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DESCRIÇÃO Apresentação das mensurações da biodiversidade e dos movimentos pela sua preservação e os contextos históricos associados, bem como dos sistemas de classificação e nomenclatura biológica como ferramentas para a organização dos seres vivos. PROPÓSITO Conhecer os conceitos de biodiversidade e de espécie aplicados no reconhecimento dos táxons, segundo um sistema de classificação e nomenclatural para a identificação correta de espécies ameaçadas de extinção, temas relevantes na atuação do biólogo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar conceitos e contextos históricos da biodiversidade MÓDULO 2 Reconhecer a classificação dos seres vivos INTRODUÇÃO Todo o planeta tem vivenciado uma crise em seus recursos naturais, o que tem gerado grandes impactos no clima, em especial nos países dos trópicos, que concentram a maior diversidade biológica mundial. Essa crise é agravada pela intensificação dos desmatamentos e pela fragmentação de habitats, gerando a perda acelerada de espécies. O Brasil está em primeiro lugar entre os 17 países mais diversos no mundo — considerados megadiversos por deterem 70% da diversidade mundial. Nosso país abriga cerca de 15% de toda a biodiversidade mundial, possui a maior floresta tropical do mundo (Amazônia), além do maior número de espécies endêmicas e dois dos hotspots mundiais (Mata Atlântica e Cerrado). A diversidade biológica é reflexo da classificação biológica e do reconhecimento de espécies segundo critérios e regras estabelecidos pelo Código de Nomenclatura Biológica. A partir das espécies, é possível organizar grupos de seres vivos de acordo com suas similaridades. Atualmente, o sistema de classificação biológica utilizado é o filogenético, que considera características morfológicas, fisiológicas, químicas e moleculares na busca pelo melhor agrupamento dos seres vivos, através do seu histórico evolutivo e de suas relações parentais. A árvore da vida proposta por Hug e colaboradores em 2016, a partir de dados genômicos, considera os “domínios” como grupos mais abrangentes de organismos e a “espécie” como o mais restrito. Para se determinar de forma precisa cada organismo ou o grupo a que pertence, emprega-se a nomenclatura biológica que permite a sua categorização quanto ao grau de ameaça de extinção. Essa identificação contribui sobremaneira para a preservação da biodiversidade no mundo. Imagem: Shutterstock.com javascript:void(0) HOTSPOTS Biomas que conjugam alto índice de espécies endêmicas com alto grau de ameaça pela atividade humana. MÓDULO 1 Identificar conceitos e contextos históricos da biodiversidade CONCEITO DE BIODIVERSIDADE Biodiversidade é a variedade de seres vivos (Plantas, animais, fungos e microrganismos.) da Terra, considerando todas as suas formas e interações. É uma das características mais complexas e vitais do nosso planeta, e talvez por isso não haja consenso entre os especialistas quanto a esse termo. Biodiversidade é um termo essencial na ecologia e apresenta-se basicamente em três níveis: Imagem: Andreia Donza, adaptado por Angelo Oliveira Os três diferentes níveis da biodiversidade. Foto: Shutterstock.com. DIVERSIDADE GENÉTICA Foto: Shutterstock.com. DIVERSIDADE DE ESPÉCIES Foto: Shutterstock.com. DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS BIODIVERSIDADE EM NÚMEROS Em nível mundial, já foram catalogadas cerca de 1,8 milhões de espécies de plantas, fungos, animais e bactérias. Entretanto, estima-se que existam cerca de 8 a 10 milhões de espécies. POR QUE EXISTE DIFERENÇA ENTRE O CATALOGADO E O ESTIMADO? Essa diferença reside na carência de pesquisas de exploração dos diferentes ambientes da Terra para catalogação da vida existente. O mais preocupante é que, enquanto isso, muitas espécies são perdidas principalmente em razão da ação do homem. Foto: Alexasokol83/ Shutterstock.com. Espécies catalogadas exibidas no Museu Senckenberg. DISTRIBUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO PLANETA A maior biodiversidade do nosso planeta está nos trópicos, próximo à Linha do Equador. Quanto mais afastados dos trópicos estivermos, menor ela será. Em regiões temperadas, a biodiversidade também é baixa, diminuindo gradativamente em direção aos polos. Ela também diminui com o aumento da latitude. Portanto, as espécies estão distribuídas em nosso planeta de acordo com gradientes latitudinais de diversidade. Em relação à distribuição da diversidade ao redor do globo, conhecida como padrões de diversidade , observa-se que as comunidades das regiões temperadas apresentam espécies dominantes com uma grande quantidade de indivíduos da mesma espécie. Já nas regiões tropicais, existem muitos indivíduos de diferentes espécies. Há também uma tendência no aumento do número de espécies em regiões de baixas latitudes diminuindo em direção as latitudes mais elevadas. Um exemplo é a distribuição de corais ao longo do globo. Há uma diversidade de corais em função do gradiente latitudinal. Note que, nas baixas latitudes (próximo à Linha do Equador), as temperaturas são mais elevadas. Imagem: Fischer (1960, p. 66). Diversidade de corais em função do gradiente latitudinal. DISTRIBUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, com cerca de 12% de toda a vida natural do planeta. Nosso país tem proporções continentais com diferentes zonas climáticas, variando entre semiárido, tropical úmido até áreas temperadas. Isso possibilita a formação de diversas zonas biogeográficas, tais como: Foto: Shutterstock.com. CAATINGA Foto: Shutterstock.com. CERRADO Foto: Shutterstock.com. MATA ATLÂNTICA Foto: Shutterstock.com. CAMPOS SULINOS OU PAMPAS Foto: Shutterstock.com. PANTANAL Foto: Shutterstock.com. FLORESTA AMAZÔNICA Além disso, nosso país apresenta uma grande costa com enorme variedade de ecossistemas associados, tais como lagoas, lagos e manguezais. O BRASIL TEM 7.637KM DE LITORAL, QUE ABRIGA UMA ENORME FLORA E FAUNA LITORÂNEA. COM EXTENSOS ESTUÁRIOS, LAGOAS COSTEIRAS E MANGUES, MAIS DE 3.000KM DE RECIFES DE CORAL E HABITATS BENTÔNICOS QUE ATRAVESSAM AMBIENTES TROPICAIS, SUBTROPICAIS E TEMPERADOS, O BRASIL TEM ENFRENTADO SIGNIFICATIVOS DESAFIOS NA SUA CONSERVAÇÃO. (BRANDON et al., 2005, p. 8). AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE Há décadas discutem-se problemas ambientais, em especial aqueles ligados à perda de biodiversidade. A drástica queda da biodiversidade está diretamente associada à perda acelerada do número de espécies vegetais, animais e de fungos, em especial nos países tropicais. O PLANETA VIVE UMA CRISE DE BIODIVERSIDADE, CARACTERIZADA PELA PERDA ACELERADA DE ESPÉCIES E DE ECOSSISTEMAS INTEIROS. ESSA CRISE AGRAVA-SE COM A INTENSIFICAÇÃO DO DESMATAMENTO NOS ECOSSISTEMAS TROPICAIS, ONDE SE CONCENTRA A MAIOR PARTE DA BIODIVERSIDADE. NO BRASIL, A PERDA E A FRAGMENTAÇÃO DE HABITATS AFETAM TODOS OS BIOMAS. ELA É MAIS GRAVE NA MATA ATLÂNTICA, ONDE A VEGETAÇÃO NATIVA FICOU RESTRITA A PEQUENOS FRAGMENTOS, MAS TAMBÉM ATINGE EXTENSAS ÁREAS NO CERRADO, NO PAMPA E NA CAATINGA. (GANEM, 2011, p. 7) Foto: Shutterstock.com. A diversidade se reflete na capacidade de os organismos sobreviverem após e durante um período não favorável ou adverso que altera as condições climáticas do planeta, modificando também a flora, a fauna e a micota. A GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES FOI O QUE PERMITIU A RECUPERAÇÃO DA VIDA EM NOSSO PLANETA APÓS AS VÁRIAS CRISES PELAS QUAIS ELE PASSOU; MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS, MOVIMENTOS DE CONTINENTES, ERUPÇÕES VULCÂNICAS, CHOQUES DE METEOROS, ENTRE