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UNIP – Universidade Paulista MILENA CANTERO MARQUES RIBEIRO R.A. 0412935 Análise Crítica da Obra: “Impressão, nascer do Sol” - Claude Monet. PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III Porto Ferreira – São Paulo 2021 UNIP – Universidade Paulista MILENA CANTERO MARQUES RIBEIRO R.A. 0412935 Análise Crítica da Obra: “Impressão, nascer do Sol” - Claude Monet. PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR III Projeto Integrado Multidisciplinar – PIM III apresentado à Universidade Paulista – UNIP, para avaliação bimestral no Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores. Porto Ferreira – São Paulo, Outubro de 2021. Orientador(a): Profa. Me. Patrícia Scarabelli Porto Ferreira – São Paulo 2021 Resumo Este estudo de caso teve como objetivo a análise crítica da obra de arte intitulada: “Impressão, nascer do Sol”, 1873, óleo sobre tela, 48 x 63 cm, hoje pertencente ao acervo do Musée Marmottan, Paris, França. Pleiteou-se pesquisar o movimento artístico denominado Impressionismo em que a mesma está inserida juntamente com quais foram as intenções de seu criador, o artista francês Claude Monet, com a sua realização. A pesquisa realizada levou em consideração as transformações sociais que ocorriam na época em que o quadro foi feito, a linguagem plástica escolhida para a composição da obra citada e a estética que Monet iniciou como o artista precursor de uma nova maneira de pintar paisagens urbanas e naturais. Tratou-se de examinar os conceitos desenvolvidos e as técnicas comuns presentes nas obras dos pintores contemporâneos ao Impressionismo. Lançou-se mão de conhecimentos técnicos sobre a Teoria das Cores, composição, proporção e harmonia na História da Arte, tal como ponto de fuga, perspectiva linear e a decomposição de formas e fundo através do programa AutoCad. O artigo produzido analisou as inovações trazidas pela obra de arte em questão - já que a mesma sofria influência da arte japonesa e trazia para a discussão a visão crítica sobre a maneira como o mundo real deveria ser representado na pintura após o surgimento da fotografia – e como a sua exposição ao público, em 1874, transformou a pintura para sempre. Palavras – chave: Impressionismo. Estética. Monet. Composição. Pintura. Abstract This case study aimed at the critical analysis of the work of art entitled: “Impression, sunrise”, 1873, oil on canvas, 48 x 63 cm, now belonging to the collection of the Musée Marmottan, Paris. France. It was sought to research the artistic movement called Impressionism in which it is inserted along with what were the intentions of its creator, the French artist Claude Monet, with its realization. The research carried out took into account the social transformations that occurred at the time the painting was made, the plastic language chosen for the composition of the aforementioned work and the aesthetics that Monet started as the pioneer artist of a new way of painting urban and natural landscapes. . It was about examining the developed concepts and the common techniques present in the works of contemporary painters to Impressionism. Technical knowledge on the Theory of Colors, composition, proportion and harmony in the History of Art was used, such as vanishing point, linear perspective and the decomposition of shapes and background through the AutoCad program. The article produced analyzed the innovations brought about by the work of art in question - as it was influenced by Japanese art and brought to the discussion the critical view on how the real world should be represented in painting after the emergence of photography - and how his public exhibition in 1874 transformed painting forever. Keywords: Impressionism. Aesthetics. Monetary Composition. Painting. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – “Impressão, nascer do Sol” ............................................................07 Figura 02 – “A liberdade guiando o povo” .........................................................10 Figura 03 – “Madame Monet en costume japonais” .........................................13 Figura 04 – Cores predominantes na Obra: “Impressão, nascer do Sol” .........15 Figura 05 – Formas, contraste entre cores e traços do pincel na Obra: “Impressão, nascer do Sol” ...............................................................................16 Figura 06 – Assimetria e divisão de planos na Obra: “Impressão, nascer do Sol” ...........................................................................................................................17 Figura 07 – Linhas diagonais e o reflexo do Sol na Obra: “Impressão, nascer do Sol” ....................................................................................................................18 