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Parte 2 - Inquérito Policial

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INQUÉRITO POLICIAL 
Não é uma fase do processo penal 
É um procedimento preparatório para o 
processo – averiguação de autoria e 
materialidade do fato 
O processo começa da denúncia 
(ofertada pelo Ministério Público) ou 
queixa (ofertado pelo ofendido) 
Tem natureza de procedimento 
administrativo investigatório realizado 
pela polícia judiciária com finalidade de 
formação da justa causa 
Autoridade policial ≠ Autoridade judicial 
Algumas garantias processuais não são 
atendidas no inquérito 
Tem natureza: 
 Preservadora: preservar o mínimo 
de garantias e cautela 
 Preparatória: munir o processo de 
elementos investigativos que 
podem conduzir para formação da 
culpa, identificando fontes de 
prova e colhendo elementos 
informativos 
* O inquérito, em geral, não produz 
provas, pois não tem garantias como 
contraditório ou ampla defesa, mas 
excepcionalmente quando as provas não 
são repetíveis ou correm o risco de 
perecer, acaba coletando algumas 
A denúncia tem que demonstrar a justa 
causa, devendo possuir o mínimo para 
que o réu seja processado, alvo de um 
processo penal – o juiz tem que verificar o 
mínimo de materialidade e autoria 
Não se trabalha com certeza, mas com 
indícios de autoria e materialidade 
É possível que o ministério público se 
baseie em outros procedimentos 
administrativos (ex: CPI, PAD, PIC-
procedimento investigativo criminal feito 
pelo próprio MP) pois é procedimento 
DISPENSÁVEL 
STF entende que MP poderia investigar, 
mas limitadamente, devido a reserva de 
jurisdição 
Juiz não pode proferir uma sentença 
condenatória com base apenas no que 
foi colhido no inquérito - condenações 
são baseadas em provas e provas são 
feitas no processo com suas garantias 
Juiz da garantia evita que o juiz que 
sentencia seja contaminado pelo 
inquérito 
Quem atuará no inquérito é a autoridade 
policial da polícia judiciária art. 4º, 
exercida prementemente pela polícia 
civil e pela polícia federal 
Quem preside inquérito no Brasil é 
delegado de polícia civil e delegado de 
polícia federal 
Tipos de policia 
1) Polícia judiciária – exercida pela 
polícia civil e polícia federal: 
repressiva e investiga fato que já 
aconteceu 
2) Polícia administrativa – exercida 
pela polícia militar: função 
ostensiva e preventiva de delitos 
*somente excepcionalmente 
investigará 
*nem todo crime investigado pela polícia 
federal é de competência da Justiça 
Federal 
*pessoas que cometem crimes em vários 
estados por exemplo, há possibilidade de 
prolongação de competência 
Investigação de crimes dentro da própria 
corporação – criticado 
Crimes contra a ordem política e social ou 
em detrimento de bem da união, 
 
 
autarquia federal ou empresa pública 
federal – podem ser investigados pela 
polícia federal, mas julgados pela justiça 
estadual 
Polícia civil investiga infrações penais, 
exceto as cometidas por policiais militares 
Os atos do inquérito podem ser gravados, 
mas não dispensa documentação por 
ESCRITO 
Peças do inquérito escritas ou digitadas 
com assinatura do responsável 
O inquérito é DISPENSÁVEL pois existem 
outras formas de procedimento 
investigatório 
O órgão do MP pode dispensar o 
inquérito, se com a representação já 
foram fornecidas informações suficientes 
para promoção de ação penal 
Art. 12 se houver um inquérito e ele for 
utilizado pelo MP ou promotor para 
formular a denúncia, essa denúncia tem 
que vir acompanhada do inquérito, pois 
quando o juiz a receber verá se a justa 
causa está presente 
É raro que a denúncia não seja 
acompanhada de inquérito 
MP pode denunciar no que ele mesmo 
investigou num inquérito próprio (pic) 
*Inquérito policial é feito por delegado 
*Inquérito civil é feito por outro, ex: MP 
É DISCRICIONÁRIO pois não é obrigado a 
seguir um molde 
Pode analisar se diligencias são realmente 
necessárias para o caso 
Tudo pode ser pedido pelo ofendido, 
representante, MP, investigado – mas a 
diligência poderá ou não ser realizada, 
com base na conveniência e 
oportunidade 
Existem determinadas diligências, no 
entanto, que são obrigatórias 
Exame de corpo de delito em infrações 
que deixam vestígios é obrigatória 
INDISPONIBILIDADE – pelo delegado 
Art. 17 Autoridade policial não pode 
mandar arquivar autos de inquérito 
Quem arquiva é autoridade JUDICIAL 
Delegado não dispõe do inquérito 
livremente, ele somente preside, mas não 
é responsável pelo arquivamento 
Inquérito é SIGILOSO, mas em crimes que 
não correm em segredo de justiça, 
processos são públicos 
Sigilo necessário para elucidação do fato 
Proteção do próprio inquérito 
O advogado tem acesso ao inquérito – 
mas acesso não é amplo e irrestrito 
Súmula Vinculante 14 – o advogado do 
investigado tem direito a acessar o 
inquérito, mas só acessa aquelas 
diligências que já foram feitas, escritas, 
assinadas e incorporadas ao inquérito, 
não tem acesso a diligência que está em 
andamento 
Se está em segredo de justiça – 
procuração 
O advogado e o réu são comunicados da 
decisão que decretou a prisão somente 
depois que o réu é preso 
 
