Buscar

Libras (20 unid - EaD Núcleo Comum) - SEC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EAD - NÚCLEO COMUM
LIBRAS
Gislaine Luperine
http://unar.info/ead2
 
 
 
Língua Brasileira de 
Sinais 
 
 
 
 
 
 
Caros alunos, 
 
Meu nome é Gislaine, sou Pedagoga, Pós Graduada com Especialização em Educação 
Especial – Deficiência Auditiva e em Libras e Educação de Surdos. 
Formada em Libras – Nível Intermediário (I E II) pela FENEIS (Federação Nacional para 
Educação e Integação dos Surdos) Possuo alguns cursos relativos à interpretação, 
atuando também como Intérprete. 
Fui por sete anos Professora Coordenadora Pedagógica de Escola Especial, voltada para 
o atendimento de alunos surdos. Atuei também como Professora de Apoio 
Colaborativo e Itinerância na Inclusão Escolar de Surdos. 
Sou também professora de surdos há 23 anos e já atuei em diferentes realidades, 
trabalhando mais recentemente com a inclusão destes alunos na Rede Regular de 
Ensino. 
Atualmente sou professora atuando no Atendimento Educacional Especializado, em 
sala de recursos, ainda atuando com a maioria de alunos surdos. 
A Libras, foi reconhecida e oficializada como segunda língua oficial do Brasil pela Lei 
10.432/02 e regulamentada pelo decreto 5.626/05. Desde então o acesso à Educação 
dos alunos com surdez ou deficiência auditiva foi assegurado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
 
Mensagem de abertura: “Quando aceito a linguagem de outra pessoa, aceitei a 
pessoa...Quando rejeito a linguagem, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós 
mesmos...Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter em 
mente que o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos 
ensiná-los, ajudá-los, mas temos que permitir-lhes serem surdos.” Terje Basilier. 
“Enquanto no mundo existirem dois surdos e eles se encontrarem, eles se comunicarão em 
sinais.” Oliver Saacks. 
 
Introdução. 
 
Caro aluno: 
Você já deve ter ouvido falar na surdez ou na deficiência auditiva como uma 
diminuição na capacidade de ouvir do indivíduo. Pois bem, para compreendermos melhor 
as consequências decorrentes da surdez é importante atentarmos para alguns aspectos: 
- É através da audição que aprendemos a identificar e reconhecer os diferentes sons do 
ambiente. 
- As informações trazidas pela audição, além de funcionarem como sinais de alerta, são 
fundamentais para o desenvolvimento da linguagem oral e a comunicação com nossos 
semelhantes. 
- Uma das principais vias de construção de conhecimento sobre a realidade que nos cerca, é 
a interação social, onde compartilhamos experiências, aprendemos o significado e a função 
social dos objetos e dos fenômenos e relações sociais. 
Ora, o indivíduo surdo não dispõe da via auditiva para receber e responder aos 
estímulos que constituem grande parte da comunicação social. Assim, seu acesso ao 
conhecimento encontra-se intimamente ligado ao uso comum de um código linguístico 
prioritariamente visual, ou seja, a Língua de Sinais, sem o qual ficará impossibilitado de 
adquirir conceitos e significações. 
 
Símbolo Internacional da 
Surdez 
Considerando-se que toda aprendizagem é mediada pela linguagem, esta será 
muito melhor sucedida se a língua utilizada for compartilhada por todos os que se 
encontram envolvidos no processo educacional. 
 
Unidade 1- O Surdo através dos Tempos e da História da Educação. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
Explicitar a história da inclusão do portador de necessidade auditiva na educação 
brasileira 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Os primeiros relatos de que tomamos 
conhecimento a respeito dos surdos vem-nos da 
Bíblia, onde se encontra a passagem em que 
Jesus cura um jovem surdo. Desde aquela época 
até o final do século XV, o surdo sempre foi 
considerado uma pessoa incapaz de ser 
ensinada e, por essa razão, excluído da 
sociedade, acarretando, muitas vezes, prejuízo a 
sua sobrevivência. Existiam, em alguns lugares 
da Europa, leis que proibiam o surdo de herdar 
propriedades, casar-se, votar, como os demais 
cidadãos. 
Essas pessoas, muitas vezes, eram trancadas em casa, sendo considerado 
motivo de vergonha para a família, que os via como castigo por algum pecado 
cometido, ou obrigados a viver com mendigos pelas ruas. 
Para conhecer as possíveis causas de 
perda de audição, consulte o site Rede 
SACI: Solidariedade, Apoio, 
Comunicação e Informação - Índice 
 Foi-se o tempo, embora tardiamente, em que o portador de alguma necessidade 
especial era considerado como deficiente. Em época de inclusão social, em época de 
igualdade de direitos e oportunidades a todos os cidadãos, não se admite mais a 
segregação de sujeitos a quem, por algum problema de saúde lhe seja negada a 
educação. E entre esses sujeitos inserem-se as pessoas com deficiência auditiva. 
Você sabe o que é decibel? É hora de saber. Vamos ao conceito? Decibel é uma 
unidade de medida da intensidade do som. 
 
Buscando conhecimento 
 A surdez é uma privação sensorial 
que interfere diretamente na 
comunicação, alterando a qualidade da 
relação que o indivíduo estabelece com o 
meio, ela pode ter sérias implicações para o desenvolvimento de uma criança, 
conforme o grau da perda auditiva que a mesma apresente: 
ß Surdez leve (21 a 40 db): a criança é capaz de perceber os sons da fala, adquire e 
desenvolve a linguagem oral espontaneamente, o problema é tardiamente 
descoberto pois a audição é muito próxima do normal. 
ß Surdez moderada(41 a 70 db): a criança pode demorar um pouco para 
desenvolver a fala e a linguagem, apresenta trocas fonéticas por não perceber os 
sons com clareza, tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos, 
são crianças desatentas e com dificuldade no aprendizado da leitura e da escrita. 
ß Surdez severa (71 a 90 db): a criança terá dificuldade em adquirir a fala e a 
linguagem espontaneamente, poderá adquirir vocabulário do contexto familiar, 
existe a necessidade de acompanhamento especializado. 
ß Surdez profunda(91 a 120 db): a criança dificilmente desenvolverá a linguagem 
oral espontaneamente, frequentemente utiliza a leitura oro-facial, tem 
vocabulário muito restrito, geralmente ocorre o estabelecimento de um código 
de comunicação familiar, só compreendido no ambiente familiar, necessita da 
Costuma-se associar surdez à mudez. No 
entanto, é preciso estabelecermos as 
diferenças, pois surdez é deficiência 
auditiva, ou seja, perda total ou parcial 
da capacidade de audição, enquanto a 
mudez é uma deficiência que indica 
incapacidade (total ou parcial) de 
produzir fala. Os surdos não são mudos 
Há quem defenda a ideia de que 
esse alfabeto manual foi baseado 
nos gestos criados por monges, 
que comunicavam entre si desta 
maneira pelo fato de terem feito 
voto de silêncio. 
Libras, como forma de comunicação e apresenta muita dificuldade no 
aprendizado da leitura e da escrita, existe a necessidade de acompanhamento 
especializado. 
Evidentemente que, quanto maior a perda de audição, mais acentuada se torna 
a incapacidade de o indivíduo ouvir a voz humana e de aquisição da linguagem oral, 
ainda que se faça uso de próteses auditivas. 
Por falar em linguagem oral, você sabia que nossa interação com as pessoas e 
com o mundo ocorre, primeiramente, por meio da linguagem oral? Essa linguagem é a 
mais utilizada na sociedade e traz em seu bojo a exclusão das pessoas surdas. 
É bastante prudente assinalar, aqui, que o fato de o surdo ou deficiente 
auditivo não empregar a linguagem oral para a sua comunicação, não implica a 
ausência de interação e comunicação com as pessoas com quem convive e também 
com o mundo, pois essas pessoas recorrem a outras formas de interação social. Dentre 
os meios possíveis para a comunicação, merecem destaque os gestos naturais, 
desenhos, leitura labial, obtida por meio da leitura oro-facial e a LIBRAS. 
 
A Educação para os Deficientes Auditivos através dos tempos 
Na Idade Moderna, distinguiu-se, pela primeira vez,surdez de mudez. A 
expressão surdo-mudo, deixou de ser a designação do Surdo. 
Pedro Ponce de Leon inicia, mundialmente, a 
história dos Surdos, tal como conhecemos hoje em 
dia. Para além de fundar uma escola para Surdos, em 
Madrid, ele dedicou grande parte da sua vida a 
ensinar os filhos Surdos, de pessoas nobres, que, de 
bom grado, encarregavam-lhe os filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei. 
Pelo dito, há que se destacar ser tão somente econômica, a preocupação geral 
em educar os Surdos, na época. 
León desenvolveu um alfabeto manual, que 
ajudava os Surdos a soletrar as palavras. 
Nesta época, as crianças que recebiam este tipo de educação e tratamento eram 
filhas de pessoas que tinham uma situação econômica boa. As demais eram colocadas 
em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas, pois não se acreditava 
que pudessem se desenvolver em função da sua "anormalidade". 
Outro importante ícone na história da educação dos surdos foi o Abade L’Épée, 
nascido em 1712. Ele dedicava-se a ensinar, numa primeira fase, os Surdos, por motivos 
religiosos. Muitos o consideram criador da língua gestual, mas sabemos que a mesma 
já existia antes dele. Vale dizer que coube a L'Épée o reconhecimento da existência e 
desenvolvimento dessa língua, embora a não considerasse uma língua com gramática, 
ou seja, o fim dessa língua era unicamente a comunicação. 
Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo. Laurent Clerc, 
surdo francês, educador, acompanhou Thomas Hopkins Gallaudet, educador ouvinte, 
aos EUA, onde abriram uma escola para surdos, em abril de 1817, a Escola de Hartford. 
Gallaudet instituiu, nessa escola, a Língua Gestual Americana, utilizando o inglês 
escrito e o alfabeto manual. Em 1830, quando Gallaudet se reformou, já existiam nos 
Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos. 
Edward Miner Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet e também educador de surdos, 
lutou pela elevação do estatuto do Instituto de Colúmbia a colégio. Esse colégio deu 
origem, em 1857, à Universidade Gallaudet, onde foi presidente por 40 anos. 
Vale dizer que, nessa época, Alexander Graham Bell, cientista estadunidense, 
trabalhava na oralização dos surdos. Casou-se com uma surda e era grande defensor do 
oralismo, opondo-se à língua gestual e às comunidades de surdos, uma vez que as 
considerava como um perigo contra a sociedade. Assim sendo, Bell defendia que os 
surdos não deveriam poder casar entre si e deveriam, obrigatoriamente, frequentar 
escolas normais, regulares. 
 
