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Plano de Ensino – Direito e Globaização Assuntos/módulos 1- Usos e Abusos do Termo “Globalização”. 2- As Principais Visões sobre a Globalização. 3- A Globalização como Processo Multidimensional 4- As Características Fundamentais e as Diversas Dimensões da Globalização 5- A Relevância do Ambiente no Contexto da Globalização 6- Os Atores da Globalização Hegemônica e da Globalização Contra-Hegemônica. 7- Globalização e Desenvolvimento. 8- Globalização, Interdependência e Mudança nos Paradigmas do Estado e das Relações Internacionais. Introdução A globalização é um processo de integração social, econômica e cultural entre as diferentes regiões do planeta. A Surge o termo países emergentes que são os países que apresentam maior integração com os polos capitalistas. Esses países possuem grande fluxo de mercadorias e fluxo de informações com o uso da internet, além de fluxo de trabalhadores e materiais como transporte, turismo e dinheiro. 4 A circulação de materiais entre as nações pobres e ricas se dá pelo uso da tecnologia desenvolvida pelos países ricos (desenvolvidos) e pelo fornecimento de matéria- prima pelos países pobres (subdesenvolvidos). 5 As Esferas da Globalização 2 Comercial- Produtiva - Financeira- Tecnológica 3 Esfera Comercial A ideia de globalização é um fenômeno sócioeconômico, que pode ser dividido em processos, que estão profundamente interligados - é a integração dos mercados nacionais através do comércio internacional .5 - O processo de globalização pode dar-se mundialmente ou regionalmente . 67 Esfera Tecnológica - A tecnologia desenvolvida durante a II Guerra Mundial estabeleceu um novo padrão de desenvolvimento, que levou à modernização e a posterior automatização da indústria Com a automatização industrial aceleraram-se os processos de fabricação, o que permitiu grande aumento e diversificação da produção 8 - O rápido desenvolvimento tecnológico tornou o espaço cada vez mais artificial, principalmente naqueles países onde a ligação ciência à técnica era maior A retração do meio natural e a expansão do meio técnico- científico mostraram-se como uma faceta desse processo na medida em que tal expansão foi assumida como modelo de desenvolvimento em praticamente todos os países 9- - Favorecidas pelo desenvolvimento tecnológico, particularmente a automatização da indústria, a informatização dos escritórios e a rapidez nos transportes e comunicações, as relações econômicas também se aceleraram, de modo que o capitalismo ingressou numa fase de grande desenvolvimento - A competição por mercados consumidores, estimulou ainda mais o avanço da tecnologia e o aumento da produção industrial, principalmente nos EUA, Japão, nos países da União Européia e nos novos países industrializados originários do mundo subdesenvolvido da Ásia Esfera Financeira 11 - representa a integração dos mercados financeiros nacionais em um grande mercado financeiro internacional 14 15 - Pressupõem a movimentação irrestrita dos capitais pelas praças do mundo, com uma "coordenação" dos riscos maiores de ruptura feita informalmente pela ação conjunta dos principais bancos centrais, capitaneados pelo FED americano 16 Esfera Produtiva - Vemos que este fenômeno está diretamente vinculado a questões de tecnologia, organização industrial e investimento internacional - internacionalização das estruturas de mercado e da competição empresarial 25 - O que caracteriza o investimento direto é o controle, pode se dar através da aquisição de uma empresa existente, pela criação de uma companhia nova, ou novos investimentos em empresas coligadas A essência dessas operações é o controle da gestão empresarial 26 - caracterizada por sua estrutura fundada na existência de várias unidades operacionais distintas, com diferentes funções produtivas, que opera em conjunção atividades de distribuição e pesquisa, administradas por uma hierarquia de executivos 27 28 - Com o declínio dos mecanismos de regulação do investimento internacional a partir da década de 1970, a redução dos preços e a maior eficiência dos meios de comunicação e transporte, conduziram aos ganhos de escala e escopo gerados com o crescimento e diversificação dos mercados - No seu processo de crescimento, uma indústria pode atender o mercado internacional a partir de três estratégias: a exportação, a oferta local ou o licenciamento Em função desse estilo de concorrência global, as empresas européias e norte- americanas ampliaram o grau de integração e divisão de trabalho da estrutura produtiva da matriz e de suas afiliadas 31 - Estas passaram a se organizar em cada mercado em função de seus custos locais e da estratégia global formulada no seu centro de decisão