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PRETZEL 2018 Med Vet Academy Resumo Clínica das Doenças Nutricionais e Metabólicas Carência de Fósforo em Ruminantes “Ah, dava pena ver, mundo a dentro, tanta vasta de sustento vazio, e o capim verde tão enganoso; as rêses roendo as caveiras de outras, muitas morrendo engasgadas; dando um leite magro, o queijo feito uma cortiça de rolha, sem favos amanteigados e gordos; bois e vacas que destruíam uma parede caiada, com o rapar de língua no lamber continuado; e que pelo resseco do salgado suor se acostumavam a mascar devagarinho o cabelo da acauda de burros e cavalos, até a arrancarem até o toco.” Guimarães Rosa , A estória de Lélio e Lina Primeiros estudos sobre minerais no Brasil Década de 40, primeiros relatos em Minas Gerais, importância de alguns elementos. Carência de fosforo, cobalto, iodo, cobre. Carência de fosforo é um problema cosmopolita. Fatores que afetam o conteúdo mineral na planta Solo o Quantidade, pH(mineral disponível ou não para planta) o Cerrado – solo ácido altas concentrações de alumínio e ferro baixas concentrações de manganês, fósforo, cálcio e magnésio o A presença do elemento no solo e o pH fará com que haja a disponibilidade do elemento ou não o O elemento estar no solo não necessariamente quer dizer que está na planta, ele tem que permitir que o elemento vá para planta o Fósforo em pH inferior a 6, se tiver ferro ou alumínio no solo (cerrado) forma-se complexo de fosfato de ferro e fosfato de alumínio e o fosforo fica pouco disponível para planta - quelado pH acima de 7, em solos com muito calcário e cálcio, formação de fosfato tricálcico e abaixa a disponibilidade - quelado pH ideal – entre 6 e 7 – muito difícil no Brasil além da pouca quantidade de fósforo no solo PRETZEL 2018 Med Vet Academy Espécie vegetal o Braquiária Extremamente resistente , consegue crescer em qualquer solo Se o solo for bom, a planta será boa Se o solo for ruim, a planta será ruim Estágio de maturidade o Jovem maior a capacidade de absorver nutrientes do solo maior disponibilidade de nutrientes o Madura Nutrientes migram para a folha e para a semente Menos disponível para o animal Menor qualidade em termos de nutrientes Manejo do pasto o Pastagens adubadas e bem manejadas tem maior disponibilidade dos nutrientes o Em pesquisa de grandes produtores(2012 a 2014) – cenário extremamente otimista pois são pecuaristas de grandes produções. 40% - pasto ótimo 23,5% - pasto bom 25,1% - pasto meia vida 9,4% - pasto degradado 2,3% - pasto muito degradado Sazonalidade o Diferença de concentração de nutrientes entre as estações da seca e chuva Na seca há piora na disponibilidade de nutrientes para os animais Fosforo Nem na época das chuvas consegue atingir a exigência mínima dos animais Sódio Disponibilidade bastante restrita, mesmo na época de chuvas Cálcio e magnésio – tanto na seca quanto nas águas excede a quantidade adequada PRETZEL 2018 Med Vet Academy Criação de animais criados a pasto no Brasil Fosforo > proteína > energia > vitamina > zinco > cobalto > cobre Ferro não é preocupante Fósforo Nutriente mais limitante à produção de ruminantes em países tropicais 2º macroelemento de maior concentração dentro do organismo, perdendo apenas para o cálcio o Cálcio – 1,1% o Fósforo – 0,68% 80% está nos ossos e dentes 20% nos tecidos moles Glóbulos vermelhos Músculos Tecido nervoso o Ca + P = 70% da matéria mineral do organismo Funções do fósforo o Elemento extremamente importante e com riscos de carência enromes no Brasil. o Estrutura óssea e dentária – 80% do fósforo o Componente energético – ATP e ADP o Fosfolipides – membrana, leite e energia o Núcleoproteínas – 10% delas tem fosforo – DNA e RNA o Tampão sanguíneo e ruminal – fosfatos Equilíbrio ácido- básico – H2PO4 PRETZEL 2018 Med Vet Academy o Enzima de micro-organismos ruminais – para degradação de algumas celuloses Rações deficientes