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História Medieval Oriental O Império de Carlos Magno e o Renascimento Carolíngio Texto 11: Cap. VI: O Esmaecer da Europa (Sec. VIII-X); Édouard Perroy - IN: Idade Média: a expansão do Oriente e o Nascimento da Civilização Ocidental; Geogers Duby (Org.) • Diretamente ameaçada pela expansão do Islã, a Europa ocidental, no início do século VIII, é uma região selvagem onde, afora alguns refúgios isolados, os últimos vestígios da cultura antiga acabam de corromper-se, onde a religião cristã é completamente deformada pelas superstições e sobrevivências do paganismo • Ume terra de violência, dominada por uma aristocracia inculta, turbulenta, ávida de prazeres grosseiros e que poder algum consegue disciplinar • Uma região despovoada, porque a terra, transformada na única fonte de riqueza, é explorada seguindo métodos muito primitivos e de rendimento extremamente fraco Fragmentação política • A Inglaterra, que abriga os mosteiros e centro de saber cristãos mais ricos, encontra-se fragmentada em diversos reinos hostis e de igual fraqueza • A civilização da Gália do norte é por demais decadente, seus quadros eclesiásticos excessivamente medíocres, para que uma restauração política da Europa realmente torne-se fecunda • Se o pontificado conseguiu, por intermédio dos monges anglo-saxões, alargar seu prestígio as novas cristandades do ocidente, a corte pontificial, invadida pelos refugiados gregos, sírios e dálmatas, que bizantinizam sua liturgia, está submetida a influência dogmática dos patriarcas de Constantinopla e a pesada tutela dos imperadores, enquanto a pressão dos lombardo ameaça a integridade do patrimônio de São Pedro • Essa falta de coordenação entre as forças reais, mas paralisadas pela desunião, faz da Europa uma região vulnerável Fragmentação política • Ao sul, [a Europa] é pouco a pouco submersa pelo Islã: os pequenos contingentes berberes que, em alguns combates, destruíram a monarquia visigótica, levam seu avanço além dos Pirineus entre 719 e 725 • Nesse momento, esboçava-se um reagrupamento das forças ocidentais • Formavam-se laços, que se estreitariam durante o século VIII, entre os chefes da aristocracia franca, os sábios missionários da Grã-Bretanha e o pontificado, que procurava liberdade da pressão bizantina • Esta união deveria reunir todo o ocidente, fortifica-lo, protege-lo das invasões. Temporariamente é verdade • Este curto alento representou um momento decisivo na História da civilização medieval: permitiu uma síntese, fundamento verdadeiro do futuro renascimento da Europa Formação do Império Carolingio • LEMBRANDO! • Transformada pela decomposição do poder central dos reinos francos, a prefeitura do paço, regida pelo Major Domus (prefeito do paço) gradualmente conquista uma centralidade paralela e duradoura de poder • Gália franca merovíngia tinha em sua aristocracia fidelidade a cristandade romana • Em 714 se da a morte de Pepino de Herstal (Major Domus do reino franco merovíngio da Austrácia) • Um de seus filhos bastardos, Carlos Martel, assenhorar-se-á do poder, auxiliado por seus próprios fiéis • Carlos Martel detém, em 732, a expedição do emir da Espanha, surgindo, após a vitória, como salvador da cristandade latina; outras campanhas de Carlos Martel fecham as rotas muçulmanas de acesso ao norte ocidental • Carlos coloca em todos os condados da Gália homens de confiança, escolhidos entre seus parentes e sua clientela austrasiana, recorrendo, para dotá-los, à riquíssima fortuna territorial da igreja • Compreendendo que para submeter a Germânia, deveria civilizá-la e convertê-la, concedendo apoio de sua força aos missionários anglo-saxões • Educados nos mosteiros, os filhos de Carlos Martel sofrem ainda mais a ascendência dos homens da Igreja e, com apoio do evangelizador São Bonifácio, empreendem a reforma eclesiástica na região franca. • Tornando-se, em 747, o único detentor do poder, Pepino- O Breve (filho de Carlos Martel), entra em contato com a Santa Sé que, não podendo, nem querendo recorrer a Bizâncio e sofrendo perigosa pressão dos