Nesta nova situação, os diversos componentes passaram a ser fabricados diretamente, ou através de licenciamento ou terceirização em um ou mais países, segundo uma estratégia de marketing e um padrão tecnológico global 32 - Qualquer parte da produção, ou mesmo todo o ciclo produtivo, poderia ser feito em um ou mais países em que a filial local da empresa transnacional fosse competitiva no mercado interno da empresa 3 As Principais Visões sobre a Globalização Hiperglobalista Entre os autores desta corrente, podem ser identificados os que são otimistas em relação ao fenômeno e os que o vêm de forma negativa – mas reconhecendo-o como uma força capaz de tornar inócuas as políticas sociais tradicionais, de caráter local. ➢ globalização é apresentada pelos autores da corrente “hiperglobalista” como um processo que afeta os países, mas cuja lógica não obedece aos interesses destes. ➢ crescente influência exercida pelas empresas multinacionais e pelos mercados cada vez mais integrados, diferentes países estariam sendo levados a se adequarem a um padrão mundial de produção e gestão da política econômica. ➢ processo conduziria a uma homogeneização dos modos de produção e condução macroeconômica no mundo, condicionados pelas práticas fomentadas pelas empresas com unidades produtivas em diferentes partes do globo e pelo surgimento de um mercado global, bem como pela pressão exercida pelos capitais em nome da rentabilidade. ➢ os Estados nacionais perderiam poder, ao serem submetidos a uma lógica dissociada do caráter nacional, cuja origem está em empresas e detentores de grandes capitais atuantes em âmbito global. ➢ A competitividade surge aqui como condição necessária para a atração dos investimentos provenientes de empresas multinacionais, algo que supera em muito a noção de competitividade associada aos produtos exportados por este ou por aquele país. Céticos ➢ evidenciam o caráter fortemente nacional ainda presente nos negócios das empresas multinacionais. ➢ concentração do comércio mundial naqueles países em que estas empresas estão sediadas, buscam fundamentar a tese de que os Estados nacionais são ainda detentores de grande parte do controle sobre os processos característicos da globalização. ➢ Outro ponto criticado pelos autores de postura mais cética seria a crença na existência de um modo de produção padronizado e difundido ao redor do globo através da atuação de empresas multinacionais. Segundo estes autores, estas empresas adotariam em diferentes lugares práticas muito distintas, de acordo com as características das sociedades locais. Desta forma, o processo de adaptação teria seu sentido invertido em relação ao que era apregoado pelos hiperglobalistas, ou seja: não são somente as sociedades que se adaptam a um padrão global; também as empresas de atuação multinacionalbuscam se adaptar às condições locais, o que faz com que a globalização não tenha um sentido único e pré- definido, mas muito pelo contrário. Isto seria suficiente para que a ideia de globalização enquanto “homogeneização” também seja descartada. ➢ O que teria ocorrido no bojo da globalização seria, na verdade, uma redefinição das relações entre centro e periferia, na qual as diferenças entre certos países (ou entre blocos regionais) pode até aumentar em função de uma maior especialização produtiva, condizente com a nova lógica da produção transnacional. ➢ Neste sentido, cada país tenderia a conservar – e até aprofundar – certas características específicas, de acordo com sua modalidade de inserção no sistema produtivo mundial. Assim, os sistemas econômicos nacionais estariam longe de ser “suplantados” por uma nova ordem econômica mundial. Seriam, de fato, transformados para atenderem a um novo contexto, mas continuariam determinando (e sendo determinados por) trajetórias nacionais específicas. ➢ Outros autores, defendem que a globalização não é um fenômeno com sentido definido – e inexorável – como afirmam os hiperglobalistas. Mas ainda assim, trata-se de um fenômeno revolucionário, capaz de alterar as lógicas políticas e econômicas pré-existentes, ao contrário do que pensam os mais céticos. ➢ A questão envolveria uma transformação “qualitativa” do antigo fenômeno da internacionalização, que levaria a uma maior interdependência entre diferentes regiões e países. No entanto, esta crescente “interdependência” tornaria a globalização um fenômeno de caráter contraditório, ao passo em que características locais (culturais, sociais, econômicas) seriam realçadas e valorizadas, ao mesmo tempo em que passariam a enfrentar os constrangimentos trazidos por elementos externos cada vez mais presentes. O resultado desta interação seria incerto, e não teria seu sentido pré-definido por