Buscar

GESTÃO ESPORTIVA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROFESSORA
Me. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
GESTÃO 
ESPORTIVA
Google Play App Store
2 
 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria 
de Cursos Híbridos Fabricio R. Lazilha, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla 
Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo 
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn 
Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Sabrina Novaes, Designer Educacional Patricia Peteck, Revisão Textual Anna Clara Gobbi dos Santos, 
Ilustração Geison Ferreira da Silva, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
SANTOS, Luciana Letícia Sperini Rufino dos.
 Gestão Esportiva. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2021.
 136 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Gestão . 2. Esporte . 3. Educação Física. EaD. I. Título.
ISBN 978-65-5615-482-4 CDD - 22ª Ed. 796 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por: 
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não somente 
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima 
de tudo, para gerar uma conversão integral das 
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: 
intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e 
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, 
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. 
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de 
excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos 
entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autoraMe. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
Olá! 
Meu nome é Luciana, sou professora de Educação Física e sempre tive uma proximidade 
muito grande com a área esportiva, mas não posso dizer que sempre fui uma atleta! 
No entanto, eu sempre pratiquei esportes, treinei todas as modalidades coletivas mais 
tradicionais, mas nunca me interessei pela competição. Eu gostava de acompanhar o 
processo, assistir e vivenciar aquilo tudo. Muito provavelmente isso tenha me influenciado 
na opção pela graduação em Educação Física e posteriormente no mestrado voltado ao 
estudo da Gestão Esportiva. Atualmente, eu trabalho com Educação Física Escolar, com 
a gestão de eventos esportivos promovidos pelo Governo do Estado e presto consultoria 
para instituições esportivas. Acredito que todo o conhecimento acadêmico precisa ser 
compartilhado com aqueles que estão no dia a dia da gestão, atuando diretamente com 
a essência do esporte, que é a sua vivência prática. Essa é uma das bases que me man-
tém curiosa e atenta aos estudos na área, assim participo de dois grupos de estudos: 
o Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de Esporte e Lazer, vinculado ao 
Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e também ao 
Grupo de Estudos: Gestão de Eventos Esportivos, junto com a equipe técnica, adminis-
trativa e dirigentes esportivos que atuam nos eventos esportivos no Estado do Paraná. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8750
apresentação do material
GESTÃO ESPORTIVA
Me. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
Era uma vez uma pequena cidade do interior que não possuía muitas atrações e possibilidades de 
lazer. Era muito comum a realização de torneios e campeonatos de futebol, sempre tinha muita torcida 
e a participação de equipes de toda a cidade. Certa vez, João, que era um dos grandes incentivadores 
e participantes desses eventos, foi convidado para assumir o cargo de gestor da Secretaria de Es-
portes do município. Sem muita informação, João seguiu realizando os campeonatos já tradicionais.
Conforme os meses foram passando, outros grupos de pessoas solicitaram a João que ele 
promovesse outros tipos de ações, para incentivar a prática esportivas para a criança, adolescen-
tes e também atividades para os idosos. João afirmou que aquilo não poderia ser feito, pois já se 
gastava muito na realização dos eventos de futebol.
Após alguns meses, o Ministério Público acionou João solicitando esclarecimentos sobre as 
políticas esportivas do município, uma vez que, prioritariamente, os recursos devem ser investidos 
em esporte educacional, o que claramente não acontecia na gestão de João. 
Qual foi o grande erro de João? Ignorar as demandas de outros grupos da população ou não 
buscar saber sobre as legalidades da gestão esportiva? Se João conhecesse alguns artigos da Lei 
Pelé, será que ele teria seguido o mesmo modelo de gestão? Será que João tinha formação da 
área esportiva ou apenas gostava de trabalhar com o esporte? 
Essa história sobre a gestão de João em seu pequeno município retrata a realidade de muitos mu-
nicípios brasileiros, onde a gestão esportiva não caminha no mesmo sentido em que orienta a legisla-
ção e segue tendo seus investimentos voltados a promoção de eventos pontuais destinados a grupos 
específicos. Conhecer as demandas sociais e procurar informação técnica são ações cruciais na vida de 
um gestor esportivo seja a sua atuação na gestão pública ou privada. O conhecimento teórico sobre o 
fenômeno com que estamos trabalhando, no caso o esporte, auxilia a compreender sua função social e 
o conhecimento técnico nos orienta a quais caminhos percorrer para alcançar os melhores resultados.
Ao longo deste material, iremos abordar conteúdos relevantes para o trabalho da gestão esportiva, 
conhecendo o esporte como produto principal de trabalho e toda a sua relevância social e como produto. 
Ainda iremos trabalhar com ferramentas específicas no processo de elaboração de projetos esportivos, 
eventos esportivos, bem como estratégias de marketing e empreendedorismo no campo esportivo.
Para auxiliar no processo de compreensão do trabalho do gestor esportivo, iremos trabalhar 
com pesquisa de campo, fórum e construção de fluxogramas de projetos para contextualizar a 
realidade da gestão em diferentes campos de atuação. 
A partir do conteúdo trabalhado, esperamos que você, estudante, consiga adquirir conceitos 
básicos de conhecimento do esporte enquanto produto e todo o seu potencial de consumo que 
pode ser explorado pela gestão esportiva, contribuindo para a sua formação inicial e atuação na 
gestão esportiva. Preparado para ingressar no campo da gestão esportiva? Bora lá! 
sumário
UNIDADE I
GESTÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
DE ESPORTE E LAZER 10
UNIDADE II
PLANEJAMENTO E GESTÃO 
APLICADOS AO CAMPO ESPORTIVO 32
UNIDADE III
ELABORAÇÃO E GESTÃO DE 
PROJETOS ESPORTIVOS 56
UNIDADE IV
ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO
DE EVENTOS ESPORTIVOS 80
UNIDADE V
MARKETING ESPORTIVO 108
GESTÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 
DE ESPORTE E LAZER
Professora Me. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
Oportunidades de aprendizagem
Compreender o esporte enquanto um fenômeno social que 
não se restringe apenas a sua prática nos auxilia no trabalho 
a gestão de ações que permeiam o campo esportivo, assim, 
torna-se necessário conhecer um pouco de sua história, 
processo de relação com a sociedade e também legislações 
que regem as políticas de esporte no contexto brasileiro.
unidade 
I
12 
 
O esporte é considerado uma ferramenta social devido a sua 
complexidade em atender a diferentes demandas: educacio-
nais, sociais, de saúde e também política. Entender o esporte 
como algo que extrapola a prática esportiva nos condiciona a 
pensar em toda essa sua amplitude. O esporte que conhecemos 
atualmente passou por diferentes etapas de promoção e signi-
ficações, no entanto, sempre esteve a margem de fatos políti-
cos e sociais extremamente relevantes. Assim como o futebol é 
para os brasileiros, o Rugby é, para os Sul-Africanos, uma pai-
xão nacional. Mas nem sempre essa relação foi tranquila, assim 
como as questões políticas do país. Em 1995, a África do Sul 
recebeu a Copa do Mundo de Rugby. O país estava no proces-
so pós Apartheid e tinha recentemente eleito Nelson Mandela 
como presidente. Naquele momento, a seleção sul-africana de 
Rugby era um símbolo da opressão de brancos em relação aos 
negros e por isso a equipe era “renegada” como representante 
nacional pela população negra. Tentando amenizar o confli-
to entre seu povo, o presidente Mandela visualizou no esporte 
uma possibilidade de união do povo em uma paixão comum e, 
para isso, incentivou ações da seleção sul-africana com vistas a 
aproximá-la daqueles que até então a renegavam como símbo-
lo nacional. A seleção sul-africana de Rugby, que não era uma 
equipe favorita ao título, foi campeã mundial em 1995, com 
apoio de torcedores brancos e negros. 
A relação entre esporte e política aparece claramente na his-
tória de Nelson Mandela com o Rugby da África do Sul. Mas ela 
não é o único recorte histórico dessa relação: em diversos mo-
mentos, líderes políticos utilizaram o esporte como ferramenta 
para atingir seus interesses, assim como em diversas situações 
o esporte foi utilizado como meio para manifestações políticas, 
e todas essas situações derivam de sua enorme visibilidade 
e capacidade de criar vínculos. Nesse sentido, não podemos 
mais entender o esporte apenas com seu significado de prática 
esportiva, precisamos entender que ele também pode ser 
vinculado a questões mais complexas do que apenas a sua prática.
 13
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Caro (a) aluno (a), para começarmos a conceituar sobre a Gestão Esportiva, é importante entendermos alguns 
fatores que agregaram ao esporte essa relevância social que o compete atualmente, o tornando objeto de estudo 
e produto de consumo. Para realizar essa importante tarefa iremos seguir uma linha do tempo muito simples, 
mas que agrega informaçõesimportantes para todo esse contexto que dividiremos em três momentos: esporte 
antigo, esporte moderno e esporte contemporâneo:
DIÁRIO DE BORDO
Convido você a realizar uma pesquisa rápida sobre situações históricas que envolvem os temas que iremos abor-
dar nesta unidade: esporte e política. A própria história da seleção sul-africana em 1995 é uma situação muito inte-
ressante, assim como os Jogos Olímpicos que ocorreram no período da Guerra Fria, a relação nacionalista promovida 
pelo governo brasileiro durante a Copa do Mundo de Futebol em 1970 ou então a clássica campanha da Democracia 
Corintiana, também durante o Regime Militar no Brasil. 
A partir de suas pesquisas, você consegue identificar o uso do esporte pela política em situações mais recentes? 
A utilização do esporte para fins que fogem a mera finalidade da prática esportiva também o caracteriza como im-
portante fenômeno social. E no contexto municipal, você já observou ações em que a prática esportiva ou eventos 
esportivos foram utilizados de forma política e não apenas visando a promoção esportiva e sua continuidade ou 
benefícios sociais e profiláticos? Conhecer as ações que estão próximas a nossa realidade nos auxilia a compreen-
der o objeto de estudo com maior clareza.
Diante de toda reflexão realizada até o momento, convido você, aluno (a), a realizar suas anotações no 
Diário de Bordo, como forma de fixação de suas primeiras impressões relacionadas a contextualização do 
esporte enquanto fenômeno social.
14 
 
