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Infecção do trato urinário na criança

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Infecção do trato urinário em criança 
 
A ITU consiste na presença de germes patogênicos no sistema urinário resultando em processo 
inflamatório sintomático. O sistema urinário, a princípio, deve ser estéril. 
 
Importância clínica 
2ª infecção bacteriana mais prevalente em pediatria (perde somente para as IVAS). Alto 
percentual de recorrência – importante identificar o que está causando a ITU e tratar, pois, caso 
contrário as infecções por repetição causará danos renais. Frequente principalmente no 
primeiro ano de vida. Pode estar associado a mal formação ou obstrução – é possível identificar 
ainda no intraútero por meio do USG. Dificuldade no diagnóstico e no seguimento – o que fecha 
o diagnóstico de ITU é cultura (não fica pronto em um dia); orientar coleta certa, já que coleta 
errada gera resultados errados. Comprometimento renal e HAS. 
 
Incidência 
1º ano de vida → relação de 1:1 (sexo masculino:feminino). Meninas ocorrem a partir do 
segundo ano de vida (uretra mais curta). Meninos 1,7% e meninas 8,4% de acometimento. 
 
Quando suspeitar? 
Todo lactente com febre sem foco aparente há mais de 24 horas. 
1. Cálculo da probabilidade de ITU pré-coleta de urina, com base em sintomas clínicos. 
▪ Idade < 12 meses 
▪ Temp. axilar ≥ 39ºC 
▪ História de ITU 
▪ Menina ou menina sem circuncisão 
▪ Outro foco de febre 
▪ Duração da febre > 48h 
2. Cálculo da probabilidade de ITU após resultado do sedimento urinário. 
 
Classificação 
ITU sintomática 
▪ Pielonefrite ou ITU alta: febre 
▪ Cistite ou ITU baixa: ausência de febre 
Bacteriúria assintomática: ausência de sintomas → não trata! 
Fatores de risco 
HTTPS://UTICALC.PITT.EDU/ 
▪ Sexo feminino → até 1 ano relação 1:1. Após 1 ano: mais comum nas meninas 
▪ Obstrução urinária 
▪ Treinamento de toilette: menina que se limpa errado de baixo pra cima, carreando 
bactérias 
▪ Constipação intestinal: compressão da bexiga impedindo seu esvaziamento completo 
→ estase urinária = meio de proliferação bacteriano 
▪ Oxiuríase: principal sintoma é prurido anal 
▪ Fimose: a cirurgia só é indicada antes do desfralde se o menino começa a ter ITU. 
Normalmente é feita a partir dos 3 anos. 
 
Etiologia 
▪ Enterobactérias: E. coli 
▪ Gram negativas: Proteus, Klebsiella 
▪ Outros: S. aureus, Candida albicans, Adenovírus 
 
RECÉM-NASCIDO 
Sinais e sintomas: dificuldade de sucção (dor no movimento de sucção devido ao reflexo 
gastrocólico), hipotermia, irritabilidade (altera com hipoatividade), pouco ganho ponderal, 
hipotonia. 
 
LACTENTE 
Sinais e sintomas: febre, vômitos, recusa alimentar, urina com mal cheiro, irritabilidade. 
 
PRÉ-ESCOLAR 
Sinais e sintomas: febre, vômitos, dor abdominal, incontinência urinária, polaciúria. 
 
ESCOLAR 
Sinais e sintomas: febre, dor abdominal, incontinência urinária, disúria, estranguria e polaciúria, 
urgência miccional. 
 
ADOLESCENTE 
Sinais e sintomas: febre, dor abdominal, lombalgia, disúria e polaciúria, desconforto supra 
púbico. 
 
 
Diagnóstico 
 
 
Avaliar com atenção: jato urinário, vulvovaginite, balanopostite, mal formações, Sinal de 
Giordano (somente no adolescente). 
 