nenhuma grande tendência global Transformacionistas ➢ Outros autores encaram a globalização a partir de uma visão “transformacionista”, tanto no sentido de que ela representa em si uma grande transformação, quanto no de que ela pode sofrer transformações a partir da interação entre os envolvidos. Posicão alternativa ➢ A globalização deixa de ser um fenômeno “autônomo” (enquanto resultado imprevisível de diversos níveis de interações), passando a ser um processo histórico cujo sentido político está em disputa. ➢ Nesta disputa, grupos sociais com diferentes interesses irão se articular politicamente, tentando imprimir tendências específicas ao processo de globalização. ➢ Esta articulação pode ocorrer tanto em âmbito nacional (local) quanto internacional, em torno de um projeto político em comum, que disputará com outros projetos políticos a hegemonia sobre os rumos da globalização. Globalização Cultural A globalização possui seu caratér econômico e cultural. Vamos nos focar no último aspecto, embora a produção econômica sirva também para influenciar, modificar e disseminar culturas. Os produtos também são reflexo de uma cultura e condicionam tendências e comportamentos. 1) O que é cultura e o que é globalização? Podemos entender cultura como • Cultura: conjunto de características (como linguagem, hábitos, história, comportamento social, leis, culinária, tipo de vida, atividades econômicas exercidas, ciência, valores morais... ) de determinadas sociedades. • Globalização: processo no qual os fenômenos (econômicos, culturais, históricos, sociais, ambientais...) passam a ocorrer em escala global. Como dito, o processo de globalização se intensifica com o desenvolvimento das tecnológias de comunicação e transporte, no pós guerra fria. Os mercados ficam mais conectados, as empresas tem atuação global, e os fenômenos culturais, antes muito locais, começam a sentir esse processo de diversas formas que iremos conceituar aqui. A globalização acaba dar um ganho de escala as culturas, ampliando as trocas e choques culturais. 2) Aldeia global e a influência dos grandes centros Acontece que essa troca não acontece de forma simétrica. Há inegavelmente um amplo domínio dos grandes centros produtores de influência. Não são todos os países que conseguem projetar sua cultura para os demais no mundo moderno. Quem guiou o processo de organização da nova ordem mundial foi o grande vencedor da guerra fria, os Estados Unidos. Não por conscidencia que a projeção que a cultura norte americana tem é muito maior do que de demais países. Por exemplo: é possível que você, aluno brasileiro, já tenha visto mais filmes americanos do que brasileiros. Quando assistimos um filme estamos identificando e apreendendo diversos traços culturais e hábitos, o que influencia no comportamento de demais culturas. Deter a capacidade técnica para tal projeção é um fator determinante para esse processo, que gera a disseminação de um padrão de desenvolvimento, que no geral aprofundamos no estudo do caráter econômico da globalização neoliberal. De todo modo, são centros de influência e centros econômicos que criam produtos e lançam tendências, estabelecendo também bases empresariais e produtivas em diversos territórios internacionais. As tecnologias de comunicação acentuam essa influência numa escala global de forma instantânea a exemplo dos celulares e das redes sociais. • Aldeia Global; a ideia de que há um encurtamento de distâncias metafórico, por conta da disseminação midiática na globalização, onde um evento se torna de conhecimento de todos rapidamente. Como numa grande aldeia, a cultura e as notícias se disseminam muito rapidamente, atingindo a todos. Mas ai vem a pergunta; a influência cultural de determinadas nações seria capaz de criar uma homogenização das culturas? 3) As identidades nacionais Na verdade o que ocorre é um hibridismo cultural, onde culturas se misturam. Por exemplo: existem palavras em inglês comumente usadas hoje no português como "mouse" ou "hamburguer" mas isso não homogeniza nossa cultura, pelo contrário, é incorporado a nossa cultura, criando novos significados. Porém, para algumas culturas no mundo, a cultura americana é muito diferente, e a necessidade por um protecionismo e maior resistência cultural pode agravar conflitos entre países. Não são todos os países que aceitam essa influência e modelo de desenvolvimento de forma tão fácil. Mas, o capitalismo e a produção dos países hegemônicos também se adapta a especifidades culturais para se fazerem presentes em identidades nacionais muito diferentes. As identidades nacionais porém continuam existindo, mesmo nesse mundo globalizado e comunicativo de uma aldeia global. São essas identidades nacionais que impedem a ideia de homogenização cultural, por mais que um determinado e controverso padrão de desenvolvimento tente se disseminar em larga escala pelo mundo. O medo de perder traços de sua cultura por uma cultura estrangeira remete ao conceito de aculturação, que é quando um traço de uma determinada cultura se perde com o tempo. O desevolvimento tecnológico causa esse fenômeno com frequencia. Ao mesmo tempo, esse receio mecionado aumenta com a globalização e pode motivar xenofobias. 