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................07 1. HISTÓRIA DA ARTE ....................................................................................09 1.1 O contexto histórico ..........................................................................09 1.2 Quem foi Claude Monet? .................................................................11 1.3 O Impressionismo ............................................................................12 2. PERCEPÇÃO VISUAL: TEORIA E PSICOLOGIA DAS CORES ................14 2.1 Impressões e sensações ..................................................................14 3. INFORMÁTICA APLICADA .........................................................................16 3.1 Análises compositivas ......................................................................17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................19 5. REFERÊNCIAS ............................................................................................21 7 Introdução A tela intitulada “ Impressão, nascer do Sol”, 1872, de autoria do pintor francês Claude Monet, que traz como tema o nascer do Sol no porto de Le Havre, foi uma das precursoras de uma nova maneira de representação pictórica, reproduzindo uma nova composição espacial que apresentou um ângulo, até então, inusitado de organização da paisagem na tela. O estudo teve como objetivo principal elencar os acontecimentos históricos predecessores à confecção da obra em questão e identificar as influências artísticas que Monet recebeu em seus trabalhos. Figura 01 – Claude Monet - Impressão, nascer do Sol (1872) Museu Marmottan, Paris, França Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 212) A pesquisa desenvolvida utilizou-se dos conhecimentos práticos e teóricos adquiridos, até o presente momento, para redigir uma análise crítica sobre os elementos de cores, espacialidade das representações artísticas juntamente com os ideais subjetivos que os artistas, denominados 8 impressionistas, transmitiam em suas criações e exposições de arte do século XIX. Claude Monet tinha como preceito expressar os seus próprios sentimentos sobre o instante observado através de suas telas e não ser apenas o copista da paisagem enxergada, tudo se tratava de exprimir a impressão que aquele momento do dia, contemplado por seus olhos, causava em sua mente. “Em “Impressão, nascer do Sol”, a intenção de Monet não foi reproduzir fielmente a realidade – o porto de Le Havre, o mar, as embarcações, navegantes, o sol nascente. Essa cena é retratada com pinceladas largas que apenas sugerem o que o pintor desejarepresentar. Nada é detalhado. Percebemos a cena como que envolta pela neblina da manhã. Esta é uma das primeiras obras impressionistas”. (PROENÇA; GRAÇA, 2013, p. 212). No estudo em questão observou-se que as pinturas impressionistas rompiam laços com as regras da pintura clássica, ou seja, não havia simetria ou contraste de luz e sombra com a utilização do preto e branco, mas sim, composições inusitadas e sombras coloridas, destacou-se também a vontade de tentar registrar o fugaz da vida cotidiana. Todas essas mudanças na linguagem de representação da realidade foram resultado de um contexto histórico cheio de revoluções populares que traziam o pensamento iluminista do século XVIII como alicerce de suas motivações, o ser humano descobria os mistérios da natureza pela ciência, não mais pela fé. 9 1. História da Arte Mediante os conhecimentos adquiridos na disciplina História da Arte, investigou-se qual o contexto histórico a obra selecionada faz parte, quais foram os artistas de destaque na produção artística ocidental e quais foram os ideais defendidos no transcorrer das iniciativas criativas de vanguarda. Organizou-se, neste presente artigo, os conceitos teóricos e práticos difundidos pelos representantes do movimento artístico impressionista, destacando Claude Monet e seu quadro como objeto de estudo. O conteúdo abordado na disciplina História da Arte possibilitou uma visão mais clara sobre as formas de arte que se desenvolveram no século XIX e XX, suas principais influências e quais foram os avanços e contribuições mais importantes que deixaram para o século seguinte. 