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Sumário 1 Introdução ............................................................... 2 2 justificativa acadêmica e pessoal do tema ............... 9 3 Objetivos e problema ou perguntas de investigação ............................................................. 12 4.1 Fatores problematizadores e as influências na má formação de docentes ................................ 14 4.2 A má formação do docente brasileiro e os prejuízos causados aos discentes ......................... 29 4.3 Intervenções pedagógicas, como entender e como usá-las......................................................... 40 4.4. Como entender e instrumentalizar os estudantes para momentos apropriados para os feedbacks ............................................................. 46 5 Metodologia ........................................................... 60 5.1 Descrição da metodologia de pesquisa qualitativa. ............................................................. 60 5.2 Descrição dos instrumentos de pesquisa (questionários). ..................................................... 62 6 Apresentação e análise dos dados coletados. ....... 62 7 Conclusões ............................................................ 91 8 Referências bibliográficas ...................................... 97 1 Introdução Muito se tem discutido no Brasil sobre os possíveis problemas da educação, enfatiza-se grandes avanços que, não necessariamente, condizem com a realidade brasileira. Desta forma, acerca desta temática, com a seguinte pesquisa pretendeu-se versar sobre quais fatores são possíveis causadores ou responsáveis pela hipotética má formação de futuros docentes de licenciatura em pedagogia. A muito tempo a educação brasileira amarga índices e posições alarmantes nas avaliações, seja na educação básica ou nível superior. A partir desta situação caótica, buscou-se identificar e entender quais os possíveis fatores que corroboram para a má formação de futuros professores em licenciatura em pedagogia. Para se ter uma ideia da dimensão do problema da educação superior brasileira, 1 em cada 4 futuros professores no Brasil, formam-se em cursos de má qualidade. Entre 292 cursos de pedagogia, aproximadamente 71 mil estudantes universitários receberam os mais baixos conceitos em avaliações (Enade) do MEC, indicando que apenas 9 dos 763 estudantes avaliados tiveram nota máxima, Universidade Federal de Campina Grande [UFCG] (2009). Segundo Gatti, B e Barreto, E. (2009), o problema da má formação de professores começa nos centros de educação superior. Pois os futuros docentes em licenciatura em pedagogia saem dos centros educacionais superiores sem saber ensinar, para não dizer que a formação didática pedagógica não existe, ressaltando que a precariedade da educação superior, impossibilita a maioria dos futuros professores a aprender como lecionar. Para Abrucio, L. F. (2016), a precariedade da formação inicial dos futuros professores é amplificada pelo baixo capital cultural e social da grande maioria dos estudantes dos cursos de licenciaturas. Em concordância com o exposto, “não é possível dar a alguém, algo que não se tenha...”. Para que tenhamos estudantes inovadores e criativos são necessários professores de iguais anseios. No entanto, é possível avançar com medidas, como por exemplo, a reformulação da grade curricular dos cursos de pedagogia, bem como uma atenção especial aos déficits dessa comunidade no que se refere a sua formação na educação básica. Saviani, D. (2011), versa sobre dois modelos de formação de professores no Brasil. Um primeiro denominado de modelo dos conteúdos culturais- cognitivos de formação de professores que acontece a partir da cultura geral e do domínio das habilidades e competências correspondentes à área do conhecimento que o professor (a) vá ministrar aulas. Considerando que a formação pedagógico-didática acontecerá em consequência do domínio dos conteúdos já assimilados, aprendendo a partir da sua prática docente, o que o autor chama de “treinamento em serviço”. Não sendo função assim da universidade mediar esse aprendizado. O segundo é chamado de modelo pedagógico-didático de formação de professores. Onde a formação de professores só é possível a partir da efetiva fundamentação pedagógico- didático. Afirma-se que mesmo com a cultura geral e a formação na área do conhecimento, as universidades devem garantir, de maneira criteriosa, melhor estruturação curricular e ampliação pedagógico-didática dos professores em formação. Segundo Azevedo, Ghedin, Silva e Gonzaga (2011), mesmo com a criação das faculdades ou centros de educação nas universidades, e o tema permear as discussões no cenário acadêmico brasileiro. Os cursos de licenciatura oferecem a mesma formação para os futuros professores atuarem no ensino fundamental I e na educação infantil, no mesmo modelo desde sua origem, sem alterações significativas em sua grade. Emergindo nesta atmosfera, objetivou-se compreender as circunstâncias do baixo nível de conhecimento adquirido pelos futuros docentes nas últimas etapas do curso de licenciatura em pedagogia, através de indicativos como o desinteresse e/ou a má formação universitária, comparando assim, o nível de conhecimento adquirido no curso de formações de futuros docentes que objetivam ministrar aulas para estudantes da educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental I. Posteriormente, objetivou-se traçar um plano de ação que possa corroborar na formação inicial docente, imergindo nestes novos docentes uma postura profissional-científico-reflexiva. Buscou-se constatar como a má formação básica pode influenciar na formação de futuros decentes, estabeleceremos quais os pontos fundamentais da formação profissional docente, as competências necessárias para o desempenho da função, analisando sobre a ótica da má formação inicial dos docentes, os possíveis prejuízos a longo prazo, que chamamos de “ciclo vicioso”1. No marco teórico, buscou-se apontar e elucidar pontos primordiais que se relacionam com a má formação docente, haja vista que nos últimos 1 Ciclo vicioso: Processo caracterizado pela má formação ou defasagem dos estudantes em todos os níveis da educação. Ex.: um estudante que não atingiu as habilidades e competências ou não tem afinidade com a matemática no ensino fundamental I, II e no ensino médio, provavelmente, não se identificará com a disciplina no curso superior. anos subiu de forma alarmante e negativa a qualidade da formação de docentes licenciados em pedagogia. Desta forma, faz-se necessário ampliar as discussões sobre a má formação de futuros docentes, para restabelecermos novos caminhos e realmente alcançarmos níveis de qualidade nos cursos de formação de futuros docentes de licenciatura em pedagogia. A metodologia que segue como instrumento de verificação de construção desta dissertação, foi a metodologia de pesquisa qualitativa. Buscou-se inferir um grupo por amostragem, analisando os dados compilados e recorrendo à interpretação e análise através de tabelas e gráficos favorecendo a compreensão. Buscou-se demonstrar a relação e o impacto da má formação inicial docente em estudantes de licenciatura em pedagogia em fase final de formação. Para o desenvolvimento deste estudo, selecionou-se uma amostra de 122 estudantes, cursando o último semestre do curso de licenciatura em pedagogia, onde percebe-se uma prevalência de 98% dos respondentes do sexo feminino e, consequentemente, apenas 2% do sexo masculino, 29% dos entrevistados numa faixa etária entre 20 a 30 anos, 42% entre 30 a 40 anos, 22% entre 40 a 50 anos e 8% entre 50 a 60 anos. Cálculos dos dados tabuladosatravés do programa Excel, do Microsoft Office. No tópico resultados e discussão, será possível conhecer os motivos para a escolha da futura profissão docente, entender os diferentes fatores, competências e expectativas que rodeiam a profissão, examinando as experiências na formação inicial de futuros docentes e como estes entendem a profissão, seu papel social, investigando como pretendem organizar e dirigir situações de aprendizagem. 