Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS
Antonio Rodolfo de Siqueira
Viviane Guidotti
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
M278e Siqueira, Antonio Rodolfo de.
Educação de jovens e adultos / Antonio Rodolfo de 
Siqueira, Viviane Guidotti. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
216 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-052-8
1. Educação de jovens. 2. Educação de adultos I. 
Guidotti, Viviane. II. Título. 
CDU 37.022
Educacao_Jovens_e_Adultos_1-4.indd 2 16/03/2017 11:48:13
A prática docente na 
EJA: a produção do saber 
escolar e a cidadania
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
 Analisar a pratica docente na EJA considerando as exigências previs-
tas nas Diretrizes, respeitando as especifi cidades e a pluralidade do
educando adulto.
 Defi nir a pratica docente na EJA de forma contextualizada com a
realidade do educando adulto, de forma a estimular a permanência
e continuidade dos seus estudos.
 Discutir a pratica docente a partir de uma abordagem dialógica, critica 
e refl exiva, com vistas a estimular a expressão da subjetividade do
educando enquanto cidadão.
A prática docente na EJA: a LDB e as 
especificidades do educando adulto
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, nº 
art. 37, defi ne que a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino 
destinada ao público que, por diversos motivos, não teve acesso ou foi excluído 
do sistema educacional ou, ainda, que não deu continuidade aos estudos no 
Ensino Fundamental e Médio na idade própria. É defi nido, também, que essa 
modalidade tem como fi nalidade ampliar a visão de mundo desses estudantes 
e prepará-los para o mercado de trabalho.
O objetivo da EJA é despertar o potencial de cada um, fazendo com que 
o sujeito assuma seu devido lugar na sociedade e saiba utilizar o exercício
pleno da cidadania. A Educação de Jovens e Adultos precisa ser desenvolvida
de modo a conduzir o aluno a apreender de forma analítica a realidade em
que está inserido, para que tenha condições de enfrentá-la de maneira crítica
e reflexiva. O trabalho na EJA, não pode ser um ato mecânico, e os alunos
Educacao_jovens_U2_C02.indd 98 16/03/2017 11:52:52
não podem ser vistos como objetos, sem história e conhecimentos da vida. A 
Educação de Jovens e Adultos, deve ser pautada no respeito mútuo, por meio 
de diálogos e reflexões críticas da sociedade.
E o grande responsável por este árduo trabalho é o professor, aquele 
profissional com curso superior em Licenciatura e apto a ensinar e com-
partilhar seus conhecimentos no cotidiano da sala de aula, por intermédio 
de métodos e práticas de ensino. Ao entender a relação existente entre 
professor e prática docente, construiremos atividades educativas efetivas 
para a EJA, atendendo aos diversos grupos sociais, que caracterizam a 
diversidade da sala de aula.
É sempre importante destacar qual é o conhecimento do mundo, de socie-
dade e quais são as experiências que esse profissional possui, pois, de certa 
forma, seremos conduzidos por esse sujeito, para um mundo mágico a ser 
descoberto, que poderá transformar vidas e sonhos. O professor é o mediador 
da cultura e dos saberes.
Para Souza (2011), é preciso definir qual é a concepção que marca a ação do 
professor. Concepção é o ponto de partida, que fundamenta a ação. É preciso 
verificar se essa é uma concepção tradicional ou se é uma concepção crítica 
que orienta o pensar e o fazer educativo.
Para Mizukami (1986), a abordagem tradicional do ensino identifica 
o aluno com parte de um mundo que ele irá conhecer, isto é, a realidade 
será transmitida a ele. Nessa visão a educação se restringe à instrução e 
à transmissão de conteúdos, preocupando-se com a armazenagem de co-
nhecimentos. Os professores, aqui, são os detentores do saber e instruem 
os alunos com aulas expositivas e com a verificação da memorização dos 
conteúdos. 