Laboratorial: 
▪ EAS: leucocitúria, hematúria (1-2), esterase +, nitrito + → indicativo de ITU 
▪ Bacterioscopia e gram 
▪ URC: TSA 
 
Método de coleta de urina 
▪ Saco coletor: pior método, mais 
utilizada. A região genital é 
contaminada, por isso é preciso 
higienizar a região com água e sabão. É 
preciso que a criança faça em média 
15ml de urina. Saco coletor só serve se 
der negativo. 
▪ Cateterismo vesical: higienizar tudo, xilo no tubo, coletar urina. Não 
é 100%, porque a uretra distal é contaminada → carreia bactéria da uretra para a bexiga, 
podendo alterar o resultado. 
▪ Punção supra púbica: padrão ouro de coleta de urina em RN e lactentes (até 2 anos = 
crianças que não tem controle vesical) 
▪ Jato médio: higienização da região genital, desprezar o jato inicial, coleta do jato médio. 
 
Urocultura 
▪ Até 10.000 UFC/ml = negativo se for realizado coleta de saco coletor, jato médico, 
cateterismo vesical. Na punção supra púbica = qualquer valor é positivo. 
▪ Acima de 10.000 UFC/ml = cateterismo vesical 
▪ Acima de 50.000 UFC/ml = jato intermediário 
 
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA 
Urocultura positiva com mais de 50.000 UFC/ml sem sintomatologia. 
 
TRATAMENTO ITU 
Iniciar logo após a coleta da urina. Crianças > 2 meses e bem hidratadas (não pode estar 
vomitando, deve estar se alimentando): tratamento domiciliar e ATB oral. Crianças < 2 meses: 
tratamento hospitalar independente da clínica devido ao grande risco de sepse e complicações. 
▪ Cistite: fazer ATB por 5 a 7 dias 
▪ Pielonefrite: fazer ATB por 7 a 14 dias – não necessariamente todo esse período intra-
hospitalar 
Medicamentos orais: 
▪ Cefuroxime 30mg/kg de 12/12h 
▪ Cefaclor 40mg/kg de 8/8h 
▪ Pode usar Amoxicilina → ficar atento com resultado da cultura 
Medicamentos parenterais: 
▪ Cefuroxime 150mg/kg de 8/8h 
▪ Gentamicina 5-7,5mg/kg/dia 1x/dia IV ou IM 
▪ Amicacina 15mg/kg/dia 1x/dia 
▪ Cefotaxima 150-200mg/kg/dia de 8/8h 
▪ Piperaciclina-Tazobactam 300mg/kg/dia de 6/6h ou 8/8h 
Infecção urinária afebril (via oral): 
▪ Nitrofurantoína 5-7mg/kg de 6/7h 
▪ Cefalexina 50mg/kg/dia de 6/6h ou 8/8h 
▪ Sulfametoxazol-Trimetroprim 8-12mg TMP/kg/dia de 12/12h 
 
Complicações 
Dano renal → Hipertensão arterial sistêmica → IRA → Sepse 
 
 
 
Protocolo 
Exames de imagem 
USG renal e das vias urinárias: forma, tamanho, volume, dilatação ureteral, hidronefrose, 
duplicação das vias urinárias e cálculo renal 
Cintilografia renal com DMSA: preciso, alto custo e pouco agressivo (detecta a pielonefrite 
aguda, diagnóstico precoce de lesões cicatricias corticais e avalia a permeabilidade do sistema 
excretor). 
Uretrocistografia miccional: invasivo, melhor método para avaliação do trato inferior e do RVU. 
 
 
Quimioprofilaxia 
Reduzir os episódios recorrentes de pielonefrite e a formação ou piora de cicatrizes renais. 
▪ Crianças com alterações na USG 
▪ ITU febril com PCR positivo 
▪ RVU graus 4 ou 5 
▪ Uropatias obstrutivas 
▪ ITU recorrentes 
Iniciar profilaxia até o término da investigação. 
▪ Nitrofurantoína 2mg/kg/dia 
▪ Sulfa + TMT 10mg/kg/dia 
 
Dose única noturna

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