�������������
��������������
Período em que as 
práticas corporais 
estavam atreladas a 
atividades de sobrevivên-
cia, muito distante da 
lógica de competição do 
que conhecemos hoje. 
Primeiros registros da 
realização dos Jogos 
Olímpicos.
���������������
As práticas corporais 
ganham regras e se 
propagam para diferen-
tes países. Destaque para 
a prática esportiva em 
Clubes Sociais. Tem início 
as competições e a nova 
era dos Jogos Olímpicos.
��������
��������������
O período pós as grandes 
guerras trouxe novas 
orientações para as 
políticas sociais e 
incluíam o esporte como 
ferramenta social que 
deve abordar os contex-
tos educacionais e de 
participação, não somen-
te o rendimento. Desta-
que para a inclusão do 
Esporte como direito 
social na Constituição 
Federal de 1988.
�������
• Práticas corporais;
• Sobrevivência;
• Olimpismo - Grécia Antiga
�������������
��������������
��������������
• Institucionalização das 
Práticas Corporais – Regras
• INGLATERRA - Associativismo 
– Globalização
• RETOMADA DO MOVIMENTO 
OLÍMPICO 
• Uso político do Esporte; 
• Guerra fria
• Força das Nações
• Nacionalismo
• BRASIL: Decreto 3.199/1941
���
������
���������������
• Manifesto Educação Física e Esporte
• Esporte Participação 
• Caráter Social do Esporte 
• Esporte na constituição 
Federal de 1988
• Lei Zico – 1993 
• Lei Pelé - 1998: Esporte Educacional, 
Participação, Rendimento e Formação 
���
���
�	��
���������������������
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
�������������
��������������
Período em que as 
práticas corporais 
estavam atreladas a 
atividades de sobrevivên-
cia, muito distante da 
lógica de competição do 
que conhecemos hoje. 
Primeiros registros da 
realização dos Jogos 
Olímpicos.
���������������
As práticas corporais 
ganham regras e se 
propagam para diferen-
tes países. Destaque para 
a prática esportiva em 
Clubes Sociais. Tem início 
as competições e a nova 
era dos Jogos Olímpicos.
��������
��������������
O período pós as grandes 
guerras trouxe novas 
orientações para as 
políticas sociais e 
incluíam o esporte como 
ferramenta social que 
deve abordar os contex-
tos educacionais e de 
participação, não somen-
te o rendimento. Desta-
que para a inclusão do 
Esporte como direito 
social na Constituição 
Federal de 1988.
�������
• Práticas corporais;
• Sobrevivência;
• Olimpismo - Grécia Antiga
�������������
��������������
��������������
• Institucionalização das 
Práticas Corporais – Regras
• INGLATERRA - Associativismo 
– Globalização
• RETOMADA DO MOVIMENTO 
OLÍMPICO 
• Uso político do Esporte; 
• Guerra fria
• Força das Nações
• Nacionalismo
• BRASIL: Decreto 3.199/1941
���
������
���������������
• Manifesto Educação Física e Esporte
• Esporte Participação 
• Caráter Social do Esporte 
• Esporte na constituição 
Federal de 1988
• Lei Zico – 1993 
• Lei Pelé - 1998: Esporte Educacional, 
Participação, Rendimento e Formação 
���
���
�	��
���������������������
Figura 1 – A Evolução do Esporte
16 
 
O esporte entendido como “Antigo” baseia-se nas práticas mais distantes, que originaram a primeira fase das 
olimpíadas gregas entre outras competições remotas do período. De acordo com Tubino (2010, p. 21), “na An-
tiguidade, as práticas esportivas eram muito diferentes das atuais [...] muitas de caráter utilitário para a própria 
sobrevivência das pessoas”. Basicamente as práticas estavam associadas a corrida e ao nado, situações rotineiras 
para fugir de alguma situação ou na hora da caça.
Com o passar do tempo, algumas práticas corporais tornaram-se institucionalizadas e passaram a seguir modelos 
estabelecidos e regras predeterminadas. De acordo com a literatura específica da área, o inglês Thomas Arnold, diretor 
do Rugby College, começou a codificar os jogos existentes com regras, ideia essa que se estendeu rapidamente por 
toda a Europa em meados dos anos de 1820 (TUBINO, 2010). É esse período que caracteriza o início da fase de Es-
porte Moderno, quando se inicia o 
processo de institucionalização das 
práticas esportivas que passam a ser 
entendidas como modalidades es-
portivas, o que contribuiu para sua 
disseminação em diferentes países.
Portanto, essa nova fase tem sua 
origem atribuída aos ingleses, gran-
des difusores da prática esportiva 
institucionalizada a partir de clubes 
e associações. Neste período, pouco 
se abordava sobre o rendimento ou a 
profissionalização do esporte: a prática 
era amadora e predominantemente re-
alizada por clubes e grupos específicos 
(TUBINO, 2010; LINHALES, 1996).
Figura 2 - Competição esportiva no início da década de 1900.
Descrição da Imagem: Ilustração 
referente a uma competição de 
Golf, no início da década de 1900.
Descrição da Imagem: Na figura, temos uma ilustração colorida de um infográfico apresentando a evolução do esporte. O esporte 
é dividido entre Antigo, Moderno e Contemporâneo. O Esporte Antigo é o período onde as práticas corporais estavam atreladas a 
atividades de sobrevivência, muito distante da lógica de competição do que conhecemos hoje. Primeiros registros da realização dos 
Jogos Olímpicos. No Esporte Moderno, as práticas corporais ganham regras e se propagam para diferentes países. Destaque para 
a prática esportiva em Clubes Sociais. Tem início as competições e a nova era dos Jogos Olímpicos. No Esporte Contemporâneo, o 
período pós as grandes guerras trouxeram novas orientações para as políticas sociais e incluíam o esporte como ferramenta social 
que deve abordar os contextos educacionais e de participação, não somente o rendimento. Destaque para a inclusão do Esporte 
como direito social na Constituição Federal de 1988.
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
No século XVIII, esportes como Golf, Canoagem e o Remo eram comuns em clubes ingleses, clubes frequentados pela 
‘elite’ da sociedade. Assim como no restante do mundo, no Brasil, essas modalidades também tiveram sua inserção, bem 
como outros costumes ingleses, no entanto, essas modalidades foram perdendo espaço para modalidades que aparece-
riam na sequência e se tornaram mais populares e acessíveis, como o futebol. Um dos exemplos que podemos citar é o 
Clube de Regatas do Flamengo, mais conhecido atualmente por sua equipe de futebol do que pela prática do remo.
Nossa relação entre esporte e política ocorre a partir da terceira fase de nossa linha do tempo: o esporte contem-
porâneo. Podemos dizer que esse período tem início após as grandes guerras ocorridas no início do século passado. 
Diversas foram as transformaçõesocorridas na sociedade de forma geral, tanto em questões políticas como em pro-
dução de conhecimento e novas tecnologias. O campo esportivo acompanhou essa evolução e tornou-se aliado a 
diversos setores, principalmente econômico, político e social.
Como mencionado anteriormente, o esporte, inicialmente, era tido como uma prática amadora e de socialização. Um 
dos maiores exemplos de sua evolução é a retomada do movimento olímpico. Em 1896, a partir da criação do Comitê Olím-
pico Internacional, a promoção dos Jogos Olímpicos retomava as antigas práticas realizadas na Grécia antiga e teve como 
sede a própria Atenas. Para Tubino (2011, p.11) “com a restauração do movimento olímpico e sua imediata incorporação ao 
movimento esportivo, a ética esportiva passou a se apoiar no associacionismo e no chamado far play”. A partir deste novo 
cenário, o campo esportivo passou a vivenciar a questão de conflito entre a prática amadora e o profissionalismo.
Descrição da 
Imagem: Tocha 
olímpica acesa 
para as Olimpí-
adas de 2016 no 
Rio de Janeiro. A 
chama olímpica é 
até hoje um dos 
principais ele-
mentos do “es-
pírito olímpico” 
que se refere aos 
valores, como o 
fair play, de um 
atleta para a sua 
participação na 
competição.
Figura 3: Chama Olímpica 
18 
 
