. Para isso, ela mantém cinco centros regionais de distribuição próximo de grandes aeroportos brasileiros e inúmeras parcerias com empresas locais de logística que fazem a entrega aos clientes. Esses centros estão aparelhados com equipamentos de última geração. Robôs fixos e móveis e drones de solo e voadores, além de outros recursos de tecnologia de ponta, funcionam e atuam com suas equipes operacionais (humanas). Cada centro de distribuição possui cerca de 2.000 metros quadrados, operando 24 horas por dia e 7 dias por semana. O trânsito de veículos e drones de solo é tão grande que se pensa em instalar semáforos de trânsito. Pistas de rolamento, faixas de pedestres e sinalizações de trânsito já existem. É importante observar que os robôs e os drones são programados para parar seus movimentos se os seres humanos que circulam no ambiente chegarem muito perto deles. A aproximação permitida varia conforme o movimento previsto para a máquina. Cada centro de distribuição é dirigido a partir de um centro de comando e controle instalado junto à área da produção. Ele não possui paredes, o que permite que seus controladores acompanhem a operação apenas levantando a cabeça. Toda a movimentação dos robôs e drones é controlada por telemetria. As figuras a seguir reproduzem parte das instalações do centro de distribuição do Rio de Janeiro: Figura: Layout 1 do centro de distribuição – controle. Figura: Layout 1 do centro de distribuição – linhas de produção. Análise A descrição da empresa mostra que a estrutura e a organização dela são fruto de muito planejamento, investimento e dedicação de seu time. Mas será que isso é o suficiente para garantir que a empresa desenvolva bem suas operações? Não! Muitas coisas podem não funcionar como o esperado por mais bem planejadas elas tenham sido. Vejamos alguns exemplos: Os recursos de automação podem falhar ou ser insuficientes para atender à demanda. A eficiência e a eficácia de sua produção dependem deles. Podem faltar energia elétrica, água e outros insumos. Podem faltar veículos de transporte. Pessoas podem não desempenhar as suas funções adequadamente. Acidentes podem ocorrer, atingindo algumas pessoas e interrompendo os processos de produção. A empresa ainda pode ser afetada por frustrações de suas expectativas de mercado. Elencaremos a seguir alguns exemplos disso: O custo de toda essa tecnologia pode gerar custos altos que vão aumentar os preços, o que reduz a competitividade da empresa. Há muitos concorrentes no mercado que podem travar uma batalha de preços com a ZPK, visando a acabar com seu folego. Os impostos são muitos e variados, podendo ser bastante significativos. A dependência de parcerias logísticas (transporte, armazenamento, financiamentos etc.) pode ser custosa, ou elas podem falhar na hora de serem acionadas. Os clientes podem não gostar da proposta de trabalho da empresa, preferindo seus operadores logísticos tradicionais. Esses desvios do esperado constituem os riscos das empresas, ou seja, os riscos corporativos. Para sobreviver e crescer, elas precisam conhecer seus riscos e buscar formas de contorná-los. Sua ocorrência, afinal, pode frustrar o atingimento dos riscos corporativos. Tal é o foco do estudo deste módulo. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. NO AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO, COMO PODERIAM SER TRATADOS OS RISCOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO OU DA AUTOMAÇÃO, QUE SÃO UM ELEMENTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA NESSE CONTEXTO? RESPONDA CITANDO TRÊS EXEMPLOS DE RISCOS E PROPONDO AO MENOS UMA FORMA DE EVITÁ- LOS – OU DE ALIVIAR AS CONSEQUÊNCIAS DELES. RESPOSTA Você pode citar riscos e tratamentos de sua escolha, desde que eles façam sentido no contexto da tecnologia da informação ou da automação. Podem ser citados riscos diversos, cujo espectro varia desde as questões contratuais até a atualização tecnológica ou a simples falta de energia. No entanto, seguem os cinco exemplos mais prováveis como referência: Risco Tratamento Falhas e quebras de robôs fixos ou móveis Manutenções preventivas constantes Falhas de sistemas de planejamento e controle da produção Manutenção e teste de sistemas de planejamento e controle Falhas de parametrização de seus movimentos, gerando erros de aplicação Revisão periódica das parametrizações Acidentes envolvendo robôs fixos e móveis Manutenções preventivas constantes Falta de energia Disponibilidade de conjunto moto-gerador ou de energia solar ⇋ Utilize a rolagem horizontal Elaborado por: Patrícia de Castro Moreira Dias. javascript:void(0) O GERENCIAMENTO DOS RISCOS CORPORATIVOS RISCOS – ENTENDIMENTO Essa disciplina trata de riscos. Comecemos entendendo então o que eles são. Vejamos dois exemplos: EXEMPLO 1 Quando aposta na loteria (evento), você corre o risco de ganhar o sorteio do prêmio que ela oferece (consequência). Mas você já jogou inúmeras vezes e sabe que a probabilidade de ganhar é baixa, já que há milhões de jogadores e milhares de combinações possíveis de resultados do sorteio. Ainda assim, você continua jogando, pois, para correr o risco de ganhar, você precisa fazê-lo, aceitando, assim, o risco de perder. EXEMPLO 2 Seu chefe lhe passou uma tarefa e perguntou se você poderia entregar os resultados até as 18 horas desse mesmo dia (evento). Você aceitou o prazo, já que quase sempre resolve esse tipo de tarefa praticamente no mesmo dia (probabilidade de ocorrência). Mas, como sempre ocorre, você ficou preocupado em não atender ao prazo, poisnão queria que o chefe se aborrecesse com você (consequência). Além disso, já perdeu prazos algumas vezes! Contudo, você entende que, ao aceitar prazos apertados como esse, está contribuindo para conseguir uma promoção futura. Exibimos dois exemplos de decisões rotineiras que diariamente tomamos na nossa vida pessoal ou profissional. Elas são tomadas com base nas nossas expectativas, experiências e conhecimentos – e até em nossos temores pessoais. Essas decisões, portanto, podem resultar em sucesso ou fracasso. ELAS SÃO OS RISCOS QUE ASSUMIMOS NO DIA A DIA. Note que, nas duas situações, foi possível escolher entre correr ou não os riscos de cada decisão, não havendo quaisquer certezas sobre o atingimento dos resultados esperados. Isso nem sempre, afinal, é possível! Muitas vezes, é preciso tomar uma decisão, mesmo que o risco pareça alto. Essas decisões, assim como seus riscos, estão presentes em todos os aspectos de nossas vidas. Elas podem ser simples, como escolher o sapato que vai usar ou o almoço de hoje, ou complexas, como ter um(a) filho(a), fazer um financiamento para comprar uma casa ou mudar de emprego. A verdade é que corremos riscos diversos diariamente em casa, na rua ou no trabalho. Cada ação ou decisão tomada por nós envolve riscos de sucesso ou insucesso de se atingir objetivos. As empresas também passam por inúmeras situações nas quais as decisões que envolvem riscos variados precisam ser tomadas. Cada decisão envolve escolhas entre opções com diferentes probabilidades de sucesso ou de insucesso, podendo, além disso, gerar consequências positivas ou negativas. Muitas dessas decisões podem causar grandes perdas ou até comprometer o futuro da empresa! Veremos a seguir como isso funciona. DEFINIÇÃO DOS RISCOS NAS