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MECÂNICA DA VENTILAÇÃO PULMONAR ● ANATOMIA RESPIRATÓRIA - VIAS AÉREAS Sequência do fluxo de ar: cavidades nasais → faringe → laringe → traquéia → carina → brônquios → bronquíolos → alvéolos. O pulmão direito é maior que o esquerdo, uma vez que o lado esquerdo perde espaço devido a penetração do pericárdio. Pulmões revestidos pelas pleuras: - Pleura visceral = em contato com a superfície pulmonar; - Pleura parietal/costal/torácica = externa à pleura visceral e em contato com a parede torácica. Entre as pleuras existe o espaço/cavidade pleural, que contém o líquido pleural. ● EXPANSÃO PULMONAR Inspiração de repouso: - Contração do diafragma = traciona a base dos pulmões para baixo. Expiração de repouso: - Relaxamento do diafragma; - Forças elásticas de retração pulmonar = durante a inspiração os pulmões são distendidos, acumulando força elástica; no relaxamento do diafragma essa força ajuda na retração do pulmão; - É passiva, uma vez que depende do relaxamento do diafragma e da atuação das forças de retração. Inspiração forçada: - Contração do diafragma e dos músculos acessórios da respiração (esternocleidomastóideo, escalenos, serrátil anterior e outros). + Durante a anamnese é importante observar o uso da musculatura acessória durante a respiração em repouso. Expiração forçada: - Relaxamento do diafragma; - Atuação das forças elásticas de retração pulmonar; - Contração dos músculos abdominais = empurram as vísceras, as quais são comprimidas contra os pulmões; estímulo pelo grupo …. Músculos intercostais externos: - Elevação das costelas durante a contração → inspiração Músculos intercostais internos: - Depressão das costelas durante contração → expiração ● PRESSÃO PULMONAR O líquido pleural é formado a partir da ultrafiltração (extravasamento) do sangue dos capilares que nutrem as pleuras. Essa formação é constante. O líquido pleural é importante pois atua como um lubrificante, evitando atritos entre as pleuras durante sua distensão e garantindo um movimento mais suave entre elas. Outra função do líquido pleural é a geração da pressão pleural. Pressão pleural: É a pressão do líquido existente no estreito espaço entre a pleura visceral e a pleura torácica. Existem poros na base da pleura parietal entre os quais o líquido pleural escoa constantemente e, como a cavidade pleural é considerada um sistema fechado, isso gera uma pressão negativa no interior dos pulmões. O líquido escoado é drenado pelos vasos linfáticos presentes na base da pleura. Valores das pressões pleurais: - Inspiração de repouso → -5 a -7 cmH20; - Inspiração profunda → -5 a -12 cmH2O; - Expiração → PERMANECE NEGATIVA. + Em qualquer fase do ciclo a pressão pleural permanece negativa, o que significa que sempre teremos ar dentro dos pulmões. Se todo o ar fosse retirado dos pulmões os alvéolos iriam colabar. O escoamento do líquido pleural pelos poros aumenta durante a contração do diafragma na inspiração, dessa forma a pressão acaba ficando mais negativa, em torno de -7,5 cmH2O. Isso favorece a entrada de ar nos pulmões. Já na expiração, como há o relaxamento do diafragma, ocorre uma diminuição do escoamento. Isso faz com que a pressão fique menos negativa, atingindo um valor de -5 cmH20. Essa diferença na negatividade permite que o ar seja expulso dos pulmões. Pneumotórax: Geralmente está relacionado a eventos traumáticos (tiros, facadas, acidentes...). Nessas situações ocorre a perfuração das pleuras, o sistema deixa de ser fechado. Assim a pressão negativa é perdida e o ar começa a se acumular na caixa torácica, levando ao colabamento dos alvéolos pulmonares. A mancha escura na imagem da direita mostra o acúmulo de ar na cavidade. Essa situação é tratada com a utilização de drenos para a retirada de ar. Derrame pleural: É o acúmulo de líquido pleural na cavidade. Pode ser resultado de um excesso de produção ou defasagem no escoamento através dos poros. Quando isso acontece o líquido começa a comprimir os pulmões, levando ao seu colabamento. Esse líquido deve ser puncionado e levado para análise laboratorial. Pressão alveolar: É a pressão do ar no interior dos alvéolos pulmonares. - Inspiração → distensão dos alvéolos = -1 cmH20 (entrada de 0,5 L de ar); - Expiração → ação das forças elásticas de retração = em alguns alvéolos a pressão pode ficar ligeiramente positiva = +1 cmH20 (saída 0,5 L de ar). Alterações do volume pulmonar, da pressão alveolar, da pressão pleural e da pressão transpulmonar durante a respiração normal: + Pressão transpulmonar (sempre positiva) = Pressão alveolar - Pressão pleural. É utilizada para regular os valores da ventilação mecânica. A cada 1 cmH20 da pressão transpulmonar corresponde a 200 mL de ar nos pulmões. ● COMPLACÊNCIA PULMONAR Refere-se ao grau de expansão dos pulmões que ocorre para cada unidade de aumento da pressão transpulmonar. Aumenta na fase de inspiração e diminui na expiração. 