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Procedimento de Apuração de Ato infracional [ECA]

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ATO INFRACIONAL 
Sempre que uma criança ou adolescente comete um ato infracional chama-se o Conselho Tutelar (art. 105 e art. 136, I, do ECA). NÃO é conduzida para a Delegacia.
Inimputabilidade até os 18 anos (Art. 228 da CF/88 e art. 104 do ECA)
Natureza da medida socioeducativa (MSE): tem o mesmo conteúdo aflitivo, sancionatório e retributivo das penas aplicadas aos adultos, tendo um conteúdo pedagógico apenas na execução da medida (corrente majoritária)
Não tem caráter penalizando, mas sim administrativo, autônomo, extrapenal, sendo “boas” para o desenvolvimento dos adolescentes (corrente minoritária)
PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL (arts. 171 a 190 do ECA)
Ato infracional: toda conduta (típica, antijurídica e culpável) descrita como crime ou contravenção penal (art. 103 do CP). 
Ato infracional cometido por criança/adolescente (art. 105 do ECA) encaminhamento ao Conselho Tutelar (Art. 136, I, do ECA) aplicam-se apenas medidas protetivas.
Existem três fases no procedimento
· Fase Policial (arts. 171 a 178 do ECA);
· Fase Ministerial (arts. 179 e 180 do ECA); 
· Fase Judicial (arts. 181 a 190 do ECA); 
FASE POLICIAL
Adolescente vai ser preso/apreendido (art. 106 do ECA) – somente em caso de flagrante ou por ordem judicial escrita e fundamentada.
Obs: o adolescente tem direito a identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado dos seus direitos (art. 106, §ú, ECA). 
Obs²: apreensão de adolescente deve ser comunicado a autoridade judiciária e aos familiares ou a pessoa por ele indicada (art. 107 do ECA)
No caso de flagrante – o adolescente será encaminhado à autoridade policial competente (art. 172 do ECA)
No caso de ordem judicial – o adolescente será encaminhado à autoridade judiciária (art. 171 do ECA)
No caso de flagrante de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça: a autoridade policial deve lavrar o auto de apreensão (oitiva de testemunhas e do adolescente), comunicação à família e à autoridade judicial (art. 173, I, ECA) comparecendo os pais o adolescente será liberado (art. 174, inicio, ECA) ou em não sendo liberado o adolescente será encaminhado ao representante do MP (art. 174, final, ECA).
- O auto de apreensão é semelhante ao auto de prisão em flagrante (APF). 
- Geralmente o delegado libera o adolescente para os pais apenas em casos sem violência ou grave ameaça.
No caso de flagrante de ato infracional cometido sem violência ou grave ameaça: ocorre o boletim de ocorrência circunstanciada (art. 173, §ú, ECA), comunicação à família e à autoridade judicial comparecendo os pais o adolescente será liberado (art. 174, inicio, ECA) ou em não sendo liberado o adolescente será encaminhado ao representante do MP (art. 174, final, ECA).
- O boletim de ocorrência circunstanciada é um pouco menos formal que o auto de apreensão. 
- O Promotor libera o adolescente mediante compromisso dos pais de levar o adolescente nos demais atos processuais (art. 174 do ECA)
Lavrado o auto de apreensão em flagrante, a autoridade policial encaminha o adolescente para o MP oitiva informal.
FASE MINISTERIAL
Oitiva informal
Apresentado o adolescente, o representante do MP procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, a de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas (art. 179 do ECA).
A oitiva é condição de procedibilidade? O STJ entende que é ato extrajudicial, de natureza administrativa e não configura condição para a representação (HC 121.733/SP)
Inexistência do ato? O STJ entende que não gera nulidade.
Participação da defesa? O STJ entende que a ausência de defesa técnica não gera nulidade (HC 109.241/SP)
A DPE não participa da oitiva informal porque não quer dar uma aparência de legitimidade a esse ato, que é presidido por uma parte (MP), não pelo juiz (não é um ato judicial).
Se o adolescente confessa o ato, a DPE costuma pedir o desentranhamento dessa confissão, mas isso não ajuda muito, pois o julgador já está contaminado com essa confissão. 
Depois da oitiva informal, o representante do MP poderá (art. 180, I a III, ECA):
- Promover o arquivamento dos autos;
- Conceder a remissão;
- Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa.
A oitiva atualmente é utilizada para conceder remissão e aplicar medidas socioeducativas imediatamente, sem processo. 
Sobre o arquivamento: 
· Necessita de homologação judicial (art. 181 do ECA);
· Semelhante ao art. 28 do CPP se o juiz discorda, deve encaminhar ao Procurador Geral de Justiça (cuidado com as alterações do Pacote Anticrime, que estão suspensas, o art. 28 do CPP é um deles)
Sobre a remissão:
· A remissão não implica reconhecimento de responsabilidade, assim como não prevalece como antecedentes, independentemente do número de remissões concedidas (art. 127 do ECA).
· Não há aquela condição de não poder ser concedida duas vezes no prazo de 5 anos, que existe para a transação penal no processo penal;
· A remissão pode ser cumulada com medidas em meio aberto (art. 127, in fine, ECA), ou seja, não pode ser cumulada com internação nem semiliberdade. 
· A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença (art. 188 do ECA);
· O descumprimento de uma medida aplicada em cumulação à remissão pode implicar na internação com base no art. 122, III, do ECA? NÃO. O MP pode apenas promover a representação nesse caso.