2 justificativa acadêmica e pessoal do tema O Brasil tem chamado atenção no cenário mundial pelos baixíssimos índices alcançados na educação quando comparado a países menos favorecidos economicamente. Em recente pesquisa que avalia a qualidade da educação divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 76 países, o Brasil ocupa a 60ª posição. Desta forma, após longos anos na observação de atitudes e ações que não condizem com a função docente profissional, onde professores sujeitam os estudantes a atitudes invasivas e autoritárias que, em alguns momentos, beiram a intervenções de cunho extremamente pessoal, justificando o interesse pessoal de desenrolo acadêmico, a fim de explorar, de forma rigorosa, quais fatores podem elucidar tais posturas e, também, se tais fatores podem ser os causadores dos baixos índices da educação. Mesmo com diversas pesquisas que visam identificar o cerne do problema, pouco se tem investigado sobre como a subjetiva má formação pode influenciar nas possíveis posturas e intervenções dos docentes que lecionam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, e como sua formação defasada pode contribuir com o aumento dos baixos níveis de rendimento escolar, refletindo na atual posição do Brasil nos rankings que avaliam a qualidade da educação e o rendimento nos diferentes níveis. Neste enfoque e de maneira conveniente, buscou-se com esta pesquisa beneficiar não apenas os futuros profissionais da educação, mas, a sociedade de modo geral, apresentando subsídios teóricos e práticos para fomentar pesquisas em maiores escalas. Pretende-se assim contribuir para a necessária mudança no conteúdo e desenho da educação superior no que diz respeito à formação de futuros docentes para a primeira etapa da educação básica. Na perspectiva de conseguir entender e perceber as questões ambíguas e, ao mesmo tempo, peculiares que cercam o cotidiano escolar, buscou-se ampliar a discussão sobre o “calcanhar de Aquiles” da educação, que é a hipotética “má formação de futuros docentes”. Preenchendo-o assim, de forma inicial, uma lacuna de conhecimento quando se trata de formação de professores, ampliando e criando um novo instrumento reflexivo e significativo no âmbito da pesquisa. Por tudo isso, esse documento discorre de total relevância social, pois buscou-se contribuir de forma incomensurável com a disseminação de informações sobre a postura profissional, científica e reflexiva do docente, possibilitando um ambiente tranquilo e favorável ao processo ensino e aprendizagem. Viabilizando assim, a construção efetiva de uma sociedade crítica e autônoma e por isso educada, transformada através das ações significativas profissionais-científicos-reflexivas dos futuros docentes em formação. Justifica-se assim o interesse acadêmico e pessoal e apresenta-se uma dissertação que possa realmente ser disseminada entre a comunidade docente científica, estimulando a transformação social, intelectual e cultural. 3 Objetivos e problema ou perguntas de investigação Objetivou-se constatar como a má formação básica pode influenciar na formação de futuros docentes do curso de licenciatura em pedagogia, estabelecendo quais os pontos fundamentais da formação profissional, analisando sobre a ótica da má formação inicial dos docentes, os possíveis prejuízos a longo prazo, o que chamamos de “ciclo vicioso”. Compreendendo as circunstâncias do baixo nível de conhecimento adquiridos pelos futuros docentes na última etapa do curso de licenciatura em pedagogia, ao longo da educação básica, conhecendo os motivos para a escolha da futura profissão docente, entendendo os diferentes fatores, competências e expectativas que rodeiam a profissão almejada, examinando as experiências da formação inicial de futuros docentes em licenciatura em pedagogia e como entendem sua futura profissão e seu papel social, Investigando como os futuros docentes de licenciatura em pedagogia pretendem organizar e dirigir situações de aprendizagens. Em suma, estabelecer os principais fatores problematizadores da educação básica e quais influências relacionam-se a má formação de futuros docente. Qual a relação entre a má formação inicial docente e os prejuízos educacionais causados aos discentes. O crescente problema da educação brasileira, caracterizado como um dos fatores que corroboram para a má qualidade da educação brasileira, a hipotética má formação de professores licenciados em pedagogia. Problema esse, que faz com que a profissão docente sofra uma contínua e grande desvalorização econômica e social, talvez, em primeira análise explicada pelo passado de pouca oferta de cursos superiores, inclusive em licenciatura em pedagogia. O que culminou com profissionais sem formação acadêmica ou formados em quaisquer outras áreas do conhecimento ministrando aulas, sem a então, devida formação, resultando no ingresso de “pseudos professores”. 4 Marco teórico 4.1 Fatores problematizadores e as influências na má formação de docentes A educação básica brasileira passa por uma crise existencial há muito tempo. E na tentativa de mudança deste ciclo caótico, surgem novas alternativas e/ou ações que não nos parecem ser instrumentos dirigidos efetivamente para solucionar o problema da falta de qualidade da educação brasileira em todos os níveis e sim, melhorar primeiramente índices e gráficos para ajustes meramente políticos/econômicos. Cita-se por exemplo a implantação da progressão continuada no Brasil, que apesar de surgir como sendo uma ideia avançada para a educação, com uma estruturação de alargamento do conceito de período escolar, prevendo ciclos de estudos, estabelecendo prazos mais justos e eficazes para as possíveis reprovações dos estudantes para as mudanças de fases escolares. No entanto, popularmente é alvo de polêmicas, considerando que é configurada como apenas "aprovação automática" dos estudantes. No Brasil, sua implementação aparentemente levou em conta apenas resultados obtidos em outros países, como por exemplo, a Finlândia que tem uma realidade bem distinta da nossa. A adoção da progressão continuada no Brasil, iniciou-se sem que houvessem etapas fundamentais de mudanças estruturais, pedagógicas, salariais, formação dos professores e ações necessárias ao desenvolvimento de um verdadeiro projeto de progressão continuada. A progressão continuada poderia ser um excelente processo para a construção efetiva de uma sociedade aprendente brasileira. Mas para isso, existem vários fatores que precisam ser revistos, principalmente os fatores culturais e socioeconômicos brasileiros que infelizmente nos dias de hoje impossibilitam o desenvolvimento de uma educação de qualidade. Evidentemente o futuro sucesso da progressão continuada brasileira e atual fracasso estão intimamente vinculados com a má formação dos professores. Se estes agentes de transformação social tivessem boa formação geral e específica poderiam mudar esse quadro de estagnação da educação brasileira, mas para isso, seria necessário que estes entendessem a forma como trabalhar o processo de construção do conhecimento através da metodologia da progressão continuada, tendo consciênciaque mesmo que os governantes tenham adotado a progressão continuada para fins estritamente políticos “financeiros”, que condicionam o recebimento de verbas da UNESCO a apresentação de dados estatísticos que comprovem avanços da educação pública deste país, o professor deveria, até por questões éticas profissionais científicas e reflexivas, condicionar sua prática a uma atuação criativa, inovadora de conscientização de toda comunidade estudantil, pais, colegas. Segundo Mello, G. (2000), muitos estudantes que hoje saem da educação básica e ingressam no ensino superior não possuem as mínimas condições para tal. E para sanar esse atraso, necessitariam de uma formação docente que propiciassem às estudantes condições de refazer o percurso de ensino e aprendizagem que não foi satisfatoriamente alcançado na educação básica. Portanto, vítimas de uma progressão continuada mal estruturada, que submeteu esses estudantes a esse processo de estagnação ou impossibilidade de avanços na educação básica. São estes os estudantes que vão prosseguir os estudos na carreira universitária, na tentativa de ascensão social e profissional mesmo sem a formação básica adequada. Estes indivíduos ingressam no ensino superior, muitos, em busca dos cursos de licenciaturas, tendo por muitas vezes a falsa ideia que seria mais fácil o acesso aos cursos de licenciaturas, sendo até uma profissão mais fácil e um mercado que está sempre necessitando profissionais. Evidentemente, deve- se sempre ressaltar que a individualidade biológica é um fator importante positivamente no processo educacional porque mesmo em um ambiente que às vezes inviabiliza o desenvolvimento de todas as habilidades no processo de ensino aprendizagem, o acaso nos brinda com algumas mentes diferenciadas com grande poder de compreensão, interpretação, argumentação, síntese, coesão, imaginação, criatividade, etc., Sendo explícito até aqui, que o “ciclo vicioso” processo entendido por nós como responsável pelo fato de os estudantes atravessarem todas as fases da educação básica e iniciarem o curso superior, sem terem desenvolvidos habilidades e competências exigidas nestes ciclos. O papel do professor é de transformador, aquele que deve estar preparado para responder as várias situações impostas em sala de aula, pronto para intervir, mediar, provocar, estimular, explanar, etc. Além de responder questionamentos dos estudantes que, por muitas vezes, podem ser “provocativos e desafiadores”, mas, a resposta, o feedback, o ajuste, precisa e deve ser mediado nestes conflitos da melhor forma possível, com humildade, entendendo que deverá intervir quantas vezes forem necessárias para o esclarecimento das possíveis dúvidas dos estudantes. Por isso, é necessário que os professores tenham boa formação. Boa formação no ensino básico, boa formação em sua formação inicial superior e muito boa formação nas suas formações complementares continuadas. Se a educação básica não cumprir sua tarefa efetivamente de formação básica, teremos uma grande incidência de profissionais que não desenvolverão as mínimas habilidades e competências para o desenvolvimento do exercício de seu trabalho, o que denominamos de “clico vicioso da educação”, consequentemente, não estão preparados para atuar na educação, que se pressupõe área transformadora. As ações desenvolvidas por um educador, que pressupõem aumentar o nível hermenêutico dos estudantes, requerem que este professor também tenha tal nível de hermenêutica, potencializando as ações de criatividade e inovação dos estudantes. Outro fator problematizador da educação básica fica mais ainda evidenciado com o surgimento da internet, que por muitas vezes dá a falsa ideia de termos