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TEORIAS ECONÔMICAS A escola clássica (XVIII) “O mercado mantém todos os produtores em alerta por meio da competição; portanto, deixe-o em paz.” Principais nomes: Adam Smith (1723-90), David Ricardo (1772-1823), Jean-Baptiste Say (1767-1832) e Robert Malthus (1766-1834). De acordo com a escola clássica, para a economia ser mais eficiente as transações comerciais devem ocorrer sem a interferência do governo (Estado), o que é chamado de livre mercado. Segundo essa escola, o próprio mercado encontra um equilíbrio, sendo assim, não há motivo para o Estado interferir nas trocas comerciais. David Ricardo argumenta que, mesmo que um país não consiga fabricar um produto mais barato que em outro, o livre comércio ainda assim será algo positivo, pois permitirá a ambos maximizar seus resultados através da especialização e exportação de produtos em que tenham uma vantagem comparativa. Ricardo também defende a ideia de que a maior parte da renda nacional deve ir para a classe capitalista, porque para ele, esta é a única classe que investiria o capital, gerando crescimento econômico. Para Smith, existe uma “mão invisível do mercado”. Devido à concorrência, ao irem atrás de seus próprios interesses (o lucro), os produtores irão desenvolver formas mais práticas e modernas de produzir suas mercadorias, assim, essas mercadorias serão melhores e mais baratas, maximizando a produção e a riqueza nacional. E, na tentativa de alcançar seus próprios interesses, as pessoas acabam produzindo benefícios sociais, mesmo que não sejam suas intenções. Grande parte dos economistas clássicos inclinam-se ao princípio da Lei de Say, comumente chamada de lei da oferta e da demanda. A teoria por trás dela é que a oferta é responsável pela demanda, ou seja, todo capital adquirido na produção de uma mercadoria será usado para comprar outra mercadoria ou algum serviço. Dessa forma, a pessoa só será capaz de consumir caso produza algo de valor equivalente. Nesse cenário, a pessoa seria ao mesmo tempo produtora e consumidora. A escola neoclássica (XIX) “Os indivíduos sabem o que estão fazendo, então vamos deixá-los em paz— exceto quando os mercados funcionam mal.” Principais nomes: William Jevons (1835-82), Leon Walras (1834-1910) e Alfred Marshall (1842-1924). Apesar de ter algumas ideias similares com a escola clássica, como o livre mercado (não tão livre assim), a escola neoclássica trouxe algumas novas ideias, como o debate sobre a racionalidade dos indivíduos, o estudo da oferta e da procura, entre outras. Enquanto a escola clássica acredita que o valor de um produto é estabelecido pelo custo de sua produção (teoria do valor-trabalho), a escola neoclássica tem outra visão, para os economistas neoclássicos o valor — ou preço, como eles chamam — de uma mercadoria depende do quanto essa mercadoria é valorizada por seus consumidores. Nessa visão, o ponto principal não seria se um produto é difícil ou fácil de se produzir, ou o tempo que gasta o produzindo, e sim o quão valioso ele é considerado por seu consumidor. Outro ponto em que a escola clássica e neoclássica se divergem é quanto a organização social, para a escola clássica a sociedade é dividida em classes, já para a neoclássica a sociedade é dividida em indivíduos e esses indivíduos são racionais e egoístas. Além disso, a escola neoclássica contestou a ideia de que a produção era a área mais importante da economia, e trouxe a ideia de consumo e troca. O consumidor nesse cenário é um ser racional e tem todas as informações sobre o produto, sabendo o que melhor atende às suas necessidades baseado na sua renda (utilidade), e o preço da mercadoria irá variar de acordo com a oferta e demanda. A escola neoclássica basicamente acredita que o mercado deve ser livre, exceto que, segundo Arthur Pigou, muitas vezes o preço do mercado não representa o verdadeiro custo e benefícios sociais. Isto é, muitas vezes as empresas danificam o meio ambiente e outras vezes as empresas contribuem de forma positiva para a sociedade, sendo assim, Pigou acredita que em alguns casos especiais o Estado deve interferir para