REMISSÃO MINISTERIAL
Art. 126, caput, ECA.
Concedida antes de iniciado o procedimento, como forma de exclusão do processo. 
Homologação judicial obrigatória, vez que a aplicação de MSE é competência exclusiva do magistrado.
Súmula 108 do STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz. 
REMISSÃO JUDICIAL
Art. 126, §ú, ECA.
Concedida depois de iniciado o processo, como forma de suspensão ou extinção do processo. 
Pode ser ofertada pelo magistrado e independe do consentimento do MP, embora ele deva ser ouvido. 
HOMOLOGAÇÃO DA REMISSÃO (art. 181, §§1º e 2º, ECA): da decisão que homologa ou não a remissão cabe Apelação.
Sobre a representação:
Equivale ao oferecimento da denúncia no processo penal.
Quando o promotor representa, tem-se o início da ação socioeducativa.
Previsão legal: art. 182 do ECA.
A jurisprudência e a doutrina majoritária entendem que a ação socioeducativa é sempre pública incondicionada e independe de manifestação do ofendido.
Esse entendimento gera tratamento desigual ao adolescente e mais gravoso que o tratamento dispensado ao adulto. 
Quando se traz o argumento do art. 35, I, da Lei do SINASE, a jurisprudência afirma que esse artigo é aplicado apenas à execução das medidas e não ao procedimento, pois a medida é educativa, é boa para o adolescente.
FASE JUDICIAL
Oferecimento da representação pelo MP (art. 182 do ECA) com ou sem pedido de internação provisória juiz recebe a representação e decide sobre a decretação ou manutenção da internação provisória (art. 184 do ECA).
Adolescentes, pais ou responsáveis são cientificados da representação e notificados a comparecer à audiência de apresentação (art. 184, §1º, ECA).
Adolescente não localizado mandado de busca e apreensão (art. 184, §3º e art. 187 do ECA).
OBS: Porém, esse poder do magistrado não se estende às demais audiências, pois o adolescente pode escolher não participar (tese defensiva).
Audiência de apresentação (“interrogatório”) do adolescente (art. 186 do ECA)
Problemática da oitiva do adolescente antes de todos os outros atos do processo. 
Em tese, ouvindo o adolescente, o juiz ou o Promotor já podem ofertar a remissão, e isso serviria também como uma espécie de “audiência de custódia”. 
A defesa pode aconselhar o adolescente a ficar em silêncio na audiência de apresentação e depois pedir que seja oportunizada sua oitiva novamente ao final da instrução. Alguns magistrados deferem, outros não.
Na audiência de apresentação também há a obrigatoriedade de que os pais ou responsáveis estejam presentes. Porém, às vezes os pais confessampelos adolescentes. O direito ao silêncio se estenderia aos pais ou responsáveis? Fica a pergunta.
Se a família não é notificada para comparecer na audiência, há nulidade. Se a família é notificada, mas não comparece, não há nulidade, nomeia-se o defensor como curador (mas a defesa entende que isso não seria possível pois os papeis de defensor e de curador são atividades distintas, embora a jurisprudência não acolha esse entendimento, por ausência de prejuízo).
Juiz pode conceder a remissão, ouvindo o MP (art. 186, §1º, ECA).
DEFESA PRÉVIA no prazo de 3 dias (art. 186, §3º, ECA).
DPE tem prazo em dobro.
A defesa prévia tem os mesmos moldes da resposta à acusação. 
AUDIÊNCIA DE CONTINUAÇÃO, com debates orais e sentença (art. 186, §4º, ECA).
Em regra, era para ser uma audiência una, mas pode acontecer de precisar de mais audiências, se as testemunhas não comparecerem, por exemplo. 
Nessa audiência, ouve-se vítima, testemunhas de acusação, testemunhas de defesa, passa-se aos DEBATES ORAIS (20 min para cada) e SENTENÇA. 
ECA não prevê número de testemunhas, então se usa os parâmetros do CPP. 
Na prática, muitos juízes não fazem debates orais, substituindo-os por memoriais e/ou não proferem sentença em audiência.
OBS: não existe prazo previsto em lei para a apresentação de memoriais, é o juiz que define. O prazo só não pode ser diferente para acusação e defesa. Isso porque acusação e defesa devem estar preparadas para os debates orais em audiência. 
A internação provisória (ANTES da sentença) tem prazo máximo de 45 dias (art. 108 do ECA)
RECURSO DE APELAÇÃO (art. 198, III, ECA)
As razões devem ser apresentadas junto à interposição do recurso. 
No ECA, há o juízo de retratação em 05 dias (art. 198, VII, ECA), mas os juízes costumam manter a sua decisão. 
APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA (MSE)
Para aplicar uma medida socioeducativa é necessário prova de autoria e de materialidade (art. 114 do ECA)
A escolha da medida a ser aplicada ao adolescente pelo magistrado deve levar em conta (art. 112, §1º, ECA):
· Capacidade do adolescente de cumprimento problema dos adolescentes com problemas mentais: inimputabilidade frente ao próprio ECA.
· Circunstâncias da infração;
· Gravidade da infração. 
Em NENHUMA hipótese será aplicada a internação, se houver outra medida adequada (art. 122, §2º, ECA) – STF HC 75.629. 
OBS: mesmo que se trate de um ato grave e violento, o magistrado pode aplicar outra medida, se entender mais adequada. 
A medida de internação deve observar a brevidade, a excepcionalidade e o respeito à peculiar condição de pessoa em desenvolvimento (art. 121, caput, ECA e art. 227, §3º, V, CF).
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO
Art. 189, ECA. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato; MATERIALIDADE (art. 386, I, CPP)
II - não haver prova da existência do fato; MATERIALIDADE (art. 386, II, CPP)