4) Tecnosfera e a exclusão digital A influência das centralidades econômicas produtivas também produz desigualdades. Conforme o meio digital e a tecnologia se dissemina, a exclusão desse processo se torna mais agravante. Por exemplo: não ter celular quando apenas 50 pessoas no mundo inteiro o possuem não parece ser um problema... mas não ter celular hoje em dia te exclui de vagas de emprego, de informação, de acesso a serviços, até mesmo de transações bancárias dependendo da localidade. • Tecnosfera: conjunto de formas de relacionamento entre a humanidade eo meio. Lembrando que tecnologia são nossas ferramentas de conhecimento que ajudam e condicionam essa relação. Na época das grandes navegações por exemplo, os navios eram a grande tecnologia da época, certo? E a produção de conhecimento e cultura também influência na produção tecnológica. Nas feiras de antigamente, os produtos refletiam a forma de fazer de um determinado povo, um saber, e os recursos presentes naquele território. Hoje, com a globalização, uma indústria até capta recursos naturais de diversos países para produzir seu produto, mas, cada objeto produzido pela cultura americana por exemplo, tem origem em suas demandas, intencionalidades e especifidades, da maneira americana em seu jeito e conhecimento, e este padrão que é disseminado para o restante do mundo. Hoje, a tecnologia é o grande eixo produtivo e a grande arma de encontro, e influência o campo relacional humano em diversos aspectos. Então, possuir o meio tecnico bem desenvolvido é vital para ser inserido e se projetar no mundo globalizado. Não pense apenas num celular quando falamos de tecnologia, mas a exclusão da infraestrutura como um todo, como a infraestrutura urbana por exemplo. 5) Hibridismo cultural É possível pensarmos na ideia de uma cultura original ou pura, sem nenhuma influência de outra cultura? Uma cultura vem, por exemplo da relação com seu meio e de suas possibilidades. Sempre, na história, culturas se misturaram e se influenciaram. Trocaram informações, conhecimentos, características. Toda cultura possui influência de outras culturas em algum nível. Por exemplo: o português brasileiro veio do português Portugal, mas a cultura diferenciou essas linguas com o passar do tempo. • Hibridismo cultural: mesmo que misturas culturais, que geram hábitos que tem raízes em culturas diferentes. Essa mistura gerando novos hábitos e culturas antes não vistas. Um bom exemplo sobre hibridismo cultural é o brasileiro comendo comida japonesa com cream cheese! A identidade nacional, somada a chegada de outras culturas, pode gerar portanto tanto um choque cultural, no sentido de gerar conflitos pelas diferenças estabelecidas, quanto um hibridismo cultural, ou a uma aculturação. • Choque cultural: quando culturas muito diferentes, ao se encontrarem, causam um conflito. • Aculturação: quando um traço de uma determinada cultura se perde com o tempo. (Texto adptado Prof. Claudio Hansen) As Características Fundamentais e as Diversas Dimensões da Globalização O Fenômeno da globalização é resultado de múltiplas determinações sócio-históricas (e ideológicas), isto é, destacaremos as três dimensões da globalização que não podem ser separadas e que compõem uma totalidade concreta sócio-histórica, completa e integral. São elas: 1 - No plano do processo civilizatório humano-genérico; 2 - A globalização como mundialização do capital; 3 - A globalização como ideologia. A Globalização como ideologia do capital tende a impulsionar, em si, o processo civilizatório humano- genérico, isto é, o desenvolvimento das forças produtivas humanas, que são limitadas (ou obstaculizadas)- pelo próprio conteúdo da mundialização (ser a mundialização do capital). Qualquer leitura (ou análise) do fenômeno da globalização que não procure apreender o seu sentido dialético – e portanto, contraditório - tende a ser unilateral, não sendo capaz de ver o fenômeno da globalização tanto como algo progressivo, quanto regressivo, tanto como um processo civilizatório, quanto como um avanço da barbárie, e tanto como a constituição de um “globo” na mesma medida em que tente a contribuir para a sedimentação de particularismo locais e regionais. Portanto, o fenômeno da globalização tende