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SISTEMA DE ENSINO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ato Infracional. Medidas Socioeducativas Livro Eletrônico 2 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ato Infracional e Medida Socioeducativa ........................................................................6 Disposições Gerais .........................................................................................................6 Dos Direitos Individuais ..................................................................................................8 Das Garantias Processuais .............................................................................................9 Das Medidas Socioeducativas ....................................................................................... 10 Disposições Gerais ....................................................................................................... 10 Da Advertência ............................................................................................................. 12 Da Obrigação de Reparar o Dano .................................................................................. 12 Da Prestação de Serviços à Comunidade ...................................................................... 13 Da Liberdade Assistida ................................................................................................. 13 Do Regime de Semiliberdade ........................................................................................ 14 Da Internação ............................................................................................................... 15 Da Remissão ................................................................................................................ 20 Dos Procedimentos ......................................................................................................23 Disposições Gerais .......................................................................................................23 Do Procedimento de Apuração de Ato Infracional ........................................................25 Grama da Fase Pré-Processual ..................................................................................... 31 Resumo ........................................................................................................................44 Questões de Concurso ..................................................................................................49 Gabarito .......................................................................................................................64 Gabarito Comentado .....................................................................................................65 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Olá, querido(a) aluno(a), o presente curso é voltado principalmente para os concursos das carreiras jurídicas, primordialmente Defensoria Pública, Magistratura e Ministério Públi- co. Foram analisadas 214 questões de Direito da Criança e do Adolescente de concursos para defensor público, 168 de concursos para promotor de justiça e 151 de concursos para juiz de direito, de todos os Estados do Brasil, totalizando 533 questões analisadas. Considerando que cada questão possui geralmente 5 itens, algumas 4 itens, e poucas são de certo e errado, chegamos à análise minuciosa de mais de 2000 itens! Dessa forma, foi possível ter um panorama bem completo dos assuntos mais cobrados nas provas. O assunto mais cobrado é a parte infracional do Direito da Criança e do Adolescente, que envolve ato infracional, medida socioeducativa e execução de medidas socioeducativas. Em seguida, vem a parte do Direito à Convivência Familiar e Comunitária. E, após, vêm os outros temas dos editais, com especial relevância para os Direitos Fundamentais e Conselho Tutelar. Procurei dividir as aulas de acordo com os assuntos mais cobrados em provas. Pretendo completar o curso em 7 (sete) aulas. A matéria Direito da Criança e do Adolescente tem adquirido cada vez mais relevância nos concursos públicos. A maioria dos certames cobra entre 5 e 6 questões em provas com 100 questões de múltipla escolha. Ao contrário do que muitos pensam, é uma matéria fácil de aprender. Com razoável tempo de estudo de qualidade, o concursando tem condições de conseguir boas notas nas provas. A grande maioria das questões cobra o conhecimento da letra da lei, seguido da cobrança da jurisprudência dos Tribunais Superiores. Quase não se cobra doutrina e a aulas indicarão quando for necessário estudar doutrina. A aulas foram elaboradas com a linguagem mais fácil e acessível possível, abordando os temas com a profundidade necessária para ir bem nas provas. Não é necessário ser “expert” em Direito da Criança e do Adolescente para ter um ótimo nível de acerto nos concursos pú- blicos. Mas é necessário, sim, saber o que os examinadores querem que você saiba. A orga- nização nos estudos é primordial, bem como é primordial não perder tempo aprofundando ou estudando temas além do necessário para tirar uma boa nota. Assim, a abordagem será bem simples, objetiva e completa, expondo tudo que o concur- sando necessita para se destacar no concurso público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Para quem não me conhece, sou defensor público do Distrito Federal, lotado no Núcleo de Execução de Medidas Socioeducativas, desde 2010. Antes de tomar posse como defensor pú- blico, em 2003, exerci os cargos de oficial de justiça do TJDFT e de procurador federal da AGU. Desde a faculdade, eu já sabia que queria ser servidor público. Assim, antes da minha for- matura, em julho de 1999, prestei concurso para oficial de justiça do TJDFT, em abril de 1999 e, graças a Deus, consegui minha aprovação, tendo sido nomeado em outubro do mesmo ano. Sempre procurei basear meus estudos na objetividade e nos exercícios. Procurava estu- dar com o edital sempre ao meu lado, e marcando os itens estudados, para não perder tempo com matérias desnecessárias. Na minha opinião, o candidato somente fixa o conhecimento por meio dos exercícios. É necessário resolver as questões e depois ver de onde o examinador tirou a questão, pois, tenha certeza, não são inventadas pelo examinador. Ou foram tiradas da letra da lei, ou da jurisprudência, ou da doutrina. Então, eu resolvia a questão e depois procurava achar no meu material de onde tinha sido tirada. E sempre achava! Após isso, eu não esquecia mais aquele assunto. E acertava nas provas, pois, como você vai perceber, as questões sempre se repetem. Outra coisa, os temas vão evoluindo ao longo dos anos. Por exemplo, um tema muito cobrado em provas de 2006, provavelmente já estará “manjado” dez anos depois, havendo outros temas relevantes que estarão sendo cobrados. O concursando deve estar por dentro dos assuntos, e da forma de abordagem desses assuntos, nas provas atuais. Quando eu era oficial de justiça, tinha a pretensão de fazer outros concursos públicos. Eu não focava em uma carreira específica, mas tinha uma certa “queda”pela Defensoria Pública, por já haver estagiado no órgão e gostado do que havia visto. Assim, continuando nos estudos, prestei o concurso público para procurador federal, em 2002, tendo sido aprovado e posteriormente nomeado para atuar na Agência Nacional de Trans- portes Aquaviários – ANTAQ, atuando após na Fundação Universidade de Brasília – FUB. No mesmo ano, 2002, prestei concurso para defensor público do Distrito Federal, tendo sido aprovado e nomeado em 2003. Ah, professor, mas você nunca foi reprovado em nenhum concurso? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE É óbvio que fui e, certamente, as aprovações são fruto da superação de frustrações, muito trabalho e dedicação, que, por vezes, parecem insuportáveis e sem sentido. Mas saiba que, como eu sempre digo para meus alunos e conhecidos, estudar para concurso é difícil, mas certamente é o caminho mais fácil, pois o concursando, alcançando a aprovação, terá o míni- mo para uma vida estável, o que, por vezes, é muito difícil alcançar na iniciativa privada, pois sempre haverá o risco da demissão. Feitas as apresentações iniciais, vamos ao curso! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ATO INFRACIONAL E MEDIDA SOCIOEDUCATIVA Disposições Gerais O ECA define ato infracional como a conduta tipificada como crime ou contravenção penal (art. 103). Em seguida, afirma ser penalmente inimputável quem tem menos de 18 (dezoito) anos, o qual será submetido às medidas previstas no ECA (art. 104). Afirma que deve ser con- siderada a idade na data do fato (art. 104, § único). Afirma que às crianças autoras de atos infracionais cabe apenas aplicação das medidas protetivas do art. 101 (art. 105). Observe que os atos infracionais nada mais são que crimes ou contravenções penais. Assim, todos os fatos típicos previstos no código penal, lei de contravenções penais e legis- lações penais extravagantes também são atos infracionais, quando forem cometidos por in- divíduos com menos de 18 (dezoito) anos de idade. Esses indivíduos, apesar de não estarem submetidos às regras do Código Penal, são responsabilizados por suas atitudes com base no ECA. Antes dos 12 (doze) anos,, não poderão receber medidas socioeducativas, mas apenas medidas protetivas, as quais não têm caráter sancionatório. Entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos podem receber medidas socioeducativas que possuem caráter sancionatório e finalida- de pedagógica. Assim, você deve perceber que a responsabilização penal no Brasil é iniciada aos 12 (doze anos). Importante ressaltar que o art. 2º do ECA tem a seguinte redação: Art. 2º considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incomple- tos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. E complementa em seu § 1º: “nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. A redação do artigo pode gerar certa confusão no estudante, pois não fala em onze anos, mas em doze anos incompletos. Na prática, quem tem até onze anos é criança. Uma criança vira adolescente a zero hora do dia em que completa doze anos. Da mesma forma, o artigo fala que adolescente é quem tem entre doze e dezoito anos. Na prática, quem tem de doze a dezessete anos é adolescente. O adolescente vira adulto a zero hora do dia em que completa dezoito anos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Assim, se você ler em alguma prova a afirmação de que criança é quem tem até doze anos incompletos, a assertiva estará correta. E se você vir questão falando que adolescente é quem tem entre doze e dezessete anos, a assertiva também estará correta. A idade a ser considerada para aplicação e execução da medida socioeducativa é a da data do fato. O ECA adotou o critério biológico para a inimputabilidade penal. Ou seja, o sim- ples fato de o indivíduo ter menos de 18 (dezoito) anos já é o suficiente para determinar a inimputabilidade. Não é necessário prova à “inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Observe que, conforme art. 2º, § único, do Estatuto, indivíduos maiores de dezoito anos podem ser submetidos aos preceitos do ECA, mas apenas até o máximo de vinte e um anos. O art. 121, § 5º, diz que a liberação da medida de internação será compulsória aos vinte e um anos de idade. Em relação à medida de semiliberdade, o art. 120, § 2º, diz que “A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à inter- nação”. Ou seja, por força do texto legal, as medidas privativas de liberdade (semiliberdade e internação) são extintas aos 21 anos de idade. Em relação às medidas socioeducativas em meio aberto (advertência, obrigação de repa- rar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida), a legislação foi omissa em definir a idade de extinção. Houve discussão jurisprudencial e alguns julgados entendiam que deveriam ser extintas aos dezoito anos, pois a interpretação deve ser sempre mais favo- rável ao socioeducando. Se a lei foi omissa, não se poderia criar uma condição não expressa na lei. Entretanto, o STJ não aceitou esse entendimento e definiu que qualquer medida socio- educativa, seja em meio aberto, seja privativa de liberdade, somente será extinta compulso- riamente quando o socioeducando completar vinte e um anos. Para definir a questão, editou a Súmula n. 605, a qual versa: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Entenda bem a Súmula n. 605 do STJ, pois tem grande probabilidade de ser cobrada em provas. Dos Direitos inDiviDuais A partir do art. 106, o Estatuto passa a abordar os direitos individuais dos adolescentes envolvidos em atos infracionais. Aqui, é importante você sempre ter em mente que as medi- das socioeducativas têm caráter sancionatório e são impostas para responsabilizar o adoles- cente pelo cometimento de ato tipificado como crime ou contravenção penal. Nos processos de apuração de ato infracional, devem ser garantidos todos os direitos dos acusados em processos criminais,pois a maior modificação da Doutrina da Proteção Integral, inaugurada pela Constituição Federal de 1988, foi passar a tratar crianças e adolescentes como sujeitos de direito. Ou seja, crianças e adolescentes passaram a ter os mesmos direitos fundamentais de qualquer indivíduo, independentemente da idade. Assim, NENHUM adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato in- fracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, além de que o adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão inconti- nenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada e será examinada, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. A internação antes da sentença, conhecida como internação provisória, pode ser determi- nada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco dias). Nesse sentido, cabe citar julgados do STJ afirmando que: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A internação provisória prevista no art. 108 do ECA não pode exceder o prazo máximo e improrrogável de 45 dias, não havendo que se falar na incidência da Súmula 52 do STJ, segundo a qual “encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran- gimento ilegal por excesso de prazo. (HC 306667/SP, julgado em 24/2/15; HC 192563/ ES, julgado em 7/4/2011). Não se pode manter adolescente em internação provisória por mais de 45 dias, mesmo que tenha sido encerrada a instrução processual. Muitas provas cobram isso, então procure fixar bem esse prazo. A decisão impositiva de internação provisória deverá ser fundamentada e basear-se em in- dícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. O adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. Das Garantias processuais Conforme já dito acima, aos adolescentes devem ser dadas as mesmas garantias e direi- tos dos acusados em processos