todas as respostas e informações de forma simples apenas através de um click, fazendo com que os professores “percam a admiração da sociedade e o título de sábios”. Tendo em vista que hipoteticamente todos têm acesso a todas as informações. Em consonância com o exposto, Moran, J. (2001), afirma que outro fator complicador é o nível elevado de consumismo de muitos estudantes. Pois estes acessam rapidamente um número elevado de novas informações e sempre procuram algo novo, distinto, o que os torna superficiais, dinâmicos, “alienados” e dispersivos. O conhecimento se dá pela troca, pelo intercâmbio, pela interação, mas também pela interiorização, pela reflexão pessoal, pela capacidade de reorganizar pessoalmente o que percebemos fora. E para muitos, atentos ao navegar, torna-se difícil mergulhar em si mesmos. Nesse sentido, é preciso que todos os professores saiam de suas zonas de conforto de meros transmissores de conhecimentos, e sejam protagonistas como mediadores em aulas interativas, possibilitando que os estudantes construam novos conhecimentos de forma efetiva, significativa, reflexiva, inovadora e criativa. Não adianta instituir propostas de formação de professores que os estimulem a propor atividades interativas, intervindo e mediando resoluções de conflitos, sem que estes saibam utilizar de forma adequada às tecnologias. Continuaremos desta forma, inviabilizando as pesquisas, a compreensão, o discernimento, a comparação e a retenção de informações que sejam realmente confiáveis. Segundo Mello, G. (2000), para que a aprendizagem escolar seja efetivamente uma experiência intelectualmente estimulante e socialmente esperada, é fundamental a mediação por docentes com boa cultura geral, domínio dos conhecimentos específicos que devem ser construídos e domínio dos meios para fazê-lo com proficiência. Sustentando assim, com propriedade os meios teóricos e práticos para exercer as atividades de gestão de sala de aula, possibilitando aos estudantes uma atmosfera crítica e inovadora de construção efetiva do conhecimento. Desta forma, a partir das constatações de inúmeros fatores problematizadores da educação básica brasileira, muitas são as ações pedagógicas e metodológicas que no decorrer do tempo têm sido propostas objetivando alcançar melhores índices no sistema educacional brasileiro como já citou-se anteriormente. Contudo, é inegável que pouco se tem falado sobre a precariedade e a influência que esse processo vicioso tem frente a má formação inicial de futuros professores em licenciatura em pedagogia. Propõe-se uma análise, em primeira instância, do sistema brasileiro de formação de professores, apontando inadequações para colocar em prática alterações no paradigma da grade curricular requeridas pela sociedade do conhecimento, sugerindo assim, caminhos e estratégias para a construção de modelos de formação para futuros docentes, indicando condições mínimas que os cursos de formação inicial de professores cumpram para atingir sua finalidade, como por exemplo, traçar um processo de recuperação paralela no início dos cursos superiores para os estudantes retomarem habilidades e competências não desenvolvidas na educação básica e que considere-se requisito fundamental para o ingresso aos cursos superiores. Ainda sobre a formação do docente, Testoni, e Abib, (2014, p. 22), afirmam que: “Uma educação, para formar estudantes com capacidade criativa, deve ser orientada por professores com igual capacidade de inovação, não sendo compatível com um fechamento em práticas puramente expositivas e repetitivas”. O que predominantemente acontece nas salas de aulas brasileiras, e distorce em número, gênero e grau a premissa de que para formar estudantes com capacidade de inovação e criatividade precisaríamos de mestres com iguais capacidades, é notória a defasagem da formação de docentes licenciados em pedagogia. Do ponto de vista legal sobre a formação dos docentes, segundo (LDB, 9394/96), para atuar na educaçãoinfantil e nos cinco (5) anos iniciais da educação básica: Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm#art62. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm#art62. (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. Artigo que nos parece contraditório, pois, inicialmente postula-se que a formação far-se-á em nível superior em instituições de educação superior, contudo, abre-se margem a exceções e admite-se como formação mínima para o exercício de gestão de sala de aula na educação infantil, formados em uma modalidade extinguida que se fazia em nível médio na modalidade normal. Tal formação “treinava” futuros professores para os anos iniciais acrescentando no nível médio, antigo ginásio, um ano a mais na formação na última etapa da educação básica, passando de 3 anos para 4 anos de estudos. O exposto aqui não pretende descredenciar a formação de professores feita no passado, mas, aponta como sendo fator problematizador da educação básica e evidência a necessidade da exigência de formação superior para exercer a função docente na educação infantil. Em uma análise nacional, Vercelli e Stangherlim (2015, p. 19), apontam que: Mesmo que a Lei em vigência de Diretrizes e Bases da Educação tenha determinado que, até o ano de 2007, todos os profissionais que atuam na educação de crianças, em creches e pré-escolas, teriam de obter formação específica, a realidade é que, ainda no ano de 2017, o nível de escolaridade previsto pela lei não abrange a totalidade dos profissionais das escolas de educação infantil do país. Diante de tais constatações, faz-se necessário discutir a implementação de medidas efetivas de cursos superiores obrigatórios para os formados nos extinguidos cursos em nível médio na modalidade normal e ampliar a visão referente à grade curricular dos cursos de formação de futuros professores licenciados em pedagogia, que, de acordo com as referências acima, não tem preparado efetivamente os futuros docentes ao exercício pleno de gestão de sala de aula, construindo uma sociedade leitora, reflexiva, de profissionais científicos, reflexivos, inovadores e criativos. Para isso, é necessária a retomada das ações educacionais, revertendo um processo histórico e cultural que chamou-se aqui de ciclo vicioso. Para estabelecermos melhor os fatores problematizadores da educação básica e quais influências que relacionam-se a má formação de futuros professores basta nos atentarmos a maneira como se dá esse processo que chamou-se de “ciclo vicioso”: que é caracterizada por estudantes que não conseguiram desenvolver habilidades e competências na educação básica, consequentemente não atingem as habilidades e competências para na educação superior, tornando-se profissionais tecnicamente incapazes de desenvolver suas ações enquanto educadores autônomos, críticos e reflexivos, respeitadas as devidas exceções, peculiares da individualidade biológica do autodidatismo. A partir da ratificação da constatação da má qualidade da educação básica brasileira, presente claramente no conceito apresentado "ciclo vicioso”. Como podem estes estudantes tornarem-se profissionais-científicos-reflexivos competentes. Sendo até aqui entendido como o principal fator problematizador da educação básica, e consequentemente, influencia e relacionam-se intimamente a má formação dos futuros professores licenciados em pedagógica. Freire (2007, p. 29) afirma o que: Esse tipo de ensino é prejudicial e deforma a criatividade necessária tanto do educador como do educando, porém o educando pode recuperar e superar o autoritarismo do erro do ensino bancário, o educando de ir além dos seus condicionantes. É necessário ao educador que ele reforce a capacidade crítica, a curiosidade e a insubmissão nos alunos, por meio de métodos rigorosos, para isso tanto o educador quanto o educando devem ser criativos, questionadores, não viver no conformismo, ter uma curiosidade aguçada, ter humildade e persistência. O educador precisa ter em mente que o saber não deve ser simplesmente transferido, mas sim deve ser passado aos alunos de forma que se evidenciem todos os aspectos citados anteriormente. O educando deve ser sujeito construtor e reconstrutor dos saberes a eles transmitidos. Diante desse processo de desconstrução da educação a má organização da grade curricular da educação básica e o enxugamento da grade curricular dos novos cursos superiores em licenciatura em pedagogia, tem também influenciado e consequentemente, mantido o processo intitulado de ciclo vicioso. É importante repensar todo processo educacional brasileiro para sairmos deste abismo em que vive a educação brasileira. Na educação básica brasileira será necessário o real acompanhamento aprofundado das aprendizagens das atividades escolares em todos os ciclos, consolidando um trabalho multidisciplinar e abrangente, atentos para as retomadas quando necessário, corrigindo distorções e déficits de aprendizagem na educação básica, para que seja possível, no curso superior, desenvolver, mediar, provocar nos futuros professores trocas de conhecimentos que sejam verdadeiramente críticas e inovadoras. Portanto, o déficit de aprendizagem, a não retomada das habilidades não atingidas em anos ou ciclos passados e a má organização da grande curricular ou ausência de currículo, nos apresenta como sendo os principais fatores problematizadores da educação básica, os quais estão intimamente ligados a má formação de futuros docente em licenciatura em pedagogia e o enxugamento da grande curricular dos novos cursos de licenciatura que aumenta a defasagem de habilidades e competências dos futuros professores em licenciatura em pedagogia. 