OUTROS FATORES QUE ALTERARAM E AINDA ALTERAM DRASTICAMENTE A VIDA SOBRE A TERRA. (ANDREOLI et al., 2014, p. 444) O desmatamento contribui de forma significativa para a perda de habitat e as mudanças climáticas. Nesse sentido, as alterações climáticas, tais como o aquecimento global, contribuem para a perda de habitat de várias espécies. O mamífero pangolim, nativo de florestas tropicais africanas, por exemplo, está ameaçado de extinção por contada caça furtiva e da perda de habitat natural. O desmatamento e a exploração madeireira em florestas tropicais contribuem para a perda de habitat e as mudanças climáticas. Foto: Shutterstock.com. Pangolim, mamífero africano ameaçado de extinção. Foto: Shutterstock.com. Ursos polares são estenotérmicos. As mudanças climáticas, por sua vez, afetam a vida na Terra. As espécies que mais sofrem com essas alterações são as denominadas estenotérmicas (Seres vivos que não toleram grandes variações de temperatura.) , tais como os ursos polares, diferentemente de outros seres vivos, como o salmão, que são chamados eurialinos (Seres vivos que suportam grandes variações de salinidade.) . Evidentemente, seres vivos capazes de viver apesar das grandes oscilações ambientais têm vantagens adaptativas em relação àqueles que não são capazes. VOCÊ SABIA A maioria dos peixes é estenoalina, o que significa que ou eles vivem na água salgada ou na água doce. Em relação às expectativas para um futuro nem tão distante, estima-se que cerca de 50% das espécies de mamíferos, aves e répteis sejam perdidos nos próximos 300 a 400 anos. Essa tendência indica que o desaparecimento de populações é o prelúdio para a extinção de espécies. PERDA DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL No Brasil, atualmente, um dos maiores problemas é o desmatamento. Entre julho e agosto de 2020, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou um aumento de 34% na taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos 12 meses. Foram mais de 9,2 mil km2 de florestas derrubadas. O mesmo período em 2018/2019 já tinha registrado um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Gráfico: Terrabrasilis/INPE/ CC BY-AS 4.0. Gráfico comparativo dos anos de 2015/2016 a 2019/2020 em relação ao desmatamento da Amazônia. Segundo um levantamento feito pelo projeto MapBiomas Alerta, mais de 99% dos desmatamentos registrados no Brasil em 2019 tiveram algum tipo de irregularidade, ou porque o desmatamento foi feito sem autorização legal ou porque avançou sobre alguma área proibida, como Unidades de Conservação (UC), terras indígenas e Áreas de Preservação Permanente (APPs). O desmatamento em florestas tropicais do Brasil causa perda de biodiversidade no planeta. O impacto do desmatamento continuado em áreas com poucos remanescentes florestais e altos níveis de endemismo, como a Mata Atlântica, é muito maior. Foto: Joa Souza/Shutterstock.com. Extração ilegal de madeira na Reserva Natural da Mata Atlântica, no município de Itabela, sul da Bahia. O vídeo a seguir apresenta informações importantes sobre as diversas ameaças à nossa rica biodiversidade. Assista! BIODIVERSIDADE MARINHA X BIODIVERSIDADE TERRESTRE Biodiversidade marinha é o termo usado para se referir à variedade de organismos que vivem em ambiente marinho. Fauna, flora, microrganismos (fitoplâncton e zooplâncton) e ecossistemas marinhos associados, tais como manguezais, também compõem a biodiversidade de ambientes de água salgada. Imagem: Shutterstock.com. A biodiversidade marinha é maior que a terrestre. Temos que levar em consideração que dois terços da superfície do planeta são cobertos por mares e oceanos. Outro fator a ser considerado é que a vida no ambiente terrestre só teve início cerca de 3,5 bilhões de anos depois do surgimento de vida nos mares. Parece difícil conceber que há maior variedade de vida nos oceanos do que na Floresta Amazônica. Isso porque não conhecemos os mares, e mesmo para a ciência o ambiente marinho permanece um mistério. SAIBA MAIS A vida nos ecossistemas terrestres depende muito dos ecossistemas aquáticos. A manutenção de elementos essenciais, como carbono, nitrogênio e fósforo, depende dos ciclos biogeoquímicos que ocorrem predominantemente nos mares e oceanos, auxiliando a preservação e o equilíbrio no planeta. A perda da biodiversidade marinha não se dá somente pela poluição dos mares. No Brasil, cerca de 95% do comércio exterior é transportado via marítima. A água de lastro é responsável pelo transporte de animais exóticos nocivos. Esses organismos podem causar tanto o desequilíbrio de ecossistemas marinhos quanto afetar diretamente a saúde humana. Um exemplo é o caso do Vibrio cholerae. Essa bactéria se espalhou pelo mundo e afetou atividades de pesca e maricultura (Cultura em ambiente marinho, por exemplo, cultura de camarão, mexilhão e de peixes como a tilápia. ) , provocando diversos casos de cólera. Fonte: Shutterstock.com. Vibrio cholerae. EXEMPLO Outro tipo de animais exóticos nocivos que causam distúrbios em ecossistemas no Brasil são os mexilhões dourados. Eles podem se incrustar sobre conchas e partes moles de moluscos bivalves e gastrópodes, eliminando as espécies nativas e contribuindo para a perda da biodiversidade nos oceanos. Além disso, causam grandes prejuízos econômicos, pois se incrustam em tubulações e bombas de captação e tratamento de água e também em sistemas de resfriamento de hidrelétricas e de barcos, aumentando os custos com manutenção de equipamentos e maquinário. CONCEITOS DE ESPÉCIE Não existe um único conceito de espécie. Os diversos conceitos não se excluem, não se invalidam. São abordagens diferentes que levam em consideração distintos aspectos biológicos, como veremos a seguir. ATENÇÃO A diversidade da vida deve ser estudada em todos os seus níveis: diversidade genética, diversidade de espécies, diversidade de ecossistemas. Contudo, a diversidade de espécies é, sem dúvida, a mais estudada. O conceito de espécie sofre grande influência do conhecimento de genética, assim como dos processos evolutivos. CONCEITO MORFOLÓGICO DE ESPÉCIE Nesse conceito, admite-se que uma espécie é um conjunto de seres com as mesmas características morfológicas, ou seja, os seres assemelham-se entre si. Esse conceito não é bem aceito pela comunidade acadêmica, pois apresenta alguns problemas. Vamos citar, por exemplo, as espécies crípticas e politípicas, que apresentam dimorfismo sexual ou grande plasticidade fenotípica. CRÍPTICAS POLITÍPICAS CRÍPTICAS São espécies morfologicamente muito semelhantes entre si (somente o especialista no grupo é capaz de separá-las), mas que apresentam pequenas diferenças morfológicas ou fisiológicas e comportamentais, como as aranhas do gênero Paratrechalea. POLITÍPICAS Grupo de indivíduos que apresentam diferenças nos padrões de pelagem, ou cor das asas, mas que são da mesma subespécie (ou raça geográfica), como as borboletas Heliconius erato. Foto: Shutterstock.com. Em casos de dimorfismo sexual, como na imagem acima, por exemplo, os machos da espécie Tragelaphus angasii são morfologicamente diferentes das fêmeas, apresentando diferentes padrões de coloração, ornamentos (como chifres) e tamanho dos indivíduos adultos. Segundo o conceito morfológico de espécies, eles não poderiam se enquadrar como uma espécie. Um exemplo muito extremo de dimorfismo sexual é o caso do peixe-diabo (Melanocetus spp.). Enquanto as fêmeas são grandes (18cm), os machos não ultrapassam os 3cm de comprimento. Os machos dessa espécie vivem como parasitas no corpo da fêmea, retirando os nutrientes necessários para a sua sobrevivência. A