VICTORIA ALENCAR – 7º SEMESTRE – UNIFTC – 2021.2 11 dermato aula 07 – úlceras e curativos ÚLCERAS · Lesão elementar por perda da solução de continuidade → dependendo do nível da agressão pode comprometer derme, hipoderme, podendo chegar a músculo e osso: · Membros inferiores; · Crônicas: não cicatrizam dentro de 6 semanas; · Existem outros tipos de úlceras, por trauma, queimadura... Mas, o tratamento é mais direcionado. Iremos tratar aqui de úlcera por outros tipos de processos patológicos. · Prevalência e incidência tem aumentado: · Com envelhecimento da população; · Doenças crônicas associadas. · Diversas etiologias: metade são úlceras venosas, 20% mistas, 10% arteriais e 20% outras causas (infecciosa, neoplásica e por vasculites). ÚLCERA VENOSA · Estágio mais avançado da doença venosa crônica: · Insuficiência venosa periférica (IVP) – principalmente após trauma; · Trombose venosa profunda (TVP). · Trauma é fator desencadeante; NA IVP HÁ ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA (IMAGEM 1), NO FLUXO NORMAL HÁ RETORNO VENOSO E AS CÚSPIDES (VÁLVULAS) FAVORECEM ESSE RETORNO VENOSO E NÃO DEIXAM O SANGUE RETORNAR PARA A EXTREMIDADE INFERIOR. COMO ESSAS CÚSPIDES SERÃO DANIFICADAS NA IVP ESSE SANGUE NÃO TEM RETORNO VENOSO ADEQUADO NO DECORRER DO DIA E TAMBÉM POR CONTA DA IMOBILIDADE (POIS A MOVIMENTAÇÃO DA PANTURRILHA FAVORECE O RETORNO VENOSO) ESSE SANGUE QUE NÃO RETORNA, HÁ ENTÃO AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA E COM ELE COMEÇA AS REPERCUSSÕES VASCULARES (DANO ENDOTELIAL, SURGIMENTO DE CITOCINAS, ACÚMULO DE FIBRINA...IMAGEM 2). ESSAS SUBSTÂNCIAS IRÃO SE DEPOSITAR EM FORMA DE MANGUITO AO REDOR DO VASO E LEVAR À FIBROSE E LEVAM A INSUFICIÊNCIA DO VASO DE RETORNAR O SANGUE. · Principais características clínicas: · Formato irregular: · Superficial inicialmente → progressão lenta para profunda; · Bordas bem definidas; · Tenda a ter exsudato amarelado no centro da lesão; · Leito evolui com tecido desvitalizado e colonização bacteriana; · Raramente há necrose dos tecidos. · Local principal: porção distal de MMII por conta dessa dinâmica de retorno venoso; · Lugar de preferência: maléolo medial; · Pulsos periféricos ao exame físico: presentes, quando não há associação de doença arterial (o sangue arterial alcança a região, o que não acontece é o retorno veoso); · Pele ao redor: purpúrica e hiperpigmentada → dermatite ocre (pigmentação por depósito de hemossiderina). · Pode ter eczema manifestado (principalmente subagudo a crônico): eritema, vesículas, descamação, prurido; · Lipodermatoesclerose: induração e fibrose; · Quando tende a cicatrizar as cicatrizes são estelares atróficas de cor branco marfim com telangiectasias ao redor – não é patognomônico. OBS: é um processo contínuo, então inicialmente ele terá essas alterações na pele, a dermatite ocre, o eczema e a lipodermatoesclerose. Por isso é importante ficar atento a esses sinais iniciais para o paciente não chegar a ulceração. · Exame físico geral da perna: veias varicosas e edema; · Dor da lesão: intensidade variável, alguns pacientes são indolores e outras dolorosas. Quando a dor é presente, esta piora no final do dia com posição ortostática e melhora com elevação do membro;7 6 4 1 IMAGEM 1: TELANGIECTASIAS (DILATAÇÃO DE CAPILARES); IMAGEM 2: VENULOGIECTASIAS (DILATAÇÃO DE VEIAS); IMAGEM 3: DERMATITE OCRE; IMAGEM 4: ECZEMA DE CONTATO E A FIBROSE DA LIPODERMATOESCLEROSE DEIXANDO A PERNA EM FORMATO DE GARRAFA INVERTIDA; IMAGEM 5: PIGMENTAÇÃO INTENSA; IMAGEM 6: ULCERA AMARELO MEDIAL COM BORDA DELIMITADA E FUNDO COM FIBRINA; IMAGEM 7: ABDOME EM AVENTAL, ÚLCERA POR INSUFICIÊNCIA VENOSA, APESAR DE 95% DAS ÚLCERAS SEREM EM MMII NADA IMPEDE QUE OCORRAM EM OUTRS LOCAIS. Diagnóstico · Clínico; · Índice tornozelo-braço (ITB) - coexistência de doença arterial (não é pensado para confirmar doença venosa e sim a fim de afastar doença arterial): · Divisão do valor mais alto da pressão sistólica do tornozelo pela pressão sistólica da a. braquial: ITB < 0,9 indica insuficiência