EMPRESAS Pelo que vimos até agora, podemos definir os riscos como sendo... A PROBABILIDADE DE UM EVENTO OCORRER COM CONSEQUÊNCIAS DANOSAS. Assim, se tivermos acesso a estatísticas que viabilizem o cálculo dessa probabilidade e soubermos quais são essas consequências, teremos o risco, certo? Sim! Tomadas de decisão como as que já vimos não dependem da sorte ou do acaso, e sim das probabilidades de sucesso ou insucesso, assim como das suas consequências. Quanto mais informações tivermos, melhores serão as decisões. SAIBA MAIS Agora complementaremos esse entendimento apresentando outra definição de risco bastante empregada no mundo empresarial: “o risco é o efeito da incerteza nos objetivos”. Esse conceito foi estabelecido pela ABNT NBR ISO 31000:2009, uma norma internacional que buscava orientar os diversos tipos de avaliação de riscos usados pelas empresas. Precisamos compreender, então, os termos que compõem esse conceito, assim como a correlação entre eles: DEFEITO É definido como um resultado diferente do que se planejava obter de determinada atividade, processo ou projeto. Trata-se de um desvio do que era esperado. O defeito foi gerado, portanto, por algum evento inesperado ou não previsto nesse planejamento. Comparando com a primeira definição, observamos que as consequências da ocorrência desse evento seriam o defeito. Tais defeitos podem trazer ganhos ou perdas para a empresa, os quais, por sua vez, podem ter sido estimados ou não quando se decidiu correr o risco. Vejamos alguns exemplos dessas situações: O lançamento de um produto foi tão bem-sucedido que as vendas superaram o esperado. Um novo equipamento teve um mal funcionamento, interrompendo uma linha de produção inesperadamente. Um supermercado viu suas vendas de refrigerantes e cervejas crescerem em pleno inverno devido a uma onda de calor e de falta de umidade do ar em pleno inverno. Dependendo do tipo de consequências que trazem para a empresa, esses efeitos podem representar duas coisas: Oportunidades de melhoria de processos, produtos ou resultados. Ameaças para a produção, os ativos ou a reputação. INCERTEZA Por definição, a incerteza envolve a ausência ou o desconhecimento parcial ou total de dados ou de informações sobre algum evento. Com isso, torna-se difícil (ou até inviável) compor estatísticas de ocorrência ou conhecer as suas consequências. Note que esses dados e informações incluem, entre outros aspectos, os seguintes pontos: Quantidades de ocorrências. Consequências. Responsáveis. Duração. Abrangência. Expectativas de perdas. Dessa maneira, pode-se dizer que, se existe incerteza, não há risco, já que ele não pode ser calculado. Quanto maiores forem as incertezas, maiores serão os prejuízos para a tomada de decisão (como veremos mais adiante). OBJETIVOS Um objetivo pode ser definido como determinado resultado que se pretende alcançar. As empresas desenvolvem inúmeros objetivos dentro de seus planejamentos estratégico, tático e operacional. Esses objetivos podem ser para: Toda a empresa. Determinado processo ou projeto. Equipes ou profissionais dela. Exemplo: eles são usados como instrumentos de controle de gestão, da produtividade e da performance. Os objetivos estratégicos são definidos durante a composição do planejamento estratégico corporativo realizada pela administração da empresa. Eles são empregados para orientar as definições de ações e as decisões táticas e operacionais a serem implementadas pelos gestores dos diversos processos e projetos que compõem essa organização. A partir deles, também são traçados objetivos táticos e operacionais normalmente consolidados no orçamento corporativo e nos sistemas de gerenciamento dela. ATENÇÃO O risco, no contexto da empresa, pode ser entendido como a probabilidade de que determinado evento possa causar impactos (positivos ou negativos) sobre um ou mais objetivos dela. Ele também pode ser visto como a possibilidade de ocorrer algo diferente do esperado ou de um desvio em relação ao planejado. O PESO DO RISCO E DA INCERTEZA NAS DECISÕES Já sabemos que, quanto mais informações obtivermos sobre um assunto a ser decidido e sobre as opções de decisões, melhores serão as chances de tal decisão obter o sucesso esperado. Isso ocorre porque, com um volume suficiente de informações relevantes sobre o tema, se torna possível avaliar adequadamente os vários riscos envolvidos em cada possível decisão. Quanto maior for o entendimento desses riscos, menores serão as incertezas que cercam essas decisões, o que aumenta a probabilidade de sucesso. Por outro lado, podemos considerar que, quanto mais significativa for a ausência de dados ou informações disponíveis e confiáveis sobre um evento, maior será a incerteza e menor o conhecimento sobre os riscos de uma decisão, como pode ser visto a seguir. Risco x Incerteza. Com isso, também cresce a probabilidade de se tomar uma decisão que não gere os melhores resultados para a empresa. Na ausência de riscos que possam embasar a análise para a tomada de decisão, resta apenas a incerteza. Como se atua nesse caso? É possível se decidir na incerteza? Sim! Em casos desse tipo, o tomador de decisão precisará definir premissas a serem assumidas para tentar viabilizar a escolha do melhor curso de ação. Elas podem se basear em aspectos que vão desde sua experiência pregressa até a análise de situações semelhantes. ATENÇÃO Obviamente, os tomadores de decisão preferem decidir sobre riscos – e não sobre premissas assumidas devido à incerteza. RISCOS NOS PROCESSOS DAS EMPRESAS O termo “processo” tem sido tradicionalmente usado para se referir ao conjunto de atividades de produção de bens e serviços. Mas há muito que os processos também vêm sendo usados para descrever atividades de apoio à produção. Exemplo I – Tecnologia da informação, gestão de pessoas ou gerência administrativa. Atualmente, tais processos são largamente usados para “decompor” logicamente a empresa com o objetivo de analisar cada parte (processo) dela a fim de, por exemplo, definir responsabilidades, controlar a alocação de recursos, planejar a produção e avaliar os riscos (foco de nosso estudo). As empresas costumam detalhar a formacomo eles são executados por meio de descrições apresentadas em documentos padrões. Exemplo II – Políticas, normas de procedimentos ou manuais operacionais. Esses padrões apresentam: I. OBJETIVOS II. PROCEDIMENTOS. III. CRITÉRIOS. IV. RECURSOS A SEREM USADOS. V. RESPONSABILIDADES. VI. RESULTADOS ESPERADOS DE CADA PROCESSO. VOCÊ SABIA? É por intermédio desses documentos que, por exemplo, decisões operacionais são padronizadas. Com eles, as empresas podem apresentar para suas equipes como os trabalhos devem ser realizados e estabelecer mecanismos de controle que monitoram e garantem que essa execução ocorreu conforme esperado. Isso inclui, a título de exemplo, os seguintes itens: Indicadores de desempenho. Sistemas automatizados. Certificação de processos. Supervisão constante de gestores. Ação da auditoria interna. Mas será tudo isso o suficiente para garantir que os processos vão funcionar corretamente e para gerar os resultados esperados? A resposta correta para essa pergunta, infelizmente, é não! Acontece que, conforme já estudamos, pode haver diversos tipos de desvios em relação ao esperado em cada atividade ou