criminais. Assim, a lei traz o princípio do devido processo legal, ao afirmar que nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal (art. 110 do ECA). O Estatuto prevê as principais garantias a serem asseguradas aos adolescentes. Observe que a previsão é exemplificativa, pois a lei usa o termo, entre outras. As garantias expressa- mente previstas no art. 111 são pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; igualdade na relação processual, podendo confrontar- -se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; defesa técnica por advogado; assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. Dessas garantias, merece destaque a referente ao direito de solicitar presença de pais ou responsável. É um plus em relação às garantias dos adultos, os quais não têm esse direito quando submetidos ao processo criminal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Das MeDiDas socioeDucativas Disposições Gerais O art. 112 traz os tipos de medidas socioeducativas. São estabelecidos 6 (seis) tipos ta- xativos: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liber- dade assistida, semiliberdade e internação. Além disso, o inciso VII prevê que também cabe aplicar aos adolescentes as medidas protetivas previstas no art. 101, incisos I a VI do ECA. DICA Você pode decorar as medidas socioeducativas com o se- guinte mnemônico: P A I S O L P – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE A – ADVERTÊNCIA I – INTERNAÇÃO S – SEMILIBERDADE O – OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO L – LIBERDADE ASSISTIDA Lembre-se de que o sol é o astro rei, é o pai do sistema solar. Isso facilitará a fixação da dica. As medidas protetivas dos incisos VII, VIII e IX do art. 101, conforme letra da lei, não po- dem ser aplicadas aos adolescentes nos processos de apuração de ato infracional, sendo necessário procedimento próprio para análise de acolhimento institucional, acolhimento fa- miliar e colocação em família substituta. As medidas socioeducativas têm caráter impositivo e sancionatório, com finalidade pe- dagógica. São espécies de sanção penal, abrandadas em razão do princípio da condição pe- culiar de pessoas em desenvolvimento. Nesse sentido, existem as definições de direito penal juvenil ou direito penal de adolescentes como limites à intervenção punitiva do Estado, da mesma forma que ocorre com o direito penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DICA A Súmula n. 338 do STJ, segundo a qual “a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas”, é interpretada pela doutrina como sendo elemento que reforça a interpretação dos Tribunais reconhecendo o caráter penal aflitivo das medidas socioeducativas. Essa súmula é muito cobrada em provas. Reconhecendo o caráter aflitivo e sancionatório das medidas socioeducativas, existe o julgado do STF no HC 122.072, Dje de 29/09/2014. No precedente do Supremo Tribunal Federal, entendeu-se que: A presunção de inocência se aplica ao processo em que se apura a prática de ato infra- cional, uma vez que as medidas socioeducativas, ainda que primordialmente tenham natureza pedagógica e finalidade protetiva, podem importar na compressão da liberdade do adolescente, e, portanto, revestem-se de caráter sancionatório-aflitivo. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. Em hipótese alguma, e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. Essa previsão seria até desnecessária, pois a Constituição Federal já veda a pena de traba- lhos forçados, conforme art. 5º, inc. XLVII, alínea “c”. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento indi- vidual e especializado, em local adequado às suas condições. Observe que não existe a pre- visão de medida de segurança para os adolescentes. Os mesmos princípios aplicados às medidas protetivas, conforme § único do art. 100, também são aplicados para as medidas socioeducativas. Os incisos do § único, do art. 100, são autoexplicativos. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI, do art. 112, pressupõe a existên- cia de provas suficientesda autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. Nos casos de remissão, não é necessário existir provas suficientes de autoria e materialidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Da aDvertência A advertência é uma admoestação verbal do juiz para o adolescente. Deverá ser reduzida a termo e assinada. Ou seja, não é meramente verbal, pois deve ter a formalidade de ser re- duzida a termo e assinada. É aplicada nos próprios autos de apuração de ato infracional, não sendo necessária formação de autos de execução. DICA Querido aluno, existem poucas questões de prova cobrando a medida socioeducativa de advertência, mas quando cobram geralmente abordam a questão da formalidade de ser redu- zida a termo ou abordam a desnecessidade de haver provas suficientes de autoria, para a aplicação da advertência (art. 114, § único do ECA). Da obriGação De reparar o Dano Tenha em mente que a obrigação de reparar o dano pode se constituir em três modali- dades, que são restituição da coisa, ressarcimento do dano ou compensação do prejuízo da vítima. Para ser aplicada a lei, exige que o ato infracional tenha reflexos patrimoniais. Tam- bém não enseja a formação de autos de execução, sendo cumprida no próprio processo de apuração de ato infracional. DICA Também há poucas questões cobrando a medida de repara- ção de dano. O mais provável de ser cobrado em prova é que a medida pode ser cumprida de três formas diferentes e que o ato infracional deve ter reflexos patrimoniais para possibilitar a aplicação de obrigação de reparar o dano. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Da prestação De serviços à coMuniDaDe É a realização de tarefas gratuitas, por período não excedente a 6 (seis) meses, com a jornada máxima de 8 (oito) horas semanais. Deve ser cumprida em entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comuni- tários ou governamentais. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente e não podem prejudicar a frequência à escola ou a jornada normal de trabalho. Observe que as medidas de prestação de serviços à comunidade possuem prazo certo a ser definido na sentença, ao contrário das medidas de liberdade assistida, semiliberdade e internação, as quais não possuem prazo determinado. Jurisprudência isolada do STJ (HC 298942/SP, julgado em 11/11/2014) admite prorroga- ção da medida de PSC quando “constatado o cumprimento injustificado” (a paciente cumpriu 15 dias dos 24 determinados judicialmente). É muito importante você ter em mente que a medida de prestação de serviços à comunidade tem prazo certo, ao contrário das medidas de liberdade assistida, semiliberdade e internação, as quais não têm prazo certo, mas têm prazo máximo de três anos. Da LiberDaDe assistiDa A medida de liberdade assistida é o acompanhamento do adolescente autor de ato in- fracional por meio de equipe especializada. A lei afirma que deverá ser designada pessoa capacitada para acompanhar o caso. Ao orientador incumbe promover socialmente o adoles- cente e sua família e, se necessário, inseri-los em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; diligenciar no sentido da profissionalização do adoles- cente e de sua inserção no mercado de trabalho; apresentar relatório do caso. 