fêmea possui uma antena bioluminescente em sua cabeça e, dessa forma, atrai presas para se alimentar. Esses peixes vivem em grandes profundidades, chamadas de zonas abissais. Imagem: Shutterstock.com. Peixe-diabo fêmea com dois peixes-diabo machos agarrados ao seu corpo. CONCEITO EVOLUTIVO DE ESPÉCIE Segundo esse conceito, as espécies são linhagens (Linhagens são sequências de populações ancestrais que geram os descendentes atuais.) com tendências evolutivas próprias que evoluem a partir de outras linhagens. O grande problema desse conceito é conhecer a temporalidade, ou seja, como as diferentes linhagens evoluíram ao longo de determinado espaço de tempo. Imagem: Shutterstock.com. Evolução do cavalo nos últimos 55 milhões de anos. CONCEITO FILOGENÉTICO DE ESPÉCIEEsse conceito estabelece a definição de espécie como o menor grupamento que compartilha características derivadas — esse grupo compartilha uma história evolutiva. As características derivadas estão presentes nos grupos mais recentes, ou seja, são características novas. Diferem, portanto, das características primitivas que estão presentes nas espécies mais antigas, “ancestrais”. COMENTÁRIO O problema desse conceito é que não fica clara a delimitação dos caracteres que são característicos das espécies, além de ser um conceito em que se deve levar em conta a temporalidade. CONCEITO ECOLÓGICO DE ESPÉCIE Nesse conceito, as espécies são consideradas conjuntos de indivíduos que ocupam a mesma zona adaptativa. Eles são minimamente diferentes de outros indivíduos semelhantes e os grupamentos de indivíduos evoluem separadamente. Os problemas associados a esse conceito são a necessidade do fator temporal e a definição adicional do termo “zona adaptativa”. CONCEITO BIOLÓGICO DE ESPÉCIE Segundo esse conceito, espécie é definida como grupamentos de indivíduos capazes de se intercruzar e gerar descendentes férteis. Esses grupos de indivíduos são isolados do ponto de vista reprodutivo de outros grupos de organismos semelhantes. Assim como nos outros casos, esse conceito apresenta problemas, como, por exemplo, exigir muitos conhecimentos da biologia dos organismos e a aplicação restrita a indivíduos que realizam fertilização cruzada. Os mecanismos de isolamento reprodutivo podem ocorrer por barreiras pré-zigóticas ou pós-zigóticas. Imagem: Andreia Donza, adaptado por Rodrigo Oliveira. Mecanismo de isolamento reprodutivo. O conceito biológico de espécie reconhece que tanto indivíduos quanto populações podem variar na aparência e ainda pertencerem à mesma espécie, desde que possam se reproduzir dando origem a descendentes férteis. No caso de alguns vegetais e microrganismos, esse conceito não se aplica, porque podem apresentar sistemas reprodutivos diferentes entre os indivíduos. Dessa forma, o conceito de espécie biológica baseado na capacidade de intercruzamento não funciona. Para contornar esse problema, atualmente, o conceito de espécie biológica se baseia em diferenças genéticas e na morfologia externa mais do que na separação reprodutiva. ATENÇÃO A maneira mais fácil de verificar a diversidade de determinada região é listar e contar as espécies existentes. Para alguns vegetais e microrganismos, o que contamos são formas distintas e não exatamente espécies biológicas. Por isso, a diversidade apresenta distintos significados para os grupos de plantas, animais e microrganismos. MOVIMENTOS PELA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E CONTEXTOS HISTÓRICOS ASSOCIADOS A origem da biodiversidade atual é explicada pela teoria desenvolvida pelo geógrafo Aziz Ab'Saber (1924-2012), conhecida como Teoria dos Refúgios. Segundo ela, a fauna ficou isolada em ilhas de vegetação (período de retração da flora) e sofreu o processo de especiação biológica. Milhares de anos depois, as florestas se expandiram novamente e a fauna já estava diversificada. No período de retração, fauna e flora passaram pelo processo de especiação e produziram novas espécies, diferentes daquelas que existiam anteriormente. Imagem: Shutterstock.com. A biodiversidade é responsável pelo equilíbrio, pela dinâmica e estabilidade dos ecossistemas. É usada com base em atividades humanas, tais como agrícolas, pecuárias, pesqueiras, florestais e para a indústria da biotecnologia como fonte de intenso uso econômico. Um exemplo de equilíbrio e estabilidade na dinâmica de ecossistemas com interferência antrópica é a visita excessiva de turistas em uma ilha, que pode gerar degradação ambiental. Um ecossistema aberto, como uma ilha, é capaz de se autorregular por meio da homeostase. Na Ilha do Mel, no Paraná, existe um controle sobre o número de visitantes. Assim, mantendo o baixo fluxo de pessoas, a ilha consegue realizar a sua autorregulação, o que contribui para a homeostase local. Foto: Shutterstock.com. Na Ilha do Mel, o controle de visitantes possibilita realizar a autorregulação local. O SURGIMENTO DO AMBIENTALISMO NO MUNDO E A BIODIVERSIDADE No pós-guerra mundial, na Europa e América das décadas de 1950, 1960 e 1970, surgiram muitos movimentos sociais que pregavam a paz e o amor. Esses movimentos defendiam objetivos diferentes, mas tinham em comum a percepção de que os princípios de desenvolvimento do capitalismo seriam insustentáveis para o meio ambiente a longo prazo. Imagem: Shutterstock.com. Nos anos iniciais da década de 1980, diversos estudos começaram a evidenciar o preocupante aumento da perda de espécies e ecossistemas e a analisar como esse fenômeno poderia modificar drasticamente a estrutura e o funcionamento da biosfera. O termo biodiversidade foi empregado oficialmente pela primeira vez em 1986, mas foi idealizado um ano antes por Walter G. Rosen durante o planejamento do Fórum sobre Diversidade Biológica (National Forum on BioDiversity) que ocorreu nos EUA. Ali foram discutidas e apresentadas questões relevantes a respeito da conservação da natureza, destruição de habitats e extinção de espécies vegetais e animais. MARCOS DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL E NO MUNDO: CONFERÊNCIA RIO-92 E CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA (CDB) Na década de 1990, diversas iniciativas internacionais concentraram-se em questões específicas sobre como a diversidade impacta diretamente os ecossistemas. Neste cenário, surgiu a Conferência Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, ocorrida no Rio de Janeiro, que mudou completamente o modo de a humanidade enxergar a diversidade biológica. A diversidade biológica, antes considerada um conceito puramente teórico utilizado estritamente por ecólogos e ativistas ambientais de forma bastante técnica, passou a ter grande interesse público e foi alvo de diversos debates políticos. Na Eco-92, foi assinada a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). Esse é um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente tratados pela Organização das Nações Unidas. A convenção está embasada em três pilares: a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável dessa biodiversidade e a repartição justa e igualitária dos benefícios resultantes da utilização de recursos genéticos provenientes da biodiversidade. Vinte anos depois da Eco-92, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, também na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Foto: Blog do Planalto/wikimedia Commons/CC BY-AS 2.0. Líderes mundiais reunidos na Rio+20. Apesar desses esforços, quase todos os indicadores de diversidade biológica estão indo na direção contrária ao esperado, como a gradual perda de habitats, os impactos das espécies invasoras e a degradação dos