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8 - itens 4.1 a 4.2.3 (1)

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EAE 0305 – Contabilidade Social
Aulas 15 e 16 – Problemas de Mensuração: Introdução e Dificuldades Técnicas
(itens 4.1 e 4.2 do programa)
Profª. Leda Paulani
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4.1 Problemas de Mensuração - Introdução
A tarefa de mensurar as variáveis para a elaboração de um sistema de contas nacionais numa economia real é bastante complexa e enfrenta problemas de variada ordem.
Essas dificuldades podem ser classificadas, de acordo com sua natureza em:
 Dificuldades técnicas (como aquelas decorrentes da existência de inflação e da necessidade de se estabelecer comparações entre países);
 Dificuldades operacionais (como aquelas decorrentes da existência de economia informal e de atividades ilícitas); e
 Dificuldades conceituais (como as decorrentes da existência de atividades não monetizadas e as envolvidas na problemática ambiental). 
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4.2.1 Dificuldades Técnicas 
Contabilidade Real x Contabilidade Nominal
A maior parte das variáveis que o SCN registra resulta da multiplicação de quantidades por preços. Assim esses valores estão sempre sujeitos a alterações que dependem do comportamento dos preços.
Por isso, quando se compara um agregado, por exemplo o PIB, em diferentes momentos do tempo, para verificar sua evolução, é preciso se certificar de que a comparação é válida. Do contrário, poderemos ser induzidos a achar que, por exemplo, houve crescimento, quando, na realidade, pode ter havido apenas elevação dos preços, ou uma parte muito grande da variação observada ser explicada pelo comportamento dos preços e não por crescimento real. 
Para que a comparação seja válida, é preciso comparar os agregados mensurando-os com preços do mesmo momento do tempo. Se assim fizermos, podemos ter certeza de que as variações observadas representam variações reais experimentadas pelos agregados. Sem tomar esse cuidado, estaremos observando apenas as variações nominais, sem poder tirar nenhuma conclusão sobre o efetivo comportamento dos agregados entre esses diferentes momentos do tempo.
A técnica que nos permite comparar o valor das variáveis econômicas a preços de um mesmo momento chama- se deflacionamento e seus instrumentos são os índices de preço.
 
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4.2.1 Dificuldades Técnicas 
Contabilidade Real x Contabilidade Nominal
Os índices de preço avaliam a variação dos preços num determinado período de tempo e aparecem sob a forma de números índices.
Observemos os valores de PIB que aparecem para a economia brasileira na tabela abaixo.
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4.2.1 Dificuldades Técnicas 
Contabilidade Real x Contabilidade Nominal
Vejamos agora a mesma tabela, porém com as variações reais adicionadas.
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4.2.1 Dificuldades Técnicas 
Contabilidade Real x Contabilidade Nominal
Como fica claro pela comparação entre as duas últimas colunas da tabela anterior, parte do que aparecia como “crescimento” do PIB nos anos do período considerado era de fato apenas crescimento dos preços, não das quantidades produzidas.
Assim, não podemos esquecer que para avaliar a evolução real de uma variável entre dois momentos do tempo, é preciso sempre descontar de seu valor nominal, ou seja, de seu valor cotado nos preços do momento final, o efeito produzido sobre ele pela própria variação dos preços entre esses dois momentos. 
Qualquer que seja a série em questão, se ela for de valores, ou seja, se ela envolver preços, precisamos desconsiderar as variações desses preços para avaliar corretamente o comportamento da variável à qual a série se refere. 
Em nossa tabela anterior, verificamos inicialmente a variação total do valor do PIB no período 1993-2006, e acrescentamos em seguida as informações da variação apenas do volume dos bens e serviços produzidos, ou seja, das quantidades (crescimento real). De posse dessas informações podemos calcular o deflator do PIB.
Com isso a variação total inicialmente disponível aparece decomposta em seus dois elementos, quais sejam variação das quantidades (variação real) e variação dos preços (deflator). 
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4.2.1 Dificuldades Técnicas 
Contabilidade Real x Contabilidade Nominal
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
Mas o que são índices de preços? 
Como vimos, só são comparáveis valores que estão na mesma base, ou seja, que estão mensurados considerando-se os mesmos preços.
Por exemplo, a série de valores nominais de PIB anteriormente apresentada, pode também ser apresentada em termos reais, ou seja, com seus valores mensurados a preços de um determinado ano, por exemplo, o ano 2000, ou 1993, ou qualquer outro.
 Um índice de preços permite exatamente que se faça a operação de conversão de uma série de valores nominais (portanto valores em bases distintas), em valores de mesma base (ou valores reais). 
Para entendermos corretamente o funcionamento dos índices de preços precisamos antes entender o que é um número índice. 
Os números índices têm por objetivo mensurar a evolução relativa de uma ou mais séries de dados ao longo do tempo. 
 
