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PMSUS oficina 4- violência contra a mulher/ feminicídio /violência de gênero

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Nova síntese- PMSUS
Oficina 4
INTENCIONALIDADE EDUCACIONAL: Compreender a situação da violência contra a mulher e o feminicídio no Brasil e o papel da Atenção Básica.
Objetivos:
1. Conhecer e conceituar os tipos de violência contra a mulher, violência de gênero e feminicídio (ciclo da violência, sinais/indícios de violência, influência da expressão de gênero para que ocorra a violência)
2. Conhecer a conduta dos profissionais da AB no que tange à prevenção e ao cuidado frente a casos de violência contra a mulher.
3. Conhecer a epidemiologia da violência contra mulher, violência de gênero e feminicídio.
4. Conhecer as políticas públicas e redes de apoio que garantem a proteção da mulher
5. Entender o papel e a responsabilidade dos serviços de saúde no enfrentamento da violência contra a mulher (organização da rede de cuidados)
6. Compreender a importância e como ocorrem as notificações em casos de violência contra a mulher e seu papel na vigilância em saúde
7. Discutir a importância da intersetorialidade no combate à violência à mulher (rede de atenção à saúde para violência)
1º momento - 16/11
2º momento - 23/11
1) Conhecer e conceituar os tipos de violência contra a mulher, violência de gênero e feminicídio (ciclo da violência, sinais/indícios de violência, influência da expressão de gênero para que ocorra a violência).
Ciclo da violencia
Tipos de violência conta a mulher: 
Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher na Lei Maria da Penha: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial − Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V. 
Essas formas de agressão são complexas, perversas, não ocorrem isoladas umas das outras e têm graves consequências para a mulher. Qualquer uma delas constitui ato de violação dos direitos humanos e deve ser denunciada.
I. Violência física: Entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher.
· Espancamento; 
· Atirar objetos, sacudir e apertar o braço;
· Estrangulamento ou sufocamento;
· Lesões com objetos cortantes ou perfurantes;
· Ferimentos causados por queimadura ou armas de fogo;
· Tortura.
II. Violência psicológica: É considerada qualquer conduta que: cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões.
· AMEAÇAS
· CONSTRANGIMENTO
· HUMILHAÇÃO
· MANIPULAÇÃO
· ISOLAMENTO (PROIBIR DE ESTUDAR E VIAJAR OU DE FALAR COM AMIGOS E PARENTES)
· VIGILÂNCIA CONSTANTE
· PERSEGUIÇÃO CONTUMAZ
· INSULTOS
· CHANTAGEM
· EXPLORAÇÃO
· LIMITAÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR
· RIDICULARIZAÇÃO
· TIRAR A LIBERDADE DE CRENÇA
· DISTORCER E OMITIR FATOS PARA DEIXAR A MULHER EM DÚVIDA SOBRE A SUA MEMÓRIA E SANIDADE (GASLIGHTING).
III. Violência sexual: Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
· ESTUPRO
· OBRIGAR A MULHER A FAZER ATOS SEXUAIS QUE CAUSAM DESCONFORTO OU REPULSA
· IMPEDIR O USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS OU FORÇAR A MULHER A ABORTAR
· FORÇAR MATRIMÔNIO, GRAVIDEZ OU PROSTITUIÇÃO POR MEIO DE COAÇÃO, CHANTAGEM, SUBORNO OU MANIPULAÇÃO
· LIMITAR OU ANULAR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS DA MULHER.
IV. Violência patrimonial: Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
· CONTROLAR O DINHEIRO
· DEIXAR DE PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA
· DESTRUIÇÃO DE DOCUMENTOS PESSOAIS
· FURTO, EXTORSÃO OU DANO
· ESTELIONATO
· PRIVAR DE BENS, VALORES OU RECURSOS ECONÔMICOS
· CAUSAR DANOS PROPOSITAIS A OBJETOS DA MULHER OU DOS QUAIS ELA GOSTE.
V. Violência moral: É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
· ACUSAR A MULHER DE TRAIÇÃO
· EMITIR JUÍZOS MORAIS SOBRE A CONDUTA
· FAZER CRÍTICAS MENTIROSAS
· EXPOR A VIDA ÍNTIMA
· REBAIXAR A MULHER POR MEIO DE XINGAMENTOS QUE INCIDEM SOBRE A SUA ÍNDOLE
· DESVALORIZAR A VÍTIMA PELO SEU MODO DE SE VESTIR
 
https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html 
Violência de gênero:
Alcançar a igualdade entre os gêneros é um dos 17 objetivos na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário. No entanto, o nosso país ocupa o 5° lugar no ranking de homicídio de mulheres e, somente no ano de 2017, foram registradas mais de 260 000 agressões a pessoas em razão de sua identidade de gênero.