a constituir novas determinações sócio-históricas no plano do processo civilizatório humano-genérico vinculado ao desenvolvimento das forças produtivas humanas no plano da economia e da sociedade e no plano da ideologia e da política. Deste modo, para Giovanni Alves, a globalização oculta o totalitarismo da economia, o que não é novidade, tendo em vista que é próprio do modo de produção capitalista o primado da economia sobre quaisquer outras esferas da vida social. Só que, talvez seja isto que Ramonet queira destacar, sob a globalização, o primado da economia aparece com mais vigor, tal como um totalitarismo de mercado que neutraliza os próprios avanços da democracia no Ocidente. A ideia de globalitarismo supõe a debilidade estrutural dos Estados. Sob o regime globalitário, os Estados não têm meios de se opor aos mercados. A globalização liquidou o mercado nacional, que é um dos fundamentos do poder do Estado-nação. A globalização, sustentada por regimes globalitários, isto é, governos que promulgaram o monetarismo, a desregulamentação, o livre-comércio, o livre fluxo de capitais e as privatizações maciças, tenderam a diminuir o papel dos poderes públicos. Veja bem: a globalização é, portanto, resultado, nessa perspectiva, de regimes globalitários, de dirigentes políticos que permitiram, através de atos políticos, a transferência de decisões capitais (em matéria de investimento, emprego, saúde, educação, cultura, proteção do meio ambiente) da esfera pública para a esfera privada. Foram os políticos liberais e conservadores que permitiram a privatização da coisa pública, contribuindo para que algumas decisões importantes para a vida social passassem para as mãos da economia privada. A relevância do Ambiente no contexto da globalização - mundo globalizado é resultado de mais de 500 anos de conquistas relativas às interligações globais. - Desde a época das grandes navegações, a partir do final do século XV, diferentes povos e mercados passaram a ser alcançados cada vez mais rapidamente. - Revolução industrial aferiu novas possibilidades pelo avanço tecnológico humano na forma e eficácia de transformação cada vez mais rápida da natureza. - As matrizes energéticas da sociedade de consumo se tornou determinante para a sociedade da informação do século XX e XXI. - Interligados, os mercados globais são unidos pelos objetivos comuns: de alavancar mais rapidamente conquistas expressivas no atual mundo competitivo. Em meio a toda essa transformação a natureza foi desprezada e subjugada. Nesse contexto hoje em dia há de se ter em mente a importância da reflexão sobre os procedimentos atuais e futuros, dado a encruzilhada que o homem globalizado se encontra: produzir e preservar o meio ambiente. - Abertura de mercados ao comércio internacional, migração de capitais, uniformização e expansão tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma frenética expansão dos meios de comunicação, parecem ser forças incontroláveis a mudar hábitos e conceitos, procedimentos e instituições. -Os impactos da globalização da economia sobre o meio ambiente decorrem principalmente de seus efeitos sobre os sistemas produtivos e sobre os hábitos de consumo das populações. Alguns desses efeitos têm sido negativos e outros, positivos. Está havendo claramente uma redistribuição das funções econômicas no mundo. Um mesmo produto final é feito com materiais, peças e componentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se os componentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que implicam os custos de produção incluem as exigências ambientais do país em que está instalada a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um processo de "migração" industrial. Indústrias são rapidamente montadas em locais onde fatores como disponibilidade de mão-de-obra, salários, impostos, facilidades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem a otimização de custos. Como a produção de componentes é feita em escala global, alimentando indústriasde montagem em várias partes do mundo, pequenas variações de custos produzem, no final, notáveis resultados financeiros. O processo de migração industrial, envolvendo fábricas de componentes e materiais básicos, pode ser notado facilmente nos países do Sudeste Asiático e, mais recentemente, na América Latina. Há uma clara tendência, na economia mundial, de concentrar-se nos países mais desenvolvidos atividades mais ligadas ao desenvolvimento de tecnologias, à engenharia de produtos e à comercialização. Por outro lado, a atividade de produção, mesmo com níveis altos de automação, tenderá a concentrar-se nos países menos desenvolvidos, onde são mais baratos a mão-de-obra e o solo e são contornadas, com menores