em ferro comprometem muito a atividade celulolítica Exigência – depende da categoria o Novilha de Reposição – 1º mês de gestação – 12g/dia o Novilha de Reposição – 7º mês de gestação – 20g/dia Animal ainda crescendo e há o crescimento do feto, o crescimento no 1/3 final da gestação e de 70 a 80% do tamanho, gerando enorme demanda o Crescimento e terminação – ganho de peso de 0,5kg/dia – 11g/dia o Crescimento e terminação – ganho de peso de 2,0kg/dia – 26g/dia Quanto maior o crescimento, maior a exigência o Vaca de corte – 1 mês de parição – 22g/dia Exigência maior pois está produzindo leite o Vaca de corte – 8 meses de parição – 13g/dia Está desmamando e pode estar prenhe Mapa da deficiência o Onde há animais há relatos de casos de deficiência Deficiência de P e N o N – proteína o Mesmo com valores altos de N, se o fosforo for baixo irá interferir no ganho de peso dos animais – lei dos mínimos Metabolismo do fósforo nos ruminantes Fósforo será ingerido na dieta ou pela reciclagem de fosforo vindo do sangue e que irá pela glândula salivar em forma de fosfato. Ambos irão para o rúmen onde: PRETZEL 2018 Med Vet Academy São absorvidos, indo para o sangue, osso, voltar para glândula salivar ou excretados pelo leite, o Se não for utilizado pode ser excretado pelos rins Vão para o intestino para sair pelas fezes sem ser aproveitado. Fatores que interferem na disponibilidade de fósforo endógeno e exógeno Quantidade de fósforo ingerido ou deglutido o Quanto maior a ingestão menor a absorção em % Não necessariamente em numero absoluto o Quanto menor a ingestão mais eficiente será a absorção Compensatória Forma química do fósforo dietético o Fosfato hidratado é mais biodisponível que Fosfato anidro(pó seco) o Fosfato bicálcico e Fosfato de amônio são as fontes mais biodisponíveis para os animais o Monogástricos Se desconta o fósforo advindo da fibra, pois estão associados a fitina, que precisa da enzima fitase para quebrado o complexo e o P ser aproveitado 2/3 do P presente nos grãos estão nessa forma Algumas rações utilizam fitase para melhor utilização o Ruminantes Pode incluir o fósforo advindo da fibra Microrganismos do rumem quebram o fitato liberando P o Em um núcleo mineral é um dos elementos mais caros que entra na composição A pureza desse alimento é muito importante pois é necessária em grande quantidade e precisa ser absorvida Portaria do MAPA 4/2/2000 PRETZEL 2018 Med Vet Academy Possibilita a utilização de fosfatos não tradicionais na alimentação de bovinos – tentativa de baratear o produto Utilização de Fosfatos de rocha o Preocupação com a quantidade de flúor e pode desencadear um quadro de fluorose Ruminantes jovens demoram para manifestar os sintomas – 2 a 3 anos após o inicio do consumo Enfraquecimento dos ossos Fluorose dentária pode aparecer antes que a produção ou reprodução tenham sido afetadas – acompanhar o desgaste dentário – dentes porosos antes do comprometimento sistêmico o Utilizar em animais em terminação, não em jovens e vacas de cria Animais jovens e fêmeas em reprodução são mais sujeitos a intoxicação o Níveis de garantia de um BOM sal mineral < 600ppm Relação P/F 100:1 o Porém portaria do MAPA permite até 2000ppm e 60:1, muito acima do que caracterizaria um BOM sal, tecnicamente falando. PRETZEL 2018 Med Vet Academy o Principais fontes de fósforo Quantidade de energia e proteína na dieta o A disponibilidade do P será maior se a proteína e a energia estiverem normais Local de absorção PRETZEL 2018 Med Vet Academy o Fosforo é absorvido principalmente no intestino delgado e grosso o Parasitismo Ostertagia não influencia muito a absorção do fósforo, pois parasita abomaso Trichostrongylus influencia muito a absorção, pois parasita intestino Diminui as microvilosidades do intestino o pH Relação Ca:P o Melhor aproveitamento 1:1 ou 2:1 o Ruminantes toleram até 7:1 Baseado nos estudos de WISE et al.