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Arcadismo: Equilíbrio e Simplicidade

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O arcadismo foi um movimento literário iniciado na Europa, durante o século XVIII, que 
procurava restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, 
rompida pelo período da contra-reforma protestante. 
➽ O nome "arcadismo" se deve ao fato de que esta escola literária buscava representar o estilo 
de vida dos pastores e poetas que viviam no campo de uma região do Peloponeso na Grécia 
antiga, especificamente na Arcádia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus 
Arcas (filho de Zeus e Calisto), era governada pelo deus Pan e habitada por pastores que viviam 
simples e espontaneamente, cantando, executando discussões poéticas e celebrando o amor e 
o prazer. 
➽ Também pode ser chamado de Neoclassicismo, pois percebe-se a relação do Arcadismo com 
valores da cultura clássica, ou seja, valores gregos, romanos e renascentistas. 
➽ Ou também pode ser chamado de Setecentismo porque surgiu no começo dos anos 1700. 
 
Enquanto o Barroco estava sofrendo forte influência da reação católica mais violenta, com o 
reaparecimento do Tribunal do Santo Ofício e perseguições aos hereges, o fim do século XVII 
testemunha o início de uma importante mudança de mentalidade. 
O ser humano recupera aos poucos, seu desejo de encontrar explicações racionais para os 
fenômenos que observa à sua volta a partir das descobertas do físico Isaac Newton sobre a 
gravitação universal e sobre o movimento dos corpos. As ameaças de condenação eterna e a 
necessidade de subordinação absoluta ao poder divino perdem forças. 
Na Inglaterra e na França, forma-se uma burguesia que domina economicamente o Estado 
através de um intenso comércio exterior e da multiplicação de instituições bancárias, que 
possuem até mesmo uma parte da atividade agrícola. Ao mesmo tempo, a velha nobreza está 
arruinada e o clero, com suas polêmicas intermináveis, desacredita a teologia. Em toda a Europa, 
a influência do pensamento sobre a iluminação burguesa é generalizada. 
• Este período de renovação cultural é 
geralmente caracterizado pela reavaliação da 
ciência e do espírito racionalista. O método 
experimental é desenvolvido; O exame crítico 
dos valores sociais e religiosos é exacerbado e 
discutido de forma controversa. Há grande fé 
na capacidade do homem de promover o 
progresso social (a crença de que o bem-estar 
coletivo só pode vir da razão), e a tendência de 
liberar o universo cultural da influência da 
religião está se tornando cada vez mais clara. 
Iluminismo é a denominação dada 
ao conjunto das tendências 
ideológicas, filosóficas e científicas 
desenvolvidas no século XVIII, 
como consequência da 
recuperação de um espírito 
experimental, racional, que 
buscava o saber enciclopédico. 
 
 
Na França, em 1751, os volumes da enciclopédia foram publicados, nos quais pensadores como 
Voltaire, Diderot, D’Alembert, Montesquieu e Rousseau foram reunidos e que podem ser 
considerados um símbolo da nova atitude intelectual. 
Para eles, a razão e a ciência seriam os “faróis” que guiariam o ser humano para longe do 
obscurantismo e da ignorância que haviam predominado em séculos anteriores. A razão é 
metaforicamente apresentada nesse momento como a luz interior. Essa postura, que valoriza o 
conhecimento científico e racional, foi definida como iluminista. 
 
Surgiu em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitana: movimento de reação ao Barroco. Seu 
contexto é marcado, como dissemos anteriormente, pelo Iluminismo e pelo avanço técnico e 
tecnológico que produziram a industrialização e o consequente êxodo rural. O período é 
fundamental para compreender o declínio do absolutismo e a ascensão da burguesia. 
Os autores árcades dialogam, em suas obras, com questões fundamentais da época, tais como 
a relação entre o homem e a riqueza (aurea mediocritas é um conceito que discute isso, por 
exemplo) ou como era viver na cidade (os preceitos fugere urbem e locus amoenus são 
referentes a esse assunto). 
 
• Ideológico 
Influenciado pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta 
aos abusos da nobreza e do clero. 
• Neoclássico 
Os autores retornam aos modelos clássicos da antiguidade greco-latina e da Renascença. 
• Bucolismo/Pastoralismo 
A poesia árcade retrata uma natureza tranquila e serena, procurando o “Lócus Amoenus”, 
um refúgio calmo que se contrastava com os centros urbanos monárquicos. O burguês culto 
buscava na natureza o oposto da aristocracia. 
• Aurea Mediocritas 
Os poetas, autointitulados pastores, exaltavam a vida simples, equilibrada, espontânea e 
humildade. Para ser feliz, bastava estar em comunhão com a natureza. 
• Pseudônimos pastoris 
O fingimento poético (simulação de sentimentos fictícios) é marcado pela utilização dos 
pseudônimos pastoris. Como pastores, os poetas, em sua maioria burgueses que vivam nos 
centros urbanos, realizavam o ideal da mediocridade dourada (aurea mediocritas). 
• Carpe diem 
 
