Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DA COMARCA DA ARAÇATUBA, SÃO PAULO (10 Linhas) MARIA (SOBRENOME), nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG n.xxx e CPF (MF) n. xxx, residente e domiciliada na Rua Bégamo 123, apt. 205, Araçatuba/SP, CEP n.xxx, endereço eletrônico, vem, respeitosamente, perante V. Ex.a, através de seu advogado ao final subscrito, com banca/escritório de advocacia (Endereço completo), onde recebe intimações e notificações, sob pena de nulidade, para efeito do artigo 105, 106, I e 77, V, do Código de Processo Civil, e, com fulcro nos termos do artigo 186, 927, Caput, 948 Código Civil brasileiro, ajuizar, AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS, em face de ROBERTO (SOBRENOME), nacionalidade, estado civil, comerciante, portador do RG n.xxx e CPF(MF) n. xxx, residente e domiciliado(a) sito à (Endereço Completo), Recife/PE, CEP n. xxx, endereço eletrônico, com base nas razões de fato e de direito a seguir expendidas: I- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA A parte autora roga pela concessão da gratuidade da justiça, uma vez que, devido a sua pouca condição financeira, deve ser considerada pobre na forma da lei e assim o sendo, faz jus, nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, bem como com fulcro no art. 98 e seguintes do CPC/15, a gratuidade da justiça, tudo conforme declaração de hipossuficiência anexa. II- DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO: O atual Código de Processo Civil, em seu artigo 319, estabeleceu como requisito da petição inicial, a opção em favor da autora de pedir ou solicitar a realização de uma audiência de conciliação. Dito isto, na busca da satisfação do seu direito e no intuito de alcançar uma solução pacifica, em que pese o caráter litigioso da demanda, a autora, vem, com o devido acatamento requerer à V. Exa, que designe uma audiência de conciliação, fixando dia, hora e local e, intimando às partes para comparecem a fim de tentarem uma autocomposição. III- DOS FATOS: Exa, a autora vem informa que seu marido, cujo nome Marcos, quando caminhava em uma rua de Recife- PE, foi culminado repentinamente por um equipamento de ar- condicionado, que estava sendo manejado pelo réu de forma imprudente. Diante a este fato, o esposo da autora foi encaminhado para um hospital particular, porém depois de um dia internado, veio a falecer. A autora profundamente abalada com o ocorrido se deslocou da cidade a qual reside até Recife-PE, onde se encontrava o corpo do seu marido, assim efetuou o translado cadáver para Araçatuba-SP, onde foi realizado o sepultamento. Ainda sim meritíssimo, registra-se que a autora é a única herdeira do falecido, pois este não possuía filhos, além dê prover seu sustento. Vale ressaltar, que o esposo da autora aferia uma renda mensal como pedreiro de um salário mínimo. Com o ocorrido a autora teve gastos com hospital de R$ 3.000 (três mil reais) e gatos com transportes do corpo que culminaram no montante de R$ 3.000 (três mil reais). Exa., vale destacar que houve laudo pericial, e no seu teor foi apontado que a causa da morte foi traumatismo craniano, por conta da queda do aparelho de ar-condicionado. Assim, o réu foi denunciado e condenado em juízo de primeira instância como autor do homicídio culposo. Diante dos fatos expostos a autora vem a juízo buscar ressarcimento dos seus prejuízos. IV- DO DIREITO: IV.1 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO RÉU Vejamos, o que elenca os artigos 186 e 927 do Código Civil brasileiro: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ante exposto, o réu e abrangido pelo referido artigo, pois pela sua imprudência ao manusear o aparelho de ar-condicionado, criou-se um fato danoso, pois veio acometer a morte do chefe da família da autora, que outrora provia seu sustento. Vale destacar, que a luz doutrina civilista estamos diante de uma responsabilidade subjetiva aquela causada por conduta culposa (stricto sensu), que é materializada quando encontrada três requisitos, observemos: a) Conduta culposa do agente: quando o réu uma vez sendo comeciante, manusea o arcondicionado de forma imprudente e imperita como se fosse tecnico de refrigeração. b) Nexo causal: Causando dano autora quando de forma culposa, mata seu marido que provem seu sustento. c) Dano: Com acontecido fez autora ter grandes prejuizos psiquicos, morais e cuminado de grande sofrimento. Consoante explanado por Sérgio Cavalieri Filho (2012, p. 19): Portanto, a partir do momento que alguém, mediante conduta culposa, viola direito de outrem e causa-lhe dano, está-se diante de um ato ilícito, e deste ato deflui o inexorável dever de