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Jesus Sou Gay E Agora

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A n d e r s o n
S i l v a
A
n
d
e
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s
o
n
 
S
il
v
a
e agora?e agora?
e a
go
ra
?
e agora?
Existe cura gay? Não. Não se trata de mera enfermidade. 
pecado, o processo, Deus, muito menos o poder da redenção. 
Existe uma fórmula universal? Não, apenas um veredito bíblico 
a ser aplicado individualmente. 
As igrejas estão prontas? Não, porque há acepção de pecados.
Mas já começaram a nascer igrejas para quem não 
gosta de igreja.
Quem sou e de onde vim? CRIAÇÃO.
Por que existe mal e sofrimento? QUEDA.
Como mudar, onde está a solução? REDENÇÃO.
Nest
e livr
o, vo
cê le
rá vi
das, 
muit
o ma
is qu
e teo
rias. 
Pess
oas q
ue m
udar
am 
de se
xo ci
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esus
 no c
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ho. H
omo
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ou.
Mais
 que
 isso
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Verd
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rgum
ento
: 
hom
osse
xuali
dade
 é pe
cado
, mas
 é só
 mais
 um. 
O re
médi
o é o
 mes
mo.
J u l i a n a
F e r r o n
L u a n 
P a b l o
Teólogo, conferencista, 
pastor da Igreja Vivo por 
Ti em Brasília (DF) e 
líder de frentes 
missionárias no Brasil e 
no mundo.
Além de assinar vários 
capítulos, foi o organiza-
dor do livro, convidando 
os demais autores a 
dividirem suas histórias.
Para dar resposta a um 
-
mentos da atualidade, 
você tem mãos uma obra 
fundamental.
Homossexual por 
12 anos, ex-líder 
LGBT e ex-feminis-
ta. Teóloga e 
psicanalista, é 
escritora e 
missionária pela 
Comunhão Cristã 
(PR).
Ex-transexual, 
iniciou a vida na 
13 anos. Hoje é 
cabeleireiro e 
congrega na 
Assembleia de 
Deus Boa 
Semente, em 
Natal (RN).
Ex-transexual. 
Missionário, 
palestrante sobre 
sexualidade e vida 
cristã e seminaris-
ta na Primeira 
Mogi das Cruzes 
(SP). Faz parte do 
Ministério JUCT.
R o b e r t
D i e g o
Homossexual até 
os 26 anos. Hoje é 
líder na Igreja 
Quadrangular de 
Nova Friburgo (RJ) 
e dirige o Ministério 
Aprisco.
C l a u d i n h o
N a s c i m e n t o
A n d e r s o n
S i l v a
e agora?
e agora?
Anderson Silva
Claudinho Nascimento
Juliana Ferron
Luan Pablo
Robert Diego
S. J. Campos, SP
2019
1a Edição
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
J58 Jesus sou gay. E agora? / Anderson Silva... [et al]. – São José 
dos Campos (SP): Doma, 2019.
112 p. : 14 x 21 cm
1. Homossexualidade I. Silva, Anderson. II. Nascimento, 
Claudinho. III. Ferron, Juliana. IV. Diego, Robert. V. Pablo, Luan
CDD 612.6
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
por Anderson Silva, Claudinho Nascimento, Juliana Ferron,
Luan Pablo e Robert Diego
Jesus sou gay. E agora?
As referências bíblicas foram extraídas da Almeida Revista e Atualizada (ARA), 
salvo menção contrária.
Todos os direitos reservados à Editora DOMA. É proibida a reprodução por 
quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Edição, preparação e revisão:
Débora Mühlbeier Lorusso
Transcrição e revisão:
Chico Milk
Capa:
Je� erson dos Santos Dias
Diagramação:
Waldemar Suguihara
Colaboração:
Editora Megalópole
Editora DOMA
Avenida Nove de Julho, 765 • Sala 301 • Jardim Apollo
12243-000 • São José dos Campos, SP
telefone: (12) 3600-5980
e-mail: contato@editoradoma.com • www.editoradoma.com 
“TODA CIDADE É UMA METÁFORA DA NOVA JERUSALÉM. A COMPLEXIDADE 
DE UMA CIDADE É UM LABORATÓRIO DE AMOR NO QUAL A IGREJA PRECISA 
SE ENGAJAR.”
Samambaia Norte, Brasília (DF)
CNPJ: 20.346.994/0001-00
CLAUDINHO NASCIMENTO
Improváveis 12
14 Mais um produto do meio
16 Não tão rápido
18 Ele é o amor que sustenta
21 Claudinho vai casar
23 Não desista
ANDERSON SILVA
Não há cura, há processos 28
Teologia do processo 34
Jesus e os mercadores do templo 40
Defesa da fé frente ao mundo transmoderno 44
46 O mundo moderno quer transformar o amor em um deus
JULIANA FERRON
Cansei de ser gay 52
53 Enganoso discurso de um ser fragmentado
56 Quanto à minha orientação
SUMÁRIO
ROBERT DIEGO
Individualismo: engano social 64
Experiência na transexualidade 68
72 Mudança radical
Epidemia da transexualidade 78
Transexualidade e uma abordagem bíblica 86
Igreja e sua responsabilidade 94
LUAN PABLO
Família é a base, Deus é o sustento 98
99 Infância
101 Desvio na sexualidade: desejo sexual precoce
103 Prostituição e drogas
105 Ilusões
106 Perdas e uma tentativa de recomeçar
109 De volta ao engano, frente a frente com a morte
111 Misericórdia e graça
7
P referi não ter a recomendação de um amigo para respaldar esta obra. Não se tratam de palavras, teorias ou opiniões – é nossa 
vida! O melhor prefácio são nossas próprias lágrimas, são todas as 
dores de um longo processo... 
Aqui, cada um dos autores conta um pouco de sua 
experiência particular de superação e rendição a Jesus. No 
meu caso, você verá um pastor que se rendeu em amor aos 
homossexuais e decidiu lavar os pés dos excluídos. Perdeu amigos, 
dizimistas, reputação. Foi difamado pela Igreja. Saiu em matérias 
de jornais diante do escândalo de pedir perdão aos homossexuais. 
Que intolerância! Que ausência de diálogo entre a fé e a dor 
daqueles que anseiam pela graça redentora de Jesus!
Repito o que disse aos que me insultaram há alguns 
anos, na época em que iniciei minha imersão missional entre 
homossexuais: não tenho todas as respostas, continuamos num 
processo artesanal de evangelismo, discipulado e dependência 
de Deus. Mas, sem dúvida, minha teimosia continua a mesma. 
Mesmo que demorem mais 30 anos, serei testemunha de 
milagres. Creio num Deus de impossíveis! 
Estas páginas contarão nada menos que a história de alguns 
dos grandes milagres de Jesus. E não vamos parar por aqui.
Anderson Silva
PREFÁCIO
9
Antes de começar, um recado!
Não desista. 
O mundo é mal, a herança de Adão é arrebatadora – mas 
todas as coisas se tornam possíveis à mesa com Jesus.
Bem-vindo a um processo triunfante!
CLAUDINHO NASCIMENTO
Uma pessoa que espera é uma pessoa 
paciente. A palavra paciência signifi ca a 
disposição para permanecer onde estamos 
e viver plenamente a situação, na crença de 
que algo oculto se manifestará ali para nós.
Henri Nouwen
Um número grande demais de cristãos vive 
na casa do temor, e não na casa do amor.
Brennan Manning
Ontem? Homossexual
e improvável.
Hoje? Líder de célula
e integrante do
Ministério Eis-me 
Aqui, na Igreja 
Quadrangular de 
Nova Friburgo (RJ). 
Também lidera o 
Ministério Aprisco, 
que cuida de 
pessoas vindo ou 
voltando para Jesus.
IMPROVÁVEIS
CLAUDINHO NASCIMENTO
13
Em 4 de dezembro de 2016, eu tornava pública uma das decisões mais importantes de minha vida – uma que impactou todas as 
outras a partir de então. Foi o dia de meu batismo nas águas. 
A Palavra de Deus diz que todo aquele que crê e for 
batizado será salvo; mas é importante frisar que, antes do 
batismo, precisamos crer, acreditar nEle e em Seu poder 
inexplicável. E eu cri. Só Jesus Cristo podia mudar por completo 
meu cenário de impossibilidades. 
Sou conhecido em minha pequena cidade, Nova Friburgo (RJ), 
especialmente pelo tempo em que participei de grandes eventos, 
ao lado de artistas famosos no cenário musical, alguns idolatrados 
por milhares. Por isso muitas pessoas foram assistir o batismo por 
curiosidade. Desejavam ver o “ex-viadinho”, como meus grandes 
amigos das noites passaram a chamar-me, ou o “Claudinho”, 
apelido mais comum. Julgavam quanto tempo duraria essa “fase” 
de minha nova vida.
Lembro dos detalhes daquela manhã fria e chuvosa de 
domingo, em que desci às águas diante de mais de 200 pessoas, 
reafirmando para Jesus meu compromisso de segui-Lo. Sabia do 
significado daquele ato e cria, de todo coração, que tudo se faria 
novo. Eu não apenas me tornava uma nova criatura, mas também 
deixava as coisas velhas para trás. Meu foco era somente Jesus!
Quando as mãos de meu pastor e de meu líder me 
ajudaram a levantar, já podia sentir a nova essência. Em uma 
fração de segundos,eu me vi sendo curado de dentro para fora. 
Uma experiência difícil de traduzir em palavras, mas tão real 
quanto você e eu. Traumas e cicatrizes da vida já não eram mais 
importantes que o amor que inundava meu coração, não só 
dEle por mim, mas meu por Ele! A sensação de descer às águas 
e assumir diante dos homens que “tudo é possível ao que crê” é 
arrebatadora para homens improváveis – o foi para mim.
Desceu Claudinho, abusado sexualmente e fisicamente 
na infância, cheio de marcas e traumas, acorrentado em vícios 
sexuais e preso a drogas ilícitas. Subiu Claudio Fernando, um novo 
homem, o improvável escolhido por Ele para quebrar paradigmas 
de religião e resgatar outros improváveis para a glória de Deus. 
14
Todos festejavam e glorificavam o santo nome de Jesus Cristo, pois 
uma de suas ovelhas tinha sido achada! Aleluia! Glória a Deus! 
Não falei com minha mãe por décadas. Porém, naquele dia, 
no dia em que ressurgi das águas, eis que dona Vanize Cristina 
estava lá, com toda a minha família. Todos aos prantos. 
Assim que saí daquela piscina, minha mãe me deu um 
forte abraço. Meu tempo foi zerado. Ficamos ali, como se nada 
existisse ao redor, apenas filho e mãe – mãe de um improvável para 
a sociedade, mas nunca para ela ou para Deus. Minha Rainha, 
meu grande amor! As lágrimas ainda me tomam... pois falar assim 
de dona Vanize é quase inacreditável. Quantas vezes desejei sua 
morte! Quantos aniversários e Dia das Mães eu nem sequer liguei 
para ela! Só o próprio Amor, Jesus, poderia fazer a ovelha perdida e 
má transformar-se na pessoa que me tornei.
