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Caso concreto aula 2: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ PEDRO, (qualificação completa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, através de seu advogado legalmente constituído, amparado no artigo 100 do Código Penal, apresentar QUEIXA-CRIME contra Helena, (qualificação completa), conforme exposto abaixo: I - DOS FATOS No dia 19/04/2016, o querelante com a intenção de comemorar o seu aniversário, com seus parentes e amigos, planejava uma reunião em uma famosa churrascaria de Niterói. Sendo assim, na manhã do seu aniversário, o querelante em sua rede social pessoal, publicou o seu convite de aniversário convidando os mesmo. No entanto, Helena, ex- namorada, que estava adicionada na rede social de Pedro, após visualizar a postagem do convite, com o dolo de ofender o querelante, afirmou: “não sei o motivo da comemoração, já que Pedro não passa de um idiota, bêbado, porco, irresponsável e sem vergonha”. Além disso, com o propósito de prejudicar e denegrir a reputação de Pedro, Helena continuou: “ele trabalha todo dia embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”. No momento da publicação, o querelante estava acompanhado em seu apartamento, de seus amigos Marcos, Miguel e Manoel, sendo visualizada a mensagem por todos, gerando assim muita vergonha e constrangimento no mesmo, fazendo com que a comemoração fosse cancelada. II- DO DIREITO Em face do exposto, é evidente o enquadramento da querelada no crime de difamação (art 139 Código Penal) e injuria (art 140 Código Penal). “Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.” “Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo- lhe a dignidade ou o decoro.” Outro não é o entendimento de Cezar Roberto Bitencourt: Difamar consiste em atribuir fato ofensivo a reputação do imputado. Acontecimento concreto e não conceito ou opinião, por mais gravoso e aviltante que possa ser. Injuriar, é ofender a dignidade ou o decoro de alguém. Injuria, que a expressão da opinião ou o conceito do sujeito ativo. Traduz sempre desprezo ou menoscabo pelo o injuriado. É essencialmente uma manifestação do desprezo e desrespeito suficientemente idônea para ofender a honra da vítima em seu aspecto interno. Inclusive, a querelada, praticou crime por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria, conforme previsto no art 141, inciso III. Motivo pelo qual, cabe a aplicação da causa especial do aumento de pena. “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.” III- DAS PROVAS E JUSTA CAUSA Esta presente no conteúdo impresso da mensagem ofensiva e na página da rede social, onde ela pode ser visualizada, conforme consta no inquérito policial. Sobre a produção de provas, requer a oitiva: • Marcos (qualificação completa) • Miguel (qualificação completa) • Manuel (qualificação completa) IV – DO PEDIDO Diante do exposto, requer o recebimento da denúncia, com a citação da querelada para responder à acusação, a produção das provas pretendidas e ao final, a condenação da querelada nos delitos tipificados nos arts. 139 e 140 do Código Penal, em concurso material (art 69 do CP), com a aplicação da causa especial de aumento da pena previsto no art. 141 III, do Código Penal. Termos em que pede deferimento, Niterói, data. Advogado OAB n° Caso concreto aula 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE XXX Processo Nº: XXXXXXX MATEUS, brasileiro, estado civil, profissão, identidade número, CPF número, residente na rua, vem, por seu advogado constituído conforme procuração em anexo, perante Vossa Excelência, oferecer sua: RESPOSTA DO RÉU Com base no artigo 396 do Código de Processo Penal alegando o seguinte: I - DOS FATOS Mateus, de 26 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 217-A, §1º, c/c art.234-A, III, todos do Código Penal, por crime praticado contra Maísa, de 19 anos de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos termos de que no mês de agosto de 2016, em dia não determinado, Mateus dirigiu-se à residência de Maísa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com Maísa, o denunciado constrangeu-a a manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou de grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denunciando aproveitou-se do fato de Maísa ser incapaz de oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente mental, incapaz de reger a si mesma. O réu afirma que a vítima não era deficiente mental, e que já a namorava há algum tempo. Disse ainda que sua avó materna, Olinda, e sua mãe, Alda, que moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. Disse, ainda, que a vítima não quis dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Por fim, Mateus informou que não havia qualquer prova da debilidade mental da vítima e que a mesma poderia comparecer para depor a seu favor em juízo. II - DOS FUNDAMENTOS Trata-se de erro de tipo caracterizado por excluir o dolo e, portanto, a própria tipicidade da conduta, pois o réu namorava a vítima há algum tempo e a mesma nunca demonstrou qualquer comportamento que o fizesse desconfiar de algum tipo de debilidade mental. Neste sentido é o recente decisum do STJ infracitado: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL - DEFICIENTE MENTAL - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL - CONDENAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - DESCONHECIMENTO DA ENFERMIDADE DA VÍTIMA - ERRO DE TIPO - OCORRÊNCIA - CONDUTA ATÍPICA. A demonstração segura, pelas provas produzidas sob o crivo do contraditório, de que o acusado incidiu em erro de elemento constitutivo do crime de estupro de vulnerável, pois desconhecia a deficiência mental da vítima, impede sua condenação." (e-STJ, fl. 293). Opostos embargos de declaração (e-STJ, fls. 305-309), foram rejeitados (e- STJ, fls. 311-314). Daí a interposição do recurso especial, no qual o Parquet sustenta negativa de vigência dos artigos 20 e 217-A, § 1º, do Código Penal. Argumenta o agravante, em síntese, que: a) "o artigo 217-A, parágrafo 1º, do Código Penal proíbe expressamente a prática de conjunção carnal ou de qualquer outro ato libidinoso com pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Com efeito, a presunção de vulnerabilidade prevista no citado dispositivo legal possui natureza absoluta, razão pela qual é irrelevante o consentimento do ofendido" (e-STJ, fl. 325); e b) "ao contrário do argumento utilizado pelo Tribunal local, não é possível deduzir, de qualquer prova dos autos, que o distúrbio mental da vítima não pudesse ser de conhecimentodo acusado, não sendo tal alegação comprovada pela defesa. Mais, ao não averiguar a condição mental da vítima, mesmo após ser alertado, o agente assumiu o risco de praticar o delito em questão, mediante dolo eventual" (e-STJ, fl. 327). Requer, assim, a condenação do agravado como incurso nas sanções do art. 217-A, § 1º, do Código Penal. Apresentadas contrarrazões (e-STJ, fls. 334-343). O recurso foi inadmitido com fundamento na Súmula 7/STJ (e- STJ, fls. 345-346). O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do agravo (e-STJ, fls. 379-383). É o relatório. Decido. O recurso não merece prosperar (...) O conjunto probatório indica que o réu não agiu movido pela vontade livre e consciente de praticar ato libidinoso com portador de doença mental; acreditava que o fazia com outro bêbado. Ante o exposto, com fundamento no art. 932, III, do CPC c/c art. 253, parágrafo único, II, a, do RISTJ, conheço do agravo para não conhecer do recurso especial. Publique- se. Intimem-se. (Brasília (DF), 07 de maio de 2018. Ministro RIBEIRO DANTAS Relator.) É mister ressaltar que a conduta do réu, ao se enquadrar no inciso III do artigo 397 do Código de Processo Penal, deve conceder-lhe o direito que seja absolvido sumariamente pelo simples fato de que a situação narrada não constitui nenhum crime tipificado pelo Código Penal. III - DO PEDIDO Perante o exposto, a defesa pleiteia a absolvição sumária do agente, nos termos do artigo 397, III do Código de Processo Penal. Por fim, a defesa indica as seguintes testemunhas que pretende ouvir em audiência de instrução e julgamento: 1) Olinda, qualificação completa 2) Alda, qualificação completa Termos em que pede deferimento. Local, data. Advogado OAB n° Caso concreto aula 4: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA/PR Processo nº. .