Nulidades ou vícios do inquérito policial 
não contaminam a ação penal 
Se dentro do inquérito são produzidas 
cautelares de forma ilícita e elas são 
usadas dentro do processo penal, 
acabam contaminando as que derivam 
dela 
 
 
Presença de advogado no inquérito não 
é uma obrigação – investigado pode 
pedir, mas não é obrigatório 
Contraditório e ampla defesa são 
reduzidos – sistema inquisitório – não tem 
partes confrontando provas com bases 
em garantias constitucionais 
Inquérito é OFICIOSO – delegado tem 
poder/dever de instaurar inquérito em 
crimes de ação pública incondicionada 
Não pode instaurar inquérito em crimes 
de ação penal privada e em ação penal 
pública condicionada a representação 
Ação penal pública incondicionada – 
titular é o MP 
Pode ser incondicionada: delegado 
pode iniciar o inquérito desde logo sem 
provocação 
ou condicionada a representação do 
ofendido 
Ação penal privada – titular é o ofendido 
Nos dois últimos casos delegado precisa 
ser provocado pelo ofendido para 
começar o inquérito 
Inquérito contra alguém que tem 
prerrogativa de foro não pode ser 
conduzido sem autorização 
O inquérito é marcado pela 
OFICIALIDADE – presidido por um 
representante da polícia judiciária, é um 
instituto público, particular não faz um 
inquérito – tem caráter público presidido 
por um agente estatal 
Marcado pela AUTORIDADE – presidido 
pela autoridade do órgão, o delegado 
Inquérito é TEMPORÁRIO – pessoa não 
pode ser investigado eternamente 
O prazo varia se o investigado está preso 
ou solto, a regra geral do CPP, conforme 
o art. 10 é: 
Se está preso – 10 dias 
Se está solto – 30 dias 
*prazo pode ser prorrogado e em outras 
leis o prazo é diferente 
Lei de drogas (30 dias solto 90 dias preso – 
prazo duplicável) 
Justiça federal (15 dias preso, 30 dias solto 
– é prorrogável) 
*A PALAVRA RÉU SÓ PODE SER USADA NO 
PROCESSO, NO CASO DO INQUÉRITO É 
INVESTIGADO* 
Início do Inquérito 
 De ofício pelo delegado¹ 
 Pedido do promotor (MP) ou juiz à 
autoridade judiciária² 
 Por requerimento do ofendido ou 
representante legal³ 
*crítica à possibilidade de juiz fazer o 
pedido – mesmo juiz que dá início à 
investigação será juiz que julga – prevento 
– contaminação do juiz 
*Quem determina que não pode abrir 
ação porque há excludente de ilicitude? 
Juiz? Mp? Delegado? 
*O delegado tem que abrir inquérito toda 
vez que souber de algum fato típico? 
1) STF – delegado tem que instaurar o 
inquérito, mesmo que ele saiba que há 
algum excludente de ilicitude ou 
culpabilidade, lá ele coloca que não há 
imputabilidade penal (majoritária) e cabe 
ao promotor de justiça denunciar ou não² 
2) Associação dos Delegados de Polícia – 
não precisa instaurar inquéritoRequerimento do ofendido ou 
representante legal³ 
Delegado só pode instaurar inquérito 
para ação penal pública condicionada 
 
 
ou privada se houver manifestação das 
partes 
Se for ação penal pública 
incondicionada o delegado pode emitir 
portaria para começar o inquérito, pode 
fazer requisição a juiz ou mp, pode iniciar 
através de uma notícia criminis, com base 
em flagrante 
Homicídio tentado – crime de ação penal 
pública incondicionada: delegado pode 
agir de ofício, a partir de notícia criminis 
E a vítima pode representar também nas 
ações penais públicas incondicionadas, 
não é obrigatório e é mais comum nos 
outros tipos de ação, mas ela pode sim 
*denúncia anônima abre investigação 
preliminar para só depois poder instaurar 
inquérito 
Notícia criminis espontânea (toma 
conhecimento realizando atividades 
rotineiras), mediata/povocada (toma 
conhecimento por um expediente escrito, 
alguém denunciou), coercitiva (quando 
há um flagrante), inqualificada (denúncia 
anônima) 
 