Tenho centenas de amigos que não passaram pela metade 
dos abusos que passei e assumiram-se homossexuais. Não é 
uma regra viver o que eu vivi. Entretanto quero compartilhar 
brevemente minha história para que, de alguma forma, você 
entenda como cheguei àquelas águas, como cheguei até aqui, anos 
depois, prestes a casar com a mulher da minha vida. 
Meu desejo é que você seja tocado pelo Espírito Santo e sinta 
o mesmo Amor que transformou minha história.
Mais um produto do meio
A vida nunca me deu grandes motivos para sorrir. Se eu 
fechar meus olhos, ainda posso sentir suas peles tocando a minha, 
suas depravações penetrando minha ingenuidade. Fui abusado por 
pessoas próximas, familiares, aqueles em quem supostamente uma 
criança deve confiar. Estranhos também passaram a possuir não 
apenas meu corpo, mas minha alma, atrofiando o que era para ser 
uma identidade em formação.
Além de sexual, o abuso também era físico. Minha 
referência sempre foi a violência, seja contra meu corpo, seja 
contra minhas emoções. 
15
Nas lágrimas de dor por uma infância roubada, deparei-me 
com a natureza imoral de tantos! Chegou ao ponto de já não mais 
causar dor, como se estivesse sob anestésico. Até que, por fim, 
comecei a esperar a satisfação de cumprir aquele ato, que acreditei 
ser o certo. Talvez fosse aquele o padrão, talvez fosse para ser 
daquele jeito – realmente acreditei.
Assim como centenas de milhares de jovens que sofrem com 
falta de paternidade e abusos, eu tinha certeza que minha vida não 
mudaria nunca.
Cresci e tornei-me aquilo que o meio planejou para mim. 
Assim como Mogli, o menino-lobo, eu estava sendo formatado 
para ser diferente do que aquilo que Deus me criou para ser. Virei 
mais um entre milhares de produtos do meio, resultado de traumas 
e falta de referência, especialmente masculina. 
Sem referência de um homem em casa, minha alma 
voltou-se, então, à paixão por outros homens. Somado ao fato de 
ter sido abusado por homens, acreditei que aquele podia ser meu 
modelo de satisfação, meu futuro, meu destino, minha identidade.
Rapidamente, tornei-me um jovem louco por pornografia gay. 
Descobri lugares que outros como eu também frequentavam. Em 
pouco tempo, experimentei o mundo alucinado das drogas e bebidas 
caras. Das festas e loucuras. Das experiências homossexuais.
Minha selva se chamava sociedade – eu achava. Nela, todos 
devem lutar por seus direitos, todos devem ser livres para fazer e 
ser o que quiserem. Ah, e você também deve acreditar no sonho de 
construir uma grande e linda família, sendo quem você é – hétero 
ou homossexual.
Mas quem, d
e verdade, so
mos? O que 
o passado e o
 meio determ
inaram, 
ou podemos 
escolher ser o
 que Deus 
planejou desd
e o início, mu
ito antes 
das experiên
cias de vida?
16
Vivemos um verdadeiro caos de sentimentos e 
desequilíbrios emocionais nessa geração tão fastfood. Tudo tem 
sido visto com tanta normalidade que, se for liberado o casamento 
entre animais e seres humanos, eu não me assustaria. Afinal, já 
assistimos um pouco disso em grandes filmes de Hollywood.
Por quase 26 anos, vivi debaixo do peso de ser esse produto, 
esse resultado. Eu não era o protagonista – apesar de achar que 
estava no controle. Pelo contrário, achava que não havia outro 
destino a não ser a homossexualidade. Acreditava que havia 
nascido para ser assim, sem alternativa.
Não tão rápido
Sou tomado por lágrimas ao escrever sobre o momento em 
que minha corrida insana chamada “vida” se deparou com Deus. 
Estava em uma boate, na famosa Rua das Pedras, em Búzios (RJ). 
Devidamente entupido de substâncias ilícitas, uma onda invisível 
impulsionou meu interior a gritar por socorro, a clamar pela a 
existência de algo que nem sabia que existia. 
Não conhecia Jesus, não conhecia a doce e maravilhosa 
presença do Espírito Santo, muito menos acreditava em um 
Deus Pai. Não compreendia que um Pai pudesse fazer algo tão 
maravilhoso e sacrificial por mim, por você, por todos: entregar o 
único Filho.
No exato momento em que clamei por ajuda, de forma 
sobrenatural e inexplicável, toda substância ilícita saiu do meu 
corpo. Como era possível? Saí de lá sem entender o que havia 
acontecido e já não tendo mais tanta certeza se queria aquilo tudo. 
Continuei o caminho com meus amigos, mas algo havia tocado 
meu interior de forma diferente e única.
Veja o que a palavra de Deus relata sobre a ovelha perdida e 
a alegria do Pastor em encontrá-la:
Então, lhes propôs Jesus esta parábola: Qual, dentre vós, é o homem 
que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no 
17
deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até 
encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. 
E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: 
Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
Lucas 15.3-6
Eu não sabia ainda, mas Ele já me esperava! Já tinha tudo 
reservado e preparado para nosso grande encontro! 
Só queria sentir aquela presença de novo, que eu chamava 
de “mística”, ou “fantasiosa”, ou de “múltiplas ondas”. Aquele era 
meu mundo, devido ao grande consumo de substâncias ilícitas; 
só assim para manter-me em pé e “feliz”, pelo menos enquanto 
durassem seus efeitos. Na busca incansável de sentir mais uma vez, 
encontrei-me orando, sem saber como, ou para quem.
Na ausência de paternidade em minha história, confesso que 
foi difícil acreditar em um Pai que me ouvia em todo e qualquer 
lugar. Além disso, como acreditar em um Deus de provisão? No 
meu lar, eu carregava a responsabilidade de prover desde os seis 
anos de idade, quando comecei a vender latas e salgadinhos nas 
ruas de Nova Friburgo. 
Havia conflito dentro de mim. Não foi imediato nem tão 
rápido assim conhecer a Deus. Porém, da maneira que sabia, 
busquei sinais da existência dEle. Desde aquele dia, na boate, uma 
insatisfação intrigava-me. Eu não tinha o que precisava para ser 
completo e precisava descobrir o que faltava. Precisava descobri-Lo.
Na busca por sinais dEle, recebi uma mensagem pelo 
Facebook. Era meu atual pastor, Deiverson – tenho certeza que 
o Brasil vai conhecer seu amor e sua paixão por vidas e por 
improváveis. Na publicação, algo que nunca esquecerei: “Continue 
a viver da maneira que você sabe que um cristão deve viver. Deus é o 
único a quem você precisa agradar”.
Ele não era apenas um pastor de igreja, ou líder de uma 
religião. Deiversonera meu amigo de infância, da época do 
colégio, e não o via há mais de dez anos. Seu contato foi a minha 
resposta. E preciso dizer que sua recepção fez toda a diferença! Eu 
me sentia a ovelha que acabara de ser encontrada pelo seu pastor. 
18
Contudo não foi rápido. Foi uma gestação árdua de nove 
longos meses entre idas aos cultos e, ao mesmo tempo, festivais 
eletrônicos pelo Brasil afora. Vivi duas vidas até o momento em 
que o Espírito Santo interveio. 
Estava em um banheiro, olhando para o espelho, quando 
ouvi: “Filho, essa não é a imagem que eu tenho pra você”. Larguei 
combos e amigos e saí pelas portas chorando. Nunca antes fui tão 
lúcido em toda minha vida. Eu sabia exatamente o que precisava 
transformar, o que precisava largar. Ele me tocou, e eu nunca mais 
fui o mesmo.
No dia 17 de setembro de 2016, eu me encontrava na cozinha 
da casa da mãe de meu pastor, junto com ele, sua esposa e seu filho. 
Ali, orei e entreguei minha vida a Jesus, por completo. Eu suplicava! 
Dizia que precisava dEle e jamais O abandonaria. Tudo que eu 
necessitava era o Seu amor! Então afirmei estar disponível para Ele, 
para o Reino dEle, para colaborar com todos os Seus planos.
Ele é o amor que sustenta
Aprendi, durante a caminhada, que Jesus morreu por todos, 
mas voltará para os arrependidos. Quantas vezes caí! Alternei 
entre posicionar-me e cair diversas vezes. Entretanto levantava 
mais forte que as quedas. Afinal, elas eram fruto de meus próprios 
interesses carnais, porém quem me levantava e sustentava era o 
próprio Jesus, que é infinitamente mais forte. Ele é o amor que me 
sustentou, sustenta e sustentará para sempre. 
Há dias em que a carne grita de abstinência. Porém, como 
os grandes atletas, resolvi alimentar-me daquilo que faz ganhar as 
competições: a Palavra de Deus. Percebi que quanto mais comia 
da Bíblia e supria meu interior a partir de um relacionamento com 
meu amigo Espírito Santo, mais eu me tornava próximo dEle e 
parecido com Ele. E eu não queria brincar com o mal que matou 
meu melhor amigo – o pecado.
Entenda que eu ainda vivo dias maus, que as lutas ainda 
vêm, mas hoje não estou sozinho. Essa é toda a diferença! Jesus 
19
deixou o Espírito Santo para confortar e consolar cada um de 
nós nos dias tempestivos. Entretanto o que vemos é uma geração 
buscar primeiro todos os amigos da lista de contatos telefônicos ou 
das redes sociais para, só depois, falar com quem pode resolver a 
causa em primeira instância!
Eu sou apaixonado por Jesus. Não negocio por nada nem 
ninguém o relacionamento que passei a ter com Ele. Foi isso que 
me fez renunciar a vida que levava e permanecer na luta diária por 
ser quem Ele me criou para ser – o que trouxe mais satisfação que 
qualquer outra experiência da vida. Mas se você não está pronto 
para renunciar algo em sua vida, você também não está preparado 
para viver o Amor, que Se entregou por amor. Ele é o próprio amor! 
Parece clichê, porém milhares de seres humanos acreditam 
que amor é um sentimento ou uma qualidade experimentada 
somente por alguns. O Amor foi pregado e crucificado em uma 
cruz, para que você e eu fôssemos livres da condenação que havia 
sobre nós. Ele se entregou, porque nos amou. Hoje, se você pode 
amar, é porque Ele amou você em primeiro lugar.
Depois que me permiti ser tocado por esse amor, que é 
Jesus, tudo fez sentido. Traumas, deficiências socias e emocionais 
– nada e ninguém podiam impedir o que Ele já havia liberado 
sobre mim.