O que é gênero?
O gênero se refere a um conjunto de atributos particulares da masculinidade e da feminilidade. Nesse sentido, entende-se que o gênero é uma construção social que não decorre/ advém/proveniente de aspectos naturais.
Em outras palavras, as características sociais entre homens e mulheres, que definem os seus papéis e responsabilidades dentro de uma sociedade, não são estabelecidas pelo sexo – como determinação biológica – mas influenciadas pela cultura. Ou seja, gênero é um elemento subjetivo não estático que refere a ser menino ou menina, homem ou mulher em uma determinada cultura.
Dessa maneira, as pessoas podem se identificar com gêneros diferentes dos que lhes foram atribuídos em seu nascimento, isso é conhecido como identidade de gênero. Já o sexo é definido pelas características biológicas congênitas que diferenciam homens e mulheres. Por fim, temos a sexualidade a qual corresponde a como o indivíduo pode, ou não, ser atraído de maneira sexual, ou romântica pelos gêneros.
E o que é violência de gênero?
A violência de gênero se define como qualquer tipo de agressão física, psicológica, sexual ou simbólica contra alguém em situação de vulnerabilidade devido a sua identidade de gênero ou orientação sexual.
Se liga! nem todo ato contra a mulher é violência de gênero. Isso por que para que uma agressão seja classificada como violência de gênero deve ser direcionada a vítima em razão de sua identificação sexual ou de gênero.
https://contee.org.br/o-que-e-violencia-de-genero-e-como-se-manifesta/ 
Violência de gênero
 O fenômeno da violência, na modalidade ora estudada, pode ser explicada como uma questão cultural que se situa no incentivo da sociedade para que os homens exerçam sua força de dominação e potência contra as mulheres, sendo essas dotadas de uma virilidade sensível.
Dessa forma, as violências física, sexual e moral não ocorrem isoladamente, visto que estão sempre relacionadas à violência emocional.
A violência de gênero pode ser observada como uma problemática que, necessariamente, abrange questões ligadas à igualdade entre sexos.
Feminicídio: 
O que é feminicídio?
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
O feminicídio é todo o homicídio praticado contra a mulher por razões da condição do gênero feminino e em decorrência da violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
• Violência doméstica e familiar: quando o crime resulta da violência doméstica ou familiar praticado contra a vítima. A morte é resultante da pratica de um/a familiar ou de uma pessoa com quem a vítima conviveu ou mantinha laço de afetividade.
• Menosprezo ou discriminação à condição de mulher: quando o crime resulta do menosprezo ou discriminação do gênero feminino, sendo manifestado pelo ódio, aversão ou objetificação da mulher. https://www.tjpr.jus.br/web/cevid/feminicidio 
Feminicídio X femicídio
• Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher);
• Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero).
Como era a punição do feminicídio?
Antes da Lei n.º 13.104/2015, não havia nenhuma puniçãoespecial pelo fato de o homicídio ser praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Em outras palavras, o feminicídio era punido, de forma genérica, como sendo homicídio (art. 121 do CP). 
Não existia a previsão de uma pena maior para o fato de o crime ser cometido contra a mulher por razões de gênero
A Lei Maria da Penha já não punia isso?
NÃO. A Lei Maria da Penha não traz um rol de crimes em seu texto. Esse não foi seu objetivo. A Lei n.º 11.340/2006 trouxe regras processuais instituídas para proteger a mulher vítima de violência doméstica, mas sem tipificar novas condutas, salvo uma pequena alteração feita no art. 129 do CP.
Desse modo, o chamado feminicídio não era previsto na Lei n.º 11.340/2006, 
A Lei n.º 13.104/2015 acrescentou um sexto inciso ao rol do § 2º para tratar do feminicídio. Confira: Feminicídio
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa (trata-se de crime comum).
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem, mas também pode ser mulher.
Sujeito passivo
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino).
Observação: 
1) Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode haver feminicídio se o crime foi por razões da condição de sexo feminino.
2) Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não haverá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo feminino. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio.
 Transexual, homossexual e travesti. Diferenças
· A identidade de gênero é o gênero como a pessoa se enxerga (como homem ou mulher). Assim, em simples palavras, o transexual tem uma identidade de gênero (sexo psicológico) diferente do sexo físico. Existem algumas formas de acompanhamento médico oferecidas ao transexual, dentre elas a cirurgia de redesignação sexual (transgenitalização), que pode ocorrer tanto para redesignação do sexo masculino em feminino, como o inverso.