III - não constituir o fato ato infracional; TIPICIDADE (art. 386, III, CPP)
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional. AUTORIA (art. 386, V, CPP)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
Nada impede que o magistrado aplique alguma situação absolutória do CPP que não esteja expressamente prevista no art. 189 do ECA também. 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
· Medidas em meio fechado (MF):
· INTERNAÇÃO (art. 121 e seguintes, do ECA);
· SEMILIBERDADE (art. 120 do ECA)
Execução de MF: responsabilidade do ESTADO.
No RS, quem executa essas medidas é a Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE), que é uma autarquia estadual, se subdividindo em Centros de Atendimento Socioeducativo (CASE) por diversas comarcas do Estado. 
· Medidas em meio aberto (MA):
· Liberdade assistida – LA (arts. 118 e 119, ECA) 
· Prestação de serviços à comunidade – PSC (art. 117 do ECA);
· Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA);
· Advertência (art. 115 do ECA).
Execução de MA: responsabilidade do MUNICÍPIO.
Em POA, a execução das medidas em meio aberto é vinculada à Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), pelo Programa de Execução de Medidas Socioeducativas (PEMSE). 
Na aplicação da remissão suspensiva, podem ser impostas apenas medidas em meio aberto (art. 127 do ECA). 
Tanto os Estados quanto os Municípios recebem verbas da União, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para custear o desenvolvimento das medidas socioeducativas. Os Estados também repassam verbas para os Municípios.
ATENÇÃO! O art. 112 do ECA traz rol taxativo e exaustivo de medidas a serem aplicadas aos adolescentes autores de atos infracionais. 
As medidas podem ser cumuladas (LA + PSC), mas não se pode mesclar as disposições e características de uma e de outra (pois se estaria criando uma nova espécie de medida).
ADVERTÊNCIA (art. 115 do ECA):
Medida mais branca prevista no ECA.
Recomendada para casos de pequena gravidade. 
Consiste em uma admoestação verbal que será reduzida a termo em audiência, esgotando-se em si mesmo.
Para sua aplicação bastam indício de autoria e prova da materialidade (art. 114, § ú, ECA).
Inconstitucionalidade? Pode-se aplicar uma medida, uma sanção, sem prova da autoria do fato? 
A execução dessa medida é feita nos próprios autos, porque ela não se prolonga no tempo (Art. 38 da Lei nº 12.594/12). 
REPARAÇÃO DO DANO (art. 116 do ECA):
É utilizada em caso de ato infracional com reflexos materiais.
Na prática, é pouco aplicada e, quando aplicada, costuma ser cumulada com outra medida em meio aberto (MA). 
A reparação do dano pode se dar da seguinte forma:
· Restituição da coisa;
· Ressarcimento do dano;
· Compensação do prejuízo da vítima por outra forma. 
Obs: geralmente o adolescente não tem condições financeiras de reparar do dano, de forma que quem acaba arcando com essa responsabilidade são os pais. Tem-se a problemática de que a pena não pode passar da pessoa do condenado. 
A execução dessa medida também é feita nos próprios autos (art. 38 da Lei nº 12.594/12).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE (PSC) (art. 117 do ECA):
Consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse da comunidade em entidades assistenciais, hospitais, escolas e outras instituições que se habilitem previamente junto ao município. 
As tarefas a serem cumpridas precisam estar de acordo com as aptidões dos adolescentes e não podem ser humilhantes ou vexatórias. 
Caso do nordeste em que algumas meninas foram colocadas para fazer faxina na delegacia sem produtos adequados. 
Meninos que saíam da FEBEM e iam trabalham como engraxates e tinham o cabelo raspado, sendo estigmatizados por isso.
A medida tem caráter educativo = a PSC deve ser algo que faça o adolescente pensar sobre o que ele fez, contribuir com a comunidade. Se puder ter alguma relação com o fato cometido, melhor. 
Prazo MÁXIMO de 06 meses, de acordo com a gravidade do ato infracional. 
Período máximo de 08 horas semanais. 
A execução dessa medida é em autos apartados (art. 39 da Lei nº 12.594/12) = Processo de Execução de Medida Socioeducativa (PEM ou PEMSE). 
A PSC não pode prejudicar a escola ou o trabalho do adolescente. 
LIBERDADE ASSISTIDA (arts. 118 e 119, do ECA): 
Vigilância sobre o adolescente (frequência e aproveitamento escolar, inclusão em programas sociais, profissionalização etc.).
Prazo MÍNIMO de 06 meses (não há prazo máximo previsto em lei). 
A inexistência de prazo máximo se justificaria em razão das condições serem abertas – exemplo: matrícula em um curso profissionalizante de 1 ano. 
Alguns doutrinadores entendem que se aplica, por analogia, o prazo máximo da medida de internação (3 anos). 
Outros entendem que não pode ser superior a 6 meses em razão do princípio da legalidade, de forma que o prazo mínimo se torna também máximo (Apelação Cível Nº 70038687968, 7ª Câmara Cível, TJRS, Rel. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 20/10/2010) = esse julgado reconheceu a prescrição em razão disso, inclusive. 
A execução dessa medida é feita em autosapartados (art. 39 da Lei nº 12.594/12). 
SEMILIBERDADE (art. 120 do ECA): 
Privação parcial da liberdade, com recolhimento noturno em unidade de semiliberdade. 