 
 
 
O Congresso de Milão. 
 
Antes do Congresso, na Europa, durante o século XVIII, surgiam duas tendências 
distintas na educação dos surdos: o gestualismo (ou método francês) e o oralismo (ou 
método alemão). A grande maioria dos surdos defendia o gestualismo, mas Bell e muitos 
professores e médicos, nos EUA, faziam campanha a favor do oralismo. 
Em 1872, no Congresso de Veneza, decidiu-se o seguinte: 
∑ O meio humano para a comunicação do pensamento é a língua oral; 
∑ Se orientados, os surdos lêem os lábios e falam; 
∑ A língua oral tem vantagens para o desenvolvimento do intelecto, da moral e da 
linguística. 
 
O Congresso de Milão, em 1880, foi um momento obscuro na História dos 
surdos, uma vez que, um grupo de ouvintes, tomou a decisão de excluir a língua 
gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo (o comitê do congresso era 
unicamente constituído por ouvintes). Em consequência disso, o oralismo foi a técnica 
preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século 
XX. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 2 – A Educação dos surdos no século XX e o desenvolvimento da Língua de 
Sinais no Brasil. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
Conhecer as principais mudanças ocorridas no campo educacional no Brasil e no 
mundo e o surgimento da educação formal dos surdos e da Língua de Sinais no Brasil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Durante o século XX 
 
Como consequência da evolução nos campos da tecnologia e da ciência, no 
século XX, particularmente no campo da surdez, a educação dos surdos passou a ser 
dominada pelo oralismo (que encara a surdez como algo que pode ser corrigido). No 
entanto, sem a cura da surdez, os insucessos do oralismo começaram a ser 
evidenciados, pois os surdos educados no método não eram capazes de conseguir um 
emprego, comunicar-se com ouvintes desconhecidos ou manter uma conversa fluida. 
Na década de 60, ano em que William Stokoe publicou o artigo Sing language 
structure: na outline of the visual communication systen of the american deaf (assistente 
estrutural de idioma: um esboço do sistema de comunicação visual do americano 
surdo), evidenciou-se que a língua de sinais consistia em uma língua com todas as 
características da linguagem oral. 
A partir desta publicação, surgiram diversas pesquisas sobre a Língua de Sinais e 
sua aplicação na educação e na vida do surdo que, aliadas a uma grande insatisfação 
por parte dos educadores e dos surdos com o método oral, deram origem à utilização 
da língua de sinais e de outros códigos manuais na educação da criança surda. Surge 
então a filosofia da comunicação total. 
Em 1980, as ideias em relação ao Bilinguismo, terceira filosofia educacional, 
começam a ser divulgadas. 
Há algumas décadas, observamos, em vários países e também no Brasil, a 
formação de “Comunidades Surdas”, onde os surdos convivem e desenvolvem a sua 
própria cultura, sendo a forma mais representativa a sua própria língua, a Língua de 
Sinais. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A história da Língua de Sinais no Brasil 
 
 Somente em 1885, iniciou-se, no Brasil, uma educação voltada para os surdos, 
com a chegada de um professor chamado Ernesto Huet (surdo, desde os 12 anos), que 
fundou, no Rio de Janeiro, a primeira escola para surdos, o Instituto de Educação dos 
Surdos (INES), com o apoio do Imperador D. Pedro II. 
 
 
 
 Neste Instituto, os alunos eram educados pela língua escrita, dactológica e de 
sinais e conseguiram ser recuperados na sua comunicação expressiva dos seus 
sentimentos, para poder conviver com as pessoas ouvintes. 
 Ainda hoje existem muitos sinais que eram usados nos primeiros tempos do 
INES. O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundido por todo o Brasil por estes 
alunos. A Língua de Sinais, usada no Brasil, recebeu muita influência dos sinais da 
França e dos Estados Unidos. 
No Brasil, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, foi reconhecida e oficializada, 
como segunda língua do país, em 2002, pelo Presidente da República, Fernando Henrique 
Cardoso, sendo regulamentada e tornando-se objeto de estudos por vários profissionais de 
grande notoriedade. A primeira publicação de dicionário específico da Língua foi feita 
pela Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com a Federação Nacional para 
Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) com sede em São Paulo e o apoio do 
governo federal. 
A LIBRAS, tal qual qualquer outra língua ou idioma, possui estrutura e gramática 
próprias, o que a legitima, além de expressar completamente os anseios, sentimentos, 
necessidades de toda uma parcela de nossa população, que correspondem a 2% dos 
brasileiros, os Surdos. 
Seria esperado, então, que esta considerável parcela da população tivesse o 
direito de receber educação em sua própria língua (já reconhecida legalmente), mas 
ocorre hoje é que são estrangeiros em sua própria pátria, já que se comunicam em 
Libras e recebem educação formal exclusivamente em Português. 
 
A cultura dos surdos 
 
 Na cultura surda, existe a Libras e o acesso ao mundo da comunicação, ainda 
pequeno, é feito através de jornais, livros, filmes com legendas, close-caption, nos 
canais de televisão, intérpretes, TDD (telefone para surdos), pagers e celulares (torpedos 
msn) e o crescente uso da internet. 
 As comunidades surdas estãoespalhadas por todo o país e como o Brasil é 
muito grande e de cultura diversificada, essas comunidades possuem diferenças 
regionais culturais. Estes fatores também geram variações linguísticas regionais, o que 
legitima ainda mais a Libras como uma língua viva. 
 
O relacionamento com a pessoa surda: verdades e mitos 
 
 As relações com a pessoa surda, geralmente, são marcadas por dois extremos: 
a rejeição ou a superproteção. Os dois casos são prejudiciais ao desenvolvimento da 
pessoa. 
 A imagem que o surdo tem de si mesmo, é a imagem que a família, 
professores e amigos lhe conferem. 
 A timidez, inibição, desconfiança e às vezes até agressividade do surdo frente 
ao mundo, vem do fato da não compreensão da linguagem oral e do mundo que o 
cerca. 
 
 “Surdo-mudo 
 Apague esta ideia ! 
 
As expressões “surdo-mudo”, ou “mudinho”, embora muito usadas, são 
pejorativas e exemplificam uma visão preconceituosa das pessoas surdas. 
A linguagem gestual é a natural do surdo, sua primeira forma de comunicação. 
O surdo não é, necessariamente, mudo. Ele pode vir a falar, desde que seja treinado e 
incentivado. É preciso estimulá-lo. A Língua de Sinais é mais um dos recursos da 
comunicação surdo-ouvinte. 
Usar a Língua de Sinais não significa deixar de falar. 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 3 – O desenvolvimento da LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais e o surgimento 
da Educação Inclusiva. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
Propiciar conhecimentos legais sobre Libras e Educação Inclusiva. 
Conhecer os principais aspectos da LIBRAS e como ela se formou, a partir da 
ampliação dos conhecimentos e legitimação da comunidade surda brasileira 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO O Século XX foi um século considerado de grandes 
avanços para a humanidade, mas, sem dúvida, a maior conquista foi a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos em 10 de dezembro de 1948. Essa declaração emana os 
valores da dignidade, justiça, fraternidade e da educação, conforme o artigo Art. XXVI. 
 
Toda pessoa tem direito à instrução [...]. Uma instrução obrigatória e gratuita 
nos graus elementares [...]. Sendo a educação um direito universal, cabe a 
preocupação em proporcionar a instrução para os diferentes que necessitam 
de uma formação adequada, com profissionais capacitados, com competências 
e habilidades necessárias para desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos 
portadores de necessidades especiais, para que seu processo de inclusão no 
mundo do trabalho seja efetivo e coerente com as demandas deste novo 
século que já está sendo considerado o século do conhecimento e da 
informação. 
 
 Na unidade anterior, tecemos alguns comentários a respeito da história da 
língua de Sinais. No entanto, a sua consolidação ocorreu a partir de legislação 
pertinente. Estamos nos referindo à Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002, em que há 
vários pontos merecedores de destaque. O primeiro refere-se ao reconhecimento de 
LIBRAS, como meio legal de comunicação, conforme se constata em: 
 
 
 
 
 
Art. 1º. É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua 
Brasileira de Sinais-Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma 
de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual 
motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico 
de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas 
do Brasil. 
 
 
 Ora, LIBRAS é uma realidade comunicacional e linguística como qualquer outra 
língua. Por meio dela, a pessoa com deficiência auditiva pode expor suas ideias, 
expressar pontos de vistas e, principalmente, colocar em prática o ato básico da 
linguagem: a interação humana. 
 No entanto, é bom deixar claro que não basta a definição e reconhecimento do 
que é LIBRAS, mas faz-se necessário a criação de mecanismos que a consolidem e lhe 
deem materialidade e isso é evidente nos artigos 2º e 3º da referida Lei, como se 
constata abaixo. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o 
uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de 
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do 
Brasil. 
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos 
de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado 
aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em 
vigor. 
 