Incomunicabilidade 
Decretada por juiz 
Pode ser pedida pelo delegado ao juiz – 3 
dias de incomunicabilidade 
Identificação 
Uma pessoa ao ser presa não vai 
necessariamente tirar fotos ou ter suas 
impressões digitais colhidas – só se faz isso 
quando não é possível a identificação 
civil 
Basta identificação civil e não a criminal 
(a acima identificada) 
Banco de material genético 
Diligências 
 Investigatórias 
São vinculadas 
O delegado TEM que fazer 
1) Preservação do estado das coisas, 
da cena do crime (dificultadas pela 
população) 
2) Apreensão de objetos que tem 
relação com o fato (perícia, fotos...) 
– se os objetos forem de interesse do 
processo, não são devolvidos 
Instrumentos do crime e lucros do crime 
não serão restituídos mesmo quando o 
processo termine, a não ser quando for 
terceiro de boa-fé 
Quando os objetos não têm interesse 
para o processo podem ser restituídos por 
ordem do delegado ou juiz 
3) Provas serão colhidas: testemunhas, 
digitais... 
4) Ouvir o ofendido 
A última pessoa a ser ouvida geralmente 
é o investigado 
5) Ouvir o indiciado 
Precisa ou não de advogado? 
Não é obrigado que o investigado seja 
acompanhado de advogado, pois aqui 
ainda se trata de procedimento 
administrativo. Se o indiciado solicita 
presença de advogado tem que respeitar 
Será abuso de autoridade e será ilegal 
continuar a oitiva mesmo sem o 
investigado querer 
Se o ofendido não comparecer para ser 
ouvido poderá ser ordenada sua 
condução coercitiva (que não pode ser 
confundida com prisão) 
6) Reconhecimento de pessoas, 
coisas e acareações 
 
 
Através de comparação entre suspeitos 
(presencial ou fotográfico) 
Reconhecimento realizado de forma não 
preceituada no CPP – segundo 
jurisprudência há somente possibilidade 
de nulidade relativa, pois não é prova, já 
que ainda é fase pré-processual 
Acareação admitida entre investigados, 
entre investigado e testemunha, entre 
testemunhas... – suscitar algum ponto 
divergente entre versões 
O investigado é obrigado a passar pelo 
processo de reconhecimento, mas não 
precisa participar da reconstituição, pois 
produziria ativamente provas contra si 
mesmo 
7) Exame de corpo e delito é 
obrigatório 
8) Identificação civil do indiciado e 
excepcionalmente, identificação 
criminal 
9) Averiguação da vida pregressa do 
indiciado 
Como é a vida pessoal, familiar, pessoa 
em situação de rua, hipossuficiente, 
usuária de drogas, estado de ânimo 
10) Informação sobre filhos menores ou 
deficientes... 
Requisições das informações de rádio-
base evitam o fornecimento de álibi 
errado e ajudam no encontro da própria 
vítima – localização do celular, câmeras 
em semáforos, nas ruas... 
Art. 13-A e Art. 13-B Em crimes 
relacionados com privação de liberdade, 
delegado e MP pedem que se quebre o 
sigilo do rádio base, basta informar quem 
pede, número do inquérito e unidade de 
qual estado, dispensando autorização 
judicial 
Quando se trata de tráfico de pessoas 
acontece a mesma coisa, porém, 
mediante autorização judicial - 
confuso/contraditório, porque nos crimes 
de cárcere não se fala em autorização 
judicial 
As empresas de rádio base normalmente 
só entregam os dados e informações 
mediante a autorização 
Relatório Final 
Só quem pode elaborar, assinar e enviar o 
relatório é o delegado 
Serve de embasamento para MP oferecer 
a denúncia e para prestar contas para a 
sociedade 
Delegado não pode fazer juízo de valor, 
nem de culpa, nem de materialidade. O 
relatório deve ser neutro – regra geral ele 
não opina, só relata 
Exceção: lei de drogas – delegado 
poderá distinguir se investigado é usuário 
ou traficante 
Inquérito deve terminar no prazo de 10 
dias se investigado estiver preso e 30 dias 
se estiver solto 
A lógica seria que depois de pronto, o 
relatório iria para o Ministério Público, que 
iria decidir se denuncia ou não, mas o que 
acontece pelo CPP é: 
O delegado encaminha relatório para o 
juiz e o juiz encaminha para o Ministério 
Público 
STJ entende que pode mandar direto 
para o MP 
STF entende que tem que seguir o rito do 
CPP, delegado – juiz (que não faz nada, 
só encaminha) – MP 
Se for crime de ação penal privada – o MP 
guarda os autos em cartório para 
aguardar representação da vítima, que 
tem 6 meses para representar 
Se o crime for de ação penal pública: 
 