corrigir esses problemas, parabenizando quem contribui positivamente e punindo quem prejudica o meio ambiente. A escola marxista (XIX) “O capitalismo é um poderoso veículo para o progresso econômico, mas vai entrar em colapso à medida que a propriedade privada se tornar um obstáculo para novos progressos.” Principais nomes: Karl Marx (1818-83) e Friedrich Engels (1820-95). A escola marxista, assim como a neoclássica, herdou algumas ideias da escola clássica. Como a teoria do valor-trabalho — que foi rejeitada pelos neoclássicos —, a ideia da sociedade ser dividida em classes e também acredita que a principal área da economia é a produção. Para Engels, “a produção é [...] a base da ordem social”. Dessa maneira, a sociedade marxista é voltada para a ideia de que a economia é formada pelas forças de produção (meios de produção) e pelas relações de produção (forças de trabalho; mão de obra). Marx, em suas teorias, sempre deixou bem claro a ideia de que a luta de classes está no centro da história. Enquanto a escola clássica acredita que a classe trabalhadora era uma força passiva, para Marx não era bem assim, ele acredita que os trabalhadores tinham um papel ativo na história e que eles seriam os “coveiros do capitalismo”. De acordo com Marx, pelo capitalismo ser baseado na concorrência, as tecnologias sempre estão sendo desenvolvidas, assim, chegaria um momento em que a tecnologia entraria em contradição com a divisão de trabalho. E, por cada vez mais as empresas necessitarem uma das outras como fornecedoras e consumidoras, a propriedade privada se torna um empecilho para essa relação, aumentando a contradição, levando ao colapso do capitalismo. No lugar do capitalismo, seria instaurado o socialismo, onde uma autoridade seria responsável por todas as empresas e essas empresas pertenceriam a seus trabalhadores. Outro ponto interessante, é que diferentemente de muitos economistas, Marx acreditava que o trabalho não deveria ser apenas um meio de se conseguir dinheiro para consumir, e sim uma forma de expressar sua criatividade, o que não era possível nesse sistema. A tradição desenvolvimentista (XVI) “As economias atrasadas não podem se desenvolver se deixarem as coisas inteiramente por conta do mercado.” Principais nomes: desconhecidos. Mesmo não sendo uma escola, a tradição desenvolvimentista não deixa de ser importante, ela é muito útil quando se trata de problemas reais da sociedade, e é considerada responsável por muitas das experiências econômicas bem sucedidas da história. Uma das principais preocupações da tradição desenvolvimentista é ajudar países que estão com suas economias atrasadas. E para eles, isso não significa apenas aumentar a renda desse país, mas sim desenvolver novas tecnologias aumentando a capacidade de produção. E para isso, o governo deveria intervir nas atividades econômicas, tendo em vista que o livre mercado atrapalharia o desenvolvimento de indústrias atrasadas. Hirschman notou que alguns setores têm vínculos fortes com outros. O dever do governo seria identificar quais são esses setores e incentivar — através de investimentos, por exemplo — a relação entre eles. Com isso, as indústrias teriam um espaço mais seguro para crescerem, aumentando sua produtividade sem serem esmagadas pelo livre mercado. A escola austríaca (XIX) “Ninguém sabe o suficiente; então deixemos todo mundo em paz.” Principais nomes: Carl Menger (1840-1921), Ludwig von Mises (1881-1973) e Friedrich von Hayek (1899-1992). A escola austríaca, ainda mais que a escola neoclássica, defende a ideia de livre mercado. Mas não com o mesmo pressuposto de que o ser humano é racional e tem todas as informações necessárias sobre o produto que deseja consumir, e sim porque, para a escola austríaca, os seres humanos não são racionais e tem muitas coisas no mundo que não tem como saber,por isso, é melhor confiar que o próprio mercado encontre seu equilíbrio. Outro ponto que a escola austríaca argumenta é que a racionalidade humana é muito limitada. Para essa escola, por estarem inseridos em uma sociedade, os indivíduos se adaptam às suas normas, tornando suas opções limitadas, por esse