Seguindo essa abordagem tradicional de ensino, a Educação de Jovens e 
Adultos é caracterizada como uma réplica da educação de crianças, preocu-
pando-se excessivamente com as técnicas de ensino; os conteúdos são não 
fazem parte da realidade de cada aluno e os professores procuram manter 
uma distância de seus educandos, sem formar nenhum vínculo. A técnica de 
oralidade, da escrita e da leitura, nessa abordagem, é compreendida como um 
processo de decodificação.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA (BRASIL, 
2000), é fundamental um modelo pedagógico próprio, que propicie a equi-
dade, que respeite a diferença e que tenha proporcionalidade, com disposição 
dos componentes curriculares de forma a garantir práticas pedagógicas que 
assegurem a seus alunos a construção de uma identidade formativa comum 
aos demais participantes da escolarização básica.
99A prática docente na EJA: a produção do saber escolar e a cidadania
Educacao_jovens_U2_C02.indd 99 16/03/2017 11:52:52
É importante que você entenda que as Diretrizes não são normas, mas 
sim norteadoras de um processo educacional nacional, que possuem certa 
flexibilidade, variando de acordo com as necessidades regionais.
Quando falamos de Educação de Jovens e Adultos, falamos de uma educação 
para o cidadão com escolarização incompleta ou ainda não iniciada, que vai em 
busca de educação, ainda que tardiamente. A interrupção ou o impedimento, 
ocorrem em um contexto amplo de exclusão social e cultural, que poderá estar 
presente novamente nessa nova oportunidade de escolarização, principalmente 
quando esses estudantes são negros, pobres, oprimidos e excluídos.
Os docentes da EJA devem reconhecer seu aluno como um sujeito de 
conhecimento e aprendizagem, com especificidades e identidade cultural 
distintas, ainda que composta por histórias de vidas bastante diferenciadas, 
mas marcadas pela exclusão ou marginalidade social.
Para Fonseca (2012), os educadores devem se comprometer com uma po-
lítica de inclusão e de garantia de espaço de jovens e adultos na escola, como 
sujeitos socioculturais que apresentam perspectivas e expectativas, desafios 
e desejos próprios em relação à educação escolar. 
A evasão escolar, muitas vezes, é responsabilizada pelo fracasso na apren-
dizagem, mas sabe-se que os alunos que abandonam as escolas, o fazem 
por diversos fatores sociais e econômicos. Cabe ao docente ressignificar 
sua prática, respeitando as diferenças individuais e culturais presentes na 
sala, a fim de formar cidadãos reflexivos, críticos, com liberdade e senso de 
responsabilidade. E o docente responsável que tem paixão por aquilo que faz 
contribui muito na formação desse cidadão, ao assumir seu verdadeiro papel 
político na educação. A EJA garante o direito à educação e à aprendizagem, 
de maneira viável à toda a população.
É importante ressaltar que os Parâmetros Curriculares Nacionais são con-
traditórios e não atendem integralmente às necessidades do aluno com relação 
à preparação para o mercado de trabalho e à formação do caráter do cidadão 
de modo mais abrangente, o que é (ou deveria ser) inerente ao processo educa-
tivo escolar. Para Barcelos (2012), o ensino não pode ser exclusivista, mas sim 
pautar-se pela busca de uma formação aberta à diversidade, contemplando, dessa 
forma, as diferentes dimensões e possibilidades do ser humano. A EJA não pode 
continuar seguindo as mesmas orientações e perspectivas curriculares que nos 
levaram aos modelos atuais de currículos nas demais modalidades de ensino.
O currículo e as práticas pedagógicas escolares precisam ser repensados, 
a fim de criar uma visão que alargue esse repertório de componentes curri-
culares e ajude a conduzir os alunos à compreensão do mundo e dos espaços 
em que estão inseridos. 
