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COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Nanci Maziero Trevisan Comunicação integrada de marketing Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir comunicação integrada de marketing. � Descrever as etapas de elaboração de um plano de comunicação integrada de marketing. � Reconhecer o impacto das decisões de comunicação integrada de marketing no resultado das campanhas da marca. Introdução O planejamento da comunicação mercadológica, afetado pela trans- formação digital, exige uma visão ampla, integrada e conectada com o comportamento do consumidor e dos públicos de interesse de uma organização. Neste capítulo, você vai estudar a comunicação integrada de marketing e ver de que maneira ela impacta os resultados mercado- lógicos. Como você vai ver, tal impacto ocorre desde a construção do diferencial competitivo da empresa até a criação de uma identidade sustentável para uma marca, produto ou serviço. Além disso, você vai conhecer as etapas para a elaboração de um plano de comunicação integrada de marketing realmente focado em estimular o engajamento dos públicos com a marca. 1 Comunicação integrada de marketing: visão 360º da comunicação mercadológica Todos os dias, ao acordar, milhões de pessoas em todo o mundo checam suas mensagens no WhatsApp, rolam suas timelines para ver as atualizações e publicam seus stories com cenas de seu cotidiano. Nada disso é novidade para você, que está conectado e integrado às novas tecnologias. Talvez você até tenha uma conta no TikTok ou prefira o Twitter. O fato é que você e uma parcela significativa da população mundial estão conectados a diversos canais simultaneamente. Como você certamente já sabe, as empresas não ignoram isso. A transformação digital modificou o cenário da comunicação nas organi- zações. Todas as vertentes foram afetadas, inclusive a comunicação adminis- trativa, a interna, a institucional e a mercadológica. Por isso, hoje a integração da comunicação é essencial para a empresa que deseja construir sua imagem e seu relacionamento junto aos seus públicos de interesse. Há, no entanto, uma diferença entre a comunicação integrada de marketing e a comunicação organizacional integrada, tratada pela área de relações públicas. A comunicação organizacional integrada tem como objetivo alcançar sinergia e alinhamento entre todas as vertentes da comunicação organizacional e está ligada aos altos escalões da organização. Saad (2009) observa que, em sua essência, a comunicação organizacional tem como função a integração de canais e ferramentas para que a organização se comunique de forma alinhada e integrada com os diferentes públicos de interesse. Nesse sentido, destaca a autora, todas as possibilidades de estabelecer relacionamentos e contatos precisam alinhar-se sob a mesma visão estratégica, sob um discurso uniforme e sob mensagens coerentes. Na comunicação organizacional integrada, comunicação interna, comuni- cação administrativa, comunicação institucional e comunicação mercadológica são vistas como vertentes distintas, com funções e ferramentas diferentes. Contudo, todas estão subordinadas a uma estratégia única que tem como ponto de partida a missão, a visão e os valores organizacionais. Saad (2009) observa que essa perspectiva se aplica à presença digital e não digital de uma organização. Assim, na comunicação organizacional integrada, as bases da comunicação estão relacionadas à cultura e à imagem organizacionais, ao propósito e à intenção da comunicação com os públicos de interesse, bem como aos conteúdos ou mensagens prioritárias. Comunicação integrada de marketing2 Esse conjunto de informações sobre a empresa a ser transmitido aos pú- blicos de interesse é, sob a gestão da comunicação organizacional integrada, transformado, aplicado e customizado de acordo com a característica, a função e a responsabilidade de cada vertente. Inclui-se aqui a possibilidade de que essa troca de informações seja intermediada pelas tecnologias digitais. A comunicação organizacional integrada é responsável pelo alinhamento entre as comunicações interna, administrativa, institucional e também mer- cadológica, por meios digitais ou não digitais, buscando garantir a expressão adequada das mensagens da organização. A