Esse amor pode encontrar-lhe neste exato momento e 
mudar por completo o cenário atual – seja depressão, perda de um 
filho, quebra de um relacionamento, uma traição, ou uma prisão 
dentro de si mesmo, buscando respostas sem nem saber quais são 
as perguntas. Fale com Ele!
Mas não só com Ele. Aprendi, na prática, que precisamos 
valorizar quem realmente está preocupado com nossa vida e pode 
impulsionar-nos para fora de nossa zona de conforto. Deus usa 
pessoas e precisamos da ajuda delas.
Eu sei que muitas igrejas não estão verdadeiramente abertas 
às ovelhas perdidas, mas posso garantir que isso está mudando. 
Cada vez mais improváveis pregam sobre Jesus, trabalham 
para o Rei e pelo Reino, para a glória dEle, ajudando outros a 
encontrarem o verdadeiro caminho.
20
Outro dia, ouvi um pastor dizer: “Não querem prostitutas, 
ladrões, traficantes e homossexuais? Mandem para cá! Não é porque 
a nossa igreja – Lagoinha – pode tudo, porém aqui aceitamos 
todos!”. A realidade está mudando! 
Eu não creio no homem em si, mas creio no Deus que 
usa homens idôneos e de caráter para tornar cenários de 
impossibilidades em cenários de possibilidades. Eu sou uma 
das centenas de cartas vivas que provam o agir de Deus – um 
homossexual se permitiu ser transformado de dentro para fora, 
com o auxílio de pessoas comprometidas com o Senhor. 
Busque uma igreja, busque ajuda e, principalmente: já 
comece perdoando as falhas dos irmãos, porque eles falharão. 
Precisamos lembrar que, um dia, já perdoaram as nossas próprias 
falhas, lá na cruz.
Já caminho com Ele há quase três anos. Aos poucos, para a 
glória de Deus, um a um de meus amigos, ovelhas perdidas, além 
de minha família, estão conhecendo a Jesus. Minha história tem 
revelado a eles o Amor. Só podemos liberar aquilo que recebemos, 
e eu não sei retratar de outra forma o meu Jesus a não ser como o 
próprio Amor.
Deus tem me levado a outros países e outras culturas para 
testemunhar. Ele sempre me coloca em meio a grandes empresários, 
em lugares difíceis de pregar sobre Seu amor e Sua graça. Como 
falar de Jesus para alguém que dirige carros de R$ 500 mil?
Deus me traz à memória a passagem de Tiago:
Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor 
da glória, em acepção de pessoas. Se, portanto, entrar na vossa 
sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos 
de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com 
deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te 
aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé 
ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes 
distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de 
perversos pensamentos?
Tiago 2.1-4
21
É com essa palavra no coração que tenho sido impulsionado 
a grandes desafios. E tenho aceitado, crendo no poder do Amor. 
Creio no dever de falar e levar o evangelho a toda criatura, seja 
homossexual, morador de rua ou magnata. Ele me salvou e deseja 
que todos se salvem. Está disponível a todos e possui poder 
suficiente para mudar qualquer realidade, qualquer identidade.
Claudinho vai casar
Pouco tempo depois de meu batismo, chegou o evento de 
virada do ano na igreja. Eu nasci em 31 de dezembro de 1988, 
então aquela data carregava muitos significados. Cria que seria 
fantástica, inédita – afinal, em 27 anos, só lembrava das vezes em 
que passei a virada sofrendo algum tipo de abuso, ou alucinado em 
alguma pool party, ou festa na região dos lagos do Rio de Janeiro. 
Em 2016, tudo mudara. 
Poucos minutos após a meia noite, naquele culto, fiz duas 
orações: queria viajar para a Europa, especificamente Alemanha 
e Inglaterra – estava para completar 500 anos da Reforma 
Protestante, e eu desejava pisar nas terras que foram berço dessa 
ruptura –, além de desejar intensamente constituir minha própria 
família. Fiz essas orações com tanta fé em Cristo e em Seu poder! 
Eu ganhei a viagem e fui, em 2017.
Quanto ao pedido por uma família, fui muito específico: não 
queria uma namorada, ou uma esposa, para provar que não era 
mais gay. Luto contra minha carne todos os dias e tenho vencido 
porque o verdadeiro Amor liberta, o verdadeiro Amor faz querer 
viver não segundo nossas vontades, mas sim a dEle. Jesus sabia que 
meu coração estava no lugar certo, que aquele pedido vinha de um 
coração transformado e em constante transformação.
Veio à minha mente o versículo que diz: “Se permanecerdes 
em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que 
quiserdes,e vos será feito” (Jo 15.7). Se puder, abra agora sua Bíblia, 
leia esse trecho e tome posse da verdade de Deus! 
22
Assim que terminei de orar, no início da primeira 
madrugada de 2017, tive uma visão. Eu vi uma menina alta, de 
cabelos cacheados e pura. Pouco tempo depois, conheci Isabelly.
Eu participei de várias orgias, várias loucuras sexuais, mas 
chego aos 30 anos sem nunca ter tido relação sexual com uma 
mulher. Em 2019, enquanto escrevo estas palavras, faltam menos 
de três meses para o meu casamento com a futura senhora Isabelly 
Faria do Nascimento – ambos guardados um para o outro.
 Claro que ela realmente não viveu experiência alguma, mas 
reafirmo para cada um que lê este livro: é como se eu nunca tivesse 
feito nada! Esse é o tipo de transformação que Deus faz. 
Sinto um frio na barriga... Aquilo que tinha orado 
secretamente a Deus, Ele me deu! Sou imensamente grato, não por 
conseguir alguém para mostrar à sociedade, não por ter alguém 
com quem manter relações sexuais. Minha mente mudou! Sou 
grato por ter uma companheira para cumprir o propósito dEle! 
Deus não uniu duas pessoas improváveis, mas uniu propósitos 
estabelecidos nEle. Nós escolhemos um ao outro, mas o propósito 
sempre foi dEle!
Isabelly e eu estamos noivos e preparando para casar no dia 
30 de março de 2019, na charmosa cidade de Nova Friburgo, na 
Quadrangular Church. Tínhamos planos em mente, até que Deus 
mudou tudo. Faremos um grande culto aberto para centenas de 
amigos, familiares, colegas e várias ovelhas perdidas. Nosso dia não 
será só nosso, porque, antes de ser nosso, é dEle. Antes de Claudio 
Fernando ser de Isabelly Faria, Claudio Fernando é dEle.
Vocês não fazem ideia de como estou uma pilha! Sonho 
acordado com o grande dia. Lágrimas escorrem pelo meu rosto 
neste exato momento. Não acredito que alguém possa amar-me 
tanto como minha noiva me ama! 
Não precisamos fingir ser um casal perfeito, pois não 
somos; mas decidimos amar e respeitar um ao outro, respaldados 
sempre na palavra de Deus. Só isso já causa inveja nas grandes 
produções cinematográficas.
Não vou debater com esquerda ou direita ou quem pensa 
diferente. Não vou discutir com quem desacredita meu casamento 
ou vive relembrando meu passado. 
23
Estou com um grande nó na garganta e olhos embaçados. 
Essa data jamais aconteceria aos olhos do mundo! Meu Deus, o 
ex-tudo-o-que-você-pode-imaginar entrará na igreja de terno e 
gravata parar receber sua futura esposa, adornada com um lindo 
vestido de noiva. Não consigo parar de chorar! 
Jesus, você é tudo!
Não desista
Difícil tem sido expressar praticamente 30 anos em algumas 
páginas. Quando recebi a mensagem do pastor Anderson sobre o 
livro, que conta com grandes colaboradores, derramei lágrimas de 
alegria. É um presente de Deus ter a oportunidade de expressar, 
mesmo que rapidamente, o que o Pai fez e faz por mim, esperando 
de alguma maneira tocar você, leitor.
Não me incomoda que existam aqueles que acreditam em 
fundamentos científicos ou bases teológicas para a pluralidade 
do amor e a escolha da sexualidade. Hoje, o que incomoda é 
ver centenas de milhares de pessoas, de todas cores e idades, 
morrendo por depressão, cometendo suicídio ou vivendo a 
automutilação – porque faltou paternidade, faltou amor, faltou 
Deus. Essas raízes precisam encontrar a verdade.
Somos chamados para ser luz no mundo e carregar a 
verdade de Deus aonde formos. De segunda em diante, precisamos 
ser a mesma igreja de domingo. Honrar princípios. Assim o Senhor 
Aliás, eu não
 tenho mais p
roblema 
com meu pas
sado, até por
que não 
é para lá que
 eu vou – que
m quiser, 
pode ficar co
m ele. Vivo o
 presente, 
projetando o
 futuro em Cr
isto. 
24
agirá através de nós, e Sua glória resplandecerá por meio de nossas 
atitudes, desde as mais simples como amar o próximo. Isso fará 
mais diferença do que bons argumentos para debater contra os que 
defendem a homossexualidade.
Não pretendo, ao contar minha história, dizer que sou mais 
forte ou melhor, porque não sou! Vivo errando e acertando em 
Cristo. Sou um grande aprendiz e um filho arrependido, grato por 
cada centésimo de milésimo de segundo que o Senhor me permite 
viver. Sou um grande apaixonado pelo dia chamado “hoje” e pelas 
oportunidades que surgem em cada despertar de nossos olhos, pela 
misericórdia de Deus.
Minha esperança é que você tenha sentido o amor de 
Cristo e que minha história tenha ajudado de alguma forma, para 
a glória de Deus. Espero, em breve, estar falando também sobre 
paternidade – sonho com meu filho em meus braços, crescendo e 
caminhando nos caminhos do Senhor, indo em lugares que não fui 
e nunca pisarei. Eu não vou parar de sonhar! Deus tem muito mais 
para mim do que tudo que já perdi na vida. E para você também!
Creia, lute, ca
ia, levante 
– somente nã
o desista. 
Jesus é o Senhor sobre a minha e sobre a sua sexualidade. 
Alguns não vão entender o Amor, que citei tantas vezes. Outros 
vão criticar e rir de sua troca de “gosto”, assim como muitos 
fizeram comigo. Mas lembre-se: quanto mais perto de Deus você 
está, menos essas coisas farão mal. Quanto mais próximo dEle, 
menores são todas as outras coisas.
Quero desejar a todos uma ótima leitura. Que a doce e 
maravilhosa presença do Espírito Santo de Deus possa vir sobre a vida 
de cada leitor, assim como sobre cada dúvida acerca da sexualidade. 
Valorize-se sempre. Seja aquilo que Deus lhe chamou para 
ser, vá para onde Ele chamou para ir e faça o que Ele pediu para 
25
fazer. Venha para Jesus doente fisicamente e espiritualmente, mas 
venha! Venha fumando seu bagulho, bebendo sua cerveja ou vendo 
seu filme pornô. Venha com seu par do mesmo gênero. Só venha! 