· homossexualidade (não se fala homossexualismo) está ligada à orientação sexual, ou seja, a pessoa tem atração emocional, afetiva ou sexual por pessoas do mesmo gênero. O homossexual não possui nenhuma incongruência de identidade de gênero.
· A travesti (sempre utiliza-se o artigo no feminino), por sua vez, possui identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, mas, diferentemente dos transexuais, não deseja realizar a cirurgia de redesignação sexual.
Expressão de gênero é como a pessoa manifesta publicamente a sua identidade de gênero, por meio do seu nome, da vestimenta, do corte de cabelo, dos comportamentos, da voz e/ou características corporais e da forma como interage com as demais pessoas. A expressão de gênero da pessoa nem sempre corresponde ao seu sexo biológico 
3) Vítima homossexual (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino.
4) Vítima travesti (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino.
5) Transexual que realizou cirurgia de transgenitalização (neovagina) pode ser vítima de feminicídio se já obteve a alteração do registro civil, passando a ser considerada mulher para todos os fins de direito? NÃO. A transexual, sob o ponto de vista estritamente genético, continua sendo pessoa do sexo masculino, mesmo após a cirurgia. O legislador tinha a opção de, legitimamente, equiparar a transexual à vítima do sexo feminino, até porque são plenamente equiparáveis. Porém, não o fez. Enfim, a transexual que realizou a cirurgia e passou a ter identidade sexual feminina é equiparada à mulher para todos os fins de direito, menos para agravar a situação do réu.
2) Conhecer a epidemiologia da violência contra mulher, violência de gênero e feminicídio
https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/07/6-a-violencia-contra-meninas-e-mulheres-no-ano-pandemico.pdf 
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2019. https://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil - 3ª edição – 2021. https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/06/relatorio-visivel-e-invisivel-3ed-2021-v3.pdf 
Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 
Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. 
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/07/1-em-cada-4-mulheres-foi-vitima-de-algum-tipo-de-violencia-na-pandemia-no-brasil-diz-datafolha.ghtml 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
· Em 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil. 
· O número ficou bastante abaixo dos 4.519 homicídios femininos registrados em 2018, com uma redução de 17,3% nos números absolutos. A diminuição no número de homicídios de mulheres registrados em 2019 segue a mesma tendência do indicador geral de homicídios (que inclui homens e mulheres), cuja redução foi de 21,5% em comparação com o ano anterior. 
· Especificamente para o caso de homicídios femininos, enquanto o SIM/Datasus indica que 3.737 mulheres foram assassinadas no país em 2019, outras 3.756 foram mortas de forma violenta no mesmo ano, mas sem indicação da causa – se homicídio, acidente ou suicídio –, um aumento de 21,6% em relação a 2018. 
· Feita a ressalva metodológica, partimos para a análise dos dados registrados oficialmente como homicídios. Os 3.737 casos registrados em 2019 equivalem a uma taxa de 3,5 vítimas para cada 100 mil habitantes do sexo feminino no Brasil. A taxa representa uma redução de 17,9% em relação a 2018, quando foram registrados 4,3 vítimas para cada 100 mil mulheres.
Homicídios de mulheres negras e não negras no Brasil Em 2019, 66% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Em termos relativos, enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras foi de 2,5, a mesma taxa para as mulheres negras foi de 4,1. Isso quer dizer que o risco relativo de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra, ou seja, para cada mulher não negra morta, morrem 1,7 mulheres negras.
Homicídios de mulheres nas residências e por armas de fogo
Em 2019, foram registrados 1.246 homicídios de mulheres nas residências, o que representa 33,3% do total de mortes violentas20 de mulheres registradas.
A análise dos últimos onze anos indica que, enquanto os homicídios de mulheres nas residências cresceram 10,6% entre 2009 e 2019, os assassinatos fora das residências apresentaram redução de 20,6% no mesmo período, indicando um provável crescimento da violência doméstica.
Uma característica que distingue os homicídios de mulheres ocorridos dentro e fora das residências é o instrumento utilizado. As armas de fogo são o principal instrumento utilizado em homicídios de mulheres fora das residências, 54,2% dos registros, enquanto nos casos dentro das residências essa proporção foi consideravelmente menor, de 37,5%. Isto porque é comum que armas brancas e outros tipos de armas sejam mais utilizadas em crimes cometidos no contexto de violência familiar e doméstica, dado que a fatalidade geralmente decorre de um conflito interpessoal que vai crescendo e no qual o autor da violência costuma recorrer ao objeto que está mais próximo para agredir a companheira (GOMES, 2014).