processo. Listaremos alguns exemplos disso a seguir: EQUIPES NÃO SEGUEM OS PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS. FALTAM RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DOS TRABALHOS. PRAZOS NÃO SÃO SEGUIDOS. MÁQUINAS PODEM QUEBRAR. São os riscos dos processos que podem ocorrer. De forma resumida, eles podem comprometer ou até inviabilizar o atingimento dos objetivos dos processos da empresa, o que impacta inclusive os objetivos gerais dela. Desse modo, é preciso que, quando possível, os riscos sejam identificados e tratados – e esse é justamente o foco do gerenciamento de riscos. GERENCIAMENTO DE RISCOS Você já viu como os riscos podem afetar profundamente as operações de uma empresa, gerando consequências potencialmente positivas ou negativas para essas operações. É por isso que eles precisam ser identificados, analisados, respondidos e tratados. É necessário, assim, conduzir o chamado gerenciamento de riscos. Ele envolve a aplicação de métodos, critérios, responsabilidades e objetivos que a empresa estabelece para avaliar e tratar os riscos de seus processos. Esse gerenciamento é percebido como um esforço permanente que mobiliza administradores e gestores, sendo eles apoiados por consultores ou equipes internas especializadas no tema. Suas principais etapas podem incluir os seguintes pontos: IDENTIFICAÇÃO E DETALHAMENTO DOS PRINCIPAIS RISCOS DE CADA PROCESSO Há o registro das descrições de cada risco, incluindo suas fontes e as atividades do processo afetadas, assim como o levantamento de dados e informações sobre sua ocorrência e seus possíveis impactos. ANÁLISE DOS RISCOS Ocorre o cálculo da probabilidade de sua ocorrência e de seus impactos para a operação, além das classificações quanto à sua severidade e à sua prioridade. RESPOSTA AOS RISCOS As respostas mais adequadas para os riscos são avaliadas. Essa avaliação pode considerar, por exemplo, os seguintes aspectos: Aceitar os riscos: Trata-se de conviver com eles. Essa decisão ocorre devido a fatores, como a baixa probabilidade de ocorrência e/ou impacto desse risco ou a inexistência de tratamentos viáveis. Evitar os riscos: O risco estará presente enquanto a origem ou fonte dele existir na empresa ou puder afetá-la. Assim, se essa fonte for eliminada, ele não poderá mais afetá-la. Controlar (mitigar) os riscos: Envolve a aplicação de tratamentos que reduzam a probabilidade ou o impacto deles até um nível aceitável. Isso inclui a aplicação de uma ou mais ações que promovam essas reduções. Compartilhar os riscos: Etapa em que eles podem ser divididos com terceiros mediante um acordo entre as partes. TRATAMENTO PARA OS RISCOS CONFORME A RESPOSTA Envolve a implantação dos chamados controles nos processos, que podem ser preventivos, detectivos ou corretivos. CONTROLES PREVENTIVOS São os preferidos no tratamento dos riscos, já que evitam que o desvio ocorra, reduzindo as probabilidades de ocorrência ou seus impactos. CONTROLES DETECTIVOS Identificam os desvios quando eles ocorrem, permitindo, assim, ações imediatas que reduzam as perdas. CONTROLES CORRETIVOS São aplicados após a ocorrência dos desvios e buscam minimizar as consequências dos riscos. ATENÇÃO Um aspecto importante do gerenciamento dos riscos é a identificação das causas dos eventos que causam os riscos. Note que várias delas podem atuar em conjunto para que determinado risco se torne um evento real. Muitos tratamentos definidos envolvem ações diretas sobre tais causas. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Identificar as práticas de gerenciamento de riscos ocupacionais e o planejamento de gerenciamento de riscos conforme a NR-1 LIGANDO OS PONTOS Agora é hora de enfocar os riscos ocupacionais. Você sabe defini-los? Seria capaz de realizar um levantamento dos riscos ocupacionais em um ambiente de trabalho? Conseguiria ainda identificar e estabelecer a situação de exposição para determinado agente de risco? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Desse modo, continuaremos a análise do case visto no módulo 1: ZPK Logística. Figura: Layout do centro de distribuição. Case - empresa ZPK Logística A figura a seguir reproduz parte do layout do centro de distribuição do Rio de Janeiro e ilustra um de seus principais processos de produção: o processo de separação e distribuição de cargas. Um relatório dos engenheiros de segurança responsáveis pela avaliação da exposição ocupacional constatou uma condição de insalubridade no ambiente de produção do processo de separação e distribuição de cargas. Após terem identificado algumas fontes de risco ou perigo, eles já estão atualizando o inventário de riscos e buscando definir planos de ação com os gestores responsáveis pela área. Vejamos as cinco fontes identificadas pelos engenheiros: Diversos equipamentos eletrônicos em operação são fontes de energia calorífica ou elétrica. Há uma falta geral de cadeiras no ambiente, o que, por exemplo, obriga os trabalhadores a atuarem e se curvarem para operar computadores. Robôs industriais fixos e móveis estão em movimento constante e sem nenhum tipo de proteção coletiva que impeça a presença de trabalhadores perto dessas máquinas. Veículos transitam constantemente junto ao ambiente analisado, liberando monóxido de carbono. Como ele é parcialmente fechado, ocorre uma concentração dessa substância próximo das equipes, exigindo uma ventilação mecânica já instalada e em funcionamento. No ambiente acima, junto aos caminhões, o nível de ruído se mostrou elevado, ficando próximo dos 85DB limítrofes para uma jornada de oito horas diárias. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. O AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO APRESENTA TRABALHADORES ATUANDO MUITO PRÓXIMO DAS MÁQUINAS. NO ITEM 3, A EQUIPE DE ENGENHEIROS APONTOU ISSO COMO UM RISCO DE ACIDENTES, DESTACANDO AINDA A FALTA DE PROTEÇÕES COLETIVAS, O QUE SERIA UM PROBLEMA. MAS OS GESTORES RESPONSÁVEIS ESCLARECERAM QUE NÃO HÁ RISCO, JÁ QUE OS ROBÔS ESTÃO PROGRAMADOS PARA PARAR DE TRABALHAR SE ALGUÉM SE APROXIMAR. ALÉM DISSO, NUNCA HOUVE ACIDENTE NOS SEIS MESES DE EXISTÊNCIA DESSE CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO. AFINAL, QUEM ESTÁ COM A RAZÃO? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA. RESPOSTA Os engenheiros estão com a razão, pois o fato de haver uma programação que interrompa a operação dos robôs em caso de aproximação não elimina o risco, já que, se essa programação falhar, o robô pode não parar a tempo. Por outro lado, mesmo que o equipamento funcione, as circunstâncias do acidente podem levar a lesões ou agravos à saúde da mesma forma. javascript:void(0) O QUE SÃO O GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS E O PLANEJAMENTO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS? RISCOS OCUPACIONAIS No módulo 1, estudamos os riscos sob o ponto de vista empresarial. Com isso, pudemos:Conhecer as definições de riscos. Entender sua importância para a tomada de decisão pessoal e corporativa. Aprender que eles devem ser gerenciados. Compreender que há diversos tipos de riscos e várias respostas que podem ser definidas para eles. Como nosso conteúdo enfoca a segurança do trabalho, aprofundaremos agora nossos conhecimentos sobre os riscos diretamente relacionados ao trabalho. Eles são conhecidos como riscos