1 cmH2O (pressão transpulmonar) → 200 mL de ar (expansão). Por exemplo: +5 = 1.000 mL; +6 = 1.200 mL. + No enfisema pulmonar o indivíduo perde a capacidade elástica dos pulmões. Assim, o paciente permanece com o pulmão expandido exageradamente, ou seja, com a complacência elevada. Além disso, o tórax do indivíduo fica expandido, caracterizando um “tórax em barril”. ● TENSÃO SUPERFICIAL NOS ALVÉOLOS Força de atração entre as moléculas adjacentes do líquido que banha a parede dos alvéolos. É uma força contrária à força da gravidade. O líquido alveolar (do interior dos alvéolos) gera uma força de tensão superficial que prejudica a entrada de ar nos alvéolos. Surfactante: É produzido pelos pneumócitos tipo II, sendo uma mistura de fosfolipídeos (dipalmitoilfosfatidilcolina - DPPC), apoproteínas e íons. O surfactante não se mistura com o líquido alveolar, mas permanece acima do líquido, diminuindo em 50% sua força de tensão. Isso favorece a entrada de ar nos alvéolos. + Os recém nascidos prematuros têm a maturação do pulmão comprometida (geralmente RN com menos de 7/8 meses), assim não produzem de maneira adequada o surfactante. Esses indivíduos devem ser intubados e devem receber um surfactante artificial até que essa maturação aconteça. Esse quadro é conhecido como Síndrome do Desconforto/da Angústia Respiratório do RN (SARA). + Uma das complicações do COVID é prejudicar a produção de surfactante, comprometendo ainda mais a chegada de ar aos alvéolos. ● VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES Espirometria: Através do espirômetro é possível medir quanto a pessoa expira e quanto inspira. Determina volumes e capacidades pulmonares para avaliar as funções respiratórias do paciente. Volumes pulmonares: Volume corrente→ é o volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal/repouso (500 mL); Volume de Reserva Inspiratória → é o volume máximo adicional de ar que pode ser inspirado além do volume corrente normal (3.000 mL); acontece na inspiração forçada/profunda; Volume de Reserva Expiratória → volume máximo adicional de ar de pode ser eliminado por expiração forçada (1.100 mL); Volume Residual→ volume de ar que permanece nos pulmões após o esforço expiratório máximo (1.200 mL). + Os 3 primeiros volumes são obtidos diretamente pelo aparelho de espirometria; já o volume residual é obtido através de um cálculo realizado pelo aparelho, pois ele consegue medir apenas o fluxo de ar e não o ar parado. Capacidades pulmonares: São as combinações de 2 ou mais volumes pulmonares. Capacidade inspiratória → volume de ar que é inspirado a partir do final da expiração normal, até inspiração máxima. Soma do VC + VRI (3.500 mL); Capacidade Residual Funcional → volume de ar contido nos pulmões ao final de uma expiração não forçada; o que sobrou. Soma do VRE + VR (2.300 mL); em pacientes com DPOC essa capacidade está aumentada, muito ar está preso nos pulmões; Capacidade Vital → volume de ar expirado partindo de uma inspiração máxima até uma expiração máxima; é a principal manobra durante um exame de espirometria. Soma do VC + VRI + VRE (4.600 mL); Capacidade Pulmonar Total → volume dear contido nos pulmões ao término de uma inspiração máxima. Soma do VC + VRE + VRI + VR (5.800 mL). + As capacidades que envolvem o VR são calculados indiretamente. Diagrama mostrando as excursões respiratórias durante a respiração normal e durante a inspiração máxima e a expiração máxima: + As mulheres apresentam uma redução de 20-25% nos valores de volumes e capacidades pulmonares em relação aos homens. Proporção VR/CPT: O espirômetro também é capaz de calcular a proporção VR/CPT. - VR (Volume Residual) = controlado pela força dos músculos expiratórios; - CPT (Capacidade Pulmonar Total) = marca o ponto em que os músculos da caixa torácica ficam incapazes de gerar a força adicional necessária para expandir ainda mais os pulmões e a caixa torácica. O valor obtido deve ser abaixo de 2,5 para um indivíduo hígido/saudável. Assim, por exemplo, uma pessoa com fibrose pulmonar perde a capacidade pulmonar total, fazendo com que a fração tenha valor mais elevado. ● ESPAÇO MORTO É o espaço nas vias aéreas onde não ocorre qualquer troca gasosa. É dividido em: - Espaço morto anatômico = faringe, laringe, traquéia, brônquios; começo dos bronquíolos; nos homens é em torno de 150 mL e nas mulheres 120 mL; - Espaço morto fisiológico (desprezível) = são os alvéolos (muito poucos em condições normais) em que não estão acontecendo as trocas gasosas em um determinado ciclo respiratório; isso pode ser causado pela não ventilação alveolar e/ou pela não perfusão dos capilares que sustentam esses alvéolos; + A parte final dos bronquíolos (bronquíolos respiratórios) é capaz de realizar trocas gasosas, por isso apenas seu começo é considerado um espaço morto. ● VENTILAÇÃO RESPIRATÓRIA Volume minuto/ventilação pulmonar: É a quantidade total de ar fresco que se movimenta pelas vias aéreas a cada minuto. Volume corrente X FR = 500 mL X 12 ciclos/min = 6 L/min. Ventilação alveolar: Quantidade de ar “fresco” que efetivamente chega aos alvéolos, retirando-se o ar que fica no espaço morto. A ventilação alveolar (VA) é dada por: A VA é modificada em situações patológicas:
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