Você pode fazer mais uma coisa? Deixe-se ser tocado por 
esse Amor, e depois me conte.
ANDERSON SILVA
Teólogo, conferencista 
internacional e pastor 
sênior da Igreja Vivo por 
Ti em Brasília (DF). 
Também lidera 
frentes apostólicas e 
missionárias no Brasil 
e no mundo. Casado 
com Keila Silva, é 
pai de três fi lhos: 
Paulo, João e Tiago.
Minha esperança é que a descrição do amor 
de Deus na minha vida vai lhe dar a liberdade e 
coragem para descobrir... o amor de Deus, na sua.
Henri Nouwen
Nosso afã de impressionar a Deus, nossa luta 
pelos méritos de estrelas douradas, nossa 
afobação por tentar consertar a nós mesmos 
ao mesmo tempo em que escondemos nossa 
mesquinharia e chafurdamos na culpa são 
repugnantes para Deus e uma negação aberta do 
evangelho da graça.
Brennan Manning
NÃO HÁ CURA, 
HÁ PROCESSOS
ANDERSON SILVA
29
P reciso iniciar o capítulo com essa pergunta crucial – e a resposta é: não! Primeiro, porque não existem respostas 
instantâneas para questões homossexuais. Segundo, porque não se 
trata de mera enfermidade na alma do indivíduo para falar-se em 
cura, como se fosse apenas tomar um remédio, e pronto. 
A homossexualidade possui inúmeras variáveis. Quem 
estiver com pressa não entenderá o indivíduo, o poder do pecado, 
o processo, Deus, muito menos o poder da redenção. Estamos 
diante do que chamo de processo artesanal de discipulado, que é 
feito de detalhes e exige tempo. 
A homossexualidade, assim como qualquer outro pecado, 
é uma disfunção existencial. O pecado original quebra a essência 
e o propósito para os quais fomos criados. Entretanto a grande 
questão é que existem inúmeras implicações individuais para o 
dano que o pecado original causou. São incontáveis as diferentes 
possibilidades de impacto, seja qual for a área. Isso significa que 
não é igual em mim e em você – não necessariamente.
Além das peculiaridades individuais, o pecado da 
homossexualidade ganhou contorno ainda mais nocivo com a 
força dos movimentos revolucionários progressistas. Não há como 
negar que o pensamento que cunhou expressões como “gênero” 
e condenou o que seria um “determinismo biológico” invadiu a 
sociedade e os meios de comunicação, até ser aceito por normal.
A própria Igreja discute bastante qual a origem da 
homossexualidadee como lidar com uma questão tão urgente. 
Várias teorias são levantadas. Contudo, na prática, não importa 
onde nasce a homossexualidade do indivíduo, pois todos nós 
concordamos que todo pecado nasce no mesmo lugar:
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no 
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a 
todos os homens, porque todos pecaram. 
Romanos 5.12
Existe cura g
ay?
30
Com isso em mente, precisamos vencer bloqueios sociais 
e religiosos que consideram a homossexualidade um pecado 
mais grave que qualquer outro. Lidamos com graça e facilidade 
com pecados sexuais da heterossexualidade. Discipulamos com 
facilidade um marido que trai, agride ou abandona a esposa. 
Porém, quando a questão envolve homossexualidade, criam-se 
muralhas que impedem acolhimento, diálogo, discipulado e, 
portanto, resultado. 
O primeiro passo para uma transformação efetiva virá com 
a mudança de mente e postura. A homossexualidade é apenas mais 
um pecado. É claro que não precisamos favorecer o homossexual 
como se fosse uma vítima indefesa. Por outro lado, não se deve 
superestimar tal pecado, acima de todos os outros praticados pelo 
restante do rebanho de Jesus Cristo. 
Recomendo uma tática infalível de discipulado 
congregacional para que os homossexuais tenham não apenas 
acesso, mas liberdade nas igrejas: olhe para a homossexualidade 
através dos pecados da heterossexualidade. O homem que mantém 
relação sexual com outro homem comete fornicação ou, se casado, 
adultério. Se os protagonistas fossem um homem e uma mulher, 
heterossexuais, não seriam exatamente os mesmos pecados: 
fornicação ou adultério?
Assim, todos se enxergarão como iguais. Sem pedras nas 
mãos, sem favoritismos, sem acepções. Todos como filhos de Adão 
renascendo em Jesus. 
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos 
serão vivificados em Cristo.
1 Coríntios 15.22
No caminhar do discipulado, é possível descobrir gatilhos 
que pervertem ainda mais a natureza sexual de determinada 
pessoa. Por vezes, orfandade. Em outros casos, um histórico de 
abusos sexuais. Questões químicas, hormonais e ideológicas, 
também. Todas essas coisas, quando acionadas, levam o indivíduo 
a reforçar e aprofundar a homossexualidade.
31
Cada gatilho pode ser trabalhado interiormente, com 
tempo e ajuda do Espírito Santo. Porém quero enfatizar que o 
poder maior não está nos gatilhos, mas no evangelho. Precisamos 
de um reposicionamento perante o poder incontestável da cruz. 
É necessário colocar a mesa da graça, crendo que Jesus virá para 
sentar-se com aqueles que carecem de amor, poder e transformação. 
É imprescindível voltar a acreditar no amor de Jesus. Não 
um amor romântico, ideológico, assim como aquele caricaturado 
pelos progressistas; mas o amor que criou o mundo. Apenas nEle, 
no Criador, será possível uma redescoberta, um reinício, uma 
reconstrução existencial – um retorno à identidade projetada por 
Ele, que é o Amor em pessoa. Ele é mais que suficiente para iniciar 
o processo e levá-lo até o fim.
Apenas ponha a mesa, Igreja. E você, homossexual, 
alimente-se dela. O amor é poderoso! 
O amor nunca falha.
1 Coríntios 13.8
Não creio que o amor humano seja suficiente para 
transformar. Justamente por ser falho em nós, pré-datamos a 
relação com outras pessoas, não as amando de verdade. Amamos 
apenas a conversão dos homossexuais e, ao mesmo tempo, a nossa 
própria reputação diante de críticos religiosos. Não confrontamos 
pecados pessoais e sociais da homossexualidade com as mesmas 
lágrimas que Jesus. Não desejamos salvar o mundo, mas somente a 
nós mesmos.
Além disso, sim, existem acepções de pecado na Igreja! Não 
encaramos tal realidade com a devida seriedade cristocêntrica. Há 
muito de nós em nossos posicionamentos e bem pouco de Jesus. 
Já ouvi críticas severas contra homossexuais saindo da 
boca de pessoas que estavam em práticas iguais ou piores, só 
que no outro polo, o da heterossexualidade. Deixe-me ajudar: 
heterossexualidade não é sinônimo de salvação! 
Homossexualidade é pecado, e ponto. É bíblico. Entretanto 
você não está salvo por ser heterossexual! Existe um padrão de 
32
santidade que confirma se alguém é salvo. Veja que santidade, em 
si mesma, não salva; mas é a confirmação de nossa salvação pela 
fé. Porém existem muitos heterossexuais que se dizem contra a 
ideologia de gênero e em favor da família, mas, dentro do seio 
familiar, nem exemplos de cristãos são. 
Não confunda as coisas! Lute contra o erro – mas, antes, seja 
a verdade. 
TEOLOGIA 
DO PROCESSO
ANDERSON SILVA
35
S e Jesus e os apóstolos vivessem no século 21, talvez teríamos a mais alta e profunda teologia para lidar com as ideias 
progressistas atuais. Porém há um sofrimento no meio do povo de 
Deus, porque em muita coisa a Bíblia é clara e fornece vereditos, 
mas não explicou detalhadamente a teologia do processo, 
necessária para encarar a complexidade do acompanhamento de 
um homossexual.
“Como, na prática, lidar com questões de homossexualidade, 
identidade e ideologias de gênero?”, você fez ou já ouviu essa 
pergunta. Poucas pessoas sabem responder. A maioria até expõe 
uma boa apologética – defesa da fé cristã –, argumentando 
eloquentemente. No entanto, na hora de enfrentar os problemas, 
em casa ou na igreja, não sabe como agir. Não sabe o que fazer no 
meio dos processos ou para onde ir. Além de que não aprendeu a 
chorar pela e com a cidade. 
Fomos condicionados a responder perguntas que nem 
estão sendo feitas. Muitos líderes respondem questões de mais de 
30 anos, enquanto o jovem de hoje quer saber por qual motivo ele 
não pode ser cristão e fumar maconha, já que “a erva não passa 
de uma planta criada por Deus”. Os jovens querem saber por que 
não podem ser cristãos e manter um relacionamento aberto, já 
que Jesus “pregou o amor”. 
Quando não 
souber o que
 fazer, 
compre um c
afé, sente-se
 no centro 
de sua cidade
 e peça a Jesu
s que lhe 
dê ideias pion
eiras, ideias q
ue façam 
sentido ao m
omento prese
nte.
Não conseguimos amar aquilo que não controlamos. O 
mundo enlouqueceu. Contudo a pior parte é que o cristão se 
amedrontou e ergueu os muros da congregação, perdendo ainda 
mais o contato com o mundo a ser redimido. A Igreja passou a 
36
falar um outro idioma, não por ser separada para Deus, mas por 
ser fugitiva de um mundo que ela teme. O novo amedronta! 
Diante desse cenário, perdemos o poder de influência sobre 
a cidade. As próprias pessoas também nos rejeitam, porque, de 
uma hora para outra, decidimos doutrinar a vida de quem nem 
sequer nos importamos em saber o nome. 
Pastores, entendam: as pessoas aprenderam a pensar! Elas 
buscam respostas honestas para as perguntas confusas que fazem. 
“Uma Igreja Missional, por exemplo, é caracterizada 
por um grande respeito a pessoas que não creem. 
Em outras palavras: uma Igreja Missional 
entende o que significa não crer.” 
Tim Keller, em entrevista sobre características de uma Igreja Missional
Muitos irmãos me perguntam qual o método de discipulado 
de um homossexual. É simples: respondo que ele não existe. A 
pessoa, em sua individualidade, sua história e sua subjetividade, 
torna-se seu próprio método. Todo o restante envolvido necessita 
de direção e instrução divinas, passo a passo, além do amor de um 
discipulador perseverante.
Como eu disse, quem tem pressa não vê milagres. Se o 
resultado ocorrer apenas daqui a dez anos, você ainda estará 
por perto para testemunhar? Você fez parte, do início ao fim, do 
milagre que redefiniu a existência de alguém? Você encarou a 
teologia do processo como única e diferente para cada um e ajudou 
a torná-la real na prática?
Agora torno as perguntas diretas ao homossexual: se 
demorar dez anos para enxergar resultado, você resistirá até o 
fim? Você está pronto para aceitar que o processo em você não 
necessariamente será igual ou durará o mesmo tempo que para 
outras pessoas?