Um dos fatos históricos que marcam o início da fase em 
que iremos chamar de contemporânea é registrada em 
1936, no período pós 2º Guerra Mundial, quando os pri-
meiros indícios de uso político do esporte tornaram-se 
mais evidentes. Tubino (2010) destaca o ideal da Alema-
nha de Hitler em utilizar o esporte para a demonstração 
da pseudo supremacia ariana nos Jogos Olímpicos:
Os ensinamentos de Hitler foram aproveitados pe-
los lados capitalistas e socialistas durante a chamada 
guerra fria [...] se, por um lado, surgiram a busca da vi-
tória a qualquer preço, o profissionalismo disfarçado, a 
exacerbação dos resultados, a maior interferência dos 
Governos (estados) no esporte, e consequentemente 
nas sociedades, casos cada vez mais constantes de do-
ping e suborno, o esvaziamento do fair play, por outro 
lado não é possível negar que o movimento esportivo 
mundial cresceu muito, e paralelamente aumentou a 
relevância social deste fenômeno, pelas crescentes im-
plicações que provocou” (TUBINO, 2010, p. 12).
A partir desta nova lógica do cenário esportivo mundial, 
outros fatores importantes devem ser mencionados como a 
maior presença de modalidades esportivas na mídia impressa 
e audiovisual, o consumo social de eventos esportivos e tam-
bém de sua prática, seja ela em âmbito amador ou profissional.
O uso político do esporte gerou grande preocupação 
no meio acadêmico, levando à produção, na década 
de 1960, de vários manifestos de intelectuais do setor 
ou com ele envolvidos. Esses documentos manifes-
tavam a contrariedade quanto ao aproveitamento 
do esporte como instrumento de propaganda polí-
tica. Na Unesco, surgiu o movimento Esporte para 
Todos, que difundiu internacionalmente o conceito 
de esporte como todas as possibilidades da atividade 
motora humana capaz de promover o lazer, o prazer 
e a satisfação (ALVES; PIERANTI, 2007, p. 6).
Assim como no âmbito competitivo entre a “força das 
nações” em simples e aleatórios confrontos esportivos, 
em outros setores o esporte passa a ser introduzido na 
agenda política como importante ferramenta social 
frente a questões educacionais e de saúde.
No que tange às questões educacionais, passou a se 
tornar cada vez mais comum a inclusão da prática espor-
tiva como ferramenta educacional em documentos que 
normatizam e orientam a infância e a adolescência. Tanto 
em relação as questões éticas, cívicas e morais que podem 
ser trabalhadas a partir da prática esportiva como tam-
bém da inclusão de políticas esportivas no trabalho com 
crianças e adolescentes em vulnerabilidade social. 
O Manifesto Mundial do Esporte, publicado em 1964, 
é o primeiro documento que passa a basear as novas pers-
pectivas para o entendimento da prática esportiva para 
além do alto rendimento. Em 1978, é publicado pela Unes-
co a Carta Internacional de Educação Física e Desporto, 
o documento reunia várias discussões relativas à prática 
esportiva na época, e ainda, de acordo com Tubino (2011, 
p.15) “lançou a perspectiva do direito à prática esportiva, o 
que aumentou consideravelmente a significação social des-
te esporte reconceituado”. Para Alves e Pieranti (2007, p. 8):
Reconhecida como fundamental ao desenvolvi-
mento humano, a prática esportiva aproximou-se 
dos campos da saúde e da educação. Conforme foi 
Um grande exemplo dessa nova fase são as grandes 
competições esportivas, como os Jogos Olímpicos e a 
Copa do Mundo de Futebol masculino, que mobilizam 
diversos setores da sociedade através da mídia, que re-
passa informações ou realiza a transmissão do evento 
para milhares de pessoas em diversos países.
PENSANDO JUNTOS
O esporte, em sua fase contemporânea, torna-se elemen-
to importante no discurso político, utilizado com inú-
meras finalidades por líderes de todo o planeta.
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
possível concluir a partir de experiências dos se-
tores público e privado, o esporte ajuda a prevenir 
doenças, a evitar a evasão escolar, o uso de drogas e 
a criminalidade e a aumentar a auto-estima, a coo-
peração, a solidariedade e a inclusão social.
A partir de então, novos estudos começam a ser realiza-
dos sob a nova perspectiva de entendimento e concei-
tuação do esporte, bem como novas políticas públicas 
são pensadas e elaboradas a partir da compreensão do 
esporte em diferentes manifestações de cunho educa-
cional, social e de rendimento esportivo. Compreender 
o fenômeno esportivo auxilia, sobretudo, a idealizar os 
melhores caminhos para conduzir o trabalho a ser de-
senvolvido, inclusive com a gestão do esporte.
Estima-se que a primeira normativa para o esporte 
no Brasil tenha ocorrido com a publicação do Decreto 
Lei nº 3.199, publicado em 1941. O decreto estabelecia 
as bases de organização do desporto em todo território 
nacional e institui o Conselho Nacional de Desportos 
como a principal instituição a orientar, fiscalizar e in-
centivar a prática esportiva no país (BRASIL, 1941). De 
acordo com Linhales (1996, p. 85), que estudou toda a 
trajetória política do esporte no Brasil, o decreto de 1941 
auxiliou na “construção da hegemonia do esporte, em 
relação às demais atividades corporais de movimento”.
NOVAS DESCOBERTAS
O filme Invictus é baseado na conquista 
da Copa do Mundo de Rugby, de 1995, 
pela Seleção Sul-Africana de Rugby. A 
narrativa mostra a utilização do esporte 
mais popular do país como ferramenta 
de Nelson Mandela, presidente do país na época, para 
tentar amenizar os reflexos do Apartheid e aproximar 
brancos e negros de objetivos comuns, como a paixão 
pelo esporte. É uma obra muito interessante para ob-
servar como o esporte e a paixão de milhares por ele, 
pode se tornar uma ferramenta com viés e interesse 
político, mesmo que seja nas entrelinhas.
A gestão de qualquer negócio, projeto ou evento requer 
conhecimento sobre o objeto em si, ou seja, para realizar 
uma boa gestão sobre algo, é preciso ter conhecimento 
sobre ele. No campo da gestão esportiva, é fundamental 
conhecermos as normativas que orientam as ações em 
âmbito público ou privado, desta forma, ter como base a 
legislação esportiva nacional é questão chave na gestão 
de qualquer negócio, projeto ou evento esportivo.
Figura 4: Mulheres no esporte - A prática esportiva por mulheres 
era proibida pelo decreto brasileiro de 1941.
Descrição da Imagem: A figura apresenta uma fotografia em pre-
to e branco de três mulheres disputando uma bola de basquete.
20 
 
