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INQUÉRITO POLICIAL Não é uma fase do processo penal É um procedimento preparatório para o processo – averiguação de autoria e materialidade do fato O processo começa da denúncia (ofertada pelo Ministério Público) ou queixa (ofertado pelo ofendido) Tem natureza de procedimento administrativo investigatório realizado pela polícia judiciária com finalidade de formação da justa causa Autoridade policial ≠ Autoridade judicial Algumas garantias processuais não são atendidas no inquérito Tem natureza: Preservadora: preservar o mínimo de garantias e cautela Preparatória: munir o processo de elementos investigativos que podem conduzir para formação da culpa, identificando fontes de prova e colhendo elementos informativos * O inquérito, em geral, não produz provas, pois não tem garantias como contraditório ou ampla defesa, mas excepcionalmente quando as provas não são repetíveis ou correm o risco de perecer, acaba coletando algumas A denúncia tem que demonstrar a justa causa, devendo possuir o mínimo para que o réu seja processado, alvo de um processo penal – o juiz tem que verificar o mínimo de materialidade e autoria Não se trabalha com certeza, mas com indícios de autoria e materialidade É possível que o ministério público se baseie em outros procedimentos administrativos (ex: CPI, PAD, PIC- procedimento investigativo criminal feito pelo próprio MP) pois é procedimento DISPENSÁVEL STF entende que MP poderia investigar, mas limitadamente, devido a reserva de jurisdição Juiz não pode proferir uma sentença condenatória com base apenas no que foi colhido no inquérito - condenações são baseadas em provas e provas são feitas no processo com suas garantias Juiz da garantia evita que o juiz que sentencia seja contaminado pelo inquérito Quem atuará no inquérito é a autoridade policial da polícia judiciária art. 4º, exercida prementemente pela polícia civil e pela polícia federal Quem preside inquérito no Brasil é delegado de polícia civil e delegado de polícia federal Tipos de policia 1) Polícia judiciária – exercida pela polícia civil e polícia federal: repressiva e investiga fato que já aconteceu 2) Polícia administrativa – exercida pela polícia militar: função ostensiva e preventiva de delitos *somente excepcionalmente investigará *nem todo crime investigado pela polícia federal é de competência da Justiça Federal *pessoas que cometem crimes em vários estados por exemplo, há possibilidade de prolongação de competência Investigação de crimes dentro da própria corporação – criticado Crimes contra a ordem política e social ou em detrimento de bem da união, autarquia federal ou empresa pública federal – podem ser investigados pela polícia federal, mas julgados pela justiça estadual Polícia civil investiga infrações penais, exceto as cometidas por policiais militares Os atos do inquérito podem ser gravados, mas não dispensa documentação por ESCRITO Peças do inquérito escritas ou digitadas com assinatura do responsável O inquérito é DISPENSÁVEL pois existem outras formas de procedimento investigatório O órgão do MP pode dispensar o inquérito, se com a representação já foram fornecidas informações suficientes para promoção de ação penal Art. 12 se houver um inquérito e ele for utilizado pelo MP ou promotor para formular a denúncia, essa denúncia tem que vir acompanhada do inquérito, pois quando o juiz a receber verá se a justa causa está presente É raro que a denúncia não seja acompanhada de inquérito MP pode denunciar no que ele mesmo investigou num inquérito próprio (pic) *Inquérito policial é feito por delegado *Inquérito civil é feito por outro, ex: MP É DISCRICIONÁRIO pois não é obrigado a seguir um molde Pode analisar se diligencias são realmente necessárias para o caso Tudo pode ser pedido pelo ofendido, representante, MP, investigado – mas a diligência poderá ou não ser realizada, com base na conveniência e oportunidade Existem determinadas diligências, no entanto, que são obrigatórias