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Disciplina: DIREITO CIVIL III Professor(a): ELLEN CAMILA REMEDI PONTUAL Turma: Noturno Aluno(a): Saullo José - 201902723929 Curso: Direito Observação: A prova será composta por 05 questões dissertativas, no valor total de 8,0 (oito) pontos, a qual deverá ser enviada em arquivo pdf através do SIA/SAVA ou pela Plataforma Teams em tarefas. Nota : AVALIAÇÃO BIMESTRAL – AV1 Q1.: (1,6) As partes ajustaram a realização de um contrato de financiamento de veículo, no prazo de 24 meses, à taxa de 4% de juros ao mês, tendo como indexador contratual o dólar americano e prestação mensal de R$ 1.144,96 (mil cento e quarenta e quatro reais e noventa e seis centavos), em um momento de verdadeiro caos econômicos vivido pelo Brasil, desencadeado mais precisamente no dia 13 da janeiro de 1999, o real sofreu uma maxidesvalorização frente ao dólar americano, o que, naturalmente, recaiu diretamente sobre os valores previstos no contrato firmado entre as partes, aumentando, e muito, os valores a serem adimplidos pelo contratante. Diante dos fatos narrados explique: Qual a medida jurídica que pode ser pedida pelo contratante? Qual o fundamento jurídico? Resposta: Em um caso de contrato o qual é indexado ao dólar, seria previsível a mudança cambial, mas o fator surpresa da ultra desvalorização repentina, aumentando assim consideravelmente o valor das prestações constitui acontecimento de improbabilidade e de surpresa, tornando excessivamente onerosa as prestações, com um aumento abusivo e inesperado da dívida restante do pacto, quebrando o equilíbrio contratual, portanto há onerosidade excessiva, quando uma prestação de obrigação contratual se torna, na execução, consideravelmente mais gravosa para o devedor, colocando-o em extrema dificuldade, por um fato improvável, embora previsível, o que representa fato superveniente capaz de ensejar uma revisão contratual, na tese o ônus deve ser repartido entre credor e devedor, ação essa que é amparada por inúmeros julgados pátrios e lições doutrinárias, cabendo assim a aplicabilidade da teoria da imprevisão (Art. 478 I,II e III do CC) Q2.: (1,6) João Fernando e Maria Eloisa celebraram contrato cujo objeto era um automóvel Gol no valor de R$ 8.100,00, sendo o pagamento dividido em uma entrada de R$ 2.040,00 e o resto parcelado em 18 (dezoito) prestações de R$ 522,00, totalizando um montante de R$ 9.396,00. Ficou acertado que o contrato daria à Maria Eloísa o direito à transferência apenas da posse direta, ficando a propriedade do automóvel com João Fernando até o pagamento total das parcelas pactuadas. Tomando por parâmetro o direito contratual brasileiro e considerando que Maria pagou as 15 (quinze) primeiras parcelas, responda de forma fundamentada e justifique: A. explique o contrato celebrado entre João Fernando e Maria Eloísa. Resposta: Contrato de compra e venda com reserva de domínio. B. ainda que não tenha cláusula expressa no contrato, poderá João Fernando, alegando a inadimplência de Maria Eloísa, extinguir o contrato? Maria Eloísa poderá ser presa por ser depositária infiel? Resposta: O contrato de compra e venda possui cláusula especial de reserva de domínio conforme Arts. 521 e 522 do Código Civil. No caso em questão trata-se de um adimplemento substancial, com base nos princípios 421 e 422 CC e na vedação do enriquecimento sem causa (Art. 884 CC). Conforme o STF com sua súmula vinculante de número 25, não se considera o comprador com reserva de domínio como depositário infiel. Mesmo sendo inadimplente e não havendo clausula expressa, o contrato de compra e venda não se extingue. Q3.: (1,6) Em 10 de maio de 2016, Pedro, comprador, celebrou contrato de compra e venda com Bruno, vendedor, cujo objeto era uma motocicleta seminova (ano 2013), modelo X, pelo preço de R$ 10.000,00, pagos à vista. Em setembro de 2016, Pedro foi citado para responder a ação na qual Anderson alegava ser proprietário da referida moto. Sem entender a situação