O decreto também apresentava o primeiro sistema de or-
ganização nacional de esportes, a partir da vinculação de 
Associações esportivas a Confederações esportivas e ao 
Conselho Nacional de Desportos, respectivamente (BRA-
SIL, 1941). Posteriores ao decreto de 1941, outras regula-
mentações foram publicadas, alterandoartigos do próprio 
decreto e também para outras orientações no campo es-
portivo. No entanto, como tais documentos já foram alte-
rados, não cabe a nós voltarmos nossos olhares para eles.
Posto isso, entramos em tempos mais recentes da 
legislação esportiva brasileira e, como ponto de partida, 
temos a Constituição Federal de 1988. O novo texto cons-
titucional tinha como referência não apenas as demandas 
de grupos ligados ao campo esportivo, mas também, os 
documentos internacionais que foram publicados duran-
te o período em que o Brasil estava sob regime militar. 
Dois destes documentos já foram citados nesta unidade, 
são eles: o Manifesto Mundial do Esporte (1964) e a Carta 
Internacional de Educação Física e Esporte (1978).
O texto constitucional menciona o esporte em seu ar-
tigo 217, situado no capítulo III que se refere à Educação, a 
Cultura e ao Desporto. O artigo é curto, mas serve como base 
para todas as legislações esportivas no Brasil e informa que:
É dever do Estado fomentar práticas desportivas 
formais e não-formais, como direito de cada um, 
observados: I - a autonomia das entidades des-
portivas dirigentes e associações, quanto a sua 
organização e funcionamento; II - a destinação de 
recursos públicos para a promoção prioritária do 
desporto educacional e, em casos específicos, para 
a do desporto de alto rendimento; III - o tratamen-
to diferenciado para o desporto profissional e o 
não- profissional; IV - a proteção e o incentivo às 
manifestações desportivas de criação nacional. § 
1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à 
disciplina e às competições desportivas após esgo-
tarem-se as instâncias da justiça desportiva, regula-
da em lei. § 2º A justiça desportiva terá o prazo má-
ximo de sessenta dias, contados da instauração do 
processo, para proferir decisão final. § 3º O Poder 
Público incentivará o lazer, como forma de promo-
ção social (BRASIL, 1988, [s.p.]).
A partir de então, a promoção da prática esportiva passa a 
ser também dever do Estado, através de políticas públicas 
de investimento em ações e projetos para o campo esporti-
vo. Não que anterior a 1988 não houvessem investimentos 
públicos no campo esportivo, mas a partir de então esta 
ação estava prevista como direito do cidadão brasileiro.
Na década de 1990, buscou-se a elaboração de uma 
lei que regulamentaria o que estava previsto no texto 
constitucional. Para isso, em 1993, foi publicada a pri-
meira Lei (após 1988) que institui normas para o des-
porto nacional de acordo com a nova constituição. A Lei 
Zico, como era chamada foi substituída em 1998 pela 
Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), que atualmente é a legisla-
ção que normatiza e orienta o campo esportivo nacional.
Dentre todo o texto da Lei Pelé, dois artigos são fun-
damentais para o campo da gestão esportiva, são eles o 
capítulo II que se refere aos princípios fundamentais e o 
capítulo III, da natureza e finalidade esportiva.
São considerados como princípios fundamentais: a 
soberania, a autonomia, a democratização da liberdade, 
do direito social, da diferenciação, da identidade nacio-
nal, da educação, da segurança e três que daremos maior 
ênfase: da qualidade, da descentralização e da eficiência 
(BRASIL, 1998). Os três últimos princípios citados são 
extremamente importantes para qualquer gestor que 
atue no campo esportivo. De acordo com a legislação, o 
princípio da qualidade deve assegurar a valorização dos 
resultados desportivos; o princípio da descentralização é 
“consubstanciado na organização e funcionamento har-
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
mônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal” (BRA-
SIL, 1998, [s.p.]); e o princípio da eficiência refere-se ao estímulo a competência esportiva e também administrativa.
Outro importante recorte deste capítulo refere-se à gestão esportiva profissional que deve estar sujeita aos princípios 
da transparência financeira e administrativa, da responsabilidade social de seus dirigentes, do tratamento diferenciado 
em relação ao esporte não profissional e também da participação na organização esportiva do país (BRASIL, 1998).
No que corresponde a finalidade esportiva, a Lei Pelé reconhece quatro perspectivas para a prática esportiva no 
país, a saber: o esporte educacional, o esporte de participação, o esporte de rendimento, e a perspectiva do esporte de 
formação que foi inserida como finalidade esportiva posteriormente pela Lei n° 13.155/2015. A manifestação educa-
cional está associada ao desenvolvimento integral do indivíduo e pode ser relacionada ao esporte desenvolvido em 
ambiente escolar, pela disciplina de Educação Física e também por ações sociais que trabalham com o esporte em 
contra turno escolar (BRASIL, 1998). 
Figura 5: Esporte Educacional.
Descrição da Imagem: Na figura, há uma fotografia colorida representando adolescentes jogando voleibol em um ginásio.
22 
 
Por vários anos, essa manifestação foi muito questionada por ser frequentemente associada à iniciação esportiva e 
treinamentos voltados a categorias de base, onde havia a competitividade, mas não dentro de uma perspectiva de 
rendimento. Assim, em 2015, a categoria de esporte de formação foi inserida como uma nova manifestação, pois con-
templava a iniciação esportiva com o objetivo de aperfeiçoamento esportivo para fins competitivos. 
A manifestação de esporte de participação está basicamente relacionada à prática esportiva no tempo livre, 
como meio de promoção da saúde (BRASIL, 1998). Por fim, a manifestação de rendimento que de acordo com o 
documento deve ser “praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e interna-
cionais, com a finalidade de obter resultados [...]” e promover a integração entre nações, podendo ser organizado 
como profissional e não profissional (BRASIL, 1998, [s.p.]).
Essas quatro manifestações esportivas orientam diversos outros documentos que, de alguma forma, contem-
plam a prática esportiva, como projetos, programas e ações promovidas ou financiadas pelo poder público. É im-
portante estar atento, também, ao fato de que todas as legislações esportivas que vieram posteriormente a Lei Pelé, 
sejam elas em âmbito federal, estadual ou municipal devem estar em conformidade com o que está regulamentado 
pela Lei nº 9.615/1998, ou seja, pela Lei Pelé.
Duas legislações importantes no âmbito esportivo e da constante busca pela profissionalização da gestão espor-
tiva no Brasil foram publicadas nos anos 2000. Em 2001, é publicada a Lei nº 10.264 popularmente conhecida como 
Lei Agnelo Piva, que prevê o repasse de recursos adquiridos com a loteria federal para a promoção do esporte univer-
sitário e escolar através do Comitê Olímpico Brasileiro. Já em 2006, é publicada a Lei Federal de Incentivo ao Esporte 
(Lei nº 11.438), que indica a destinação de recursos através de renúncia fiscal de empresas privadas para projetos 
esportivos previamente selecionados pelo governo federal.
Ambas as legislações estão diretamente relacionadas ao incentivo de prática esportiva a partir do financiamento das 
ações. Junto com as novas alternativas de investimento, também crescem os instrumentos de fiscalização e controle dos 
gastos realizados a partir dessas novas fontes de investimento. Não que não exista desvios ou corrupção na gestão desses 
recursos, mas o trabalho de prestação de contas e transparência de gastos exige das instituições beneficiadas uma gestão 
qualificada e profissional. Uma má gestão ou prestação de contas realizada inadequadamente poderia (e pode) compro-
meter o desenvolvimento de um projeto e a reputação da instituição beneficiada acarretando não apenas a inviabilidade 
de novos recursos públicos como também a dificuldade em futuras captações de recursos privados, uma vez que nenhu-
ma empresa iria querer ser associada a uma instituição que aparenta ter uma gestão não profissional. 
Em um estudo realizado com municípios mineiros que receberam recursos estaduaisatravés de legislações espe-
cíficas de incentivo/financiamento, Silva et al. (2013, p. 35) enaltecem que analisando a gestão esportiva dos municí-
pios após o recebimento dos recursos:
[...] os resultados do estudo sugerem que a política do ICMS Esportivo mostrou-se efetiva por contribuir principalmente 
para: (a) melhoria na organização de informações esportivas; (b) melhoria na interação entre os atores esportivos locais 
em decorrência, entre outras, da própria necessidade de se conseguir informações e documentos com - probatórios para 
fins do ICMS Esportivo; e (c) ampliação do número de atividades esportivas oferecidas à população (grifo nosso).
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Assim como a política de incentivo mineira, estados e municípios também possuem 
autonomia para elaborar e propor políticas específicas de incentivo a pratica esportiva. 
É possível encontrarmos diversas modalidades de financiamento esportivo tanto para 
ações e projetos do setor público como também em parcerias com instituições privadas.
Compreender que existem documentos e normas que orientam a gestão esporti-
va no Brasil é um enorme passo para o desenvolvimento de um trabalho profissional 
e de qualidade. Caminhar sob a luz do conhecimento nos leva a escolher os melhores 
caminhos e arriscar em momentos oportunos, estando sempre um passo à frente dos 
demais, buscando desempenhar o melhor trabalho. A formação inicial em Educação 
Física é um dos mais importantes pilares para contribuir com esse processo.
A ligação entre Esporte e Educação Física é consideravelmente antiga e, assim como 
a prática esportiva, a Educação Física enquanto área de conhecimento teve relevante 
crescimento nos últimos anos. Para Bratch (2000) o esporte, enquanto fenômeno cultu-
ral, foi inicialmente assimilado pela educação física, sem descaracterizar a função social 
hegemônica da disciplina, o desenvolvimento da aptidão física, mas, de acordo com o 
autor, “paulatinamente, o esporte se impõe à EF, ou seja, instrumentaliza a EF para o 
atingimento de objetivos que são definidos e próprios do sistema esportivo” (BRATCH, 
2000, p. 15). Para Castellani Filho (2013), a relação entre esporte e a educação física em 
âmbito escolar está longe de ser caracterizada como uma relação tranquila, para ele:
Em alguns momentos, o esporte entrou na escola sem pedir licença, impingindo a ela 
seus códigos e significados; em outros, foi recebido de braços abertos, à medida que se 
propunha a levar o nome da instituição aos mais altos (e, em boa parte das vezes, inima-
gináveis) lugares – a assimilação bastante rápida pela escola do baixo custo do marketing 
conseguido por meio do esporte tem parcela considerável de responsabilidade por essa 
postura amigável [...] (CASTELLANI FILHO, 2013, p. 27-26).
Neste sentido, podemos afirmar que Educação Física e Esporte, historicamente, são 
áreas associadas, não totalmente dependentes uma da outra, mas que em diversas 
situações uma se apoia na outra. Inicialmente, esteve associado às escolas de ginásti-
cas, que são conhecidas como as precursoras das primeiras escolas de Educação Físi-
ca, em seguida com a predominância da perspectiva técnica esportiva muito presente 
na dinâmica da Educação Física Escolar durante as décadas de 1970 e 1980.
Como já mencionado, a partir da década de 1960, iniciam-se novas discussões relaciona-
das a outras manifestações esportivas para além da perspectiva de rendimento, estas discussões 
estão respaldadas também no campo da Educação Física enquanto área de conhecimento, que 
amplia seus seu campo de atuação para além do cenário escolar e do treinamento esportivo.
24 
 