 
Significa aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade. Foi a atitude assumida 
pelos poetas-pastores, que acreditavam que o tempo não parava e, por isso, deveria ser 
vivido plenamente em todos os sentidos. 
• Fugere Urbem 
Os árcades buscavam uma vida simples, próxima da natureza, longe das confusões urbanas. 
A modernização das cidades trazia os problemas dos conglomerados urbanos. A alternativa 
era mudar-se para os prados e campos. 
• Inutilia Truncat/Objetivismo 
As inutilidades eram cortadas. A linguagem era depurada, sem exageros ou o rebuscamento 
da poesia barroca. Os poetas árcades eram contidos em sua expressão poética. 
• Universalismo 
Os árcades não compactuam com o individualismo. Tratam dos temas de maneira geral ou 
universal. 
Portanto, o campo era um lugar perfeito que servia de abrigo para as ideias e, como esse lugar 
ficava no campo. 
 
O clima de renovação também teve um forte impacto em Portugal, que sofreu a última fase da 
sua reestruturação econômica, política e cultural no início do século XVIII. 
Durante o reinado de D. João V de Portugal (1707-1750) há uma certa abertura intelectual e 
política no país, tais como a Congregação do Oratório de licença concedida ao ensino, que 
anteriormente tinha o privilégio da Companhia de Jesus. 
Em 1746, Luis António Verney, inspirado nas ideias dos racionalistas franceses, publicou as 
cartas que compõem o seu “verdadeiro método de estudo”. Neste trabalho, critica o ensino 
tradicional e propõe reformas que procuram equiparar a cultura portuguesa à do resto da 
Europa. 
No entanto, é tarefa do Marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777), 
concretizar estas aspirações. O despotismo esclarecido de Pombal, que agiu com plena 
autonomia dos poderes, conduziu a uma verdadeira transformação nas direções da cultura 
portuguesa: 
Em 1759, os jesuítas foram expulsos, o que enfraqueceu muito a influência religiosa na esfera 
cultural. Apesar da manutenção de um sistema de censura, a supressão pelo Santo Ofício (a 
Inquisição) foi consideravelmente facilitada. 
Em Portugal, o Arcadismo começou oficialmente em 1756 com a fundação da “Arcadia 
Lusitana”, onde intelectuais e artistas se reuniam para discutir arte. 
O “Arcadia Lusitana” teve como lema a frase em latim “Inutilia truncat”, escrito por Antonio 
Dinis da Cruz e Silva no capítulo II do Estatuto do Arcadia [1], que vai caracterizar todo o 
movimento no país. Eles pretendiam eliminar os exageros, a busca e a extravagância defendidas 
pelo barroco e retornar a uma literatura simples. O capítulo III define o lema do lírio, que alude 
 
 
à Virgem Maria e é o protetor da instituição chamada “Concepção”. Neste primeiro momento, 
não havia nenhuma regra contra a religião, que na última década do século XVIII, com a Nova 
Arcádia (1790-1794) com a participação de Bocage e Nicolau Tolentino mudou entre outras 
coisas. 
 