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
Consideremos a tabela abaixo sobre a produção de trigo no Brasil, no período 2001-2007, em milhões de toneladas e observemos o índice que se pode construir para ela:
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
O índice que aparece na tabela anterior é um índice simples, porque busca medir a evolução de apenas uma série homogênea de dados.
Por exemplo, poderíamos ter construído um índice sobre a evolução do preço médio de venda da tonelada de trigo. 
Esse não seria, contudo, um índice de preço. Um índice de preço é mais complexo, pois envolve necessariamente mais de uma série temporal, normalmente séries de preços e séries de quantidades. 
Eles são considerados por isso índices compostos. Os índices compostos são utilizados quando se torna necessário trabalhar com um conjunto de séries de natureza distinta (por exemplo, preços e quantidades).
Os índices de preços mais conhecidos e mais utilizados são os de Laspeyres, Paasche e Fisher. Mas eles também podem ser de quantidades. 
A seguir temos as fórmulas de Laysperes e Paasche dos índices de preços e de quantidades (Lp, Lq, Pp e Pq)
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
Tomemos os dados abaixo referentes à economia H, que produz três bens, no período 0-3:
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
Se calcularmos o valor nominal do produto agregado dessa economia no período 0-3, encontraremos as seguintes variações:
Como saber que parcela do crescimento verificado em cada ano deve-se a crescimento real e que parcela deve-se a mera alteração nos preços?
Já sabemos que podemos descobrir a resposta a essa pergunta calculando um índice de preços para essa economia nesse período. Calculemos então o índice Laspeyres, tomando como base o ano 0. 
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4.2.2 Dificuldades Técnicas - Índices de Preços
 Lp (0,1) = (2,5*10) + (3,8*15) + (4,5*20)/(2,0*10) + (3,5*15) + (4,0*20) = 1,1279
Lp (0,2) = (3,5*10) + (4,5*15) + (6,5*20)/(2,0*10) + (3,5*15) + (4,0*20) = 1,5245
Lp (0,3) = (3,2*10) + (4,5*15) + (7,0*20)/(2,0*10) + (3,5*15) + (4,0*20) = 1,5704
Podemos agora descobrir que parcela das variações nominais anteriormente verificadas deveu-se a crescimento real do produto da economia H.
 
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4.2.3 Dificuldades Técnicas 
Comparações entre países e PPP
É muito comum em análises e estudos, principalmente os de natureza macroeconômica, a realização de comparações entre o valor das variáveis em diferentes países. 
Como comparar, por exemplo, o PIB e o PIB per capita de vários países tendo em vista avaliar seu grau de desenvolvimento? O primeiro e principal problema aí envolvido é que as variáveis são mensuradas na moeda doméstica de cada país, não sendo portanto diretamente comparáveis.
A taxa de câmbio é, como se sabe, o fator que converte valores na moeda de um país em valores na moeda de outro país. Com isso resolver-se-ia então o problema. Mas a questão não é tão simples. 
Em primeiro lugar, as taxas de câmbio variam em função de uma série de causas
e não apenas em função de variações no poder de compra das duas moedas. Essa característica é mais forte na época atual, em que o regime cambial da maioria dos países é o regime de taxas flutuantes e em que as economias são financeiramente abertas.
Além disso, nem todos os bens e serviços produzidos por uma dada economia são tradables (isto é, internacionalmente transacionáveis), o que complica ainda mais a questão.
Finalmente há questões que atingem todos os bens (tradables e não tradables) e que são relativas a subsídios, tarifas alfandegárias e custos de transporte diferenciados entre países.
Todos esses problemas fazem com que a comparação entre PIBs e PIBs per capita de dois diferentes países não seja adequada, se eles foram convertidos à mesma unidade monetária por meio da taxa de câmbio.
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4.2.3 Dificuldades Técnicas 
Comparações entre países e PPP
Para contornar esses problemas e tornar possível as comparações internacionais, costuma-se ajustar os valores obtidos pela conversão via taxa de câmbio por um índice de paridade de poder de compra (PPP), derivado do termo em inglês purchase power parity. 
Como a maior parte das comparações internacionais utiliza a moeda americana (US$), elas passam a utilizar então a taxa de câmbio da moeda de cada país com o dólar americano, ajustada pelo índice PPP. 
A construção de um índice em termos de PPP é elaborada para uma dada cesta de bens e serviços, que supõe-se ser ofertada em ambas as economias. (Ex.: índice Mac Donalds).
Assim torna-se possível comparar o poder de compra de um país em termos do poder de compra de outro país. Os índices PPP são índices espaciais, em contraposição aos índices de preço usuais, que são índices temporais. Sua base é usualmente a economia americana, mas evidentemente pode-se tomar como base a economia de qualquer outro país.
Assim, se, tomando-se a economia americana como base, um país tem um índice PPP igual a, por exemplo, 0,9, seu PIB per capita será maior, quando convertido pelo dólar PPP, do que quando convertido pela taxa de câmbio entre o dólar americano e a moeda doméstica desse país. Se o índice do país for maior que 1,0, o resultado será o inverso.
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4.2.3 Dificuldades Técnicas 
Comparações entre países e PPP
Abaixo um exemplo sobre a alteração nos valores de PIB per capita produzida pela utilização do dólar PPP, ao invés da taxa de câmbio comum.

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