comunicação mercadológica está subordinada às diretrizes da comunicação organizacional integrada pois é parte importante da comunicação de uma empresa ou marca. Porém, está ligada ao departamento de marketing pois se responsabiliza pela comunicação com objetivos mercadológicos, por isso é também chamada de “comunicação integrada de marketing”. A comunicação integrada de marketing está ligada ao departamento de marketing e tem como foco principal as relações com o mercado consumidor e outros públicos de interesse, sempre com foco nos objetivos mercadológi- cos de uma empresa. Essa comunicação é uma das variáveis controláveis de marketing, antes chamada de “promoção”, incluída entre os clássicos 4Ps de marketing. Sua função e as ferramentas que utiliza se ampliaram com a inclusão da comunicação digital por meio da web, do celular e das mídias sociais (PINHEIRO; GULLO, 2013). A comunicação integrada de marketing se aplica a uma visão integradora, conectada, trans e multimidiática dos esforços de comunicação mercadológica. Está em jogo uma perspectiva de múltiplos canais com o objetivo de estabe- lecer pontos de contato entre marca e consumidor, além de outros públicos, como influenciadores, fornecedores, distribuidores e meios de comunicação. A comunicação mercadológica faz parte, então, da comunicação organiza- cional, mas é executada pela área de marketing da empresa, por isso é chamada de “comunicação integrada de marketing”. “Comunicação mercadológica” e “comunicação integrada de marketing” são duas denominações para o mesmo conjunto de ações. A comunicação integrada de marketing é, então, aquela que envolve avaliação, planejamento, execução, controle e mensuração de todas as ferramentas e ações de comunicação associadas aos objetivos mercadológicos e à construção de relacionamento com o mercado consumidor. Apesar disso, ela pode desenvolver ações com foco nos colaboradores e também contribuir para a criação ou manutenção da imagem institucional da empresa (PINHEIRO; GULLO, 2013; ROCHA; TREVISAN, 2018). 3Comunicação integrada de marketing A comunicação integrada de marketing tem como foco a viabilização dos objetivos mercadológicos da empresa na sua relação com o mercado consumidor e seus integrantes. Estas são algumas das ferramentas de comunicação que fazem parte da comunicação integrada de marketing: propaganda, marketing direto, promoção de vendas, marketing digital e merchandising. A comunicação integrada de marketing também pode utilizar relações públicas e assessoria de imprensa, por exemplo, para a comunicação de produtos, serviços e marcas. A comunicação integrada de marketing tem nas diretrizes de comunicação da organização (como missão, visão, valores e propósito) as bases da comu- nicação que deve ser estabelecida com o mercado consumidor. Isso ocorre precisamente porque esse setor é uma das áreas fundamentais da comunicação de uma organização. Mas a comunicação integrada de marketing também precisa dar conta dos objetivos específicos relacionados à marca, como po- sicionamento, valor agregado, diferencial competitivo, atributos de produto, envolvimento e engajamento com o consumidor, exposição do produto no ponto de vendas, etc. Estão em jogo, portanto, atividades bastante específicas. A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) propõe 10 princípios para a integração da comunicação mercadológica. No entanto, foco no compor- tamento do consumidor, segmentação, constante inovação e priorização do relacionamento são hoje essenciais quando se pensa na comunicação como um projeto, e não apenas como jobs isolados. A seguir, veja os 10 princípios elencados pela ABA (2014). 1. Pense a comunicaçãocomo projetos, não apenas como jobs. 2. Privilegie a qualidade e a excelência na execução das ações. 3. Entenda o papel da marca. 4. Conheça em profundidade os públicos de interesse. 5. Foque a construção de relacionamentos. 6. Utilize meios de comunicação adequadamente segmentados. 7. Privilegie o alinhamento do conteúdo criativo. 8. Componha uma equipe de marketing capaz de liderar os fornecedores de comunicação. 9. Tenha equipes multidisciplinares dentro e fora da empresa. 