4.2 A má formação do docente brasileiro e os prejuízos causados aos discentes No que se refere à perspectiva inovadora, sendo o docente exemplo em ações que desempenha em seu dia-a-dia e, sendo a leitura reflexiva o pilar para o desenvolvimento de habilidades hermenêuticas, como: interpretar, entender, compreender, reter, refletir, resolver, etc., como entender quais fatores implicam em perfis de futuros professores tão contrários a essa perspectiva. No passado, adquiríamos conhecimentos na escola tradicional de forma pronta, esquematizado, onde o professor não buscava necessariamente estimular a reflexão significativa, mas sim o "decoreba" onde o estudante aprendia um determinado conteúdo que não o levava, necessariamente, a reflexão. No passado recente e nos tempos atuais, a utilização de novos métodos, surgiram como estratégia que estimula, media e provoca o processo ensino e aprendizagem através de esquemas que reconhecem os conhecimentos prévios dos estudantes, utilizando atividades diárias e cotidianas, por exemplo, para a alfabetização e o letramento dos estudantes. Contudo, é errônea a ideia que aponta os centros educacionais como sendo um dos maiores problemas da educação, como sendo ambiente que se relaciona e caracterizam-se como “locus” inapropriados para o processo ensino e aprendizagem atual, mencionando ainda que são centros do século XIX, e atribui por sua vez, atraso aos professores, relacionando pejorativamente ao século XX e imputando aos estudantes a evolução do século XXI. Isso não significa que os centros educacionais estejam apropriados para nossos estudantes nos dias de hoje, nem que os professores estejam aptos apropriadamente e quetenham recebido formação adequada para desempenhar suas funções e acompanhar o progresso de construção do conhecimento dos alunos, nem que os professores possuam boa formação inicial para desenvolverem suas ações com proficiência, mas acreditar que os centros educacionais e os professores estão atrasados em relação aos estudantes é leviandade. Não nos parece acertado afirmar que só porque os estudantes são (nascidos no) século XXI, e os centros construídos em sua maioria no século XIX ou nos mesmos moldes arquitetônicos e os professores por serem do século XX, há uma incompatibilização de conhecimentos, e por conta desse atraso dos centros enquanto ambiente e atraso dos professores enquanto era digital ou estabelecer um mesma relação ou linguagem, por tudo isso, são motivos que explica o porquê os estudantes não estão adquirindo novos conhecimentos. É uma falácia acreditar que nossos estudantes estão em um outro tempo e por isso não apreendem. Evidentemente que é necessário consubstanciar uma formação adequada para os futuros professores, revertendo esse horizonte tornando um ambiente favorável para o ambiente educacional, possibilitando aos estudantes formas novas e prazerosas de construção de novos conhecimentos, favorecendo o processo mutuamente. Nesta trajetória, propomos a reflexão acerca da transformação do estágio obrigatório de atividade de simples observação, para realmente, oportunidade de consolidação e aprendizagem que reúna condições que o permitam ser equivalente à "residência médica", em concordância com Mello, G. (2000), que afirma a importância de um processo prático que permita o futuro professor relacionar a teoria adquirida em seu curso, com o exercício profissional pleno supervisionado ou monitorado continuamente por um tutor ou professor experiente que permita um retorno imediato ao futuro professor, feedback com sugestões de ajustes e possíveis falhas em suas ações de gestão de sala aula. Ademais, segundo Pinho, S. (2009), o estágio deveria seguir um processo de efetiva participação, onde os futuros docentes possam através da observação e participação em sala de aula, vivenciar experiências de gerenciamento do tempo e dos espaços pedagógicos assim como dos recursos didáticos de apoio. Que durante este tempo ele possa enfrentar situações diferenciadas e imprevistas, sempre sob a supervisão do professor responsável pela classe. Não se trata de treinamento e sim da necessidade de vivência e reflexão das condições peculiares do dia-a-dia do processo de ensino aprendizagem como agir, intervir, mediar, provocar, estimular os estudantes. Por conseguinte, o envolvimento e a participação em situações formais ou informais de ensino e aprendizagem ampliam os horizontes da informação e produzem inquietudes intelectuais, facilitando o acesso às culturas acumuladas, às manifestações culturais, os dados sobre fatos, tendências do mundo contemporâneo, do comportamento individual, social, sobre o desenvolvimento de novas tecnologias, a economia e a política, etc. O professor deverá estabelecer relações significativas entre os conhecimentos especializados que adquiriu no curso de formação de nível superior, as teorias e as informações das demais áreas ou disciplinas do currículo da educação básica, inclusive as experiências adquiridas nos estágios, trabalhando assim de maneira interdisciplinar e favorecendo em seus alunos a compreensão das relações entre as várias áreas do conhecimento. Assim, o professor, impreterivelmente, deve dominar a língua portuguesa, a matemática, a informática e as linguagens de expressão da arte e a realidade, para fomentar e construir o conhecimento com os outros, como cita (Mello, G. 2000). Neste mesmo horizonte em consonância com Mello, G. (2000), que expõe que os futuros professores devem ter domínio dos conhecimentos na aplicação dos princípios de ensino e aprendizagem em sala de aula, das teorias da educação, devem ter compreensão das dificuldades dos alunos e entender o trabalho a partir da contextualização do ensino, de acordo com as representações e os conhecimentos espontâneos dos alunos e do envolvimento dos alunos na própria aprendizagem. O domínio da competência implica a articulação de diferentes conhecimentos. No caso do professor, isso significa organizar informações de conteúdo especializado, didática e a práxis de ensino, fundamentos educacionais e de princípios de aprendizagem em um plano de ação docente coerente com o projeto político pedagógico da escola, articulando ações, participando da elaboração do trabalho em equipe e estabelecendo relações de cooperação com toda a comunidade escolar. Para Freire (1996, p. 29): Ensinar, aprender e pesquisar, são processos importantes na formação do educando, pois se aprende o conhecimento existente e pode assim produzir conhecimento ainda não existente ou pouco conhecido, destacando a importância da ligação entre ensino e pesquisa na educação. Em concordância com as necessidades acima exposta, acreditamos que a formação de professores só será adequada quando for possível construir verdadeiramente, ao longo do curso de formação de professores de licenciatura em pedagogia, os perfis profissionais docentes que o país necessita para implementar a reforma da educação básica, preenchendo assim, as necessidades da sociedade brasileira. Entende-se que na preparação de professores para lecionar nos anos iniciais do ensino fundamental, é indispensável que os professores em formação dominem não somente os objetos de ensino, como: língua portuguesa, matemática, ciências naturais, história e geografia, etc. Mas que, no transcurso da profissionalização docente, o sujeito em formação entenda como fundamental para o exercício das ações de gestão de sala o conhecimento das leis que regem sua área de atuação, entendendo as condições de trabalho e a carreira para, assim, ser capaz de compreender e atuar de modo autônomo frente aos conflitos, impasses e dilemas éticos próprios da profissão docente e do processo educacional em geral. Segundo reflexão de (Freire,1996, p. 95), "Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha. Não posso ensinar o que não sei". Apontando como primeiro passo necessário para a formação adequada dos futuros decentes e mostrando a necessidade criteriosa do saber como conteúdo obrigatório do programa da formação docente. Ressaltando ainda, que o professor deve entender que: A compreensão de quem ensinar não é apenas transferir conhecimento, esse fator é extremamente necessário para o futuro docente, para que ele compreenda que é necessário criar possibilidades para a produção ou construção do saber e não uma mera transferência de conteúdos e conhecimentos acumulados pelo sujeito que sabe e transfere ao outro. (Freire, 1996, p. 23). Portanto, a relação entre a má formação inicial docente está intimamente ligada aos prejuízos educacionais causados aos discentes, mesmo inconscientemente. Se analisarmos numa ótica de trocas, não é possível alguém “dar” algo que não tem. A pergunta que precisamos nos fazer é: como é possível um professor com pouco conhecimento geral e específico atuar profissionalmente e desvendar os dilemas da profissão docente. A perspectiva hermenêutica considera formação mais compactada, na medida em que não se trata mais de transferir aos estudantes a mera imposição de conhecimentos ou de possibilitar aos professores métodos didáticos mais efetivos de transferências de conhecimentos, mas oportunizar ao professor uma compreensão mais aprofundada do real sentido de ser professor. Em suma, entendendo o real sentido da educação,processo pelo qual o sujeito constrói sua própria humanidade (Mello,G. 2000). Neste sentido, percebe-se que é fundamental a qualidade em todo processo educacional, construído com o desenvolvimento e aquisição das habilidades e competências previstas para educação básica, prosseguindo com proficiência o desenvolvimento e a aquisição das habilidades e competências docentes profissionais- científicos-reflexivas-significativas. Seguindo estes preceitos, a formação docente não mais estará estigmatizada aos prejuízos educacionais, porque será realmente consolidada para o exercício efetivo do processo de construção de novos conhecimentos. 