custos, as exigências de proteção ao meio ambiente. Essa tendência poderá mascarar o cumprimento de metas de redução da produção de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis, agravadores do "efeito estufa", pois a diminuição das emissões nos países mais ricos poderá ser anulada com o seu crescimento nos países em processo de industrialização. Outro fator que tem exercido pressão negativa sobre o meio ambiente e que tem crescido com a globalização da economia é o comércio internacional de produtos naturais, como madeiras nobres e derivados de animais. Este comércio tem provocado sérios danos ao meio ambiente e colocado em risco a preservação de ecossistemas inteiros. Atores da Globalização ➢ O paradigma da localização não implica necessariamente a recusa de resistências globais ou translocais. Põe, no entanto, o acento tônico na promoção das sociabilidades locais. ➢ Para Helena Norberg-Hodge (1996), é necessário distinguir entre estratégias para por freio à expansão descontrolada da globalização e estratégias que promovam soluções reais para as populações reais. Para por freio à expansão descontrolada da globalizacão deve-se levar a cabo iniciativa translocais, nomeadamente através de tratados multilaterais que permitam aos Estados nacionais proteger as populações e o meio ambiente dos excessos do comércio livre. Para promover soluções reais para as populacões só pode ser levado a cabo através de múltiplas iniciativas locais e de pequena escala tão diversas quanto as culturas, os contextos e o meio ambiente em que têm lugar. Não se trata de pensar em termos de esforços isolados e antes de instituições que promovam a pequena escala em larga escala. Essa posição é que mais se aproxima da que resulta da concepção de uma polarização entre globalização hegemônica e globalização contra-hegemônica aqui proposta. A diferença está na ênfase relativa entre as várias estratégias de resistência em presença. Em nossa opinião, é incorreto dar prioridade, quer às estratégias locais, quer às estratégias globais. Uma das armadilhas da globalização neoliberal consiste em acentuar simbolicamente a distinção entre o local e o global e ao mesmo tempo destruí-la ao nível dos mecanismos reais da economia. A acentuação simbólica destina-se a deslegitimar todos os obstáculos à expansão incessante da globalização neoliberal, agregando-os a todos sob a designação de local e mobilizando contra eles conotações negativas através dos fortes mecanismos de inculcação ideológica de que dispõe. Ao nível dos processos transnacionais, da economia à cultura, o local e o global são cada vez mais os dois lados da mesma moeda como, de resto, salientamos acima. Nesse contexto, a globalização contra-hegemônica é tão importante quanto a localização contra-hegemónica. Segundo as melhores concepções, a globalização econômica tem uma lógica férrea que é duplamente destrutiva. Não só não pode melhorar o nível de vida da esmagadora maioria da população mundial (pelo contrário, contribui para a sua pioria), como não é sequer sustentável a médio prazo. Ainda hoje a maioria da população mundial mantém economias relativamente tradicionais, muitos não são "pobres" e uma alta percentagem dos que são foram empobrecidos pelas políticas da economia neoliberal. Em face disto, a resistência mais eficaz contra a globalização reside na promoção das economias locais e comunitárias, economias de pequena-escala, diversificadas, autossustentáveis, ligadas a forças exteriores, mas não dependentes delas. Segundo essa concepção, numa economia e numa cultura cada vez mais desterritorializadas, a resposta contra os seus malefícios não pode deixar de ser a reterritorialização, a redescoberta do sentido do lugar e da comunidade, o que implica a redescoberta ou a invenção de atividades produtivas de proximidade. Esta posição tem-se traduzido na identificação, criação e promoção de inúmeras iniciativas locais em todo o mundo. Consequentemente é hoje muito rico o conjunto de propostas que, em geral, podíamos designar por localização. Entendo por localização o conjunto de iniciativas que visam criar ou manter espaços de sociabilidade de pequena escala, comunitários, assentes em relações face- a-face, orientados para a autossustentabilidade e regidos por lógicas cooperativas e participativas. As propostas de localização incluem iniciativas de pequena agricultura familiar, pequeno comércio local, sistemas de trocas locais baseado em moedas locais, formas participativas de autogoverno local . Muitas destas iniciativas ou propostas assentam na ideia de que a cultura, a comunidade e a economia estão incorporadas e enraizadas em lugares geográficos concretos que exigem observação e proteção constantes. É isto o