… Autor: Ministério Público do Estado do Paraná Denunciado: Jorge Jorge, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da identidade n°..., inscrito no CPF n °..., endereço eletrônico , domiciliado ..., residente (endereço completo), já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através do seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, no termos do art. 57, caput da lei 11.343 c/c art. 403, §3° do CPP, tempestivamente, no quinquídio legal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I - DOS FATOS Jorge, com 21 anos de idade, conheceu Analisa em um bar, linda jovem, por quem se encantou. Após um bate-papo informal, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, e Analisa, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Jorge. Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Jorge, ao acessar a página de Analisa na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Jorge ficado em choque com essa constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Analisa ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Jorge pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto o artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea l, do CP. O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, local de residência do réu. Jorge, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade. Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos. As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair com as amigas. As testemunhas de defesa, amigos de Jorge, disseram que o comportamento e a vestimenta da Analisa eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Jorge não estava embriagado quando conheceu Analisa. O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Analisa, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos. A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual. O Ministério Público, em suas alegações finais, pugnou pela condenação de Jorge nos termos da denúncia. No entanto, os fatos alegados pelo Ministério Público não devem prosperar. II - DOS FUNDAMENTOS Trata-se a hipótese de inegável erro de tipo, que exclui o dolo, uma vez que, após a instrução probatória, por qualquer perspectiva que se analise o caso em tela pode-se afirmar que não há consciência e vontade em praticar ato sexual com menor de 14 anos. Isso porque a própria ofendida em suas declarações afirma que costuma frequentar bares de adultos. No mesmo sentido, a prova testemunhal de defesa é firme em comprovar que a suposta vítima se vestia e se portava como pessoa adulta, incompatível com menor de 14 anos. Ademais, igualmente informaram que qualquer pessoa acreditaria ser pessoa maior de 14 anos. Destarte, no interrogatório o acusado lembrou que não desconfiou da idade da vítima justamente porque no local só é permitida a entrada de maiores de 18 anos. Corroborando a tese, segue, vejamos julgamento de caso idêntico: PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CP. ERRO DE TIPO. ART. 20, § 1º, DO CP. MENORIDADE DA VÍTIMA. DESCONHECIMENTO PELO AGENTE. COMPLEIÇÃO FÍSICA E COMPORTAMENTO SOCIAL. PERCEPÇÃO DE MAIOR IDADE. AMPARO EM SATISFATÓRIO CONJUNTO PROBATÓRIO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1. A negativa de conhecimento da menoridade da vítima, amparada em satisfatório conjunto probatório demonstrativo de que a compleição física e o comportamento social da vítima inspiravam a percepção de maior idade, caracteriza o erro sobre elementar constitutiva do tipo previsto no artigo 217- A do Código Penal, apto a evidenciar a ausência do dolo necessário à configuração do delito de estupro de vulnerável, quando ausente ameaça ou violência e presente o consentimento da menor. Precedentes deste eg. Tribunal. 2. Não provimento do recurso (TJ-DF - APR: 20120510030227 DF 0002914-36.2012.8.07.0005, Relator: HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, Data de Julgamento: 18/09/2014, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 23/09/2014 . Pág.: 276). Não há que se falar em dupla responsabilidade penal pelo estupro de vulnerável, pois trata- se tal crime de tipo penal misto alternativo ou crime de ação múltipla. Dessa forma, ainda que praticada mais de uma conduta no mesmo contexto fático, o que ocorreu no caso em comento, o agente deve responder por um único crime. Conclui-se, então, que a acusação se equivocou na inicial acusatória ao imputar duas vezes o crime de estupro de vulnerável.Na hipótese de ser reconhecido o concurso de crimes, deve-se aplicar a regra da exasperação diante da evidente presença da ficção jurídica do crime continuado. Estão presentes todos os requisitos do art. 71 do CP, tratando-se de crimes da mesma espécie, praticados na mesma circunstância de tempo, lugar e modo de execução. A pena, caso imposta, deve ser majorada no mínimo legal de um sexto. Fortalecendo a tese acima, vejamos o julgamento do STJ: Concurso de crimes (estupro e atentado violento ao pudor). Crime continuado (reconhecimento). 