 
1) Inquérito declarado como 
suficiente e pode se oferecer 
denuncia 
2) Promoção de arquivamento: pois 
não tem materialidade, indício 
nenhum de autoria... 
3) Requisição de diligências – há 
dúvidas 
4) Declinar competência ou suscitar 
conflito de competência 
*declinar – Autoridade entende que a 
competência não é dele 
*conflito – Mais de um órgão que se acha 
competente ou incompetente 
Se o réu está preso e há requisição de 
novas diligências – tem que soltar para 
pedir as novas diligencias ou então 
oferecer a denúncia 
Indiciamento 
Formalmente colocar uma pessoa como 
sujeito suspeito 
Ato privativo de delegado 
*No caso de servidores públicos 
indiciados por lavagem de dinheiro, há 
afastamento do cargo – mas nos demais 
casos não tem nenhuma repercussão 
Depois da denúncia não é mais cabível o 
indiciamento 
Indiciamento só é cabível até o 
oferecimento da denúncia, ou seja, 
apenas na fase administrativa pré-
processual 
Nem promotor nem juiz podem pedir para 
delegado indiciar – deve ser um ato de 
ofício 
Ato formal e escrito do delegado – deve 
ser fundamentado 
Tem que colocar elementos informativos 
de autoridade e materialidade (fumus 
comissi delicti) – fumaça do cometimento 
de crime 
Desindiciamento – revogação de 
indiciamento pode ser feita por delegado 
e também pelo poder judiciário, 
geralmente por ordem conseguida por 
meio de habeas corpus 
*qualquer um pode ser indiciado, menos: 
Juiz, promotor, autoridades com 
prerrogativa de foro 
No juizado não tem indiciamento – 
incompatibilidade com celeridade 
 Indiciamento direto – investigado 
que está presente preso em 
flagrante ou compareceu a 
delegacia 
 Indiciamento indireto – quando 
investigado está foragido 
Não fere o princípio da inocência pois só 
pode ser feito de forma fundamentada 
baseado em indícios de autoria e 
materialidade 
Desindiciamento até o recebimento da 
denúncia também 
Inquérito pode ser arquivado² e também 
desarquivado: 
Faz coisa julgada formal 
 Falta de pressuposto processual ou 
condição de ação – PODE 
DESARQUIVAR 
 Falta de justa causa para exercer 
ação penal, os indícios de autoria e 
materialidade – PODE 
DESARQUIVAR 
 
Faz coisa julgada formal e material 
 Excludente de tipicidade – NÃO 
PODE DESARQUIVAR 
 Excludente de ilicitude – NÃO PODE 
(STJ) E PODE (STF) 
 
 
*pois stf acredita que só faz coisa 
julgada formal 
 Excludente de culpabilidade – NÃO 
PODE DESARQUIVAR Excludente de punibilidade – NÃO 
PODE DESARQUIVAR 
*exceção: certidão de óbito falsa – 
vai poder desarquivar 
Mesmos motivos para não recebimento 
de denúncia e absolvição sumária 
Desarquivamento somente se o 
arquivamento fez apenas coisa julgada 
formal (porque ainda há possibilidade de 
ser reformada) 
Se o inquérito foi arquivado por prova 
fraudada, o STF entende que o caso pode 
ser reaberto 
Procedimento do arquivamento – MP 
ordena arquivamento sem passar pela 
homologação do juiz, mas sim 
homologação pelo procurador de justiça 
na esfera estadual, que é o superior 
Arquivamento é informado à vítima e ela 
pode manifestar se concorda ou não – 
tem 30 dias para recorrer 
Se for contra Estado, Município ou União – 
revisão é provocada pela chefia do 
órgão – procurador do município, do 
estado, união 
Não tem habeas corpus para desarquivar 
inquérito, somente para arquivar

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