Obviamente a Educação Física enquanto área de conhecimento e também enquanto disciplina curricular é à base 
de formação e estruturação para esse novo cenário esportivo. Tanto em relação à formação dos profissionais, como 
através da Educação Física Escolar como iniciação da criança na vida esportiva, seja sua opção no futuro para o ren-
dimento ou para a prática amadora.
Neste mesmo sentido, podemos indicar que, a partir de 1990, novas conceituações foram ganhando espaço no 
cenário nacional, para o esporte em ambiente escolar, o esporte no tempo livre e o esporte como medida profilática.
No Brasil, o esporte de rendimento era reproduzido nas escolas e fora do âmbito institucionalizado. As pessoas re-
conheciam as práticas físicas ligadas a qualquer tipo de jogo/esporte como recreação. Foi a Comissão de Reformu-
lação do Esporte Brasileiro de 1985, presidida por Manoel Tubino e instalada pelo Decreto nº 91.452, que sugeriu, 
sob a forma de indicações, que o conceito de Esporte no Brasil fosse ampliado, deixando a perspectiva única do 
desempenho e, também, compreendendo as perspectivas da educação e da participação (lazer). Foi assim que foram 
introduzidas, na realidade esportiva nacional, as manifestações Esporte-educação, Esporte-participação (lazer) e 
Esporte-performance (desempenho) (TUBINO, 2010, p. 29).
Esse avanço em publicar novos conceitos contribui na formulação de novas perspectivas para se pensar a prática espor-
tiva – como a Lei Pelé -, o qual também colabora com a ampliação de áreas de atuação profissional. A publicidade do 
esporte e todo o seu potencial educativo e político, uma vez que eventos esportivos atingem um grande número de pes-
soas, nesse sentido, pode ser entendido por muitos como um setor com grande potencial político e comercial - seja para 
alcançar um número maior de pessoas, para a promoção de uma ideia comum ou até mesmo para a promoção pessoal. 
Junto com o conceito de esporte-educação, ampliou-se a presença da prática esportiva como ferramenta educa-
cional, tanto em políticas educacionais como em políticas socioeducativas, desenvolvidas em contra turno escolar. Já 
no que tange o conceito esporte-participação, o discurso da prática esportiva caminhou no sentido do esporte como 
medida profilática, ou seja, como ferramenta de promoção de qualidade de vida e saúde. 
A Carta internacional de Educação Física e Desportos é um dos principais documentos para essa mudança de paradigmas, 
ela apresenta 10 artigos de orientação em relação à Educação Física e ao Esporte. Os artigos referem-se respectivamen-
te: a temas como educação física e esporte como direito fundamental; como elemento educacional; à necessidade de 
que seus programas satisfaçam necessidades individuais e fundamentais; ao ensino, treinamento e gestão, que precisa 
realizado por profissionais da área, que os equipamentos e instalações esportivas sejam adequadas para a prática; à 
importância de pesquisa, avaliação, informação e documentação para o avanço das ações; à relação direta de positiva 
com a mídia; aoincentivo por parte das instituições nacionais e a cooperação internacional como parte essencial para a 
promoção equilibrada de ações na área (UNESCO, 1978).
A partir da leitura do documento, é possível observar muita similaridade com diversas iniciativas que já ocorrem 
no cenário esportivo e da Educação Física, bem como políticas públicas que foram formuladas e implementadas 
seguindo o mesmo viés do documento.
EXPLORANDO IDEIAS
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Em todas essas políticas, o profissional de educação física aparece como agente principal ou mediador das ações, 
garantindo, assim, o auxílio de um profissional da área no desenvolvimento das ações e prevendo que essa presença 
garanta condições de um trabalho bem realizado. A ampliação de conceitos relacionados à prática esportiva ganha 
espaço para a implementação de novas políticas públicas voltadas principalmente para a área educacional e de par-
ticipação, as ações voltadas ao rendimento esportivo, em sua maioria, vêm ocorrendo por parcerias entre governos e 
instituições privadas como associações, federações e confederações. 
A relação entre confederações e federações esportivas com o poder público pode ser mencionada desde os re-
gistros do decreto de 1941. Essa relação advém desde questões administrativas até as financeiras, uma vezque, desde 
muito antes da Lei Agnelo Piva (2001), já ocorriam repasses financeiros do governo para estas instituições esportivas. 
No entanto, atualmente, cabe destaque para as associações esportivas, grandes responsáveis pela execução e promo-
ção efetiva da prática esportiva tanto na iniciação como no esporte de alto rendimento. Muitas vezes, é a partir destas 
associações que os atletas são formados e ganham destaque para posteriormente serem contratados por algum clube 
ou selecionados para competições através das federações e confederações. 
Por denominação jurídica e finalidade de instituição privada sem fins lucrativos, essas associações são intituladas 
de “terceiro setor”, pois suas ações não se enquadram como instituição pública e nem tão pouco privada com visão de 
lucro. Muitas políticas são voltadas especificamente para o financiamento de ações e projetos desenvolvidos por essas 
instituições do terceiro setor, como exemplo, podemos mencionar a Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
Figura 6: Terceiro Setor.
Descrição da Imagem: Crianças dispostas em raias para uma corrida de atletismo. O terceiro setor é composto por instituições sem fins lucrativos 
e é comum que promovam projetos de iniciação esportiva.
26 
 
Todas estas questões políticas que envolvem o campo es-
portivo a partir da publicação da Constituição Federal de 
1988 acarretam também novas perspectivas para a gestão 
esportiva no país, bem como a necessidade de formação 
e capacitação dos profissionais que atuam nesta área. Em 
uma análise realizada por um grupo de pesquisadores em 
2018, foi possível observar o perfil de gestores esportivos 
a partir de outros estudos realizados anteriormente em 
diferentes pesquisas sobre gestão esportiva.
[...] verificou-se que os profissionais à frente das en-
tidades esportivas no país são homens, com idade 
média de 42 anos, formação predominante em Edu-
cação Física e Administração e tempo de experiên-
cia de 14 anos. Além disso, esses gestores atuam em 
diferentes organizações públicas e privadas, como: 
associações, clubes, federações, academias de ginásti-
ca, órgãos de gestão pública federal, estadual e muni-
cipal e foram identificados em alguns estudos como 
ex-praticantes das modalidades esportivas que coor-
denam atualmente (ZANATTA, et al. 2018, p. 301).
O curso de graduação em Educação Física aparece como 
pilar da formação de parte desses gestores, bem como a 
experiência esportiva na modalidade em que gerenciam. 
Isso demonstra a grande importância da Educação Física 
enquanto área de conhecimento e como agente formado-
ra daqueles que atuam na gestão de ações esportivas no 
país, seja em nível de graduação, pós graduação e cursos 
de formação continuada. De acordo com Rocha e Bastos 
(2011), os primeiros estudos sobre gestão esportiva ocor-
reram nos Estados Unidos a partir da década de 1960, 
mediante a crescente visibilidade televisiva e consumo de 
produtos esportivos ocorre a necessidade de análise sobre 
a gestão do esporte profissional e universitário americano.
Já no Brasil, esse movimento ocorre principalmen-
te a partir da década de 1990, com o crescimento do 
marketing esportivo como ferramenta fundamental 
para os negócios esportivos. Devido ao crescimento da 
mídia televisiva e do investimento em campanhas publi-
citárias, torna-se crescente o vínculo de grandes marcas 
a equipes esportivas e também em equipes de represen-
tação nacional, como as seleções de futebol e voleibol.
Neste sentido, assim como no cenário americano, 
no Brasil também cresce a preocupação com a gestão e 
profissionalização no campo esportivo, seja por parte do 
atleta como por parte do gestor.
[...] um dos fatores que explicam o sucesso do 
marketing esportivo é o fato do empresariado ter 
descoberto que o investimento em atividades não 
relacionadas diretamente a atividade fim da empresa 
passou a ocupar um papel estratégico e decisivo no 
mercado, de tal modo que a influência que o marke-
ting esportivo exerce no comportamento do público 
e consumidores, em relação à empresa, ajudando a 
construir uma imagem vitoriosa e de sucesso, passou 
a ser rigorosamente considerado no planejamento 
estratégico das empresas em geral (POIT, 2006, p. 57).
A profissionalização da gestão esportiva passou a ser ques-
tão fundamental para projetos de sucesso, não somente 
porque a legislação tornou-se mais rigorosa e os instru-
mentos de fiscalização também cresceram, mas também 
por exigência de mercado. E não podemos esquecer que 
tais cuidados também abrangem o setor público que em 
diversas situações atua como agente parceiro de ações pri-
vadas em uma política de parceria público-privada.
Neste enredo, devemos destacar o conceito de go-
vernança, palavra que vem ganhando cada dia mais 
espaço dentro da gestão pública e privada. No que 
tange o ambiente público, Frey (2004, p. 121) impli-
ca que o termo se refere à “necessidade de mobilizar 
todo conhecimento disponível na sociedade em bene-
fício da melhoria da performance administrativa e da 
democratização dos processos decisórios locais”. Em 
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
resumo, podemos afirmar que a governança está ligada ao 
processo de governabilidade e gerenciamento das institui-
ções, aumentando, assim, seu nível de confiança.
Desse modo, tratando de gestão esportiva e financia-
mento de ações, quanto maior o nível de confiança que uma 
instituição apresenta – seja ela uma confederação, federação, 
associações, clubes ou equipes – maior seu potencial de atrair 
investimentos e mídias. E, neste sentido, muitas instituições 
esportivas vêm investindo na qualificação e profissionalização 
de sua gestão, tendo como consequência deste investimento o 
resultado, comercial e dentro de quadra/campo. 
Para que essa capacitação seja realizada ou que ocor-
ram cursos específicos de gestão esportiva, é necessário que 
o campo acadêmico contribua com estudos e publicações 
na área. Assim como essa disciplina, o curso de bacharela-
do em Educação Física ainda é a principal formação para a 
área de gestão esportiva no país, no entanto, é crescente o 
número de cursos de especializações nesta área.
Não podemos deixar de mencionar que um fator impor-
tante para um notável crescimento da área é o surgimento de 
diferentes entidades que enlaçam o tema da gestão esportiva, 
como a Associação Brasileira de Gestão do Esporte, Asso-
ciação Brasileira de Profissionais e Empresas de Marketing 
Esportivo, Associação Brasileira de Marketing Esportivo, 
Academia Brasileira de Marketing Esportivo, Associação 
Brasileira dos Lojistas de Equipamentos e Materiais Esporti-
vos, Instituto Brasileiro de Direito Desportivo e a Associação 
Brasileira da Indústria do Esporte (ROCHA; BASTOS, 2011).
Quanto maior o número de entidades vinculadas a área, 
maior são as possibilidades de viabilizar melhorias para o 
campo da gestão esportiva. Com tudo, o campo de gestão es-
portiva brasileiro ainda encontra-se em fase de expansão e 
aprofundamento teórico. Neste sentido, conhecer as bases le-
gais e as estratégias de administrar esse campo extremamen-
te relevante cultural e socialmente são etapas fundamentais 
para um gestor esportivo.
28 
 