indenizar, consoante o art. 927 do Código Civil. Por violação de direito deve-se entender todo e qualquer direito subjetivo, não só os relativos, que se fazem mais presentes no campo da responsabilidade contratual, como também e principalmente os absolutos, reais e personalíssimos, nestes incluídos o direito à vida, à saúde, à liberdade, à honra, à intimidade, ao nome e à imagem. (FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2012.) Como visto Exa., o réu atingiu todos os requisitos da responsabilidade civil subjetiva, ensejando assim explicitamente em ato ilícito. IV.2 – DO DANO EMERGENTE Observemos o que relata o artigo 948 caputs, inciso I do Código Civil brasileiro: Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família. Assim, conforme o código vigente caberá o réu o pagamento das despesas decorrente o tratamento da vítima, funeral e o luto da família. Sendo assim Exa., a autora mesmo abalada efetuou o translado do corpo do seu marido gastando R$ 3.000 (Três mil reais), além de pagar às custas do hospital particular que somados deram R$ 3.000 (Três mil reais), ensejando tudo no montante de R$ 6.000 (Seis mil reais), devendo o réu reembolsar o valor decorrente do seu dano. Nesse sentido, segue um entendimento jurisprudencial APELAÇÃO CÍVEL. Os autores são companheira e filhos de vítima falecida em 19/02/2016, em decorrência de "ferimento transfixante de tórax com hemorragia interna por ação pérfuro contundente", produzido por disparo de arma de fogo durante operação policial na região da Ititioca, em Niterói/RJ. Conjunto probatório demonstra que o falecido foi vítima de ação policial. Teoria do Risco Administrativo (art.37, §6º, CRFB) atribui ao Poder Público a responsabilidade pelo risco criado por sua atividade administrativa. Com a morte da vítima (art.948, Código Civil), surge o dever de indenizar os danos emergentes (despesas com tratamento, funeral e luto da família) e os lucros cessantes (pensão às pessoas que dependiam economicamente da vítima). Inegável o abalo moral vivenciado pela companheira e pelos filhos da vítima, em razão da perda precoce de ente querido em decorrência de ação policial. Mantida a improcedência do pedido de custeio de tratamento médico, em razão da ausência de prova neste ponto. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. Conclusões: APÓS VOTAR O DES. RELATOR DANDO PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, VOTOU O 1º VOGAL, DES. FERNANDO FOCH, NO MESMO SENTIDO, VINDO A VOTAR O 2º VOGAL, DES. CARLOS DE OLIVEIRA, ABRINDO DIVERGÊNCIA. EM COMPLEMENTAÇÃO, VOTARAM AS 3ª E 4ª VOGAIS, RESPECTIVAMENTE DES. RENATA COTTA E DES. HELDA MEIRELES, COLHENDO-SE O SEGUINTE RESULTADO: POR MAIORIA DE VOTOS, DEU-SE PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO DES. RELATOR. VENCIDO O 2º VOGAL, DES.CARLOS DE OLIVEIRA, NOS TERMOS DE SEU RESPECTIVO VOTO. (TJ-RJ, APELAÇÃO 0266417-50.2017.8.19.0001, Relator(a): DES. PETERSON BARROSO SIMÃO, Publicado em: 05/03/2021) Conforme o entendimento jurisprudencial pacifico, o réu deverá ressarcir os danos emergentes a autora, pois o dano se deu por conta do homicídio culposo por ele praticado. Portanto é solicitado a este juízo que dei a total procedência da ação. IV.3 – DANO MORAL Nos ditames do artigo 5, inciso V da Constituição de 1988 e materializado no artigo 944 do Código Civil brasileiro, explica que: Constituição de 1988: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem Código Civil brasileiro: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Conforme supracitado, é assegurado a indenização por danos morais a autora proporcional a extensão aos seus danos. Nessa perspectiva, a autora da ação com uma dor incontestável, abalada pela perda tão cruel do seu marido, a qual de maneira repentina veio a falecer, inclusive o réu foi reconhecido penalmente como vítima por homicídio culposo. Conforme explica Venosa: Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí porque aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável. Não é também qualquer dissabor comezinho da vida que pode acarretar a indenização. Aqui, também é importante o critério objetivo do homem médio, o bônus pater famílias: não se levará em conta o psiquismo do homem excessivamente sensível, que se aborrece com fatos diuturnos da vida, nem o homem de pouca ou nenhuma sensibilidade, capaz de resistir sempre às rudezas do destino. Nesse campo, há fórmulas seguras para auxiliar o juiz. Cabe ao magistrado sentir em casa caso o pulsar da sociedade que o cerca. O sofrimento como contraposição reflexa da alegria é uma constante do comportamento humano universal. (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2013, pág. 