ecossistemas. O baixo orçamento destinado à proteção da natureza por parte das entidades governamentais e o não cumprimento das metas da Convenção sobre a Diversidade Biológica estão entre os principais fatores desse fracasso. MEGADIVERSIDADE E MENSURAÇÕES DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA “País de megadiversidade” é a expressão utilizada pela Conservation International (CI) para denominar os países mais ricos em biodiversidade do mundo. Para avaliar a megadiversidade de um país, levam- se em conta o número de plantas endêmicas e o número total de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. O Brasil está entre os 17 países mais megadiversos do mundo, assumindo nesse ranking a posição número 1. Nossa posição de primeiro colocado no ranking se deve ao elevado número de espécies nativas. São aproximadamente 1.026 anfíbios, 684 répteis, 1.796 aves e 701 mamíferos em todo o território brasileiro. Em relação ao número de endemismos, são 19.731 espécies de plantas, 373 de algas e 48 de fungos (FLORA DO BRASIL, 2020). A flora brasileira também ériquíssima e conta com cerca de 38.760 espécies de plantas, 6.320 de fungos e 4.993 de algas (FLORA DO BRASIL, 2020). Esses resultados indicam que o Brasil é o país com o maior número de plantas do mundo — é considerado o mais rico em plantas vasculares (Pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.) (35.745). Alguns exemplos de nossa megadiversidade: Foto: Shutterstock.com. A Arara-Azul (Anodorhychus hyacinthinus) Foto: Shutterstock.com. Sapo cururu (Rhinella marina) Foto: Shutterstock.com. Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) Foto: Shutterstock.com. Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie de mamífero endêmico da Mata Atlântica. Foto: Shutterstock.com. Flores e folhas de pau-brasil (Paubrasilia echinata), endêmico do litoral do Brasil. COMO MEDIR A DIVERSIDADE BIOLÓGICA A diversidade biológica pode ser calculada utilizando-se diferentes índices. Entre eles, temos o índice de dominância de Simpson, que evidencia a “concentração” de espécies dominantes, ou seja, quanto maior o valor, maior será a dominância por uma ou poucas espécies. Esse índice é reconhecido por atribuir um peso maior às espécies comuns. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Fórmula referente ao índice de Simpson (D), onde: D = ∑[ ]ni (ni − 1) N (N −1) = número de indivíduos na espécie i = número total de indivíduos da comunidade O índice de Shannon também é bastante utilizado. Ele considera um peso igual para as espécies raras e as abundantes. Dessa forma, o valor H é diretamente proporcional à diversidade existente na comunidade em estudo. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Fórmula referente ao índice de Shannon (H), onde: = número total de espécies = razão entre os números de indivíduos de determinada espécie e o número total de indivíduos de uma comunidade Costuma-se fazer a avaliação da biodiversidade com base em dois parâmetros: Riqueza: o número de espécies existentes em dada comunidade. Equitabilidade: A abundância de cada espécie, ou seja, a proporção de indivíduos existentes em uma região. A maior biodiversidade é dada pelo maior número de espécies (riqueza) e pela abundância (equitabilidade) dessas espécies em uma região. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (UNICAMP, 2014) A PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE OCUPA HOJE UM LUGAR IMPORTANTE NA AGENDA AMBIENTAL DE DIVERSOS PAÍSES. QUAL ni N H = − ∑Si=1 pi logb pi S Pi DAS AFIRMAÇÕES ABAIXO É CORRETA? A) A diversidade de espécies diminui com o aumento da produtividade do ecossistema. B) A diversidade de espécies diminui com o aumento da heterogeneidade espacial do ecossistema. C) A diversidade de espécies diminui com o aumento da longitude. D) A diversidade de espécies diminui com o aumento da latitude. E) A diversidade de espécies em recifes de coral é a menor entre os ecossistemas marinhos. 2. O CONCEITO BIOLÓGICO DE ______________ RECONHECE QUE TANTO INDIVÍDUOS QUANTO POPULAÇÕES PODEM VARIAR NA APARÊNCIA E AINDA PERTENCEREM À MESMA ESPÉCIE, DESDE QUE POSSAM SE REPRODUZIR DANDO ORIGEM A _______________. NO CASO DE ALGUNS VEGETAIS E MICRORGANISMOS, ESSE CONCEITO _______ APLICA. ESTES PODEM APRESENTAR SISTEMAS REPRODUTIVOS DIFERENTES ENTRE OS INDIVÍDUOS. DESSA FORMA, O CONCEITO DE ESPÉCIE BIOLÓGICA BASEADO NA CAPACIDADE DE INTERCRUZAMENTO______________. A) espécie, prole masculina, se, não funciona. B) gênero, descendentes férteis, não se, não funciona. C) espécie, descendentes férteis, não se, não funciona. D) espécime, prole feminina, não se, funciona. E) espécime, prole masculina, se, funciona. GABARITO 1. (Unicamp, 2014) A preservação da biodiversidade ocupa hoje um lugar importante na agenda ambiental de diversos países. Qual das afirmações abaixo é correta? A alternativa "D " está correta. A maior diversidade biológica se encontra nas florestas tropicais que passam na Linha do Equador e nas regiões tropicais. À medida que nos afastamos dos trópicos, a diversidade tende a diminuir (é menor nos polos). Podemos citar como exemplo as florestas de coníferas encontradas nas regiões temperadas. Pouco número de espécies é encontrado em grandes quantidades, com algumas espécies dominando a paisagem, como nas florestas de Pinus. 2. O conceito biológico de ______________ reconhece que tanto indivíduos quanto populações podem variar na aparência e ainda pertencerem à mesma espécie, desde que possam se reproduzir dando origem a _______________. No caso de alguns vegetais e microrganismos, esse conceito _______ aplica. Estes podem apresentar sistemas reprodutivos diferentes entre os indivíduos. Dessa forma, o conceito de espécie biológica baseado na capacidade de intercruzamento______________. A alternativa "C " está correta. O conceito biológico de espécie reconhece que tanto indivíduos quanto populações podem variar na aparência e ainda pertencerem à mesma espécie, desde que possam se reproduzir dando origem a descendentes férteis. No caso de alguns vegetais e microrganismos, esse conceito não se aplica. Estes podem apresentar sistemas reprodutivos diferentes entre os indivíduos. Dessa forma, o conceito de espécie biológica baseado na capacidade de intercruzamento não funciona. MÓDULO 2 Reconhecer a classificação dos seres vivos PAPEL DA TAXONOMIA E DA SISTEMÁTICA NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE COMO A BIODIVERSIDADE SE RELACIONA COM A TAXONOMIA E A SISTEMÁTICA DOS ORGANISMOS? RESPOSTA A sistemática e a taxonomia são ciências que caminham juntas. Enquanto a taxonomia dá o nome, descreve as espécies e inventaria a biodiversidade, a sistemática organiza segundo um sistema de classificação biológica, levando em consideração a filogenia, ou seja, como os seres se relacionam do ponto de vista evolutivo. O objetivo inicial da sistemática era organizar plantas, animais e fungos conhecidos em categorias. Essas categorias eram baseadas somente na morfologia externa. Mais recentemente, a classificação passou a levar em conta características ecológicas, fisiológicas, anatomia e dados de origem genética, como as sequências de DNA nuclear, mitocondrial e do cloroplasto da célula. O sistema de classificação baseado em todas essas características possibilitou uma organização mais natural e que mostra as relações evolutivas entre os organismos. Atualmente, o principal objetivo da sistemática é produzir classificações biológicas em que as relações entre as espécies sejam originárias de um ancestral comum. A sistemática e a taxonomia incluem trabalhos de campo