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INÍCIO DA EXECUÇÃO PENAL, PROGRESSÃO E REGRESSÃO

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INÍCIO DA EXECUÇÃO PENAL, PROGRESSÃO E REGRESSÃO 
 
I – INÍCIO DA EXECUÇÃO 
 
A competência do juízo das execuções se inicia com a chegada da guia 
(carta de guia). 
No caso de pena privativa de liberdade, é chamada de guia de 
recolhimento. 
Na medida de segurança, seria guia de internação ou de tratamento, 
dependendo da espécie da medida. 
 
 
1 – EXPEDIÇÃO DA GUIA 
 
Na medida de segurança, na pena restritiva de direitos e na pena de 
multa a guia só será expedida após o trânsito em julgado da decisão que impõe a sanção 
(condenatória ou absolutória imprópria). 
Na pena privativa de liberdade, a expedição da guia de recolhimento 
depende: 
- Se o réu responder solto até o trânsito em julgado, a guia de recolhimento só será 
expedida após o trânsito em julgado e prisão do réu; 
- Se o réu aguardar preso o julgamento do recurso, será expedida a guia de recolhimento 
assim que, já detido, for interposto recurso. É a execução provisória da pena privativa de 
liberdade. 
 
 
2 – EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – (antecipação dos 
benefícios) 
 
A Resolução 113 do CNJ disciplina a execução provisória da pena 
privativa de liberdade com o objetivo de garantir ao réu os direitos e benefícios da 
execução penal (como a progressão), mesmo que tenha exercido o direito de recorrer. 
 
- Críticas do Ministério Público: 
 
(i) - É temerário decidir sobre progressão e outros benefícios da 
execução penal durante a tramitação de recurso do MP, pois a pena ainda poderá ser 
aumentada, o que tornaria o cálculo da execução errado; 
(ii) - O deferimento de benefícios que resultam na libertação – ainda que 
monitorada – do réu estimulam a fuga e a impunidade; 
(iii) - Apenas com o trânsito em julgado da condenação para o MP seria 
possível a execução provisória da pena privativa de liberdade com uma base de cálculo 
confiável. 
 
- Resposta à crítica do MP: 
 
(i)- Temerária é sempre a prisão antes de uma condenação com trânsito 
em julgado. Se o réu está preso e interpôs recurso, não pode ser prejudicado pelo exercício 
de tal direito, e devem ser apreciados os direitos da execução penal. O exercício de um 
direito constitucional não pode estar atrelado à renúncia do direito à liberdade; 
(ii) - A análise dos direitos da execução penal apenas estabiliza a relação 
processual e impede prisão desnecessária a abusiva. Se a pena provisoriamente fixada 
permite a progressão, deve ser deferida; 
(iii) - A sentença condenatória, se é apta a justificar a prisão cautelar, é 
ainda mais apta a justificar o cálculo dos direitos da execução penal. Mais e ainda, não se 
pode permitir que os direitos de uma parte possam ser manipulados pela parte adversa. 
 
Conclusão: a Resolução 113 do CNJ esclarece que é desnecessário 
trânsito em julgado para a acusação para que tenha início a execução provisória. 
Basta que o réu esteja preso e seja interposto recurso contra a decisão 
condenatória. 
 
 
II – PROGRESSÃO 
 
1 – SISTEMA PROGRESSIVO 
 
Tem como inspiração o sistema de bonus and marks: o bom 
comportamento traz prêmios, enquanto o mau comportamento impõe castigos. 
Progressão é a passagem de um regime mais grave para outro mais 
ameno. Hoje é pacífica a impossibilidade da progressão por salto (Súmula 491 do STJ), ou 
seja, a passagem direta do regime fechado para o aberto. 
 
- Crítica: 
 
A base legal para a Súmula 491 do STJ estava na antiga redação do artigo 
112 da LEP, que exigia o cumprimento de fração da pena “no regime anterior”. A LEP hoje 
não mais exige o cumprimento de fração da pena “no regime anterior”, ou seja, a base legal 
da Súmula foi alterada, o que exige sua revisão. 
Além disso, em ao menos 2 casos a inviabilidade de progressão por salto 
atenta contra a equidade: 
 
a) Se o Estado demora tanto para processar a primeira progressão que já estão 
cumpridos os requisitos para duas progressões; 
 
b) Se a base de cálculo para a progressão foi altera pela redução da pena em revisão 
criminal, apelação ou habeas corpus, e a nova pena (reduzida) permitiria duas 
progressões. 
 