Educação de Jovens e Adultos100
Educacao_jovens_U2_C02.indd 100 16/03/2017 11:52:52
A prática docente contextualizada 
à realidade do educando
A modalidade de ensino de jovens e adultos recebe alunos de diversos níveis 
culturais e educacionais, o que fazda sala de aula um ambiente rico e marcado 
pela diversidade cultural. Muitos ali se encontram em idade de pertencer 
ao mundo do trabalho, outros já abandonaram a escola diversas vezes, por 
inúmeros motivos. No entanto, ao avaliar a questão, é importante que você 
lembre de que aprender é um processo que ocorre ao longo de toda a nossa 
vida e que não aprendemos somente nas escolas, mas em todos os espaços 
sociais, construindo um conhecimento popular ou tácito.
Quando assumimos, enquanto educadores, a tarefa de trabalharmos com a EJA, 
primeiramente devemos nos perguntar: “Qual é o meu público?” – sim, público! 
Encontramos na EJA alunos que trazem experiências de vida bem distin-
tas; há idosos, pessoas com déficit de atenção (antes excluídas das escolas) 
ou portadoras de outros problemas físicos e intelectuais, operários (que em 
sua infância e juventude também ficaram fora da escola) e jovens (que por 
questões, muitas vezes, de ordem moral e familiar, evadiram-se da escola e 
que, agora, mais responsáveis e cônscios, querem voltar aos estudos em busca 
de certificados). Enfim, um público com perfil variado e heterogêneo.
É imprescindível que o educador conheça, portanto, cada caso, e que possa 
compor seu plano de metas e trabalho didático de acordo com essa realidade.
Para isso, primeiramente é preciso planejar a aula de acordo com a realidade 
do educando. Em que ele trabalha? Qual é a sua realidade sociocultural? 
Como ensinar Língua Portuguesa e Matemática utilizando-se de ferra-
mentas do dia a dia do educando? 
Como explicar Ciências, História e Geografia utilizando-se de recursos e 
meios que tornem a aula mais interessante? Como estimular a reflexão, fazendo 
com que os alunos busquem ainda mais o conhecimento e que sejam, de fato, 
protagonistas do próprio aprendizado?
A prática docente é um assunto muito discutido no sistema educacional, que, 
muitas vezes a aponta como a única responsável pelo sucesso ou fracasso do 
aluno da EJA e como se o professor fosse um profissional descompromissado, 
desinteressado, desinformado e desatualizado, tornando-se o grande vilão da 
educação – embora o professor seja parte essencial do processo de construção 
de uma escola de qualidade.
A prática educativa voltada aos princípios da educação inclusiva exige o 
reconhecimento do direito irrestrito a uma educação de qualidade para todos 
os alunos, independentemente das características orgânicas, psicossociais, 
101A prática docente na EJA: a produção do saber escolar e a cidadania
Educacao_jovens_U2_C02.indd 101 16/03/2017 11:52:52
culturais, étnicas ou econômicas que eles possam apresentar. Ela significa, 
também, educar para a diversidade, gerando empenho na busca constante 
da equidade na aprendizagem e cuidado para que as “[...] desigualdades 
diante da escola atenuem-se e, simultaneamente, para que o nível do ensino 
se eleve.” (PERRENOUD, 2001, p. 9)
Os modelos de educação já cristalizados precisam ser superados, pois não 
atendem às características e necessidades do aluno e da comunidade escolar 
como um todo. Eles precisam ser reformulados de maneira que venham a 
considerar a complexidade e a diversidade como aspectos inerentes aos con-
textos social e educacional.
Segundo Leite (2006), a educação da EJA, compreendida como atenção 
à diversidade, convida o currículo a modificar-se para atender aos diferentes 
interesses, ritmos de aprendizagem e às mais diversas formas de aprender, 
incorporando as diferenças como elementos enriquecedores do processo 
ensino-aprendizagem.
O exercício da docência se constitui em um dos níveis de concretização 
do currículo sobre o qual o professor opera transformações, ao priorizar 
determinados conteúdos ou ao escolher a forma como irá abordá-los, dentro 
de uma relativa autonomia. O raciocínio pedagógico empregado pelo docente 
deve ser fruto de um processo de reflexão sobre a própria prática, uma vez 
que as transformações operadas por ele revelam uma intencionalidade, uma 
visão de educação (SACRISTÁN, 2000).