10. Mantenha-se em movimento, inove e surpreenda. Comunicação integrada de marketing4 Você pode observar que foco na marca, entendimento dos públicos de inte- resse (entre eles o público consumidor) e visão multidisciplinar da comunicação são essenciais para essa integração, de acordo com o proposto pela ABA. A principal razão para que o departamento de marketing pense suas es- tratégias de comunicação de forma integrada consiste no fato de que, para o público (seja ele qual for), no ponto de vendas, na televisão ou no celular, a marca que se relaciona com ele e lhe oferece produtos e serviços é a mesma. Como a marca é a mesma, deve se comportar da mesma forma, defender os mesmos valores e ter o mesmo tom de voz. Hoje, com a imensa variedade de meios de comunicação, formatos e con- teúdos existentes, é imprescindível alinhar o discurso da marca. Além disso, o objetivo principal do marketing é alcançar o maior número de pontos de contato (touch points) entre marca e consumidor, e isso pode acontecer em todos os lugares e canais. Em casa, no celular, na rua, nas lojas, em um evento: são muitas as oportunidades que uma marca tem de estabelecer um contato positivo com o consumidor. A comunicação integrada de marketing precisa ter essa visão 360º, ou seja, mapear a jornada do consumidor e identificar oportunidades preciosas de proporcionar a ele uma ótima experiência, seja de compra, de navegação ou simplesmente de impacto positivo nas suas atividades cotidianas. Há di- versas oportunidades de a marca estabelecer contato com o consumidor; essas oportunidades são chamadas de “touch points”. O consumidor espera poder comprar em qualquer canal de vendas, e seu contato com a marca se dá em diferentes locais, todos os dias. Propagandas na televisão, aplicativos para celular, embalagens e pontos de vendas, sites, canais de atendimento e atendimento ao consumidor pelas mídias sociais são oportunidades que a marca tem de oferecer ao consumidor uma ótima experiência. Em síntese, por meio de anúncios na televisão, patrocinando programas culturais e esportivos, anunciando no metrô, postando nas mídias sociais ou desenvolvendo aplicativos, a empresa pode estabelecer contato com o con- sumidor e favorecer o envolvimento e o engajamento dele com a sua marca. Para que esse engajamento e esse envolvimento ocorram, é essencial uma visão ampla, multidisciplinar, integrada, interativa e transmidiática da marca sobre suas ações de comunicação e sua relação com os públicos de interesse. O caminho para fazer com que isso aconteça é o planejamento integrado da comunicação de marketing. É isso que você vai estudar a seguir. 5Comunicação integrada de marketing Quer aprender mais sobre touch points? Leia o artigo “Touch point: entenda o que são os pontos de contato na experiência do cliente”, da empresa especializada em marketing digital Rock Content. O artigo explica o que são pontos de contato e esclarece por que eles são importantes. Além disso, mostra como gerir os pontos de contato e elenca as vantagens de utilizá-los ao definir estratégias de marketing e comunicação. Para encontrar o texto, utilize o seu site de buscas favorito. 2 Plano de comunicação integrada de marketing Em qualquer planejamento, de uma viagem no final de semana ao plano de marketing, a primeira coisa a ser feita é compreender o cenário. No caso da viagem, pode-se acessar um canal de informações de tempo para saber se vai fazer calor, frio ou chover. Assim, é possível escolher as roupas adequadas para a viagem, certo? No plano de marketing, a primeira coisa que os profis- sionais devem fazer é compreender a empresa, o mercado em que ela atua, a sua concorrência e os seus públicos de interesse. Em seguida, eles podem traçar as estratégias e as ações táticas a serem executadas, distribuindo-as em um cronograma. Por fim, podem definir como as ações serão avaliadas e, após o plano ser implementado, avaliá-las e medi-las criteriosamente a fim de verificar o que deu certo e o que não foi tão bem assim, para que as correções necessárias sejam realizadas. O plano de comunicação integrada de marketing começa com a pesquisa, a avaliação e a compreensão do cenário presente da empresa por meio do entendimento da organização, da marca, do produto ou serviço, do mercado, dos concorrentes e dos consumidores. Em seguida, deve-se traçar as estratégias e as ações a serem implementadas, definindo o que será