1.1. O contexto histórico Após a Revolução Industrial, a Europa do século XIX vivia um momento de intensa revolução no âmbito político e social, este período foi marcado pelo início dos debates sobre os direitos humanos e democracia, ao mesmo tempo, iniciou-se a discussão sobre os resultados e impactos da industrialização sobre a sociedade. A partir de 1840, a Europa passou a vivenciar diversos movimentos em prol da reforma política e libertação dos antigos regimes instalados, em 1846, o continente europeu foi atingido por uma crise econômica resultante da seca que atingiu a colheita de grãos, a falta de alimentos culminou em uma população operária revoltada e faminta que, discrente de seus líderes, exigia reformas urgentes. Na França, em 1848, a classe operária, sofrendo com o desemprego e baixos salários, revoltou-se contra a corrupção dos goverantes, exigindo direito de votos para todos e distribuição de riquezas nacionais com maior igualdade entre o povo. Mediante a atitude do proletariado francês, disseminou-se pela Europa desse período, os ideais de liberdade e igualdade, influenciando outras revoltas 10 e reivindicações populares através do velho mundo, resultando em transformações irreversíveis no âmbito político, social e artístico. Figura 02 – Eugène Delacroix - A liberdade guiando o povo (1830) Museu do Lovre, Paris, França Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 177) A Revolução Industrial, trouxe consigo, a modernidade, o avanço tecnológico, a produção em massa e a reestruturação social. A maneira como se vivia e produzia modificou-se rapidamente, a população concentrou-se nas cidades em busca de empregos e melhores condições de vida. A malha urbana, que antes era herança do período feudal, em consequência à essa aglomeração, foi reprojetada; as ruas e avenidas, antes pensadas para o pedestre e as carroças, foram redesenhadas para o automóvel. O tempo já não era o mesmo, e a modernidade cobrava por adequações, tanto nos meios de produção quanto no modo de vida, a velocidade dos acontecimentos acompanhavam a velocidade dos novos meios de transporte. “Diante dos grandes fenômenos que se seguem à Revolução Industrial, e, principalmente, do urbanismo e do advento dos novos 11 meios de locomoção, o século XIX defronta-se com os problemas do espaço urbano, irrompe para além dos muros antigos, cria novos bairros periféricos, formula os temas sociais da urbanística no sentido moderno da palavra, e constrói a cidade jardim”. (ZEVI; BRUNO, 2009, p. 120). O capitalismo embutiu em toda a sociedade européia a busca desenfreada por avanços tecnológicos constantes e estimulou o morador do campo a procurar por ascenção social nas cidades. 1.2. Quem foi Claude Monet? Nesse período de intensos progressos e revoluções, em 14 de novembro de 1840, nasceu em Paris, na Rue Lafitte, o artista Claude Monet. Em 1845, mudou-se com a família para a cidade portuária de Le Havre, uma comuna francesa na região administrativa da Normandia, no noroeste da França. Em 1862, frequentando o ateliê do mestre Charles Gleyre, Monet iniciou sua carreira artística, o método de trabalho de Claude Monet consistia em pintar ao ar livre, a grande parte de suas obras tinham como tema paisagens campestres e marítimas, onde o artista destacou nas suas composições a incidência da luz solar sobre o objeto representado e as cores puras complementares sem mistura. A intenção de Monet foi captar o instante de reflexão da luz solar sobre as coisas, ou seja, representar a “impressão” que uma determinada paisagem passava ao seu espectador naquele momento específico do dia, desta intenção surgiu o nome do movimento artístico iniciado por ele. Em 1874, na exposição em Le Boulevard des Capucines, apresentou-se ao público pela primeira vez, o quadro intitulado: “Impressão, nascer do Sol” ou “Impressão, Sol nascente”; os conceitos que Monet transmitiu através deste trabalho incentivou outros pintores a questionarem as regras da composição clássica, dando início ao Impressionismo. Em 1890, o pintor dedicou-se ao seu jardim em Giverny e às suas pinturas em série. Claude Monet faleceu em 06 de dezembro de 1926. 12 1.3. O Impressionismo Monet e seus amigos Renoir, Degas, Pisarro, Cézanne, Sisley e Morisot, após serem rejeitados pelo renomado Salon de Paris, em Abril de 1874, organizaram uma exposição de seus quadros em um estúdio de fotografia emprestado. Os trabalhos exibidos sofreram forte rejeição do público e dos críticos de arte da época. Louis Leroy, crítico de arte, escreveu um artigo para o jornal francês “Charivari” satirizando as obras expostas e descrevendo a visita à exposição impressionista como enlouquecedora, pois para ele, o espectador não saberia diferenciar a parte superior da inferior dos quadros expostos e as tintas estavam dispostas de maneira displicente, manchando as telas. A publicação teve grande repercussão e foi Leroy que batizou, de maneira desdenhosa, o movimento de “Impressionismo”, fazendo alusão à obra de Monet “Impressão, nascer do Sol”. Segundo Proença (2013:207), na realidade, não houve nenhuma teoria que orientasse a criação artística desses pintores, havia apenas algumas considerações gerais, muito