13) Então Excelência o aspecto moral da autora se encontra totalmente destruído por conta do ocorrido, assim cabe a este juízo aferir no que for possível para reintegrar a autora a sua vida normal. IV.4 – PENSÃO MESAL DECORRENTE DO DELITO PENAL Segundo ditames do artigo 948, inciso II do Código Civil brasileiro Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: II - Na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. Assim, conforme o caso em tela a autora dependia do seu marido para seu sustento e com a acontecido e o réu uma vez sentenciado em primeira instancia em homicídio culposo e a luz do artigo acima citado, terá o réu a prover prestação de alimentos a autora. Nessa perspectiva ensina Cavalieri Filho: O Código Civil Brasileiro, em seu art. 948, dispõe que ao crime de homicídio cabe indenização. Essa recai sobre o bolso do praticante da ação ou omissão, podendo ser buscado pelos familiares da vítima. O artigo em mote possibilita aos familiares até o 4º grau que esses sejam indenizados pelas despesas com funeral, bem como com o luto e danos morais pela profunda tristeza advinda da perda. Trata-se de responsabilidade subjetiva, em que se deve provar a culpa. O agente agindo com dolo ou culpa, deverá reparar os danos por ele cometidos, uma vez que comprovado o nexo causal. (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. Editora Atlas, 2010) Como exemplificado na doutrina a autora dependia economicamente da vítima, e com a morte do seu esposo aos 50 anos de idade e aferia o salário mínimo mensal para prover o sustento da sua esposa. A autora ficou de mãos atadas e com isso requer a pensão baseada na quantia que seu marido percebia multiplicada pela expectativa de vida que estipula o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Relacionemos o que diz o IBGE: A expectativa de vida do brasileiro subiu em relação a 2019, passando de 76,3 anos em 2018 anos para 76,6 anos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados estão na Tábua Completa de Mortalidade de 2019. (Pesquisa IBGE, 2019) Conforme a pesquisa do Instituto, o esposo da autora teria uma expectativa de média de 70 anos, no entanto, se tivesse vivo teria em média mais 20 anos, ensejando 240 meses da devida pensão. Vejamos decisão de um Tribunal: Responsabilidade Civil - Contrato de Transporte - Morte do Passageiro - Revisional de Pensão Mensal - Coisa Julgada Celebrado acordo em ação de indenização por ato ilícito, com homologação por sentença transitada em julgado, no qual se fixou termo "ad quem" para a pensão mensal observando-se os ditames do art. 948, II, do Código Civil e a jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça, que considera a expectativa de vida, segundo os índices do IBGE, na data do óbito, descabe pretensão revisional de tal benefício, com prorrogação do referido termo final, porque isso violaria a coisa julgada. Ação extinta. Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 1005733- 05.2018.8.26.0161; Relator (a): Itamar Gaino; Órgão Julgador: 21ª Câmara de Direito Privado; Foro de Diadema - Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento: 30/05/2019; Data de Registro: 30/05/2019) Portanto, conforme a decisão acima citada, a autora vem com devido acatamento solicitar deste juízo a procedência da ação em 264.000 (duzentos e sessenta e quatro mil) em pensão alimentícia, conforme o cálculo estipulado pela expectativa de vida do seu companheiro. V- PEDIDO a. Que seja concedida a autora o beneficio da justiça gratuita, conforme a fundamentação; b. Designação de Audiência de conciliação, devendo ser designado dia e hora para comparecimento das partes, que devem ser intimadas do feito; c. Citação do réu, para responder os termos da ação, querendo, sob pena de não o fazendo, ser-lhe aplicada a pena de confissão e revelia quanto à matéria de fato; d. Procedência da ação para condenar o réu ao pagamento dos seguintes danos: d.1 O pagamento do dano material no valor de 6.000 (seis mil reais) conforme explicado na fundamentação; d.2 O pagamento do dano moral, conforme o entendimento deste juízo; d.3 O pagamento da pensão mensal, no valor de 264.000 baseado no cálculo da expectativa de vida do falecido vezes o valor do salário minimo virgente. e. Ônus de sucumbência; f. Juros e correção monetario. VI - DAS PROVAS Protesta-se provar o alegado, por todos os meios em Direito admitidos, inclusive prova documental, testemunhal e pericial, esta se for o caso, alem do depoimento pessoal do réu. VII - DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 270.000 (Duzentos e Setenta Mil). Nestes termos, Pede deferimento. Local/Data/UF ADVOGADO OAB/UF
Compartilhar