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Quando apli- cada por sentença de mérito (caso de não concessão de remissão, que é aplicada por sentença homologatória e não de mérito), pode ser substituída por internação-sanção pelo período má- ximo de 3 (três) meses. Isso pode ocorrer em caso de descumprimento reiterado e injustificado da medida imposta (art. 122, III). Para aplicação de internação-sanção, a lei exige a oitiva do jovem e o devido processo legal, com ampla defesa e contraditório, (art. 122, § 1º do ECA), sen- do obrigatória a oitiva do adolescente antes de sua aplicação, conforme Súmula n. 265 do STJ. Importante você saber que existem julgados do STJ entendendo ser aplicado o prazo má- ximo de 3 (três) anos também para as medidas de liberdade assistida, apesar de não haver previsão legal expressa, conforme HC 305.616/SP, julgado em 16/4/2015 e HC 235.511/MG, julgado em 21/2/2013. Tenha em mente que a liberdade assistida é a única medida socioeducativa com previsão de prazo mínimo de seis meses. O prazo máximo de três anos para medida de liberdade assistida não está previsto na lei, mas é decorrente da interpretação jurisprudencial. Do reGiMe De seMiLiberDaDe A medida de semiliberdade pode ser uma medida inicial aplicada na sentença ou uma me- dida de transição entre a internação e outra mais branda. Caracteriza-se pela possibilidade de atividades externas, independentemente de autorização judicial. Ou seja, o próprio diretor da unidade de semiliberdade pode e deve autorizar atividades externas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE No cumprimento da medida, são obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- vendo ser usados os recursos disponíveis na comunidade. Com essa previsão, o Estatuto reforçou expressamente o princípio da incompletude institucional, segundo o qual os meios comunitários disponíveis devem sempre ser usados pelo sistema socioeducativo para garan- tir os direitos dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. A medida de semiliberdade também não tem prazo determinado, devendo ser respeitado o limite máximo de 3 (três) anos previsto para a internação, conforme previsão do art. 120, § 2º do ECA. Da internação A internação é uma medida socioeducativa privativa de liberdade. Assemelha-se ao cum- primento da penaem regime fechado. A lei começa determinando que a internação está su- jeita aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Perceba que, nos processos infracionais, os adolescentes possuem garantias adicionais em razão da condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. O autor Armando Afonso Konzen define as garantias adicionais como uma discriminação positiva aos adolescentes submetidos a processo de apuração e ato infracional1. DICA Memorize que o art. 112, inc. VI, do ECA, fala de internação em estabelecimento educacional. Isso é cobrado em prova e pode gerar dúvida no concursando, duvidando que a lei use o termo “estabelecimento educacional”. Se esse termo for usa- do em prova, a afirmação estará certa. 1 Konzen, Afonso Armando. A Discriminação Positiva do Adolescente Autor de Ato Infracional. Juizado da Infância e da Juventude. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Conselho de Supervisão dos Juizados da Infância e Juven- tude (CONSIJ). Porto Alegre, Ano VIII, n. 22, out. 2014, p. 48. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O princípio da brevidade é a ideia de que a medida socioeducativa deve ser cumprida pelo período mais breve possível para alcançar sua finalidade. A excepcionalidade ocorre porque a medida de internação deve ser excepcional, sendo aplicada somente quando ficar constatado não haver possibilidade de aplicação de outra medida. Ou seja, deve ser a última alternativa de responsabilização. A condição peculiar de pessoa em desenvolvimento ocorre porque os adolescentes são protegidos pela lei, pois ainda não têm o desenvolvimento completo, seja o desenvolvimento psicológico, seja o desenvolvimento físico. Nas medidas de internação, são permitidas as atividades externas, a não ser que haja expressa determinação judicial vedando essa possibilidade. Essa determinação judicial pode ser revista a qualquer tempo, conforme previsão do § 7º, do art. 121, ECA. Não possui prazo determinado e deve ser reavaliada periodicamente, no máximo, a cada 6 (seis) meses. Na sentença que aplica internação, o juiz não vai dizer que o adolescente cumprirá a me- dida por 1 ano ou 2 anos, por exemplo. Ele simplesmente dirá que aplica a internação. Entre- tanto, conforme disposição legal (art. 121, § 3º), em nenhuma hipótese o período de interna- ção poderá exceder 3 (três) anos. A lei diz que são permitidas atividades externas na internação, apenas não sendo autorizadas se houver vedação judicial expressa. Tenha em mente que, após o cumprimento de três anos de internação, a medida pode ser substituída por semiliberdade ou liberdade assistida, não sendo obrigatória a extinção do processo de execução de medida socioeducativa. A liberação será compulsória aos 21 (vinte e um) anos de idade. A liberação compulsória aos 21 (anos) é uma exceção à regra do § 6º, do art. 121 do ECA ao prever que, em qualquer hipótese, a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. Isso porque a Resolução n. 165 do CNJ determina, em seu art. 19, que a liberação quando completos os 21 anos independe de autorização judicial, nos termos do § 5º do art. 121, do O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ECA. Em questões objetivas, você deve ler com muita atenção o enunciado, pois, se estiver escrito que segundo o ECA, em qualquer hipótese, a desinternação será precedida de autori- zação judicial, o item deve ser marcado como certo. Em seguida, em seu art. 122, incisos I, II e III, o Estatuto prevê as possibilidades de apli- cação de medida de internação. São elas: cometimento de ato infracional com grave ameaça ou violência a pessoa; reiteração no cometimento de outras infrações graves, e, por fim, o descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta. Nesse último caso, de descumprimento de medida anteriormente imposta, a internação não poderá exce- der o período de 3 (três) meses. A doutrina denomina esse tipo de internação como interna- ção-sanção, pois é uma punição pelo desrespeito das determinações judiciais das medidas menos brandas impostas por sentença em processo de conhecimento. A internação-sanção somente poderá ser decretada após o devido processo legal. Segundo jurisprudência do STF (HC 94.447) e do STJ (HC 355.760, HC 359.609, HC 354216), não é necessário o cometimento de três atos infracionais para ficar configurada a reiteração no cometimento de outras infrações graves prevista no art. 122, inc. II, do ECA. DICA A internação-sanção, prevista no art. 122, inciso III do ECA, tem o prazo máximo de três meses. Não é necessário haver dois atos infracionais anteriores para ficar configurada a reiteração em outras infrações graves. A Súmula n. 265 do STJ afirma que É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa. Ou seja, antes da aplicação da internação sanção, deve haver designação de audiência para oportunizar autodefesa do socioeducando, sob pena da decretação da internação-sanção ser considerada inválida. Isso é muito cobrado em prova. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Importante você fixar também a Súmula n. 492 do STJ, segundo a qual O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação ao adolescente. Segundo jurisprudência do STJ: A medida socioeducativa de internação está autorizada nas hipóteses taxativamente previstas no art. 122 do ECA, sendo vedado ao julgador dar qualquer interpretação extensiva do dispositivo. Nesse sentido são os HC 342.956/SP, julgado em 02/02/2016 e 334.432/SP, julgado em 17/11/2015. É importante citar aqui que Os atos infracionais compreendidos na remissão não servem para caracterizar a reitera- ção nos moldes do art. 122, II, do ECA, conforme HC 331.888/SP, julgado em 27/10/2015 e HC 327.152/SP, julgado em 08/09/2015. Corroborando o princípio da excepcionalidade, o § 2º, do art. 122, reafirma que em nenhu- ma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Em relação a essa previsão do art. 123 do ECA, importante citar julgados do STJ afirmando que “o cumprimento de medida socioeducativa de internação em estabelecimento prisional viola o art. 123 do ECA, ainda que em local sepa- rado dos maiores de idade condenados”. Nesse sentido, é são o HC 272.847/MG, julgado em 15/8/2013 e o HC 202.412/MG, julgado em 21/03/2013.Durante a internação, inclusive provisória, são obrigatórias atividades pedagógicas. A lei reforça o direito à educação que é um dos mais importantes direitos fundamentais e também reforça a ideia de que as medidas socioeducativas restringem apenas o direito à liberdade, devendo ser efetivados, em sua plenitude, todos os demais direitos dos adolescentes, estan- do internados ou não. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O art. 124 prevê, de forma exemplificativa, os direitos dos adolescentes privados de li- berdade. São eles entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; peticionar diretamente a qualquer autoridade; avistar-se reservadamente com seu defensor; ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; ser tratado com respeito e dignidade; permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; receber visitas, ao menos, semanalmente; corresponder-se com seus familiares e amigos; ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; ha- bitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; receber escolarização e profissionalização; realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; ter acesso aos meios de comunicação social; receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje; manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Em nenhum caso haverá incomunicabilidade e as visitas somente poderão ser suspensas, de forma temporária e excepcional, se existir motivos sério e fundado da prejudicialidade das visitas para o próprio adolescente. Em nenhuma hipótese, a suspensão das visitas pode ser forma de punição. Tenha em mente que não existe no sistema socioeducativo a suspensão de visitas como for- ma de punição. A suspensão somente pode ocorrer se for para resguardar direitos do próprio socioeducando. A incomunicabilidade é vedada em qualquer situação. Somente pode haver isolamento se for imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 (vinte e quatro) horas (art.48, § 2º, da Lei do Sinase). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Da reMissão Segundo o ECA, antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracio- nal, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclu- são do processo. Após iniciado o procedimento, a concessão da remissão pelo juiz resultará na suspensão ou extinção do processo. Observe que a lei criou 3 (três) modalidades de remissão: remissão como forma de exclu- são, remissão como forma de suspensão e remissão como forma de extinção do processo. A diferença é que a remissão como forma de exclusão é oferecida pelo Ministério Público antes do oferecimento da representação, que é a peça inicial do processo de apuração de ato infracional, semelhante à denúncia do processo criminal. Já as remissões como forma de suspensão ou extinção são concedidas pelo juiz após o oferecimento da representação, quando o processo de apuração de ato infracional já foi iniciado. A suspensão difere da extinção porque, no caso de descumprimento de medida socio- educativa eventualmente imposta, o processo de apuração pode ser retomado. No caso de extinção, em caso de descumprimento, o processo não pode ser retomado, não havendo possibilidade de reabrir a instrução processual para eventual prolação de sentença impon- do medida socioeducativa. Para que ocorra a remissão, não é necessário haver provas de autoria e materialidade do ato infracional, bastando apenas haver indícios (art. 114 do ECA). A doutrina também usa a definição de remissão própria, ou seja, pura e simples, sem a inclusão de medida socioeducativa; e remissão imprópria, ou seja, com a inclusão de medida socioeducativa em meio aberto. O termo remissão significa perdão. A sua aplicação tem base no art. 11 das Regras Mí- nimas das Nações Unidas para Administração da Justiça da Infância e Juventude (regras de Beijing). Segundo esse dispositivo legal, examinar-se-á a possibilidade, quando apropriada, de atender os jovens infratores sem recorrer às autoridades competentes. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da respon- sabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a apli- cação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliber- dade e a internação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O termo REMISSÃO significa perdão. Observe que dentro da palavra remissão existe a palavra missa, e missa lembra perdão. Isso é uma forma de decorar e não se confundir na hora de escrever ou resolver alguma questão de prova. Não confunda com o termo REMIÇÃO, com “Ç”, que é usado em direito penal e execução penal, e significa o desconto do tempo da pena em razão de dias trabalhados ou estudados pelo sentenciado. DICA As provas gostam de fazer peguinhas, afirmando que a re- missão pode ser cumulada com a medida socioeducativa de semiliberdade. Isso é falso. A imposição da medida socioeducativa, definida em remissão, somente pode ser feita pelo juiz. O Ministério Público pode conceder a remissão ao adolescente, mas essa conces- são tem que ser homologada em juízo, sob pena de nulidade. Segundo a Súmula n. 108 do STJ, A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é de competência exclusiva do juiz. Assim, o promotor de Justiça pode “conceder” a remissão, conforme art. 126 e 201 do ECA, mas deverá ser homologada pelo juiz para ter validade. Caso o juiz não concorde com a proposição do Ministério Público, não poderá mudar a re- missão, deverá remeter os autos para o Procurador-Geral de Justiça e este oferecerá represen- tação, designará outro promotor para apresentá-la ou ratificará o arquivamento ou a remissão. Apenas após esses procedimentos a autoridade judiciária estará obrigada a homologar o pedi- do de remissão do Ministério Público. Isso está previsto no art. 181, § 2º, do ECA. Perceba que nesse caso é usada a mesma lógica do processo penal, prevista no art. 28 do CPP. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aosinfratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público. Caso não cumprida devidamente a remissão, não se admite a aplicação da internação-san- ção prevista no art. 122, inc. III do ECA, mas apenas a revogação da remissão com a possibi- lidade de prosseguimento do processo de apuração de ato infracional. É esse o entendimento do julgado do HC 348.143, do STJ: A remissão não implica o reconhecimento ou a comprovação da responsabilidade, o que obsta a aplicação da internação-sanção e impede a caracterização de antecedentes, equiparando-se ao instituto da transação previsto no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. 