para a coleta de espécimes, assim como sua preservação, as chamadas coleções biológicas. Existem muitos acervos espalhados pelo mundo inteiro. Existem coleções vivas — como os jardins botânicos, hortos e jardins zoológicos — que assumem um caráter que vai além do estritamente científico. Visam à conservação vegetal, à pesquisa e à educação ambiental. Suas coleções possibilitam que a sociedade conheça a biodiversidade e reconheça a importância de preservar a natureza. As coleções podem, ainda, ser de animais mortos (Coleções zoológicas.) e plantas desidratadas e herborizadas (Exsicatas em herbários.) , estas têm caráter mais científico e acadêmico. Foto: Shutterstock.com. COLEÇÃO ZOOLÓGICA DE BESOUROS. Foto: Shutterstock.com. ESPÉCIME BOTÂNICO HERBORIZADO — EXSICATA. BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro pensador que produziu extenso material sobre a classificação zoológica. Criou a dicotomia entre plantas e animais, considerando como critério mover-se ou não. Tinha o pensamento fixista e via os seres vivos como uma escada da natureza, organizados de acordo com a complexidade corporal: as plantas inferiores como a base da escada e o homem no topo. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com. Aristóteles propôs o primeiro sistema de classificação zoológica. FIXISTA O pensamento fixista está baseado no criacionismo. Todosos organismos foram criados tal qual conhecemos e são imutáveis. Foto: Singinglemon / wikimedia Commons / CC BY-AS 2.5. Teofrasto propôs o primeiro sistema de classificação botânica. Teofrasto (371-287 a.C.), discípulo de Aristóteles, estabeleceu um vocabulário técnico botânico que fazia referência às diferentes partes das plantas. Classificou cerca de 500 espécies conhecidas até aquele momento com base no crescimento: árvores, arbustos, subarbustos e ervas. Ainda na Antiguidade, o médico grego Dioscórides (cerca de 60 d. C.) publicou a obra De Materia Medica, com cinco volumes, que tinha por objetivo o uso medicinal das plantas. Organizou de 500 a 600 espécies de plantas com base na utilidade: ervas alimentícias, condimentares, para perfumaria. Foto: domínio público / wikimedia Commons. Livro De Materia Medica, de Dioscórides. Na Idade Moderna, houve vários avanços tecnológicos, o que possibilitou conhecer um mundo até então desconhecido: “o mundo dos microrganismos”. Isso só foi possível com o advento do microscópio de luz. Carl Linnaeus, em sua obra Systema Naturae (1758, 10ª edição), propõe o sistema binomial e cria o sistema de classificação segundo níveis hierárquicos, com base em atributos sexuais das flores (reino, classe, ordem, gênero e espécie). O pensamento de Linnaeus também era fixista. Perceba que Teofrasto, Dioscórides e Linnaeus usavam apenas um atributo para classificar os grupos de plantas, o primeiro a desenvolver uma teoria evolucionista foi Jean-Batiste De Lamarck (1809) e, anos depois, Charles Darwin e Alfred Russel Wallace (1858) propõem pela primeira vez a ideia de que todos os seres descendem de um ancestral comum. As relações entre os seres vivos são propostas pela primeira vez por Darwin, quando usou o conceito de “árvore da vida”. Foto: Charles Darwin / wikimedia Commons / domínio público. “Árvore da Vida” de Charles Darwin. VOCÊ SABIA O pensamento de Lamarck, Darwin e Wallace revolucionou o modo de encarar a relação entre os seres vivos. Antes deles, acreditava-se que os seres vivos eram imutáveis, ou seja, não se alteravam com o passar do tempo. A ideia desses autores era de que os organismos poderiam se modificar ao longo do tempo, ou seja, os seres vivos evoluíam. Foto: Shutterstock.com. Imagem aproximada de Euglenas (Algas). A dicotomia animal x planta permaneceu até Richard Owen propor, em 1858, um terceiro reino — Protozoa —, na tentativa de agrupar os seres vivos que não se encaixavam nem no reino dos animais nem dos vegetais. Um dos exemplos são as euglenas: organismos fotossintetizantes que se encaixam como plantas, mas ao mesmo tempo são flageladas (ou seja, móveis), característica dos animais. O que fazer com esse organismo e outros tantos que possuíam características dos dois reinos? Em 1866, Ernst Haeckel propõe uma classificação com base em três reinos: Plantae, Animalia e Protista. E, em 1894, restringe o termo Protista apenas para organismos unicelulares, incluindo monera. Haeckel era adepto das ideias de Darwin e usava árvores com vários ramos e ramificações para representar o seu pensamento. Mais adiante, em 1969, Robert Harding Whittaker apresenta um sistema de classificação com base em cinco reinos: Plantae, Fungi, Animalia, Protista e Monera. As três linhagens de organismos pluricelulares teriam surgido a partir da especialização com base no modo de alimentação: organismos autotróficos (Plantae), absorção de alimentos direto do meio (Fungi) e ingestão de alimentos (Animalia). Imagem: PBrieux / wikimedia commons / CC BY-SA 4.0, adaptado por Leandro Souteiro. Proposta de classificação de Robert Harding Whittaker em cinco reinos. A partir de 1970, muitas classificações surgiram com o uso de moléculas (DNA e RNA) no estudo das relações evolutivas. Podemos citar como exemplo os 5 Reinos de Lynn Margullis (1970). Neste sistema de classificação, a bióloga norte-americana usa dados moleculares e de ultraestrutura (microscopia eletrônica de varredura) e se apoia na teoria da endossimbiose. Imagem: Eric Gaba / wikimedia Commons / domínio público. Sistema dos três domínios de Carl Woese. Outra classificação surgiu em 1977: os três domínios de Carl Richard Woese. Esse microbiologista norte-americano foi um dos pioneiros em estudos de filogenia molecular. Woese propôs, com base em RNA ribossomal, três domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya. Essa organização dos seres vivos permanece até os dias atuais. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA Como dito anteriormente, Aristóteles criou o primeiro sistema de classificação zoológica, em que classificou os seres vivos por terem ou não sangue vermelho. Já Teofrasto foi o primeiro a propor um sistema de classificação botânica, em que as plantas eram divididas pelo hábito (arbóreo, arbustivo, subarbustivo e herbáceo). Vejamos os três sistemas de classificação biológica: MONOFILÉTICOS Grupos naturais em que todas as espécies descendem de um único ancestral comum. PARCIMÔNIA Método de reconstrução filogenética baseado no menor número de passos evolutivos. TÁXONS Unidade taxonômica. Um táxon pode ser uma espécie, um gênero, uma família, uma classe, uma ordem. ANÁLISES COMBINADAS Análises em que se utilizam dois ou mais conjuntos de dados de origens distintas. Por exemplo, dados moleculares e dados morfológicos para gerar uma única árvore filogenética ou cladograma. CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA ARTIFICIAL É usada apenas para distinguir duas espécies ou dois grupos. As características são observáveis com facilidade, mas não refletem o grau de parentesco entre elas e nem o processo evolutivo. O sistema de classificação artificial se baseia em critérios aleatórios, não refletindo semelhanças e diferenças entre as espécies. Classifica os seres vivos com base em um só atributo arbitrário, sem levar em conta características e muito menos as relações evolutivas entre as espécies. Tem como principais representantes: Teofrastos, Dioscórides e Linnaeus, entre outros. CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA NATURAL Procura analisar um grande número de características morfológicas, empregando o máximo de características disponíveis. Nessa classificação, procura-se