Se pretendemos indicar o grande desafio da atual educação, podemos 
afirmar que se trata de dar forma, significado e sentido, por meio de prática 
refletida, que nos remeta a considerar que aprender e usar o que se aprende 
são ações distintas, porém correlatas, e necessárias na atualidade.
Espera-se que o professor, como representante experiente de uma cultura, 
conheça as concepções e domine as técnicas e os protocolos, para fazer cumprir 
sua função social.
A atual LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que rege a educação nacional, 
orienta que os conteúdos trabalhados nas salas de aulas não continuem sendo 
abordados de forma fragmentada, como era feito no passado, mas que sejam 
trabalhados de modo a explicitar ao aluno que as ciências diversas são ligadas 
entre si por diversos aspectos, gerando, portanto, uma visão de conjunto (BRA-
SIL, 1996). O ensino da EJA deve basear-se na reflexão e no debate, procurando 
aproveitar as potencialidades de seus alunos, assim como utilizar os saberes 
sociais que eles já construíram a partir de suas vivências, principalmente as 
ligadas ao mundo do trabalho. Partindo daquilo que o aluno já conhece, cria-se 
a possibilidade de se estabelecer um diálogo entre o conhecimento informal e 
Educação de Jovens e Adultos102
Educacao_jovens_U2_C02.indd 102 16/03/2017 11:52:53
o saber escolar, trazendo questionamentos aos estudantes e compondo novas 
chaves para a construção de uma nova educação e uma nova sociedade.
Trabalhar a partir do interesse dos alunos não quer dizer que o professor 
precisará deixar de ministrar os conteúdos que fazem parte do seu plano de 
trabalho, pois o saber formal é construído a partir de problemas do cotidiano. 
É fundamental, no entanto, que o professor dê um tratamento crítico àquilo 
que está analisando em conjunto com os alunos. Um tratamento crítico realiza-
-se com o desenvolvimento de debates, análise e construção de argumentos, 
respeitando os diferentes pontos de vistas e a diversidade de opiniões.
Não há construção de conhecimento nem interesse de se construir 
conhecimento quando o principal envolvido, nesse caso o aluno, se sente 
afastado daquilo que deveria aprender. Tentar prender conteúdos que não 
apresentam significado e nem relação com seu cotidiano, torna a matéria 
confusa e, muitas vezes, incompreensível e sem sentido, o que gera des-
motivação eleva o aluno a desistir de continuar seus estudos. Diante disso, 
faz-se necessária uma mudança de postura dos professores, que devem 
reavaliar suas práticas, reorganizar os conteúdos e promover mudanças 
de atitude nas práticas em sala de aula. O professor deve, ainda, estabe-
lecer desafios estimulantes para seus alunos buscarem o conhecimento, 
encontrando significado e prazer na aprendizagem.
Para saber mais sobre esse processo, leia o texto Documento Final do Seminário Nacional 
de Educação de Jovens e Adultos, disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/
tags/tag/32709?start=20
Estimular o educando enquanto cidadão 
a partir de uma abordagem dialógica, crítica 
e reflexiva
Os conteúdos escolares são muito importantes para a formação de uma comu-
nidade de aprendizagem. A escola e os seus docentes devem buscar promover 
a integração dos alunos com o contexto escolar e comunitário.
103A prática docente na EJA: a produção do saber escolar e a cidadania
Educacao_jovens_U2_C02.indd 103 16/03/2017 11:52:53
A ressignificação dos conteúdos passa pela construção de uma grade 
curricular e deve seguir alguns preceitos, tais como: Definição do cenário 
em que os alunos estão inseridos. 
  Definição do perfil dos alunos. 
  Definição dos temas significativos para os estudantes. 
  Definição do tipo de cidadãos que se pretende formar.
Todos esses aspectos devem ser trabalhos dentro do projeto político-peda-
gógico da escola. Esse é um projeto que se caracteriza por ser uma construção 
coletiva, flexível, capaz de gerar mudanças e ajustes de acordo com o processo 
do seudesenvolvimento.