Exame de corpo de delito em infrações que deixam vestígios é obrigatória INDISPONIBILIDADE – pelo delegado Art. 17 Autoridade policial não pode mandar arquivar autos de inquérito Quem arquiva é autoridade JUDICIAL Delegado não dispõe do inquérito livremente, ele somente preside, mas não é responsável pelo arquivamento Inquérito é SIGILOSO, mas em crimes que não correm em segredo de justiça, processos são públicos Sigilo necessário para elucidação do fato Proteção do próprio inquérito O advogado tem acesso ao inquérito – mas acesso não é amplo e irrestrito Súmula Vinculante 14 – o advogado do investigado tem direito a acessar o inquérito, mas só acessa aquelas diligências que já foram feitas, escritas, assinadas e incorporadas ao inquérito, não tem acesso a diligência que está em andamento Se está em segredo de justiça – procuração O advogado e o réu são comunicados da decisão que decretou a prisão somente depois que o réu é preso Nulidades ou vícios do inquérito policial não contaminam a ação penal Se dentro do inquérito são produzidas cautelares de forma ilícita e elas são usadas dentro do processo penal, acabam contaminando as que derivam dela Presença de advogado no inquérito não é uma obrigação – investigado pode pedir, mas não é obrigatório Contraditório e ampla defesa são reduzidos – sistema inquisitório – não tem partes confrontando provas com bases em garantias constitucionais Inquérito é OFICIOSO – delegado tem poder/dever de instaurar inquérito em crimes de ação pública incondicionada Não pode instaurar inquérito em crimes de ação penal privada e em ação penal pública condicionada a representação Ação penal pública incondicionada – titular é o MP Pode ser incondicionada: delegado pode iniciar o inquérito desde logo sem provocação ou condicionada a representação do ofendido Ação penal privada – titular é o ofendido Nos dois últimos casos delegado precisa ser provocado pelo ofendido para começar o inquérito Inquérito contra alguém que tem prerrogativa de foro não pode ser conduzido sem autorização O inquérito é marcado pela OFICIALIDADE – presidido por um representante da polícia judiciária, é um instituto público, particular não faz um inquérito – tem caráter público presidido por um agente estatal Marcado pela AUTORIDADE – presidido pela autoridade do órgão, o delegado Inquérito é TEMPORÁRIO – pessoa não pode ser investigado eternamente O prazo varia se o investigado está preso ou solto, a regra geral do CPP, conforme o art. 10 é: Se está preso – 10 dias Se está solto – 30 dias *prazo pode ser prorrogado e em outras leis o prazo é diferente Lei de drogas (30 dias solto 90 dias preso – prazo duplicável) Justiça federal (15 dias preso, 30 dias solto – é prorrogável) *A PALAVRA RÉU SÓ PODE SER USADA NO PROCESSO, NO CASO DO INQUÉRITO É INVESTIGADO* Início do Inquérito De ofício pelo delegado¹ Pedido do promotor (MP) ou juiz à autoridade judiciária² Por requerimento do ofendido ou representante legal³ *crítica à possibilidade de juiz fazer o pedido – mesmo juiz que dá início à investigação será juiz que julga – prevento – contaminação do juiz *Quem determina que não pode abrir ação porque há excludente de ilicitude? Juiz? Mp? Delegado? *O delegado tem que abrir inquérito toda vez que souber de algum fato típico? 1) STF – delegado tem que instaurar o inquérito, mesmo que ele saiba que há algum excludente de ilicitude ou culpabilidade, lá ele coloca que não há imputabilidade penal (majoritária) e cabe ao promotor de justiça denunciar ou não² 2) Associação dos Delegados de Polícia – não precisa instaurar inquéritoRequerimento do ofendido ou representante legal³ Delegado só pode instaurar inquérito para ação penal pública condicionada ou privada se houver manifestação das partes Se for ação penal pública incondicionada o delegado pode emitir portaria para começar o inquérito, pode fazer requisição a juiz ou mp, pode iniciar através de uma notícia criminis, com base em flagrante Homicídio tentado – crime de ação penal