No que diz respeito à obrigatoriedade de LIBRAS no ensino, observamos no 
artigo 4º: 
O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais 
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de 
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e 
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte 
integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação 
vigente. 
 
Vale dizer que o reconhecimento e consolidação de LIBRAS, em hipótese 
alguma, implicam a substituição da modalidade escrita de Língua Portuguesa, como 
podemos observar abaixo: 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
 
Na verdade, o que se observa é que a legislação veio corroborar uma temática 
bastante discutida, desde os anos 90: a inclusão, cujo fim precípuo é evitar a 
segregação, configurada nas famosas salas especiais nos anos 70. 
Você é capaz de definir inclusão? Pode-se afirmar que inclusão é um processo 
por meio do qual a sociedade se adapta para a inserção em seu contexto das pessoas 
com deficiências, conforme Sassaki, 2004. Trata-se de uma preparação desses 
indivíduos para o exercício da cidadania, que requer, evidentemente, uma parceria 
entre sociedade e estas pessoas. 
Forest & Pearpoint (1997) afirmam que inclusão é "estar com", é aprender a viver 
com o diferente, com a diversidade e, nessa direção há urgência de as escolas comuns 
acomodarem-se a essa situação inclusiva. 
Historicamente, a inclusão já começa a ser delineada no artigo 5º da 
Constituição federal, prevendo igualdade e direito a todos e na Lei de Diretrizes e Bases 
9394, fixada em 1996, em cujo teor se constata que a criança deficiente física, sensorial 
e mental, pode e deve estudar em classes comuns. 
No artigo 58 da referida Lei observamos que a educação da rede regular de 
ensino deve munir-se de recursos e serviços de apoio especializado, para o 
atendimento dos portadores de necessidades especiais. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Vamos agora praticar o alfabeto manual, que serve de base para a formação dos 
demais sinais da língua, e é usado para soletração de nomes e lugares, assim como de 
palavras que não possuam um sinal correspondente. 
Exercite os sinais em frente a um espelho, soletrando seu próprio nome, seu 
endereço e outras palavras do seu ambiente. Para aprimorar este exercício, acesse 
nossa vídeoaula e também o site: www.dicionariolibras.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para conhecer o Decreto, na íntegra, 
acesse o site Decreto nº 5626/05. 
Unidade 4 – O desenvolvimento da LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais e o surgimento 
da Educação Inclusiva. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
Propiciar conhecimentos legais sobre a “Lei da LIBRAS” e o decreto que a 
legitimou, fornecendo as diretrizes da utilização da Língua em todo o país e a Educação 
dos surdos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO. 
O Decreto Federal nº 5626, de 
22 de dezembro de 2005, 
(www.mec.gov.br) veio atender aos 
anseios desta comunidade e regulamentar a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que 
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras e o artigo 18 da Lei nº 10.098,de 19 de 
dezembro de 2000. 
Na verdade, o decreto institui dispositivos sobre a inclusão da LIBRAS, como 
disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação para a docência em seus 
diferentes níveis, em todos os cursos de licenciatura, no curso de Fonoaudiologia e, 
como disciplina curricular optativa, nos demais cursos de educação superior, bem como 
na formação profissional. 
O Decreto delibera ainda sobre a formação do professor e do intérprete e 
tradutor de Libras – Língua Portuguesa do uso e da difusão da Libras e da Língua 
Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação, entre outras 
regulamentações. 
Considerando o que dispõe o Decreto, a discussão coloca, em evidência, a 
relevância da língua de sinais, como a forma de comunicação capaz de oferecer 
subsídios para a preservação e/ou desenvolvimento da comunidade surda. Ela 
constitui-se na ferramenta que instrumentaliza o surdo a pensar logicamente para 
interagir no mundo das ideias, com a argumentação de seu discurso, fundamentado. 
Portanto, a língua de sinais é para o surdo a principal via de sincronia com o universo 
da multiculturalidade e o raciocínio crítico. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A função do intérprete/tradutor. 
 
O Intérprete/tradutor de LIBRAS/Português é uma ferramenta poderosa para a 
inclusão das pessoas com deficiência auditiva, visando à sua inserção na vida produtiva, 
cultural, educativa, social e política, ou seja, que tenha direito à participação efetiva na 
vida societária. 
O profissional Intérprete/tradutor da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), bem como 
qualquer outro intérprete, precisa ter o domínio dos sinais e principalmente da língua 
falada do seu país, no nosso caso, o Português, pois há diversas situações nas quais são 
necessárias as duas. 
A nossa sociedade é feita de ouvintes e para ouvintes, na qual os surdos são 
minoria, por isso, o intérprete é uma peça fundamental para união dos mundos 
envolvidos e, principalmente agora, com a propagação da inclusão, vemos que os 
mundos envolvidos ultrapassam o dos surdos e ouvintes, mas englobam as pessoas 
com deficiência de um modo em geral. 
Temos visto que na maioria das vezes a comunidade surda não tem o direito de 
exercer a sua cidadania, sem participar das atividades sociais, educacionais, culturais e 
políticas do país devido à ausência do intérprete/tradutor. Para a formação do mesmo 
faz-se necessário um embasamento teórico e principalmente prática na tradução, 
Português-LIBRAS, bem como, LIBRAS-Português. As áreas de atuação do intérprete de 
LIBRAS são variadas, em sua maior parte, em eventos (palestras, congressos, seminários, 
fóruns, encontros), instituições de ensino, área médica e judiciária, igrejas e atividades 
do dia-a-dia. 
Tem-se falado bastante nos tempos atuais sobre a inclusão, mas o que vemos, na 
realidade, é uma grande exclusão, pois muitas das instituições ainda negam o acesso 
do cidadão surdo ao conhecimento, ou seja, negam a contratação do intérprete. 
Escolas, faculdades, empresas, serviços públicos necessitam urgente da presença desse 
profissional que, atualmente, vem conquistando o seu espaço. 
Alguns itens são muito importantes para a atuação de um intérprete/tradutor, como 
por exemplo, ter uma formação específica, ética profissional, fidelidade à interpretação, 
imparcialidade e discrição em todos os sentidos. 
 
Vamos treinar: 
 
 A B C D E 
 
 F G H I J 
 
 J K L M N 
 
 
O P Q R S 
 
 T U V W X 
 
 
 
 
 
 
 
Y 
 
 
 
 
 
 
Z 
 
 
 
 
 
 
Ç 
 
 
 
 
NÚMEROS 
 
 
 
 
 
 
1 
 
2 3 4 5 6 
 
7 8 9 0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 5 - A LIBRAS e a construção do sujeito surdo 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Explicitar como LIBRAS pode contribuir para a construção do surdo em sujeito 
de seu discurso. 
 - Conhecer um pouco sobre a estrutura gramatical e o funcionamento da língua. 
 Sabemos que é pela linguagem que o ser humano se constitui em sujeito do 
discurso. Em se tratando do surdo, como se dá essa constituição? Como ele se vê o 
mundo? Como interage com os outros? Essas e outras questões serão enfocadas nesta 
unidade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
É consenso que nossa sociedade é permeada pela linguagem oral, que se 
materializam de forma imperativa e a ela todos devemos nos adaptar. Aos que não 
podem ter acesso à linguagem oral, resta à discriminação, uma vez ser o oralismo uma 
imposição social, conforme afirma Skliar, 1997. 
 A consequência da sobrelevação da concepção oralista sobre a língua de sinais, 
de certa maneira, exclui o surdo do processo de integração social e imprime reflexos no 
desenvolvimento de sua linguagem, uma vez não ser compreendido pelo ouvinte. 
 Você sabe que LIBRAS é Língua Brasileira de Sinais, mas o questionamento que 
lanço a você é: O que é língua? 
 Para a Linguística, língua é sistema organizado, é um fato social, é um organismo 
vivo e pertence a todos os membros de uma comunidade. Assim, ao nascer, é como se 
o indivíduo recebesse, como presente, a língua da comunidade em que se insere. 
 Se perguntasse a você o que é linguagem, você saberia me responder? 
Linguagem pode ser entendida como tudo o que envolve significação, linguagem é 
interação humana, é o meio pelo qual o ser humano atua e age sobre o outro, 
estabelecendo vínculos e compromissos. 
 A interação humana se materializa pela linguagem e, dessa maneira, desde que 
nasce a criança já é um ser social, pois o choro pode ser entendido como forma de 
interação com o outro. 
 O ponto central a ser discutido aqui é que a criança normal, desde cedo é 
exposta ao ambiente em que predomina a oralidade. Assim, suas práticas sociais vão se 
formando, sendo-lhe, então, possibilitada a aquisição da língua, as trocas sociais e a 
constituição de sua linguagem. E à criança surda, o que lhe é proporcionado em termos 
de aquisição de linguagem? Pode-se responder que quase nada, pois nossa sociedade 
não se encontra preparada para recebê-la e não lhe propicia condições para a 
constituição e consolidação de sua linguagem. 
 Vale dizer que é só pela aquisição de uma língua que a criança constrói sua 
subjetividade, sendo-lhe possível trocar ideias, sentimentos, enfim, construir sua visão 
de mundo e opções ideológicas, o que não ocorre com crianças surdas filhas de pais 
ouvintes, pois o processo de aquisição da língua não será natural. Evidentemente, esse 
fato requer que crianças surdas sejam colocadas junto com seus pares, isto é, em 
contato com adulto surdo, fluente em LIBRAS, o que propiciará a aquisição da língua. 
Vale dizer que a maioria das pessoas surdas, infelizmente, não tem acesso à 
língua de sinais desde criança, o que acarreta adultos sem nenhuma língua. As 
consequências disso são terríveis, pois, como já assinalado a língua de sinais propicia ao 
indivíduo o desenvolvimento de sua formação, permitindo acesso à aquisição da 
linguagem. Recomenda-se que a língua de sinais seja oferecida aos surdos, o mais cedo 
possível, assim que a deficiência é descoberta. Trata-se de um procedimento a ser 
recomendado por médicos e fonoaudiólogos. Esses profissionais devem informar à 
família a importância de LIBRAS para o desenvolvimento e para o processo educacional 
da criança. 
Ressalte-se que a língua de sinais opera no campo de gestos e visuais, apresenta 
estrutura gramatical própria, complexidades gramaticais e linguísticas,metáforas. O que 
tem em comum com a língua oral é que ambas são criadas para preencher as 
necessidades de interação humana entre os sujeitos. 
Faz-se necessária a citação de Sacks (1998) a respeito da importância da 
aquisição da língua de sinais para os surdos. Nessa perspectiva afirma: 
 
Um ser humano não é desprovido de mente ou mentalmente deficiente 
sem uma língua, porém está gravemente restrito no alcance de seus 
pensamentos, confinado, de fato, a um mundo imediato, pequeno. 
SACKS, 1998, P. 52. 
 