ocupacionais. Comecemos nosso estudo compreendendo seu significado: Os riscos ocupacionais são aqueles aos quais os trabalhadores estão expostos ao desempenharem suas funções normais nas empresas. Todos os trabalhos, por mais simples que pareçam, podem trazer riscos para a saúde, a segurança e a própria vida deles. As fontes desses riscos, que passaremos a chamar de perigos, fazem parte dos processos de trabalho e geram seus efeitos durante sua execução. Vejamos alguns exemplos de perigos: A emissão de gases tóxicos em determinados processos de produção fabril. A grande vibração gerada por uma britadeira ao perfurar o asfalto. O peso excessivo de objetos que precisam ser movidos em um depósito. A exposição a doenças transmissíveis em um hospital. O frio intenso de um frigorífico. O manuseio de material tóxico utilizado como insumo da produção. A radiação de equipamentos de raios-X. Como você pode observar nesses exemplos, os perigos fazem parte dos inúmeros tipos de processos de produção de bens e de serviços que movimentam a economia. Eles são causados por máquinas, equipamentos, ferramentas e materiais empregados nas diversas etapas dos processos de produção. DICA Tais perigos podem atingir tanto os trabalhadores que atuam diretamente com esses recursos quanto quem estiver apenas próximo deles ou transitando no mesmo ambiente. Alguns perigos são facilmente detectáveis, como é o caso do frio intenso ou do peso excessivo. Outros podem expor o trabalhador a seus impactos sem que ele sequer os perceba, como é o caso do raios-X, das doenças transmissíveis e de alguns tipos de gases industriais. Nesses casos, os danos podem ser percebidos após a instalação de suas consequências no corpo humano, ou seja, as chamadas doenças ocupacionais. Mas será que essa exposição ao risco, se não pode ser evitada, não poderia ser ao menos contornada ou mitigada? A RESPOSTA É SIM! E ESSE É O FOCO DO NOSSO ESTUDO DOS RISCOS OCUPACIONAIS. DEFINIÇÃO Nesse ponto, é interessante apresentar e analisar uma definição formal dos riscos ocupacionais. Para isso, a melhor referência é a Norma Regulamentadora (NR) nº 1 emitida pela secretaria de trabalho subordinada ao Ministério da Economia. A NR-1 (2020a, p. 13) os define como a “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”. DICA Você deve ter percebido que essa definição afirma que o risco resulta da combinação entre a probabilidade de ocorrência e sua severidade (impacto para o trabalhador). Ela se concentra diretamente nas ocorrências que possam representar perigos para os trabalhadores expostos a ela, ou seja, que estiverem próximo o bastante para sofrerem seus efeitos. Trata-se de uma definição muito semelhante da que já estudamos. A NR-1 (2020a) apresenta o termo “perigo” como uma “fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde”. Isso quer dizer que, no nosso contexto, o perigo é um elemento que faz parte do processo de trabalho que gere a exposição dos trabalhadores aos riscos de danos à sua saúde e à sua segurança. Trata-se, portanto, do “evento perigoso” citado na definição de risco ocupacional acima. CLASSIFICAÇÃO Como já pontuamos, as fontes dos riscos ocupacionais são muito diversificadas. Elas estão presentes, por exemplo, em: AMBIENTES DE PRODUÇÃO DE INDÚSTRIAS. LOJAS COMERCIAIS. HOSPITAIS. ESCRITÓRIOS DE SERVIÇOS. FAZENDAS. DICA Até ambientes abertos, como fazendas, canteiros de obras, estádios esportivos, praias ou vias públicas, apresentam fontes de riscos ocupacionais. Toda essa diversidade de fontes de riscos, de tipos de processos de produção e de ambientes deve dificultar muito o tratamento desses riscos, não é? A verdade é que não é tão difícil assim! Inicialmente, é preciso estabelecer um critério para a separação e classificação deles. Agrupá-los por suas características comuns viabiliza a análise deles e a proposição de ações de prevenção. Um critério a ser utilizado na análise dos riscos ocupacionais foi proposto pelo governo federal no lançamento da Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. A “tabela de classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos” dessa portaria será reproduzida na tabela adiante. Os riscos dos ambientes de trabalho foram separados em cinco grupos que representam sua natureza: Riscos físicos. Riscos químicos. Riscos biológicos. Riscos ergonômicos. Riscos de acidentes. Cada grupo apresenta diversos tipos de agentes a representarem cada risco. O estudo de cada agente nos permite entender como ele se propaga nos ambientes de trabalho e prever as ações de prevenção necessárias para tratá-lo. Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com sua natureza e a padronização das cores correspondentes Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Acidentes Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com sua natureza e a padronização das cores correspondentes Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte manual de peso Máquinas e equipamentos sem proteção Radiações ionizantes Névoas Protozoários Exigência de postura inadequada Ferramentas inadequadas ou defeituosas Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Controle rígido de produtividade Iluminação adequada Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos excessivos Eletricidade Calor Vapores Bacilos Trabalho em turno e noturno Probabilidade de incêndio ou explosão Pressões anormais Substâncias compostas ou produtos químicos em geral Jornadas de trabalho prolongadas Armazenamento inadequado Umidade Monotonia e repetitividade Animais peçonhentos Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com sua natureza e a padronização das cores correspondentes Outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico Outras situações de risco que podem contribuir para a ocorrência de acidentes ⇋ Utilize a rolagem horizontal Quadro: Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos. Extraído de PORTARIA nº 25, 1994, tabela I, adaptado por Ronaldo Augusto Granha. ATENÇÃO As cores de cada grupo da tabela facilitam sua representação, sendo usadas em mapas de risco. Representação dos riscos de cada ambiente de trabalho na NR-5. RISCOS AMBIENTAIS Riscos ou agentes físicos, químicos e biológicos também são conhecidos como riscos ambientais. Parte do processo de produção, eles são liberados nos ambientes de trabalho durante a operação normal de alguns recursos alocados a esse processo. Elencaremos alguns desses recursos a seguir: Máquinas Equipamentos Ferramentas Materiais Procedimentos manuais Procedimentos da infraestrutura Pode parecer estranho que o processo de produção libere agentes com potencial de colocar em risco a saúde e a segurança dos trabalhadores, porém isso, às vezes, é mesmo inevitável! A verdade é que eles podem ser insumos necessários para a produção ou resultar dos processos de transformação de matérias-primas em bens ou do desenvolvimento de serviços. Como esses processos são bem conhecidos nas empresas, é possível conhecer antecipadamente o momento e a forma como tais agentes se propagam nos ambientes, viabilizando, dessamaneira, a criação ou a implantação de proteções para o trabalhador. Algumas proteções muito conhecidas para os riscos ambientais são os equipamentos de proteção individual (EPI). Dos materiais inclusos nos EPI e distribuídos