4.3 Intervenções pedagógicas, como entender e como usá-las Ao pensar em intervenção pedagógica, imaginam-se formas e meios para subsidiar o ato de ensinar. Ensinar requer dispor e mobilizar conhecimentos para improvisar, intuir, atribuir valores e fazer julgamentos que fundamentem a ação de forma mais pertinente e eficaz possível. Ensinar é uma atividade relacional: para existir, comunicar, trabalhar com os outros, é necessário enfrentar a diferença, o conflito, acolher e respeitar a diversidade, tirando proveito dela para melhorar sua prática, aprender a conviver com a resistência, com os conflitos e seus limites fazem parte da aprendizagem necessária para o ato de ser professor. Essas competências traçam o perfil do profissional denominado reflexivo, um profissional cuja atuação é inteligente e flexível, produto de uma mistura integrada de ciência, técnica e profissionalismo, caracterizada por uma sensibilidade humanista para estar envolvido nas situações de formação e execução das suas ações enquanto professor profissional-científico-reflexivo. Para a adequada formação do professor profissional-científico-reflexivo, aspecto crucial da formação para compreender os processos de aprendizagem e constituição de habilidades e competências, o futuro professor precisa ser mais bem preparado para compreender e intervir na aprendizagem dos seus alunos. Para dar sustentação a esse processo, o futuro professor necessita compreender sobre o desenvolvimento integrado de aprendizagens dos demais conhecimentos do currículo de formação docente. A formação inicial de professores constitui o ponto principal a partir do qual é possível reverter a qualidade da educação. Reverter, obviamente, de uma situação caótica e de pouca qualidade, para uma educação transformadora e de qualidade, com ações desenvolvidas a partir da conscientização de instrumentalização das intervenções pedagógicas profissional-científica-reflexiva. Segundo Tardif, (2014), para tornar a formação de professores mais sólida intelectualmente, é necessário, sobretudo, proporcionar uma formação universitária em nível de mestrado, programas de pesquisas eficazes que ofereçam um repertório de conhecimentos específicos aos futuros professores para que estes possam aperfeiçoar suas práticas. Ampliando o acervo de habilidades e competências dispostas ao exercício do processo de gestão de sala de aula como ato reflexivo e não reprodutivo. Endossando a ideia citada acima onde os “professores precisam entender que só se pode dar algo que se tenha”, para atuar na educação é fundamental que se tenha educação. Educação profissional-científica-reflexiva para apreciar as intervenções pedagógicas, buscando com isso, alcançar feedbacks, ajustes construtivos de forma imparcial e não em clima de terrorismo com intervenções negativas carregadas de rancores. O professor deve estar preparado para intervir, mediar, provocar, estimular, e não agir com os estudantes com posturas que “beiram a igualdade”. Uma reflexão interessante: igualdade. Mas não é isso que buscamos? Não é esse o ideal de educação transformadora socialmente? Porém, não é possível que um professor, em um dado momento em que seja necessária sua efetiva mediação em situação de resolução de problema ou conflito, ao invés de mediar à situação de forma profissional-científico-reflexiva, se envolva nesta discussão de forma a se igualar aos estudantes, não conseguindo intervir para a resolução e sim, se envolvendo de forma agressiva e desrespeitosa com os estudantes. Como já dissemos: “não é possível alguém ‘dar’ algo que não tenha”, por isso, um professor sem boa formação básica, acadêmica e pessoal, “sem educação”, não consegue “dar” educação. Nesse horizonte de demonstração de despreparo, onde o futuro docente, vítima desta má formação não consegue intervir, facilitar, mediar, explanar, encaminhar, apontar, os caminhos para a resolução de uma situação problema e nem estruturar feedbacks nas intervenções pedagógicas. Não obstante, nas ações de construção do conhecimento, nas ações do processo de ensino e aprendizagem, usam corriqueiramente formas quase obsoletas das correntes tradicionalistas para o desenvolvimento das aulas, expondo com grandes dificuldades os conteúdos e, em alguns momentos, sem sucesso tentam estratégias/métodos inovadoras, que, devido ao pouco conhecimento cientifico teórico, inviabilizam atingir ou provocar os estudantes, causando assim, um ambiente desfavorável para o processo de ensino e aprendizagem. O estudante, precisa e deve sentir segurança em seus professores, segurança em suas ações, uma intervenção pedagógica consciente e respaldada em conceitos teóricos e práticos, potencializando um ambiente propício ao aprendizado. Em consonância com o exposto anteriormente, as ações profissionais-científicos- reflexivas podem ser o caminho, emergindo nestes futuros docentes uma atmosfera reflexiva, através do humanismo. Tendo em vista que para o trabalho com seres humanos se faz necessário tal perspectiva, perspectiva que acredita que o professor não pode apenas se preocupar com as ações de efetivo aprendizado dos estudantes, mas, estar atento a todos os estímulos dos estudantes: momentos de tristeza, agressividade, podendo estes demonstrar que algo está errado na vida de este sujeito, o professor atual, com as necessidades atuais da educação precisa entender seu papel transformador “além do social”, intelectual. Nesta trajetória, importante seria instrumentalizar os futuros docentes licenciados em pedagogia, potencializando assim, o profissionalismo e a postura profissional-científico- reflexiva para entender as intervenções pedagógicas de forma totalmente imparcial, não levando qualquer situação problema com estudantes, pais e comunidade para questões pessoais ou entraves para consecução das atividades docentes. O trabalho docente precisa e deve ser imparcial. Imparcial no sentido pedagógico das intervenções, e totalmente parcial para alcançar os objetivos na construção do processo ensino e aprendizagem em cada estudante, respeitando à individualidade biológica de cada um dos estudantes, apreciando, intervindo pedagogicamente potencializando as situações corriqueiras, as transformando em momentos cruciais no processo de construção do conhecimento dos estudantes. Portanto, para a consolidação de Intervenções pedagógicas consistentes e eficazes é imprescindível boa formação e sensibilidade hermenêutica, e assim, entender os momentos propícios de para realização de ajustes, criando uma atmosfera sensível através do humanismo, estabelecendo um vínculo de confiança entre os partícipes do processo, demonstrando uma postura puramente profissional técnico-científica-reflexiva. 4.4. Como entender e instrumentalizar os estudantes para momentos apropriados para os feedbacks Contreras, J. (2002), ressalta os múltiplos sentidos que o termo autonomia assume nos mais diversos contextos, as concepções defendidas e o papel desempenhado pelos professores em cada circunstância.Aprofundando o significado de autonomia, seu papel em relação à educação e em relação à sociedade, postulando a importância da parceria de professores/sociedade unindo esforços na busca constante da autonomia conjunta. Abordando o profissionalismo no ensino e analisando o debate sobre a proletarização do professor, refletindo as diferentes maneiras de compreender o que significa ser profissional da educação, as ambiguidades da profissão docente e as contradições escondidas na construção do professor profissional autônomo, apresentando três modelos tradicionais que representam esse professor profissional: o professor como técnico, o professor como reflexivo e professor como intelectual crítico. Ponto fundamental para a consolidação do professor profissional científico e reflexivo, que cria, provoca, media, intervêm de forma consistente, inovadora e criativa para atingir os objetivos propostos para a educação de qualidade. Desta forma, autonomia crítica e a consciência do seu papel como educador são elementos fundamentais para a consolidação de um profissional que realmente entenda sua função social. Nesse sentido, Mello, G. (2000), afirma que não é justificável que um indivíduo estudante de licenciatura em pedagogia, recém-saído do um curso que não o preparou em nível médio, possa preparar-se para ser professor da educação infantil e ensino fundamental I em um curso que, hipoteticamente, não aprofunda nem amplia os conhecimentos previstos para serem mediados nos anos iniciais do ensino fundamental, não desenvolve e nem amplia o poder de autonomia. Respeitando obviamente a individualidade biológica de certas exceções que naturalmente adquiriram no transcurso do curso, todas as habilidades e competências para o desenvolvimento de forma proficiente das atividades de gestão de sala de aula. Portanto, um ponto que nos parece interessante para a