Irmãos, o religioso ama demais sua própria reputação para 
deixarque seja visto ao lado de pessoas que a religião não gosta. 
37
Mas, graças a Deus, já se levantou um povo disposto a plantar igrejas 
para quem não gosta da Igreja e para quem a Igreja não gosta.
Quando a Igr
eja não se to
rna uma 
resposta, ela 
passa a ser o
 silêncio de 
Deus e o que
stionamento 
do mundo.
Agora é hora de uma proposta. Se a Bíblia não oferece 
detalhes, pelo menos não explicitamente, do que tenho chamado 
de teologia do processo, que tal crer que a Bíblia é, simples 
e totalmente, a Palavra de Deus? Que tal crer que não são 
necessários acréscimos como sugerem os progressistas? Que tal 
acreditar que não é possível fazer recortes, adequações ou uma 
customização moderna para transformar o Leão de Judá num 
gatinho carinhoso?
Se a Bíblia é totalmente a Palavra de Deus, ela por si só já 
é a teologia do processo. Ela toda, para todos. Em primeiro lugar, 
devemos parar de eleger os pacientes que receberão a medicina, 
como se só homossexuais fossem doentes, e não todos nós. Então 
não devemos considerar a homossexualidade um pecado acima 
dos outros, uma doença isolada que precisa de cura mística. A 
fonte da enfermidade existencial é a mesma – o pecado. Sendo 
assim, a medicina também é a mesma para todos!
Como tratar? Amor para acolher, amor para discipular, 
amor para chorar junto, amor para administrar limitações e 
quedas. Amor! Como saber o que fazer? Olhe para a Palavra e 
procure princípios que valem para qualquer pecado, que ajudam 
a lidar com qualquer falha. Como identificar o próximo passo? 
Clame ao Espírito Santo por direção como clamaria em qualquer 
outra situação, em qualquer outro cenário – seja você o irmão 
homossexual, o irmão heterossexual, o irmão pastor, o irmão líder, 
o irmão intercessor.
38
Observe como somos despreparados: “Se um homossexual 
de fato se converteu, ele não pensará mais em homens!”, diz o 
amedrontado irmão religioso. Queridos, sou heterossexual, casado, 
apaixonado por minha esposa, pai de três filhos – e continuo 
gostando de mulher. Penso nelas, desejo-as. Minha natureza 
adâmica gostaria de relacionar-se com inúmeras, de vários 
tamanhos, cores e sabores. Qual a diferença? Amadureci! Jesus me 
ensinou como vencer Adão e o pecado! 
A graça de Deus nos ensina, no livro de Romanos, que a 
velha e a nova natureza coabitam, coexistem – vencerá a que for 
mais nutrida! Nutrida de quê? Da Palavra, que é a própria teologia 
do processo. De relacionamento com Jesus, que é o próprio Amor. 
De proximidade com o Espírito Santo, que convence, consola 
e instrui. De vida com Deus, que é o Criador e, portanto, sabe 
exatamente qual o padrão de identidade sexual para homem e 
mulher – afinal, foi ideia dEle.
Enquanto aprendemos a amar a Jesus, aí é que vencemos as 
tentações do pecado; mas, é claro, isso não é do dia para a noite. 
No processo, o Espírito Santo nos ensina a exercer governo sobre 
todas as coisas, inclusive nossos impulsos afetivos e sexuais. 
Continuo atraído pela beleza do sexo feminino, com a 
diferença de que Jesus tirou o dolo desse desejo. Admiro a beleza 
sem ser libidinoso. Por que não ensinamos isso aos irmãos 
homossexuais? Por que a estratégia é usada só para heterossexuais?
Colocamos um peso religioso sobre homossexuais que 
ninguém consegue carregar. Qual a consequência? No primeiro 
sentimento pecaminoso que os assalta, abandonam o processo 
sentindo-se culpados, indignos e inadequados. 
Sim, boa parte de nossos irmãos serão assombrados 
pelo poder do passado, do pecado e da natureza de Adão. 
Não negue nem ensine ninguém a negar isso! A saída – para a 
homossexualidade ou qualquer outro pecado – é aprender a não 
ser governado por essas influências. Pelo contrário, ser governado 
pelo amor de Jesus, no poder da Palavra e do Espírito Santo. Tudo 
isso em um processo que provavelmente durará, em intensidades 
diferentes, a vida toda.
39
Pois atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre 
os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo 
querem movê-los. 
Mateus 23.4
JESUS E OS 
MERCADORES 
DO TEMPLO
ANDERSON SILVA
41
J esus foi o porta-voz divino de justiça e equidade. Diante dEle, todos os homens são iguais em valor. Deus julgará todos os 
homens e condenará muitos ao fogo eterno, mas nem por isso 
negou dignidade, direitos e visibilidade a qualquer que seja. 
Ao ler nos evangelhos a indignação de Jesus dentro 
do Templo, quando virou as bancas dos mercadores, passa 
desapercebido o motivo: 
...minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos. 
Isaias 56.7
Existiam vários pátios no Templo, que dividiam classes 
espirituais e sociais: homens, mulheres, sacerdotes etc. Na parte 
exterior, ficava o que se chamava de Pátio dos Gentios. Aquele 
que não fosse judeu – considerado pagão, gentio –, mesmo que 
convertido à fé judaica, não podia celebrar a fé dentro do Templo. 
Havia um lugar reservado a eles: o pátio externo.
Quando Jesus se aproxima do Templo para adorar, percebe o 
mercado. Pior ainda, vê que tal mercado estava montado no pátio 
dedicado aos gentios, no local onde os gentios adoravam a Deus. 
Como eles adorariam em meio àquele comércio todo? Eles ficaram 
impedidos, perderam seu espaço. Ou seja, a ira de Jesus naquele 
momento também foi social: 
Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para 
todas as nações [incluindo gentios]? 
Marcos 11.17 (Grifos do autor)
O que podemos aprender? Pode existir aliança, pode existir 
santidade, pode existir um altar, pode existir uma liturgia, mas não 
às custas de uma exclusão, de uma dura acepção de pessoas. Antes 
de transformar alguém, Jesus não se envergonha dessa pessoa! Pelo 
contrário, garante seu espaço no Templo, sem barganha.
Para que a Igreja possa impactar a vida de alguém, é 
necessário que haja afirmação de que tal pessoa é bem-vinda e está 
em um ambiente seguro, que não pretende lhe causar danos – não 
42
apenas em palavras, mas em ação. A Igreja deve ser um lugar de 
segurança, de pertencimento, de valor, que ajuda a reorganizar a 
visão e o caráter. Nesse sentido, nossas igrejas são para todos? 
Com isso, não digo que não precisamos de critérios claros, 
bíblicos e doutrinários. O lema deve ser: não somos uma Igreja 
para toda prática, mas somos uma Igreja para todas as pessoas. 
Deve-se respeitar e manter a dignidade social, por meio 
da qual qualquer um pode frequentar nossas igrejas sem ser 
censurado. Precisamos amar sem prazo de validade, assim como é 
necessário preservar a honestidade. Amemos o que as pessoas são, 
até que se tornem o que Deus as criou para ser.
DEFESA DA FÉ 
FRENTE AO MUNDO 
TRANSMODERNO
ANDERSON SILVA
45
Como eu disse, o mundo transicionou, enlouqueceu, deu um salto irracional rumo ao “progresso”. Com isso, sugiram 
novas teologias, novas igrejas e novos líderes, que descontruíram o 
sagrado, aniquilaram absolutos bíblicos e transtornaram a verdade 
em nome de um amor não permitido pela própria Bíblia. 
Diante da realidade atual, também precisamos refletir sobre 
nossas responsabilidades. Não seria a nossa intolerância uma parte 
significativa do fundamento dos adventos modernos? Será que não 
amamos demais nossas fronteiras sem amar os que poderiam ser 
defendidos por elas? 
Nesse sentido, a Igreja inclusiva teria surgido por uma ação 
demoníaca, ou a partir da própria omissão da Igreja histórica?
O mundo pas
sou por trans
ições 
sociais, teoló
gicas e filosó
ficas 
profundas – p
odemos cham
ar de 
transmodern
idade. Precisa
mos 
conceber nov
as contextua
lizações 
e abordagens
, que plantarã
o igrejas 
para quem nã
o gosta da Ig
reja.
Uma Igreja M
issional não s
e 
ofende com o
 ceticismo atu
al. 
Ela faz a perg
unta certa: 
“Como podem
os alcançá-los
?”. 
46
O mundo moderno quer transformar o amor em um deus
Deus é amor, mas o amor não é Deus. Não é possível 
compará-Lo com qualquer amor, porque seria incoerente – em 
nenhum momento, a Bíblia coloca Deus em conflito com Seus 
atributos perfeitos.Inclusive, quando Ele utiliza de um atributo, 
não anula nenhum outro. Com isso em mente, compreenda que 
Ele é amor, sem deixar de ser justo. 
Sendo assim, é importante ressaltar que aquilo que 
transforma o homem não é apenas o amor de Deus, mas a 
resposta que o homem dá a esse amor. Afinal, o amor dEle não 
entra em ação sem permissão humana, não há invasão por parte 
do Senhor. O que existe é cooperação, porque “de Deus somos 
cooperadores” (1 Co 3.9).
Os progressistas subverteram até mesmo a Bíblia. Além de 
plantarem igrejas sem critérios doutrinários, lançaram versões 
bíblicas com recortes desastrosos. Entre elas, uma na qual Deus 
não é Pai, para não ofender o feminismo. 
A masculinidade é tão didática, ao mesmo tempo que a 
Bíblia é tão absoluta, que além de Deus ser Pai, revelou Seu filho 
ao mundo como um homem. Por que problematizar o que não era 
para ser pejorativo nem excludente? O homem foi criado primeiro, 
nem por isso Deus o ama mais que ama a mulher. Ao homem 
foi dada a função de governo do lar, mas isso não diminui a 
importância da função da mulher na família. Em valor, iguais; em 
funções, diferentes. E Deus não errou ao criar assim.
Aliás, o problema da mulher moderna não é o machismo 
nem o homem. O problema é a mulher não se colocar sob a 
necessidade universal de redenção, sob o peso redentor da Palavra, 
que é o mesmo para todos. Sempre será melhor relativizar as 
Escrituras do que se reconhecer como réu diante de Deus. Sempre 
será mais fácil vitimizar-se e afirmar “nasci assim”, a “sociedade 
me fez desse jeito”, do que se reconhecer como um pecador 
arrependido, carente da misericórdia de um Deus irado contra o 
pecado e os pecadores – todos eles, homens e mulheres: 
47
Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se 
mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele 
permanece a ira de Deus.
 João 3.36
Deus não é a
mor romântic
o, 
Deus é amor
 doutrinal. Ele
 tem algo 
a dizer e a re
alizar dentro 
de nós. 