A grade curricular é o centro das atividades escolares e deve ser desen-
volvida dentro de um novo paradigma educacional, que proponha mudan-
ças e pretenda formar cidadãos competentes, com habilidades para resolver 
situação-problema no seu cotidiano. A Educação de Jovens e Adultos, deve 
quebrar o vínculo com a abordagem tradicional que impera na educação, na 
qual existe a preocupação de armazenagem de conhecimento, o predomínio da 
metodologia expositiva e a avaliação baseada na memorização de conteúdos. 
A escola precisa assumir uma concepção dialógica de educação defendida 
por Paulo Freire, caracterizada pela busca da interação entre homem e mundo, 
sendo o sujeito entendido como elaborador e criador de conhecimentos. Essa 
concepção defende a ideia de que ao buscar a formação do sujeito, torna-se 
possível pensar no papel da educação na construção de uma sociedade mais 
justa e democrática. O homem é pensado e educado tendo como pressuposto sua 
cultura e a sua prática social, utilizando o diálogo como meio de socialização 
de ideias capazes de promover transformações na sociedade.
A metodologia se caracteriza pelo diálogo e pela problematização dos 
conteúdos escolares em relação aos aprendizados disponíveis no mundo e na 
vida cotidiana dos alunos. 
De acordo com Souza (2011), na concepção dialógica/problematizadora da 
EJA existe uma preocupação com o desenvolvimento da consciência política do 
cidadão, por meio de um trabalho coletivo e de valorização da prática social dos 
sujeitos envolvidos no processo educacional. Dessa forma, a alfabetização deixa de 
ser um processo de aquisição de escrita, leitura e ortografia e torna-se o processo 
de interpretação dos conteúdos que envolvem as palavras e o discurso. A escola, 
portanto, é uma mola propulsora que incentivará a busca contínua de uma educação 
emancipadora, na qual as práticas focalizarão o conteúdo social e o diálogo, pro-
Educação de Jovens e Adultos104
Educacao_jovens_U2_C02.indd 104 16/03/2017 11:52:53
porcionando o desenvolvimento da consciência crítica. Ao se tornarem cidadãos 
reflexivos, os alunos ampliam seus conhecimentos e sua capacidade cognitiva, 
tornando-se autônomos, críticos e responsáveis pela transformação da sociedade.
Conscientizar a sociedade significa desenvolver ações de integração 
baseadas no respeito a valores fundamentais como os direitos humanos e, 
sobretudo, reconhecer que os indivíduos devem ser senhores do seu próprio 
destino (MELO NETO, 2003).
Na concepção dialógica, a preocupação é trabalhar com os conhecimentos 
de modo que o aluno consiga utilizá-los nos seus afazeres do cotidiano, ga-
nhando complexidade, à medida que forem sendo debatidos no grupo.
Partir da realidade do aluno não significa que temas que não fazem parte da 
realidade material dos sujeitos não devam ser abordados, mas sim que sejam 
planejadas condições para promover reflexões críticas sobre esses conteúdos, 
oportunizando o conhecimento, a compreensão e o desenvolvimento de es-
tratégias de alternativas de soluções (SCHWATZ, 2012).
Para Souza (2011), a educação e a alfabetização constituem o ato de conhe-
cimento que emancipa e que motiva para as transformações e modificações 
do meio. Percebe-se a necessidade de que as teorias sejam ressignificadas, (re)
interpretadas, reconstruídas e, finalmente, compreendidas. O professor precisa, 
com base nos seus conhecimentos prévios, estabelecer relações que articulem as 
teorias com as produções dos alunos e as práticas que estão sendo implementadas. 
O pensamento reflexivo é despertado no estudante com interesse em resolver 
uma situação-problema, desenvolvendo sua capacidade de raciocínio, pregando 
a dinâmica do ensino e a motivação em busca de novos desafios.