ampliação ou desenvolvimento dos conhecimentos que o docente precisa ampliar, e que na medicina o cirurgião geral ou plástico, o performer de palco ou malabarista, muitas vezes lidam com situações que não se repetem nem podem ser descritas em planejamento, atitudes, ações tomadas por insight ou discernimento de novas atitudes alternativas e tomadas de decisões espontâneas (Mello, G. 2000). Nos tempos atuais, onde as informações são transmitidas de formas tão fáceis e rápidas, atingindo um número gigantesco de receptores, o professor contemporâneo precisa e deve estar atento para mediar o processo de forma construtiva, potencializando a análise, o discernimento, a interpretação, a criatividade, a inovação e não somente a recepção da informação de forma pronta. Partimos do pressuposto que a análise fidedigna das informações ultrapassa de forma incomensurável a estagnação cognitiva. São esses ajustes, que denominamos de “feedbacks”, que apontamos como primordiais para que o futuro docente tenha sensibilidade de entender os momentos apropriados para as intervenções pedagógicas, sejam elas em resolução de conflitos ou problemas, percebendo momentos, estímulos, situações, perguntas apropriadas para o enriquecimento do processo de ensino aprendizagem. Perrenoud, P. (2000), expressa de forma clara e rigorosa dez novas competências profissionais docentes, fundamentais e necessárias ao ato de ensinar. A Introdução e explanação pormenorizada dessas etapas nos cursos de formação de professores licenciados em pedagogia potencializarão os futuros docentes na consecução das ações em sala de aula, fazendo com que estes, eminentemente, entendam esses ajustes, feedbacks, insights, discernindo momentos apropriados a partir de sequências didáticas para as intervenções e mediações pedagógicas efetivamente consistentes. Desta forma, para o real entendimento e percepção dos momentos apropriados para os feedbacks, é necessário um nível de compreensão de mundo além do senso comum para assim possibilitar, efetivamente uma mediação instrumentalizada aos estudantes, estimulando e potencializando o recrutamento de estruturas cognitivas para atingirmos significativamente o processo de ensino e aprendizagem. Por isso, o futuro docente precisa entender a essência do trabalho docente, mergulhando e percebendo os momentos apropriados para as intervenções no processo de construção de novos conhecimentos de forma mutuamente. Como é sabido, no passado as preocupações dos professores não eram como hoje, preocupando-se meramente com a reprodução do conteúdo, as atividades e o ambiente de sala de aula não eram tão evidenciados e nem apresentava tantos estímulos diferentes como hoje. Nos últimos tempos aumentaram de forma alarmante os conflitos. Conflitos esse que merecem as devidas intervenções dos futuros professores, estudantes de licenciatura em pedagogia, respaldados de técnica profissional e respeito ao educando e aos seus responsáveis. Comumente o despreparo profissional do professor lhe deixa muito vulnerável, num ambiente que necessariamente mereceria o máximo de domínio e autoridade profissional. Muitas vezes, em ações simples como avisar aos responsáveis que dois estudantes se envolveram em um conflito, ou que determinado estudante não quer realizar as atividades propostas, que o estudante sofreu uma queda no intervalo ou na educação física, que o estudante conversa demais em horas inapropriadas, ou até mesmo que certos estudantes não se interessam pelas atividades, que tem dificuldades com determinadas áreas do conhecimento e até, dificuldades para reconhecer/diagnosticar e propor atividades a partir dos conhecimentos prévios dos estudantes. Por exemplo: se o professor ministra aulas para um 3° ano e metade da sala ainda não está alfabetizada, mas quer aplicar “folhinhas” para os estudantes reconhecerem as letras, uma estratégia interessante nesse caso, seria propor atividades com as quais os estudantes se identifiquem e aprecie o desenvolvimento da mesma. Para isso, o professor precisa ir além das quatros paredes da sala, do quadro, do giz e das folhinhas. O professor precisa se inventar e reinventar para atingir os objetivos propostos que intui proporcionar, provocar, mediar novos conhecimentos aos estudantes, tendo em vista que apesar da hipotética inclusão digital, esse ainda é um recurso quase que não é oferecido para auxiliar os professores nesta tarefa. A partir da consciência e domínio por parte dos professores de habilidades e competências básicas para o exercício do processo de construção mútua de novos conhecimentos, será natural a percepção dos momentos apropriados para os feedbacks e ajustes no processo ensino aprendizagem através de uma atmosfera criativa e inovadora. 4.5 Como estabelecer uma boa relação e diálogo entre professor/estudantes, estudantes/professor Segundo Skovsmose, O. (2006), a abordagem de educação crítica que enfatiza a importância da relação entre o professor e alunos formando uma atmosfera de parceria e igualdade. Defendendo assim um processo de democratização da educação, afirmando que se desejamos desenvolver um bom diálogo e relação democrática entre professor e estudante, não podemos imputar aos estudantes atitudes expressamente antidemocráticas, sendo assim, é inviável que somente os professores sejam os responsáveis (autoritários) decisivos para um real e efetivo processo educacional. Essa parceria e igualdade são fundamentais no processo educacional e democrático dos estudantes, porque facilita o diálogo entre professor e aluno. Ponto importante para o processo de construção do conhecimento é estabelecer um diálogo humilde, humilde para o estudante aprender e querer aprender mais e para o professor entender que enquanto o professor ensina, ele aprende. Para construçãoefetiva dessa boa relação com preceitos democráticos é de suma importância que o professor esteja preparado profissionalmente, atuando de forma criativa e inovadora, desmistificando um processo cultural brasileiro que valoriza o “ter” e não valoriza o conhecimento. Sendo assim, ainda nos faltam requisitos preponderantes na arte docente, atributos para mediar, intervir e provocar os estudantes para uma educação crítica e emancipatória. Segundo Saviani (2008, p. 238): A premência de que o curso de Pedagogia forme licenciados cada vez mais sensíveis às solicitações da vida cotidiana e da sociedade, profissionais que, em um processo de trabalho didático-pedagógico mais abrangente, possam conceber, com autonomia e competência, alternativas de execução para atender, com rigor, às finalidades e organização da escola básica. Em concordância com Testoni, L. e Abib, M. (2014), que afirmam que é necessário mudarmos urgentemente o processo formativo dos docentes em caráter geral, postulando uma educação em um aspecto mais específico. As alterações nas propostas formativas do professorado emergem efetivamente das pesquisas realizadas na área da educação, sendo ainda, apresentados alguns pontos fundamentais na trajetória formativa, como: posicionar o futuro professor como investigador de sua própria prática pedagógica. Fazendo com que estes futuros professores entendam sua futura profissão além da simples transferência de conhecimento, e sim, como um processo curioso investigativo cientifico, inovador e criativo. Para Mello, G. (2000), o maior desafio imediato é que os cursos de formação de professores licenciados em pedagogia formem não somente professores, mas, professores autônomos e protagonistas nas ações, envolvendo realmente os estudantes a ultrapassarem a estagnação cognitiva, potencializando os estudantes a querer aprender continuamente através de um ato reflexivo e significativo. Evidentemente, baseado na individualidade biológica dos indivíduos, alguns sujeitos, mesmo que convivendo em ambiente inapropriado para alcançar o maior nível de conhecimento, conseguem atingir ou superar o nível de habilidade e competência para aquele ano ou ciclo. Mello, G. (2000), observa que muitos dos jovens que hoje saem da educação básica e ingressam no ensino superior não possuem condição mínima para tal. Reforçando que é preciso que a formação docente propicie a estes a oportunidade de refazer o percurso de aprendizagem que não foi satisfatoriamente realizado na educação básica, para transformá-los em bons professores que no futuro contribuirão para a melhoria da qualidade da educação básica. Isso significa refazer o percurso não alcançado, fazendo uma recuperação paralela para realmente corrija os déficits de aprendizagem dos anos de estudos anteriores ao ingresso no ensino superior. A partir da consolidação efetiva destes conhecimentos, será possível estabelecer uma boa relação humanista, estabelecendo diálogos apropriados e coerentes entre professor e estudante. Segundo Bello, I. (2002), o primeiro requisito para construirmos uma boa relação de mudança de comportamento e confiança entre professor e aluno, é fundamental uma dose de humildade para um bom diálogo. Pois, sem humildade, elemento primordial nas relações escolares e humanas, não há como estabelecer boas relações de convívios. Nos dias de hoje, muitos professores entram em salas de aulas já com uma posição defensiva, séria, (cara fechada), imaginando que esta postura lhes diminuiria os desafios e conflitos impostos pelos estudantes naquela aula. Estabelecendo esta relação de resguardo e defensiva, alguns professores imaginam que os estudantes, não vão criar conflitos por