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QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DO TRABALHO PROFISSIONAL

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QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DO 
TRABALHO PROFISSIONAL 
Juliana Kelly Dantas da Silva1 
Bruna Hávilla Lino Dantas2 
Maria Francisca Máximo Dantas3 
 
RESUMO: Este artigo objetiva discutir a relação entre questão social 
e Serviço Social e os desafios contemporâneos do trabalho 
profissional. Partimos do pressuposto que a crise de 1970 expressou 
modificações para o conjunto da sociedade, implicando em 
transformações diversas para o capital e para o trabalho. A partir 
disto, revela-se o agudizamento das expressões da questão social e 
novos desafios à profissão de Serviço Social, exigindo do assistente 
social decifrar, através de mediações, as atuais expressões da 
questão social. Para tanto, os desafios profissionais enfrentados pela 
categoria do Serviço Social requisitam ultrapassar e resistir aos 
ditames do capital na contemporaneidade. 
Palavras-chave: Questão social. Capitalismo. Serviço Social. 
Trabalho professional 
 
ABSTRACT: This article aims to discuss the relationship between 
social question and Social Work and the contemporary challenges of 
professional work. We start from the assumption that the crisis of 
1970 expressed changes for the whole of the society, implying in 
diverse transformations for the capital and for the work. From this, it is 
revealed the exacerbation of expressions of the social question and 
new challenges to the profession of Social Work, requiring the social 
worker to decipher, through mediations, the current expressions of the 
social question. Therefore, the professional challenges faced by the 
Social Service category require overcoming and resisting the dictates 
of capital in the contemporary world. 
Keywords: Social question. Capitalism. Social service. Professional 
work. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A conjuntura que compreende a década de 70 do século XX até os dias atuais 
expressa modificações para o conjunto da sociedade. É nesse terreno denso de 
transformações que se configura o agudizamento das expressões da questão social e, por 
conseguinte, situam-se maiores desafios para a profissão de Serviço Social. 
 
1
 Mestre em Serviço Social 
2
 Graduada em serviço Social 
3
 Mestre em serviço Social 
 
 
 A crise instaurada pelo choque do petróleo na década de 1970 assinala novos 
tempos para o capitalismo, uma vez que fortemente ameaçado, o sistema busca meios para 
reanimar-se diante do período de derrocada da taxa de lucro. Permeado por tensões 
econômicas que geram consequências sociais, políticas e culturais por estarem 
relacionadas entre si, o período supracitado altera substancialmente o padrão de 
acumulação capitalista. 
Consoante a esse processo verifica-se uma série de mudanças, em especial nas 
formas de produção e na gestão do trabalho. Desse modo, as transformações ocorridas se 
expressam na intensificação da exploração do trabalho, caracterizada por novos ritmos de 
trabalho e pela flexibilização, nas inovações tecnológicas com introdução de novos padrões 
e hábitos de consumo, assim como as metamorfoses nos processos e relações de trabalho. 
É neste terreno árido e conflituoso que subsiste a exigência de novas 
requisições para a classe trabalhadora, corroborando para a radicalização da questão social 
em suas diversas expressões. Tais alterações na dinâmica do sistema capitalista têm como 
objetivo principal a busca pela reorganização da produção, o que funciona como estratégia 
para retomar o ciclo de expansão anterior, com o crescimento da taxa de lucro e a 
consequente apropriação da mais valia num ritmo mais acelerado. É a necessária afirmação 
da superexploração em detrimento do controle do lucro. 
Neste sentido, este artigo traz como debate central o redimensionamento da 
questão social a partir da conjuntura da crise até a contemporaneidade, apresentando os 
elementos que se fazem presentes na dinâmica da sociedade capitalista, ilustrados nas 
relações de trabalho e no modo de configuração deste na sociedade. Busca também 
problematizar as transformações ocorridas neste período face às novas determinações 
históricas da sociedade contemporânea, revelando as nuances sociais, econômicas, 
políticas e culturais deste contexto. 
Seguindo esta lógica, identificamos os atuais desafios postos à profissão do 
Serviço Social, uma vez que tendo a questão social como sua matéria de trabalho está 
implicada de ressignificações no tratamento para com esta. Assim, a discussão ora 
apresentada revela o adensamento do debate entre questão social e Serviço Social e os 
desafios contemporâneos do trabalho profissional. 
2 QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO 
O cenário que se instaura a partir da década de 1970 além de objetivar a 
retomada das taxas de lucro fragiliza também a auto-organização dos trabalhadores ao 
 