Atentando às palavras de Sacks, o mundo pequeno a que se refere nada mais é 
do que a impossibilidade de a criança construir sua memória (todo saber que 
acumulamos em nossa vida) do mundo, as vivências que possui circunscrevem-se 
apenas às práticas cotidianas de comunicação e as consequências soa adultos 
incapazes de se inserirem no mercado de trabalho, sendo, portanto, dependentes de 
sua família. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Pode-se afirmar que a família do surdo exerce fundamental importância no seu 
desenvolvimento, a partir do momento em que aceita a surdez e aceita a língua de 
sinais como língua natural. Para isso, é importante que os pais recebam orientações 
sobre a importância de LIBRAS, pois, por meio dela poderiam contar histórias, brincar 
com os filhos, transmitir conhecimentos e cultura, aí, sim, estão contribuindo para a 
construção da identidade do sujeito. 
 Ressalte-se, mais uma vez, que é fundamental a exposição da criança surda com 
comunidade surda e não apenas com ouvintes. Interagindo com surdos a criança 
construirá sua realidade social, descobrirá a si e identificará seus pares. O objetivo dessa 
interação, então, é a aceitação de sua identidade e afirmação de suas potencialidades e 
de suas limitações. 
 A aquisição da língua natural –LIBRAS- propicia um desenvolvimento pleno 
como sujeito, que cresce, desenvolve-se, constrói-se na língua. 
 
 Informações técnicas. 
 
ÿ As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria, que 
sofre as influências da cultura nacional. 
ÿ Como qualquer outra língua ela 
também possui expressões que diferem de 
região para região (os regionalismos) o que 
a legitima ainda mais como língua. 
ÿ Os sinais são formados a partir da 
combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no 
espaço onde estes sinais são feitos. 
ÿ Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são 
simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a 
comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. 
 
A datilologia. 
 
ÿ A datilologia (alfabeto manual) é usada para expressar nomes de pessoas, 
lugares e outras palavras que não possuem sinais. Todavia, desde que a pessoa 
comece a se relacionar com o surdo ela ganhará um sinal especifico, que será 
como um nome em Libras, assim como lugares conhecidos por eles. (Só podem 
ser dados por um individuo surdo). 
ÿ -Os verbos estão sempre no infinitivo, sendo que as concordâncias são feitas no 
espaço, pelos sinais de passado e futuro. 
ÿ -As frases obedecem à estrutura da Libras e não a do Português. 
ÿ -Os pronomes pessoais são representados por apontação. Apontar em Libras é 
culturalmente e gramaticalmente aceito. 
Saiba mais sobre o assunto lendo: Teorias 
de Aquisição da Linguagem : escrito por 
Ronice Müller de Quadros e Ingrid Finger e 
apresenta as principais caraterísticas de 
algumas abordagens teóricas que têm 
norteado as pesquisas em aquisição de 
linguagem. (Apoio da CAPES e INEP) 
 
ÿ Para conversar em Libras não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é 
necessário conhecer a sua estrutura gramatical combinando-as em frases. 
 
Quem estuda uma língua de sinais fica impressionado com sua sutil 
complexidade e riqueza de expressão. A maioria dos assuntos, pensamentos ou 
idéias podem ser expressos através dela. Felizmente há uma tendência crescente de 
produzir literatura para surdos em DVDs, na internet, usando a LIBRAS para contar 
histórias, expressar poesia, apresentar relatos históricos, ensinar verdades bíblicas. 
Em muitos países o aprendizado das Línguas de Sinais está em alta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 6- A organização e a gramática da Libras, com base nos cinco parâmetros 
básicos. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal 
correspondente, que deverá ser usado de forma correta, de acordo com a estrutura 
gramatical da libras, que se baseia na utilização dos cinco parâmetros básicos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Vista mas não ouvida 
 
Uma das maravilhas da mente humana é a sua capacidade de linguagem e a 
habilidade de adaptá-la. Contudo, sem a audição, aprender um idioma, usualmente, 
passa a ser uma função dos olhos, não dos ouvidos. Felizmente, o desejo de se 
comunicar arde forte na alma humana, capacitando-nos a vencer qualquer que seja o 
obstáculo. Essa necessidade tem levado os surdos a desenvolver muitas Línguas de 
Sinais em todo o mundo. À medida que têm entrado em contato uns com os outros, 
tendo nascido em famílias surdas ou sido agrupados em escolas especializadas ou na 
comunidade, o resultado tem sido o desenvolvimento de um sofisticado idioma feito 
sob medida para os olhos – uma Língua de Sinais. 
A maioria dos bebês surdos que usam a língua de sinais começa a produzir seus 
primeiros sinais por volta dos 10 a 12 meses de idade. O livro A journey in to the deaf 
(jornada ao mundo do surdo) explica que os lingüistas reconhecem agora que a 
capacidade natural de aprender um idioma e de passá-lo aos filhos está 
profundamente enraizada no cérebro. Emergir essa capacidade numa Língua de Sinais 
ou numa linguagem falada é uma questão irrelevante. 
BUSCANDO CONHECIMENTO. 
 
A Estrutura da Língua. 
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das 
mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde estes sinais são feitos. Nas 
línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão 
os sinais: 
 
ÿ Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser datilologia 
(alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão dominante, ou pelas duas 
mãos. 
 
ÿ Orientação / direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros 
acima. Assim, os verbos IR e Vir se opõe em relação à direcionalidade. 
ÿ Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. 
 
ÿ Ponto de articulação: é o lugar do corpo onde incide a mão predominante 
configurada, ou seja, o local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do 
corpo ou estar num espaço neutro. 
 
ÿ Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de 
fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a 
entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial. 
 
 
 
 
 – A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS): 
 
 As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria, que sofre as 
influências da cultura nacional. 
 Como qualquer outra língua ela também possui expressões que diferem de região 
para região (os regionalismos) o que a legitima ainda mais como língua. 
 As comunidades surdas estão espalhadas por todo o país e como o Brasil é muito 
grande e de cultura diversificada, essas comunidades possuem diferenças regionais culturais. 
Estes fatores também geram variações linguísticas regionais, o que legitima ainda mais a Libras 
como uma língua viva. As comunidades de maior influência estão nos Estados de São Paulo, Rio 
de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. 
 A linha do tempo abaixo mostra como é dada a noção de tempo em Libras, uma 
vez que os sinais não sofrem modificações de concordância. 
 
 
Quanto mais próximo do corpo o sinal, mais próximo do tempo presente, quanto mais 
distante, mais longe no passado ou no futuro. 
 
Você jáconhece o alfabeto e os números e sabe qual a utilização deles. Agora 
tudo fica mais fácil, pois utilizamos a configuração de mãos das letras e números para 
compor a maioria dos outros sinais. 
Você já sabe que a Libras tem uma estruturação gramatical própria que deve ser 
corretamente seguida para que a língua seja corretamente utilizada. 
 Assista então a nossas vídeoaulas para verificar como se dá a utilização dos 
parâmetros básicos e pratique para ter uma boa fluência na Língua. 
Então vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 7- Adquirindo vocabulário em Libras, aprendendo a conversar em Sinais – 
Cumprimentos, Pronomes e Noções de Tempo. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal 
correspondente, que deverá ser usado de forma correta. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A partir desta unidade vamos conhecer o vocabulário básico através do qual 
podemos iniciar uma comunicação com pessoas surdas. 
 
 Sinais de Identidade e Cumprimentos 
 
IDENTIDADE BEM/BOM/BOA NOITE BOA 
 
 
TARDE 
 
BOM 
 
 DIA 
 
TCHAU 
 
TUDO 
 
 
 
 
 
 
BEM 
 
 
 
 
 
BOM/JÓIA 
COM 
LICENÇA/POR 
FAVOR 
 
 
 
 
 
PRAZER 
 
 
 
 
 
CONHECER 
 
VOCÊ BEM VINDO SEU NOME MEU 
 
 
 SINAL
 
DESCULPE
 
IDADE
 
MEU
 
NOME
 
 NOME
 
COMPLETO
 
OBRIGADO
 
MEU
 
SINAL 
 
Sinais de 
Pronomes 
 
 
VOCÊ EU MEU NÓS SEU 
 
ELA
 
 
 
ELE 
 
 
 
VOCÊS
 
 
SINAIS DE EXPRESSÕES 
INTERROGATIVAS E 
EXCLAMATIVAS 
 
 
 
 O QUÊ?
 