temer o hipotético nervosismo demonstrado ao chegar em sala de aula e assim, os estudantes não vão pedir para irem ao banheiro com medo da resposta; não ficarão conversando temendo serem chamados a atenção, porque acreditam que se estabelecerem uma relação de cordialidade podem perder as rédeas do comando. Sendo muito comum também, quando os estudantes percebem algum erro ortográfico ou gramatical nos escritos dos professores, muitos não apontam aos professores os erros e se limitam a darem risadas do erro cometido, quando outros apontam de forma desrespeitosa e agressiva, chamando até de “burro” o professor. A partir daí o professor também despreparado acabar por afirmar piamente que não há erro algum e ainda pontuam firmemente indagando os estudantes “quem é você para dizer que está errado, quando você tiver algum diploma você fala comigo”. Neste contexto, devemos refletir sobre a falta de humildade dos estudantes que desrespeitam o professor, mas, o primordial usarmos essas situações para instrumentalizar os professores para refletirem sobre qual a postura e intervenção a realizar em situações como essa. Pois, o ideal seria retomar educadamente e profissionalmente a indagação do erro, corrigindo a postura desrespeitosa de forma firme e respeitosa, identificando o erro, corrige-se e pede-se desculpa por tal desatenção, demonstrando humildade e ressaltando que todos somos passíveis de erros, buscando manter um ambiente tranquilo e favorável para o processo ensino aprendizagem. Estabelecer um clima harmonioso entre os estudantes e professores / ou entre os estudantes e seus pares, pressupõem, um ambiente propício para a construção efetiva das aprendizagens é a tarefa fundamental de um profissional ético, que age pautado no respeito mútuo, com postura e intervenções pedagógicas profissionais científicas e reflexivas. 5 Metodologia 5.1 Descrição da metodologia de pesquisa qualitativa. Como metodologia de estudo, adotou-se a abordagem qualitativa que se enquadra perfeitamente com o propósito de nosso estudo que é compreender essencialmente as peculiaridades da hipotética má formação de futuros professores em licenciatura em pedagogia, mediante estudo dos comportamentos de experiências vividas pelos futuros professores em licenciatura em pedagogia no seu cotidiano no ambiente de estudos universitário. Essa metodologia permite descrever a complexidade de determinados problemas e possibilita, dentre outros aspectos, compreender processos dinâmicos vividos pelo grupo de futuros professores de licenciatura em pedagogia, além de favorecer essencialmente o entendimento das peculiaridades dos comportamentos dos indivíduos pesquisados. Ao estudar o contexto real em que os futuros professores em formação estão inseridos, buscou- se evidenciar os saberes que estes veem desenvolvendo a partir dos seus estudos no processo de formação, compreendendo-os como saber histórico e social que está continuamente em transformação, respondendo questões como: Quais são os principais fatores problematizadores da educação básica e quais influências relacionam-se a má formação de futuros docentes? Desta forma, a classificação da pesquisa do ponto de vista da natureza, foi pesquisa básica, onde objetivou-se gerar novos conhecimentos científicos e avanços úteis a ciência. Segundo a abordagem, utilizou-se a pesquisa qualitativa, considerando a relação dinâmica e o vínculo indissociável entre o mundo e o sujeito em sua subjetividade. Em relação aos objetivos, utilizou-se a pesquisa explicativa, onde foram analisados dados e ações, através de questionários e observações, identificando os fatores que colaboram para uma má formação dos futuros professores. O procedimento utilizado foi a pesquisa ação. 5.2 Descrição dos instrumentos de pesquisa (questionários). Os instrumentos de pesquisas utilizados para inferir um grupo por amostragem de 122 futuros professores, analisando os questionários, recorrendo à interpretaçãoe análise através de tabelas e gráficos favorecendo assim a compreensão dos dados copilados. 6 Apresentação e análise dos dados coletados. Para o desenvolvimento desta pesquisa, as atividades de execução e coleta de dados, armazenamento e tabulação dos resultados da pesquisa foram realizadas durante o mês de agosto de 2015, dados estes coletados com estudantes frequentadores do período matutino e do período noturno. Portanto, o grupo por amostra foi composto por estudantes de duas salas de aula, de uma grande Universidade popular da grande São Paulo. A coleta de dados foi realizada através de questionários com dez questões fechadas, com o objetivo de estudar sistematicamente quais os principais fatores corroboram para a formação de docentes brasileiros: desinteresse ou má formação universitária. Na data da coleta dos dados, foi promovido um momento de sensibilização que precedeu o preenchimento do questionário. Nesta sensibilização foram expostos os motivos da aplicação dos questionários, os objetivos do estudo e a importância de os participantes responderem com total sinceridade para maior fidedignidade dos dados coletados e, portanto, maiores chances de identificar os problemas da má qualidade na formação de futuros professores. A escolha da instituição para realização do estudo foi ponderada a partir da facilitação do ingresso aos bancos universitários pelas classes menos favorecidas socialmente. A Universidade fica situada na região metropolitana da grande São Paulo no bairro do Campo Limpo onde, como foi dito, houve grande acesso dos indivíduos das classes menos favorecidas economicamente aos bancos da universidade. Diante disso, far-se-á um levantamento de campo através de uma interrogação direta dos indivíduos cujo futuro comportamento profissional buscou-se conhecer, levantando informações e analisando qualitativamente um grupo de futuros profissionais licenciados em pedagogia. Para realização deste estudo foram utilizados instrumentos que viabilizaram a realização de uma análise fidedigna dos dados compilados. Processados através do Excel, programa do Microsoft Office, que nos possibilitou calcular, através da quantidade de pessoas que responderam as questões em percentual. Muitos autores, entre eles, Gatti, B e Barreto, E. (2009), apontam como fator negativo para a formação de futuros docentes, como sendo os centros de educação superior. Para eles, os futuros docentes em licenciatura em pedagogia, saem dos centros educacionais superiores sem saber ensinar, para não dizer que a formação didática pedagógica não existe, ressaltando que a precariedade da educação superior, impossibilita a maioria dos futuros professores a aprender como lecionar. Neste sentindo buscou-se entender, quais possíveis fatores corroboram para a formação docente. As informações coletadas a partir dos questionários pelos sujeitos pesquisados, construiu-se de uma amostra de 122 indivíduos do curso de licenciatura em pedagogia, onde verificar- se-á a prevalência de 98% dos investigados do sexo feminino, e Consequentemente apenas 2% do sexo masculino, mantendo aqui a prevalência histórica do sexo feminino nos cursos de formação de profissionais para lecionarem para educação infantil e primeira etapa do ensino fundamental. Gráfico 1: sexo dos estudantes. A faixa etária dos participantes deste estudo variar-se-á de 20 a 60 anos de idade. Como referência as faixas etárias dos futuros docentes, a média é de 29% com a faixa etária entre 20 a 30 anos, 42% com a faixa etária de 30 a 40 anos, 22% com a faixa etária entre 40 a 50 anos e 8% com a faixa etária entre 50 a 60 anos, dados que surpreendem pela variedade entre as faixas etárias, tornando ainda mais pertinente a pesquisa sobre quais os principais fatores corroboram para a formação de docentes brasileiros: desinteresse ou má formação universitária. Gráfico 2: faixa etária dos estudantes. No questionamento do terceiro gráfico, buscou-se analisar com precisão, examinando insistentemente em que momento da vida do futuro docente ocorreu a decisão de seguir a carreira do magistério. Partindo do pressuposto que este fator é preponderante para o desenvolvimento com proficiência das ações de gestão de sala, devido maior apego e interesse de atuação na área. Desta forma, apenas 45% dos respondentes apontaram que sempre sonharam em ser professores, enquanto 26% dos respondentes apontaram que sua opção de escolha foi pelo magistério em consequência de já trabalharem em uma unidade escolar, ou porque sua mãe e\ou outros familiares são professores, 10% dos respondentes apontaram que optaram pela profissão devido imaginar que seria mais fácil arrumar emprego na área da educação, percentual muito alto para pessoas que tem esse tipo de pensamento. 19% dos respondentes apontaram como motivo de escolha o altruísmo, vendo somente na profissão docente instrumentos potencializadores de ascensão social e intelectual da sociedade. Sendo este fator para nós um dos mais importantes para o desenvolvimento e entendimento da profissão docente. Gráfico 3: Porque optou pelo magistério? No questionamento do quarto gráfico, buscou-se entender as motivações pelas quais os futuros docentes optaram pela a carreira. 55% dos respondentes disseram que a escolha foi por vocação, o que nos chama atenção, pois esse percentual deveria estar próximo da questão anterior que mostra o percentual de indivíduos que estariam realizando um sonho. 