 
mesmo tempo em que aprofunda o controle sobre estes. São por estas razões que este 
momento revela-se fértil para a radicalização da questão social, tendo em vista que 
(re)coloca suas expressões num novo patamar. 
Dessa forma, a questão social exige necessária compreensão, bem como 
mediações para entendê-la nesse contexto de transformações e decifrar suas novas 
expressões. Deriva daí também um novo tratamento para as expressões que aí surgem e se 
metamorfoseiam, visto que alteram-se as formas de enfrentamento diante do seu processo 
de agudizamento. 
Partimos do pressuposto que a questão social eclode de forma latente com o 
processo de industrialização, ancorada nas relações antagônicas entre capital e trabalho no 
interior do processo produtivo a partir do surgimento do modo de produção capitalista. 
Assim, podemos vincular o surgimento da questão social com a eclosão da classe 
trabalhadora e sua inserção no cenário político e identificá-la no momento em que a 
contradição fundamental do capitalismo, como modo de produção social se desenvolve e se 
revela (NETTO, 2004) 
É nesse terreno denso e conflituoso que emerge e se desenvolve o conjunto de 
problemáticas ao qual denominamos de questão social e que assume conotações 
diversificadas durante toda a trajetória do capitalismo. 
Como assinalado por Marx em sua célebre obra “O capital”, a base de fundação 
da questão social encontra-se na Lei Geral da acumulação capitalista onde cada vez mais a 
produção é socializada enquanto a apropriação torna-se privada. Do mesmo modo que 
cresce a riqueza para poucos capitalistas, cresce exponencialmente a pobreza entre os 
trabalhadores. 
Os processos históricos contemporâneos ao alterarem as relações entre capital 
e trabalho, implicam determinações conjunturais que se expressam no acirramento da luta 
de classes e na consequente potencialização das contradições imanentes ao sistema 
capitalista o que demarca a ofensiva do capital em larga escala. 
Nesta direção, identificam-se novos arranjos no sistema capitalista, uma vez que 
agora sob o comando do capital financeiro necessita de alternativas eficazes para o controle 
dos mercados e da produção. Este processo envolve as relações sociais em geral, pois as 
radicais mudanças ocorridas revelam um novo tempo para o capital. Como produto desse 
processo, inaugura-se a era da acumulação flexível com suas estratégias que passam a 
exigir a intensificação do trabalho, implicando também em modificações nas suas relações. 
 
 
Corroborando com este entendimento, os estudos de Alencar e 
Granemann(2009) apontam que este processo de transformações faz parte de um 
movimento mais amplo de reestruturação capitalista, o qual se contrapõe ao padrão de 
desenvolvimento hegemônico no pós-guerra e ao sistema de regulação das relações de 
trabalho. 
Considerando a inserçãodo Brasil em todo esse processo ora vivenciado no 
capitalismo, Mota e Amaral (1998), trazem a seguinte contribuição acerca da reestruturação 
produtiva no país: 
 
[...] a marca da reestruturação produtiva no Brasil é a redução de trabalho, o 
desemprego dos trabalhadores do núcleo organizado da economia e a sua 
transformação em trabalhadores por conta própria, trabalhadores sem carteira 
assinada, desempregados abertos, desempregados ocultos por trabalho precário, 
desalento etc. (MOTA; AMARAL, 1998, p.35) 
 
 
Conforme citado, verifica-se na atualidade o crescimento exponencial de níveis 
de exploração e de desigualdades, principalmente se considerarmos o contexto de 
mundialização do capital e seus rebatimentos na/para classe trabalhadora. As 
desigualdades da nossa formação sócio-histórica recaem nas atuais expressões da questão 
social tendo em vista a dinâmica própria dos processos contemporâneos. 
No caso brasileiro, onde a reprodução das expressões da questão social 
encontra-se ampliada devido ao seu lugar de país periférico no capitalismo mundial, ela se 
espraia sob formas particulares, radicalizadas no aumento da exploração da mão-de-obra e 
na ampliação desmedida da pobreza. Como bem ressaltado por Iamamoto (2012, p.129), “a 
modernidade das forças produtivas do trabalho social convive com padrões retrógrados nas 
relações de trabalho, radicalizando a questão social” 
Ainda segundo a autora, as mais importantes manifestações das expressões da 
questão social são: 
 
O retrocesso no emprego, a distribuição regressiva de renda e a ampliação da 
pobreza, acentuando as desigualdades nos estratos socioeconômicos, de gênero e 
localização geográfica urbana e rural, além de queda nos níveis educacionais dos 
jovens (...) cresceu a disparidade entre o rendimento de 40% das famílias mais 
pobres e o rendimento das 10% famílias mais ricas (IAMAMOTO, 2012, p.147). 
 