COMO?
 
 
 
ONDE?
 
 
 
 
QUAL? 
 
 
QUANTOS?
 
QUEM?
 
POR QUÊ?
 
QUANDO?
 
 TUDO BOM? 
 
COMO VAI 
VOCÊ? 
PRAZER 
 
CONHECER 
VOCÊ! 
 EU AMO VOCÊ! 
 
 
Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento. 
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
 
 
 
 
 
Estrutura de pergunta em Libras 
 
Albres (2008: p30) no livro de sinal em sinal fala sobre a forma de fazer pergunta em Libras, revela 
que: "Quando se pretende produzir uma pergunta em Libras há necessidade de fazer um leve 
movimento de cabeça para cima concomitante ao pronome interrogativo que geralmente é 
apresentado ao final as sentença" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 8- Adquirindo vocabulário em Libras, aprendendo a conversar em Sinais – 
Pessoas e Família. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Aprender que cada palavra ou até mesmo uma expressão tem um sinal 
correspondente, que deverá ser usado de forma correta, dentro de uma classe de 
palavras utilizada. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Nesta unidade vamos continuar conhecendo este rico mundo dos sinais e 
ampliando ainda mais nosso conhecimento para a comunicação com os surdos. 
 Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos à pessoas e 
família. 
 
Sinais relativos a pessoas e família 
 
PESSOAS FAMÍLIA ADULTO AFILHADO AMIGO 
 
BEBÊ
 
BISAVÔ
 
 
 
BISAVÓ
 
 
 
CRIANÇA
 
CUNHADA
 
 
 
CUNHADO
 
 
 
ESPOSA
 
 
 
FILHO
 
 
 
FILHO
 
ADOTIVO
 
 
FILHA 
 
 
 
 
 
GÊMEOS
 
GENRO 
 
 IRMÃO 
 
JOVEM
 
 
MADRASTA
 
 
 
 
 
MÃE
 
 
 
MADRINHA
 
 
 
MARIDO
 
 
 
NAMORADO
 
MENINO / 
 
 
 
MENINA
 
NORA
 
 
NOIVO/A 
 
 
 
PADRASTO
 
 
 
 
 
PRIMO
 
SOBRINHO
 
SOLTEIRO
 
SOGRA/O
 
TIO/A
 
VELHO
 
VIZINHO
 
 
Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento. 
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 9 - Noções de tempo e Calendário 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Aprender que podemos dar ao indivíduo surdo a exata noção de localização 
dos fatos no tempo, usando os sinais de presente, passado, futuro, dias da semana, 
meses do ano e outros a eles relacionados. Assim podemos comunicar a eles sobre 
todos os fatos e como localizá-los corretamente na linha do tempo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos à Calendário. 
 
SINAIS DE CALENDÁRIO E NOÇÕES DE TEMPO 
 
CALENDÁRIO 
 
 
DOMINGO 
 
 
SEGUNDA-
FEIRA
 
TERÇA-FEIRA 
 
 
QUARTA-FEIRA 
 
 
 
QUINTA-FEIRA 
 
 
 
SEXTA-FEIRA 
 
 
 
SÁBADO 
 
 
 
FÉRIAS 
 
 
 
ESTAÇOES DO 
ANO 
 
 
PRIMAVERA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VERÃO
 
 
 
 
 
 
OUTONO
 
 
INVERNO
 
MÊS 
 
JANEIRO
 
FEVEREIRO
 
M
 
A
 
R
 
Ç
 
O
 
ABRIL
 
M
 
A
 
I
 
O
 
JUNHO
 
J
 
U
 
LHO 
 
AGOSTO
 
 
 
SETEMBRO
 
OUTUBRO
 
NOVEMBRO
 
DEZEMBRO
 
DIARIAMENTE
 
ANO
 
ANO QUE VEM 
 
 
 
ANO
 
NOVO
 
AMANHÃ
 
ONTEM
 
HOJE
 
MANHÃ
 
TARDE
 
NOITE
 
PASSADO
 
DIA
 
JÁ
 
AGORA
 
FERIADO
 
 
 
ANTES
 
DEPOIS
 
FUTURO
 
HORAS
 
MINUTOS
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 10 - Verbos e Lugares 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer os sinais de verbos e lugares para, a partir deles, iniciar uma 
comunicação mais estruturada com o indivíduo surdo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Nesta unidade estaremos vendo especificamente os sinais relativos a 
Verbos e Lugares. 
 
Verbos: 
 
 FAZER FALAR CONVERSAR QUERER 
 
 
 RECEBER APRENDER OBEDECER/RESPEITAR 
 
 
 
 
 
 CONSEGUIR PERGUNTAR LER EVITAR 
 
 LEVAR ACREDITAR / CONFIAR DUVIDAR 
 
 PEDIR ACABAR PRECISAR 
 
 
 BEIJAR 1 BEIJAR 2 SOLETRAR VIAJAR 
 
 
 RESPONDER SENTAR PROCURAR 
 
 
 
 
 
 MORAR FICAR ESTAR 
 
 TER NÃO TER CANTAR COMEÇAR 
 
 PROIBIR ENCONTRAR CONFIRMAR 
 
TENTAR/ EXPERIMENTAR RIR GRITAR CHORAR 
 
 GOSTAR AMAR DAR DAR-ME 
 
 AJUDAR-ME CONTAR/DIZER OUVIR/OUVINTE VIVER 
 
 
 DOER SENTIR TRABALHAR COMER 
 
 
 BEBER RESPIRAR VERBOS 
 
 
 
 LUGARES ACADEMIA DE GINÁSTICA ACAMPAMENTO 
 
 AEROPORTO CADEIA CASA 
 
 
 
 
 
 CEMITÉRIO CINEMA C L 
 
 I N I C 
 
 A ELEVADOR ESCOLA 
 
 FARMÁCIA FEIRA HOSPITAL 
 
 HOTEL IGREJA 
 
 LOJA PADARIA/PÃO 
 
PARQUE DE DIVERSÃO POSTO DE GASOLINA PRAÇA 
 
 RESTAURANTERODOVIÁRIA 
 
 SHOPPING SUPERMERCADO TEATRO 
 
 
Veja o vídeo para ter esses sinais com expressão e movimento. 
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
 
 
 
 
Unidade 11 – Entendendo e Utilizando a Estrutura da Língua Brasileira de Sinais. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Aprender a estruturar a linguagem em sinais, utilizando-os em frases 
completas, com a combinação dos verbos, seguindo a gramática própria da Libras, 
fazendo com que o indivíduo surdo seja capaz de criar uma imagem mental que lhe 
proporcionará uma real compreensão do que lhe é comunicado, e do mundo que o 
cerca. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Como já dissemos anteriormente, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, é uma 
língua com estruturação, regras e gramática próprias e não uma simples tradução do 
Português. 
 Em alguns lugares, intérpretes mau preparados, utilizam os sinais desta forma, 
criando uma versão estereotipada dos sinais, que não corresponde à forma como os 
surdos a utilizam na sua comunicação, criando o que chamamos de Português 
Sinalizado, e que devemos evitar utilizar, a não ser que estejamos sinalizando uma aula 
de Língua Portuguesa. 
 O Português sinalizado para Goldfeld (1.997), significa, 
“Língua artificial que utiliza o léxico da língua de sinais com a estrutura 
sintática do Português e alguns sinais inventados, para representar 
estruturas gramaticais do português que não existem na língua de 
sinais.” 
 Confusão!!! 
 Para entender a utilização da estrutura da LIBRAS, devemos ter em mente que o 
indivíduo surdo é visual, ou seja, compreende o mundo através daquilo que consegue 
captar pela visão, por este motivo, seu pensamento não se processa por palavras, como 
os nossos, pessoas que ouvimos, ou seja ouvintes. 
 O surdo necessita formar uma imagem mental para que consiga compreender o 
que lhe está sendo dito. 
 O que entendemos por língua na tradução? 
 
“Numa perspectiva discursiva, podemos dizer que não é o texto original que 
serve de base para que se produza o texto da tradução, mas a imagem que o 
tradutor faz, não apenas do texto original, mas também do lugar do autor, do 
lugar do leitor, do seu próprio lugar, da imagem que faz de outros discursos, 
etc .” MITTMANN, 2.003. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Para entender melhor: 
Estrutura gramatical da Língua Portuguesa: 
 
A MENINA VIU A FLOR. 
SUJEITO VERBO COMPLEMENTO 
 
 
ESTRUTURA DA LIBRAS: 
 
FLOR MENINA VIU 
COMPLEMENTO SUJEITO VERBO 
 
ESTRUTURA VISUAL. 
 
Estrutura gramatical para pergunta 
 
Na construção de perguntas em Libras é muito comum que o pronome interrogativo 
apareça ao final da sentença e que aconteça ao mesmo tempo desse sinal, o movimento de 
cabeça para cima e o franzir das sobrancelhas. (ALBRES, 2008, p. 30) 
 
Como nas frases abaixo: 
 
 
 
VOCÊ QUERER O-QUE? 
VOCÊ ESTUDAR O-QUE? 
VOCÊ GOSTAR O-QUE? 
VOCÊ COMER O-QUE? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em algumas situações pode acontecer o fenômeno de aglutinação da expressão 
interrogativa ao verbo da sentença. Isso quer dizer que o sinal interrogativo O-QUE e 
ONDE podem ser omitidos, mas o movimento de cabeça e a expressão facial permanecem 
sobrepostos, agora ao verbo. 
 