mais práticas do que teóricas, que os artistas seguiam em seus procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizam a pintura impressionista. A tinta a óleo passou a ser armazenada em tubos de estanho, isso permitiu o seu transporte a vários lugares, os pintores da época usufruíram dessa possibilidade trabalhando diante da paisagem que desejavam retratar, no passado, toda a pintura era reproduzida dentro de um ateliê, o tema era apenas idealizado e não observado em tempo real. Para os impressionistas os seres humanos possuíam duas maneiras de enxergar o mundo: a primeira, biológica objetiva, ou seja, através dos olhos e retinas que enviam a imagem para o cérebro decodificar e a segunda, sensorial subjetiva, ou seja, como o indivíduo sente aquela atmosfera, qual a comoção que aquele instante transmite através das cores e reflexos luminosos. “A única preocupação que eles tiveramem comum foi a de se empenharem na representação dos efeitos ópticos da visão, tais como eram propostos pelas descobertas da física moderna. Ora, este método que se queria racional, experimental, devia conduzir à descoberta de um mundo de emoções pessoais, subjetivo, mágico, que é o próprio mundo da arte reencontrada”. (MATHEY; FRANÇOIS, 1976, p. 25). 13 Em uma época em que os impressionistas davam seus primeiros passos, em meados do século XIX, o Japão abriu seus portos aos estrangeiros e firmou acordos comerciais e políticos com a Europa e Estados Unidos, essa conexão, nunca antes alcançada, trouxe ao velho mundo as gravuras japonesas. Essas gravuras apresentavam fundamentos estéticos totalmente diferentes das artes ocidentais, ao contrário de uma obra da antiguidade clássica, os desenhos nipônicos não tinham simetria, não apresentavam fundo e as cores fundamentais eram o vermelho, azul, branco, amarelo, preto e verde. O vislumbre pelo Japão ficou evidente, por exemplo, na tela “Madame Monet en costume japonais” de 1875, onde Claude Monet retratou a sua primeira esposa vestindo um quimono. Figura 03 – Claude Monet - Madame Monet en costume japonais (1875) Museu de Belas Artes de Boston, Estados Unidos Fonte: Wikipedia, 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Monet_en_costume_japonais>. Acesso em: 13 de set. de 2021. https://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Monet_en_costume_japonais 14 A fotografia, tecnologia recém descoberta, também exerceu certo peso no Impressionismo e em seus representantes, a captura do cenário, no instante da concepção da foto, cria um enquadramento cortado, representação adotada pelos pintores da época, nesse método as figuras são desenhadas não totalmente, ou seja, em parte, a imagem completa fica por conta do imaginário inconsciente do espectador, permitindo outros pontos de vista e outros ângulos. “A época é propícia às inovações – embora nunca, talvez, a sociedade tenha feito um uso mais idiota daquilo que os seus homens de talento iam oferecer-lhe –, e os artistas não são os únicos a empreender esse inventário do mundo das aparências, que marca os inícios do Impressionismo. A invenção da fotografia segue no mesmo sentido, e impõe aos artistas a necessidade de uma nova visão”. (MATHEY; FRANÇOIS, 1976, p. 48). Em um aspecto os impressionistas coincidiam, suas obras exprimiam um significado subjetivo e único, pois cada pintor percebia uma imagem diferente em sua mente, trazendo uma representação livre e profundamente pessoal da natureza, portanto, não era mais a simples reprodução das formas dispostas na tela, mas sim, como o cenário era enxergado e qual era o significado dele para quem o pintava. 2. Percepção Visual: Teoria e Psicologia das Cores Através dos estudos realizados na disciplina Percepção Visual: Teoria e Psicologia das Cores sobre as sensações que as composições tonais transmitem, foi possível confirmar as provavéis causas da disposição e eleição de cores na obra de arte que este trabalho examina. Levou-se em consideração a justaposição das matizes, as saturações e as tonalidades presentes na pintura explicitando as suas respectivas intenções, trazendo para o primeiro plano as sensações psicológicas que Monet tentou explicitar. 2.1 Impressões e sensações O objeto de análise tem como título original “Impression, Soleil levant”, trata-se de quadro classificado no estilo impressionista, óleo sobre tela, 15 dimensões 48 x 63 cm, retrata uma composição simples de uma marinha nos primeiros instantes do dia. Claude Monet, autor da obra estudada, retratou a vista de sua janela, onde as figuras parecem estar envoltas por uma fumaça azulada, as formas tem pouca nitidez e nenhum contorno. As cores predominantes são as diferentes tonalidades de azul e vermelho – contraste entre cores complementares frias e quentes – e um pouco de azul- marinho bem escuro nos barcos menores, as cores são puras colocadas umas sobre as outras, Monet distribui uma gradação de tintas, escurecendo e clareando pontos específicos, conduzindo o olhar do público. Figura 04 – Cores predominantes na Obra: “Impressão, nascer do Sol” – Montagem feita no AutoCad 2015 pela aluna. Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 212) O exercício da pintura realizado fora do ateliê exigiu rapidez no pincel e na deposição das tintas sobre a tela, por isso o traço do pincel, no presente quadro, é tão singular; o céu é um azul frio - hora acinzentado, hora arroxeado - está em contraposição com o vermelho quente alaranjado do Sol nascente. 16 As formas sem contorno, no lado superior esquerdo da tela, se destacam pelo uso da cor fria, todavia, há grande contraste nesse ponto com a cor quente em segundo plano. O círculo vermelho, fora do eixo central da composição, destaca-se do fundo, transformando-se em um marco visual importante. Figura 05 – Formas, contraste entre cores e traços do pincel na Obra: “Impressão, nascer do Sol” – Montagem feita no AutoCad 2015 pela aluna. Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 212) 3. Informática Aplicada Na disciplina Informática Aplicada foram transmitidos diversos conceitos que disponibilizaram meios para o uso do programa AutoCad. Foram feitas montagens sobre a tela do artista Claude Monet para decifrar o conjunto da obra e apontar os traços marcantes do trabalho do francês. Os exercícios aplicados nas aulas permitiram a aprendizagem dos comandos: line (linha), circle (círculo), arc (arco) e erase (borracha), que contribuíram para a confecção de uma análise visual, dentro do software acima citado. A análise visual através do AutoCad consistiu em delimitar se há a construção de simetria, quais são os eixos de divisão da pintura e como a visão e mente são conduzidos para dentro da paisagem vespertina. Formas sem contorno Traços rápidos do pincel Contraste entre cor quente e fria, marco visual 17 3.1 Análises compositivas A pintura analisada é assimétrica - dividida em três partes - e não tem um acabamento clássico, parece um “rascunho” para a arte final, em destaque vemos o Sol e seu reflexo laranja sobre a água do mar calmo, essa sensação de água calma e sem ondas é transmitida através das pinceladas pequenas na parte inferior da pintura. Figura 06 – Assimetria e divisão de planos na Obra: “Impressão, nascer do Sol” Montagem feita no AutoCad 2015 pela aluna. Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 212) Barcos azuis-marinhos, quase pretos, na parte inferior da imagem, se sobressaem na cor turquesa da água do mar, que, manchada de laranja pelo reflexo solar, cria um realce visual dentro da cena, com isso criou-se uma sensação de movimento; a impressão que se tem é que a qualquer momento ouviremos as ondas quebrarem na orla. Quase eliminou-se a forma figurativa da obra, as mesmas são praticamente abstratas, fazendo alusão a arquétipos conhecidos e ao fundo temos a sugestão de uma construção qualquer ou uma cidade, tudo para que o público imagine o enredo misterioso da cena. 18 Monet foi um grande estudioso da atmosfera que a luz solar criava no horizonte, neste Sol nascente ele inova na representação da luz e expressa os próprios sentimentos muito antes de representar a paisagem. A cor que predomina é o azul, cor fria, quase translúcida, trazendo consigo a sensação de que o mundo despertou naquele instante, os primeiros raios do Sol aqueceram a água do mar vagarosamente e a cidade, ao fundo, começou o seu cotidiano. A névoa se faz presente por meio do desfoque da cena, o preenchimento das formas foi feito por manchas de tinta somando um caráter efêmero ao quadro. A perspectiva não é linear, os navios no fundo, quase desaparecendo, dão a impressão de profundidade, os barcos estão dispostos na diagonal, dando a impressãode distância e ângulo de visão inusual. Figura 07 – Linhas diagonais e o reflexo do Sol na Obra: “Impressão, nascer do Sol” - Montagem feita no AutoCad 2015 pela aluna. Fonte: PROENÇA; GRAÇA (2013, p. 212) Em uma composição clássica há, na maioria dos casos, um ponto de fuga, onde todos os objetos da tela se submetem, há simetria e o elemento principal está no centro como destaque da pintura, já no nosso objeto de estudo, essa simetria, ponto de fuga e centralidade do olhar não estão presentes. As sombras não são mais escuras, são feitas através da proximidade das cores complementares. Tema principal descentralizado e não alinhado em simetria Tela composta em linhas diagonais 19 4. Considerações finais Mediante todos os saberes atingidos na disciplina História da Arte, onde aprendeu-se sobre os movimentos artísticos