Aqui no RS, embora a semiliberdade seja de atribuição da FASE, foi feita uma parceria público-privada, de forma que a semiliberdade é executada por entidades não governamentais, com base nos ditames da FASE. A semiliberdade é cumprida em casas “comuns” na comunidade. Durante o dia, é obrigatória a escolarização e a profissionalização (art. 120, §1º).
Somente aplicada em sentença ou como forma de progressão de medida de internação. 
Não pode ser aplicada em sede de remissão (art. 127 do ECA). 
É permitida a realização de atividades externas (trabalho, escola, cursos, visita à família, entre outras).
Prazo indeterminado (limitado ao máximo de 03 anos) e devendo ser reavaliada, no máximo, a cada 6 meses (art. 120, §2º, ECA). 
A execução dessa medida é feita em autos apartados (art. 39 da Lei nº 12.594/12). 
INTERNAÇÃO (arts. 121 a 125 do ECA):
· Internação Provisória:
Decretada no processo de conhecimento, antes da sentença.
Semelhante à prisão preventiva no processo penal. 
Prazo MÁXIMO e IMPRORROGÁVEL de 45 dias (art. 108 e 183, do ECA).
Esse prazo é exíguo porque o tempo para os adolescentes corre muito rápido. A pedagogia diz que quando uma criança ou adolescente comete um erro, ela deve receber a punição imediatamente para que consiga entender o caráter da punição.
Requisitos para sua declaração (art. 108, §ú, e art. 174 do ECA): Juiz deve fundamentadamente explicar a motivação pelo qual está impondo a medida mais gravosa desde o início do processo.
- Decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, CF/88)
- Indícios suficientes de autoria e materialidade;
- Necessidade imperiosa da medida;
- Gravidade do ato e repercussão social (é um dos elementos, mas não pode ser o único para fundamentar a decisão);
- Segurança pessoal ou manutenção da ordem pública;
O tempo de internação provisória deve ser computado no prazo máximo de 03 anos (é uma espécie de detração). = Também o período de 06 meses para reavaliação da medida é contado desde a internação provisória. Esse prazo já conta para a execução da medida socioeducativa.
O ECA não prevê hipóteses de internação temporária ou cautelar, é necessário que haja procedimento instaurado. 
A inobservância do prazo de 45 dias, injustificadamente, caracteriza delito tipificado no art. 235 do ECA. 
Dos 45 dias de internação provisória, no máximo 5 dias poderão ser cumpridos perante repartição policial (art. 185, §2º, ECA). 
· Internação Definitiva:
Decretada em sentença no processo de conhecimento. 
Prazo INDETERMINADO, limitado ao MÁXIMO de 03 anos (art. 121, §§2º e 3º, ECA). 
A internação por tempo indeterminado somente será aplicada nas hipóteses taxativas do art. 122 do ECA
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
Limitada a 03 anos com liberação compulsória aos 21 anos. Adolescente deverá ser colocado em liberdade (art. 121, §5º, ECA)
Não existe um prazo certo de internação a ser cumprido para cada delito. 
Se um adolescente acabou iniciando o cumprimento da medida apenas aos 19 anos, ele não vai poder chegar ao máximo de 3 anos.
Exemplo: Adolescente, com 17 anos, cometeu ato infracional e não é apreendido, não se descobre autoria naquele momento, não tem apreensão em flagrante. Caso venha a ser investigado, quando o adolescente já tenha completado 18 anos. Com 19 anos é apreendido, processo e julgado, juiz aplica a medida de internação por tempo indeterminado. 
Quando o adolescente fizer 21 anos, se não tiver progredido ou ter sido liberado, a liberação dele é compulsória aos 21 anos.
Súmula 605 do STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.
Após 3 anos de internação, caso ainda não tenha completado 21 anos, o adolescente pode ser liberado, ser colocado em semiliberdade ou em liberdade assistida (art. 121, §4º, ECA). 
O STJ entende que o prazo máximo de 03 anos é computado para cada fato distinto. O adolescente pode ficar 6 anos internados, por exemplo, se cometer um novo ato depois de já ter cumprido os 03 anos do primeiro ato. 
Exemplo: Adolescente, 12 anos, comete um delito gravíssimo (homicídio) é internado e cumpre 03 anos de internação e é liberado com 15 anos. Comete novamente outro ato infracional e é liberado com 17 anos. Ainda antes de completar de 18 anos comete ato infracional grave vindo a ser internado até 21 anos.
A internação somente poderá ser aplicada se não existir outra medida adequada à ressocialização do adolescente (art. 122, §2º, ECA) – STF HC 75.629. 
A regra é a possibilidade de atividades externas (vigiadas) e a vedação de atividades externas deverá ser fundamentada (art. 121, §1º, ECA). 
ISPAE (internação sem possibilidade de atividades externas) e ICPAE (internação com possibilidade de atividades externas). 
Se o juiz colocar na sentença apenas “internação”, será considerada ICPAE. 
Qual a diferença entre ICPAE e semiliberdade? Na ICPAE, a atividade deve ser autorizada pelo juiz e é acompanhada pelos agentes da FASE. Na semiliberdade, a atividade não precisa ser autorizada pelo juiz e o adolescente vai sozinho para a escola, trabalho, só tendo o dever de retornar à noite.
Questão sobre a violação ao princípio da legalidade ao considerar ISPAE e ICPAE como medidas distintas, sendo que o ECA prevê apenas uma única medida de internação que deverá, em regra, comportar a possibilidade de atividades externas. Os juízes também não costumam fundamentar a imposição de ISPAE, apenas aplicam para os casos mais graves.
(Importante!)
· Quando o adolescente está em cumprimento de medida socioeducativa de internação e sobrevêm uma nova sentença aplicando medida socioeducativa de internação também por fato anterior; 
 