 
 
 
 
VOCÊ QUERER? 
VOCÊ COMER? 
VOCÊ TRABALHAR? 
VOCÊ MORAR? 
Fonte: disponível em http://csslibras.blogspot.com.br/ 18/06/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 12 – Entendendo o que são os Classificadores 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer o conceito de classificador, e as suas funções dentro da gramática da 
LIBRAS. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Um classificador (CL) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em 
uma língua. Nas línguas do mundo as classificações podem se manifestar de várias 
formas. Podem ser: numa desinência, como em português, que classifica os 
substantivos e os adjetivos em masculino e feminino: menina - menino; pode ser uma 
partícula que se coloca entre as palavras; e ainda pode ser uma desinência que se 
coloca no verbo para estabelecer concordância. Na LIBRAS, os classificadores são 
formas representadas por configurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e 
animal, funcionam como marcadores de concordância. Assim, na LIBRAS, os 
classificadores são formas que, substituindo o nome que as precedem, pode vir junto 
ao verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. 
Portanto os classificadores na LIBRAS são marcadores de concordância de gênero: 
PESSOA, ANIMAL, COISA. 
Os classificadores para PESSOA e ANIMAL podem ter plural, que é marcado ao 
se representar duas pessoas ou animais simultaneamente com as duas mãos ou 
fazendo um movimento repetido em relação ao número. 
Os classificadores para COISA representam, através da concordância, uma característica 
desta coisa que está sendo o objeto da ação verbal. 
 
 
EXEMPLOS: Ver os vídeos 
 
1) MESA COLOCAR (copo, prato, talher... 
2) CARRO (mover um atrás do outro) 
3) M-A-R-I-A A-L-E-X (passar um pelo outro) 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Portanto não se deve confundir os classificadores, que são algumas 
configurações de 
mãos incorporadas ao movimento de certos tipos de verbos, com os adjetivos 
descritivos que, nas línguas de sinais, por estas serem espaços-visuais, representam 
iconicamente qualidades de objetos. 
Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa está vestindo uma blusa 
de bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas expressões adjetivas serão desenhadas no 
peito do emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, 
embora classifique, estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não 
relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, que é a característica 
dos classificadores na LIBRAS, como também em outras línguas orais e de sinais. 
Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a 
sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. Às vezes o CL refere-se ao objeto ou 
ser como um todo, outras se refere apenas a uma parte ou característica do ser. 
(FERREIRA BRITO, 1995). 
 
Verbos Classificadores 
 
A configuração de mão é uma marca de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL ou 
COISA. Verbos que possuem concordância de gênero são chamados de verbos 
classificadores porque concordam com o sujeito ou objeto da frase. Como, por 
exemplo, os verbos CAIR e ANDAR/MOVER que, dependendo do sujeito da frase, terá 
uma configuração para concordar com a pessoa, a coisa ou o animal: 
 
EXEMPLOS: ver os vídeos 
 
CAIR (pessoa, lápis, papel, carro, copo...). 
 
VERBOS CLASSIFICADORES: 
CAIR: PESSOA, PAPEL, LÁPIS, COPO.CARRO 
ANDAR: PESSOA, DUAS PESSOAS, VÁRIAS PESSOAS. ANDAR EM FILA. 
CACHORRO, CAVALO, PÁSSARO, COBRA, CARRO. ENGARRAFAMENTO. 
CORTAR: CABELO, UNHA, ROUPA, PAPEL, ÁRVORE, CORTAR COM FACA, OPERAR. 
 
ANDAR (pessoa, carro, animal...). 
 
ABRIR (gaveta, porta, olho, boca...). 
 
Os sinais para meios de transporte podem também ser utilizados na função de verbo. O 
transporte se torna o instrumento da ação: 
Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
GUIAR-BICICLETA 
GUIAR-MOTO 
DIRIGIR-CARRO 
DIRIGIR-CAMINHÃO 
DIRIGIR-ÔNIBUS 
 
Na unidade a seguir conheceremos melhor os tipos de classificadores e a utilização 
correta de cada um. 
 
 
Unidade 13 – Os Classificadores de Intensidade e Verbais. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer as formas de concordância em LIBRAS, como fornecer à pessoa com 
surdez, as imagens mentais necessárias para a compreensão da linguagem e a 
aquisição de conhecimentos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Vimos até agora, que a LIBRAS, como uma língua constituída,possuí regras 
gramaticais próprias, que diferem bastante dos outros idiomas. 
 À primeira vista, podemos ter a impressão equivocada, de que essa estrutura, 
por não possuir conjugação verbal, elementos de ligação (conectivos) e outros 
elementos de concordância, que se trata de uma Língua mais pobre que as demais. 
Porém isso não é verdade! 
 Como então construímos as estruturas gramaticais dentro da Língua? 
 Utilizando os Classificadores. 
 Os classificadores são utilizados para “caracterizar” os verbos, dar intensidade 
aos sinais, plural, descrição, etc. 
Vamos conhecer os tipos de classificadores existentes e a seguir ver exemplos de sua 
utilização. 
 
 
 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
TABELA DE CLASSIFICADORES 
 
CL-D Classificador Descritivo: refere-se ao tamanho e forma. Usualmente produzido 
com ambas as mãos para formas simétricas e assimétricas (não descreve posição ou 
movimento). Exemplo: 
- A forma e o desenho de um vaso; 
- Desenho de um papel de parede; 
- A altura e largura de uma caixa; 
- A descrição da roupa ou itens que estão no corpo. 
 
CL-ESP Classificador que especifica o tamanho e forma de uma parte do corpo. 
Descreve tamanho, textura e forma do corpo de animais ou pessoas (não descreve 
posição ou movimento). Exemplo: 
- As orelhas de um elefante; 
- Bicos de aves diversas, 
- Nariz de uma pessoa; 
- Pêlo de gato; 
- Penteado de uma pessoa; 
 
CL-PC Classificador de uma parte do corpo. Retrata uma parte especifica do corpo em 
uma posição determinada ou fazendo uma ação. A configuração da mão retrata a 
forma de uma parte do corpo (descreve posição ou movimento). 
- A ação da boca do hipopótamo; 
- As orelhas de um cavalo em movimento; 
- Os olhos de alguém em movimento; 
- A cabeça de alguém repousando no seu ombro; 
- Ação dos pés andando na lama; 
- A posição das pernas de alguém sentado em uma cadeira. 
 
CL-L Classificador Locativo: descreve um objeto em um lugar determinado. A 
configuração da mão pode retratar uma parte ou o objeto todo ironicamente. Exemplo: 
- Uma prateleira onde estão copos ou livros; 
- Chão onde caiu um lápis; 
- A cabeça de alguém batida por uma bola; 
- Alvo onde voa uma flecha; 
- Gol onde entra uma bola. 
 
CL-I Classificador Instrumental: mostra como se usa alguma coisa, ou seja, 
manipulando um objeto. Exemplo: 
- Carregando um balde pela alça; 
- Puxando uma gaveta; 
- Tocando a campainha da porta; 
- Virando uma página; 
- Limpando com um pano. 
 
CL- C Classificador do Corpo: é similar ao CL-L, porém não mostra nem a manipulação 
nem o toque aos objetos. Exemplo: 
- Acenando com a mão para alguém; 
- Atravessando os braços com beijos espichados; 
- Coçando a cabeça com perplexidade; 
- Movendo os braços como em correr. 
 
CL-P Classificador Plural: Indica movimento ou posição de um número 
determinado/indeterminado de objetos, pessoas ou animais. Exemplo: 
- Três pessoas andando juntas (numero determinado); 
- Pessoas sentadas na plateia; 
- Uma fila cumprida de pessoas avançando lentamente; 
- Muitos carros estacionados na rua. 
 
CL-E Classificador de Elemento: descreve o movimento de elementos ou coisas não 
sólidas. Exemplo: 
- Água gotejando na torneira; 
- Luz piscando como sinal de advertência; 
- O movimento de um líquido num copo; 
- O vapor subindo de uma xícara de chá quente. 
 
CL-N° CL-NOME Esses classificadores utilizam a configuração de letras ou 
números, mas não são partes de uma descrição. Exemplo: 
- Números e nome na camisa de futebol; 
- Um título de um livro; 
- Insígnia em um boné; 
- Uma sigla escrita na porta de um banco. 
 
Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
Estrutura de frases visuais em Libras: 
FLOR MENINA VIU 
 
CASA AMARELA EU MORO 
 
SHOPPING CINEMA AMANHÃ EU VOU 
 
VOCÊ, EU SAUDADE MUITA. 
 
MOTO AQUELA, BONITA MUITO. 
 
CLASSIFICADORES DE INTENSIDADE: 
BONITO - BONITO MUITO 
SAUDADE - SAUDADE MUITA 
CANSADO – CANSADO MUITO 
CARO – CARO MUITO. 
TRABALHO – TRABALHAR MUITO 
FRIO – FRIO MUITO. 
 
 
Ver o vídeo: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 14 – Transmitindo sentimentos e emoções em LIBRAS. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Saber como utilizar corretamente os parâmetros da LIBRAS para transmitir 
sentimentos, utilizando principalmente a expressão facial/corporal. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Nossas conversas sempre são carregadas de emoções. Essa aula nos ensinará 
como expressar nossas emoções através das libras. 
Como já dissemos em capítulos anteriores, nas línguas orais, transmitimos nossas 
emoções através, principalmente da entonação da voz. 
Temos uma maneira peculiar de nos dirigirmos a uma criança, de forma mais 
carinhosa, a um animalzinho de estimação e ao contrário, quando estamos numa 
situação adversa, nossa impostação de voz, se altera drasticamente, demonstrando 
indignação, irritação, braveza, etc. 
Na LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, utilizamos os cinco parâmetros, 
principalmente a expressão facial/corporal, para a transmissão dos sentimentos. 
Por isso este parâmetro em particular, tem uma importância fundamental, pois a 
expressão facial/corporal funciona como a entonação da voz, dando vida aos sinais. 
Primeiramente, é importante conhecer os sinais que significam as emoções e aspectos 
da personalidade: 
 
 
 
 
 
Ver os vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
ALEGRE, TRISTE, FELIZ, ORGULHOSO, LEGAL, ANSIOSO, CIÚMES, RAIVA, ÓDIO, 
FOFOQUEIRO, DOENTE, NERVOSO, HUMILDE, ESTRANHO, INVEJA, BOBO, ESNOBE, 
MEIGO, CARINHOSO, CURIOSO, PREGUISOSO,MEDO, SIMPÁTICO, EDUCADO, 
ADMIRADO, RESPONSÁVEL, TEIMOSO. PAQUERADOR, SAFADO, ANSIOSO, NERVOSO, 
CHATO. 
 