pública incondicionada: delegado pode agir de ofício, a partir de notícia criminis E a vítima pode representar também nas ações penais públicas incondicionadas, não é obrigatório e é mais comum nos outros tipos de ação, mas ela pode sim *denúncia anônima abre investigação preliminar para só depois poder instaurar inquérito Notícia criminis espontânea (toma conhecimento realizando atividades rotineiras), mediata/povocada (toma conhecimento por um expediente escrito, alguém denunciou), coercitiva (quando há um flagrante), inqualificada (denúncia anônima) Incomunicabilidade Decretada por juiz Pode ser pedida pelo delegado ao juiz – 3 dias de incomunicabilidade Identificação Uma pessoa ao ser presa não vai necessariamente tirar fotos ou ter suas impressões digitais colhidas – só se faz isso quando não é possível a identificação civil Basta identificação civil e não a criminal (a acima identificada) Banco de material genético Diligências Investigatórias São vinculadas O delegado TEM que fazer 1) Preservação do estado das coisas, da cena do crime (dificultadas pela população) 2) Apreensão de objetos que tem relação com o fato (perícia, fotos...) – se os objetos forem de interesse do processo, não são devolvidos Instrumentos do crime e lucros do crime não serão restituídos mesmo quando o processo termine, a não ser quando for terceiro de boa-fé Quando os objetos não têm interesse para o processo podem ser restituídos por ordem do delegado ou juiz 3) Provas serão colhidas: testemunhas, digitais... 4) Ouvir o ofendido A última pessoa a ser ouvida geralmente é o investigado 5) Ouvir o indiciado Precisa ou não de advogado? Não é obrigado que o investigado seja acompanhado de advogado, pois aqui ainda se trata de procedimento administrativo. Se o indiciado solicita presença de advogado tem que respeitar Será abuso de autoridade e será ilegal continuar a oitiva mesmo sem o investigado querer Se o ofendido não comparecer para ser ouvido poderá ser ordenada sua condução coercitiva (que não pode ser confundida com prisão) 6) Reconhecimento de pessoas, coisas e acareações Através de comparação entre suspeitos (presencial ou fotográfico) Reconhecimento realizado de forma não preceituada no CPP – segundo jurisprudência há somente possibilidade de nulidade relativa, pois não é prova, já que ainda é fase pré-processual Acareação admitida entre investigados, entre investigado e testemunha, entre testemunhas... – suscitar algum ponto divergente entre versões O investigado é obrigado a passar pelo processo de reconhecimento, mas não precisa participar da reconstituição, pois produziria ativamente provas contra si mesmo 7) Exame de corpo e delito é obrigatório 8) Identificação civil do indiciado e excepcionalmente, identificação criminal 9) Averiguação da vida pregressa do indiciado Como é a vida pessoal, familiar, pessoa em situação de rua, hipossuficiente, usuária de drogas, estado de ânimo 10) Informação sobre filhos menores ou deficientes... Requisições das informações de rádio- base evitam o fornecimento de álibi errado e ajudam no encontro da própria vítima – localização do celular, câmeras em semáforos, nas ruas... Art. 13-A e Art. 13-B Em crimes relacionados com privação de liberdade, delegado e MP pedem que se quebre o sigilo do rádio base, basta informar quem pede, número do inquérito e unidade de qual estado, dispensando autorização judicial Quando se trata de tráfico de pessoas acontece a mesma coisa, porém, mediante autorização judicial - confuso/contraditório, porque nos crimes de cárcere não se fala em autorização judicial As empresas de rádio base normalmente só entregam os dados e informações mediante a autorização Relatório Final Só quem pode elaborar, assinar e enviar o relatório é o delegado Serve de embasamento para MP oferecer a denúncia e para prestar contas para a sociedade Delegado não pode fazer juízo de valor, nem de culpa, nem de materialidade. O relatório deve ser neutro – regra geral ele não opina, só relata Exceção: lei