5% dos respondentes disseram que a motivação pelo magistério foi por verem na profissão meio de subsistência, 35% dos respondentes disseram que a opção foi devido as oportunidades da carreira profissional do professorado e 5% dos respondentes disseram que a escolha se deve a necessidade de ter uma ocupação profissional com nível superior ou emprego. Gráfico 4. Qual motivação pela carreira docente? No questionamento do quinto gráfico, como questão primordial para entender o nível de formação básica dos futuros docentes em licenciatura em pedagogia, buscou-se entender como ocorreu a aquisição das habilidades e competências previstas na educação básica. A lei 9394/96 LDB, no seu Art. 32 estabelece que ao final do ensino fundamental os alunos devem: Inciso I – se apropriar de o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, no ensino médio: Art. 35. Inciso I – ter desenvolvido a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos, inciso I V- a compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos, relacionado à teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Assim, questionou-se os respondentes, a partir dos conhecimentos adquiridos durante a educação básica, se acreditavam terem adquirido todas as habilidades e competências sugeridas conforme visto no item anterior. Os dados foram surpreendentes, pois, apenas 37% dos respondentes acreditam que dominam essas habilidades e competências. Partindo deste entendimento, que para a atuação no primeiro nível da educação básica, são conhecimentos básicos, tais habilidades e competências seriam mínimas e fundamentais para o desenvolvimento das ações de gestão em sala de aula, intervindo, provocando, mediando e apontando ajustes, feedbacks apropriados para a real evolução dos estudantes. Contudo, a maioria esmagadora com 63% dos respondentes indica que não dominam tais habilidades e competências básicas da educação. Destes 63%, 3% imaginam terem adquirido menos de 30% dashabilidades e competências que deveriam obter na educação básica, 22% dos respondentes indicam que adquiriram entre 30% e 50% das habilidades e competências que deveriam aprender na educação básica, e apenas 33% dos respondentes indicam que adquiriram entre 50% e 75% das habilidades e competências que deveriam aprender na educação básica. São percentuais baixos demais considerando que se referem ao desenvolvimento intelectual para o laboro das ações em sala de aula e, consequentemente, somente 5% dos respondentes indicaram que adquiriram entre 75% e 100% das habilidades e competências que deveriam desenvolver no ensino básico para entender minuciosamente, profissionalmente, cientificamente e reflexivamente as ações em gestão de sala de aula, potencializando e estimulando os estudantes aos estudos de forma significativa e reflexiva. Gráfico 5. Você acredita ter adquirido todas as competências do currículo da educação básica? Gráfico 5. 1.1. Se não adquiriu No questionamento do sexto gráfico, buscou-se analisar o nível de atualização dos futuros docentes e como estes se caracterizam enquanto estudantes das últimas etapas do curso de licenciatura em pedagogia. Constatou-se que 28% dos respondentes disseram que acreditam ser atualizados enquanto conhecimentos gerais e específicos de sua futura área de atuação, 65% dos respondentes disseram que acreditam ser parcialmente atualizados enquanto conhecimentos gerais e específicos de sua futura área de atuação, 6% dos respondentes disseram que acreditam não serem atualizados enquanto conhecimentos gerais e específicos de sua futura área de atuação e 1% dos respondentes disseram não ser atualizados enquanto conhecimentos gerais ou específicos de sua futura área de atuação. Os dados apresentados demonstraram um percentual muito baixo de futuros professores que tem características de leitores, habilidade/competência que está intimamente relacionado ao desenvolvimento proficiente das ações docentes. Esse resultado preocupa, comprova e caracteriza o processo que demonstra má formação profissional docente, não só no ambiente educacional universitário, como também, na educação básica e nos estudos concomitantes fora do centro educacional universitário. Gráfico 6. Enquanto estudante você se considera atualizado? No questionamento do sétimo gráfico, buscou-se entender a perspectiva de educação inovadora, sendo os professores exemplos de certas ações que desempenham em seu dia-a-dia e, acreditando que a leitura é o pilar para o desenvolvimento de habilidades hermenêuticas, para melhorar a forma de: interpretar, entender, compreender, reter, refletir, resolver, etc. investigou-se como se davam os momentos de leitura dos futuros docentes e, constatou-se que 41% dos respondentes disseram ler por prazer, diariamente e materiais diversos: livros, revistas, artigos e etc. 24% dos respondentes disseram ler por prazer pelo menos uma vez por semana materiais diversos: livros, revistas, artigos e etc. 34% dos respondentes disseram ler apenas, livros, revistas, artigos, quando solicitados trabalhos ou disseram ler apenas material de estudo. 1% dos respondentes disseram não ler qualquer material, o que pode ser atribuído a falta de tempo, interesse e relevância para o indivíduo. Neste sentido, mesmo com o indicativo de 41% de respondentes que afirmam que leem por prazer e 24% que disseram ler pelo menos uma vez por semana, entendemos que ainda são percentuais baixíssimos tendo em vista a importância da leitura para a aquisição de novos conhecimentos e aprimoramento profissional e pessoal, a importância da leitura no desenvolvimento das ações em sala de aula, gerindo, mediando, explanando, intervindo de forma profissional científica e reflexiva. Gráfico 7. Em relação a leitura, você ler por? No questionamento do oitavo gráfico, buscou-se compreender o ponto de vista dos futuros docentes, referente a quem creditavam o maior problema da educação brasileira. Nesse caso 15% dos respondentes imputaram a má qualidade da educação à falta de interesse dos estudantes brasileiros nos estudos; 42% dos respondentes imputaram a má qualidade da educação à má formação dos futuros docentes; 35% dos respondentes relacionam a má qualidade da educação brasileira ao sucateamento e as péssimas condições encontradas pelos professores nas unidades escolares e, 8% dos respondentes relacionam a má qualidade da educação brasileira evidenciada pelos péssimos índices a outros motivos. Nesta etapa um índice muito significativo foi o percentual de 42% dos respondentes, futuros professores, que acreditam que o maior problema da educação é, justamente, a má formação dos professores. Tal dado é curioso e revelador, pois, pressupõe os estudantes estão conscientes das lacunas de conhecimento existentes ao longo da trajetória acadêmica do professorado. Problema este que pode ser explicado através de diferentes ângulos. Este indicativo, sem dúvida, é um motivo para ampliar e continuar essa discussão em novos documentos de ampla abrangência com a participação mais efetiva de docentes e futuros docentes. Gráfico 8. Qual o maior problema da educação ao seu ver? No questionamento do nono gráfico, buscou-se entender como os futuros docentes, estudantes de licenciatura em pedagogia, veem a construção do conhecimento a partir desses novos métodos de ensino. Métodos estes que surgiram na tentativa de acompanhar as mudanças da sociedade, e apontam o tradicionalismo, para muitos, como um grande erro do passado indicando o construtivismo como boa e única aproximação professor/aluno/aluno/aluno/aluno/conhecimento assim, buscou-se conhecer como os futuros docentes estudantes de licenciatura em pedagogia veem este método. Os dados revelam que 44% dos respondentes disseram que saberiam usar esse método em suas ações em sala de aula, subentende-se que já tiveram contato com os referenciais teóricos e metodológicos e, possivelmente acreditam em sua eficácia e pertinência. 48% dos respondentes disseram que saberiam usar mais ou menos esse método de ensino e aprendizagem, dado que revela que boa parte dos estudantes, futuros professores, ainda apresentam dúvidas quanto ao método, fato que pode ser atribuído a lacunas deixadas no estudo do referencial teórico, ou ainda, ao déficit de vivências significativas que possibilitassem a aproximação teoria-prática de ensino. 4% dos respondentes disseram que nunca usariam esse método de ensino e aprendizagem e 4% dos respondentes disseram que não saberiam usar esse método de ensino e aprendizagem. Interessante observar os dados coletados neste apontamento e, devido ao que foi observado e constatado através dos resultados obtidos, difícil acreditar-se que os 44% que disseram que saberiam utilizar o método construtivista o saibam de fato. Por todos estes indicativos, necessita-se de grandes ajustes e feedbacks para o desenvolvimento mais eficiente das suas ações docentes. Gráfico 9. Como você vê o método construtivista? O questionamento do décimo gráfico partiu da análise de uma estratégia usada quase que unanimemente para identificar as fases das aquisições da escrita nos centros educacionais, estratégia/método criado por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, publicada em meados da década de 80 no Brasil. Tal estudo é apresentado até hoje como ferramenta ou referencial para o desenvolvimento do trabalho com os anos iniciais (alfabetização) na educação infantil, sendo apresentado e demonstrado como uma nova estratégia de análise das fases da aquisição da escrita para o processo de
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