expressar o relacionamento “natural” entre os seres vivos, segundo um plano divino. Tem como um dos principais representantes Antoine-Laurent de Jussieu (1748-1836). CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA FILOGENÉTICA (CLADISTA) Foi criada pelo entomólogo alemão Willi Hennig em 1950, mas seu trabalho só foi reconhecido com a tradução de sua obra para o inglês em 1966 — Phylogenetic Systematics. O grande diferencial desse sistema de classificação foi a aplicação de um método para gerar as relações de parentesco baseadas na evolução das espécies. Usava o máximo de características (caracteres) possíveis na busca de grupos naturais ou monofiléticos. O sistema filogenético criado por Hennig ficou também conhecido como cladismo ou cladística, pois as relações evolutivas eram representadas graficamente por cladogramas ou clados. Esse sistema adotava o método de parcimônia como forma de reconstrução das linhagens evolutivas. Imagem: Shutterstock.com. Representação de árvore filogenética através de cladograma. Na Botânica, um dos primeiros sistemas de classificação filogenético foi o do alemão Adolf Engler (1844-1930) no final do século XIX. Ele dividiu as Dicotiledôneas em Archiclamydeae (flores com pétalas livres) e Sympetalae (flores com pétalas fundidas). O sistema de Engler foi baseado apenas em caracteres morfológicos. O sistema de classificação do norte-americano Arthur John Cronquist (1919-1992) é considerado um sistema filogenético tradicional ou gradista, pois busca estabelecer o grau de parentesco evolutivo entre as plantas utilizando várias características anatômicas, fisiológicas, reprodutivas, ecológicas, javascript:void(0) javascript:void(0) bioquímicas, incluindo as fósseis. Mas o sistema de Cronquist continuava a ser aleatório, com grande ênfase em tendênciasevolutivas arbitrárias, sem um método que pudesse replicá-lo. Foi utilizado durante anos por pesquisadores do mundo inteiro e tinha como princípio a divisão das plantas com flores em monocotiledôneas e dicotiledôneas, assim como o sistema de classificação de Engler. Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Leandro Souteiro. Características diferenciais entre Monocotiledôneas e Dicotiledôneas de Cronquist. Atualmente, as classificações filogenéticas são baseadas em caracteres moleculares (genes e muitas vezes genomas inteiros) para desvendar o grau de parentesco entre os táxons. São utilizados diversos métodos, como a parcimônia e a máxima verossimilhança. A parcimônia é mais utilizada para gerar dados a partir de atributos morfológicos ou em análises combinadas. Já a máxima verossimilhança se baseia em probabilidades estatísticas e é usada com um conjunto de dados numerosos, tais como os dados moleculares. Um exemplo atual de sistema de classificação filogenética baseado em caracteres moleculares é o do Angiosperm Phylogeny Group (APG). SAIBA MAIS Você deve ter notado que, até o final do século XX, os sistemas de classificação eram criados por autores isolados, com base em material restrito ao cientista. Tanto que recebiam o nome do próprio autor: Sistema de Linnaeus, Sistema de Engler, Sistema de Cronquist etc.). Hoje, particularmente sobre o sistema de classificação das plantas, o APG é feito de forma colaborativa, com a participação de especialistas botânicos do mundo todo. javascript:void(0) javascript:void(0) NOMENCLATURA BIOLÓGICA Vimos que a sistemática e a taxonomia se referem, respectivamente, à classificação e à atribuição de nomes. A sistemática tem como objetivo estabelecer e definir os grupos sistemáticos, enquanto a taxonomia consiste na aplicação dos nomes para os grupos ou espécies criados. QUAL A IMPORTÂNCIA DA NOMENCLATURA BIOLÓGICA PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES? RESPOSTA O nome de um organismo constitui um símbolo convencional ou arbitrário que serve como ponto de referência, evitando a necessidade de se referir à unidade taxonômica por meio de frases descritivas e servindo como um método simples e eficiente de comunicação. Entretanto, cabe ressaltar que o emprego de nomes comuns/vulgares para os organismos vivos está longe de ter caráter universal na nomenclatura biológica. Além da própria multiplicidade de idiomas, muitos deles com alfabetos distintos, um nome é frequentemente utilizado com diferentes sentidos para denominar variadas classes de organismos — às vezes a mesma classe de organismos é reconhecida por mais de um nome. A nomenclatura biológica tem por objetivo promover a comunicação e a indexação das informações sobre os táxons. Ela possibilita que um único táxon receba o mesmo nome e seja reconhecido em qualquer parte do mundo. O emprego da nomenclatura biológica promove a universalidade e a estabilidade dos nomes científicos. javascript:void(0) SISTEMA BINOMIAL DE NOMENCLATURA A nomenclatura binomial foi proposta a princípio por Gaspar Bauhin para espécies botânicas por volta de 1600. Contudo, ela só foi efetivamente publicada e adotada pelo botânico e sueco Carl Linnaeus. Nesse sistema binomial, os organismos eram designados de acordo com o gênero e a espécie, denominado como epíteto específico. Linnaeus também estabeleceu os pilares dos sistemas hierárquicos biológicos (reino, classe, ordem, gênero e espécie) e empregou descrições padronizadas, definições claras e extremamente concisas e fez a diagnose de 935 gêneros. Imagem: Shutterstock.com. Carl Linneus e seu Systema Naturae. NOMENCLATURA BINOMINAL O sistema binominal das espécies, como o próprio termo diz, apresenta dois nomes: o primeiro referente ao gênero e outro ao epíteto específico. Por exemplo, a espécie humana, Homo sapiens L., em que Homo representa o gênero e sapiens representa o epíteto específico. Logo após o nome deve vir o autor da espécie (Linnaeus, abreviado por L.). O ponto de partida para os nomes científicos seguindo a nomenclatura binomial para a Zoologia e a Botânica tem datas distintas: em 1753 Linnaeus publicou a obra Species plantarum. Anos depois, em 1758, publicou o sistema de nomenclatura binominal para a Zoologia em sua obra Systema Naturae. javascript:void(0) SAIBA MAIS Antes dessas datas, os nomes propostos para as espécies eram longos, compostos por um nome genérico seguido de uma frase descritiva referente às características da espécie “polinominal”. Além disso, os nomes não eram fixos, cada autor parafraseava a descrição de acordo com os caracteres que julgava mais importantes (differentia specifica). Por exemplo: o nome da rosa era o polinômio Rosa aculeis inequalibus stipulis angustis apice divaricatis foliolis coriaceis rigidis sepalis patentibus. Depois de 1753, passou a ser Rosa galicca L. FORMAÇÃO DO NOME EM “ESPÉCIE NOVA” O que é uma espécie nova? É aquela que, ao ser encontrada, estudada e comparada com todas as outras conhecidas do gênero, não corresponde a nenhuma delas. Deste modo, deve ser atribuído um nome à nova espécie seguindo determinadas regras, que veremos a seguir: 1. O epíteto específico é geralmente um adjetivo ou um substantivo adjetivado e deve combinar em gênero com o nome do gênero. Exemplos: Paepalanthus hirsutus: nome do gênero feminino com epíteto feminino. Lactuca hirsuta: nome do gênero neutro com epíteto neutro. Chrysanthemum hirsutum: nome do gênero masculino com epíteto masculino. 2. O epíteto pode ser descritivo, ou seja, descrever ou indicar estruturas ou características do táxon. Exemplos: Eichhornia azuea: o epíteto específico refere-se à cor da flor azul. Tamandua tetradactyla: o epíteto específico refere-se aos seus quatro dedos que servem para a espécie escalar árvores. 