2. A condição imposta ao paciente para a concessão da remissão não possui natureza jurídica de medida socioeducativa, prevista no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente, apta a ensejar a internação-sanção, em razão do descumprimento das condições vinculadas à remissão. No mesmo sentido do julgado acima, há o HC 414.438 do STJ. Remissão como forma de exclusão Remissão como forma de suspensão Remissão como forma de extinção Concedida pelo Ministério Público antes do oferecimento da representação Aplicada pelo juiz após o oferecimento da representação Aplicada pelo juiz após o oferecimento da representação Deve ser homologada pelo juiz e depende de pedido do promotor Somente pode ser concedida pelo juiz e não é obrigatória a concordância do promotor Somente pode ser concedida pelo juiz e não é obrigatória a concordância do promotor Pode incluir ou não medida socioeducativa em meio aberto Pode incluir ou não medida socioeducativa em meio aberto Pode incluir ou não medida socioeducativa em meio aberto Se descumprida, o promotor pode oferecer a representação Se descumprida, o juiz pode determinar a retomada do andamento processual Se descumprida, o juiz NÃO pode determi- nar a retomada do andamento processual Somente pode ser concedida antes da representação Pode ser aplicada em qualquer fase do proce- dimento, antes da sentença (art. 188 do ECA) Pode ser aplicada em qualquer fase do proce- dimento, antes da sentença (art. 188 do ECA) Remissão própria Não inclui a aplicação de medida socioeducativa Remissão imprópria Inclui a aplicação de medida socioeducativa em meio aberto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Dos proceDiMentos Disposições Gerais Aos procedimentos regulados pelo ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente. É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. Observe que, conforme dispositivos legais, aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos previstos no ECA as normas previstas nas legislações processuais pertinentes. Assim, no caso de apuração de ato infracional, aplica-se subsidiariamente dispositivos do CPP. Entretanto, não esqueça que, em se tratando de RECURSOS, mesmo nos processos infracio- nais, aplica-se a sistemática recursal do CPC, conforme art. 198 seguintes do ECA, com as devidas adaptações previstas nesse artigo. Tenha isso em mente agora. Os recursos serão estudados detalhadamente em outra aula. No Resp 1.633.074, Dje 01/08/2017, o STJ decidiu que: Nada mais lógico que a incidência das regras de natureza penal e processual penal às hipóteses de atos infracionais análogos a crimes. No caso dos autos, além de, à época do julgamento da apelação, já haver sido julgada a exceção de suspeição, incide o art. 111 do Código de Processo Penal, o qual dispõe que, em regra, não será suspenso o andamento da ação penal. Segundo o STJ, o princípio da identidade física do juiz não se aplica aos processos de apuração de ato infracional. No RHC 84.017, Dje 09/06/2017, o STJ consignou que: Não há falar em ilegalidade por ter o magistrado plantonista realizado determi- nados atos processuais (recebimento da representação e designação da audiên- cia de continuação) no momento da audiência preliminar (oitiva informal/cus- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE tódia), sob alegação de afronta ao princípio do juiz natural, eis que, na espécie, o próprio juiz da Vara da Infância e Juventude era o plantonista naquela ocasião. De acordo com o entendimento consolidado desta Corte Superior, o regra- mento previsto no artigo 399, § 2º, do CPP não se aplica ao rito do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece procedimento fracionado de apuração de ato infra- cional em várias audiências, sem fazer qualquer menção ao princípio da identidade física do juiz. (HC 165.059/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 01/02/2012)”. Os prazos estabelecidos no Estatuto e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. Essas previsões estão no § 2º do art. 152 e foram incluídas pela Lei n. 13.509, de novembro 2017. Você deve ter muita atenção com essa previsão. Por ela, está bem claro que os prazos são contados em dias corridos, ao contrário das previsões do novo CPC. Além disso, a Fazenda Pública e o Ministério Público não têm prazo em dobro. No HC do STJ n. 475.610/DF, publicado inclusive no informativo de jurisprudência n. 647, foi decidido que: HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PROCEDIMENTO PARA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL. APELAÇÃO. PRAZO DE 10 DIAS. CONTAGEM EM DIAS CORRIDOS. ART. 152, § 2º, DA LEI N. 8.069/1990. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. Nos procedimentos regulados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, adotar-se-á o sistema recursal do Código de Processo Civil, com as adaptações da lei especial (art. 198 do ECA). 2. Consoante o texto expresso da lei especial, em todos os recursos, salvo os embar- gos de declaração, o prazo será decenal (art. 198, II, ECA) e a sua contagem ocorrerá de forma corrida, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento, vedado o prazo em dobro para o Ministério Público (art. 152, § 2º, do ECA). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 3. Para análise de tempestividade da apelação, eventual conflito aparente de normas do mesmo grau hierárquico se resolve pelo critério da especialidade; uma vez que a Lei n. 8.069/1990dispõe que os prazos referentes aos ritos nela regulados são contados em dias corridos, não há que se falar em aplicação subsidiária do art. 219 do Código de Pro- cesso Civil, que prevê o cálculo em dias úteis. 4. Habeas corpus concedido a fim de reconhecer a intempestividade da apelação e cassar o acórdão impugnado. O art. 152, § 2º do ECA foi modificado pela Lei n. 13.509, de novembro de 2017, e é de EXTREMA relevância. Lembre-se de que sempre nos procedimentos regulados pelo ECA: • Os prazos são sempre de 10 (dez) dias, com exceção dos embargos declaratórios, que têm prazo de 5 (cinco) dias; • Ministério Público e Fazenda Pública NÃO têm prazo em dobro; • Defensoria Pública têm prazo em dobro, por força da Lei complementar n. 80/1994; • Os prazos são contados em dias CORRIDOS. Do proceDiMento De apuração De ato infracionaL O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente. ADOLESCENTE APREENDIDO EM FLAGRANTE IMEDIATO ENCAMINHAMENTO PARA O DELEGADO ADOLESCENTE APREENDIDO POR MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO IMEDIATO ENCAMINHAMENTO PARA O JUIZ O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Observe que o adolescente somente poderá ser apreendido por força de ordem judicial ou em flagrante, da mesma forma que ocorre com os adultos e em respeito à Constituição Fede- ral (art. 5º, inc. LXI) e também ao art. 106 do ECA. No Resp 1.655.016, Dje de 19/12/2017, ficou consignado que: O equívoco na condução da menor sem que houvesse mandado judicial ou situação de flagrante delito é pacificamente reconhecido nas instâncias predecessoras. Isso, por si só, é capaz de causar danos morais e à imagem de considerável monta. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tra- tando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repar- tição especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. Nos casos de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial deverá lavrar auto de apreensão, apreender o produto e os instrumentos a da infração e requisitar os exames e perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração. Nas demais hipóteses de flagrante, ou seja, nas situações onde não haja violência ou grave ameaça a pessoa, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciado. APREENSÃO EM FLAGRANTE POR ATO INFRACIONAL COMETIDO COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA AUTO DE APREENSÃO APREENSÃO EM FLAGRANTE POR ATO INFRACIONAL COMETIDO SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA AUTO DE APREENSÃO OU BOLETIM CIRCUNSTANCIADO Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente libera- do pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresenta- ção ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Observe que o dispositivo legal presente no art. 174 do ECA trata da internação provisória, a qual terá o prazo máximo de 45 (quarenta e cinco dias). A possibilidade de prender para garantir a segurança pessoal recebe muitas críticas dos estudiosos do tema, pois seria uma forma indevida de usar o princípio do superior interesse2. Como se pode imaginar prender alguém para protegê-lo? É resquício da antiga etapa tutelar do direito da criança e do adoles- cente. Seria o que o autor João Batista da Costa Saraiva denominou como Cavalo de Tróia do menorismo, quando, por força do art. 113, c/c art. 100, inc. IV do ECA, modificado pela lei da adoção em 2009, possibilitou-se a utilização do princípio do superior interesse também para aplicação das medidas socioeducativas. No HC 305.302, Dje de 23/10/2014, o STJ consignou que: A medida socioeducativa de internação está autorizada nas hipóteses taxativamente pre- vistas no art. 122 do ECA. A gravidade do ato infracional equivalente ao delito de tráfico de entorpecente não enseja, por si só, a aplicação da medida socioeducativa de interna- ção, se a infração não foi praticada mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou se não houve reiteração na prática de outras infrações graves ou descumprimento reiterado e injustificado da medida prévia. O STJ, por meio da Súmula n. 492, sedimentou o enten- dimento de que “o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. Observe que, com esse julgado, a abrangência da Súmula n. 492 engloba não somente a imposição da medida socioeducativa de internação, mas também a decretação da inter- nação provisória. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou bole- tim de ocorrência. Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encami- nhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. 2 Saraiva, João Batista Costa. Adolescente e responsabilidade penal: da indiferença à proteção Integral. 5 ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2016. p. 80. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. Não havendo repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo de 24 (vinte e quatro) horas. O STJ, no Resp 1.612.931, Dje de 07/08/2017, determinou ao Estado do Mato Grosso do Sul: a obrigação de fazer consistente a implantação do regime de plantão de 24 horas na Delegacia Especializada de atendimento à Infância e Juventude-DEAIJ de Campo Grande/MS, no máximo em 120 dias, sob a penal de multa diária de R$ 10.000,00, a partir do 120º dia da eventual omissão. Muito importante o julgado, na medida em que consignou haver violação de regras da Constitui- ção Federal e das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da In- fância e Juventude, pois não poderiam os adolescentes ficar em ambiente carceráriodestinado a imputável, devendo ser conduzidos a ambiente próprio, para a proteção da integridade deles. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao repre- sentante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. Se afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais documentos. No HC 193.614, Dje de 09/11/2011, o STJ decidiu: “a representação do Ministério Público não é pressuposto para a expedição de busca e apreensão de menor, o decreto de internação pro- visória pode acontecer antes desse ato.” O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser con- duzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condi- ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. Os carros destinados ao transporte de adoles- centes não podem ter cubículo fechado e gradeado como os “camburões” destinados aos pre- sos adultos. Os adolescentes deverão ser transportados sentados no banco de trás. Tenha em mente que os adolescentes não podem ser transportados em “camburão”, mas no banco de trás da viatura policial ou veículo do sistema socioeducativo. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público fará imediata e informal- mente a oitiva e, em sendo possível, dos pais ou responsável, vítima e testemunhas. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar. Na audiência de oitiva informal (art. 179 do ECA), não é imprescindível a participação de ad- vogado ou defensor público. No HC 349.147 do STJ, Dje de 08/06/2017, ficou decidido que: Nos termos da jurisprudência desta Corte, a ausência de defesa técnica na audiência de oitiva informal do menor perante o Ministério Público não configura nulidade, porquanto não implica prejuízo à defesa, em razão da necessidade de ratificação do depoimento do menor perante o Juízo competente, sob o crivo do contraditório. Com efeito, a audi- ência de oitiva informal tem natureza de procedimento administrativo, que antecede a fase judicial, oportunidade em que o membro do Ministério Público, diante da notícia da prática de um ato infracional pelo menor, reunirá elementos de convicção suficien- tes para decidir acerca da conveniência da representação, do oferecimento da proposta de remissão ou do pedido de arquivamento do processo (HC 109.242/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Após a audiência informal, o Ministério Público poderá promover o arquivamento dos autos, conceder remissão ou representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioe- ducativa. No caso de promoção pelo arquivamento ou de concessão de remissão, o processo deverá ir concluso ao juiz para homologar os atos. Novamente, é cabível citar a Súmula n. 108 do STJ, segundo a qual A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é de competência exclusiva do juiz. Caso o juiz discorde do arquivamento ou remissão, usa-se a mesma lógica do processo penal, devendo remeter dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, o qual oferecerá represen- tação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arqui- vamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. No Resp 1.392.888, Dje de 01/08/2016, o STJ decidiu que: Em caso de discordância parcial quanto aos termos da remissão, não pode o juiz modi- ficar os termos da proposta do Ministério Público no ato da homologação, para fins de excluir medida em meio aberto cumulada com o perdão. No caso, o Recurso especial foi provido para anular a homologação da remissão e determinar que o Juízo de primeiro grau adotasse o rito do artigo 181, § 2º, do ECA. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE GraMa Da fase pré-processuaL ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Fase Pré-processual. In: Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei n. 8.069/90 comentado artigo por artigo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2016, 481. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquiva- mento ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada. A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária. A representação é o equivalente à denúncia do processo penal. É o pedido inicial de ins- tauração do processo e início da fase judicial para se apurar se o ato infracional realmente existiu e se o adolescente representado foi o responsável pelo ato. Por isso, a lei não exige que haja prova pré-constituída da autoria e materialidade no momento da representação, pois o processo se presta exatamente a abrir instrução para averiguar os fatos. DICA A representação é o equivalente à denúncia do processo penal. Seus requisitos mínimos estão previstos no art. 182, § 1º do ECA. Deve passar pelo juízo de admissibilidade da autoridade judiciária e pode ser rejeitada, quando for considerada inepta. Tenha sempre em mente que a representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade, conforme prevê o art. 182, § 2º do ECA. Fixar esse artigo, pois é muito cobrado em prova. No HC 244.399 do STJ, Dje de 04/12/2012, decidiu-se que: De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a oitiva informal do adolescente, ato de natureza extrajudicial, não é pressuposto para o oferecimento da representação, servindo apenas para auxiliar o representante do Ministério Público a decidir sobre a necessidadeou não da instauração da ação socioeducativa, nos termos do artigo 180 da Lei n. 8.069/90. Precedentes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE No HC do STJ n. 251.681, Dje de 24/10/2013, ficou decidido que: A omissão da indicação da data dos fatos na representação constitui mera irregulari- dade, que não enseja a declaração de inépcia quando a narrativa permite o exercício da ampla defesa e do contraditório. Na espécie, pelo que se pode depreender das peças que foram acostadas aos autos, consta na certidão de antecedentes infracionais do paciente a data da infração, a saber, 18/4/2011. No HC n. 127.227 do STJ, Dje de 07/12/2009, decidiu-se: O tipo penal previsto no artigo 309 do CTB é formal e de perigo concreto. Para a sua configuração, exige-se prova do perigo com potencialidade lesiva real, apesar de não ser necessária a apresentação de uma determinada vítima, porquanto o bem jurídico tute- lado pela norma não é a incolumidade individual, mas a segurança coletiva no trânsito. Não havendo a descrição dos elementos do fato típico imputado ao menor, garantindo- -lhe o exercício do contraditório e da ampla defesa, deve a representação ser conside- rada inepta e, portanto, rejeitada. Não há, nos processos de apuração de ato infracional, ação pública condicionada ou ação privada, como ocorre na esfera penal. Todas as ações são públicas incondicionadas e pos- suem exclusivamente o Ministério Público no seu polo ativo. Nesse sentido, foi o julgamento do HC do STJ n. 160.292, Dje de 02/06/2011, ao consignar: O Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 171 e seguintes, que tratam da apu- ração de ato infracional atribuído a adolescente, não impõe a necessidade de represen- tação da vítima como condição de procedibilidade da ação, registrando somente que, apresentado o menor a quem se atribua a autoria de ato infracional, caberá ao Ministé- rio Público promover o arquivamento dos autos, conceder a remissão ou representar à autoridade judiciária para a aplicação de medida socioeducativa (artigos 180, 182 e 201, II). Portanto, o procedimento de apuração de ato infracional é sempre de iniciativa exclu- siva do Ministério Público, a quem cabe decidir acerca da propositura da ação socioedu- cativa, independentemente da manifestação do ofendido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Tenha sempre em mente que não existe ação socioeducativa pública condicionada à repre- sentação da vítima e nem ação socioeducativa privada. Todas as ações socioeducativas são públicas incondicionadas e de titularidade exclusiva do Ministério Público. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adoles- cente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. No volume n. 54 do Jurispru- dência em teses do STJ, existe o enunciado segundo o qual “a internação provisória prevista no art. 108 do ECA não pode exceder o prazo máximo e improrrogável de 45 dias, não havendo que se falar na incidência da Súmula n. 52 do STJ”. A súmula n. 52 afirma que Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo. DICA É muito importante você fixar que não há qualquer possibili- dade de prorrogação do prazo de 45 dias da internação provi- sória. Além disso, se o adolescente ficar internado provisoria- mente por prazo inferior a 45 dias e for liberado; caso haja a renovação da internação provisória, soma-se o prazo cumpri- do anteriormente, não podendo a soma exceder 45 dias. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob- servado o disposto no art. 108 e § único, segundo o qual a decisão (que decretar a internação provisória) deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e mate- rialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado. Se os pais ou respon- sável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. Tenha em mente que a curadoria especial é atribuição da Defensoria Pública, conforme art. 4º, inc. XVI da Lei complementar n. 80 Caso não localizado o adolescente, o processo fica suspenso, até a efetiva apreensão. No HC 348.104 do STJ, Dje 15/04/2016, ficou consignado que: O artigo 184 do ECA reza que, oferecida a representação, a autoridade judiciária há de designar audiência especialmente para a apresentação do adolescente. Trata-se de norma especial, a par daquela geral insculpida no artigo 400 do Código Penal. Assim, não há que se falar em nulidade no que tange à alegada oitiva dos adolescentes antes do depoimento das testemunhas.” (HC 295.176/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 21/05/2015, DJe 11/06/2015). A ausência do membro do Parquet na audiência de apresentação não evidencia nulidade, tendo em vista que a Defesa não demonstrou qualquer prejuízo quanto à adolescente. Registra-se que, no momento da realização da referida audiência, não houve por parte da Defesa, a qual se fez presente, oposição ao fato de não ter comparecido o membro do Parquet, até porque, certamente, era sabido que a adolescente havia sido ouvida pelo órgão ministerial na mesma data da mencionada audiência (26.3.2015). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ADRIANO ANTONIO DE PAULA - 07167860603, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 96www.grancursosonline.com.br Márcio Pinho Ato Infracional. Medidas Socioeducativas DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ou seja, no julgado acima ficou decidido que não se aplica aos procedimentos previstos no ECA a regra do CPP pela qual o interrogatório é feito após a oitiva das testemunhas (art. 304 do CPP). No HC 289.645, Dje de 28/08/2015, ficou definido que: Não causa prejuízo à defesa do menor a ausência dos pais ou responsáveis na audiência de apresentação, desde que nomeado curador especial, nos termos do artigo 184, § 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente,
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