e com receio de perder bem, Pedro ligou imediatamente para Bruno, que lhe respondeu não conhecer Anderson e não ter nenhuma relação com o problema, pois se trata de fato posterior à venda da moto, ainda afirmando que Pedro resolva diretamente com Anderson e procure seus direitos na justiça. Com base nos fatos narrados, responda aos itens a seguir. A) Qual a responsabilidade de Bruno caso Pedro venha a perder o bem por sentença judicial? Fundamente com o instituto de Direito Civil adequado, indicando as verbas do ressarcimento devido. Resposta: Bruno responderá por evicção, caso venha Pedro a perder seu bem (motocicleta) em face de uma sentença judicial em fazer de Anderson, conforme o Art. 447 do Código Civil. Além de dever uma restituiçao integral do preço do bem, Bruno deverá indenizar Pedro, das despesas do contrato e outros prejuizos provenientes da evicção, além é claro das custas judiciais e dos honorário advocatícios nos termos do Art, 450 do CC. B) Como Pedro deverá proceder caso queira discutir a responsabilidade de Bruno na própria ação reivindicatória ajuizada por Anderson? Fundamente com o instituto de direito processual adequado. Resposta: Para reinvindicar seus direitos advindos da evicção na ação reinvidicatória, Pedro deverá denunciar-lhe a lide, conforme termos descritos no Art. 125, I, do CPC/15 Q4.: (1,6) Maria emprestou um veículo automotor a João para utilizá-lo durante o final de semana. Na noite do domingo quando João dirigia-se até a residência de Maria para devolver o veículo, foi vítima de um roubo, tendo o assaltante levado o veículo de Maria. Considerando a situação hipótetica apresentada responda de forma fundamentada se caberia a João alguma responsabilização pelo seu inadimplemento contratual. Resposta: João não será responsabilidade pelo “inadimplemento contratual”, isto porque o contrato é um acordo feito entre particulares, e o mesmo envolve a realização de uma prestação jurídica, contudo, essa responsabilidade pode ser excluída quando envolver caso fortuito ou de força maior como por exemplo, um roubo, furto ou acidentes naturais. Q5.: Mariana comprou de Roberto um imóvel por um preço bastante favorável, tendo em vista que Roberto foi transferido para outra cidade. Ao contratar empreiteiros para realizar obras necessárias no local, algumas semanas depois da aquisição, Mariana foi acionada judicialmente por Almir, que sustenta ser o real proprietário do imóvel, o qual lhe teria sido injustamente usurpado por Roberto. Mariana não tem elementos para se defender no processo relativo a um fato ocorrido antes da sua aquisição e, resignada a perder o bem, precisaria ao menos recuperar o dinheiro que por ele pagou, bem como as despesas que efetuou para a realização de obras no local, pois, embora estas não tenham chegado a ser realizadas, ela não pôde reaver o sinal pago aos empreiteiros. Sobre o caso, responda aos itens a seguir. A) Qual medida processual deve ser tomada por Mariana para poder reaver o preço pago pelo imóvel no mesmo processo em que é acionada por Almir? Justifique. Resposta: Nos termos do Art. 125 inciso I do CPC/15, a medida processual cabível é a denunciação da lide, já que Mariana pretende fazer valer seu direito de regresso em face da superveniência da evicção (surgimento posterior do verdadeiro dono do imóvel), que gerou perda do bem. Contudo, é cabível também ação autônoma pois prevalece que denunciação da lide não é obrigatória. B) Além do preço pago, pode Mariana exigir o reembolso das despesas efetuadas com o objetivo de realizar obras no local? Justifique sua resposta. Resposta: Sim, ela estará amparada pelos princípios da reparação integral (Art. 944 do Código Civil) e pela vedação do enriquecimento sem causa (Art 884 do Código Civil), Mariana poderá exigir reembolso das despesas efetuadas com obras no imóvel, tendo em vista que os gastos estão comprovados,e as obras geraram valoração e menutenção do bem.
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