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APS DIREITO PENAL (BAGATELA)

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RESENHA CRÍTICA 
BAGATELA 
Unidade: Caratinga 
Disciplina: Direito Penal IV 
Professor: Fábio Almeida Pedroto 
Componentes do grupo: Bárbara Junia Freitas Soares, Erick Felipe de Oliveira, 
Larissa Villela Silva, Marcos Badaró Nunes e Maria Cristina Barbosa Santos. 
Data da apresentação: 29/03/2021 
 
INTRODUÇÃO 
O documentário “Bagatela”, publicado no ano de 2010, tendo como autora e diretora 
Clara Ramos, tem por objetivo colocar em pauta um assunto gerador de polêmica no 
contexto atual de nossa sociedade, que seria o Princípio da Bagatela (ou 
Insignificância). Este documentário reuniu a história de várias detentas presas por 
pequenos furtos e também contou com a opinião e crítica de operadores do Direito 
ligados diretamente ao sistema Penal. 
Com a duração de 52 minutos, Bagatela expõe fragilidades do sistema judiciário 
brasileiro e a tensa relação entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda. 
Versando sobre o crime previsto no artigo 155, do Código Penal, o furto, traz 
opiniões abordando que se não houver punição para o delito, pode ocorrer uma 
certa legitimação da conduta, em contrapartida, ao Princípio da Insignificância, que 
visa desconsiderar determinado fato como crime, pela proporção que ele tem em 
seus resultados, ou seja, caso o fato não cause uma lesão efetiva aos bens jurídicos 
protegidos pelo Direito Penal. 
Bagatela também faz crítica ao caráter de seletividade do Sistema Penal, onde: “não 
basta a prática de uma conduta contrária às normas para ser considerado um 
criminoso, de modo que a condição de desviante é o resultado do etiquetamento 
social”. Há um paralelo entre a falta de punição e fiscalização de condutas mais 
nocivas e o excesso de punição por condutas tidas como singelas, sem danos 
maiores. Este documentário traz consigo um olhar para a realidade de como o 
Direito é aplicado como norma de conduta e também menciona a importância da 
análise da motivação do furto, o meio social e a penalidade sofrida, além de trazer 
uma reflexão humanista. 
Um ponto importante trazido no documentário é a reflexão em torno de quem vai 
definir o que é insignificante para o Direito, visto que para cada operador há uma 
interpretação diferente para o mesmo. Afinal a questão social, principalmente 
condições precárias que formam apresentadas em Bagatela, se encontra 
entrelaçada de certa forma com esse conceito, o que o torna muito subjetivo. 
 
2 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
A doutrina, ao versar sobre o tema, entende que o Princípio da Insignificância incide 
sobre a tipicidade material do delito. Portanto, na análise da conduta, tomando como 
norteador a estrutura analítica do crime abraçada pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, mesmo que o fato se amolde perfeitamente na conduta típica descrita no 
dispositivo legal, tipicidade formal, deve-se analisar se no contexto há uma 
verdadeira agressão ao bem jurídico tutelado (GRECO, 2020)1. 
Contudo, como abordado no documentário, um dos grandes problemas vindos deste 
princípio é a subjetividade intrínseca do mesmo. A “insignificância”, mesmo não 
podendo incidir em fatos com ocorrência de violência ou grave ameaça, ou nos 
contextos de violência doméstica (Súmula n° 589, STJ)2, possui um campo muito 
vasto que deve sofrer limites em sua aplicação. 
Deve o julgador, diante de um recorrente infrator do crime de furto onde os objetos 
materiais são de valor inferior a um salário mínimo, isentar por diversas vezes a 
sanção em decorrência da bagatela? Aqui a resposta tende a ser negativa. Torna-se 
obrigatório, além da análise do valor do objeto ou a condição da vítima, outras 
‘nuances’ do caso como, por óbvio, a recorrência do infrator nesses delitos ou 
mesmo sua primariedade e, é claro, a situação do mesmo no contexto fático onde, 
mesmo na impossibilidade de aplicação de uma pena privativa de liberdade, pode 
ser viável uma medida de segurança ou tratamento de alguma dependência 
química. 
Porém, tornando mais complexo a discussão, deve, o julgador do caso concreto e 
qualquer cidadão que queira se posicionar sobre o assunto, levar em consideração o 
sistema prisional brasileiro. A doutrina entende que a pena, além de retribuir o delito, 
deve prevenir (prevenção geral) através da intimidação, a sociedade prevê a 
possível implicação de praticar ilícitos penais, e, mais importante e ignorado 
sistematicamente, reeducar o condenado (GRECO, 2020). 
Ora, ao sancionar uma conduta como as abordadas no documentário deve ser 
percebido que o infrator, que até então dirigia suas condutas a lesões de menor 
potencial ofensivo, irá ter contato com toda uma parcela de pessoas que, 
possivelmente, praticaram ações realmente passiveis da aplicação do cerceamento 
de liberdade. Não obstante, a Lei de execuções penais3 possuir um sistema inteiro 
de individualização dos condenados, artigo 5° ao 9°, não é surpresa para a 
sociedade que um sistema prisional falido e, por muitas vezes, falho sirva de ponte 
para o contato de pessoas ao crime sistemático, tornando, assim, a reeducação e 
reinserção do preso uma piada de mal gosto (GRECO, 2020). 
As histórias reais apresentadas em “Bagatela” mostra o excesso de punição por atos 
singelos comparados a condutas mais graves, pois muito embora comentam atos 
delinquentes, na prática, é muito mais fácil, para a sociedade civil, submeter estes 
 
1 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Niterói: Impetus, 2020. V. 3. 
2 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 589. 
3 BRASIL. Lei de execução penal, promulgada em 11 de julho de 1984. Brasília: Senado Federal, 
Subchefia para assuntos jurídicos. 
 
3 
 
 
casos ao judiciário, do que reconhecer que inúmeras dessas infrações são causadas 
pela pobreza, sendo reflexo de uma sociedade que enfrenta diversas desigualdades. 
E mesmo que, os Tribunais estão acolhendo a insignificância, ainda há muitas 
divergências entre os juízes. 
CONCLUSÃO 
Por conseguinte, é possível analisar a importância da evolução do Direito Penal e 
sua aplicação. É preciso encaixar nesta conclusão o Princípio da Intervenção 
Mínima que é conceituado por, afastar a atuação do Direito Penal na sociedade, ou 
em outros dizeres, chamá-lo para agir apenas quando for verificado a mínima 
necessidade para um caso concreto. 
Existem situações onde, existem meios ou outros ramos do Direito que podem ser 
invocados antes de definir uma conduta como crime. Conforme vimos no 
documentário, expor uma pessoa praticante de uma conduta considerada 
insignificante em uma cela de prisão, pode gerar danos físicos e morais irreversíveis, 
apenas por não considerar o grau do ato praticado, que se considerado, apenas 
uma sanção administrativa seria o suficiente. 
Neste raciocínio, o Princípio da Insignificância traz consigo, justamente a ideia de 
afastabilidade o "rótulo" de crime da conduta do agente, tida como insignificante. A 
possibilidade de ser analisada a tipicidade material que permite ao Direito a 
capacidade de valorar a lesão ao bem jurídico de forma efetiva, anseia por uma 
sanção justa ao autor da conduta. Dessa forma, é essencial que haja mais 
equidade, adequando todas as possibilidades de forma justa.

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