 
2 – REQUISITOS PARA A PROGRESSÃO 
 
2. 1 – PRIMEIRO REQUISITO: cumprimento de parcela da pena 
 
- Crimes praticados antes de 23 de janeiro de 2020: 
 
Crimes comuns: 1/6 da pena; 
Crimes hediondos ou equiparados: 2/5 (primário) ou 3/5 (reincidente). 
 
- Crimes praticados após 23 de janeiro de 2020: 
 
I – Crime sem violência ou grave ameaça 16% Mudança retroativa 
II – Reincidente em crime sem violência ou grave ameaça 20% “ ” irretroativa 
III – Crime com violência ou grave ameaça 25% “ ” irretroativa 
IV – Reincidente em crime com violência ou grave ameaça 30% “ ” irretroativa 
V – Hediondo ou equiparado 40% Idêntico 
VI – Hediondo ou equiparado com resultado morte 
- Comando de ORCRIM para prática de crime hediondo ou 
equiparado; 
- Milícia privada. 
50% irretroativa 
 
VII – Reincidente em crime hediondo ou equiparado* 60% Polêmico 
VIII – Reincidente em crime hediondo ou equiparado com 
morte 
70% irretroativa 
 
 
INCISO VII*: Antes de 23 de janeiro de 2020, era pacífica a orientação 
que toda espécie de reincidência exigiria 3/5 da pena para progressão do condenado por 
crime hediondo. Não interessava a natureza do crime cuja condenação provocaria a 
reincidência. Na nova lei, é exigida a reincidência “específica” na prática de crime 
hediondo, ou persiste o antigo entendimento? 
1ª posição – MP – nada mudou, ou seja, se o réu é reincidente e 
condenado por crime hediondo, não importa a natureza do crime cuja condenação 
provoca a reincidência. 
2 argumentos: 
- A nova lei, hoje em vigor, não exige reincidência específica para impor 
3/5 da pena como condição para progressão. Quando o legislador quer identidade entre 
o crime anterior e o posterior, na reincidência, se vale da expressão “reincidência 
específica”, como no artigo 83, inciso V, do CP. 
- A clara intenção do legislador era incrementar o rigor dos requisitos 
para a progressão, e não abrandá-los. Outra interpretação viola a clara intenção dos 
representantes do povo. 
2ª posição: A nova lei exige reincidência em crime hediondo, ou seja, que 
o condenado por crime hediondo seja reincidente em razão de condenação anterior 
também por crime hediondo, ou seja, exige reincidência específica. Se o condenado por 
crime hediondo for reincidente em razão de condenação anterior por crime comum, 
deverá incidir o inciso V, com a exigência de apenas 2/5 da pena. 
3 argumentos: 
- A antiga lei exigia 3/5 para o “condenado por crime hediondo, se 
reincidente”. A nova lei exige “reincidência na prática de crime hediondo”, com sentido 
evidentemente diverso, exigindo a reiteração na prática de crime hediondo. 
- Não é verdade que o Código Penal usa sempre a expressão “reincidência 
específica” ao exigir identidade entre o crime anterior e o posterior na reincidência. São 
vários os casos em que o código exige identidade entre o crime anterior e posterior com 
a expressão “reincidente em”, assim como o artigo 122, inciso V.  Artigo 4, §3º 
(reincidente no mesmo crime doloso); artigo 77 (reincidente em crime doloso); artigo 83, 
inciso II (reincidente em crime doloso); artigo 297 do CTB (reincidente em crime previsto 
neste Código). 
- Não se pode confundir a intenção do legislador com a intenção do 
relator ou do proponente do projeto. A única vontade do legislador que pode ser 
comprovada é a concretizada na letra da lei. 
Hoje é pacífica a orientação do STJ pela segunda posição (Tema 1084). 
O mesmo raciocínio é majoritário para os incisos II, IV e VIII. 
 
 
2. 2 – SEGUNDO REQUISITO: aptidão para progredir (bom comportamento) 
 
Em regra, o bom comportamento (aptidão para progredir) será 
comprovado por atestado de conduta carcerária, firmado pelo diretor do 
estabelecimento. O exame criminológico teria sido, a princípio, afastado, pois: 
- É um exameque exige profissionais em um país com recursos escassos, e a falta de 
peritos provoca grande atraso na confecção de laudos que baseariam as decisões sobre 
progressão; 
- O exame não tem sentido, pois busca avaliar a periculosidade, que é a probabilidade de 
praticar novos crimes. No entanto, o crime é fato comum na sociedade, e praticamente 
todos praticam crimes, tornando o referido exame “sem sentido”. 
A Súmula 439 do STJ pacificou que o exame criminológico não está 
proibido, mas só será admitido em decisão que justifique sua necessidade nas 
peculiaridades do caso concreto. 
OBS: Não são fundamentos suficientes para a realização de exame 
criminológico: 
- A gravidade em abstrato do crime ou seu caráter hediondo; 
- A reincidência não é motivo suficiente; 
- Longa pena a cumprir. 
 