para o uso exclusivo de cada trabalhador, podemos destacar os seguintes: Capacetes Luvas Máscara Óculos de segurança Protetor facial Já os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são outro tipo de proteção. Os EPC, entre outros itens, incluem: GRADES DE RESTRIÇÃO DE ACESSO. SINALIZAÇÃO. FILTROS. EXAUSTORES. VENTILADORES. EXTINTORES DE INCÊNDIO. Esses equipamentos devem estar devidamente certificados, dentro de sua validade e em perfeitas condições de uso. Quanto à disseminação de agentes dos riscos ambientais citados, pode-se afirmar que: AGENTES FÍSICOS São formas de energia (calor, frio, umidade, ruído, vibração ou radiação) transmitidas ao ser humano pelo contato físico direto ou indireto com sua fonte e pelo ar, por exemplo. AGENTES QUÍMICOS Estão presentes em inúmeros processos de transformação de matérias-primas em bens pela indústria. Eles são liberados na forma liquida, sólida ou gasosa. Esses agentes podem ser, por exemplo, inalados, ingeridos ou absorvidos pela pele. AGENTES BIOLÓGICOS Contaminam os ambientes, podendo ser inalados, ingeridos ou absorvidos pela pele. Observe que essa transmissão pode ocorrer tanto entre pessoas quanto entre elas e recursos contaminados. RISCOS ERGONÔMICOS A ERGONOMIA É UMA CIÊNCIA HUMANA APLICADA QUE OBJETIVA TRANSFORMAR A TECNOLOGIA PARA ADAPTÁ-LA AO SER HUMANO, APONTAM MATTOS E MÁSCULO (2019, P. 371). Essa ciência tem sido largamente aplicada na gestão da produção a fim de adaptar: Máquinas. Equipamentos. Ferramentas. Layout do ambiente de trabalho. Métodos de trabalho. Mesas e cadeiras para o uso confortável e seguro pelo ser humano. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A inadequação desses recursos para o uso humano pode gerar desconforto ou danos ao corpo devido à aplicação de esforços físicos elevados ou inapropriados pelos trabalhadores para executar suas tarefas. Com o tempo, é possível haver doenças ocupacionais graves, gerando o afastamento temporário ou permanente do trabalhador. Também há riscos de acidentes – como veremos no próximo subitem – e prejuízos à sua produtividade. Equipamentos inadequados ao trabalhador geram problemas. Eis alguns exemplos dessas inadequações: EQUIPAMENTOS ALTOS OU BAIXOS DEMAIS PARA O USO CONFORTÁVEL DO TRABALHADOR. FERRAMENTAS SEM A EMPUNHADURA ADEQUADA. CADEIRAS RÍGIDAS E DESCONFORTÁVEIS. EXCESSO DE PESO DE OBJETOS A SEREM MOVIDOS MANUALMENTE. Mas os riscos ergonômicos também envolvem a forma como o trabalhador usa os recursos colocados à sua disposição. Nesta imagem, é possível perceber que, uma postura inadequada diante do computador, promove efeitos nocivos ao corpo, como dores na região do pescoço e na lombar. Tais inadequações – tanto dos recursos quanto da forma de seu uso – constituem perigos para o trabalhador e representam riscos ergonômicos a ele. RISCOS DE ACIDENTES DE TRABALHO Os acidentes de trabalho decorrem do exercício da atividade profissional apesar de não fazerem parte dela. Eles são consequências, na verdade, de algum evento não previsto ou de um desvio do processo de produção. Esses acidentes até podem ser causados por fatores externos e não relacionados ao ambiente ou ao processo de produção, mas eles afetam os trabalhadores que participam dele. Trata-se de eventos perigosos para o trabalhador que ocorrem durante o exercício de sua atividade profissional, podendo gerar nele lesões ou agravos à sua saúde. Por isso, tais acidentes são considerados riscos ocupacionais. VOCÊ SABIA? Esse entendimento está claramente suportado pelo conteúdo do artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. O mesmo artigo ainda estabelece a responsabilidade da empresa pela aplicação de medidas de prevenção de acidentes que protejam a segurança e a saúde do trabalhador. GERENCIAMENTO DE RISCO OPERACIONAL AS NORMAS REGULAMENTADORAS E O GERENCIAMENTO DE RISCOS DESDE A CRIAÇÃO DELAS EM 1978, AS NORMAS REGULAMENTADORAS (NRS) TÊM SIDO AS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS PARA A PREVENÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NO BRASIL. Elas complementam a capítulo V (da segurança e da medicina do trabalho) do título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com alterações definidas pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Ao longo dos anos, já foram publicadas 37 NRs. Sua adoção, tanto por parte das empresas quanto dos trabalhadores, é obrigatória. SAIBA MAIS A criação e a manutenção dessas normas estão hoje sob a gestão da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. No que tange ao gerenciamento de riscos, vale destacar a NR-9 (2020c), que estabeleceu o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) com o objetivo de efetuar a “antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho”. O PPRA trata exclusivamente de riscos ambientais (físicos, químicos e biológicos). Os ergonômicos e de acidentes de trabalho são tratados isoladamente em outras normas. A partir de 2 de agosto de 2021, passa a vigorar uma nova versão da NR-9. A denominação da norma mudou para “Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos”. Seu título já revela a principal mudança dela: a extinção do PPRA. Nessa mesma data, também entra em vigor a nova versão da NR-1. Suas mudanças foram muito mais profundas e abrangentes, variando desde a denominação dessa norma, que muda para “Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais”, até a introdução do conceito de gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). O PGR é uma evolução de um programa similar previsto na NR-22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração. Sua introdução substitui – e com vantagens – o antigo PPRA, como veremos mais adiante. As empresas de todos os setores de negócio passam a ser obrigadas a adotar o GRO e o PGR a partir da entrada em vigor da norma. GERENCIAMENTO DE RISCO OCUPACIONAL (GRO) O GRO estabelecido pela NR-1 não é uma metodologia de trabalho. Quem cumpre essa função é o PGR. TRATA-SE DE UM PROCESSO OU DE UM SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS A SER IMPLANTADO EM CADA ESTABELECIMENTO DA EMPRESA. O GRO registra a filosofia, as diretrizes e os requisitos para a execução desse gerenciamento, além das responsabilidades por sua condução e supervisão. Tais diretrizes e requisitos podem incluir definições da NR-1 e da própria empresa. A partir do conteúdo da NR-1, essas diretrizes podem: I. Estabelecer o processo de GRO por estabelecimento de seus objetivos. II. Afirmar seu alinhamento à legislação e à regulamentação do trabalho. III. Definir se o GRO fará parte da estrutura de gestão corporativa (opção concedida à empresa). IV. Estabelecer o PGR e definir seus objetivos específicos. V. Definir as responsabilidades sobre o GRO e o PGR em toda a empresa. VI. Definir os critérios para a construção e a aplicação do PGR, incluindo a definição sobre sua implantação por unidade operacional, setor ou atividade de cada estabelecimento (opção concedida à empresa). VII. Autorizar a alocação de recursos para o PGR (sistemas de informação, estrutura de gestão, profissionais etc.). ⇋ Utilize a rolagem horizontal Elaborado por: Ronaldo Augusto Granha. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) Para a aplicação prática do GRO, a nova NR-1 introduziu o PGR. Desenvolvido individualmente para cadaestabelecimento da empresa, esse programa abrange os riscos ambientais, os ergonômicos e os de acidentes de trabalho. ATENÇÃO O antigo PPRA só abrangia os riscos ambientais. O PGR apresenta a forma de execução do gerenciamento de riscos. A NR-1 descreve a metodologia a ser empregada para seu desenvolvimento e sua gestão. Tal programa deve incluir as ações e os documentos relativos aos programas, planos, além de outros instrumentos previstos na normatização do trabalho em vigor. A NR-1 estabelece as etapas do planejamento de risco a serem implementadas pela empresa: Evitar Os riscos ocupacionais do ambiente de trabalho. Identificar Os perigos e suas consequências (possíveis lesões ou agravos à saúde). Avaliar Os riscos ocupacionais e seu nível de risco ocupacional. Classificar e priorizar Os riscos ocupacionais e estabelecer as medidas de prevenção. Implantar As medidas de prevenção definidas. Monitorar O controle dos riscos ocupacionais, efetuando ajustes quando necessário. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Elaborado por: Ronaldo Augusto Granha. Um aspecto-chave no PGR é o chamado processo de identificação de perigos e a avaliação de riscos ocupacionais descrito na NR-1. Suas etapas serão ilustradas na figura adiante. Ela revela que o processo segue um ciclo contínuo, pois se baseia no ciclo PDCA (sigla de plan, do, check e act), revelando, assim, seu foco na melhoria contínua desse processo. Tal formato esclarece que o processo de gerenciamento de riscos, portanto, não para. Isso ocorre pelo fato de os processos de trabalho estarem sempre em mudança ou evolução, estimulando o crescimento de riscos antes mitigados, revelando aqueles existentes, mas ainda não percebidos, ou simplesmente gerando novos. Processo de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupacionais. Para o desenvolvimento de tais atividades, são aplicadas as ferramentas de gerenciamento de riscos apresentadas no próximo módulo. Dois documentos citados pela NR-1 como necessários para o PGR são o inventário de riscos ocupacionais e o plano de ação. Ambos também serão debatidos no módulo 3. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Distinguir as ferramentas de gerenciamento de riscos ocupacionais LIGANDO OS PONTOS O desenvolvimento do gerenciamento dos riscos corporativos e ocupacionais é uma atividade trabalhosa. Para facilitar e agilizar essa tarefa, foram desenvolvidas ao longo do tempo várias ferramentas que auxiliam na identificação, na avaliação e na análise de riscos. Há inclusive outras ferramentas adaptadas ou introduzidas pela nova redação da NR-1. Mas você sabe quais são essas ferramentas? Compreende como elas são usadas? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Por conta disso, continuaremos a análise do case visto nos outros módulos: o da ZPK Logística. Case - empresa ZPK Logística A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no estado do Rio. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras. Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como seu diferencial o alto nível de automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário. A organização se orgulha de operar com tamanha agilidade que suas cargas praticamente apenas passam pelos centros de distribuição, quase sem esperas para o embarque. Já o volume de cargas em espera é mínimo. Conforme vimos nos cases dos módulos 1 e 2, a empresa é altamente informatizada e robotizada. Porém, apesar disso, suas linhas de produção apresentam diversos profissionais atuando em meios a esses robôs e demais equipamentos. Esta figura reproduz parte desse ambiente de produção para servir de referência: Figura: Layout do centro de distribuição. Como verificamos no case do módulo 2, a proximidade dessas pessoas com as máquinas em movimento apresenta vários riscos ocupacionais, ou seja, diversos fatores de risco ou perigos aos quais os trabalhadores estão expostos no seu dia a dia. Também vimos cinco exemplos: Diversos equipamentos eletrônicos em operação são fontes de energia calorífica ou elétrica. Há uma falta geral de cadeiras no ambiente, o que, por exemplo, obriga os trabalhadores a atuarem e se curvarem para operar computadores. Robôs industriais fixos e móveis estão em movimento constante e sem nenhum tipo de proteção coletiva que impeça a presença de trabalhadores perto dessas máquinas. Veículos transitam constantemente junto ao ambiente analisado, liberando monóxido de carbono. Como ele é parcialmente fechado, ocorre uma concentração dessa substância próximo das equipes, exigindo uma ventilação mecânica já instalada e em funcionamento. No ambiente acima, junto aos caminhões, o nível de ruído se mostrou elevado, ficando próximo dos 85DB limítrofes para uma jornada de oito horas diárias. Também já apontamos que os riscos 1, 3, 4, 5 são ambientais, enquanto o 2 é um risco ergonômico. A análise de riscos após o início da vigência da nova NR-1 será executada dentro do programa de gerenciamento de riscos (PGR) que essa empresa vanguardista já adotou. Dentro das etapas do PGR, esses riscos já identificados serão registrados e detalhados por meio de ferramentas de identificação de fontes de riscos. Serão inseridos nelas todos os demais riscos ocupacionais identificados no ambiente em análise. Essa também será a base para a alimentação do inventário de riscos citado pela nova redação da NR-1, o qual, aliás, já pode ir sendo preenchido. Empregaremos a seguir a ferramenta (ou mais de uma) de análise e avaliação de riscos que se mostrar mais adequada. Nela serão avaliados a resposta e o tratamento a ser aplicado para evitar ou mitigar o risco ocupacional. Essas ferramentas podem ser usadas no PGR proposto pela nova redação da NR-1 para efetuar a análise dos riscos. Seus resultados vão compor o inventário de riscos. As ações que vierem a ser definidas para o tratamento deles serão registradas como planos de ação. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. VIMOS QUE O AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO APRESENTA DIVERSOS RISCOS OCUPACIONAIS. OBSERVAMOS ATÉ UMA LISTA COM CINCO DELES, SENDO, PORTANTO, DEVIDAMENTE IDENTIFICADOS. DESCREVA COMO DEVE SER FEITO O PROCESSO DE GERENCIAMENTO DESSES RISCOS, ESCLARECENDO AS ETAPAS RESTANTES DE FORMA SUSCINTA. UTILIZE O PROCESSO DE GERENCIAMENTO PROPOSTO PELA NR-1: O PGR. SE PREFERIR, VOCÊ TAMBÉM PODERÁ USAR UM DOS RISCOS IDENTIFICADOS PARA APOIAR SUA NARRATIVA. RESPOSTA O PGR apresenta: atividades de identificação dos perigos e suas consequências (possíveis lesões ou agravos à saúde); avaliação dos riscos ocupacionais e seu nível de risco ocupacional; classificação e priorização dos riscos ocupacionais e estabelecimento de medidas de prevenção; implantação das medidas de prevenção definidas; e monitoração do controle dos riscos ocupacionais, efetuando ajustes quando necessário. O QUE SÃO ESSAS FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS javascript:void(0) LEITURA DETALHADA DA NR-1 O módulo 2 mostrou que há um grande volume de informações a serem levantadas com uma empresa para se desenvolver o gerenciamento de riscos operacionais e o PGR. A leitura detalhada da NR-1 evidenciará, além disso, diversas outras informações que também devem ser levantadas. Todas elas precisam