3. O epíteto pode referir-se ao local onde o organismo foi descoberto. Exemplos: Sporothrix brasiliensis: fungo descrito pela primeira vez no Brasil. Paepalanthus cipoensis: espécie de planta encontrada na Serra do Cipó (MG). 4. O epíteto pode homenagear uma pessoa por ter estudado aquele grupo de organismos. Comanthera harleyi: espécime botânico cujo nome foi uma homenagem a Harley. Ditassa Fontellae: espécime botânico cujo nome foi homenagem a Jorge Fontella. 5. O epíteto específico deve ser seguido pelo autor da espécie. Ou seja, aquele que descreveu o nome pela primeira vez. Estes nomes são abreviados de forma padronizada, de acordo com as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica, cuja lista é atualizada constantemente e pode ser consultada online no site do IPNI. Por exemplo, espécies descritas por Linnaeus devem ser escritas seguidas de L. (abreviatura de Linnaeus), como o carvalho branco — Quercus alba L. Foto: Shutterstock.com. O carvalho branco (Quercus alba L.) descrito por Linnaeus. ATENÇÃO O nome do gênero deve ter a primeira letra maiúscula e o nome do epíteto específico, letra minúscula. Exemplo: Musca domestica = gênero Musca (com letra maiúscula); epíteto específico domestica (com letra minúscula). Contudo, para os nomes próprios (pessoas ou localidades geográficas), é indiferente o uso das iniciais maiúsculas ou minúsculas no epíteto específico. Não se usa o mesmo nome do gênero para a espécie. Exemplo: Rosa rosa ou Bezoin bezoin. CÓDIGOS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA BIOLÓGICA A nomenclatura biológica é regulamentada por normas existentes no Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN), Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN), Código Internacional de Nomenclatura das Bactérias incluindo os Actinomycetes (ICNB) e Código Internacional de Nomenclatura das plantas cultivadas (ICNCP). Esses quatro códigos são independentes. Os códigos internacionais de nomenclatura incluem Princípios, Regras e Recomendações. Vejamos cada um deles resumidamente. Os Princípios servem de base para a construção do código. I — Os códigos de nomenclatura são independentes.O código de nomenclatura zoológica é independente do código de nomenclatura botânica. Podemos ter uma espécie zoológica com o mesmo nome científico de uma espécie botânica, mas nunca o mesmo nome para duas espécies zoológicas ou duas espécies botânicas. Por exemplo: Cecropia é o nome do gênero de árvores tropicais (Botânica) e também é o epíteto específico de uma espécie de mariposa colorida — Hyalophora cecropia (Zoologia). Foto: Shutterstock.com. CECROPIA, GÊNERO BOTÂNICO. Foto: Shutterstock.com. CECROPIA, EPÍTETO ESPECÍFICO DE UMA ESPÉCIE DE MARIPOSA. Este Princípio não se aplica ao nome vulgar, popular ou vernáculo. Dependendo da região de referência, pode ocorrer de uma mesma planta ser chamada por nomes populares distintos ou haver diferentes plantas com o mesmo nome popular. A mesma espécie com nomes populares distintos: Eichhornia crassipes é uma planta aquática muito comum em ambientes eutrofizados e poluídos. Ela é conhecida popularmente em Portugal e Angola como jacinto-d’-água; no Brasil, é chamada de aguapé, gigoga, mururé, orelha-de-veado, dependendo da região do país. Outro exemplo são espécies distintas conhecidas pelo mesmo nome: Peumus boldus, Plectranthus neochilus, Plectranthus barbatus. Todas as três espécies são conhecidas popularmente como boldo. Foto: Shutterstock.com. PEUMUS BOLDUS Foto: Shutterstock.com. PLECTRANTHUS NEOCHILUS Foto: Shutterstock.com. PLECTRANTHUS BARBATUS II — Os nomes estão ligados a um tipo nomenclatural. Os nomes sempre estão ligados à planta que foi descrita como espécie nova pela primeira vez. III — A nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada no princípio de prioridade. IV — Cada grupo taxonômico tem um único nome correto, o mais antigo validamente publicado. A nomenclatura de um táxon deve seguir a ordem de prioridade de publicação. Ou seja, o nome mais antigo será o nome válido (na Botânica, há algumas exceções). Nomes publicados posteriormente para um mesmo táxon são denominados sinônimos. EXEMPLO Segundo o Código de Nomenclatura Botânica, o nome válido para a família do arroz é Poaceae, mas também pode-se admitir Gramineae, por ser um nome tradicionalmente empregado. Assim, do mesmo modo são aceitos os nomes “alternativos” para Fabaceae (Leguminosae), Brassicaceae (Cruciferae), Asteraceae (Compositae), Arecaceae (Palmae). V — Os nomes científicos são escritos em latim ou latinizados. VI — As regras de nomenclatura são retroativas. A menos que estejam expressamente limitadas pelo próprio Código, as regras de nomenclatura fazem valer registros passados. Para casos genéricos na Botânica, a retroatividade deve partir de 1 de maio de 1753, data referente à publicação do livro de Linnaeus chamado Species Plantarum. O ICNB e o ICNZ reconhecem diferentes categorias para táxons superiores. Estes nomes são uninominais e acima de gênero têm terminações padronizadas (sufixos). Na Botânica, o ICNB determina reino (AE), filo (PHYTA), classe (OPSIDA), ordem (ALES), família (ACEAE). Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Leandro Souteiro. Hierarquia da classificação biológica da unidade básica taxonômica (espécie) até o nível superior (reino). EXEMPLO - CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA DA MAGNÓLIA BRANCA (M. GRANDIFLORA) Reino: Plantae Filo: Magnoliophyta Clado: Angiosperms Classe: Magnoliopsida Ordem: Magnoliales Família: Magnoliaceae Gênero: Magnolia Espécie: M. grandiflora L. O Código Internacional de Zoologia (ICNZ) disciplina apenas para as seguintes categorias com desinências próprias: tribo (INI), subfamília (INAE), família (IDAE), superfamília (OIDEA). EXEMPLO - CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA DO LOBO-GUARÁ (CHRYSOCYON BRACHYURUS) Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Carnivora Família: Canidae Gênero: Chrysocyon Espécie: C. brachyurus Illiger. EXEMPLO - CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA DO BESOURO HÉRCULES (DYNASTES HERCULES) Reino: Animalia Filo: Arthropoda Classe: Insecta Ordem: Coleoptera Superfamília: Scarabaeoidea Família: Scarabaeidae Subfamília: Dynastinae Tribo: Dynastini Gênero: Dynastes Espécie: D. Hercules L. As Regras são organizadas em Artigos, que incluem as normas que regem a nomenclatura. As Recomendações visam padronizar, o máximo possível, a nomenclatura em nível internacional. O CÓDIGO DE NOMENCLATURA BOTÂNICA Neste vídeo, veremos como o atual Código de Nomenclatura Botânica (ICNB) está dividido e organizado e quais são seus princípios norteadores. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA MUDARAM MUITO AO LONGO DOS ANOS, PRINCIPALMENTE NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, COM O ADVENTO DA SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA QUE POSSIBILITOU UMA ORGANIZAÇÃO SEGUNDO CRITÉRIOS EVOLUTIVOS. ATUALMENTE SE TEM UTILIZADO MARCADORES MOLECULARES QUE FAZEM A ANÁLISE GENÉTICA DAS ESPÉCIES E AS RELACIONAM ENTRE SI. SOBRE OS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA: ARTIFICIAL, NATURAL, FILOGENÉTICA, RELACIONE AS COLUNAS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO E DEPOIS MARQUE A OPÇÃO CORRETA: ( 1 ) CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA ARTIFICIAL ( 2 ) CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA NATURAL ( 3 ) CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA FILOGENÉTICA ( ) USADA APENAS PARA DISTINGUIR DUAS ESPÉCIES, AS CARACTERÍSTICAS SÃO OBSERVÁVEIS COM FACILIDADE, MAS NÃO REFLETEM O GRAU DE PARENTESCO ENTRE ELAS E NEM O PROCESSO EVOLUTIVO. ( ) CRIADA POR WILLI HENNIG EM 1950. ( ) USA UM MÉTODO PARA GERAR AS RELAÇÕES DE PARENTESCO BASEADAS NA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES. ( ) ARISTÓTELES, NO SÉCULO IV A.C., FOI O PRIMEIRO A CRIAR UMA CLASSIFICAÇÃO COM BASE EM APENAS UM CARÁTER. ( ) ANALISA UM GRANDE NÚMERO DE CARACTERÍSTICAS, BUSCANDO ESTABELECER RELAÇÕES “NATURAIS” ENTRE AS ESPÉCIES. NÃO SE PREOCUPA EM DEMONSTRAR AS RELAÇÕES DE PARENTESCO EVOLUTIVO ENTRE OS SERES VIVOS. A) 1 - 3 - 3 - 1 - 2 B) 1 - 3 - 3 - 2 - 1 C) 2 - 3 - 3 - 1 - 2 D) 1 - 2 - 3 - 1 - 2 E) 2 - 3 - 2 - 1 - 2 2. OS CÓDIGOS DE NOMENCLATURA BIOLÓGICA SÃO FUNDAMENTAIS PARA SE CONHECER A REAL BIODIVERSIDADE DE UMA REGIÃO. ATRAVÉS DELES PODE-SE IDENTIFICAR E NOMEAR NOVAS ESPÉCIES. MARQUE A OPÇÃO CORRETA SOBRE OS CÓDIGOS DE NOMENCLATURA BIOLÓGICA. A) O nome de uma espécie é uninominal, deve ser escrito em latim ou latinizado, conter o nome do gênero com inicial maiúscula e o epíteto específico com letra minúscula. É opcional o nome da espécie e do gênero estar escrito em itálico ou sublinhado. B) O nome de uma espécie é binominal, deve ser escrito em latim ou latinizado, conter o nome do gênero e o epíteto com inicial maiúscula. Os nomes do gênero e da espécie devem ser escritos em itálico ou sublinhados. C) O nome de uma espécie é binominal, deve ser escrito em latim ou latinizado, conter o nome do gênero com inicial maiúscula e o epíteto específico com letra minúscula. Os nomes do gênero e da espécie devem ser escritos em itálico ou sublinhados. D) O nome de uma espécie é uninominal, deve ser escrito em latim ou latinizado, conter o nome do gênero e o epíteto com inicial maiúscula. Os nomes do gênero e da espécie devem ser escritos em itálico ou sublinhados. E) O nome de uma espécie é binominal, deve ser escrito em latim ou latinizado, conter o nome do gênero com inicial maiúscula e o epíteto específico com letra minúscula. É opcional o nome da espécie e do gênero estar escrito em itálico ou sublinhado. GABARITO 1. Os sistemas de classificação biológica mudaram muito ao longo dos anos, principalmente nas últimas décadas, com o advento da sistemática filogenética que possibilitou uma organização segundo critérios evolutivos. Atualmente se tem utilizado marcadores moleculares que fazem a análise genética das espécies e as relacionam entre si. Sobre os sistemas de classificação biológica: artificial, natural, filogenética, relacione as colunas de acordo com a classificação e depois marque a opção correta: ( 1 ) Classificação biológica artificial ( 2 ) Classificação biológica natural ( 3 ) Classificação biológica filogenética ( ) Usada apenas para distinguir duasespécies, as características são observáveis com facilidade, mas não refletem o grau de parentesco entre elas e nem o processo evolutivo. ( ) Criada por Willi Hennig em 1950. ( ) Usa um método para gerar as relações de parentesco baseadas na evolução das espécies. ( ) Aristóteles, no século IV a.C., foi o primeiro a criar uma classificação com base em apenas um caráter. ( ) Analisa um grande número de características, buscando estabelecer relações “naturais” entre as espécies. Não se preocupa em demonstrar as relações de parentesco evolutivo entre os seres vivos. A alternativa "A " está correta. A classificação biológica artificial é usada apenas para distinguir duas espécies, as características são observáveis com facilidade, mas não refletem o grau de parentesco entre elas e nem o processo evolutivo. Aristóteles, no século IV a.C., criou o primeiro sistema de classificação zoológica. A classificação biológica natural procura analisar um grande número de características, tais como as morfológicas, anatômicas, fisiológicas, reprodutivas, ecológicas, buscando estabelecer relações de parentesco evolutivo entre os seres vivos. Nesse tipo de classificação, não há um método, a escolha das características (apesar de muitas) é aleatória. O sistema de classificação filogenético foi criado por Willi Hennig em 1950, mas seu trabalho só foi reconhecido com a tradução de sua obra do alemão para o inglês em 1966. O diferencial dessa classificação foi o uso de um método para gerar as relações de parentesco baseadas na evolução das espécies. 2. Os códigos de nomenclatura biológica são fundamentais para se conhecer a real biodiversidade de uma região. Através deles pode-se identificar e nomear novas espécies. Marque a opção correta sobre os códigos de nomenclatura biológica. A alternativa "C " está correta. O nome de uma espécie é binominal, ou seja, deve conter dois nomes; o gênero com inicial maiúscula e o epíteto específico com inicial minúscula. Os nomes devem ser grifados ao longo do texto em itálico ou sublinhados toda vez que aparecerem. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos que os problemas ambientais mundiais, como o efeito estufa e o aquecimento global, também contribuem para a perda de habitat, extinção de espécies e, consequentemente, perda de biodiversidade no planeta. Os problemas ambientais e a crise da biodiversidade perduram ao longo de décadas. No Brasil, apesar do avanço em relação à legislação e às políticas públicas, a efetividade das leis e a execução dessas políticas não têm sido garantidas. Somente em 2019 e 2020, o Brasil viveu uma das mais expressivas perdas de habitat naturais, seja pelo desmatamento ou pelas queimadas que devastaram principalmente os estados do Centro-Oeste e Norte do nosso país, reconhecidamente fronteiras agrícolas. Estima-se que ainda haja muitas espécies desconhecidas pelo homem e tantas outras que nunca serão conhecidas, porque se extinguiram antes mesmo de serem descobertas. Vimos que as ciências que possibilitam ao homem conhecer a biodiversidade de um país ou de uma região são a taxonomia e a sistemática. Os estudos taxonômicos que utilizam as regras de nomenclatura contribuem para identificar e nomear espécies novas, ampliando a biodiversidade. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ANDREOLI, C. V.; ANDREOLI, F. N.; PICCININI, C.; SANCHES, A. L. Biodiversidade: a importância da preservação ambiental para manutenção da riqueza e equilíbrio dos ecossistemas. Coleção Agrinho, 2014. BRANDON, K.; FONSECA, G. A. B.; RYLANDS, A. B. & SILVA, J. M. C. Conservação brasileira: desafios e oportunidades. In: Megadiversidade, 2005, v. 1, nº 1., p. 7-11. ESCOBAR, H. Desmatamento na Amazônia dispara em 2020. Jornal da USP. Consultado em meio eletrônico em: 02 mar. 2021. FISCHER, A. G. Latitudinal variations in organic diversity. In: Evolution, 14(1), 60-81, 1960. FLORA DO BRASIL 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em meio eletrônico em: 02 mar. 2021. GANEM, R. S. Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011. EXPLORE+ Os critérios e as categorias adotados pela IUCN para as Listas Vermelhas (versão em português). O documento Avaliação do estado de conservação da fauna brasileira está disponível no portal da ICMBio. O Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (Código de Shenzhen), Tradução, 2018. O Código Internacional da Nomenclatura Zoológica no portal do Museo Nacional de Ciencias Naturales. Consulte duas obras raras de C. Linnaeus: Species plantarum (1753) e Systema naturae (1766), disponíveis na Biodiversity library. Conheça a “Árvore da vida” proposta por cientistas, em 2016, no artigo: A new view of the tree of life. Nature Microbiology. CONTEUDISTA Andreia Donza Rezende Moreira CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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