O aluno percebe sua importância na educação, deixando de ser um mero 
expectador, receptor de conhecimentos, para transformar-se em um produtor 
de conhecimentos, tornando-se um cidadão com pensamento reflexivo, que 
questionará a forma como a sociedade se apresenta, tendo consciência da sua 
capacidade de mudá-la e ou de transformá-la por intermédio das suas ações. 
A educação colabora não apenas para a formação intelectual, mas também 
para a formação moral e cultural das pessoas. O que se almeja alcançar é a 
formação de um cidadão capaz de entender a educação de forma reflexiva, 
a fim de incorporá-la no seu mundo e nas relações com seus semelhantes. A 
concepção dialógica dos professores poderá contribuir para que a interação 
professor-aluno seja marcada pelo respeito mútuo e pela tolerância, valores 
fundamentais para a construção de cidadãos que contribuem para o desen-
volvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
Como afirma Haydt (2006), na relação professor-aluno, o diálogo é fun-
damental. A atitude esperada no processo de ensino-aprendizagem, é aquela 
105A prática docente na EJA: a produção do saber escolar e a cidadania
Educacao_jovens_U2_C02.indd 105 16/03/2017 11:52:53
que parte de uma questão problematizadora para desencadear o diálogo, no 
qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios 
do aluno. Assim, ambos chegam a uma síntese que elucida, explica ou resolve 
a situação-problema que iniciou a discussão. A interação professor-aluno 
poderá, dessa forma, contribuir para a efetividade do processo de ensino e 
aprendizagem, à medida que o professor valorize os conhecimentos prévios 
dos estudantes e permita a sua expressão por meio do diálogo.
O docente precisa entender que ensinar não é somente transferir o seu 
conhecimento, mas sim criar oportunidades, para que o aluno produza seu 
próprio saber, desenvolvendo. desta maneira, a criticidade.
O que se deseja com uma educação conscientizadora é despertar no aluno o 
interesse pela busca de soluções, é promover uma educação voltada à cidadania.
1. Professores que trabalham com a 
EJA em uma escola pública estudam 
a atual Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, 
no artigo 37, que define a Educação 
de Jovens e Adultos. A partir do que 
diz esta legislação é correto afirmar:
a) A LDB define a EJA como 
modalidade de ensino destinada 
a pessoas que não tiveram 
acesso ou foram excluídos 
do sistema educacional.
b) A LDB pouco ou quase nada 
interfere nas propostas que são 
pensadas para a oferta de EJA.
c) Somente a LDB se preocupa 
em reforçar a questão que a 
Educação de Jovens e Adultos 
deve se fundamentar em 
propostas que considerem a 
integração do planejamento da 
EJA com a diversidade cultural.
d) Essa modalidade é destinada 
a jovens e adultos que não 
deram continuidade em seus 
estudos somente para aqueles 
que não tiveram o acesso 
ao Ensino Fundamental.
e) A legislação é clara em afirmar 
que o aluno que não estudou 
no período certo deverá 
pagar por sua formação.
2. Uma escola que oferece a 
modalidade EJA de ensino realiza 
um seminário sobre as Diretrizes que 
norteiam o trabalho dos professores. 
Sobre as DCNs o seminário deveria 
debater de forma correta o que 
consta em qual alternativa?
a) As DCNs sobrepõem a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação.
b) As DCNs definem normas 
norteadoras do processo de 
ensino e aprendizagem da 
Educação de Jovens e Adultos.
c) As Diretrizes não são normas, 
mas sim, norteadores de 
um processo educacional 
Educação de Jovens e Adultos106
Educacao_jovens_U2_C02.indd 106 16/03/2017 11:52:53
nacional, que possuem certa 
flexibilidade, de acordo com 
as necessidades regionais.
d) O processo avaliativo da EJA 
deve seguir rigorosamente 
o que consta nas DCNs.
e) A escola que oferece EJA 
não precisa considerar as 
especificidades regionais para 
organizar seu planejamento.