Não somos m
ais seres orig
inais 
como foram J
esus, Adão e 
Eva. 
Portanto o am
or de Deus p
recisa 
transformar q
uem somos e
m 
quem fomos c
riados para se
r.
Nesses tempos de crise humana, nos quais a sexualidade se 
tornou identidade essencial, muito se fala do amor de Jesus, que 
Jesus ama todos os excluídos e marginalizados. Não se engane, é 
um tempo tenebroso! Querem colocar Deus como refém de pautas 
revolucionárias, tornar Jesus um patrono da subversão. 
Muitos líderes mundiais se ergueram com falácias de 
revoluções sociais patrocinadas por Jesus. Inclusive, há quem 
defenda o absurdo de que Cristo foi o primeiro feminista da história. 
Como pode um feminista ordenar 12 homens ao ministério e 
nenhuma mulher? Ou Jesus reforçou o “patriarcado opressor”, ou os 
progressistas de fato não entenderam nada do evangelho. 
Entenda algo: para que o evangelho faça uma obra profunda 
em seu coração, você não pode apenas ler a Bíblia, mas se permitir 
ser lido por ela. Ela precisa “ofender” você antes de transformar 
você – ou seja, não espere apenas flores e afagos para seu ego, 
porque Deus nunca será incoerente com a justiça. Para sempre, 
Ele condenará o pecado, e isso dói no pecador. A própria Palavra 
48
de Deus prevê que o processo gerará tristeza no homem, uma que 
resultará em transformação: “pois fostes contristados segundo Deus 
(...). Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a 
salvação” (2 Co 7.9,10).
Um líder progressista, defensor de movimentos sociais 
identitários e crítico ferrenho da Igreja histórica, afirma a plenos 
pulmões que, se Jesus se estivesse vivo, odiaria os líderes religiosos 
e seria patrocinador das causas de gays, lésbicas, transexuais e 
transgêneros. De fato, Jesus se identifica com os que sofrem. Porém 
uma coisa é sofrer com alguém, outra é condescender com o pecado. 
Vamos a um exemplo: Jesus ama o transexual. Se Ele fosse 
também patrocinador da causa transexual, de forma simplista, 
então seria justo dizer que o transexual foi criado para sofrer. 
Acompanhe o raciocínio: a disforia de gênero – termo 
utilizado para a pessoa que diz possuir a identidade certa no 
corpo errado – é um dos pilares da defesa transexual. A pessoa 
com disforia de gênero sofre ao lidar com fantasmas emocionais, 
familiares e sociais, porque sente-se inadequada.
Agora, passemos à análise dAquele que criou a pessoa trans. 
Se Jesus, o Verbo, estava lá na criação de tudo e, ao lado de Deus 
Pai, amou o homem como obra-prima entre as criaturas, por qual 
motivo não o criou bem? Por que confinou certos indivíduos 
em corpos errados? Por que já não criou a transexualidade ou a 
própria homossexualidade como identidades sexuais próprias, 
também definidas biologicamente? Como conciliar que Jesus 
resolveu criar o transexual de um jeito errado e, depois, tornou-se 
patrocinador da causa trans?
Seria por acaso que os próprios progressistas ferem o 
conceito de absolutos bíblicos? Ou, ao defender que tudo é relativo 
e móvel, estão na verdade tentando fugir dessas perguntas? Eles 
afirmam que Adão e Eva são míticos, folclóricos, não existiram 
de fato. Claro! O contrário não daria espaço para a argumentação 
progressista, haveria incoerência irreparável.
Se Adão e Eva existiram, então há criação, queda e redenção. 
Nesse cenário, o homem não é mero acaso – pessoal, emocional, 
sexual, social, ideológico. Ele existe como um ser intencionalmente 
49
criado por um Deus sábio, consciente, moral, santo e justo, que irá 
requerer justa prestação de contas de Sua própria criação. 
Ou seja, o homem não foi criado para existir para si mesmo, 
do seu jeito, mas para a glória de seu Criador, prestando adoração 
e rendição moral, tanto social como pessoal de sua vida. Não se 
trata de uma identidade móvel, mas previamente fixada, com um 
propósito eterno e imutável.
O convite da serpente foi ao transexistencialismo: convidou 
o homem a existir como um acaso, e não mais como um ser moral, 
projetado para adorar Seu criador. É nesse sentido que reafirmo 
que a transexualidade é uma disfunção existencial, um pecado que 
impede o indivíduo de ser quem Deus diz que ele é. 
A mídia progressista não relata o alto índice de suicídio 
entre pessoas que fizeram transições sexuais cirúrgicas. Ao 
contrário do que prega a visão apaixonada da transexualidade, 
depois das intervenções, os trans continuam a viver sem plenitude. 
Isso acontece porque uma cirurgia jamais dará a identidade que 
somente Deus pode dar, jamais trará sentido à existência como 
pode trazer o próprio Criador. 
Volte ao início de tudo e ouça Deus fazer novamente a 
pergunta: “Adão, onde estás?”. Vá um pouco além e escute dEle um 
questionamento existencial: “Quem é você, qual o propósito de sua 
existência, qual o seu nome?”. Você responderia a tais perguntas 
baseado na ideia original do Criador, ou diria que é apenas vítima 
do acaso, da sociedade, do meio? 
Não há como amenizar esta sentença: transexualidade é 
uma afronta ao Criador. É o homem decidindo ser Deus para si 
mesmo, com o apoio ideológico de ciências e sociedade adoecidas. 
É a criatura afirmando a seu Criador que, na realidade, Ele não 
criou direito.
Se Jesus é um Deus sábio, criador, bondoso, amoroso e 
presciente, como Ele criaria seres humanos com disfunções de 
caráter, sexo e identidade? “Não foi Deus quem nos fez assim”, 
argumentam alguns. Então podemos concordar que algo 
deu errado, algo distorceu. O quê? O pecado! Ele existe e foi 
responsável por destruir aquilo que Deus um dia chamou de belo. 
50
A ideia original de Deus foi perfeita. E Ele criou você, 
simplesmente, para Ele!
Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.
Gênesis 1.31
Se meu ser h
oje – ou seja,
 quem 
eu sou atualm
ente – é cont
rário à 
santidade dE
le, não é corr
eto afirmar 
que Deus am
a essa versão
 do meu 
ser. Ele me am
a como estou
 por saber 
quem verdad
eiramente so
u, mas não 
se contenta e
m me deixar 
assim. Ele 
deseja levar-me à melhor ve
rsão de mim 
mesmo: aque
la que fui cria
do para ser.
JULIANA FERRON
Homossexual por 12 anos,
já foi líder do movimento
LGBT e feminista.
Missionária da Comunhão 
Cristã ABBA, de Curiti ba (PR), 
é escritora, palestrante e 
conselheira em Grupos de 
Apoio sobre sexualidade. 
Possui graduação em 
Marketi ng, Teologia 
Ministerial e Psicanálise, 
além de especialização 
em Teoria Psicanalíti ca. 
Pesquisa há anos o
tema sexualidade.
Ao longo dos anos, vim a perceber que a 
maior armadilha na nossa vida não é sucesso, 
popularidade, ou poder, mas autorrejeição. 
Sucesso, popularidade e poder podem 
realmente apresentar uma grande tentação, 
mas a sua qualidade sedutora, muitas vezes, 
vem da forma como eles são: parte de uma 
tentação muito maior de autorrejeição. 
Quando começamos a acreditar nas vozes 
que nos chamam inúteis e indignos de 
ser amados, então sucesso, popularidade 
e poder são facilmente percebidos como 
soluções atraentes. A verdadeira armadilha, 
no entanto, é a autorrejeição.
Henri Nouwen
CANSEI DE SER GAY
JULIANA FERRON
53
Enganoso discurso de um ser fragmentado 
S ei bem quem eu sou. Sou um burguês preso num corpo proletário, sou um marquês preso num corpo ordinário, sou 
uma diva presa num corpo másculo, ou, no meu caso, sou um bofe 
preso num corpo menstruado. Isso sim é injustiça! Vivo um modo 
de vida totalmente irrelevante, cheio de adereços, seios e óvulos, 
desprovido de intimidade profunda comigo mesma. 
Ótimo viver assim – detecte a ironia. 
Esse tipo de 
vida, de um o
primido 
preso em um
 corpo opress
or, elimina 
a necessidad
e de encarar 
questões 
mais profund
as, questões 
de gente 
grande. Afina
l, sou vítima.
Meu corpo não estava em mim. Encontrar sustento para esse 
ser não era nada fácil. Não queira viver esse embate! Existe uma 
grande chance de você perder.
“Como você pode dizer quem eu sou?”, protestei várias 
vezes ao mundo. A verdade é que nem eu mesma sabia. Passei 
anos indisponível para mim mesma. Gastei mais de uma década 
vivendo de sentimentos, e não de fatos.
Aprisionei-me em uma identidade: “eu sou gay”. Depois 
de alguns anos, “eu sou trans”. Pelo menos isso me representa, 
tornou-me alguém, trouxe senso de pertencimento e existência. 
Sim, sacrifiquei 12 anos a cumprir um papel que me 
foi imposto. Tornei-me limitada e incapaz de violentar o 
aprisionamento que me foi ideologicamente sugerido. Alienei-me.
Estive por dez anos homossexual e dois anos trans, do outro 
lado. Cada dia mais assustadoramente afastada de minha essência. 
Uma transcendência corporal que cavava cada vez mais fundo 
54
um abismo de separação de minha verdadeira identidade pessoal. 
Aquela superficialidade afastava meus olhos do desconforto que 
era experimentar ser uma mulher.
Corpo injusto! Sobravam muitas partes e faltavam outras.
Apropriei-me de representação, performance e discurso. 
Vesti o figurino. Era o máximo do outro sexo que eu conseguiria 
ser – uma artista, uma cópia. Coçar o saco, cuspir no chão. Uma 
encenação inconsciente e desesperadora. 
Comprei a ideia de que podia ser o que quisesse, e o 
produto não foi entregue! O homem que me esforcei para ser, 
nunca chegou lá. 
Quem acreditou no gênero? Ou melhor, quem acreditou 
na serpente?
Ela continua falando hoje. Seu plano é o mesmo: divisão, 
fragmentação, distorção. Eva acreditou, eu acreditei.
Eu tinha certeza de que era um homem preso num corpo 
feminino. Entretanto nossas certezas não são a verdade. Submeter 
nossas certezas à luz interrogatória da Palavra de Deus, à custódia 
do Evangelho, é o que ilumina as sombras de nossas pretensas 
certezas. É isso que revela verdades surpreendentes.
Minha identidade sexual foi estabelecida por uma 
preferência minha ou por uma providência divina? Em outras 
palavras, quem eu sou é determinado pelo que decido, ou 
pelo desígnio de Deus para minha natureza? Essa é a questão 
fundamental. Essa é a pergunta a ser feita.