A independência das treze colônias norte-americanas desencadeiao desejo pela independência 
entre os brasileiros, na Inconfidência Mineira em 1789, e é no interior dela que nasce o 
arcadismo brasileiro 
O arcadismo no Brasil ocorreu durante o ciclo do ouro em nosso país em Outro Preto (MG), um 
dos principais centros comerciais brasileiros na época, que se desenvolveu o maior volume de 
obras árcades do país. 
O ponto inicial do Arcadismo no país foi a 
publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel 
da Costa. A maioria de seus escritores participaram 
da Inconfidência Mineira, como por exemplo, os 
poetas neoclássicos, como Tomás Antônio 
Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Os mesmos 
foram presos sob a acusação de conspiradores. 
Tomás Antônio Gonzaga foi exilado em 
Moçambique, e Cláudio Manuel da Costa, segundo 
fontes oficiais, suicidou-se na prisão. 
➽ O arcadismo no Brasil teve forte influência 
europeia, tanto por meio da apropriação de 
técnicas e temas típicos do arcadismo europeu quanto por meio de inspirações no Iluminismo 
francês. Em sua face lírica, os poemas árcades eram escritos segundo os seguintes preceitos 
latinos: 
• Inutilia truncat (cortar o inútil): Segundo esse preceito, a poesia deveria abandonar a 
linguagem rebuscada, típica do movimento estético anterior, o Barroco. Deixando para 
trás os paradoxos, antíteses e jogos sintáticos da arte barroca, o arcadismo prezava por 
uma linguagem simples e clara. 
• Carpe diem (aproveitar o dia): Para os árcades, para que o homem atingisse a plenitude, 
era necessário viver o presente, em harmonia com a natureza, como um pastor de 
ovelhas ou um vaqueiro. A vida simples do campo e a possibilidade do ócio produtivo, 
ou seja, do respeito à necessidade de descanso para produzir grandes obras, eram muito 
valorizados no neoclassicismo. 
• Fugere urbem (fugir da cidade): A cidade era vista, segundo a perspectiva dos árcades, 
como um espaço negativo, cheio de ilusões e conflitos, no qual o homem não poderia 
atingir sua plenitude. Por conta disso, seria necessário fugir do ambiente urbano. 
• Locus amoenus (lugar ameno): Como uma espécie de resposta ao preceito anterior 
(fugere urbem), o locus amoenus aponta para o campo, espaço bucólico, como sendo o 
ideal para que o homem encontre sua plenitude, longe das ilusões e conflitos criados 
pela cidade. 
Vila Rica tornou-se um dos maiores 
centros urbanos da América, com 
grande desenvolvimento artístico e 
cultural. A proliferação de intelectuais 
e artistas de diferentes regiões, 
permitindo um maior movimento de 
ideias de esclarecimento, vindas do 
continente europeu, proporcionou um 
cenário de Vila Rica de vários levantes 
políticos e inovações estéticas. 
 
 
• Aurea mediocritas (equilíbrio do ouro): Segundo os escritores do arcadismo, uma vida 
de luxo e ostentação, típica dos ambientes urbanos, deveria ser evitada. O preceito 
Aurea mediocritas discorre justamente sobre essa visão de mundo, apontando que os 
poetas deveriam exaltar uma vida simples, sem miséria ou riqueza, mas com equilíbrio. 
No que se refere às produções épicas do arcadismo brasileiro, vale ressaltar as obras de Basílio 
da Gama, que escreveu o livro “O Uraguai”; e Santa Rita Durão, autor de “Caramuru”. As obras 
épicas do neoclassicismo no Brasil foram as primeiras, em nossa história, a construir um retrato 
literário de momentos fundamentais da formação do povo brasileiro, iniciando assim um 
processo de reflexão, por intermédio da literatura, de questões que envolviam nossa identidade 
e características, incluem a introdução de paisagens tropicais. 
 
O movimento arcadista se deu como uma resposta ao movimento barroco, onde as obras 
traziam uma linguagem mais complexa e às vezes confusa. Vale ressaltar que o contexto 
histórico da época era permeado pelo iluminismo, movimento filosófico que entendia que a 
razão era o maior valor que nós, seres humanos, podíamos ter. 
 
As ideias simplistas estavam muito presentes nas obras deste movimento e foram muito 
influenciadas pelo filósofo Rousseau, que criou a teoria do Bom Selvagem, na qual ele propunha 
que a figura do índio era idealizada, pois como ele vivia na natureza, ainda não tinha sido 
corrompido pela sociedade. 
• Manuel Maria Barbosa du Bocage; 
• José Basílio da Gama; 
• Cláudio Manuel da Costa; 
• Tomás Antônio Gonzaga. 
No Brasil, temos: 
• Cláudio Manuel da Costa 
• Tomás Antônio Gonzaga 
• Basílio da Gama 
• Santa Rita Durão 
• Silva Alvarenga. 
 
https://realizeeducacao.com.br/blog/arcadismo/ 
https://www.significados.com.br/arcadismo/ 
https://www.soliteratura.com.br/arcadismo/ 
https://www.resumoescolar.com.br/literatura/arcadismo-contexto-historico-e-caracteristicas/ 
https://app.planejativo.com/ver-aula/467/material-de-apoio/resumo/literatura/arcadismo 
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https://app.planejativo.com/ver-aula/467/material-de-apoio/resumo/literatura/arcadismo
 
 
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/arcadismo-resumo-autores-dicas-e-questao-
comentada/ 
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-do-arcadismo/ 
https://blogdoenem.com.br/literatura-arcadismo/ 
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/arcadismo.html 
https://conhecimentocientifico.com/arcadismo-o-que/ 
https://www.todamateria.com.br/escola-literaria-arcadismo/ 
http://overdosedesaber.blogspot.com/p/litera.html 
https://revistazunai.com.br/arcadismo-literatura/ 
 
ANA BEATRIZ TELES 
FILO AMADA 
PASSEI DIRETO 
SE FOR REPOSTAR, COLOQUE OS MEUS CRÉDITOS, BONS ESTUDOS!! =) 
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/arcadismo-resumo-autores-dicas-e-questao-comentada/
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