vanguardistas e as revoluções sociais históricas do século XIX, foi exequível ponderar criticamente sobre os ideais Impressionistas e a libertação da representação que almejavam. A disciplina de Percepção Visual: Teoria e Psicologia das Cores forneceu habilidades para a identificação do uso das cores e seus significados juntamente com a descoberta de quais sensações Claude Monet pretendeu expor com o seu trabalho. A leitura compositiva da imagem foi feita com os comandos de desenho do programa AutoCad, assimilados nas aulas da disciplina Informática Aplicada. Diante da obra que este estudo dissecou, conclui-se que a tela deu o ponta pé inicial na diluição das formas que viria mais tarde e influenciou os artistas seguintes para ousarem e iniciarem a pintura abstracionista moderna. Firmados no ideal de renovação, muitos contemporâneos ao movimento impressionista, experimentaram expressar óticas diferentes sobre o mesmo objeto de acordo com o ambiente e a luz que o envolvia. “Afirmando o primado da luz, renovaram a noção da forma pictórica, ela própria condicionada pela cor. Isso exigia novas técnicas, mas uma linguagem tanto mais simples e imediata quanto significativa. A pretensa destruição, ou “pulverização” da forma, pelos impressionistas, rompe com a representação do mundo exterior”. (MATHEY; FRANÇOIS, 1976, p. 08). Os aspectos elencados, onde se debruçou a análise, revelou uma técnica de distribuição das tintas no quadro - diretamente aplicadas - que quebrou rígidas exigências do academicismo, rompendo laços com os conceitos clássicos defendidos, até então, como belos, absolutos e aclamados pelos tradicionalistas. O uso das paisagens campestres, marítimas e urbanas, a inovação na junção e organização de cores, a pintura rápida para captar o instante finito e a vontade de externar o sentimento único do pintor caracterizou profundamente a obra de Monet analisada no presente artigo. Observou-se que os impressionistas, que se destacaram dentro do movimento, buscavam por artes orientais que não tinham influência do velho 20 mundo para conceber algo novo, que alforriasse o artífice do passado greco- romano e da busca do mundo ideal e simétrico regido pela proporção áurea. Com novas discussões trazidas pelas inovações tecnológicas, como a fotografia por exemplo, perseguiu-se uma outra maneira de apregoar a mensagem da pintura pelo uso de uma nova composição espacial dentro do quadro, tocando o observador mais subjetivamente com a exclusão do contorno e a ausência da exatidão das figuras. Em virtude de representar o mundo natural com o toque pessoal do criador, abriu-se o caminho para novas opiniões sobre o papel da arte, o quadro de Monet, que esta crítica lançou olhar, não foi simplesmente um ato de rebeldia arbitrária, mas trata-se de um divisor de águas determinante para a concessão de autonomia aos futuros companheiros de ofício desenvolverem as próprias linguagens pictóricas. Este Projeto Integrado Multidisciplinar contribuiu para o desenvolvimento de um olhar mais sensível perante os efeitos e significados que as cores e as suas combinações trazem para dentro das criações projetuais, a posse dessa habilidade torna um designer de interiores mais completo e apto para o exercício de sua profissão. 21 REFERÊNCIAS A EUROPA no século XIX. Educabras, 2021. Disponível em: <https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/historia/historia_geral/aula s/a_europa_no_seculo_xix>. Acesso em: 12 de set. de 2021. BRODSKAÏA, Nathalia. Impressionismo: Coleção Folha O Mundo da Arte. São Paulo: Editora Folha de São Paulo, 2017. KATSURAYAMA, Maria Aparecida Cordeiro. A influência da arte Japonesa na representação da espacialidade Impressionista. Pucsp, 2021. Disponível em: <http://www4.pucsp.br/ic/20encontro/downloads/artigos/MARIA_APARECIDA_ CORDEIRO_KATSURAYAMA.pdf>. Acesso em: 13 de set. de 2021. MADAME Monet en costume japonais. Wikipedia, 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Monet_en_costume_japonais>. Acesso em: 13 de set. de 2021. MATHEY, François. O Impressionismo. São Paulo: Editora Verbo S/A, 1976. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática Didáticos, 2013. ZEVI, Bruno. Saber ver a Arquitetura. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/historia/historia_geral/aulas/a_europa_no_seculo_xix https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/historia/historia_geral/aulas/a_europa_no_seculo_xix http://www4.pucsp.br/ic/20encontro/downloads/artigos/MARIA_APARECIDA_CORDEIRO_KATSURAYAMA.pdf http://www4.pucsp.br/ic/20encontro/downloads/artigos/MARIA_APARECIDA_CORDEIRO_KATSURAYAMA.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Monet_en_costume_japonais
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