(1963) A partir de 7:1 tem uma queda importante na produção O experimento foi feito com uma concentração muito alta de fósforo, não encontrado na realidade. Estado de depleção Manifestações clínicas PRETZEL 2018 Med Vet Academy Reabsorção óssea Adelgaçamento da cortical dos ossos Fraturas de difícil consolidação Chifres porosos Hiporexia – acontece após período prolongado da deficiência Perda de peso – perda no início Animal continua comendo, mas não engorda, conversão alimentar aumenta Caso a fêmea esteja lactante, perderá peso, reduzirá a produção leiteira, porém o leite não irá mudar o teor de fósforo, Casos graves o Fragilidade óssea o Fraqueza generalizada o Perda de peso o Emagrecimento progressivo o Enrijecimento das articulações o Redução na produção de leite o Perversão do apetite Ingestão de ossos, carcaças, couro, pedra, couraça de tatus, etc Perfuração de esôfago Após a suplementação com fósforo alguns animais continuaram com o apetite depravado Necrofagia x Botulismo Botulismo – Clostridium multiplicam nas carcaças e ossos, na necrofagia há ingestão e contaminação Vacas em lactação possuem maior exigência de fósforo e maior incidência de botulismo PRETZEL 2018 Med Vet Academy Fósforo x infertilidade O fósforo “per de” não altera fertilidade, é o quadro de desnutrição decorrente da deficiência de fósforo que causa A queda da fertilidade ocorre pela depressão de apetite e baixa ingestão de energia Anestro, subestro, cio irregulas, ovários lisos Evolução Crônica da Carência de Fósforo Estoque – ossos Pool homeostático – soro Pool funcional – Atividade celulolítica, Enzimas, Respiração 1º diminuição de fósforo ósseo, depois do fósforo sanguíneo e depois depressão do apetite. Diagnóstico Histórico o Anamnese Tipo de criação, suplementação, pasto, área, cochos suficientes, categoria mais afetada, analisar solo e alimentos, água salobra (diminui a ingestão de sal mineral) Manifestações clínicas – animais com fratura, dificuldade de levantar, escoliose, ingestão de ossos, aumento de articulação, hemoglobinúria em fêmeas grandes produtoras 7 a 40 dias após o parto – pouco justificada e não muito frequentes Exame clínico o Exames complementares PRETZEL 2018 Med Vet Academy Pesquisa no órgão estoque – biópsia óssea da 12ª costela – análise quantitativa pela densidade óssea Diminui a densidade óssea com o evoluir da carência Normal – 150mg P/cm3 Inicio da deficiência – 140mg P/cm3 Deficiência – abaixo de 120mg P/cm3 Relação cálcio:fósforo óssea o Há uma mobilização conjunta dos dois, então não muda muito a proporção Redução da Fosfatemia – fósforo sérico Dificil de ser alterada Mesmo com uma redução de 50% da ingestão recomendada, o fósforo sérico ainda estará acima do nível crítico Quando for coletado soro o material deve ser rapidamente processado pois a quantidade de fósforo tente a aumentar pelo consumo de ATP virando ADP e liberando fósforo. Necrópsia o Ossos porosos e frágeis o Calo ósseo o Fraturas o Menor mineralização da epífise óssea o Diminuição da cortical PRETZEL 2018 Med Vet Academy o Escoliose o O osso coxal pode boiar na água o Histopatológico Terapêutico o Oferecer o elemento e acompanhar a recuperação do animal o Diagnóstico mais frequente, mas não o mais rápido e eficiente Suplementação Cocho Bebedouro o Mais difícil Adubação de pastagem o Depende da disponibilidade de verba do proprietário Referências CHURCH, D. C. The ruminant animal: digestive physiology and nutrition, Waveland press, inc.564p, 1993. COATS, D.B. The effect of phosphorus as fertiliser or supplement on pasture and cattle productivity in the semi-arid tropics of north Queensland. Tropical Grasslands, v. 28, p.90-108, 1994 GALLO, J.R.; HIROCE, R.; BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; MATTOS, H.B.; SARTINI, H.J.; FONSECA, M.P. Composição química inorgânica de forrageiras do estado de São Paulo. 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