 
 
Este quadro que se apresenta é resultante do cumprimento de medidas 
recomendadas pelos organismos financeiros internacionais que impõe a implementação das 
políticas de ajuste estrutural, submetendo a política social aos ditames da política 
macroeconômica com forte teor privatista. Os impactos desse processo reiteram a tendência 
a focalização, corte dos gastos sociais, retração dos serviços públicos, exugamento do 
Estado, seletividade na oferta de programas direcionados aos pobres e necessitados. 
Assim sendo, é nesta conjuntura que se põe a profissão do Serviço Social como 
alternativa para mediatizar os conflitos e para atender as mais variadas expressões da 
questão social. Constitui-se como trabalho especializado na sociedade a partir da inserção 
das políticas sociais públicas na nova divisão social do trabalho. 
É nesse cenário de transformações que o Estado aparece como principal agente 
de intervenção, lançando mecanismos que permitam manter o controle sobre os agravos 
sociais, de maneira que possa atuar na formulação e implementação das políticas sociais 
que, servem como formas de controle para as atuais manifestações da questão social 
(SILVA, 2012). 
Dessa maneira, somente através da constituição das políticas sociais públicas e 
da sua funcionalidade política e econômica no modo de produção capitalista que o Estado 
procura responder às condições de superexploração da força de trabalho e, para tanto, 
recruta novos agentes profissionais para atuarem tanto na formulação quanto na 
implementação dessas políticas. 
Essas formas de trabalho, oriundas deste processo de incorporação do Estado 
inserem-se na divisão sócio-técnica do trabalho, encontrando o seu lugar e o seu papel 
particular de cada profissão no enfrentamento das expressões da questão social, 
especialmente a partir das políticas sociais (FERREIRA; ARAÚJO, 2002). 
Dito isto, verificamos que o trabalho do assistente social ao relacionar-se 
diretamente com a conjuntura histórica do capitalismo está intrinsecamente ligado às 
relações sociais contraditórias que o permeiam. Tal fato, assinala que o assistente social 
tem sua atuação caracterizada pelo conflito demarcado pelas demandas oriundas da classe 
trabalhadora e, do outro lado, é contratado pelo Estado a quem Netto(2007) chamou de 
“comitê executivo da burguesia”. 
3 A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL E OS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 
Conforme assinala Netto (2007), no contexto de emersão da profissão, os 
assistentes sociais tem como prerrogativa elementar a incumbência de “executores 
 
 
terminais das políticas sociais”, principalmente quando suas ações se vinculam a sua 
funcionalidade na relação entre instituição e população. 
Não obstante, o consequente desenvolvimento do capitalismo e as intensas 
modificações ocorridas na contemporaneidade, inclusive a descentralização das políticas 
sociais, redimensiona a característica predominante no perfil do assistente social, cedendo 
lugar a novas possibilidades de atuação. 
Estas possibilidades decorrem da atual configuração da sociedade capitalista 
marcada pela reestruturação produtiva e pela intensificação da exploração do trabalho4, o 
que provoca alterações nas funções atribuídas ao assistente social, redefinindo suas 
atribuições e competências no exercício profissional. Neste momento, como assinala 
Iamamoto (2009, p.372): 
 
Os assistentes sociais estão sendo chamados a atuar na esfera da formulação e 
avaliação de políticas e do planejamento, gestão e monitoramento, inscritos em 
equipes multiprofissionais. Ampliam seu espaço ocupacional para atividades 
relacionadas ao controle social à implantação e orientação de conselhos de políticas 
públicas, à capacitação de conselheiros, à elaboração de planos e projetos sociais, 
ao acompanhamento e avaliação de políticas, programas e projetos sociais. 
 
 
 
Considerando o agudizamento das expressões da questão social e o 
alargamento da demanda dos quadros técnicos no interior do Estado, verificamos a 
expansão do mercado de trabalho para os assistentes sociais o que acompanha a 
necessária apreensão de que o assistente social não deixou de ser executor das políticas 
sociais, porém tem sido chamado a atuar em estruturas organizacionais mais complexas. 
A rigor, é importante assinalar que há uma expansão no mercado de trabalho, 
ampliando os espaços sócio-ocupacionais para os assistentes sociais e, com isso, passa-se 
a exigir determinadas formas de atuação, na medida em que se busca impulsionar a 
capacidade criativa, propositiva e crítica desta categoria na perspectiva de 
comprometimento com a transformação da realidade5 (SILVA, 2012). 
 