Sempre acreditei que minha preferência pessoal e minha 
autonomia eram prioridade – sobre tudo, inclusive Deus. 
Mesmo tendo o Senhor falado a respeito de quem eu sou, minha 
preferência individual, bem como minha orientação sexual, 
superaram Deus. Ledo engano, com prazo de validade. Meus 
desejos possuíam peso, mas a realidade estava impressa em meu 
corpo como revelação biológica da vontade de Deus.
Vivemos, assim, um retrocesso, uma involução. A cada 
dia, desaprendemos quem somos e perdemos a capacidade de 
identificar-nos. Na despersonalização, temos o gozo de uma falsa 
identidade. Resgatamos o conto de fadas e, desesperadamente, 
55
não queremos mais ver o mundo ou a nós mesmos sem essa 
lente fantasiosa.
Satanás entendeu que o homem completo – espírito, alma e 
corpo –, assim como eram Adão e Eva, é a própria representação 
de Deus na Terra. O homem integral, inteiro, completo, reflete 
e manifesta o Criador. Deus tem um corpo: Cristo. Deus tem 
um espírito: Espírito Santo. Deus é uma alma também, da qual 
procedem intelecto e sabedoria eternos. 
Foi assim que Ele nos fez, unindo tudo o que Ele próprio 
é num único ser: ser humano. Diante disso, Satanás indagou: 
“Se o homem pleno é Deus na terra, então esse homem precisa ser 
fragmentado, dividido, desfalcado”. 
Em Gênesis 3, encontra-se a tática do engano, usada por 
Satanás para enganar Eva. Ela cai na armadilha e torna-se uma 
mulher fragmentada. Com a queda, perdemos o espírito que nos 
dava a consciência de sermos filhos de Deus. Ou seja, aos nossos 
olhos caídos, tornamo-nos homens naturais. 
Ora, o homem natural [corpo + alma – psuchikos, em grego] não 
aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não 
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
1 Coríntios 2.14 (Grifos da autora)
Perdemos a conexão com Deus, que se dava por meio do 
espírito. Tornamo-nos parciais, divididos, incompletos. Hoje, 
temos a mesma oferta, o mesmo convite enganoso que acaba por 
fragmentar um homem que, uma vez quebrado, pode dividir-se 
mais uma vez. Um homem faltoso, um homem natural. 
Perceba a crua verdade: a serpente ainda convida o homem 
a ser um indivíduo na alma, outro no corpo. Ou seja, rachar o ser 
humano, antes que ele se complete com o Espírito. 
Na alma, está o intelecto, a razão, a percepção de quem se 
é: homem ou mulher. Na alma, está a percepção de que se é gente, 
humano, filho, amigo, irmão, gente. Já no corpo, está manifesta 
nossa herança genética, nossa anatomia, que confirmam aquilo que 
pensamos – na alma – a nosso próprio respeito. 
56
É isso que Satanás quer: enganar. O desejo maligno é que 
o homem dividido e fragmentado acredite que, em sua essência, 
pode ser diferente na alma e no corpo, contrariando o propósito 
original do Criador. É desta forma que o diabo consegue matar a 
representação perfeita de Deus na Terra: fazendo que a criatura 
acredite na fragmentação, na divisão de seu ser. Então o homem 
não é mais à imagem de Deus – pelo menos acredita não ser.
Eu acreditei, por dois anos, estar num corpo errado. 
Realmente acreditei na ideia de ser um homem no corpo de 
uma mulher. Nessa crença ilusória, apropriei-me do discurso 
revolucionário de liberdade, de ser o que eu sinto que nasci para 
ser. Na minha cabeça, isso era suficiente para mudar de sexo, 
passar de XX para XY, ter um pênis, gerar filhos e tudo mais que 
vem no pacote Walt Disney.
Mas esse discurso cansa. Sustentar essa ideia contra uma 
natureza divina e perfeitamente planejada é exaustivo. Eu cansei.
Quanto à minha orientação
Identidade não se alcança por meio de cirurgias ou doses 
de hormônios, nem é algo que se cria. Identidade é recebida como 
herança, por meio da obra salvadora de Jesus, que reconecta o 
homem e a mulher ao que eles foram criados para ser. 
Um conjunto
 particular de
 tentações 
sexuais não d
escreve a ide
ntidade de 
uma pessoa.
Nem você nem eu somos o que sentimos. A essência 
transcende o que se sente, o que se viveu, o que se aprendeu. Ela 
está lá,no interior, antes de qualquer experiência ou vontade. 
57
Jesus morreu e ressuscitou para revelar essa essência novamente 
àquele que crê, fazendo-o tornar àquilo que foi projetado para ser 
e, portanto, pode realmente satisfazer. Fora do que fomos criados 
para ser não há como encontrar paz existencial.
É preciso compreender que as tentações não são maiores que 
Jesus e Seu poder redentor. Nunca serão. Um dia, eu fiquei diante 
desta escolha: acreditar que minha identidade se baseava no que eu 
fazia, ou estava firmada no que Deus havia criado e no que Ele já 
havia feito em mim. 
A partir desse desassossego, conto minha vida de mentiras. 
Por 12 anos, estive indisponível para refletir sobre a profundidade 
dos problemas que vivia. A realidade rasa e poética da vida gay me 
deixava cada vez mais distante de mim mesma.
Mais de uma década de fingimento. Não fingi gostar de 
pessoas do mesmo sexo, mas sempre me enganei sobre essa 
vida dar certo e trazer satisfação. Não dá, não traz. Sabe por 
que homossexuais fingem não serem capazes de entender os 
verdadeiros propósitos de Deus? Porque sabem que, no momento 
em que aceitarem a verdade, serão inquietados a viver em 
conformidade com ela. Queremos as bênçãos de Deus, desde que 
Ele não chegue perto demais. 
Pergunto: a homossexualidade não deveria ser meu lugar de 
contemplação e descanso? Contudo era o ambiente onde minha 
alma mais gritava por resolução, por respostas. Não soa incoerente?
Sei que não é fácil compreender tudo isso, também demorei 
a encarar a verdade. Encontrei na homossexualidade o melhor 
território para minhas fugas, o melhor abrigo para minhas 
incertezas. Porém, paradoxalmente, ela tornou-se um campo de 
perguntas e decepções, e nunca de respostas – não além daquelas 
provenientes de um discurso alienado da prática, distante de 
minha tenebrosa inquietação interior.
Negação, e não autoconhecimento. Ansiedade, e não 
alegria. Combate, e não paz. Dependência emocional, e não 
liberdade. Tirania, e não escolhas. Isso resumia viver na 
homossexualidade. É aceitar cercar-se de ausências, lacunas, 
apesar das buscas. É uma constante inquietação consigo mesmo. 
58
Para suportar, adotei um discurso que, como disse antes, até 
é poético, mas completamente desconectado com o que o 
homossexual realmente sente e vive no dia a dia. Para sustentar 
uma vida assim, é necessário recorrer a doses anestésicas de 
engano – até acreditar.
O amor recebido nunca bastou. O afeto nunca foi suficiente 
para preencher as faltas do coração. Ou seja, o impasse está 
estabelecido. Erguem-se, então, questionamentos. O amor que 
você tanto persegue é realmente amor? Se fosse, por que até hoje 
nenhum realmente o aquietou? 
Acredito que vale a pena investigar os motivadores desse 
desejo inconsequente de amor. Nem sempre a nascente do rio é pura, 
então investigar o desejo por trás de tudo pode levar a respostas 
nunca nem sequer questionadas. Afinal, quem nunca se enganou? 
Faz bem duvi
dar dos própr
ios 
desejos, porq
ue somos ma
rcados 
por faltas e c
arências. Nem
 sempre 
nossos desej
os são motiva
dos 
por verdades
. Como conhe
cer 
nossas reais n
ecessidades, 
se não 
sujeitarmos o
s desejos à p
rova?
Quanto aos meus desejos, hoje assumo: os expus em 
resposta a falta de afeto de mãe, rejeição de pai, abuso sexual de 
tios, um combo de inutilidades que foram indispensáveis para 
minha carreira na homossexualidade, na falta de feminilidade. 
Talvez você esteja familiarizado com um histórico assim e 
busque respostas. Digo a você: elas estão lá, na sua própria história. 
Caminhe com Jesus pelo seu passado e deixe-O derramar de Seu 
poder redentor. Isso explicará a você mesmo quem você realmente 
é. Esse processo curará os enganos e exporá a verdade.
59
Não é fácil nem é instantâneo. Você precisará reconhecer 
que, muitas vezes, fracassou. Muitas vezes, acreditou na mentira. 
Não se resume em culpar quem lhe agrediu e atrapalhou sua 
consciência de identidade, mas em perdoar – com Ele, é possível 
libertar os agressores das cadeias da mágoa. Acima de tudo, esse 
processo exige pedir perdão por aceitar o papel de vítima, enquanto 
há um poderoso médico, um infalível conselheiro, um prumo 
perfeito, um Criador que não errou ao projetar a mim e a você.
Não somos nossas feridas. Não somos nossas tentações. Mais 
que isso, não somos nossos próprios desejos!
O desejo nos
 tira a capacid
ade de 
analisar os pr
opósitos. Viv
er pelo 
governo dos 
desejos é viv
er de 
fracasso. Nos
so orgulho nã
o permite 
admitir que e
stamos perdi
dos e, 
consequente
mente, recalc
ular a rota, 
reconfigurar 
os planos e o
s sonhos. 
Contudo não
 ter coragem 
de colocar 
na mesa o fra
casso é refor
çá-lo.
O pecado cansa, e chegou o dia em que cansei. Em meu livro 
“Cansei de ser gay”, resumi essa fadiga com as seguintes palavras:
Cansei de ruídos pra me guiar
Cansei de receber a liberdade proporcionada por alguém que vive 
suas próprias mazelas e carrega seu lixo diariamente
Cansei de estar inadequada
Cansei de imitar um agrupamento fundamentado numa ilusão
Cansei de viver cega nas minhas razões
60
Cansei da incapacidade de me identificar
Cansei da urgência do corpo
Cansei de me proteger com gritos
Cansei de não saber o que Deus achava de mim
Cansei da escravidão da aprovação
Cansei de me negar
Cansei de fugir do confronto
Cansei de defender o pano de fundo das ideias alheias
Cansei de não dar espaço para Deus ser o que é
Cansei de ser simbólica
Cansei de fingir que não entendia o amor de Deus
Cansei de me excluir da alegria
Cansei de ser um homem sem pênis
Cansei dos cabelos raspados 
Cansei de fugir da mudança
Cansei de tentar descansar com mulheres...
Em nome do amor, ou daquilo que chamamos de 
amor, cometemos crimes hediondos contra nós mesmos. 
Aprisionamo-nos, condicionamos e despersonalizamos quem 
fomos chamados para ser. Crimes inconscientes, mas celebrados 
pela sociedade. Logo a sentença chegará, e não sairemos impunes, 
mesmo debaixo de aplausos.