medido e como isso será feito. Após a implementação do plano, um acompanhamento criterioso permite avaliar o que deu certo e efetuar correções a tempo de otimizar o investimento. A seguir, no Quadro 1, veja como essas etapas se organizam (ROCHA; TREVISAN, 2018). Comunicação integrada de marketing6 Fonte: Adaptado de Rocha e Trevisan (2018). Ti po d e pl an o Pré-plano Plano Pós-plano O bj et iv o Entender a empresa, o mercado e o consumidor. Traçar o plano e definir objetivos, estratégias e táticas. Medir, avaliar, corrigir. El em en to s en vo lv id os � Organização — forças e fraquezas � Mercado — oportunidades e ameaças � Públicos de interesse � Consumidor/ usuário � Posicionamento e relação de marca � Objetivos organizacionais e mercadológicos � Objetivos de comunicação (macro e micro de cada ferramenta) � Ferramentas de coordenação dos esforços em um cronograma � Objetivos de cada ação � Ação e responsabilidades � Métricas e indicadores de desempenho (key performance indicator [KPIs]) � Definição das métricas de desempenho de cada ferramenta/ ação e das responsabilidades � Mensuração, análise e comparação � Revisão de ações e planejamento Quadro 1. Plano de comunicação integrada de marketing A seguir, você vai conhecer melhor cada uma das etapas que devem compor o plano de comunicação integrada de marketing. 7Comunicação integrada de marketing Pré-plano: cenário presente O objetivo dessa etapa é alcançar um diagnóstico preciso dos problemas da organização, de seus produtos, serviços e marcas. Compreender o cenário presente torna as estratégias e táticas mais claras e alinhadas aos reais pro- blemas enfrentados. A etapa de pré-plano envolve pelo menos quatro fases. Veja a seguir. 1. Criação, modificação ou reiteração/reforço da missão, da visão, dos valores e dos objetivos organizacionais, itens que devem nortear e servir de base para a comunicação. 2. Análise da situação da empresa/organização, da marca, do mercado e dos concorrentes. 3. Pesquisa, avaliação e definição dos públicos de interesse, incluindo público consumidor. 4. Diagnóstico, que consiste em, a partir das informações colhidas e avaliadas, identificar os problemas que a comunicação é capaz de resolver e outros que se aplicam aos outros Ps de marketing (produto, preço e ponto de venda). A etapa de pré-plano é essencial para que se possa: � compreender a empresa, a marca, os produtos e/ou os serviços, bem como os concorrentes diretos e indiretos (suas forças e fraquezas); � analisar o mercado de atuação para avaliar oportunidades e ameaças; � entender o posicionamento do produto, serviço ou marca; � identificar os públicos de interesse, o que inclui qualificar o público- -alvo em dados demográficos e comportamentais e traçar a sua jornada de compras. A elaboração do plano, realizada em seguida, terá mais eficiência se a etapa de pré-plano for bem executada. Por isso, é muito importante reunir e ter as informações disponíveis no sistema de informaçõesde marketing. Se for o caso, deve-se aplicar pesquisas de mercado ou coletar dados que possam realmente traduzir o cenário de atuação em número tal que expresse a real situação da empresa, do produto e da marca. Comunicação integrada de marketing8 A etapa de pré-plano consiste em uma análise sistemática e acurada das informações passadas e presentes relativas à empresa, à marca, aos produtos e aos serviços, de forma que se possa chegar a um diagnóstico mais preciso, ou seja, entender quais são os problemas que a comunicação deve e pode resolver. Uma vez que o setor de marketing obtém uma visão clara de sua situação presente e considera os objetivos para o futuro de curto, médio e longo prazos, a tarefa de traçar as estratégias torna-se mais coerente, embora nem sempre fácil. Depois de diagnosticar claramente os problemas mercadológicos e de comunicação enfrentados pela empresa, pode-se seguir para a próxima etapa: a elaboração do plano de comunicação integrada, em que são traçadas as estratégias e as ações táticas a serem utilizadas. Plano: mix de comunicação e ações A partir do diagnóstico realizado na fase anterior (pré-plano), o setor de ma- rketing identifica quais problemas são efetivamente de comunicação e quais são de outras áreas. Como exemplo, considere que muitas vezes uma empresa perde participação