lombardos, procura um apoio Formação do Império Carolingio • O papa, empenhado em fortalecer o poder do Major Domus, reformador da Igreja e devotado protetor dos missionários, autoriza Pepino- O breve, formalmente a substituir o fraquíssimo soberano merovíngio • Em 751, Pepino é eleito rei dos francos, colocando fim a dinastia merovíngia e dando início a dinastia carolíngia • Para legitimar a mudança de dinastia, para conferir ao usurpador um prestígio místico superior, São Bonifácio derrama sobre sua fronte os santos óleos (unção), tornando assim o monarca sagrado entre os homens • O próprio papa, em 754, renova a unção e, consagrando desta vez toda a estirpe, estende-a aos filhos de Pepino • Essa cerimônia sela a aliança entre o rei franco e o bispo de Roma e, imediatamente, Pepino concede ao pontificado seu apoio militar • Prepara-se, assim, a restauração do Império do Ocidente Formação do Império Carolingio Formação do Império Carolingio • Este acontecimento foi igualmente facilitado pelos êxitos militares do filho de Pepino, Carlos Magno, que, conduzindo anualmente os exércitos francos a uma ou outra fronteira, dilata-se até os próprios confins da cristandade latina • No ano 800, a autoridade do rei dos francos expandiu-se de tal maneira que se pensa, nos meios eclesiásticos, em restabelecer em seu favor a magistratura impérios e em reatar, pois o Ocidente acaba de reencontrar sua unidade política e espiritual após três séculos de divisões e de desordens, os laços com a tradição interrompida em 476 • No dia de Natal, na basílica de São Pedro de Roma, Carlos Magno, segundo os mesmos ritos seguidos em Constantinopla para a coroação imperial, recebe o diadema, sendo acalmado imperador do romanos • Doze anos mais tarde, Bizâncio reconhece oficialmente o restabelecimento do império ocidental EUROPA CAROLINGIA SEC. VIII Atlas histórico geral e do Brasil (Português) Capa comum – 11 Outubro 2013 Debilidade econômica • Nas condições da formação do império carolíngio, é reduzidíssima a atividade econômica • As incursões muçulmanas, as campanhas policias de Carlos Martel e Pepino destruíram, nas regiões sul, os últimos vestígios da economia antiga, orientada para o mediterrâneo • As pequenas colônias de mercadores de origem orienta que, na época merovíngia, constituíam em cada cidade as etapas do comércio de longo curso, foram pouco a pouco reabsorvidas • Alguns nativos dedicam-se ao comércio, mas quase sempre de maneira ocasional, e estes negotiatores tornaram-se raros • Todavia, ainda neste caso, o reforço da ordem política na Gália do norte, seguindo aprece, favoreceu, a partir de 750, certo reerguimento a um leve recrudescimento dos negócios • Por outro lado, prossegue o comércio de importação de produtos orientais de elevadíssimo preço, agora não mais por via mediterrânica, mas pelas vias pluviais da Europa ocidental em comunicação com o oriente • Logo, o império carolíngio tem uma economia essencialmente rural • Cidades desempenham um papel insignificante • Metais preciosos acham-se em sua maioria imobilizados nos tesouros de ouriversaria • A massa do numerário em circulação é extremamente reduzida, como podemos constatar a frequência de empréstimos onde a terra é dada como penhor (garantia) • A multiplicidade das oficinas monetárias, instaladas junto a cada mercado de alguma importância com o fim de abastece-lo, na medida que suas exigências por novas moedas A economia da terra: o domínio • A empresa econômica fundamental é, nesta época, o grande domínio, instituição cujos quadros são antigos, certamente, mas que apenas surge claramente delineada à luz dos documentos nos primeiros anos do século IX • As sucessões, as compras, as vendas, as doações, fazem variar constantemente suas formas, originando superfícies muito desiguais • Alguns domínios cobrem apenas 100 ha, outros englobam mais de 18.000ha •A despeito dessa diversidade exterior, os empreendimentos ligados aos domínios territoriais apresentam uma estrutura uniforme: dividida em duas partes • A reserva: porção de terra explorada diretamente pelo senhor – cujo