As políticas esportivas estão imersas em diversas ações, programas e projetos. Desde os tex-
tos legislativos até a execução de um projeto de iniciação esportiva. Uma maneira interes-
sante de realizar essa aproximação é pesquisar sobre projetos e programas desenvolvidos 
em estados e municípios. Ou até mesmo nas plataformas digitais do Governo Federal, onde 
facilmente encontramos as legislações esportivas e alguns projetos que surgiram tendo elas 
como elemento base de formulação.
NOVAS DESCOBERTAS
Se eu quiser saber mais informações sobre as políticas esportivas do Estado 
do Paraná, eu acesso o portal Paraná Esporte e encontro algumas informa-
ções, como o programa PROESPORTE, que é uma Lei Estadual de Incentivo 
ao Esporte. Que tal procurar saber quais as políticas esportivas que o seu 
estado está desenvolvendo?Tenho certeza que você irá descobrir muitas 
coisas interessantes a respeito do cenário esportivo de sua região!
Enquanto profissionais da área esportiva, compreender a relação e associação que existe entre o 
esporte e o cenário político nos auxilia a observar contextos em que estamos inseridos ou que 
pretendemos nos inserir. A atuação na gestão esportiva tanto em âmbito público ou privado exige 
do profissional competências que ultrapassam o conhecimento de técnicas e ferramentas práticas, 
ela nos exige subjetividade. Observar, buscar informação e analisar diferentes cenários não apenas 
contribui com a nossa formação profissional, como também nos auxilia a refletir sobre ela, nos 
capacitando ainda mais enquanto profissionais.
Para reforçar nossa discussão sobre a relação entre 
esporte e política, convidei o professor Fernando Starepra-
vo, que é Doutor em Educação Física e autor de diversos 
trabalhos sobre políticas de esporte.
http://www.esporte.pr.gov.br/
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8652
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8654
 29
atividades de estudo
1. Leia com atenção o trecho abaixo:
“O Esporte Moderno recebeu um grande estímulo com a restauração dos Jogos Olímpicos por Pierre de 
Coubertin, em 1896 (Atenas). O reinício do movimento olímpico consolidou o Esporte e ainda trouxe o se-
gundo suporte da Ética esportiva: o Fair-play” (TUBINO, 2010, p. 24).
A partir do trecho citado e do conteúdo desta unidade, assinale a alternativa que apresenta a principal 
característica do Esporte Moderno:
a. Inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos.
b. Codificação das regras de práticas esportivas tornando-as institucionalizadas.
c. Grandes campeonatos americanos de Remo.
d. Publicação das regras de Turfe em diferentes idiomas.
e. Os métodos de treinamentos publicados por Thomas Arnold.
2. Podemos considerar que os clubes foram espaços importantes para o desenvolvimento do Esporte 
Moderno. Em relação a prática esportiva realizada por clubes ingleses, assinale a alternativa correta:
a. A prática esportiva era realizada de forma amadora.
b. Ocorriam grandes investimentos para a contratação de atletas.
c. O futebol era a principal modalidade esportiva entre os clubes.
d. Os clubes investiam prioritariamente no esporte de rendimento.
e. O objetivo dos clubes era obter lucro com a realização de grandes competições.
3. Sobre o olimpismo, leia com atenção as afirmações a seguir:
I. Tem como um de seus princípios básicos o jogo limpo, intitulado de “fair play”.
II. O movimento olímpico prioriza a prática esportiva amadora.
III. A primeira edição da retomada dos Jogos Olímpicos ocorreu em 1896 em Atenas, na Grécia.
IV. A edição de 1936 não foi realizada devido à Guerra Fria.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas I e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
30 
atividades de estudo
4. De acordo com o conteúdo estudado, quando mencionamos o Período Contemporâneo do esporte, 
um importante referencial teórico é o Manifesto Mundial do Esporte. Sobre esse documento, leia com 
atenção as afirmações abaixo e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) Foi elaborado e publicado pelo Comitê Olímpico Internacional.
( ) O Manifesto Mundial do Esporte, publicado em 1964.
( ) Introduziu a discussão da prática esportiva como direito social.
Assinale a alternativa correta:
a. F; V; V.
b. F; F; V.
c. V; F; V.
d. F; F; F.
e. V; V; V.
5. A Carta Internacional de Educação Física e Desportos foi publicada em 1978 e apresenta artigos de 
orientação em relação à Educação Física e ao Esporte. Sobre isso, leia com atenção as afirmações abaixo:
I. O documento indica que o treinamento e a gestão esportiva sejam realizados por profissionais da área 
da Educação Física.
II. A carta defende que equipamentos e instalações esportivas sejam adequadas para a prática.
III. O documento entende educação física e esporte como direito fundamental.
IV. Indica que educação física e esporte colaborem com necessidades governamentais.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas I, II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas III e IV estão corretas.
 31
atividades de estudo
6. As legislações esportivas devem ser consideradas como base para a formulação de políticas esporti-
vas em todo o território nacional. Assinale a alternativa que apresente a primeira legislação que regu-
lamentou a prática esportiva no Brasil:
a. Constituição Federal, em 1988.
b. Lei Agnelo Piva, 2001.
c. Lei nº 9.615/1998, a Lei Pelé.
d. Decreto Lei º 3.199/1941.
e. Política Nacional do Esporte, 2006.
7. Leia com atenção o trecho abaixo:
“O esporte e o lazer assumem, pela primeira vez na história do Brasil, papel de destaque no ordenamento 
jurídico constitucional brasileiro na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). O esporte assume desig-
nação específica no título VIII – Da Ordem Social, no Capítulo III Da Educação, Da Cultura e do Desporto, na 
Seção III - Do Desporto, Art. 217. Já o lazer não teve concertação política capaz de incluí - lo como seção. 
Por ser portador de interesses difusos, não vinculado a um determinado grupo de interesse, e abrigar di-
ferentes áreas (educação física, cultura, turismo, por exemplo), o tema não pode ser privilegiado” (SANTOS, 
et al. 2019, p. 52).
Sobre a presença do esporte na Constituição Federal de 1988, é correto o que se afirma em:
a. O esporte foi classificado em esporte educacional, de participação, rendimento e formação.
b. Indicou a destinação de 2% da renda oriunda das loterias federais para a prática esportiva no país.
c. Indicou como prioritária a destinação de recursos públicos para o esporte educacional e, apenas em 
casos específicos, para a do esporte de alto rendimento.
d. O esporte está incluso no artigo específico dos direitos sociais.
e. Prevê que o esporte de formação deve ser iniciado junto às práticas esportivas desenvolvidas em âm-
bito escolar pela Educação Física.
Professora Me. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
Oportunidades de aprendizagem
Com o intuito de auxiliar na reflexão de boas práticas para 
a gestão esportiva, iniciaremos a abordagem dos temas de 
planejamento e gestão das ações no campo esportivo, com 
vistas a qualificação das ações e reconhecimento profissional 
dos agentes que atuam no campo esportivo.
PLANEJAMENTO E GESTÃO 
APLICADOS AO CAMPO ESPORTIVO
unidade 
II
34 
 