Exemplo: Adolescente cometeu no início do mês de junho, um roubo, e não foi apreendido em flagrante, a Polícia estava investigando, e 10 dias depois, o adolescente comete um homicídio onde é apreendido em flagrante, internado provisoriamente, processado, julgado e sentenciado. Passados alguns meses do cumprimento desta internação pelo segundo fato, a polícia descobre a autoria do roubo cometido no início do mês, o adolescente é processado, julgado e é sentenciado om uma nova medida de internação.
Segundo o art. 45, §1º, do SINASE, sobrevindo uma nova sentença de internação, o juiz deve unificar a pena, mas não pode alterar a data-base. 
 
Art. 45 da Lei nº 12.594/12. Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação de nova medida, a autoridade judiciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em igual prazo.
§ 1º É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução.
 
SINASE - Lei nº 12.594/2012
 
Exemplo: Adolescente foi internado no dia 20/06/2020 em razão do cometimento de homicídio e sobrevêm no mês de Julho, esta sentença condenando e aplicando medida socioeducativa de internação pelo fato cometido no início de Junho, ou seja, antes do fato pelo qual ele está internado. 
Juiz da Execução das medidas ao receber a sentença, deve unificar a pena, sendo vedado que se reinicie a contagem do prazo para o cômputo dos 03 anos.
 
· Quando o adolescente está em cumprimento de medida socioeducativa e sobrevêmnova condenação por fato posterior
 
Exemplo: Adolescente está dentro de uma unidade de internação cumprindo medida e ele comete lesões corporais graves contra um colega de dormitório. 
 
Sobrevindo essa nova condenação, pode-se determinar o reinício da contagem do prazo de 03 anos.
 
Juiz unifica as medidas e vai reiniciar a contagem desta nova decisão. 
 
· É vedado a aplicação de internação em razão de atos praticados anteriormente ao adolescente que já tenha cumprido medida socioeducativa dessa natureza ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa.
 
Exemplo: Adolescente estava cumprindo medida socioeducativa por um roubo/homicídio, ficou 01 ano e meio internado, enquanto estava cumprindo essa medida ele estava sendo processado por um outro fato da mesma época do outro fato, processo demorou. Adolescente progredi para medida menos gravosa. Então sobrevêm decisão do Tribunal dizendo que por um outro fato a ele foi aplicado internação. Esta medida não pode ser executada, pois ele já cumpriu e pelo fato ser anterior. 
 
Art. 45, §2º, do SINASE. É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema.
APLICAÇÃO DA INTERNAÇÃO 
 
Art. 122, I e II, ECA
Não significa que ela sempre será aplicada.
Obs: medida mais gravosa como última ratio.
 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
 
· Nem todo ato praticado mediante grave ameaça ou violência será aplicado medida de internação.
· Magistrado tem que justificar porque escolheu a internação e justificar porque outras medidas menos gravosas não são adequadas. 
· Para aplicar a medida mais gravosa o magistrado tem que necessariamente ter um desses requisitos, mas não é obrigatório. 
STJ entende que a gravidade do ato não é determinante da aplicação de internação, devendo os magistrados justificar a internação. 
Ato infracional praticado com violência ou grave ameaça --> é aquele que tenha na elementar do tipo a violência ou grave ameaça.
Obs: Tráfico de drogas não é determinante da aplicação de internação.
Súmula 492 do STJ: “O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente” (Súmula 492, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012)
 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
 
"Reiteração" --> Antigamente STJ entendia que a reiteração se configurava a partir de 03 atos, porém não há previsão legal para exigir que tenha no mínimo a prática de 03 atos. 
A reiteração se dá a partir da prática de 2 fatos. 
Para que seja aplicada a internação com base nesse inciso tem no mínimo o adolescente ter cometido o segundo fato.
 