Veja no vídeo estes sinais em movimento. 
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Vamos agora trabalhar com frases e um pequeno texto, demosntrando o uso desses 
sinais. Não se esqueça de que estaremos utilizando a estrutura gramatical da LIBRAS. 
 
EU ANIVERSÁRIO, FESTA, FELIZ MUITO. 
NOSSA!!! CARRO NOVO, LINDO!!!!! 
MENINO CURIOSO MUITO! 
CACHORRO VELHINHO, DOENTE, MORREU, EU TRISTE. 
HOMEM AQUELE, MUITO ESTRANHO! 
PROVA AMANHÃ DIFÍCIL, EU ANSIOSO, NERVOSO. 
MOÇO, NAMORADO SEU, PAQUERADOR, SAFADO!!!! 
TROVÃO, BARULHO, RAIOS, EU NÃO GOSTO, MEDO TER. 
MENINA AQUELA, ORGULHOSA, ESNOBE, CHATA MUITO. 
TELEVISÃO EU VI, HOMEM MATOU OUTRO PORQUE RAIVA, ÓDIO, MUITO. PERDÃO 
CORAÇÃO, NÃO TEM. 
AMIGO MEU, PESSOA BOA, CARINHOSO, RESPONSÁVEL, LEGAL! 
MULHER, JANELA TODO DIA, PREGUIÇOSA, FAZ NADA, FOFOQUEIRA. 
VEJA ESTES SINAIS EM MOVIMENTO NO VÍDEO. 
https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
 
PARA ILUSTRAR AINDA MAIS ESTA UNIDADE QUE TRATA DE UM ASSUNTO TÃO 
IMPORTANTE, VAMOS VER A TRADUÇÃO DE UMA MÚSICA, PRIMAVERA DE TIM MAIA 
EM VÍDEO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 15 – Gírias e Expressões idiomáticas. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer alguns regionalismos, gírias e expressões idiomáticas, que 
caracterizam ainda mais a LIBRAS como língua. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 
Fonte: http://educandosurdo.blogspot.com.br/2012/07/existem-girias-ou-expressoes.html, em 24/06/2014. 
 
 
Algumas pessoas podem achar que isso provocará confusões entre os surdos e entre 
pessoas que se comunicam em LIBRAS, mas não é verdade! 
 Da mesma forma que no Brasil todos se comunicam em Português, mas existem 
expressões características de cada região tais como “mainha” na Bahia, “trem” e “uai” 
em Minas Gerais, “guri” no Sul, etc, estes termos regionais não impedem a 
comunicação entre os moradores das várias regiões. Existem também palavras que 
significam umamesma coisa e que variam de região para região, como “aipim” no Rio 
de Janeiro, “mandioca” em São Paulo e “macaxeira” no nordeste. A princípio, isso pode 
até causar certa confusão, porém somos capazes de aprender as palavras que tem o 
mesmo significado e nos entender perfeitamente. 
 Assim também acontece na LIBRAS, e seus usuários, assim como ocorre no 
Português, também aprendem sinais diferentes quando visitam regiões diferentes do 
Brasil e conseguem se comunicar de forma eficiente. 
 Isso só caracteriza a LIBRAS ainda mais como Língua viva e crescente em nosso 
meio. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
As gírias são a parte mais interessante do discurso em Libras. É justamente nele 
que se manifesta o universo metafórico da língua, no qual os sinais são "manipulados" 
de forma a seduzir, enganar, disfarçar, determinar... Testemunhamos o riquíssimo 
universo da polissemia e polifonia da língua da forma mais rica e diversa, em um 
contínuo de relações e situações determinadas pelo contexto, pelas expectativas dos 
interlocutores. 
Existem muitos exemplos corriqueiros, bastante conhecidos nas línguas faladas, 
em que se usam gírias para se referir a garotas ou rapazes bonitos: "gato", "gostosa", 
"de cair o queixo"; ou quando precisamos informar necessidades fisiológicas como: "ir 
ao banheiro", "fazer xixi", "apertado" etc. 
Sejam faladas ou sinalizadas, as gírias são semanticamente bastante 
semelhantes. 
O que mais fascina na Libras são os artifícios usados pelos surdos para escapar 
dos olhos dos demais membros do grupo, em momentos em que necessitam 
endereçar mensagens subliminares, ou secretas, a algum interlocutor. Pela visualidade 
que é inerente à sinalização, inúmeros sinais "discretos" são criados, reduzindo-se o 
espaço da sinalização ou o ponto de articulação de modo a não deixar pistas aos 
bisbilhoteiros. 
Por exemplo, se em uma roda de adolescentes surgem temas tabus como sexo 
ou masturbação, é comum que eles modifiquem os sinais usados convencionalmente. 
Da mesma forma, se uma menina quer confidenciar a outra que vai menstruar e há 
meninos por perto, ela muda a forma de sinalizar, usando um sinal "disfarçado". 
Quando se quer falar de alguém que está presente, usam-se mecanismos 
conversacionais de indicação disfarçada ou relações espaciais em que se estabelece 
uma localização neutra no espaço para o "dito cujo", mesmo que ele esteja presente, 
passando-se a enunciar indicando aquele ponto no espaço, sem que ninguém saiba de 
quem, exatamente, se fala.São fartos, também, os exemplos de gírias que têm como 
sentido "tô nem aí com você", "qual é a dele?", "você me sacaneou", "tá me enrolando", 
"fiquei com o rabo entre as pernas", e assim por diante, que nada têm a ver com os 
sinais convencionais. Alguns são até modificados para a adequação discursiva. 
Outros sinais são "intraduzíveis" isoladamente, pois uma mesma forma pode 
indicar inúmeros sentidos a depender do contexto. Um exemplo é o sinal em que a 
configuração de mão com o dedo médio colocado no topo da cabeça, acompanhado 
de uma expressão facial característica (mau humor, surpresa), pode significar "tô na 
minha", "que mico", "tô boiando" e assim por diante. 
Enfim, a riqueza da Libras repousa justamente nesses elementos que 
chamaríamos extra linguísticos nas línguas faladas, mas que constituem a estrutura 
gramatical, semântica e discursiva da língua de sinais: movimentos de sobrancelhas, 
jogo de olhares, menear de ombros e de cabeça, "balanço" ao sinalizar, leveza ou 
ênfase no movimento, duração do olhar ou do movimento no ar, maior ou menor 
amplitude do espaço de sinalização. Ou seja, um universo quase desconhecido para 
aqueles que ainda não experimentaram constituir sentidos com palavras-imagens. 
Sueli Fernandes é linguista, assessora técnico-pedagógica do Departamento de 
Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e colaboradora do 
projeto Libras é Legal. 
 
Vamos então conhecer algumas gírias e regionalismos da LIBRAS: 
 
Ver vídeos: https://drive.google.com/folderview?id=0BwxR4YjIWydiNTFkLXJneFZpWDg&usp=sharing 
 
ESTRANHO 
DEIXAR DE “AR”. 
LEVAR O CANO 
AZAR 
Não ter CAMINHO NA VIDA. 
FICAR COM “O RABO ENTRE AS PERNAS”; 
 LEGAL - SP 
PEIXE – PESSOA QUE TEM O ROSTO FEIO, MAS O CORPO BONITO. 
SE LIGA – SINAL DE TOMADA. 
SE VIRA – 
TÔ NEM AÍ- 
ESQUENTADO – NERVOSINHO. 
VERDE – RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO 
AZUL – RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO 
VOCÊ ME SACANEOU 
TÔ COM PREGUIÇA. 
I LOVE YOU – LÍNGUA AMERICANA DE SINAIS – ALS. SINAL BASTANTE UTILIZADO NO 
BRASIL. 
Unidade 16 – Conhecendo um pouco do Signwriting – a LIBRAS na forma escrita. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer e se familiarizar com a forma escrita internacional das Línguas de 
Sinais: o Signwriting. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A palavra em inglês, “SignWriting” significa “Escrita de Sinais” no Brasil. 
O SignWriting é um sistema de escrita para escrever línguas de sinais. Essa 
escrita expressa as configurações de mãos, os movimentos, as expressões faciais e os 
pontos de articulação das línguas de sinais. Já são mais de 40 países que utilizam esse 
sistema deSignWriting em escolas, universidades, associações e áreas ligadas à 
comunidade surda. 
O SignWriting pode registrar qualquer língua de sinais do mundo sem passar 
pela tradução da língua falada. Cada língua de sinais vai adaptá-lo a sua própria 
ortografia. 
 
Para escrever em SignWriting é preciso saber uma língua de sinais, como a LIBRAS. 
 
Por que escrever em sinais? 
 