Diante disso, causam preocupação as mudanças recentes na legislação de controle de armas, como os mais de 30 decretos e atos normativos presidenciais publicados desde janeiro de 2019. Com diretrizes que visam flexibilizar as regras para a posse de armas, a ampliação do limite de compras de arma para cidadãos e categorias profissionais, o aumento da quantidade de recargas de cartucho de calibre restrito, a possibilidade de produçãode munição caseira, dentre outras mudanças, o número de licenças e de armas de fogo vem crescendo significativamente (FBSP, 2020), o que pode agravar o cenário de violência doméstica posto que pode disponibilizar instrumentos ainda mais letais a agressores.
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/1375-atlasdaviolencia2021completo.pdf 
Feminicidio: 
 
https://artigo19.org/wp-content/blogs.dir/24/files/2018/03/Dados-Sobre-Feminic%C3%ADdio-no-Brasil-.pdf 
3) Compreender a importância e como ocorrem as notificações em casos de violência contra a mulher e seu papel na vigilância em saúde
ALCANTARA, Mirian Conceição Moreira et al. Subnotificação e invisibilidade da violência contra a mulher. Rev Med Minas Gerais 2016; 26 (Supl 8): S313-S317. http://rmmg.org/artigo/detalhes/2170 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/11/vira-lei-obrigacao-de-notificar-casos-de-violencia-contra-a-mulher-em-24-horas 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13931.htm 
Notificação de Violência 
A atenção a mulher em situação de violência requer abordagem intersetorial, multiprofissional e interdisciplinar. O setor saúde constitui-se a maior porta de entrada das mulheres vítimas de violência, isso se deve em muitos momentos aos agravos ocasionados pelos impactos na saúde (ZAMPROGNO, 2013). Portanto, é fundamental o preparo dos profissionais para perceber, diagnosticar e conduzir os casos de violência.
Dentre os instrumentos fundamentais de intervenção durante o atendimento como a escuta, o acolhimento e o exame físico, tem-se a notificação que serve como uma ferramenta no qual se pode tomar conhecimento do evento sofrido pela vítima, os tipos de violências prevalentes, ambiente de ocorrência, possível autor da agressão, além de permitir conhecer a realidade em torno da questão. Em termos gerais, a notificação possibilita o planejamento e a execução de políticas públicas integradas e intersetoriais para a redução da morbimortalidade decorrente das violências e efetivamente promover a saúde, a cultura de paz e a qualidade de vida.
A notificação da violência foi estabelecida como obrigatória por atos normativos e legais. A Lei 10.778, de 24 de novembro de 2003, estabelece a notificação compulsória, no território nacional, dos casos de violência contra a mulher, atendidos em serviços públicos ou privados de saúde. Essa lei foi normatizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde através da Portaria MS/GM nº 2.406 de 05 de novembro de 2004, que implantou a notificação compulsória de violência contra a mulher no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Como instrumento de vigilância em saúde, a notificação potencializa a elaboração de políticas de inclusão e justiça social, por meio da captação de informações. Entre elas cabe mencionar: Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (Decreto nº 5.390, de 08 de março de 2005); Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006); Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência (Portaria nº 1.060/GM, de 05 de junho de 2002); Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, 2008 (BRASIL, 2014).
Dessa forma, em 06 de novembro de 2014 foi publicada a nova versão da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal/Autoprovocada (Anexo 1 e 2) em substituição a versão de 10 de julho de 2008 da Ficha de Notificação de Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências (Anexo 3 e 4). 
O aprimoramento contínuo dos profissionais em todas as instâncias dos serviços é essencial a fim de garantir o conhecimento acerca da complexidade do sistema de notificação propiciando a identificação do agravo e o conhecimento da ficha de notificação. Ao profissional de saúde é fundamental conhecer os recursos legais obrigatórios, gerando ações que denotam conhecimento e comprometimento (CARNASALLE, 2012).
Todas as violências passaram a fazer parte da Lista Nacional das Doenças e Agravos de Notificação Compulsória desde a publicação da Portaria nº 104 de 25 de Janeiro de 2011. 
Portanto, a notificação dos casos suspeitos e confirmados de violência é obrigatória/compulsória a todos os profissionais de saúde de instituições públicas ou privadas. Profissionais de outros setores, como educação, assistência social, saúde indígena, conselhos tutelares, centros especializados de atendimento à mulher, entre outros, também podem  realizar a notificação. 
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-ABZN52/1/defesa_final__adriana_perini.pdf 
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/98170/lei-10778-03 
https://www.cevs.rs.gov.br/informacoes-basicas

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