de mercado não porque sua comunicação não é eficiente, mas porque tem problemas para colocar seu produto no ponto de vendas. Esse é um problema de distribuição, e não de comunicação. Assim, quando se fala de situações que a comunicação pode resolver, estão em jogo problemas ligados à capacidade da empresa de chamar a atenção do consumidor, gerar interesse pelos seus produtos e serviços, estimular o desejo e a intenção de compra e levar o consumidor à ação de compra. Essas quatro etapas são chamadas de “AIDA”, um acrônimo formado a partir das palavras “atenção”, “interesse”, “desejo” e “ação” (SAMPAIO, 2013; SANT’ANNA; ROCHA; GARCIA, 2015). Veja na Figura 1, a seguir. Figura 1. AIDA. Fonte: Adaptada de Sampaio (2013) e Sant’Anna, Rocha e Garcia (2015). 9Comunicação integrada de marketing Atenção, interesse, desejo e ação sintetizam a função de marketing e vendas em relação a um produto ou serviço. Tal função consiste em entender o comportamento de compra do consumidor e criar ações que permitam estimular esse comportamento. A ideia é chamar a atenção para o produto ou serviço em qualquer canal em que isso seja necessário, gerar interesse com ofertas adequadas às necessidades do consumidor, estimular o desejo pelo produto ou serviço e, finalmente, implementar atividades que levem o consumidor à ação de compra. AIDA é um conceito pautado na jornada de compras do consumidor. Para saber mais sobre esse assunto, confira o artigo “Ainda AIDA? Uma revisão histó- rico-crítica da hierarquia dos efeitos publicitários”, de Rodolfo Rorato Londero (2018). A etapa de plano consiste na elaboração efetiva do planejamento de comu- nicação integrada. O plano contém as fases elencadas a seguir. 1. Definição dos objetivos de comunicação, isto é, do que se pretende alcançar com as ações de comunicação integrada de marketing. 2. Definição do orçamento de comunicação (budget). 3. Definição das estratégias de comunicação, que consiste em selecionar o melhor mix de comunicação (ou composto de comunicação) para atender aos objetivos propostos inicialmente. Lembre-se de que o mix de comunicação de marketing pode envolver uma ou mais das ferramentas de comunicação, como propaganda, promoção de vendas, marketing direto, marketing digital e merchandising. 4. Definição das ações a serem executadas em cada ferramenta, dis- tribuindo-as em um cronograma (espaço de tempo) e atribuindo um orçamento a cada uma delas. 5. Definição das métricas, que implica selecionar a forma como serão avaliadas e mensuradas cada uma das ações propostas, incluindo o uso de software e pesquisa de mercado para avaliação de desempenho. Uma vez alinhado e aprovado o plano de comunicação integrada de marke- ting, é a hora de selecionar os fornecedores que colocarão o plano em prática. Isso implica a seleção, se já não houver, da agência de propaganda que vai realizar a campanha de propaganda, da agência de promoção e marketing digital ou de todos os atores que serão necessários (lembre-se de que o departamento de marketing não executa as ações). Comunicação integrada de marketing10 Com o plano colocado em prática, as métricas definidas e o modo como as ações serão avaliadas determinado, cada fornecedor é orientado a fazer a avaliação e elaborar relatórios de suas ações. Ao mesmo tempo, o setor de marketing também acompanha os resultados de comunicação e de vendas. Essa etapa que ocorre ao longo da execução das ações e após o término do período em que as ações foram planejadas chama-se “pós-plano”. Pós-plano: medir, avaliar, corrigir Quando as ações estão sendo implementadas, o setor de marketing e os forne- cedores já devem ter definido os instrumentos de medição que serão usados, por exemplo, relatórios analíticos para marketing digital e mídias sociais, pesquisa de comunicação para campanhas de propaganda ou mesmo pesquisa relativa ao volume de vendas (no caso de promoção). A definição, a construção e a implementação dos instrumentos de avaliação acontecem na execução das ações de comunicação. A etapa de pós-plano é tão essencial quanto as outras, porque permite avaliar a eficácia e a eficiência do que foi planejado. A etapa de pós-plano se inicia no exato momento em que as ações planejadas começam a acontecer. Ela consiste em avaliar cada ação e o conjunto