4
 As alterações vivenciadas neste contexto do capitalismo monopolista, de acordo com Mészaros 
(2002) assinalam a ofensiva contra o trabalho, dado o caráter global da crise do capital, o trabalho 
adquire conotações extremas cujo principal sentido é a sua completa subjugação. Assiste-se neste 
momento ao crescente desemprego, a flexibilização e a descentralização da produção, bem como a 
precarização das relações e condições de trabalho expressas nas terceirizações e subcontratações. 
5
 As formas de atuação que se pautam na transformação da realidade, geralmente, estão 
relacionadas ao direcionamento ético-político da profissão, que vem afirmando o compromisso com a 
autonomia e a emancipação humana. Sendo assim, o direcionamento social da profissão tem sua 
 
 
Dessa maneira, frente as diversas configurações que se operam nesta 
sociedade, afirmamos que o novo campo da divisão sócio-técnica do trabalho possui 
características peculiares para o Serviço Social. Reiterando ser o Serviço Social uma 
profissão interventiva, podemos dizer que a apreensão das relações de trabalho do 
assistente socialimplica mediações do real, análise da totalidade concreta em que se 
instaura e consolida a sua relação com o Estado, sendo esta a sua principal vinculação da 
força de trabalho (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008). 
O fato é que o Estado, pela via das políticas sociais, tem necessitado de 
espaços sócio-ocupacionais e de profissionais com a especialidade dos assistentes sociais 
para administrar as refrações da “questão social”, seja com políticas sociais de caráter 
universalista ou focalista (SOUZA et. al, 2011). 
O significado da profissão, entendido sob as condições histórico-sociais que o 
perpassam, permite demarcar as possibilidades para apreensão das peculiaridades que 
conformam o seu projeto profissional. Este projeto orientado pela cultura crítica, requer um 
profissional comprometido ética e politicamente, munido de competência teórico-
metodológica para atuar na explicação da vida social, decifrando as particularidades do seu 
trabalho em conexão com os processos macroscópicos da sociedade burguesa. 
Contudo, a condição de trabalhador assalariado do profissional de Serviço Social 
impõe obstáculos à realização plena do seu processo de trabalho, uma vez que o assistente 
social não dispõe de total autonomia para realizar o seu trabalho no espaço institucional, 
estando à mercê das condições e meios de trabalho ofertados por seus empregadores. Tal 
fato recai sobre a sua ação profissional, definindo quais serão as demandas a serem 
atendidas, ou quais são as expressões ou recortes da questão social que devem ser 
trabalhadas, restringindo suas funções e atribuições dentro da instituição, seja ela pública ou 
privada (RAICHELIS, 2011). 
É, portanto, através do trabalho realizado com os segmentos subalternizados da 
população que se encontram as bases para a constituição das particularidades do seu 
exercício profissional, no atendimento às demandas oriundas desta parcela da sociedade. 
Esta caracterização pode ser redimensionada à medida que o capitalismo 
apresenta modificações, uma vez que estando intrinsecamente interligado, qualquer que 
seja a alteração neste sistema, implica novas formas de atuação. Dessa maneira, a atuação 
 
base atrelada ao projeto ético-político profissional, vinculado ao reconhecimento da liberdade do ser 
social, com vistas a uma nova sociabilidade para além do capital. 
 
 
do assistente social denota o caráter histórico e político desta profissão, situada na 
reprodução das relações sociais capitalistas em seu processo de acumulação. 
Seguindo esta lógica, as análises empreendidas por Alencar e Granemann apud 
Iamamoto (2009) indicam que as mudanças na natureza das políticas sociais repercutem 
diretamente no trabalho do assistente social à medida que determinam as condições em que 
se dá o trabalho profissional. Sobremaneira, neste contexto social, com forte tendência à 
precarização e focalização das políticas, as orientações institucionais tendem a se estruturar 
em ações que ferem o caráter universalista de tais políticas sociais. 
Em consequência da retração do Estado e corte nos gastos sociais há uma 
ampliação da seletividade das políticas, inviabilizando a consolidação dos direitos 
conquistados na Constituição de 1988 o que implica ao assistente social o desafio de 
exercer a função de “juiz rigoroso da pobreza”( IAMAMOTO, 2006, P.162). 
Contudo, orientados pelo projeto ético-político com seus ideais emancipadores, a 
profissão de Serviço Social tem buscado as mediações necessárias para atender as 
demandas do trabalho com competência crítica, propondo análises que se pautam na 
defesa da liberdade e justiça social. Ratificando esta colocação, Iamamoto (2006, p.153) 
afirma que “São as mudanças verificadas no mundo do trabalho que alteram, dimensionam 
e redimensionam a demanda das políticas sociais que nós, por meio do exercício 
profissional, implementamos na linha de ponta da prestação dos serviços sociais”. 
Conforme o exposto, a emersão da profissão se caracteriza pelas determinações 
conjunturais engendradas no contexto de capitalismo monopolista e, a consolidação dos 
espaços sócio-ocupacionais se relaciona ao reconhecimento da profissão enquanto 
partícipe da divisão sóciotécnica do trabalho. 
Deitando raízes na base que funda o capital, a questão social é indissociável da 
sociabilidade capitalista. Sua gênese está ancorada na contradição entre trabalho 
socializado e apropriação privada. Estruturada nesse pilar, a questão social expressa as 
desigualdades típicas do capitalismo, permeada por um processo denso de conformismos e 
rebeldias, constituindo-se num terreno conflituoso que tem plenitude das suas expressões e 
matrizes no período de expansão do capital financeiro. 
Tal entendimento reafirma que a contemporaneidade, considerando seus 
aspectos contraditórios, expressa desafios de monta ao Serviço Social, tendo em vista sua 
vinculação à questão social, bem como as implicações que decorrem do estatuto de 
trabalhador assalariado que regulamenta a profissão. Portanto, atender as demandas do 
 