1. Conforme ensina Fragoso em suas "Lições", "crimes da mesma espécie não são aqueles previstos no mesmo artigo de lei, mas também aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico". 2. Assim, porque o estupro e o atentado violento ao pudor são crimes praticados contra a liberdade sexual, é de se adotar a posição segundo a qual constituem crimes da mesma espécie. 3. Na hipótese dos autos, os crimes contra os costumes praticados hão de ser havidos como continuação um do outro, aplicando-se-lhes, quando da fixação da pena, o disposto no art. 71 do Cód. Penal. 4. Recurso especial do qual se conheceu pela divergência, mas ao qual se negou provimento. (STJ - REsp: 1107286 MG 2008/0286707-7, Relator: Ministro NILSON NAVES, Data de Julgamento: 07/05/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 13/10/2009) Além disso, não há o que se falar em embriaguez pré-ordenada, posto que o réu, no momento em que conheceu Analisa não ostentava tal condição. As testemunhas de acusação não viram os fatos e não comprovação que naquele momento Jorge estava de fato embriagado. Logo, é justo o entendimento de medida que afasta a agravante, caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta. Quanto à aplicação do Regime Semiaberto, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 2°, § 1° da lei 8.072/90 (Lei dos crimes hediondos), informando em sua decisão que, para a fixação do regime inicial fechado deve-se primeiro analisar o caso concreto e não somente a pena em abstrato. Sabe-se que o crime descrito no art. 217-A do CP é hediondo, no entanto, segundo o supracitado entendimento da corte superior, é necessário averiguar-se cada caso para a aplicação ou não do regime inicial fechado. No caso em tela, temos o réu, primário e de bons antecedentes, empregado, residência fixa, que não faz jus à aplicação do referido regime inicial, tendo em vista que, diante do reconhecimento de crime único, a pena deverá ser fixada em 8 anos de prisão. Nesse sentido: APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. (ART. 217-A DO CP). RECURSO ESPECIAL. REGIME PRISIONAL INICIALMENTE FECHADO. CRIME HEDIONDO. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. INCOSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90. ALTERAÇÃO PARA O SEMIABERTO. OBSERVÂNCIA DOS ARTIGOS 33 E 59 DO CÓDIGO PENAL. RECURSO PROVIDO. 1.O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou, por maioria, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/1990 (redação dada pela Lei 11.464/2007), que determinava o cumprimento da pena de crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo no regime inicial fechado (HC 111.840/ES). 2. Nesse sentido, a determinação do regime inicial de cumprimento da pena observará o regramento previsto no Código Penal, vale dizer, a quantidade da pena (artigo 33, § 2º) e as condições pessoais do condenado (artigo 33, § 3º). 3. Atendendo-se a determinação do egrégio Superior Tribunal de Justiça, que deu provimento ao recurso especial apresentado pelo réu, retifica-se o regime inicial de cumprimento da pena. 4. Considerando que o réu é primário, nenhuma circunstância judicial do artigo 59 do Código Penal lhe foi considerada desfavorável e a pena privativa de liberdade restou estabelecida em 8 (oito) anos de reclusão, impõe-se a fixação do regime inicial semiaberto para o cumprimento da pena, conforme determinação do art. 33, § 2º, alínea “b”, e § 3º, do Código Penal. 