3. Em relação ao trabalho e a 
abordagem realizada na prática 
docente da EJA é importante ressaltar:
a) Quanto mais aproximada 
do ensino regular melhor.
b) Preocupa-se com a formação de 
conteúdos na área do Português.
c) O foco deste trabalho 
pedagógico deve estar 
centrado na construção do 
pensamentológico-matemático
d) Que o trabalho docente precisa 
atentar as questões ambientais 
para os alunos desta modalidade.
e) Deve acontecer de forma 
contextualizada com a realidade 
do educando adulto, de forma 
a estimular a permanência e 
continuidade dos seus estudos.
4. Sobre o alunado que faz parte da 
EJA, cabe ao professor construir 
sua proposta considerando que:
a) É imprescindível que o educador 
conheça caso a caso e possa 
compor seu plano de ação 
a partir desta realidade.
b) Os alunos que apresentam alguma 
deficiência são os que precisam 
de uma atenção exclusiva.
c) Os alunos idosos têm a preferência, 
uma vez que existe um estatuto 
do idoso acompanhando 
este processo de inclusão.
d) As turmas que apresentam 
alunos operários necessitam que 
haja prioridade de atendimento, 
uma vez que estes alunos sejam 
muito cansados ao turno da aula.
e) Não há necessidade que o 
professor se preocupe com 
estas questões e sim com 
o grau de exigência de sua 
proposta pedagógica.
5. O trabalho docente da modalidade 
de EJA precisa respeitar e estimular 
os aspectos subjetivos de seus 
alunos favorecendo a (re)construção 
do sujeito enquanto cidadão. Este 
desafio precisa que o professor esteja:
a) Sempre em contato com 
o ensino superior.
b) Preocupado com a sua 
valorização profissional
c) Em constante reflexão sobre a 
proposta desenvolvida que lhe 
ajudam avaliar, criticamente, 
pontos positivos e aspectos 
que necessitam de ajustes.
d) Envolvido, somente, com as 
propostas do interior da escola.
e) Comprometido com os conteúdos 
que são desenvolvidos na EJA.
107A prática docente na EJA: a produção do saber escolar e a cidadania
Educacao_jovens_U2_C02.indd 107 16/03/2017 11:52:53
BARCELOS, V. Educação de Jovens e Adultos: currículo e práticas pedagógicas. 3. ed. 
Petrópolis: Vozes, 2012.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases para a 
educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 
dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. 
Acesso em: 20 fev. 2017.
BRASIL. Parecer nº 11, de 10 de maio de 2000. Diretrizes curriculares nacionais para a 
Educação de Jovens e Adultos. Brasília DF, 5 maio. 2000. Disponível em: <http://
confinteabrasilmais6.mec.gov.br/images/documentos/parecer_CNE_CEB_11_2000.
pdf>. Acesso em: 20 fev. 2017.
FONSECA, M. V. A. T. Educação de Jovens e Adultos: EJA: formação e prática do educador: 
caderno de atividades. Valinhos: Anhanguera Publicações, 2014.
FONSECA, M. C. F. R. Lembranças da matemática escolar: a constituição dos alunos 
da EJA ,como sujeitos da aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 2, 
p. 339-354, jul. 2012.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1989.
HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2006.
LEITE, T. M. S. B. R. Alfabetização: consciência fonológica, psicogênese da escrita e 
conhecimento dos nomes das letras: um ponto de Intersecção. 2006. Dissertação 
(Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade 
Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
MELO NETO, J. F. O que é popular. In: MELO NETO, J. F (Org.). O labirinto da educação 
popular. João Pessoa: UFPB, 2003. 
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
SACRISTÁN, G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SCHWATZ, S. Alfabetização de jovens e adultos: teoria e pratica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
SOUZA, M. A. Educação de Jovens e Adultos. Curitiba: Ibpex, 2011.
Educação de Jovens e Adultos108
Educacao_jovens_U2_C02.indd 108 16/03/2017 11:52:53
Conteúdo:

Mais conteúdos dessa disciplina