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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ALFA PROCESSO Nº: PREFEITO DO MUN ICÍPIO ALFA, brasileiro, casado, prefeito, identidade nº xxx, CPF nº xxx , residência e domicilio no endereço, com endereço de e-mail xxx, vem, por seu advogado (procuração em anexo) propor: RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL Diante do fundamento no art. 103 -A, §3º da Constituição Federal c/c art. 988, inciso III do Código de Processo Civil com forme a decisão proferida nos autos do processo nº x xxx, pelo Tribunal de Justiça do Estado Alfa, nos termos de fato e d e direito a seguir expostos: DOS FATOS No município do interior do Estado Alfa o prefeito eleito nomeou sua esposa para o cargo de Secretaria Municipal da Educação. O Prefeito justificou o fato pelo histórico invejável d experiência á frente da reitoria de respeitável instituição do respectivo Estado, além de sua formação com inúmeras qualificações na área. O Ministério Público, ciente da circunstância, moveu Ação Civil Pública por improbidade administrativa do prefeito, uma vez que em sua visão havia afronta á Súmula Vinculante nº 13. Ao longo do processo a defesa do prefeito apontou que a jurisprudência dos Tribunais era pacifica ao compreender que os cargos políticos não são alcançados pelo enunciado da Súmula Vinculante nº 13. A eventual condenação resultaria, portanto, em afronta direta ao conteúdo vinculante. Houve improcedência em primeira instancia, mas em segundo grau houve reforma da decisão, resultando na condenação por improbidade em razão da afronta á Súmula vinculante 13, lesão aos princípios, prejuízo ao erário e enriquecimento ilícito. Com a condenação, a um ano das eleições em que pretende se candidatar à reeleição, o prefeito passou a ostentar hipótese latente de inelegibilidade por força do art. 1o, L, da Lei Complementar n. 64/90. Diante de tal situação ainda pende de recurso que, mesmo recebido, não teria o condão de afastar a inelegibilidade. O prefeito, então, buscou orientação jurídica junto a um escritório de advocacia especializado em Direito Constitucional para verificar medidas que poderiam ser tomadas ante o impasse. Na condição de advogado (a) do prefeito condenado, proceda com as medidas cabíveis e assecuratórias dos direitos relacionados neste enunciado. DA COMPETENCIA DO STF PARA PROCESSAR E JULGAR A RECLAMAÇÃO Diante do dispositivo decorrente no art. 102, I, alínea L c/c e também no art. 988, §1º do CPC, segue a transcrição: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. Art. 102- Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; DO DIREITO Com base na Súmula Vinculante 13, a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Ao editar a Súmula Vinculante 13, a Corte não pretendeu esgotar todas as possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública, dada a impossibilidade de se preverem e de se inserirem, na redação do enunciado, todas as molduras fático-jurídicas reveladas na pluralidade de entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios) e das esferas de Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), com as peculiaridades de organização em cada caso. Dessa perspectiva, é certo que a edição de atos regulamentares ou vinculantes por autoridade competente para orientar a atuação dos demais órgãos ou entidades a ela vinculados quanto à configuração do nepotismo não retira a possibilidade de, em cada caso concreto, proceder-se à avaliação das circunstâncias à luz do art. 37, caput, da CF/1988. Nomeação de cônjuge de Prefeita para ocupar cargo de Secretário municipal e Agente político, Ausência de violação ao disposto na Súmula Vinculante 13. Os cargos que compõem a estrutura do Poder Executivo são de livre nomeação e exoneração pelo Chefe desse Poder, Fraude à lei ou hipótese de nepotismo cruzado por designações recíprocas. Inocorrência. Direito Administrativo. Agravo interno em reclamação. Nepotismo, o Supremo Tribunal Federal tem afastado a aplicação da Súmula Vinculante 13 a cargos públicos de natureza política, ressalvados os casos de inequívoca falta de razoabilidade, por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral. Precedentes. Não há nos autos qualquer elemento que demonstre a ausência de razoabilidade da nomeação. Assim como a jurisprudência podemos ver como a aplicabilidade se da à Súmula Vinculante 13, segue transcrição: “A jurisprudência do S upremo Tribunal Federal tem majoritariamente afastado a aplicação da Sú mula Vinculante 13 aos cargos de natureza políti ca, conceito no qual se incluem os secretários municipais ou estaduais. (...) 8. Registro que as hipóteses de nepotismo cruzado, fraude à lei ou inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por mani festa ausência de qualificação técnica ou idoneidade moral do nomeado, vem sendo ressalvadas da aplicação desse entendimento pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. No ent anto, os documentos que instruem os autos não constituem prova inequívoca a respeito da presença de tais circunstâncias. De fo rma específica, os comprovantes de escolaridade que inst ruem os autos (docs. 47, 48 e 49) não corroboram a alegação de que a qualifi cação técnica dos nomeados seria manifestamente insuficiente para o exercício dos cargos públicos para os quais foram nomeados. [Rcl 29.099, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 4 -4- 2018, DJE 66 de 9-4-2018.]” DA MEDIDA LIMINA No risco de o prefeito nã o poder se c andidatar à reeleição em razão de hipótese de inelegibilidade por co ndenação por im probidade administrativa em 2º grau, hipótese latente de inelegibilidade por força do art. 1º, L da Lei complementar nº 64/90. Em juízo de cognição su mária, entendo não ter razão a reclamante. Nos termos do artigo 989, II do CPC, o Relator somente ordenará a suspensão do processo, nos casos em que o dano se mostrar irreparável, sendo ônus da reclamante a comprovação da plausibilidade do direito invocado. Segue teor do dispositivo acima mencionado: Art. 989 - Ao despachar a reclamação, o relator: II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; Cumpridas as diligências acima, remetam -se os autos à Procuradoria Geral deJustiça, para emissão de parecer, nos termos do artigo 991 do CPC. DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: a) Concessão do pedido liminar; b) A requisição de informações ao Tribunal de Justiça do Estado Alfa, na pes soa de seu presidente XXXXXXXXXX, no prazo legal de 10 dias, conforme art. 989, inciso I, do CPC. c) A notificação do Ministério Público para ap resentar contestação no p razo de 15 (quinze) dias nos termos no art. 989, inciso III do CPC; d) A int imação do Procurador Geral da República para atuar nos limites do art. 991 do CPC; e) O jul gamento de total procedência desta reclamação no sentido de cassar a decisão proferida pelo Tribunal de J ustiça, nos autos do p rocesso nº XXXXXXXXXX, conforme art. 992, do CPC. f) Requerimento de provas – art. 988, §2º do CPC. Dá-se o valor da causa 1.000,00 (mil) reais Termos em que, Pede e espera deferimento. FORTALEZA 06 DE JUNHO DE 2020 ADVOGADO- OAB/UF
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