centro, a “corte”, reúne ao redor da moradia do senhor ou de seu administrador os alojamentos do servidores domésticos, os edifícios d exploração e, amiúde, uma igreja • A outra parte é constituída pelo excedente de terras aráveis tenências (terra concedida contra prestação de serviço, recebendo o concessionário apenas seu usufruto) e os mansos (habitação rural à qual se ligava certa extensão de terra A economia da terra: o domínio • A villa, efetivamente, é por demais vasta para que o senhor possa organizar sozinho a exploração de todas as terras cultiváveis. Estas exigem, no estado em que se encontram as técnicas agrárias, uma abundantíssima mão-de-obra • A raridade da moeda impede o contrato de trabalhadores assalariados; também não é vantajoso manter uma numerosa corte de escravos domésticos, de recrutamento penoso, sustendo custoso e rendimento medíocre • Eis por que os grandes proprietários territoriais lotearam parte de suas terras aráveis, instalando, nas pequenas explorações familiares assim constituídas, a maioria de seus escravos e dos camponeses livres • Ambos recebiam pleno gozo a parte que lhes é atribuída e que deve garantir a subsistência de sua família; em troca, estão adstritos a obrigações de duas espécies • Devem, em primeiro lugar, contribuir diretamente para a manutenção da casa senhorial, fornecendo anualmente algumas moedas, uma quantidade fixa de gêneros agrícolas e produtos da indústria doméstica, objetos de madeira ou peças de tecido • Além disso, e principalmente, devem participar da exploração da reserva Sociedade Rural • Essencialmente baseada na terra, a sociedade franca acha-se, na época carolíngia, organizada em função da instituição dominial • Os escravos ainda procedentes das regiões pagãs tornaram-se muito caros depois que passar a ser objeto de lucrativas transações com os compradores muçulmanos • No começo do século IX, os servi apenas apresentavam, ao que parece, um décimo da população rural, em sua maioria centrados numa tenência • Sua condição é sempre hereditária e liga-os inteiramente a seu proprietário, que os castiga à vontade e conserva um direito superior sobre tudo o que possuam e sobre sua descendência; não podem deslocar-se, nem casar-se sem autorização do seu senhor; devem corresponder a todas as suas exigências • Todavia, desde que instalados num manso com sua família, suas obrigações tendem a limitar-se aos encargos fixos da tenência que lhes foi confiada • Transmitem normalmente o usufruto aos seus herdeiros • Quando não estão submetidos a corveia (serviço gratuito que se prestava ao soberano), trabalhavam livremente a sua terra e podem vender parte de seus frutos • Têm possiblidades de poupar, de construir um pecúlio, podendo os mais empreendedores, pela compra de uma terra livre, adquirir plena independência econômica Sociedade Rural ❖ Alódio: "terra cujo proprietário detém sua posse absoluta, propriedade mantida com absoluta independência, sem estar sujeita a qualquer arrendamento, serviço ou reconhecimento de um superior" (dicionário Webster de 1825) ❖ A posse de um alódio era, essencialmente, rara, sujeito a leis especiais pouco usuais • Os alodiais, efetivamente participam de maneira completa das atividades militares e judiciárias da comunidade franca • Entretanto, quando sua fortuna é modesta e não têm a quem confiar o cuidado de dirigir a exploração de seus bens, a obrigação de comparecer aos tribunais e de acompanhar em todos os verões as expedições guerreiras, surte como um encargo ruidoso, de que muitos procuram esquivar-se, colocando-se, sob o patrono de um poderoso e até, transformando o alódio em tenência, tornando-se colonos de um grande proprietário • Assim, a classe média esgota-se progressivamente e o declínio geral da sociedade livre evidencia mais a superioridade dos senhores territoriais • Senhores territoriais esses que, recebendo os serviços de doze famílias de rndeiros, podem integrar-se nos exércitos montados e revestidos de couraça, especialmente, daqueles que possuem diversas Villae
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