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• Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral (arts. 312 a 327) • Capítulo II – Dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral (arts. 313 a 337-A) • Capítulo II-A – Dos crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira (arts. 337-B a 337-D) • Capítulo III – Dos crimes contra a Administração da Justiça (arts. 338 a 359) • Capítulo IV – Dos crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A a 359-H) Crimes funcionais -> praticados por funcionário públicos nos exercícios de suas funções ou em razão dela. 1. Crimes funcionais próprios (puros ou propriamente ditos): na falta da qualidade de funcionário público ao autor, o fato é atípico (atipicidade absoluta). Praticado por funcionário público – crime Praticado por quem não é funcionário público – não há crime. 2. Crimes funcionais impróprios (impuros ou impropriamente ditos ou mistos): na falta da qualidade de funcionário público ao autor, desaparece o crime funcional, mas o fato se subsume (adequa) a outro tipo penal (atipicidade relativa). Peculato próprio: art. 312: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio” Se retira a qualidade funcionário público, teremos aqui o crime de Apropriação Indébita, e não de Peculado. Peculato impróprio: art. 312, § 1º: “Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, (...), valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”. Retirando a qualidade de funcionário público, teremos aqui o crime de furto. Conceito de Funcionário Público para o Direito Penal: Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Norma penal interpretativa. -> conceito amplo. Cargo público está previsto no art. 3, § 2º, da Lei. n. 8.112/90. Já o Emprego aqui se relaciona com a CLT. E a Função Pública se trata de qualquer pessoa que exerça qualquer tipo de função de natureza pública, remunerada ou não. Função Pública: Jurados do tribunal do júri, mesários eleitorais, Juiz de Paz, tabelião, agentes políticos, governador, deputado etc, estagiário, voluntário. Aqueles que exercem múnus público não é considerado FP -> tutor, curador, depositário, adm judicial, defensores dativos e depositário judicial. FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. Serviços Sociais Autônomos, ONG´S, Entidades de apoio, OSCIP´s etc. Ex: vigilante de uma repartição pública -> não é funcionário público. A equiparação do conceito de funcionário público prevista no art. 327, § 1º, CP, aplica-se a este somente na qualidade de sujeito ativo da infração penal ou também quando figura como sujeito passivo? Quando for a vítima. 1) Teoria Restritiva: somente na função de sujeito ativo (crime de injúria). -> não pode ser vítima. 2) Teoria Extensiva (ou ampliativa): tanto quanto for sujeito ativo quanto for sujeito passivo (crime de desacato). -> pode ser vítima (MAJORITÁRIA) § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento (alto escalão/dirigentes) de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. São punidos de maneira mais grave. Autarquias? STF 2019, não é permitido porque não é permitida analogia para prejudicar. É possível um particular praticar crimes funcionais? Sim, mas há dois requisitos. Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Logo, é possível ao particular praticar crimes funcionais desde que: 1) presente o concurso de pessoas, uma vez que a condição de funcionário público é uma elementar dos crimes funcionais e se comunica aos particulares que tiverem concorrido para prática do crime. -> pedir para algum amigo que não é funcionário público. Também responde pelo mesmo tipo penal do crime funcional 2) a condição de funcionário público seja de conhecimento do particular. -> tem que saber que a outra pessoa era funcionário público. Princípio da Insignificância nos crimes contra a Administração Pública. STJ: NÃO ADMITE Uma exceção: crime de descaminho – inferior a 20.000 não se aplica o crime. STF: ADMITE Extraterritorialidade – Incondicional Ex: diplomatas Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I – os crimes: (...) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (...) Art. 33. (...) § 4ª O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Efeitos da condenação Art. 92. São também efeitos da condenação: I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 15m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Crimes Contra a Administração Pública – Conceitos Introdutórios II DIREITO PENAL ANOTAÇÕES a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (...) Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. • Peculato – Tipos penais: – Peculato apropriação (art. 312, caput, 1ª parte) PROPRIO – Peculato desvio (art. 312, caput, 2ª parte) PROPRIO – Peculato furto (art. 312, § 1º) IMPROPRIO – Peculato culposo (art. 312, § 2º) – Peculato mediante erro de outrem – peculato estelionato (art. 313) – Peculato eletrônico (arts. 313-A - Inserção de dados falsos em sistema de informações e 313-B - Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações) ➔ Tanto o peculato próprio quanto o peculato improprio são crimes funcionais impróprios (admitem ser cometidos por funcionário públicos, recaindo em outro tipo penal). Peculato Próprio Crime Material que se consuma com a efetiva subtração da coisa; Funcional impróprio; ação pública incondicionada, admite tentativa; Embora seja um crime próprio pode ser praticado por particulado, respondem pro peculato também. É dividido em peculato apropriação e peculato desvio, como os próprios verbos utilizados no texto da lei traduzem: Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. Apropriar-se – já tem a posse. Desviar a finalidade de um bem que esteja na sua posse. Ex; motorista do governador pega o carro para si - > apropriou-se de um bem público. Ex 2: Policial rodoviário pegapara si veiculo apreendido -> bem particular. O proveito não necessariamente patrimonial, pode ser moral, sexual, prestigio. Peculato Impróprio (furto) Não tem a posse do bem, por isso terá que subtrair. Também chamado de peculato furto, a diferença para o peculato próprio é o agente não ter a posse do bem. Nesse caso, ele terá que subtraí-lo, mesmo verbo utilizado no crime de furto. § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo- se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. -> se