5. Recurso provido. (TJ-DF - APR: 20100910155172, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, Data de Julgamento: 09/07/2015, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 17/07/2015 . Pág.: 86) III - DOS PEDIDOS Perante o exposto requer: a) A absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP por ausência de tipicidade; b) Caso não seja esse o entendimento para absolvição, que seja concedido o afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único; c) Fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante de embriaguez preordenada e a incidência da atenuante da menoridade; d) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, §2°, alínea “b” do CP, diante da inconstitucionalidade do art. 2°, § 1° da lei 8.072/90. Nestes termos, pede e espera deferimento. Local, data. Advogado OAB n° Caso concreto aula 5: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA VARA CRIMINAL DA COMARCA … DO ESTADO … Processo nº. … Autor: Ministério Público Estadual Denunciado: Tício TÍCIO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da identidade n°..., inscrito no CPF n °..., endereço eletrônico..., domiciliado ..., residente (endereço completo), devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe que lhe move o Ministério Público, vem por seu advogado, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS nos termos do art. 403, §3° do CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: I - DOS FATOS Tício, solidário a gravidez de sua amiga Maria, ofereceu carona a mesma após mais um dia de trabalho na empresa em que trabalham juntos. Ocorre que Tício, de forma imprudente no caminho de volta, imprime velocidade excessiva, sem observar o seu dever de cuidado, pois queria chegar a tempo de assistir ao jogo de futebol do seu time do coração que seria transmitido naquela noite. Assim, Tício, ao fazer uma curva fechada, perdeu o controle do veículo automotor que capotou. Os bombeiros que prestaram socorro ao acidente encaminharam Maria para o Hospital mais próximo onde ficou constatado que a mesma não havia sofrido qualquer lesão. Contudo, na mesma ocasião constatou- se que a gravidez de Maria havia sido interrompida em razão da violência do acidente automobilístico, conforme comprovou o laudo do Instituto Médico Legal, às fls. 14 dos autos. Com base nessas informações, o Ministério Público da Comarca da Capital do Estado XXXXX ofereceu denúncia em face de Tício e imputou ao mesmo a conduta descrita no delito de aborto provocado por terceiro e, assim, incurso nas penas do art. 125 do CP. O processo foi normalmente instruído, tendo sido realizadas todas oitiva da vítima Maria, das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa e, em seguida com o interrogatório do acusado Tício, tudo na forma do art. 411 do CPP. II - DOS FUNDAMENTOS Como já sabido, Tício foi denunciado pelo MP pela prática do crime previsto no art. 125 do CP, qual seja, o crime de aborto, no entanto, com o máximo respeito, o entendimento do Ministério Público mostra-se claramente equivocado. Sabe-se que o crime de aborto não admite tentativa, ou seja, só é cabível a tipificação no referido crime quando há dolo, ou seja, vontade e consciência do agente em atingir o resultado, o que não é observado no caso narrado. Certo é que não houve consciência, muito menos vontade do agente em dar cabo ao prosseguimento do feito. Logo, se não há dolo na conduta do denunciado, não há que se falar em acusá-lo do crime do art. 125 do CP, tendo em vista que neste crime não é cabível a modalidadeculposa. Na mesma esteira está o entendimento da jurisprudência: PROCESSUAL PENAL - ABORTO PROVOCADO - AUSÊNCIA DE DOLO - IMPRONÚNCIA - LAUDO ASSINADO POR UM ÚNICO PERITO - POSSIBILIDADE. 1. Diante dos princípios ""pas de nullité sans grief"" e da instrumentalidade das formas, previstos nos artigos 563 e 566, do CPP, não se decreta a nulidade de nenhum ato processual que dele não resulte prejuízo para a acusação ou para a defesa, bem como o que não tenha influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. 2. De acordo com a jurisprudência sedimentada nos Tribunais Superiores, bem como na Súmula 28 deste Tribunal, não é nulo o exame pericial realizado por um único perito oficial, pois a exigência de dois peritos aplica-se aos casos em que a perícia for realizada por peritos leigos. 