Além disso, a escrita é a principal forma de se preservar uma língua. 
As línguas que desapareceram, até hoje, tiveram esse destino pela falta de registros 
escritos. A escrita, registra,preserva uma língua. Assim, segundo Costa (sd), os surdos 
precisam escrever nas suas línguas de sinais: 
 
(…) “como os ouvintes o fazem utilizando os diferentes alfabetos inventados 
para as diversas línguas orais. Todos sabem a importância da invenção da 
escrita para o desenvolvimento da cultura da humanidade. Os surdos e as 
comunidades surdas também precisam dar esse salto”. (Costa In Stumpf, sd, p. 
3). 
 
Nesta lógica, torna-se essencial existir um registro da língua que não seja apenas 
fotográfico, isto é, através de imagens. 
Sem dúvida, a escrita abre novas possibilidades para uma língua e não é 
diferente no casa da língua de sinais. Desde 1974, quando foi inventado o sistema 
conhecido como SignWriting temos presenciado esta possibilidade. 
Hoje presente em mais de 40 países, esse sistema é capaz de registrar todas as 
características das diferentes línguas de sinais ao redor do mundo, dando assim um 
novo status a elas e abrindo novas possibilidades em diversas áreas do conhecimento. 
É inegável o benefício para o surdo ao aprender a ler e escrever primeiro em seu 
próprio idioma. Este conhecimento servirá de base para o aprendizado de um segundo 
idioma, no caso do Brasil, o Português. 
 
Valerie Sutton 
Site Oficial www.signwriting.org 
 
Aqui no Brasil, o uso da escrita em sinais através deste sistema, teve início em 1996. 
 
 
Criado em 1974 por Valerie Sutton, a escrita de sinais com 
o sistema SignWriting vem ganhando cada vez mais 
usuários. No Brasil desde 1997 vem sendo utilizada na 
educação de surdos e pesquisa. Já existem algumas obras 
literárias produzidas no Brasil em Libras escrita em 
SignWriting, títulos como Uma Menina Chamada 
Kauana, Cinderela Surda, Rapunzel Surda, entre outras. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Através do computador, o SignWriting começou a se tornar muito mais popular 
nos Estados Unidos. Hoje em dia, o sistema de escrita de sinais não tem mais a mesma 
forma que o sistema criado em 1974. O sistema evoluiu muito ao longo dos anos. O uso 
do sistema determinou as mudanças envolvendo várias pessoas nesse processo. 
De acordo com Giraffa, Santarosa e Campos (2000),o sistema SignWriting é 
definido por três estruturas básicas: a posição de mão, o movimento e a forma de 
contato. As posições básicas de mão são: 
 
 
Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014. 
 
Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014. 
 
 
Fonte: http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=15&idart=255, em 24/06/2014. 
 
A partir dessas estruturas básicas foram criadas várias formas de registro, 
incluindo movimentos e até as expressões faciais. 
Seguem exemplos desses registros: 
 
Fonte: http://renata-libras.blogspot.com.br/2013/10/o-signwriting-ou-sistema-sutton-ou.html, em 24/06/2014. 
 
 
Para saber mais sobre o assunto, consulte o site oficial: WWW.signwritng.org 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 17 – O surdo incluído no processo educacional atual. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: 
- Conhecer e discutir os vários aspectos envolvidos na inclusão dos alunos 
surdos no sistema educacional vigente no Brasil. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 Já vimos em unidades anteriores que a Lei 10.436/02, reconheceu e oficializou a 
LIBRAS como língua e a tornou o segundo idioma brasileiro. 
 Vimos também, que o decreto 5.626/05, regulamentou e deixou claras as 
normativas para que seu uso seja viabilizado em todo o território nacional, 
principalmente nos campos de acessibilidade e educacional. 
 Porém, muito ainda falta para que haja um consenso em como o aluno surdo 
deva ser educado, gerando várias vertentes. 
 Além da eterna discussão entre oralistas e bilinguistas, mesmo entre as pessoas 
que defendem o uso da LIBRAS na educação dos surdos, tem dúvidas em qual o 
melhor meio de fazê-la. 
 Alguns acreditam que a simples presença de um profissional intérprete em Libras 
acompanhando o aluno surdo na sala de aula, resolveria todos os problemas em sala 
de aula. 
 Ora, essa presença com certeza é essencial para que o aluno tenha acesso aos 
conteúdos escolares em sua própria língua, porém, isoladamente, é totalmente 
insuficiente para que a aprendizagem ocorra com sucesso. 
 Existem uma série de outros procedimentos necessários para se garantir que o 
aluno possa ser atendido adequadamente: adaptações curriculares, recursos didáticos e 
metodológicos visuais, informações sobre surdez e o uso da Língua de Sinais, por parte 
dos professores, coordenadores e todos os envolvidos neste processo. 
 Entre os principais problemas encontrados hoje estão a presença ainda rara dos 
intérpretes em sala de aula e a falta de informação por parte dos professores, sobre a 
surdez e como utilizar recursos que sejam facilitadores da aprendizagem dos alunos 
surdos, motivos que, infelizmente, nos levam a verificar que a maior parte das inclusões 
de alunos surdos na rede regular é pouco responsável e obtém assim, pouco sucesso. 
 A maioria das escolas se mostram abertas à matrícula desses alunos, até por 
força da Lei, discute suas condições na sua chegada, mas depois o insere em sua rotina, 
sem grandes preocupações com sua comunicação ou aprendizagem. 
 Isso acontece devido a vários fatores, entre eles: 
- a escola, muitas vezes não sabe ou não encontra respaldo na contratação de outros 
profissionais necessários para apoiar o aluno neste processo; 
- os professores, percebem que o aluno não evolui, mas por falta de conhecimento e 
preparo, não sabem o que fazer; 
- os alunos ouvintes, procuram acolher o aluno surdo, porém não sabem como se 
relacionar com ele e acabam deixando-o de lado; 
- apesar de não conseguir acompanhar aquilo que lhe é apresentado em sala de aula, o 
aluno surdo simula estar acompanhando as atividades escolares, utilizando vários 
subterfúgios, como copiar dos colegas, para que todos pensem que ele é capaz; 
- a família, que muitas vezes também não tem as informações necessárias e nem outros 
recursos a que recorrer, acha que seu filho está bem na escola. 
 Como resultado da junção de todos estes fatores, vimos que o aluno surdo pode 
passar pela escola e receber o certificado de conclusão escolar, sem estar minimamente 
preparado para alcançar conhecimentos, principalmente nas áreas de leitura e escrita. É 
comum que concluam o nono ano com escrita e leitura compatíveis com alunos de 
terceiro ano. 
 Essa realidade é gravíssima no Brasil e vem se repetindo ano após ano, gerando 
toda uma geração de alunos surdos que podem ser considerados analfabetos 
funcionais. 
 A presença do intérprete tem sim, uma função facilitadora, já que pelo menos 
ele teria acesso aos conteúdos, isso quando o surdo conhece a LIBRAS suficientemente, 
porém ainda assim, temos o fato de que ele continua sendo um estrangeiro na escola, 
o único a utilizar uma língua diferenciada, num ambiente escolar todo pensado para as 
necessidades de alunos ouvintes. 
 A questão do uso da língua é fundamental e uma vez que os demais alunos não 
dominam a LIBRAS e nem o surdo o Português, a comunicação se limita a aspectos 
muito básicos, que são erroneamente considerados como suficientes. 
 Muitas vezes, o próprio aluno surdo considera isto adequado, porque não tem 
experiências com outras realidades de aprendizagem real. 
 Todavia, é tudo muito precário e longe do que seria esperado para qualquer 
outro aluno da sua idade. 
 Outro aspecto importante é que, como qualquer outra criança, o aluno surdo 
necessita de processos identificatórios de construção de valores sociais e afetivos 
dentre outros, o que só é possível na convivência com outros surdos, principalmente, 
mais velhos. 
 Também não podemos nos esquecer de que é na escola que todas as crianças 
aprender a descrever, narrar, contar histórias, ampliando seu conhecimento linguístico, 
experimentam regras de convivência social, estabelecimento de regras e limites 
fundamentais para uma boa adaptação a vida em sociedade. 
 A maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes que não conhecem a 
LIBRAS, e por este motivo, o ambiente familiar não oferece muitas experiências 
linguísticas facilitadoras, como acontece com as crianças ouvintes. Na escola, esta 
experiência se repete, já que a forma como as informações são passadas, foi pensada 
para alunos ouvintes. 
Sendo assim, a criança surda está presente em sala de aula, mas perdendo 
informações preciosas, sobre questões de linguagem, sociais e afetivas por não ser 
usuária da mesma língua em que tudo acontece, mesmo com a presença de um 
intérprete, pois, por melhor que seja este profissional, as informações lhe vão chegar de 
forma filtrada. 
Segundo TERUGGI, 2003, a criança surda tem um interlocutor único que usa uma 
linguagem filtrada, escolar e própria para a tradução, sem outros modelos, sem trocas, 
sem contato com tudo que circula em/no ambiente. 
Trata-se, portanto de uma experiência restritiva, num momento fundamental do 
seu desenvolvimento, que precisa ser considerada. 
Então, qual seria a melhor solução? 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Para ver e compreender o que realmente se passa, alunos surdos e ouvintes, 
professores que vivenciam essa realidade da inclusão, precisariam conhecer mais sobre 
a surdez e a sua realidade e a forma como as relações acontecem na escola. 
 Essa realidade nos remete ao mito da caverna, de Platão, onde as pessoas, estão 
presas a uma realidade, como se fosse a única a ser vista e necessitam de alguém que 
lhes mostre o caminho da libertação. 
 
 
 
 Cabe a nós, profissionais da educação, os intépretes, envolvidos nesse trabalho, 
aos pesquisadores, apontarmos os caminhos para que possamos enxergar uma nova 
realidade educacional, que possa ser usufruída por todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 18 – A regulamentação da profissão do tradutor/ intérprete LIBRAS – 
diferenças entre essas funções. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos:

Continue navegando