"Infrações graves" - uma corrente entende que são os crimes punidos com reclusão, mas não há unanimidade. 
Melhor interpretação --> outros delitos que não aqueles delitos com violência ou grave ameaça.
No caso do Tráfico só poderia a partir do segundo tráfico (reiteração no cometimento de outra infração grave).
· Internação Sanção:
Decretada no processo de execução (PEM), em razão do descumprimento de medida anteriormente imposta.
Prazo DETERMINADO, limitado ao MÁXIMO de 3 meses (art. 122, III, ECA). 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
"Descumprimento reiterado" - não pode ser no primeiro descumprimento.
 
No primeiro descumprimento é necessário que o magistrado ouça o adolescente, ofereça prazo para justificar. (Faça uma advertência)
 
A internação-sanção, representa uma resposta estatal a uma medida anteriormente aplicada, sendo aplicada no curso do processo de execução de medida.
 
Quando se fala em internação sanção trata-se de uma hipótese de um adolescente que já tem uma medida socioeducativa anteriormente imposta, seja em razão da remissão (ministerial ou judicial), seja na hipótese de ter sido aplicada por sentença uma medida socioeducativa e este adolescente descumpre. 
Somente é aplicada na execução de uma medida anteriormente imposta.
A internação sanção tem prazo determinado de 90 dias. 
É necessário que o juiz faça a oitiva prévia do adolescente em audiência para que seja aplicada a internação de 90 dias.
Súmula 265 do STJ: “É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa.” (Súmula 265, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2002, DJ 29/05/2002 p. 135)
**MP e defesa devem ser ouvidos. 
 
OBS: Não é obrigatório que o juiz aplique os 90 dias no descumprimento. 
 
Foi aplicado medida de prestação de serviços à comunidade por 2 meses adolescente descumpri, magistrado adverte, adolescente descumpriu de novo, juiz designa audiência para oitiva do adolescente, ouve MP, ouve defesa, entende injustificável, aplica 60 dias. Cumprido os 60 dias de internação o adolescente é liberado e ele não precisa cumprir o restante da prestação de serviços à comunidade.
 
Não pode aplicar a internação-sanção pelo descumprimento de medida em remissão, porque viola o devido processo e a ampla defesa. 
 
Internação-sanção: Descumprimento de medida aplicada em sentença. 
 
Adolescente cometeu furto, MP entendeu por não ofertar a remissão e ofertou a representação, e em juízo o magistrado optou por ofertar pela possibilidade da aplicação da remissão, adolescente descumpri volta o processo. Após devido processo legal juiz aplicou medida socioeducativa por sentença, adolescente descumpri, é cabível a hipótese de aplicação da internação-sanção desde que faça uma oitiva previa do adolescente
 
Da decisão que determina internação-sanção, cabe Agravo de Instrumento. 
 
Súmula 338 do SJT: “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.”(Súmula 338, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2007, DJ 16/05/2007 p. 201)
 
Prescrição: limitador ao poder punitivo estatal. 
 
Doutrinadores falam em uma prescrição etária (21 anos) = cessa tanto a possibilidade de investigar este ato infracional quanto a possibilidade de executar qualquer medida socioeducativa que já tenha sido aplicada. Extingue-se a jurisdição da Vara da Infância e Juventude, com base no art. 2, §ú e 121, §5º, do ECA. 
 
Art. 2º, § único, do ECA. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade
 
Art. 121, § 5º do ECA. A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
 
Prescrição da pretensão socioeducativa
 
Como se faz o cálculo em função da pena/medida socioeducativa de internação ser de até no máximo 03 anos? 
Pode-se aplicar todas as modalidades previstas para o adulto (prescrição abstrata, retroativa e intercorrente). 
 
Qual o critério para fazer o cálculo? De regra, há duas correntes sobre a matéria:
1ª corrente: se a medida for uma daquelas consideradas de meio fechado (semiliberdade ou internação) pega-se o prazo máximo da internação (03 anos) e verifica o art. 109, IV, do CP. A prescrição se daria em 08 anos, reduz o prazo pela metade, pois deve ser levada em consideração a menoridade. Ou seja, a prescrição se dá em 04 anos. (entendimento do STJ) É aceito pelo TJ/RS. 
 
2ª corrente: se a medida a ser aplicada é de meio aberto, medida inferior a 01 anos, como no caso da prestação de serviços à comunidade, ela prescreveria em 03 anos, reduzindo o prazo pela metade, prescreveria em 01 ano e meio. 
Na liberdade assistida como não tem prazo máximo se utiliza o prazo mínimo. De regra, pode utilizar, como tese defensiva, os 06 meses. A prescrição seria 01 ano e meio. 
 