não tem essa facilidade, não incorre o crime de peculato. Crime funcional improprio, APPI, tentativa, crime material. Peculato de Uso Ex: Motorista do governador, usa o carro para viajar para a praia. Não tem dolo de apropriar-se definitivamente, apenas temporariamente. Devolve o carro depois de uma semana. Responde pelo peculato? Bem infungível (não consumível) – não haverá crime de peculato, responde por ato de improbidade administrativa. Bem fungível e consumível -> fiança. Configura crime de peculato. Se for prefeito -> responde por outra lei. Não configura o crime de peculato • Servidor público que recebe seus vencimentos sem prestar os devidos serviços não comete o crime de peculato. A conduta é atípica, uma vez que não há apropriação, desvio ou subtração. Fica sujeito, porém, a sanções por improbidade administrativa (STJ, RHC 60.601/SP, Dje 19/08/2016). Esse é o servidor que assina o ponto e vai embora, sem trabalhar aquele dia. Há nesse caso um enriquecimento ilícito e ele responde por improbidade administrativa, mas não peculato; • Não configura crime de peculato servidor público que utiliza do trabalho (serviços) de outro servidor público em proveito próprio (STF. Inq 3776, julgado em 07/10/2014). Todavia, se o servidor público que se utilizou da mão de obra for Prefeito, cometerá o delito do art. 1º, II, do DL 201/67. Ex.: O chefe de uma repartição pede favores pessoais a um funcionário subordinado, fazendo-o trabalhar para ele em vez de em prol do serviço público; • Não pratica peculato o depositário judicial que vende os bens em seu poder, uma vez que não é funcionário público para fins penais. Ao depositário judicial é atribuído um munus, pelo juízo, em razão de bens que, litigiosos, ficam sob sua guarda e zelo. (STJ, HC 402949/SP, Dje 26/03/2018) Peculato culposo § 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano. ➔ Contribuir por meio de negligencia, imprudência, imperícia. ➔ Qualquer crime, funcionário publico ou um particular. § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. (extinção da punibilidade) -> só no peculato culposo, não se aplica ao peculato doloso ➔ A qualquer momento da ação, antes do transito julgado. Se a reparação for depois, reduz a pena pela metade. Reparação do dano no crime de peculato doloso Não se aplica o benefício do parágrafo 3º, mas pode fazer jus a outros benefícios: – Se a reparação ocorre antes do recebimento da denúncia, será aplicada a diminuição da pena de um a dois terços em razão do arrependimento posterior (art. 16, CP), desde que presentes os requisitos; – Se a reparação ocorre após o recebimento da denúncia, mas antes do julgamento, poderá ser aplicada ao réu a atenuante genérica prevista no art. 65, III, b, CP; – Se a reparação ocorre após a sentença, mas antes do trânsito em julgado, poderá ser aplicada a atenuante genérica inominada do art. 66, CP; – A reparação após o trânsito em julgado será condicionante para progressão do regime (art. 33, § 4º, CP). • Também é chamado de peculato estelionato. Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. ➔ Ele não age de uma maneira para causar o erro na vítima, é um erro que a própria vítima comete. ➔ Trata-se de um crime funcional impróprio. ➔ Caso a qualidade de funcionário público seja retirada do sujeito ativo, o crime recai no art 169 do CP (APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO). ➔ Quando o agente coloca a vítima em erro, trata-se de um estelionato. ➔ Utilidade econômica Inserção de dados falsos em sistema de informações • É chamado de peculato eletrônico. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Dolo especifico ➔ Só pode ser praticado pelo funcionário publico autorizado, que tem acesso. ➔ Funcionário público não autorizado ou particular – incide no crime do art. 299 (falsidade ideológica). ➔ Trata-se de um crime formal, de ação penal pública incondicional e cabe a tentativa. ➔ O sujeito passivo é o Estado e a pessoa física ou jurídica prejudicada. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente Não tem dolo para vantagem indevida. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Gerou um dano, cometido mediante dolo. • Trata-se de um crime próprio (pode ser praticado por qualquer funcionário público). • É um crime formal (se houve a ocorrência do resultado naturalístico; dano para a Administração), será aplicado o parágrafo único. • Só pode ser cometido mediante dolo Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena – reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave (subsidiariedade expressa). O extravio do art. 314 tem que ser cometido por dolo. Subsidiariedade expressa prevista no preceito secundário do tipo penal • Exemplo: supressão de documento: Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular ➔ Vantagem, dolo específico. Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei (em sentido estrito): Pena – detenção, de um a três meses, ou multa. Não é para o proveito do próprio agente.- se houver, peculato. Cometido por apenas funcionário público ➔ Em prol da própria administração. ➔ Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo. ➔ É uma norma penal em branco, ou seja, o art. 315 só terá validade se houver o complemento de outra lei. (não vale se for um decreto). ➔ O sujeito ativo é o funcionário público que possa dispor das verbas. ➔ Estado de necessidade: é uma excludente de ilicitude, ou seja, o funcionário não responderá pelo crime. ➔ Se o funcionário cometer o crime do art. 315, mas com a intenção de se beneficiar, também responderá por improbidade administrativa (Lei n.8.429/1992). ➔ Trata-se de um crimede ação penal pública incondicionada, material, cabe tentativa e é funcional próprio. Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa Funcionário Público Outra pessoa faz por pedido de um FP -> também responde por concussão (concurso de pessoas) Exigir- impor, ordenar. Não há solicitação, há EXIGENCIA DIRETA OU INDERETA. O particular não pratica nenhum crime. Sujeito passivo secundário Sujeito Passivo Primordial – Estado A doutrina diverge no que concerne uma vantagem indevida: a) uma corrente defende que essa vantagem indevida tem que ser patrimonial; b) outra corrente defende que a vantagem indevida pode ser patrimonial ou de qualquer outra ordem (sentimental, moral, sexual etc.). Para fins de provas, deve-se adotar a 2ª corrente de pensamento. Crime Funcional Próprio – particular que exige não comete crime nenhum APPI, admite tentativa, dolo, crime formal -> se consuma com a exigência, não precisa obter a vantagem indevida. Extorsão -> violência ou grave ameaça Concussão -> Nunca pode ser praticada por violência ou grave ameaça, se tiver o FP responderá por extorsão. Juiz impôs como obrigação e recebeu do réu polpuda soma para absolver o homicida – concussão (exigiu vantagem indevida) Apesar de ser um crime diferente, o excesso de exação foi mantido no mesmo parágrafo que o de concussão. Art. 316. § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Ex. 1: suponha que um auditor da Receita Federal, na cobrança de um tributo devido, se dirige a um estabelecimento inadimplente e cola ali uma faixa dizendo que o estabelecimento está inscrito na dívida ativa. Apesar de ser um fato, esse é um meio vexatório de cobrança, um meio indevido. Esse funcionário público responderia então por excesso de exação; Ex. 2: um funcionário que atua no fisco faz uma exigência e cobra mais tributo do que é devido ao fisco, mas não para si próprio e sim em favor do Estado. Não cobra pra si e sim em favor do Estado. A respeito do excesso de exação qualificado: § 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. -> beneficio próprio. a) Formal – Não exige o pagamento pelo particular, basta a exigência da vantagem indevida; b) De ação penal pública incondicionada; c) Admite a tentativa; d) Pode ser praticado mediante dolo direto ou dolo eventual; e) Funcional próprio. Corrupção Passiva Corrupção passiva Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Corrupção passiva própria -> finalidade praticar ato injusto, ilícito Corrupção passiva imprópria -> visa a prática de ato legítimo. Antecedente: em razão de uma ação futura. Subsequente: recompensa por um fato já ocorrido NÃO SE APLICAM PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA NOS CRIMES CONTRA ADM PUBLICA Corrupção passiva Pequenas doações e presentes entregues a funcionários públicos configura o crime de corrupção passiva? 1ª Corrente – Não, pois aplica-se o princípio da insignificância. • Essa corrente vai de encontro à Súmula 599 do STJ. 2ª Corrente – Não, pois há ausência de dolo por parte do funcionário público. • Corrente majoritária. 3ª Corrente – Sim, pois o funcionário público deve se eximir a obter qualquer tipo de vantagem indevida no exercício da função. Sempre que há corrupção passiva vai ter corrupção ativa? Sim, se o particular não concordar com a solicitação da vantagem indevida do FP. Entretanto, no que tange os verbos “receber” e “aceitar promessa” a corrupção passiva pressupõe a corrupção ativa. Regra adotada pelo Código Penal no concurso de pessoas: Teoria monista ou unitária CP, Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. -> mesmo se um deles estiver feito o disparo, todos respondem por homicídio. Exceção pluralística Os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa são uma exceção pluralística à teoria monista. Não haverá concurso de pessoas, os tipos penais são distintos. Corrupção passiva exaurida Art. 317 – (...) § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. O funcionário pratica de fato o ato para o qual tinha recebido vantagem indevida. Corrupção passiva privilegiada -> não há vantagem indevida. § 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. Um amigo pediu, alguém que ele gosta – corrupção passiva privilegiada. Para satisfazer interesse ou sentimento pessoal -> prevaricação. OBS: corrupção ativa e passiva não são bilaterais. Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa Art 334 e 334-A particulares contra a administração pública. Descaminho fraude empregado para iludir a fiscalização para não pagar os impostos. Contrabando – importar ou exportar mercadoria proibida. No art 318 – pune a conduta do funcionário público que facilita o contrabando ou descaminho. Não é qualquer FP, é aquele que tenha atribuição de fazer a fiscalização alfandegária. A facilitação pode ser praticada por meio de uma conduta comissiva ou omissiva. Exceção pluralística -> no concurso de pessoas. No caso desse artigo, um particular ou vários particulares e um Funcionario facilitando, ele não responde pelo contrabando ou descaminho. Pois o crime do art 318 é mais grave. Crime próprio, APPI, formal (só precisa ter a facilitação), justiça federal (contrabando e descaminho tb), Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. → todos os institutos da Lei n. 9.099 Retardar ou deixar de praticar -> crimes omissivos próprios. Em omissão não é admitido tentativa. Praticar -> crime omissivo. Admite tentativa. Ato de ofício -> todo e qualquer ato de competência ou atribuição da função ou cargo público. Interesse – qualquer proveito ou vantagem indevida. (moral) Sentimento pessoal -> amor, ódio, vingança, ciúme. Mediante dolo com uma especial finalidade de agir – interesse de obter vantagem patrimonial, pode sim haver vantagem patrimonial. Dolo especifico para satisfazer interesse ou sentimento pessoal Crime formal, appi, crime de mão própria -. Não pode ser delegada a terceiro. Situações em que não se vislumbra prevaricação. ➔ Quando o ato omitido ou retardado não é de competência do funcionário publico – não é ato de oficio ➔ Ato de oficio não praticado por mera desídia (preguiça), uma vez que não representa, por si só, uma satisfação de interesse ou sentimento pessoal. -> ela por si só não configura, mas se tiver um interesse vai configurar prevaricação. STJ Qual crime comete o funcionário publico que descumpreordem ou mandado judicial? Não é desobediência (quem pratica esse crime é o particular) O FP responde prevaricação se for por interesse ou sentimento pessoal. Se não tiver essa finalidade especifica é fato atípico, porem responde por improbidade administrativa. Também chamado de prevaricação imprópria. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano Crime doloso. Omissivo próprio (não é cabível a tentativa). Crime de ação penal pública incondicionada, crime formal). Aparelho telefônico ou de comunicação no interior dos presídios ➔ Diretor do presidio: prevaricação 319 -A ➔ Particular: alguém que esconde no corpo para entregar para outra pessoa dentro do presidio, art 349 – A ➔ Interno: Falta grave Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena – detenção, de quinze a um mês, ou multa. Crime doloso No âmbito da administração Pública O subordinado praticou uma infração no exercício do cargo, o supervisor deve responsabilizar, ou quando outro subordinado não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente. Indulgencia é pena ou compaixão, misericórdia. Se o funcionário oferecer dinheiro para que não seja responsabilizado, o superior reponde por corrupção passiva e o subordinado por corrupção ativa. Crime próprio – só funcionário publico Funcional Próprio – se retirar a qualidade de funcionário público, essa conduta não recairia em qualquer tipo penal -> atipicidade de conduta. Crime formal – mesmo se agente venha ser responsabilizada dps APPI, crime omissivo próprio/ puro -> não há tentativa Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único. -> legítimo. Se o interesse é ilegítimo: (modalidade qualificada) Pena – detenção, de três meses a um ano, além da multa Patrocinar- advogar, defender Interesse privado legitimo -> um delegado vai tentar soltar um amigo que foi presa em outra delegacia, mesmo se for inocente. Se não usar a qualidade de funcionário – não praticou crime. Tem que ser interesse privado alheio. Crime formal, tentativa cabível, APPI, crime funcional próprio – Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena – detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Sujeito ativo: Funcionário Público – crime próprio, crime funcional. Violência Física por meio de lesão corporal ou via de fato. Violência Arbitrária – injustificada, sem ser necessária. Concurso material obrigatório: se gerar a lesão corporal, aplica a pena dessas condutas. Vias de Fatos serão absolvidas pelo artigo 322. (principio da consunção) Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º Se do fato resulta prejuízo público: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa O que este tipo penal incrimina é o abandono do cargo público. Abandono de cargo público – Lei n. 8.112/1990. Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. Deve ser avaliado se é um tempo relevante para gerar perigo de lesão – crime de perigo concreto. Abandono – crime omissivo próprio. Crime formal, APPI, mão própria, não há coatoria. Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Esse crime é diferente do crime de usurpação de função pública. CP Art. 328. Usurpar o exercício de função pública: Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa. -> sujeito comum, que atua como se fosse funcionário publico Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem: Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. O crime do art. 324 é um crime funcional, somente um funcionário público pode cometê-lo. Saber oficialmente: comunicação pessoal. Conduta dolosa, crime de mão própria, ação penal pública incondicionada, crime formal e a tentativa é possível. Tem que ter uma comunicação pessoal, pois se ele não sabia, não há dolo. Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. -> subsidiariedade expressa. Revelar – conduta direta. Facilitar a revelação – conduta indireta. Subsidiariedade expressa. Crime próprio – será praticado pelo funcionário público ainda que aposentado. Crime doloso, cabe tentativa, de ação penal pública incondicionada e é crime formal. A facilitação pode ocorrer por meio omissivo. § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. A conduta do § 2º é qualificadora. Crime de dano. Art. 326 – Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: REVOGADO Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa. O art. 326 do Código Penal foi tacitamente revogado pela Lei n. 8.666/1993: Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. Funcionários públicos para fins penais: servidor, ocupante em cargos por omissão, emprego público contratado sob o regime da CLT, cidadão nomeado para compor as mesas receptoras de votos e de justificativas no dia das eleições, servidor temporário. Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral Qualquer pessoa por praticar esses crimes até mesmo um funcionário publico fora de sua função Art. 328. Usurpar o exercício de função pública: Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa. Usurpar – assumir, exercer, desempenhar indevidamente. Sujeito ativo – Particular ou Funcionário Público. I – Usurpação de função pública – o sujeito ativo pratica atos de ofício inerentes à função pública usurpada como se legitimado fosse. – crime do art 328. II – Quem simplesmente se intitula ou se apresenta como funcionário público, sem praticar atos de ofício, não incorre no crime de usurpação de função pública. Essa conduta pode incidir na contravenção penal prevista no art. 45, do Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais): “Fingir-se funcionário público: Pena – prisão simples, de 1 a 3 meses, ou multa” III – Se o agente se apresenta como servidor público com a finalidade de colocar a vítima emerro e obter vantagem patrimonial indevida, o agente incorrerá no crime de estelionato. Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem: Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. – FIGURA QUALIFICADA. Pode ser qualquer vantagem. O caput é crime formal, já o parágrafo único é crime material ou causal. Se consuma com a efetiva auferição de vantagem. Pode ser tanto um crime de competência estadual ou federal É necessário que aja a pratica de atos de oficio, decorrente de exercício ilegal da função, ele entra no cargo. Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena – detenção, de dois meses a dois anos. Não precisa que seja uma grave ameaça A pessoa tem que estar prestando auxílio para um funcionário público. O particular sobre a violência ou ameaça. Sujeito passivo: Estado, Funcionário Público ou o particular. Resistencia ativa: há violência ou ameaça ao funcionário público ou ao particular que lhe preste auxílio. Se a finalidade for de impedir a execução de ato legal, configura o crime de resistência. Resistencia passiva: O indivíduo se opõe à prática de um ato legal sem a utilização de violência ou ameaça. Não haverá crime de resistência, mas a conduta pode se subsumir ao crime de desobediência (art. 330, CP). Situações que não configuram o crime de resistência • Quando a resistência é passiva – pode configurar o crime de desobediência (art. 330, CP) • Quando o agente profere xingamentos ou pratica comportamentos com a intenção de humilhar o servidor público (exemplo: cuspe) – pode configurar o crime de desacato (art. 331, CP) ->Vias de fatos • Quando a ordem que o funcionário público visa cumprir é manifestamente ilegal. • Quando o próprio funcionário público se excede no cumprimento da ordem legal e se utiliza de violência não justificada. Nesse caso, a violência exercida pelo particular configura legítima defesa. O crime de resistência (art. 329, CP) absorve o crime de desobediência (art. 330, CP)? Sim, desde que praticado no mesmo contexto fático. Isso ocorre porque a conduta de desobedecer a ordem legal de funcionário público integra o tipo penal da resistência, com a distinção que, nesse caso, haverá ainda a oposição mediante violência ou ameaça. Não há que se falar no crime de resistência sem que haja uma desobediência. Aplica-se o princípio da consunção. RESISTENCIA = DESOBEDIENCIA + VIOLENCIA E AMEAÇA. O crime de resistência (art. 329, CP) absorve o crime de desacato (art. 331, CP)? 1ª corrente: o crime de resistência absorve o crime de desacato, pois trata-se de conduta mais ampla, à qual está inserido o desacato. 2ª corrente: o crime de desacato absorve o crime de resistência, uma vez que a pena do primeiro (detenção, de 6 meses a 2 anos) é superior à pena do último (detenção, de 2 meses a 2 anos). 3ª corrente: há concurso material entre resistência e desacato. O desacato não configura um meio de prática do crime de resistência. A 1ª e a 3ª corrente sãos as mais aceitas pela doutrina. Art. 329, § 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena – reclusão, de um a três anos. O caput é um crime formal e o § 1º é um crime material Dolo, APPI, § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência -> concurso material obrigatório. Resistência com violência + lesão corporal (leve, grave, gravíssima, homicídio etc) Resistência com ameaça – só a pena da resistência Art. 330. Desobedecer (recusar o cumprimento) a ordem legal de funcionário público: Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Ninguém é compelido a obedecer a ordem ilegal É diferença de ordem injusta -> a pessoa que recebeu o comando, mesmo ele achando injusta deve obedecer. Crime forma, APPI, menor potencial ofensivo, Dolo, Sujeito ativo -> crime comum, qualquer pessoa pode ser. FP pode ser, desde que a ordem não seja relacionada às suas funções. Desobediência comissiva -> tentativa Desobediência omissiva – ordem legal positiva, para que o particular FAÇA alguma coisa. Não há tentativa. Situações que não configuram o crime de desobediência 1) Quando a lei determina sanção administrativa ou civil para o descumprimento de ordem legal. Ex.: art. 238, CTB. STF, HC 88.452/RS. • CTB: Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade: Infração – gravíssima; Penalidade – multa e apreensão do veículo; Medida administrativa – remoção do veículo. -> tem sanção especifica para essa situação. OBS.: Incorre no crime de desobediência, todavia, se houver previsão expressa da aplicação cumulativa desse delito (ex.: art. 219, CPP). • CPP: Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. 2) Quando a desobediência se dá em razão de ordem que possa acarretar autoincriminação ou prejuízo. Isso porque não há intenção por parte do agente de desobedecer a ordem, mas sim de preservar o interesse próprio. É uma manifestação do nemo tenetur se detegere (não produzir provas contra si mesmo). -> reprodução simulada dos fatos de um crime, o particular pode recusar. 3) Descumprimento de medida protetiva de urgência no âmbito da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006). (STJ, Resp 1.374.653/MG, julgado em 11/03/2014, Info 538) -> alteração na lei maria da penha, a desobediência tem uma punição especifica. 4) Quando a notificação (com a determinação ou ordem) for emitida pela via postal. Exige-se a notificação pessoal do responsável pelo cumprimento da ordem. (STJ, HC 226.512/RJ, julgado em 09/10/2012, Info 506. 5) Quando há previsão de multa diária (astreinte) fixada pelo magistrado com a finalidade específica de compelir o devedor a cumprir o preceito. STF, HC 86.254/RS. -> a própria decisão judicial já traz uma sanção específica. 6) Quando há um mero pedido ou solicitação do funcionário público. Para que o agente incorra no delito de desobediência deve haver uma ordem ou determinação e, se necessário, ser o agente advertido de que a desobediência configura crime (STF, HC 90.172/SP) 7) A conduta de Defensor Público Geral que deixa de atender à requisição judicial de nomeação de defensor público para atuar em determinada ação penal (STJ. HC 310.901-SC, julgado em 16/6/2016, Info 586) 8) Quando o agente estiver amparado em causa excludente da ilicitude (ex.: age acobertado pelo estrito cumprimento do dever legal o advogado que deixa de prestar informações acerca de fatos que possam prejudicar seu cliente, em que pese a determinação de funcionário público) CRIME DE DESOBEDIÊNCIA VS PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE • O princípio da especialidade torna o crime de desobediência subsidiário. -> só será aplicado quando houver outra norma mais específica ao caso. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito • Aplica-se o crime previsto no art. 359, CP: “Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Pena – detenção, de três meses a dois anos, ou multa.” Desobediência (recusa) a se identificar à autoridade pública -> aquele que se silencia a solicitação de identificação à autoridade. (contravenção penal) • Aplica-se a contravenção prevista no art. 68, LCP (Decreto-Lei n. 3.688/1941): “Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos,dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.” Desobediência à decisão que impôs a violação à suspensão ou à proibição de obter CNH • Aplica-se o crime previsto no art. 307, CTB (Lei n. 9.503/1997): “Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.” Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Menosprezar/humilhar o servidor por meio de gestos e palavras. Tem que ter intenção, dolo. É um crime de forma livre. Trata-se de um crime formal Sujeito passivo: estado (primordial), FP Tentativa: Verbal – não Outros meios, é possível a tentativa APPI 1) Primordialmente, será o Estado. 