OBS: Nos termos do artigo 112, §7º, da LEP, o bom comportamento será 
recuperado: 
a) Após 1 ano da prática da falta grave; 
 
b) Ou antes, se cumprido o requisito temporal para progressão. 
 
 
2.3 – OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE A PROGRESSÃO 
 
1 – Nos termos da Súmula 715 do STF, a progressão será calculada com 
base na pena total aplicada, e não na unificação em 30/40 anos. 
 
2 – O requisito temporal para a segunda progressão será calculado com 
base na pena que resta a cumprir. Pena cumprida é pena extinta, e não pode ser 
considerada para o cálculo da progressão. 
 
3 – É pacífica a orientação dos tribunais superiores que a decisão que 
defere a progressão tem conteúdo declaratório, ex tunc. Assim, o termo inicial da 
contagem do requisito temporal para a segunda progressão será o dia em que cumpridos 
os requisitos para a primeira progressão, e não do dia em que deferida a primeira 
progressão. 
Exemplo: 12 anos para cumprir. 
Progressão Mas só progrediu 
depois de no dia B 
2 anos A B 
 
Pergunta: Qual o termo inicial para começar a contagem para a segunda 
progressão? O dia A que o dia em que cumpriu o requisito ou o dia B que é quando ele 
efetivamente progrediu? 
Hoje é pacífico que é o dia A, pois a decisão tem conteúdo declaratório e então retroage 
para o dia que foram cumpridos os requisitos para a progressão. 
 
4 – A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a 
progressão, ou seja, com a prática da falta grave será desprezado o tempo de pena já 
cumprido para a progressão, e reiniciada a contagem a partir da falta, tendo como critério 
o que restava de pena a cumprir. 
 
5 – Nos crimes contra a administração pública, a progressão fica 
condicionada à reparação do dano, com acréscimos legais (artigo 33, §4º, do CP). 
 
6 – Nos termos do artigo 112, §3º, da LEP, no caso de mulher gestante ou 
que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para a 
progressão de regime são, cumulativamente: 
- Cumprimento de 1/8 da pena (não importa se é crime hediondo); 
- Crime sem violência ou grave ameaça a pessoa; 
- Não ter cometido o crime contra o filho ou dependente; 
- Ser primária e ter bom comportamento carcerário; 
- Não ter integrado organização criminosa. 
 
 
III – REGRESSÃO 
 
Regressão é a passagem de um regime mais ameno para outro mais 
grave. É possível a regressão por salto. 
Está regulamentada no artigo 118 da LEP. Nos termos deste artigo, a 
pena fica sujeita a regressão quando o condenado: 
I – pratica fato definido como crime doloso ou falta grave; 
Lembrar que a Súmula 526 do STJ consolidou que é desnecessária condenação definitiva 
para o reconhecimento da falta grave pela prática de crime doloso. 
 
II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em 
execução, torne incabível o regime (artigo 111 da LEP). 
 
§1º - frustrar os fins da execução no regime aberto ou, cumprindo pena em regime aberto, 
deixar de pagar a multa, sendo solvente. 
- “Frustrar fins”: prevalece que é descumprimento das condições do regime aberto; 
- E hoje minoritário entendimento que a regressão pelo inadimplemento da multa é 
inconstitucional por ser prisão por dívida. Prevalece no STF que, se o réu for solvente, o 
inadimplemento da multa é um atentado contra a Corte, que merece ser castigado. 
 
Nos termos do artigo 118, §2º, ressalvada a hipótese do artigo 118, inciso 
II, a regressão deverá ser procedida de oitiva do condenado (autodefesa). 
 
 
1 – REGRESSÃO CAUTELAR – suspensão de regime 
 
É pacífica a orientação dos tribunais pela possibilidade de regressão 
cautelar, ou suspensão cautelar do regime de cumprimento de pena. O fundamento seria 
o poder geral de cautela do juiz. Com a notícia da prática de falta grave ou causa de 
regressão, poderia ser decretada a regressão cautelar enquanto apurada a conduta que 
pode gerar regressão. 
Crítica: ensina Badaró que no processo penal as cautelares pessoais são 
típicas, taxativas. Não existe poder geral de cautela no processo penal. Além disso, no caso 
Iribarne x Chile, a Corte Interamericana de Direitos Humanos já decidiu que não se pode 
decretar cautelar pessoal sem expressa e anterior previsão legal.

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