ser analisadas para a viabilizar o desenvolvimento das várias etapas do processo de gerenciamento. Ademais, tudo precisa ficar documentado de forma organizada e facilmente recuperável a fim de suprir novas ações de gerenciamento futuras. Seu fluxo, portanto, será contínuo. É por isso que as empresas costumam alocar equipes especializadas no apoio aos gestores para o gerenciamento de riscos e muni-las com sistemas especializados, metodologias estruturadas e outros recursos de suporte à execução e à documentaçãodo trabalho. A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA E DA DOCUMENTAÇÃO As empresas precisam dispor de formas organizadas que definam: I. O QUE SERÁ FEITO. II. POR QUE SERÁ FEITO. III. QUEM O FARÁ. IV. QUANDO DEVE SER FEITO. V. COMO SERÁ FEITO. VI. EM QUE SERÁ FEITO VII. QUANTO CUSTARÁ. Essa é a missão das metodologias de trabalho. Elas são roteiros do que deve ser feito, apresentando, para tal, as orientações, os critérios, os documentos e outras informações necessárias para o desenvolvimento dos trabalhos. Uma metodologia de trabalho bem estruturada é um guia para a realização do trabalho. Ela serve tanto de material de treinamento quanto de orientação das questões que surgem na prática. Além dos métodos de trabalho, essa metodologia apresenta formatos para o registro de: REUNIÕES ENTREVISTAS LEVANTAMENTOS ANÁLISES ATENÇÃO Um conteúdo importante que as metodologias de trabalho mostram são as ferramentas de gerenciamento de riscos que veremos a seguir. As empresas também costumam alocar sistemas automatizados. Desenvolvidos internamente ou adquiridos no mercado, eles são projetados para auxiliar os gestores e as equipes da empresa a desenvolver as etapas e as atividades do gerenciamento. Esses sistemas apresentam telas e bases de dados que registram todas as informações que vimos no módulo 2 e outras mais que se façam necessárias. As empresas registram o conteúdo de documentos-chaves do gerenciamento. Apontaremos alguns documentos e ferramentas levantados nesse processo: Inventário de riscos Planos de ação Cronograma dos trabalhos Definições de responsabilidade Tudo isso é rapidamente recuperado e analisado. Claro que todo o trabalho pode ser desenvolvido com editores de textos e planilhas, assim como a guarda de documentos gerados numa pasta da rede de computadores. No entanto, várias dificuldades podem surgir. Entre elas, se destaca a de manusear um volume muito grande de arquivos ou falhas de tecnologia capazes de comprometer dados e informações mantidos nesses arquivos. Você talvez esteja se perguntando se a nova NR-1 pode ser considerada uma metodologia de trabalho, já que ela apresenta o que deve ser feito no trabalho. Essa norma, na verdade, descreve sumariamente um PGR e define alguns de seus quesitos, critérios, registros e responsabilidades. Entretanto, ela não mostra, por exemplo, as ferramentas de gerenciamento de riscos a serem usadas ou os métodos de registro das informações obtidas e dos resultados das análises realizadas. FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS Há várias ferramentas que podem – e devem – ser usadas no desenvolvimento dos trabalhos de gerenciamento de riscos. Todas elas representam técnicas de levantamento de dados e/ou análise. Tais ferramentas foram desenvolvidas separadamente ao longo dos anos, muitas vezes com o objetivo de atender a objetivos não relacionados ao gerenciamento de riscos. Elas, contudo, apresentam características próprias que, ao serem agrupadas e organizadas dentro do processo de gerenciamento de riscos, permitem que seus objetivos sejam plenamente atendidos. Observe que a maioria delas apresenta uma forma de aplicação e/ou conteúdo flexível ou adaptável às necessidades ou às possibilidades de cada empresa. Há inclusive ferramentas que são técnicas de entrevistas e organização de reuniões. O IMPORTANTE É QUE O SEU CONTEÚDO ATENDA ADEQUADAMENTE ÀS NECESSIDADES DO PGR (NR-1). Note ainda que todas essas ferramentas podem ser usadas para levantar riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos ou de acidentes. Por conta disso, tenha em mente que, ao falarmos de riscos nas descrições realizadas a seguir, faremos uma referência a todo esse conjunto. Tendo isso em vista, apresentaremos agora as ferramentas agrupadas conforme seu objetivo, assim como as descrições sobre a aplicação delas. Veja ainda que algumas utilizam planilhas para o registro dos resultados a serem preenchidos: FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE RISCOS (PERIGOS) A1. TÉCNICA DO INCIDENTE CRÍTICO (TIC) A TIC é utilizada para levantar e detalhar as fontes de riscos ou perigos. Ela está baseada em entrevistas e/ou reuniões com membros selecionados (por amostragem) das equipes envolvidas com o processo de produção em análise. A equipe de gerenciamento começa a reunião apresentando seus objetivos e esclarecendo o que são os riscos ocupacionais (com exemplos), nivelando, assim, o entendimento dos presentes. Os participantes apresentam sumariamente, entre outros exemplos, os seguintes pontos: O processo de produção As fontes de risco/perigos que já conhecem As ocorrências de doenças ou acidentes de que se lembram Os resultados devem ser registrados em ata (formato em aberto) e guardados para referências. Durante a reunião, podem ser solicitados aos participantes dados e informações documentadas sobre as fontes de perigo e de ocorrências recentes que causaram ou poderiam causar lesões ou agravos à saúde. A entrevista ou reunião não deve levar mais de duas horas ou reunir mais de 10 pessoas. Isso ocorre devido às dificuldades de se conduzir reuniões longas e/ou com muitos participantes. A2. WALKTHROUGH DO PROCESSO Esta técnica complementa a do TIC, pois permite “entrevistar” o processo. Ela envolve visitas autorizadas e guiadas pela equipe de produção aos ambientes de trabalho que se pretende analisar. Com isso, é possível: Observar e entender o funcionamento do processo. Conhecer as fontes de riscos citadas no TIC. Identificar outras fontes não citadas. As informações obtidas devem ser documentadas. Também se pode registrar a visita com fotos e filmagens, desde que haja prévia autorização, devido ao direito de imagem. A3. WHAT-IF ANALYSIS Tal técnica envolve a realização de reuniões (dinâmicas de grupo) com representantes da equipe de produção objetivando a análise e o debate (brainstorm) acerca das possíveis consequências de erros e falhas que podem ocorrer em cada etapa do processo e que representam um perigo para a equipe. Além da identificação desses perigos potenciais, a equipe precisa identificar as causas, como circunstâncias e eventos, que levaram a essas falhas. As recomendações de tratamento das causas também devem ser registradas. O registro das informações levantadas pode seguir este modelo: Quadro: Modelo de What-if analysis. Elaborado por Ronaldo Augusto Granha A4. OS 5 PORQUÊS ESTA É UMA TÉCNICA SIMPLES E MUITO USADA PARA IDENTIFICAR A CAUSA RAIZ DE PERIGOS. ELA PODE SER USADA EM CONJUNTO COM A WHAT-IF ANALYSIS OU ATÉ EM ENTREVISTAS INDIVIDUAIS. VOCÊ SABIA? Para cada situação de risco observada ou mesmo em um evento ou ocorrência conhecida, busca-se o “porquê” desse ocorrido, ou seja, suas causas. Para cada causa apontada, ocorre a mesma busca. Esse ciclo, assim, vai