3ª corrente: utiliza a pena máxima cometida ao ato, verifica o art. 109 do CP e aplica o redutor. Correnteminoritária, pois seria prejudicial para o adolescente.
 
Prescrição retroativa - seguir pelo Código Penal.
 
Súmula 108 do STJ: “A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.” (Súmula 108, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 16/06/1994, DJ 22/06/1994 p. 16427)
 
Súmula 342 do STJ: “No procedimento para aplicação de medida sócio-educativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.” (Súmula 342, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2007, DJ 13/08/2007 p. 581)
 
Súmula 500 do STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.” (Súmula 500, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe 28/10/2013)
 
Súmula 605 do STJ: “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.”(Súmula 605, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2018, DJe 19/03/2018)
EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Lei nº 12.594/12 (SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) Complementação do Estatuto.
Divisão de competências
 Relembrando: 
· Medidas em meio aberto: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida;
· Medidas em meio fechado: semiliberdade e internação.
As medidas de meio fechado são de atribuição dos Estados da federação. No RS, quem tem atribuição para executar essas medidas é a FASE. 
Os Municípios executam as medidas em meio aberto. 
O dinheiro vem da União através do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS). 
O MDS também passa recursos para os Municípios. Assim como Estados tem dever de passar para os Municípios auxílio para execução das medidas em meio aberto. 
Princípios que regem a execução
 **LEGALIDADE - observar a lei
**ISONOMIA - adolescente não pode ter tratamento mais rigoroso do que um adulto em mesma situação. 
 Prioridade para práticas restaurativas. 
PROCEDIMENTOS
Competência: regra do art. 148 do ECA (Juiz da Execução da Infância e Juventude).
Em regra, a execução acontece em autos apartados. 
OBS: Advertência e Reparação de danos, se faz nos mesmos autos (PEMSE). 
Ritos
Cópia integral dos autos, remete-se para o órgão gestor e solicita designação de programa ou unidade para o cumprimento de medida (art. 40 da Lei nº 12.594/12)
Medidas em meio fechado --> FASE
Medidas em meio aberto --> Munícipio - Secretaria de Assistência Social (geralmente)
Para cada processo de execução de medida socioeducativa, para cada adolescente é necessário criar um plano individual de atendimento (art. 41 da Lei nº 12.594/12).
 "Plano Individual de Atendimento - PIA": traça metas e objetivos que devem ser atingidos pelo adolescente no prazo do cumprimento da medida socioeducativa. 
Esse plano é encaminhado ao juiz, MP e defesa têm que ter vista com prazo de 03 dias para MP e Defesa. 
A defesa e o MP podem impugnar ou pedir a complementação. 
Pode impugnar metas de difícil ou impossível cumprimento pelo adolescente.
Feito o plano, inicia o cumprimento da medida. A medida tem previsão de reavaliação, em até ou no máximo, 06 meses. (art. 42 da Lei nº 12.594/12)
Esse pedido de reavaliação pode ser pedido a qualquer tempo. (art. 43, caput, da Lei nº 12.594/12)
SINASE determinou que aconteça uma audiência para o pedido de reavaliação. (art. 42, §1º, Lei nº 12.594/12)
NO RS, tem a prática de fazer a audiência dentro das próprias unidades de internação ou nos Fóruns, onde participava a equipe técnica, os pais ou responsáveis e o próprio adolescente. 
Importante! Art. 42, §2º do SINASE. A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave. 
Não podem ser utilizados no pedido de reavaliação sob pena de ocorrer bis in idem. 
Substituição da medida por outra menos gravosa
Art. 43, §4º do SINASE. A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser:
I - fundamentada em parecer técnico;
II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art. 42 desta Lei.
Aparente inconstitucionalidade/ilegalidade, pois o juiz não pode regredir para uma medida mais gravosa que extrapole o que foi aplicado na sentença, ferindo também a coisa julgada.
STJ entende que é possível a regressão se o ato comportar internação ainda que não tenha sido aplicada.
Exemplo: Adolescente comete um roubo, juiz aplica direto semiliberdade e o adolescente descumpre a medida e ele regrida ou tenha substituída essa semiliberdade pela internação. STJ entende que é possível, pois o roubo comporta internação. 
 
UNIFICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Nova MSE aplicada por fato anterior --> veda alteração da data-base. Veda o reinício da contagem. Considera-se o prazo da MSE que está sendo executada, que também terá pertinência em relação a esta nova medida aplicada (art. 45, §1°, Lei nº 12.594/12).
Nova MSE aplicada por fato posterior (ato praticado durante a execução) --> é possível o reinício da contagem. Decisão que determinou a nova internação estabelecerá o prazo inicial de cumprimento.
Não cabimento: Vedada a aplicação de internação em razão de atos praticados anteriormente a adolescente que já cumpriu tal medida ou que tenha sido transferido para uma medida menos rigorosa (Art. 45, §2º, Lei nº 12.594/12).
Qual é a data-base no caso de um adolescente estar cumprindo uma medida socioeducativa e sobrevêm uma nova condenação com aplicação de medida por fato posterior? A lei não prevê. Importante que o juiz determine na sentença ou juiz da execução estabeleça de qual data pode-se fazer o computo do reinício. 
É papel da defesa sempre pedir que o reinício dessa contagem seja da data mais antiga.
SANÇÕES/INFRAÇÕES DISCIPLINARES
São as infrações, que não se configuram ato infracional, cometidas dentro das próprias instituições.
Art. 71 da SINASE. Todas as entidades de atendimento socioeducativo deverão, em seus respectivos regimentos, realizar a previsão de regime disciplinar que obedeça aos seguintes princípios:
I - tipificação explícita das infrações como leves, médias e graves e determinação das correspondentes sanções; Cada unidade tem que ter "Código de conduta".
É necessário que se instaure um Processo Administrativo Disciplinar para apurar as infrações disciplinares.
São passíveis de revisão judicial (art. 48 da Lei nº 12.594/12)
Não será aplicada sanção disciplinar ao socioeducando que tenha praticado a falta por coação irresistível ou por motivo de força maior; em legítima defesa, própria ou de outrem. (art. 75 da Lei nº 12.594/12)
Importante! É vedado usar o isolamento como sanção disciplinar exceto para segurança do adolescente ou dos outros internos. A autoridade dentro da unidade que aplicar o isolamento deve comunicar em 24h o Judiciário, MP e a Defesa (art. 48, §2º, Lei nº 12.594/12). 
Ainda, é vedado utilizar o isolamento como estratégia para gestão de conflitos (art. 15, IV, do SINASE). Ex: motim.
Art. 15. São requisitos específicos para a inscrição de programas de regime de semiliberdade ou internação:
IV - a definição das estratégias para a gestão de conflitos, vedada a previsão de isolamento cautelar, exceto nos casos previstos no § 2º do art. 49 desta Lei;
EXTINÇÃO DA MEDIDA (art. 46 da Lei nº 12.594/12)
· Pela morte;
· Pela sua implementação;
· Pela aplicação da pena privativa de liberdade ser cumprida em regime fechado ou semiaberto em execução provisória ou definitiva; (TEM DECISÃO CONDENATÓRIA APLICANDO PPL)
· Doença grave (câncer gravoso);
· Prescrição
· Demais hipóteses previstas em lei
Se o maior de 18 anos estiver cumprindo medida socioeducativa e estiver respondendo processo-crime, cabe ao juiz sobre a extinção ou não. 
Em qualquercaso de prisão cautelar que não for convertida em pena privativa de liberdade, deve ser descontado do prazo da medida socioeducativa. 
Direitos estabelecidos para os adolescentes em cumprimento de medida
Art. 49 do SINASE. São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em lei:
I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial;
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência;**
**Ex: Tráfico --> reiterado; Juiz aplicou a medida de internação, se comprovado que as unidades de internação estão superlotadas e não tem vaga para cumprir, o adolescente pode ser incluído em um programa de meio aberto, comprovando a situação. A não ser que seja um delito que envolva violência ou grave ameaça, adolescente terá que que ficar no regime mais gravoso. 
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença;
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze) dias;
V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar;
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação;
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta Lei; e
VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
§ 1º As garantias processuais destinadas a adolescente autor de ato infracional previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), aplicam-se integralmente na execução das medidas socioeducativas, inclusive no âmbito administrativo.
§ 2º A oferta irregular de programas de atendimento socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada como motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade. 
Art. 50 da Lei nº 12. 954/12. Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 121 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a direção do programa de execução de medida de privação da liberdade poderá autorizar a saída, monitorada, do adolescente nos casos de tratamento médico, doença grave ou falecimento, devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata comunicação ao juízo competente. Saída monitorada
Em casos de tratamentos médicos, falecimento de familiar não precisa de autorização judicial, mas só comunicar.
Art. 51 do SINASE. A decisão judicial relativa à execução de medida socioeducativa será proferida após manifestação do defensor e do Ministério Público.
Art. 63, §2º do SINASE. Serão asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de amamentação.
Adolescente com transtorno mental
Art. 64. O adolescente em cumprimento de medida socioeducativa que apresente indícios de transtorno mental, de deficiência mental, ou associadas, deverá ser avaliado por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial.
§ 4º Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a execução da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e o Ministério Público, com vistas a incluir o adolescente em programa de atenção integral à saúde mental que melhor atenda aos objetivos terapêuticos estabelecidos para o seu caso específico. 
Lei nº 10.216/2001
§ 5º Suspensa a execução da medida socioeducativa, o juiz designará o responsável por acompanhar e informar sobre a evolução do atendimento ao adolescente.
§ 6º A suspensão da execução da medida socioeducativa será avaliada, no mínimo, a cada 6 (seis) meses.
Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da Infância e Juventude, a autoridade judiciária, nas hipóteses tratadas no art. 64, poderá remeter cópia dos autos ao Ministério Público para eventual propositura de interdição e outras providências pertinentes.
Direito dos adolescentes privados de liberdade (art. 124 do ECA).

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