delas, verificando se os objetivos traçados estão sendo alcançados. A avaliação criteriosa ao longo do plano permite correções em tempo real (para algumas ferramentas) e permite entender o que pode ser feito melhor no próximo plano a ser implementado. Observe os elementos que compõem essa etapa (ROCHA; TREVISAN, 2018): � instrumentos de medição (definição, construção e implementação); � instrumentos de mensuração (relatórios comparativos diários, semanais, mensais, etc.); � instrumentos de avaliação; � instrumentos de correção e replanejamento de ações. Também é possível solicitar aos fornecedores, como a agência de propa- ganda, que entregue relatórios diários, semanais ou mensais. Isso é importante para que se possa estabelecer comparativos e observar o desenvolvimento de uma campanha publicitária, por exemplo. Com essas informações, ao longo da implementação das ações, é possível fazer correções até em tempo real, o que possibilita ampliar os resultados em termos de audiência, engajamento, envolvimento e mesmo participação de mercado e volume de vendas. 11Comunicação integrada de marketing Após o término do período em que as ações são realizadas, um relatório final possibilita que as decisões tomadas sejam avaliadas. Isso permite que, no futuro, no próximo plano de comunicação integrada, ações mais adequadas sejam realizadas, descartando o que não deu certo e ampliando o que foi bom. Como você viu, o plano de comunicação integrada de marketing é realizado em três etapas. Essa proposta de estrutura de plano é uma das possíveis, já que cada empresa pode ter seu próprio modo de desenvolver seu plano de comunicação integrada de marketing. Nas leituras indicadas ao final do capítulo, você encontra diferentes modelos. No entanto, as etapas de pré-plano, plano e pós-plano sempre existirão na ordem que você viu aqui. 3 Comunicação integrada: realmente faz diferença? Será que realmente faz diferença planejar a comunicação de marketing de forma integrada? Como é possível reconhecer o impacto das decisões de comunicação integrada de marketing no resultado das campanhas da marca? Você pode avaliar essas questões a partir de dois pontos de vista: do público e das empresas. Veja a seguir. � Público: imagine que você está realizando suas atividades cotidianas, acessando suas mídiassociais, navegando em sites, andando de metrô ou ônibus, ou simplesmente andando em uma grande avenida. Para você, não importa se você viu determinada marca em um painel no metrô, em uma revista, em um aplicativo no seu celular ou na televisão; o que importa é que se estabelece uma conexão entre o que você deseja e o que a marca tem a oferecer. Ou seja, para o público, a relevância está no conteúdo apresentado pela marca, não necessariamente na forma como ele recebe o conteúdo. O importante é que ele tenha uma experiência positiva com a marca, seja comprando, consumindo ou se relacionando com ela por meio da comunicação. Comunicação integrada de marketing12 � Empresas: ao entender a jornada de compras do consumidor, a em- presa percebe que pode chamar a atenção em um anúncio no YouTube, oferecendo um link para que o consumidor acesse a sua página, ou pode enviar uma oferta por meio das mídias sociais e estabelecer uma conexão com uma loja física. Não importa tanto o que a empresa faz, mas como ela pode estabelecer um ponto de contato com o consumidor. Associe a esses dois aspectos a interatividade e a conectividade oferecidas hoje em dia pelas plataformas digitais. Você vai perceber que a integração da comunicação consiste na oferta de conteúdo relevante e alinhado à identidade da marca, independentemente da plataforma usada. A integração é essencial para preservar a integridade da identidade da marca. A integridade da marca e de sua mensagem ocorre quando a comunicação é coerente. Isso significa que em qualquer canal — seja na internet, no celular, no metrô ou em um anúncio de jornal, respeitando as características de cada plataforma — os conteúdos se relacionam, ou seja, o consumidor percebe a marca em cada ação com a qual tem contato. A comunicação deve ser consistente, isto é, missão, visão, valores, propó- sito, linguagem e tom de voz devem estar presentes e ser reconhecidos como pertencentes a determinada marca, produto ou serviço de forma clara, sem