se repetindo até o quinto “porquê”. O método consiste em buscar a causa raiz de problemas reais ou potenciais já identificados. Ele ocorre preferencialmente com o apoio do brainstorm, mas também pode se dar por meio de entrevistas. A equipe busca identificar o porquê de um evento e segue repetindo tal pergunta para cada causa identificada até não ser mais possível aprofundar o questionamento. É comum que esses questionamentos sucessivos não passem do 5º “porquê”. Para cada causa identificada, avaliam-se as respostas e aplicam-se os tratamentos preventivos. FERRAMENTAS DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS (PERIGOS) ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) A APR apresenta os perigos identificados no processo de produção. Ela apresenta detalhes sobre esse perigo, incluindo causas, impactos, respostas e gravidade, entre outros quesitos, conforme indica o modelo da tabela a seguir. Observe que todo esse conteúdo precisa necessariamente já ter sido levantado pelas ferramentas de identificação de riscos apresentadas. DICA Compor um checklist com essas informações a ser preenchido com a equipe de produção durante as entrevistas ou as reuniões tão logo seja identificadoum perigo. Sua principal aplicação ocorre antes da entrada em operação do processo de produção e serve para projetar as proteções para ele (por isso, há o termo “preliminar” em seu nome). A APR, no entanto, também pode ser usada para as avaliações periódicas de seus riscos. Quadro: Modelo de APR. Elaborado por: Ronaldo Augusto Granha HAZARD AND OPERABILITY STUDIES (HAZOP) Traduzido como estudo de perigo e operabilidade, o Hazop é uma ferramenta muito usada para identificar os perigos de cada atividade e registrar as causas, os efeitos, as respostas e as recomendações delas. Conforme aponta o modelo a seguir, essa ferramenta é comumente usada por equipes de produção. Ela as mantém atualizadas para apoiar sua gestão da produção: Quadro: Modelo de Hazop. Elaborado por: Ronaldo Augusto Granha FAILURE MODE AND EFFECT ANALYSIS (FMEA) A FMEA (OU ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E SEUS EFEITOS) É UMA FERRAMENTA VOLTADA PARA O REGISTRO DE FALHAS OPERACIONAIS, COMO PROCESSO, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, E DE SUAS CAUSAS. Ela serve de apoio para a composição de estatísticas de produção e/ou de acionamento da manutenção, por exemplo. A FMEA ainda pode ser usada na análise das causas de perigos e na proposição de soluções. Quadro: Modelo de FMEA. Elaborado por: Ronaldo Augusto Granha FERRAMENTAS DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS DA NR-1 Todas as ferramentas já apresentadas – e outras similares disponíveis no mercado – podem ser usadas para cumprir todas as fases do PGR proposto pela NR-1. Mas essa norma cita duas especificamente, afirmando que tal programa deve contar, ao menos, com ambas. Isso quer dizer que elas são obrigatórias, mesmo que suas informações já constem em outras ferramentas. A NR-1 não ofereceu um modelo padrão, o que nos deixa livres para criar um documento ou um sistema para seu registro. No entanto, esse registro precisa conter, no mínimo, as seguintes informações requeridas pela NR-1: INVENTÁRIO DE RISCOS OCUPACIONAIS É um documento ou registro que, como o nome sugere, reúne todas as avaliações de riscos ocupacionais efetuadas sobre ambientes, processos e atividades. Instrumento operacional do gerenciamento de riscos, ele deve ficar acessível para os trabalhadores da empresa. Esse inventário deve apresentar: Detalhes sobre atividades, processos e ambiente de trabalho. Detalhes sobre os perigos e as possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores. Identificação das fontes de riscos ou perigos, dos riscos correlacionados e dos grupos de trabalhadores que podem ser afetados. Resultados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a riscos ambientais e ergonômicos. Avaliação e classificação dos riscos para os planos de ação. Critérios adotados para a avaliação dos riscos e a tomada de decisão. Como se pode observar, o preenchimento das ferramentas de análise e de avaliação de riscos que acabamos de estudar preenche todos os quesitos relacionados de alguma forma. Por outro lado, reza a norma que esse documento precisa ser disponibilizado para todos os trabalhadores de cada estabelecimento, indicando os grupos afetados por cada risco. Além da inclusão dessa informação adicional, os inventários de riscos devem conter uma apresentação e um conteúdo de fácil compreensão para todos. PLANOS DE AÇÃO Este documento registra as ações de prevenção ou tratamento de riscos a serem executados para evitar, mitigar ou controlá-los. Muitas organizações os mantêm como registros em sistemas que emitem avisos periódicos para os responsáveis sobre o seu cumprimento. Eles devem conter minimamente: O que será feito. O cronograma de execução. O plano de monitoramento. Os resultados esperados. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo, apresentamos o conceito de risco no contexto corporativo, detalhando sua aplicação na tomada de decisão. Em seguida, elencamos as etapas do gerenciamento de riscos corporativos. Vimos ainda os conceitos de riscos ocupacionais, de perigo e de gerenciamento desses riscos, assim como o papel desempenhado pelas normas reguladoras do trabalho no gerenciamento daqueles de cunho ocupacional. Além disso, apontamos como esse processo deve ser desenvolvido nas organizações a partir de agosto de 2021. Por fim, destacamos as principais ferramentas de mercado usadas no gerenciamento de riscos ocupacionais. Também citamos os documentos mínimos exigidos pela NR-1 para a composição do PGR proposto por tal norma. PODCAST Confira o podcast preparado especialmente para enriquecer o seu conhecimento sobre as ferramentas de gerenciamento de riscos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 31000:2009. Gestão de riscos - princípios e diretrizes. Publicado em: 30 nov. 2009. Consultado na internet em: 20 jul. 2021. BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União. BRASIL. Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1). Disposições gerais. Publicado em: 22 out. 2020a. Consultado na internet em: 20 jul. 2021. BRASIL. Norma Regulamentadora nº 05 (NR-5). Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Publicado em: 22 out. 2020b. Consultado na internet em: 20 jul. 2021. BRASIL. Norma Regulamentadora nº 09 (NR-9). Programa de Riscos Ambientais. Publicado em: 22 out. 2020c. Consultado na internet em: 20 jul. 2021. BRASIL. Norma Regulamentadora nº 22 (NR-22). Segurança e saúde ocupacional na mineração. Publicado em: 22 out. 2020d. Consultado na internet em: 20 jul. 2021. BRASIL. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Aprova a Norma Regulamentadora nº 9 – riscos ambientais, e dá outras providências. BRASIL. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras – NR do capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e à medicina do trabalho. MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. EXPLORE+ Para ampliar seu estudo, pesquise as normas regulamentadoras na página da secretaria do trabalho localizada no site do Ministério da Economia. CONTEUDISTA Ronaldo Augusto Granha
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