A profissionalização da gestão esportiva no Brasil vem 
ocorrendo gradativamente. Alguns relatos históricos 
apontam que esse movimento começou com o voleibol já 
na década de 1980. Até mesmo o futebol, que é o esporte 
mais popular do nosso país, ainda está iniciando a pro-
fissionalização de sua gestão, mas já apresenta indícios de 
grandes avanços. Um exemplo muito interessante sobre 
essa mudança no cenário esportivo nacional foi à criação 
da Liga Nacional de Basquete em 2008, que apostou na 
profissionalização de sua gestão esportiva e atualmente é 
uma das referências esportivas quando o assunto é ges-
tão e marketing esportivo no Brasil. Todos esses exemplos 
nos apresentam um cenário promissor para o profissional 
de Educação Física perante a gestão esportiva, uma vez 
que, com todo o potencial esportivo que temos em nosso 
país, muitas instituições esportivas ainda estão iniciando 
a profissionalização de sua gestão.
Como podemos observar na Unidade I, o esporte, 
no Brasil, há muitos anos, é desenvolvido com a tutela 
financeira do Estado em seus diferentes níveis de go-
verno (federal, estadual e municipal). Essa dependência 
acarretou em muitos casos diversos conflitos de inte-
resses em que a finalidade esportiva perdia espaço para 
interesses pessoais e/ou econômicos. Com o avanço de 
legislações regulamentadoras e que prezam pela quali-
dade do serviço realizado com o financiamento público, 
muitas instituições esportivastiveram que capacitar os 
agentes que trabalhavam com sua gestão. Todo esse ce-
nário de readequação pode ser conciliado ao avanço da 
disponibilidade de ferramentas administrativas e tam-
bém ao cenário contemporâneo do esporte mundial que 
não comporta antigos modelos de gestão praticados até 
então por muitas instituições. 
Para iniciar nossa imersão no conteúdo de planeja-
mento aplicado à gestão esportiva, podemos assistir ao 
exemplo de gestão esportiva que é baseada em planeja-
mento estratégico e que pensa no esporte para além da 
prática esportiva em busca de resultados pontuais, bus-
cando ações que promovam o avanço do esporte e da 
viabilidade profissional junto ao cenário esportivo:
Pensar o esporte para além da prática esportiva e da obtenção de títulos é uma crescente dentro do cenário esportivo. A 
gestão esportiva pensa em todo o processo que culmina da prática esportiva de excelência e que atenda os objetivos da 
instituição que podem não estar pautados apenas na obtenção de títulos. No decorrer dos estudos nesta unidade, iremos 
abordar questões diretamente relacionadas à gestão esportiva, quando certamente novas inquietações irão surgir. 
A ERA DO PEIXINHO
A pro�ssionalização do voleibol e a 
transformação no segundo esporte 
mais popular no Brasil, a partir das con-
quistas em quadra e também fora dela, 
junto a melhorias em qualidade de 
condições de treinamento e oferta de 
possibilidades aos atletas.
CLUBE ATLÉTICO TUBARÃO
A junção de clube esportivo com em-
presa privada cresce a cada ano e, 
junto a esse vínculo, ações que estabe-
lecem diferentes objetivos que envol-
vem a vivência esportiva e vão além 
de apenas uma disputa por títulos.
ENTREVISTA COM O
PRESIDENTE DO
RED BULL BRASIL 
Necessidade de pro�ssionalização da 
gestão esportiva em clubes de fute-
bol no Brasil. O porquê dessa pro�s-
sionalização é necessária.
Quadro 1: Exemplos de gestão esportiva baseada em planejamento estratégico.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10492
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10493
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10494
 35
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Esta unidade é voltada a apresentação de conceitos e estratégias de planejamento aplicado ao campo esportivo. Após 
conhecermos um pouco mais sobre o esporte enquanto fenômeno social, agora chegou a hora de compreender as 
bases de planejamento para que as ações e projetos esportivos sejam postos em prática com excelência.
Para iniciar esse processo, é importante realizar a conceitualização de alguns termos utilizados. É muito comum 
que os termos “gestão” e “administração” sejam utilizados como sinônimos, do que não está absolutamente certo, mas, 
também, não está totalmente errado. É preciso identificar o contexto onde ele está inserido, assim, alguns autores 
discutem sobre essa utilização e apontam duas diferenças para utilizarmos os termos:
A primeira diferença é que administração seria uma função determinativa, que aconteceria nos altos escalões das em-
presas, enquanto que gestão seria uma função executiva, que aconteceria nos escalões inferiores. A segunda diferença 
é que administração seria praticada em órgãos públicos ou em organizações sem fins lucrativos, enquanto que gestão 
seria praticada em empresas privadas e na indústria (ROCHA; BASTOS, 2011, p. 93 - 94).
Como podemos observar, ambas as diferenças apresentadas fazem referência à promoção de algo; em outras palavras, 
executar ações. Vamos delimitar, então, que nosso entendimento de gestão será o desenvolvimento, execução das 
ações e que a administração será a forma que iremos conduzir este trabalho, ou seja, a administração enquanto ciência 
nos apresenta ferramentas para realizar a melhor gestão do trabalho.
Outra dúvida frequente é em relação aos dois termos associados ao setor público e ao setor privado, e o 
que vale enfatizar é que a única diferença a ser destacada é a finalidade das ações. O setor público realiza o tra-
balho voltado ao interesse público, por isso utiliza de ferramentas que orientam este viés de trabalho. Já o setor 
36 
 