que se chama bio-regionalismo. As iniciativas e propostas de localização não implicam necessariamente fechamento isolacionista. Implicam, isso sim, medidas de proteção contra as investidas predadoras da globalização neoliberal. Trata-se de um "novo protecionismo": a maximização do comércio local no interior de economias locais, diversificadas e autossustentáveis e a minimização do comércio de longa distância. O novo protecionismo parte da ideia de que a economia global, longe de ter eliminado o velho protecionismo, é, ela própria, uma táctica protecionista das empresas multinacionais e dos bancos internacionais contra a capacidade das comunidades locais de preservarem a sua própria sustentabilidade e da natureza. Globalização, Interdependência e Mudanças nos Paradigmas do Estado e das Relações Internacionais A doutrina, ao longo da evolução das Relações Internacionais, estabeleceu a existência de quatro paradigmas interpretativos das Relações Internacionais: o modelo idealista, o modelo realista, o modelo da dependência e o modelo da interdependência. O MODELO IDEALISTA - foi formado no período entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial. - Sofreu em sua origem, fortes influências dos pensamentos de Jean-Jaques Rosseau - pregava a existência de uma sociedade perfeita. - Surge a Liga das Nações (1919) que tinha como objetivo maior a pacificação da ordem mundial, como reação moral e política aos horrores da Primeira Grande Guerra. - Visava, na prática, evitar um novo conflito e tinha por escopo a definição da justiça como arcabouço das relações entre os Estados, centrando seus fundamentos nos valores na paz universal. Sua contribuição foi o estabelecimento de certos princípios que fizeram as Relações Internacionais passassem a ser mais abertas, transparentes e democráticas. - Com a Segunda Grande Guerra, o paradigma idealista acabou sendo posto de lado, devido ao seu fracasso em evirar novos conflitos bélicos. O PARADIGMA REALISTA - surge a partir da Segunda Guerra Mundial, apresentando-se como reação ao paradigma idealista. - Suas origens são encontradas na obra de Nicolau Maquiavel, denominada "O príncipe" (1532),e na obra de Thomas Hobbes, denominada "O Leviatã" (1615). - as Relações Internacionais passaram a ser regidas pelo grau de poder de cada Estado. A política doméstica é tida como distinta da política internacional e o Estado é o único ator reconhecido. - Nas Relações Internacionais, o que passa a imperar é um sistema anárquico, prevalecendo a força e o conflito na busca do poder. - Os princípios morais e democráticos são aplicados apenas no âmbito da política interna. A paz somente é possível quando há o equilíbrio entre o poder e a força dos Estados oponentes. Como forma de crítica ao realismo político (realismo tradicional), que não se adequava perfeitamente ao panorama global que se formou após a Segunda Guerra, surgiu na década de sessenta o chamado neorrealismo (ramificação do paradigma do realismo), pelo qual se sustentava a busca da segurança como causa última da prática política no sistema internacional (argumento central desta nova visão do realismo consiste em destacar a limitação da soberania e a paralela redução da insegurança decorrente dos compromissos institucionais. O PARADIGMA DA DEPENDÊNCIA - procura analisar as Relações Internacionais sob o ponto de vista econômico. Coloca-se em debate a questão do desenvolvimento dos países menos favorecidos economicamente e as desigualdades existentes entre o “centro” e a “periferia” mundial. - Sua origem é encontrada na clássica obra Dependência e desenvolvimento na América Latina, elaborada em 1969 por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. - O paradigma da dependência recebe ainda o aporte teórico da corrente marxista e da corrente estruturalista, procurando questionar respectivamente os problemas do imperialismo e a situação de marginalidade em que vivem certos Estados. - Para os adeptos deste paradigma, não só o Estado funciona como ator nas Relações Internacionais, mas também as organizações não governamentais, as organizações internacionais, as empresas transnacionais e os movimentos de libertação, entre outros. O MODELO DA INTERDEPENDÊNCIA - surgiu no final dos anos sessenta juntamente como paradigma da dependência. - A dimensão econômica mundial é importante nas Relações Internacionais, mas também o desenvolvimento das tecnologias das comunicações em massa e o poder das empresas transnacionais. - Com essa visão, afasta-se a ideia do paradigma realista, de que as Relações Internacionais são apenas representadas por conflitos, demonstrando-se que estas podem ser também cooperativas.
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