2) Secundariamente, o servidor ofendido. A ofensa pode se dar: i. No exercício da função (in officio), independentemente do local e da relação com sua função. ii. Fora da função, mas em razão dela (nexo funcional – propter officium). Chamar um funcionário de corrupto. N A ofensa tem que ocorrer na presença do funcionário público, mas em razão de suas funções. (pelo telefone, imprensa, por carta -> pode ser injuria) SUJEITO ATIVO DO CRIME DE DESACATO 1) Particular (inclusive o funcionário público fora de sua função). 2) Funcionário público, no exercício ou em razão de sua função. Há três correntes: a) Não pode o FP ser responsabilizado por desacato. De acordo com essa corrente, o delito de desacato só pode ser cometido por pessoas estranhas à função pública (extraneus), uma vez que se encontra inserido no capítulo de crimes praticados por particular contra a administração em geral (teoria pouco aceita). b) Pode o FP praticar desacato, desde que a ofensa seja praticada contra seu superior hierárquico. Não haverá, portanto, desacato se o sujeito passivo for funcionário público com igual função ou hierarquia (teoria pouco aceita). c) Pode o FP praticar desacato, independentemente da função exercida pelo sujeito passivo ou de subordinação hierárquica. (STJ, HC 104.921/SP, DJe 26/10/2009) Advogado, no exercício de sua atividade, pode ser sujeito ativo do crime de desacato? • Estatuto da OAB (Lei n. 8.906/1994), Art. 7º, § 2º: “O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. -> o advogado pode ser sujeito ativo de desacato, não será nos crimes de injuria e difamação. ATENÇÃO 1) Não se admite a exceção da verdade (provar que falou a verdade) no crime de desacato. Primeiro, porque não há previsão legal e, segundo, porque o bem jurídico atingido é a função pública, e não a honra do servidor. -> mesmo se aquilo que disse for verdade, responderá por desacato 2) Ofensa dirigida a vários servidores, no mesmo contexto fático, configura somente um crime de desacato. O sujeito passivo primordial é o Estado e este só foi atingido uma vez. 3) Não há crime de desacato quando a ofensa se refere a reclamações do serviço público prestado pela repartição, desde que não haja ofensa ao servidor. 4) Não há crime de desacato se a ofensa é proferida em contrapartida a comportamento ilegal ou desproporcional do servidor. Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Uma forma especial de estelionato – a pessoa que exige a vantagem utiliza da fraude, mente sobre a influência para receber a vantagem. A pretexto de influir quer dizer que ele não tem a capacidade de influir. A vítima do crime também tem um dolo, pois ela dá uma vantagem para o autor acreditando que ele poderá alterar algo em favor dela. • A pessoa que cai no golpe (vítima) é chamada de corruptor putativo. Essa pessoa não pratica nenhum crime e é a vítima secundária Trafico de influencia -> A concede uma vantagem para que B possa influir no ato de um funcionário público, mas o B não tem qualquer relação com o funcionário público. B responde de tráfico de influência, A acredita que está praticando um crime, mas não pratica qualquer crime. Na verdade, A é uma vítima secundária do crime. (ESTADO É O SUJEITO PASSIVO PRIMORDIAL) Corrupção -> A entrega dinheiro para B que vai influenciar o fp, esse fp vai receber dinheiro para deixar de praticar seu ato de oficio. O funcionário público responde por corrupção passiva, B responde por corrupção ativa e o A responde corrupção ativa na modalidade de participe (não foi ele que participou ativamente na corrupção) Nas modalidades “solicitar” e “exigir”, o crime é formal. Já na modalidade “obter”, o crime é material. • A vantagem pode ser econômica, moral, sexual, de prestígio etc. • Trata-se de um crime que só pode ser cometido por dolo, a tentativa é possível, é de ação penal pública incondicionada e é de elevado potencial ofensivo. • É de tipo misto alternativo -> se no mesmo contexto fático ele solicita, exige e obtem: ele pratica só um crime. Fraude especifica no sentindo de possuir influencia perante um FP. (qualquer FP) Exploração de prestigio -> no ato de juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná- lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: - > crime formal Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. -> crime material Tipo misto alternativo. Vantagem de qualquer tipo. Ato de ofício -> fora da sua competência: não há corrupção ativa. • É possível a prática de corrupção passiva sem que haja corrupção ativa? Sim. • É possível a prática de corrupção ativa sem que haja corrupção passiva? A resposta também é positiva (RHC 70.059/GO, Dje 04/11/2016), portanto, a corrupção nem sempre é crime bilateral. Teoria pluralista (ou pluralística): se os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa ocorrerem no mesmo contexto fático, não será adotada a teoria monista (ou unitária), prevista no artigo 29 do Código Penal. -> não respondem por concurso de pessoa, cada um responde por um crime. Situações que não caracterizam o crime de corrupção ativa 1) Particular que solicita ao funcionário público para “dar um jeitinho” em alguma situação de seu interesse. Não caracteriza corrupção ativa pois não há oferecimento ou promessa de vantagem indevida. Entretanto, o funcionário público que cede ao pedido será responsabilizado pelo crime de corrupção passiva privilegiada (art. 317, § 2º, CP) e o particular responderá como partícipe desse crime. -> não houve o oferecimento de vantagem. Se o fp ceder o pedido, ele responde por corrupção passiva privilegiada e quem pediu responde como participe. 2) “Carteirada” não configura corrupção ativa, pois não há qualquer oferecimento de vantagem indevida. Todavia, pode caracterizar abuso de autoridade(Lei n. 4.898/1965). Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. A conduta do agente é importar ou exportar um produto sem paga os impostos utilizando da fraude. Mediante dolo. Se não há emprego de fraude, trata-se de um ilícito tributário, e não de um descaminho. É cabível a suspensão condicional do processo Pode ser praticado por particular ou funcionário público não responsável pela fiscalização. Se for responsável responde pelo art. 318. (facilitação de contrabando e descaminho). Sujeito passivo? Imposto de importação, imposto de exportação, imposto sobre produtos industrializados -> União, Estado. Competência a Justiça Federal. Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta Súmula n. 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. Crime tributário formal -> ainda que ele obtenha vantagem, a partir do momento que ele utiliza da fraude consume o crime de descaminho. Não se exige a constituição definitiva do credito tributária para configurar descaminho. Em outras palavras, não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário para configurar descaminho. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou exportação de mercadorias. 1) O pagamento do tributo não extingue a punibilidade do crime de descaminho (STJ, RHC 43.558/SP, julgado em 05/02/2015, Info 555). Os crimes tributários materiais têm a sua punibilidade extinta com o pagamento do tributo até o recebimento da denúncia. O descaminho não pode ser equiparado a esses crimes e, portanto, não possui tal benefício. 2) É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho, tendo em conta sua natureza formal (STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, julgado em 29/5/2018. Info 904). Súmula n. 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Falso praticado com finalidade de praticar descaminho -> falsifica um documento. Se for usado como meio para praticar o descaminho, o agente responde só por descaminho. Ainda que ele tenha pena inferior ao crime de falsidade. Descaminho e Princípio da Insignificância 1) O descaminho é considerado um crime contra a ordem tributária e, portanto, segue a regra da possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, desde que o valor seja inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) (STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) e STF. 2ª Turma. HC 136843, julgado em 08/08/2017) 2) Para fins de aplicação da insignificância, não devem ser incluídos os valores de juros e multa. O valor a ser considerado é aquele fixado no momento da consumação do crime. stj 3) Se o agente for um criminoso habitual, não será aplicado o princípio da insignificância, a menos que as situações fáticas no caso concreto demonstrem que a medida é socialmente recomendável – stj § 1º Incorre na mesma pena quem: - Descaminho por assimilação I – pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei (via marítima): II – pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; -> expõe a venda produto da pratica de descaminho IV – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. - > não importa quem a pratica, incide § 3º A pena aplica-se em dobro (de 2 a 8 anos) se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial (clandestino). 375 STJ -> transporte clandestino. Voo particular não. Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos • A mercadoria proibida pode ser: – Relativa; – Absolutamente proibida: não podem entrar no território nacional e podem configurar tipos penais específicos (ex.: tráfico de drogas internacional). • Trata-se de um crime que só pode ser cometido mediante dolo, é de ação penal pública incondicionada, é possível a tentativa e é de elevado potencial ofensivo. O sujeito passivo é a União/Estado. • Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta. (STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018, Info 635) Súmula n. 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. ➔ Não se trata de crime tributário ➔ Não aplica o princípio de insignificância Por que não é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de contrabando? O bem juridicamente tutelado no crime de contrabando vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional, por razões de segurança pública, saúde pública, moralidade administrativo, etc. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, julgado em 01/09/2015). • Exceção: contrabando de pequena quantidade de medicamento para uso próprio (STJ, Edcl no AgRg no REsp 1708371/PR). Jurisprudência no Crime de Contrabando 1) A importação não autorizada de cigarros ou de gasolina constitui crime de contrabando, insuscetível de aplicação do princípio da insignificância (STJ, RHC 071203/RS, julgado em 22/11/2016). 2) Configura crime de contrabando a importação não autorizada de arma de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, independentemente do calibre (STJ, AgRg no REsp 1479836/RS, Julgado em 18/08/2016). 3) A importação irregular de colete à prova de balas configura crime de contrabando (STJ, RHC 62.851/PR, Dje 26/02/2016). 4) A importação clandestina de medicamentos configura crime de contrabando, aplicando-se, excepcionalmente, o princípio da insignificância aos casos de importação não autorizada de pequena quantidade para uso próprio (princípio da proporcionalidade) Art. 334-A. (…) § 1º Incorre na mesma pena quem (contrabando por equiparação): I – pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; -> norma penal em branco O Decreto-Lei n. 399/1968 determina que charutos e cigarros com aquisição irregular de origem estrangeira configurarão o crime de contrabando. II – importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente (exemplos: gasolina e pedras preciosas); III – reinsere no território nacional mercadoriabrasileira destinada à exportação; IV – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa Esse é um crime que teve a sua incidência prática muito reduzida nos últimos anos, mas continua sendo válido. • Crime material. • Sujeito ativo: crime comum. • Sujeito passivo: Estado. • Cometido mediante dolo, ação penal pública incondicionada e admite a tentativa. Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena – reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. • Crime expressamente subsidiário. • Crime material. • Sujeito ativo: qualquer pessoa. • Sujeito passivo: Estado. • Crime de ação penal pública incondicionada Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000) Obs.: Esse crime se assemelha ao crime do art. 168-A: apropriação indébita previdenciária. Neste caso, a pessoa faz o desconto da parte que deveria ser recolhida da folha de pagamento à previdência, mas não recolhe. Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: - desconta as contribuições da folha de pagamento, mas não paga a previdência. I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: -> reduz o que ele faturou no mês, reduzindo o valor que deve de contribuições sociais previdenciárias. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Obs.: Condutas omissivas próprias. Não admitem tentativa. A sumula 24 do stf se aplica. Elemento subjetivo: dolo genérico de não pagar ou pagar menos contribuição – Não se exige dolo específico de fraudar a previdência (STJ, AgRg no AREsp 840609/SP, 14/03/2017). Obs.: Deve ter o dolo de não efetuar os pagamentos devidos. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: União (não é o INSS). Obs.: O INSS não é responsável pela arrecadação das contribuições previdenciárias, mas era até 2009. Competência: Justiça Federal Exceção: sonegação de contribuições previdenciárias dos servidores públicos dos Estados, DF e municípios (art. 149 § 1º, CF) Crime de ação penal pública incondicionada. Aplica-se o princípio da insignificância? Sim, desde que o valor devido não ultrapasse R$ 20.000,00 (vinte mil reais) – posição do STJ e STF. Dificuldades financeiras podem excluir a culpabilidade? Sim, pela inexigibilidade de conduta diversa. Todavia, essas dificuldades devem ser provadas (STF, AP 516/DF, julgado em 27/09/2010, Info 602). O crime de falso pode ser absorvido por este delito? Sim, quando cometido única e exclusivamente para viabilizar a prática do crime de sonegação de contribuição previdenciária, é por este absorvido (princípio da consunção) (AgRg no AREsp 386863/MG, julgado em 06/08/2015). Art. 338. Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena – reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena O expulso não pode voltar em um determinado tempo. O crime pune o estrangeiro que reingressa antes do prazo. Ele precisa sair e reingressar no território nacional. Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: -. Pode ser que não houve crime, ou houve, mas sabe que não é o autor. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Na calunia, o dolo do agente não é levar a polícia, apenas ofender a honra da vítima. Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o advogado no exercício de suas funções. Sujeito passivo: PJ, PF e Estado. Dolo: movimentar o aparelho estatal em desfavor de alguém que sabe ser inocente. Há a comunicação do fato à autoridade pública. Dar causa-> forma livre, qualquer jeito. Denúncia anônima. TENTIVA, CRIME MATERIAL, APPI. Não configura o crime de denunciação caluniosa: 1. Quando o agente imputa falsamente a alguém a prática de um crime e dá causa à instauração de procedimento investigatório. Todavia, a investigação constata que, de fato, havia o envolvimento do imputado na prática da infração penal. (imputação subjetivamente falsa, mas objetivamente verdadeira – crime putativo); 2. Quando alguém dá causa a investigação, sem saber ao certo se o agente é culpado ou inocente. A denunciação caluniosa só pode ser cometida mediante dolo direto. Não se admite modalidade culposa, tampouco o dolo eventual (STF, Inq 3133/AC, julgado em 05/08/2014, Info 753); 3. Quando alguém imputa majorantes e/ou qualificadoras falsas de um crime que foi praticado pelo autor; 4. Quando alguém imputa falsamente um crime a outrem, mas aponta a presença de causas excludentes de ilicitude. Ex.: relatar à polícia, falsamente, que um desafeto tentou lhe matar, mas que ele agiu em legítima defesa; 5. Quando o comunicante do crime se equivoca em relação ao nome do autor e informa nome de inocente. Estará presente o erro de tipo (art. 20, CP), que exclui o dolo. 1. O agente que dá causa à instauração de investigação criminal ou demais procedimentos previstos no art. 339, CP, imputando falsamente crime a diversas pessoas, sabendo-as inocentes, será responsabilizado por tantos crimes quanto forem as vítimas, em concurso formal impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, CP); 2. Por outro lado, se o agente der causa à instauração de vários procedimentos contra pessoas diversas e em contextos fáticos distintos, responderá pelos vários delitos, em concurso material (art. 69, CP), a menos que seja possível a aplicação, ao caso, da continuidade delitiva (art. 71, CP); 3. Por fim, vários crimes falsamente imputados a um só agente configuram crime único. Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Ele diz que houve um crime que não aconteceu, não imputa o autor. Crime material Tentativacabível, APPI Pontos de destaque: 1. Para configurar o crime de falsa comunicação: a) Não se faz necessária a instauração de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa. b) A falsa narrativa pode ser de crimes em que o comunicante seja uma suposta vítima ou não. Não incide esse delito (art. 340, CP) se o crime falsamente comunicado é condicionado à representação ou de ação penal privada e foi comunicado por quem não é vítima. Somente o titular da representação ou da queixa poderá praticar a infração. 2. A falsa narrativa pode ocorrer nas seguintes hipóteses: a) Quando o crime ou contravenção não ocorreu; b) Quando houve crime ou contravenção, mas completamente distinto daquele que foi comunicado Não configura o crime de comunicação falsa (art. 340, CP): • notícia de fato atípico (ex.: adultério, dano culposo etc.); • notícia de fato com a punibilidade extinta (prescrição, decadência etc.); • se a intenção do agente, ao comunicar falsamente um crime, é de obter, indevidamente, seguro ou indenização. Nesse caso, incide o tipo penal previsto no art. 171, § 2º, V, CP (fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro). Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena – detenção, de três meses a dois anos, ou multa Pontos de destaque: • O crime de autoacusação falsa se consuma ainda que a motivação do autor, ao se acusar perante a autoridade, seja altruísta, para proteger o sujeito ativo. • Não incorre no crime de autoacusação falsa o partícipe do crime que se apresenta como autor. • Haverá concurso formal impróprio (CP, art. 70 – 2ª parte) entre autoacusação falsa (CP, art. 341) e denunciação caluniosa (CP, art. 339) se o agente se acusa de ter praticado um crime inexistente em conluio com terceiro, sabendo- o inocente e dando causa à instauração dos procedimentos previstos em lei. Crime comum, sujeito passivo Estado,
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