privado realiza o trabalho com vistas a obter lucro e resultados específicos, utilizando ferramentas 
administrativas que os orientem atingir esse objetivo.
Trazendo para o campo esportivo, podemos exemplificar como modelo de gestão pública o trabalho 
realizado por secretarias e departamentos de esportes em estados e municípios brasileiros. No setor privado, 
temos dois exemplos de gestão: a gestão de uma empresa esportiva como uma academia, escola de natação, 
escolinha de iniciação esportiva, entre outras; e as associações, confederações e federações esportivas, que, 
mesmo juridicamente sendo empresas privadas, não visam obter lucro, sendo consideradas como empresas 
de um terceiro setor da economia (quando não é pública, mas também não visa lucro). 
3º Setor: Entidades privadas sem �ns 
lucrativos - Organizações não 
governamentais como associações.
2º Setor: Empresas Privadas.
1º Setor: União, estados, distrito 
federal e municípios - Poder Público.
Figura 1: Setores da economia.Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: Na imagem, temos a ilustração de uma pirâmide dividida em três partes, simbolizando os três setores eco-
nômicos do Brasil, sendo eles o 1º Setor: União, estados, distrito federal e municípios - Poder Público; 2º Setor: Empresas Privadas; 
e 3º Setor: Entidades privadas sem fins lucrativos - Organizações não governamentais como associações.
Uma importante ferramenta de administração são as legislações que auxiliam o trabalho e também a fisca-
lização do trabalho realizado. Por exemplo, um Departamento de Esportes municipal deve prestar contas 
de suas despesas da mesma maneira que uma Confederação esportiva que recebe recursos públicos deve 
prestar contas de suas despesas. Uma está atrelada a gestão pública e a outra está atrelada a gestão privada, no 
entanto, as duas recebem recursos públicos e, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, devem prestar 
contas sobre suas finanças (BRASIL, 2000).
 37
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
No caso de empresas privadas, esses mecanismos de fiscalização normalmente estão relacionados aos impostos 
cobrados, certidões de regularidade, filiação aos conselhos da classe, entre outras. O importante é compreendermos 
que a gestão de qualquer negócio terá ferramentas de controle e que, se a administração for realizada de forma profis-
sional, tais ferramentas não serão problemas para o gestor.
No que tange o processo de profissionalização da gestão esportiva no Brasil, em 2015, foi publicada a Lei nº 13.155, 
que estabelece princípios e práticas de responsabilidade fiscal e financeira para uma gestão transparente e democrática 
em entidades desportivas profissionais de futebol (BRASIL, 2015). Apesar de ser voltada a apenas uma modalidade es-
portiva, a Lei nº 13. 155 apresenta-se como uma importante ferramenta de gestão, uma vez que o futebol é a modalidade 
mais praticada no país, com imenso potencial comercial e grande histórico de gestões não profissionais que acarretaram 
dividas e insegurança financeira em diversas equipes profissionais e amadoras.
Neste sentido, é importante enfatizar que as ferramentas de administração selecionadas pelos gestores do tra-
balho são fundamentais no desenvolvimento das ações. Você se lembra do termo “governança”, mencionado na 
Unidade I? Pois então, ele se encaixa perfeitamente no trabalho do gestor. O gestor que apresenta governabilidade, 
ou seja, um cenário estável e confiável para conduzir as ações, certamente será um gestor com bom reconhecimento 
de seu trabalho, tanto no setor público como no privado.
A figura de gestor é altamente relevante dentro da instituição, já que é a partir dele que as ações técnicas são 
direcionadas; é importante mencionar que, em muitas situações, esse gestor não possui uma grande equipe de traba-
lho. Uma pesquisa realizada para identificar o perfil dos gestores esportivos no Brasil identificou que:
[...] os profissionais à frente das entidades esportivasno país são homens, com idade média de 42 anos, formação pre-
dominante em Educação Física e Administração e tempo de experiência de 14 anos. Além disso, esses gestores atuam 
em diferentes organizações públicas e privadas, como: associações, clubes, federações, academias de ginástica, órgãos 
de gestão pública federal, estadual e municipal e foram identificados em alguns estudos como ex-praticantes das mo-
dalidades esportivas que coordenam atualmente (ZANATTA, et al., 2018, p. 301). 
Relacionar a teoria com a realidade da gestão esportiva é um exercício que exige proximidade e convívio com 
instituições esportivas, além de recorrentes análises sobre o trabalho desenvolvido. A execução das ações está di-
retamente atrelada ao financiamento das atividades, como já mencionado, no cenário brasileiro esse financiamen-
to ainda é muito dependente do poder público. Mesmo que muitas instituições tenham personalidade jurídica 
privada, grande parte de seus recursos financeiros ainda são oriundos de recursos públicos através de convênios, 
leis de incentivo fiscal e legislações específicas.
Então, se pautarem apenas a questão de recursos financeiros, já é um trabalho que exige muito do gestor esportivo, 
não apenas de buscar tais recursos, mas também de conhecer as fontes que podem gerar esses recursos e a aplicabilidade 
deles nos projetos de sua instituição. Pensando na responsabilidade que carrega essa figura tão importante e necessária 
dentro da gestão esportiva, podemos apontar algumas características importantes a serem consideradas: 
38 
 
Figura 2 - Principais competências para a gestão esportiva apresentadas na literatura específica / Fonte: BERNABE, 2016, p. 90-91.
Descrição da Imagem: na figura a seguir, temos uma ilustração colorida com três caixas de texto, cada uma delas apresentando as principais 
competências para a gestão esportiva, com base na literatura específica. Começando por Jamieson (1987), ele afirma ser as competências deci-
sórias, de planejamento, de controle orçamentário e de comunicação. Em seguida, Tavares (2011) diz ser o planejamento, seja ele de relações 
públicas, de marketing, de processos de liderança e de tomada de decisão. Para finalizar, Joaquim, Batista e Carvalho declaram ser o planeja-
mento de atividades, projetos e eventos; gestão de recursos sejam eles humanos, financeiros, relacionados a instalações ou equipamentos; de 
liderança; de marketing; e de coordenação de equipes.
O planejamento é mencionado nas três referências sobre competências do gestor esportivo, justamente por ser uma das 
ações fundamentais para a gestão de qualquer negócio ou projeto esportivo, desde ações pontuais até ações pensadas em 
longo prazo. Entre a idealização de uma ação até a sua execução são necessárias várias etapas, que, quanto mais pensadas 
e analisadas, conduzem aos melhores caminhos para a execução e, assim, atingem os objetivos idealizados inicialmente.
Empresas de todos os tipos estão chegando à conclusão de que essa atenção sistemática à estratégia é uma ativi-
dade muito proveitosa. Empresas pequenas, médias e grandes, distribuidores e fabricantes, bancos e instituições 
sem finalidade de lucro, todos os tipos de organizações devem decidir os rumos que sejam mais adequados aos 
seus interesses (ALDAY, 2000, p. 10). 
Uma administração baseada em ações planejadas tende a alcançar objetivos mais concretos do que a de uma ad-
ministração que atua conforme as demandas. Para Coltro e Pazzini (2016) instituições que não pautam sua ad-
ministração em ações planejadas tendem a caminhar conforme a concorrência e correm o risco de estar sempre 
Jamieson (1987)
Competências decisórias, 
de planejamento, 
de controle orçamentário e
 de comunicação.
Tavares (2011)
Planejamento, de relações públicas, 
de marketing, de processos de
 liderança e de tomada de 
decisão.
Joaquim, Batista e Carvalho (2011)
Planejamento de atividades, projetos 
e eventos; gestão de recursos
 seja eles humanos, �nanceiros, 
relacionados a instalações ou
 equipamentos; de liderança; 
de marketing; e de 
coordenação de equipes.
 39
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
um passo atrás. De acordo com os autores, essas situações podem ocorrer quando os 
gestores se concentram muito no cotidiano operacional e não exercem a função de 
planejamento, ou seja, não pensam em ações em médio e longo prazo, agindo de acor-
do com prioridades pontuais e, com isso, podem muitas vezes não enfrentar as causas 
reais dos problemas (COLTRO; PAZZINI, 2016).
NOVAS DESCOBERTAS
O artigo Influência dos Stakeholders na gestão e no controle das organiza-
ções esportivas retrata os impactos dos stakeholders no gerenciamento das 
organizações esportivas. Stakeholders são pessoas influentes dentro da ges-
tão das organizações, que nem sempre fazem parte da diretoria ou ocupam 
cargos na instituição, no entanto, possuem influência no processo decisório.
A gestão amadora ainda é recorrente, mesmo que em instituições que promovam o es-
porte de alto rendimento profissional. Nesse sentido, Galindo (2005, p. 61) reforça que 
na gestão esportiva “não existe mais espaço para a desinformação e amadorismo barato 
ou para uma abordagem de gestão baseada no ‘achismo’ desconsiderando a legalidade e 
os paradigmas existentes sobre o desenvolvimento adequado da prática esportiva”. Ain-
da que a profissionalização da gestão esteja vinculada a investimentos financeiros para 
a contratação de profissionais, capacitação profissional e estratégias de ação, o cenário 
esportivo não comporta mais uma gestão precária e amadora.
Com o avanço das ferramentas de fiscalização e também do acesso dos profis-
sionais da área a ferramentas de administração, diante da evidente necessidade de 
qualificar o desempenho da gestão de suas instituições, assistimos o crescente avanço 
da profissionalização da gestão esportiva. Essa profissionalização acarreta mais go-
vernabilidade para as instituições, segurança para os patrocinadores e oportunidades 
para os atletas e demais beneficiários. 
Esse processo de profissionalização solicita a capacitação de profissionais para aten-
der as demandas da instituição, desde aqueles que realizam a gestão ou do suporte finan-
ceiro que a instituição possui para realizar a contratação de profissionais que realizam 
o trabalho de assessoria e consultoria esportiva, tanto aqueles que promovem a capaci-
tação das pessoas diretamente envolvidas na gestão da instituição esportiva. Em ambos 
os casos, o caminho de profissionalização é conduzido em grande proximidade ao setor 
empresarial e administrativo, no entanto, buscando associar as ferramentas do campo 
empresarial para o campo esportivo.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8653
40 
 
Neste sentido, é importante partirmos do princípio de que todo processo de trabalho tem início a partir de um 
planejamento. No campo profissional, todas as nossas ações necessitam de um planejamento ou um simples desenho 
da ação. Por exemplo, quando pensei na disciplina de Gestão Esportiva, eu desenhei um roteiro de temas que devería-
mos abordar e, a partir desse desenho, surgiram unidades e tópicos de assuntos. Para realizar a gestão de um negócio/
projeto, é necessário seguir essa mesma lógica de pensamento:
[...] cabe à gestão da empresa definir seus objetivos e políticas, coordenar e direcionar esforços visando um melhor 
e mais claro controle do desempenho atingido. Pois planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste 
em um conjunto de ações coordenadas, integradas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro (COLTRO; 
PAZZINI, 2016, p. 138).
No campo esportivo, é muito comum utilizarmos o termo “projeto”, contudo, o projeto é tudo aquilo que apresenta 
início, desenvolvimento e conclusão. Logo, se o seu trabalho possui esse ciclo, podemos chamar de projeto, mas, caso 
ele seja uma ação permanente, não devemos chamar de projeto e sim de ação ou trabalho. Campestrini (2016) nos 
apresenta uma nomenclatura que acaba abrangendo tanto um projeto como

Continue navegando