dúvidas. Além disso, a comunicação deve ser complementar, ou seja, cada mensagem que o consumidor recebe funciona como um pedacinho de um quebra-cabeça que, ao final, constitui a imagem de marca pretendida. Por fim, a comunicação deve ser contínua, acompanhando o consumidor e ajudando-o ao longo de sua jornada de compras. Em suma, integrar a comunicação implica pensar as mensagens que com- põem a identidade da marca a partir de quatro aspectos: coerência, consistência, complementaridade e continuidade. Veja a seguir (O QUE É..., 2018). � Coerência: as mensagens e o conteúdo, em cada um e em todos os canais, precisam se relacionar entre si e com a marca, produto ou serviço. � Consistência: todos os conteúdos devem estar alinhados e utilizar uma mesma linguagem e um mesmo tom de voz, focando ainda um mesmo sentido. � Complementaridade: cada canal e cada ponto de contato do consumidor com a marca devem veicular mensagens que se complementam, contri- buindo para a criação de uma imagem de marca completa e integrada. 13Comunicação integrada de marketing � Continuidade: as mensagens precisam ser veiculadas em uma sequência que ajude o cliente em sua jornada de compras, levando-o de uma etapa a outra (AIDA). Os resultados são perceptíveis (alguns em curto prazo, outros em médio e longo prazos). É possível observar consistentemente que a comunicação inte- grada de marketing propicia diversos benefícios. A seguir, veja os principais. � Gera-se maior efetividade nas ações e esforços de comunicação, porque o conjunto de mensagens relaciona-se entre si e envolve o consumidor de forma útil e proativa. � A identidade da marca se torna homogênea em todos os canais, sendo imediatamente reconhecida, estimulando o envolvimento e o engaja- mento do consumidor. � O consumidor sabe que pode contar com informações em cada uma das etapas do seu processo de decisão, encarando a comunicação da marca como útil e a marca como parceira, não como intrometida. � A marca se fortalece pois é coerente, consistente, contínua e comple- menta-se em cada novo canal de comunicação. � Os investimentos em comunicação são otimizados e, com isso, melhora- -se a relação custo–benefício. � A comunicação interna e a externa também se alinham, e todos falam a mesma língua, o que deixa o consumidor confiante. � As equipes dos diversos fornecedores e as equipes internas da empresa se integram e prestam um serviço melhor ao consumidor, aos clientes e aos fornecedores. Enfim, o principal motivo de integrar a comunicação é garantir que a identidade da marca seja única e que a comunicação construa, junto ao con- sumidor e a outros públicos de interesse, uma imagem coerente, íntegra e que represente efetivamente os valores que a empresa defende. Comunicação integrada de marketing14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANUNCIANTES (ABA). Comitê de Comissão Integrada. 10 princípios da Integração. São Paulo: ABA, 15 nov. 2014. Disponível em: http://www. aba.com.br/wp-content/uploads/content/d40eff24365405ea7f3d8c1b3e2f5e0c.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. LONDERO, R. R. Ainda AIDA? Uma revisão histórico-crítica da hierarquia dos efeitos publicitários. Animus – Revista Interamericana de Comunicação Midiática, Santa Maria, v. 16, n. 31, 2017. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/231176844.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. O QUE É comunicação integrada e os reais benefícios para a sua empresa? In: BLOG Partners Comunicação Pro Business. Brasília, 9 mar. 2018. Disponível em: https://www. partnerscom.com.br/blog/2018/beneficios-da-comunicacao-integrada/. Acesso em: 22 out. 2020. PINHEIRO, D.; GULLO, J. Comunicação integrada de marketing. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2013. ROCHA, M.; TREVISAN, N. M. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SAAD, B. Comunicação digital e seus usos institucionais. In: KUNSCH, M. M. K. (Org.). Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2009. p. 169. SAMPAIO, R. Propaganda de A a Z: como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. SANT'ANNA, A.; ROCHA Jr., I.; GARCIA, L. F. D. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 15Comunicação integrada de marketing
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