3. Diante da ausência do elemento subjetivo do dolo específico na conduta do agente, denunciado por crime de aborto provocado sem o consentimento da gestante, ainda que o médico faça opção por procedimento pouco recomendável para o caso, não há elementos para se afirmar que agiu dolosamente, com intenção de provocar o aborto da gestante e a morte do feto, impondo-se, nos termos do art. 409, do CPP, a sua impronúncia. Preliminares rejeitadas. Recursos desprovidos. (TJ-MG 104700502364420011 MG 1.0470.05.023644-2/001(1), Relator: ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS, Data de Julgamento: 04/03/2008, Data de Publicação: 09/04/2008) Desse modo, não houve na conduta de Tício o dolo de provocar o acidente e gerar o resultado aborto, tornando, desse modo fato atípico, afetando negativamente a denúncia do MP, na forma do art. 415, III do CPP. III - DO PEDIDO Perante o exposto, requer-se: A absolvição sumária do réu com base no art. 415, III do CPP. Nestes termos, pede deferimento. Local, data. Advogado OAB n° Caso concreto aula 6: EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL Processo nº: XXXX ALBERTO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da identidade n°..., inscrito no CPF n °..., endereço eletrônico…., domiciliado ..., residente (endereço completo), vem, por meio do advogado infra assinado, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado...,, requerer a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA com fundamento no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição da República Federativa do Brasil e no art. 310, I do Código de Processo Penal, pelos seguintes fatos e fundamentos: I - DOS FATOS Alberto, ora Requerente, e Benedito foram presos em flagrante por agentes policiais do 4º Distrito Policial da Capital, na posse de um automóvel marca Fiat, Tipo Uno, que haviam acabado de furtar. O veículo quando da subtração, encontrava-se estacionada regularmente em via pública da Capital. O Dr. Delegado de Polícia que presidiu o Auto de Prisão em Flagrante capitulou os fatos como incursos no artigo 155, § 4º, IV, do Código Penal. Motivo pelo qual não arbitrou fiança, determinando o recolhimento de ambos ao cárcere e entregando-lhes nota de culpa. A cópia do Auto de Prisão em Flagrante foi remetida pelo juiz da 4ª Vara Criminal da Capital, Alberto reside na Capital, é primário e trabalhador. Lavrado o Auto de Prisão em Flagrante, o acusado encontra-se preso, como autor do delito previsto no art. 180 do CP. II – DOS FUNDAMENTOS O artigo 302 do CPP dispõe que é considerado flagrante delito quando, quem está cometendo a infração penal, acaba de cometê-la, é perseguido, logo após, de cometer a infração penal ou é encontrado, logo depois, com objetos que façam presumir ser ele o autor da infração. O acusado foi preso, no dia XX/XX/20XX, dirigindo o veículo produto de roubo, que, segundo narrou a vítima, ocorreu no dia XX/XX/20XX, ou seja, 2 dias anteriores à prisão, o que não caracteriza nenhuma das circunstâncias previstas no referido dispositivo legal, demonstrando claramente a inexistência de possibilidade de prisão em flagrante do acusado. Não obstante ter a suposta vítima reconhecido o acusado como sendo o autor do roubo, esse fato, por si só, não importa na imediata possibilidade de prisão em flagrante do acusado, pois, conforme exposto, não houve a ocorrência de nenhuma das circunstâncias previstas no artigo 302 do CPP. Frente a isso, não resta outra alternativa a não ser o reconhecimento da ilegalidade da prisão em flagrante do acusado, devendo a medida cautelar ser imediatamente relaxada, já que o instituto do relaxamento da prisão previsto no art. 5º, LXV, da CF, consagra o direito subjetivo ao qual possui todo e qualquer cidadão em ter imediatamente sua prisão relaxada no caso de ilegalidade. Assim, estando-se diante de uma prisão em flagrante ilegal não há dúvidas de que esta deverá ser relaxada. É o que se depreende dos incisos LXVI, LIV e LVII do art. 5º, da Carta Magna, que dizem o seguinte: LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; (...) LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. (BRASIL, 1988) IV – DOS PEDIDOS Perante o exposto, requer a Vossa Excelência, nos termos do art.310, parágrafo único, do CPP a concessão da Liberdade Provisória, inexistindo requisitos autorizadores da prisão preventiva e, comprometendo-se a comparecer a todos os atos do processo, postula-se após o parecer do Digno Representante do Ministério Público, seja arbitrada a fiança para o referido caso. Requer, por ato contínuo, a expedição do Alvará de Soltura competente para o cumprimento imediato pela autoridade policial que mantém sua custódia. Nestes termos, pede deferimento. Local, data. Advogado OAB n°
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