 
trabalho e ser contratado pelo Estado ou por organismos privados é ser desafiado a todo 
tempo por um conflito inconciliável dentro de um sistema que tem na sua base atrelado na 
contradição elementar: capital x trabalho. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao afirmar a ofensiva do capital ao trabalho, expressa pela nova regulamentação 
e pelo constante ataque ao trabalho, fica revelado a face bárbara do capital em seu 
processo de acumulação. Iniciado na década de 1970, o período de crise, posterior a 
expansão do capital, demarca a potencialização das desigualdades e instala a radicalização 
dos conflitos no sistema capitalista. 
Assim, a partir das nossas análises, entendemos que o contexto de crise 
demandou o processo de reestruturação produtiva, que emerge aliado ao Estado, subtraído 
de seu papel de regulador do trabalho, expressando com todo vigor os princípios neoliberais 
de privatização, focalização e descentralização. 
Este momento histórico refuncionaliza e redimensiona a questão social, incidindo 
na precarização do trabalho, na desagregação social e na intensificação do empobrecimento 
da classe trabalhadora, apresenta-se como realidade dura e cruel para os que vivem do 
trabalho e desafia a profissão do Serviço Social duplamente para atuar sobre as expressões 
da questão social. De um lado, pela requisição de um profissional competente criticamente 
e, de outro, pela sua própria imersão neste espaço como trabalhador assalariado. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALENCAR, Monica T. de.; GRANEMANN, Sara. Ofensiva do capital e novas determinações 
do trabalho profissional.IN: Revista Katálisys, v. 12 n. 2, p. 161-169, julho de 2009. 
FERREIRA, Patrícia R. ARAÚJO, Rose Mary. As atribuições profissionais no espaço sócio-
ocupacional do Serviço Social. In: Mercado de trabalho do serviço social: fiscalização e 
exercício profissional/ Rosa Prédes(Org.). – Maceió: EDUFAL, 2002. 
HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Ed.Loyola,1994. 
IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. 10 Ed. São Paulo: Cortez, 2006 
__________________CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: 
esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez, 2008. 
 
 
_________________. Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social. In: Serviço 
Social: Direitos sociais e Competências profissionais. v.1. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. 
_________________. O Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche: capital financeiro, 
trabalhoe questão social. 7 Ed. São Paulo: Cortez, 2012. 
 
MOTA, Ana Elizabete. AMARAL, Angela S. do. Reestruturação do capital, fragmentação do 
trabalho e serviço social. In: MOTA, Ana Elizabete (org.) A nova fábrica de consensos. 
São Paulo, Cortez, 1998. 
 
NETTO, José Paulo. Cinco notas a propósito da “Questão Social”. Revista 
Temporalis, nº 3. (Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço 
Social – ABEPSS), ano II, 2004. 
NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2007. 
 
RAICHELIS, Raquel. O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente às 
violações de seus direitos. IN: Revista Serviço social e Sociedade. São Paulo, n.107, 
p.420-437, jul/set 2011. 
 
SILVA, Juliana Kelly Dantas da. A inserção do assistente social no espaço sócio-
ocupacional da saúde [manuscrito] : uma análise da realidade dos municípios de Campina 
Grande e João Pessoa - PB – 2012. 33f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em 
Serviço Social) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande. 
 
SOUZA, Moema A. S. L. de et al. As Configurações do Trabalho do Assistente Social no 
Sistema Único de Saúde – SUS nos municípios de Campina Grande e João Pessoa- 
PB. Relatório Final (PIBIC) - CNPQ. Campina Grande, UEPB. 2011.

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