de drogas – delegado poderá distinguir se investigado é usuário ou traficante Inquérito deve terminar no prazo de 10 dias se investigado estiver preso e 30 dias se estiver solto A lógica seria que depois de pronto, o relatório iria para o Ministério Público, que iria decidir se denuncia ou não, mas o que acontece pelo CPP é: O delegado encaminha relatório para o juiz e o juiz encaminha para o Ministério Público STJ entende que pode mandar direto para o MP STF entende que tem que seguir o rito do CPP, delegado – juiz (que não faz nada, só encaminha) – MP Se for crime de ação penal privada – o MP guarda os autos em cartório para aguardar representação da vítima, que tem 6 meses para representar Se o crime for de ação penal pública: 1) Inquérito declarado como suficiente e pode se oferecer denuncia 2) Promoção de arquivamento: pois não tem materialidade, indício nenhum de autoria... 3) Requisição de diligências – há dúvidas 4) Declinar competência ou suscitar conflito de competência *declinar – Autoridade entende que a competência não é dele *conflito – Mais de um órgão que se acha competente ou incompetente Se o réu está preso e há requisição de novas diligências – tem que soltar para pedir as novas diligencias ou então oferecer a denúncia Indiciamento Formalmente colocar uma pessoa como sujeito suspeito Ato privativo de delegado *No caso de servidores públicos indiciados por lavagem de dinheiro, há afastamento do cargo – mas nos demais casos não tem nenhuma repercussão Depois da denúncia não é mais cabível o indiciamento Indiciamento só é cabível até o oferecimento da denúncia, ou seja, apenas na fase administrativa pré- processual Nem promotor nem juiz podem pedir para delegado indiciar – deve ser um ato de ofício Ato formal e escrito do delegado – deve ser fundamentado Tem que colocar elementos informativos de autoridade e materialidade (fumus comissi delicti) – fumaça do cometimento de crime Desindiciamento – revogação de indiciamento pode ser feita por delegado e também pelo poder judiciário, geralmente por ordem conseguida por meio de habeas corpus *qualquer um pode ser indiciado, menos: Juiz, promotor, autoridades com prerrogativa de foro No juizado não tem indiciamento – incompatibilidade com celeridade Indiciamento direto – investigado que está presente preso em flagrante ou compareceu a delegacia Indiciamento indireto – quando investigado está foragido Não fere o princípio da inocência pois só pode ser feito de forma fundamentada baseado em indícios de autoria e materialidade Desindiciamento até o recebimento da denúncia também Inquérito pode ser arquivado² e também desarquivado: Faz coisa julgada formal Falta de pressuposto processual ou condição de ação – PODE DESARQUIVAR Falta de justa causa para exercer ação penal, os indícios de autoria e materialidade – PODE DESARQUIVAR Faz coisa julgada formal e material Excludente de tipicidade – NÃO PODE DESARQUIVAR Excludente de ilicitude – NÃO PODE (STJ) E PODE (STF) *pois stf acredita que só faz coisa julgada formal Excludente de culpabilidade – NÃO PODE DESARQUIVAR Excludente de punibilidade – NÃO PODE DESARQUIVAR *exceção: certidão de óbito falsa – vai poder desarquivar Mesmos motivos para não recebimento de denúncia e absolvição sumária Desarquivamento somente se o arquivamento fez apenas coisa julgada formal (porque ainda há possibilidade de ser reformada) Se o inquérito foi arquivado por prova fraudada, o STF entende que o caso pode ser reaberto Procedimento do arquivamento – MP ordena arquivamento sem passar pela homologação do juiz, mas sim homologação pelo procurador de justiça na esfera estadual, que é o superior Arquivamento é informado à vítima e ela pode manifestar se concorda ou não – tem 30 dias para recorrer Se for contra Estado, Município ou União – revisão é provocada pela chefia do órgão – procurador do município, do estado, união Não tem habeas corpus para desarquivar inquérito, somente para arquivar
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