Satanás entendeu que o homem inteiro é Deus na terra, e a 
junção de homem e mulher é o único portal capaz de reproduzir 
novas imagens e semelhanças de Deus. 
Primeiro, ele ataca nossa identidade, assim como fez com 
Eva, sugerindo que ela era outra coisa diferente do que Deus fizera. 
Quando nossa primeira mãe aceitou a proposta de comer da árvore 
do conhecimento do bem e do mal e ofereceu o fruto também 
a Adão, ambos foram expulsos da presença do Senhor, ou seja, 
sofreram a morte espiritual. 
Naquele momento, iniciou-se a profunda corrupção moral 
do homem, agora morto espiritualmente, fragmentado. Note que 
61
a enganosa possibilidade de viver sem Deus convenceu Eva. Ela 
foi tomada pela frenética sensação de que uma única experiência 
seria maravilhosamente eterna, que o prazer da individualidade 
duraria para sempre – mas o resultado foi nada menos que morte, 
separação da Vida. Ou seja, o vazio existencial foi plantado!
Em segundo lugar, Satanás ataca a ferramenta abençoada 
chamada sexo, que pode gerar outros seres à imagem e semelhança 
de Deus. Porém é imprescindível ressaltar que o propósito 
perfeito de Deus não é invalidado pelo pecado! Ele não é anulado 
ou deixa de existir, tanto que Deus permitiu que o prazer do 
sexo continuasse, mesmo após a queda. O propósito divino de 
multiplicar continua válido após o pecado original. A verdade 
sempre vencerá a mentira – a questão é o que acontece com quem 
decide acreditar na mentira.
Quando aceitei Jesus, não deixei de ter desejos, mas deixei 
de ser governada por eles. A tirania cessou. Não era mais só corpo 
e alma, mas voltei à versão original, completa e perfeita, vivificada 
pelo Espírito que passou a habitar em mim. Ele me tirou de 
uma condição para colocar-me na posição de filha de Deus – isso 
sobressai, sobrepuja tudo o que se pode encontrar nesta vida. 
Nossa condição na Terra não altera de forma alguma a posição que 
podemos ter em Cristo Jesus.
Recebê-Lo é ser emocionalmentesurpreendido pela 
desconcertante e imutável sensação de ser você mesmo, e não 
outra pessoa. Não dá para expressar dignamente em palavras esta 
informação: Juliana, você é uma mulher, aos seus quase 30 anos. 
Não, essa informação não era óbvia. Onde estão os pais, chamados 
a verbalizar afetivamente quem somos? Mais uma ferida que 
recebeu a cura pela verdade. 
Pareceu-me desafiador e absolutamente fantástico viver essa 
coisa de ser mulher. Com certeza, a melhor revelação depois de 
Cristo. A consciência de quem se é vem por meio dEle.
Homossexualidade, seus prazeres são belos, mas não me 
completam. Seus momentos são deliciosos, mas não me sustentam. 
Suas mulheres são instigantes, mas não me governam mais. 
ROBERT DIEGO
Ex-transexual.
Atualmente, é missionário 
graduado pela MCM, 
formado em Teologia 
Livre pela Presbiteriana 
da Graça, seminarista na 
Primeira Igreja Bati sta 
de Mogi das Cruzes (SP) 
e estudante de Teologia 
pela Unicesumar de 
Maringá (PR). Lidera 
pré-adolescentes e faz parte 
do JUCT, Jovens Unidos em 
Cristo, projeto que auxilia 
o público jovem. Também 
palestra sobre sexualidade e 
vida cristã.
Jesus vem não para o superespiritual, mas para 
o vacilante e o enfraquecido que sabe que 
não tem nada a oferecer, que não é orgulhoso 
demais para aceitar a esmola da graça admirável. 
Ao olharmos para cima, fi camos surpreendidos 
por encontrar os olhos de Jesus abertos em 
assombro, profundos em compreensão e genti s 
em compaixão.
Brennan Manning
À medida que viramos as páginas dos 
evangelhos, descobrimos que as pessoas que 
Jesus encontra ali são você e eu. A compreensão 
e a compaixão que oferece a elas, também as 
oferece a você e a mim.
Brennan Manning
INDIVIDUALISMO: 
ENGANO SOCIAL
ROBERT DIEGO
65
N a atual sociedade, que está em constante transição, há uma supervalorização do individualismo. Podemos olhar para este 
momento como a diluição de tudo o que é institucional. 
Amar o próximo como a si mesmo, como disse Sigmund 
Freud, é um dos preceitos fundamentais da vida civilizada. Por 
outro lado, o sociólogo Zygmunt Bauman analisa que esse é 
exatamente o padrão contrário àquilo que a própria civilização 
promove: interesse próprio e busca da felicidade.
Segundo Bauman, a modernidade é uma época 
em que a vida social passa a ter como centro a existência 
do individualismo, é a fase marcada por uma expansiva 
autonomia do homem em relação à vida social. É exatamente 
o que vivemos hoje: uma sociedade que cultua a liberdade 
individual como valor absoluto e hegemônico. 
Ainda utilizando pensamentos de sociólogos sobre o 
assunto, podemos citar Alain Ehrenberg, que assinalou um 
resultado desse culto: 
Há um estím
ulo à busca d
e prazer 
constante, o 
que, com freq
uência, 
e paradoxalm
ente, resulta 
em uma 
experiência d
e insuficiênci
a e fracasso.
Cada vez mais, há um distanciamento do outro – pensa-se 
unicamente e exclusivamente em si. E esse individualismo também 
invadiu o campo da sexualidade humana. A corrida por satisfação 
pessoal fez com que o homem trocasse de parceiro e parceira 
na tentativa de preencher um vazio existencial. A característica 
consumista da sociedade piorou o cenário, tornando o sexo uma 
moeda de troca, beirando a total irresponsabilidade. 
Na Academia, vale a ideologia, e não estudos científicos: 
“meu corpo, minhas regras”. Ou seja, não se pode ter uma mente 
66
saudável sem pensar na satisfação do corpo. O que importa é sentir 
o que se deseja sentir, custe o que custar. Sendo assim, há um 
rechaço por instituições como família, sociedade e religião, uma 
vez que elas são “opressoras” por definir limites. Basta pensar estar 
bem – sempre entre aqueles que pensam de forma igual, é claro. 
Quem pensa diferente é algoz, e o resto não interessa. 
A publicidade também se empenhou na destruição de 
costumes locais e comportamentos tradicionais. Desde os 
anos 50, vê-se uma máquina de uniformização capaz de produzir 
uma felicidade conformista, materialista e mercantil. A lógica 
tomou rádio, cinema, televisão e internet, que adquiriram um 
imenso poder de homogeneização de gostos e atitudes. 
A capacidade midiática de criar, em grande escala, fenômenos 
comportamentais e emoções similares expressa-se em best-sellers, 
hits, idolatria de stars, modas, sucesso do mês etc. Bauman dizia que 
mesmo os gestos cotidianos tendem a homogeneizar-se. Olhe ao 
redor e diga se não é isso que você enxerga. 
Juntando as peças, dá para entender como se chegou à 
atual perspectiva de sexualidade. Torna-se possível descolar ou 
separar “sexo” e “gênero” – o gênero vira o protagonista, para que 
o indivíduo possa identificar-se como quiser. É a procura pela total 
individualidade, independentemente do sexo biológico, além da 
exigência de que todos aceitem a monopolização do pensamento. 
Afinal, “eu tenho direito de ser quem eu quiser” e “ninguém tem o 
direito de questionar o que eu quero”. Nesse contexto, tudo passa 
a ser visto como construção social. Há um aparelhamento com a 
filosofia evolucionista, existencialista e naturalista. 
Nas salas de aula, temos um desafio: a ditadura de esquerda 
e seus pensamentos totalitários, que “valorizam” o indivíduo a 
tal ponto que o doutrinam. Todos devem pensar igual: sempre 
haverá um injustiçado socialmente e um culpado – obviamente, a 
classe “dominadora”. 
Você percebe o engano social por trás de tudo isso? 
Acredito, sim, que haja vítima em qualquer segmento. Pessoas 
abandonadas, violentadas, provenientes de famílias disfuncionais. 
Contudo é necessária uma cosmovisão cristã que olha para o 
67
indivíduo total, na condição de ser caído e depravado por natureza. 
Ele não é apenas vítima. O pecado existe e está fincado na criação 
pós-queda, com diversas consequências devastadoras. Não é 
apenas a sociedade que agride o homem, mas o próprio homem 
que possui todos os males dentro de si. 
Calma. Há solução para esse engano social do 
individualismo. Há solução para o mal interno do homem, assim 
como há um meio de livrar-se de cadeias de mentiras socialmente 
aceitas. Talvez minha história ajude a clarear o cenário.
EXPERIÊNCIA NA 
TRANSEXUALIDADE 
ROBERT DIEGO
69
Como olhar para a transexualidade em nossos dias? Como ter um olhar de compaixão e acolhimento, sem banalizar 
as Escrituras? Esse é um tema delicado e que precisa ser tratado 
com amor e graça. Acredito que dividir minha experiência na 
transexualidade irá inclinar os olhares para além da teoria. O que 
você lerá agora é um relato cru e real. 
Estive na transexualidade por 12 anos. Não foi fácil. Aliás, já 
era difícil muito antes, quando me via diferente de todas as crianças 
– é triste e injusto. Por que todo mundo é normal, e eu sou diferente? 
Esse questionamento é sério e não deve ser negado, mas tratado com 
atenção e cuidado, tanto em nossas igrejas como em toda a sociedade. 
Aos 11 anos, fui ao médico para começar a tratar uma 
ginecomastia – crescimento anormal das mamas em homens. 
Trata-se de uma situação clínica comum, mas que sempre me 
deixou envergonhado. Durante toda a infância, nunca soube o que 
era ficar sem camiseta. Sentia-me inseguro. 
A intensidade desse desajuste entre corpo e mente só 
aumentou. O sentimento de que eu era diferente dos outros meninos 
transformou-se em enormes conflitos emocionais e familiares.  
Na escola, o sofrimento foi intenso. Não conseguia falar 
de meus problemas com ninguém, sentia que não podia. Sei 
bem como sofrem crianças e adolescentes nessa situação – é 
humilhante. É por isso que acredito na necessidade de trabalhar 
pedagogicamente a violência tanto psicológica quanto física, além 
de punir quaisquer pessoas por preconceito, discriminação e 
humilhação vexatória. 
No âmbito cristão, precisamos de uma teologia clara, 
que leve ao que antecede a transexualidade, qual é a influência. 
Vaidade, inveja, cobiça, ganância, ciúme, idolatria – é inevitável 
que encontremos pecado na raiz. 
Não consigo 
ver a transex
ualidade 
como

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