arterial associada. · Importante saber dessa coexistência pensando na terapia, principalmente a terapia compressiva que é contraindicada em pacientes com insuficiência arterial. · Exame caro, pouco utilizado na prática. · Na prática: USG doppler venoso - refluxo, obstrução ou USG doppler arterial – afastar insuficiência arterial quando for indicar terapia compressiva. Tratamento: · Terapia compressiva (1ª escolha); · Tratamento cirúrgico; · Tratamento local da úlcera; · Medicamentos sistêmicos que auxiliam na cicatrização; · Medidas complementares. Terapias compressivas · 1ª escolha; · Ataduras compressivas elásticas e meias elásticas; · Úlceras abertas não são contraindicação para seu uso, mas sim lesões infectadas e doença arterial associada, assim com pacientes sem ponto de apoio; · Quando a úlcera está presente se faz pressão externa maior (de 35 a 40 mmHg) e gradualmente menor na região abaixo do joelho:2 · Após cicatrizar a úlcera, na terapia IVP: 30 a 35 mmHg. 5 3 · Estimular a deambular com uso da meia; · Trocar meia a cada 6 meses; · Vestir pela manhã e retirar a noite: · Hidratar a pele ao retirar – leva a ressecamento. · Contraindicado se doença arterial periférica (ocluir um vaso que já não perfunde corretamente) grave e em casos de Infecção aguda e necrose.1 · Bota de Unna (imagem 1) – envolve óxido de zinco juntamente com a compressão, atadura aplicada no membro e deixada por 7 dias (compressão contínua, favorece muito a cicatrização). Para feridas 100% venosas e sem complicações (contraindicada em infecções, necroses e doença arterial); Tratamento sistêmico · É adjuvante – sozinho não resolve; · Medicamentos que melhoram o tônus venoso: · Flavonoides naturais; · Diosmina 1g/dia. · Melhora do fluxo sanguíneo: · Pentoxifilina 800 mg 3x/dia (vasodilatador e anti-inflamatória). Medidas complementares · Repouso com membro elevado acima do nível do coração 3 a 4x/dia por 30 minutos; · Caminhadas breves, 3 a 4 x/dia. ÚLCERA ARTERIAL · 25% das úlceras dos membros inferiores: · Causada por doença aterosclerótica; · Fatores de risco: tabagismo, diabetes mellitus, idade avançada. · Principais características: · Formato: arredondada, borda bem demarcada, fundo pálido (vascularização deficiente) – pode ser necrótico: · Exsudato mínimo ou ausente. · Local principal: porções laterais (maléolo lateral) ou pré-tibiais de pernas · Dorso dos pés; · Sobre proeminências ósseas (calcanhar, falanges). · Pele ao redor: pálida, fina, descamativa, pelos rarefeitos e unhas espessas (o sangue arterial não chega de forma adequada). · Principais características: · Claudicação intermitente (paciente relata que quando deambula dói e quando em repouso melhora – vaso com vascularização insuficiente, com oclusão parcial e dor por conta de hipóxia); · MUITO dolorosas mesmo quando pequenas (dor muitas vezes discrepante quando comparada ao tamanho da lesão): · Piora ao elevar o membro; · Alivia com posição pendente. · Pulsos ausentes/diminuidos e enchimento capilar lento. Diagnóstico · Clínico - palpar pulsos; · ITB < 0,9 (confirma doença arterial); · USG doppler arterial; · AngioTC e angiografia – solicitados pelo vascular. Tratamento · Redução de fatores de risco (tratar comorbidades); · Corrigir fluxo: revascularizar: · Cilostazol: vasodilatador 100 mg 2x/dia; · Antiagregante plaquetário. · Evitar debridamento cirúrgico (tende a piora da isquemia por manipulação), evitar umidade na escara seca (favorece infecção bacteriana e sepse); · Controle de dor; · Oxigenoterapia hiperbárica (adjuvante, sozinha não resolve); · Associar ATB se desconfiar de infecção: se aumento no tamanho/odor/eritema/edema/dor (principalmente piora de dor). úlcera mista PACIENTE COM ÚLCERA VENOSA NO MALÉOLO MEDIAL E ARTERIAL NO MALÉOLO LATERAL – ÚLCERA BIMALEOLAR. úlcera neuropática · Causas: neuropatia diabética, hansênica e alcóolica: · Outras doenças: Sífilis, mielodisplasia sarcoidose, infecção por HIV e HTLV, amiloidose etc. · Principais características: · Alterações cutâneas