motivo, eles conseguem tomar decisões minimamente racionais. A ordem espontânea do mercado é uma outra teoria da escola austríaca. Nessa teoria, seria impossível conseguir todas as informações necessárias para administrar uma economia, e por isso seria pertinente deixar que o mercado regule a si mesmo. A escola (neo-)schumpeteriana (XX) “O capitalismo é um poderoso veículo de progresso econômico, mas se atrofia à medida que as empresas se tornam maiores e mais burocráticas.” Principais nomes: Joseph Schumpeter (1883-1950). Assim como Marx, Schumpeter discorre sobre o papel da tecnologia em um sistema econômico capitalista. Ele diz, que quando é criado algum produto inovador (através de novas tecnologias), o empresário responsável tem um monopólio temporário no mercado. Adquirindo assim, um lucro enorme, chamado por Schumpeter de lucro empresarial. Obviamente, com o passar do tempo, os concorrentes irão copiar seu produto e com isso o lucro cai para o nível normal. De acordo com Schumpeter, a competição no mercado através de novas tecnologias é muito mais valiosa e eficiente do que a com tecnologias já existentes, onde a principal forma de se concorrer é através de preços menores. Mesmo acreditando na dinâmica do capitalismo, Schumpeter aponta que devido a burocratização da administração das empresas, os empresários estavam contratando gestores profissionais — os quais ele se refere com desprezo —, e isso fará com que o capitalismo definhe lentamente, abrindo espaço para o socialismo. A escola keynesiana (XX) “O que é bom para os indivíduos pode não ser bom para a economia como um todo.” Principais nomes: John Maynard Keynes (1883-1946). Keynes, tendo em vista o cenário da grande depressão, causado pela superprodução, contesta a ideia de que o mercado encontra seu próprio equilíbrio. Para ele, se o mercado é responsável por equiparar a oferta e a demanda, não faria sentido haver desemprego, fábricas ociosas e produtos não vendidos durante períodos prolongados. De acordo com Keynes, pela economia não consumir naturalmente tudo o que produz, ela precisa de investimentos para que tudo o que foi produzido seja devidamente utilizado, não havendo desperdício, conceito conhecido como pleno emprego. A forma de se conseguir o pleno emprego, para Keynes, seria através do espírito animal, um impulso de ação dos investidores, que seriam motivados por alguma inovação, algo excepcional, inusitado. Porém, os investimentos dependem das expectativas psicológicas dos investidores para o futuro, e não de cálculos racionais, pois o futuro é incerto. O conceito de incerteza utilizado por Keynes foi muito bem descrito por Donald Rumsfeld, onde ele aponta que: “Existem fatores conhecidos que são conhecidos. Coisas que nós sabemos que sabemos. Há desconhecidos conhecidos. Quero dizer, coisas que sabemos que não sabemos. Mas há também desconhecidos desconhecidos. Coisas que nós não sabemos que não sabemos”. Dessa maneira, o futuro sendo incerto, os investidores podem achar que não é um bom momento para investir, guardando seu dinheiro. E Keynes explica que isso é um problema, porque com menos investimentos, o gasto diminui e consequentemente o rendimento cai, tendo em vista que o gasto de um é o rendimento de outro. Com a redução da renda, a poupança também diminuiria, pois sobraria menos dinheiro para poupar. Pela demanda de investimentos ser menor agora, para se igualar, a poupança irá diminuir. Com essa redução, não existirá pressão para retrair os juros, desestimulando o investimento. O mercado financeiro, para a escola keynesiana, é movimentado basicamente pela especulação, isto é, os ativos são vendidos e comprados de acordo com as expectativas das pessoas em relação ao futuro, que é incerto. Essa situação causa um fenômeno conhecido como “comportamento de rebanho”, e faz com que o preço dos ativos fiquem acima do seu valor real, formando uma bolha que eventualmente irá “estourar”, causando uma queda repentina no valor dos ativos. A escola institucionalista — o velho e o novo? (XIX - XX) . “Os indivíduos são produto da sua sociedade, embora possam mudar as regras.” Velha economia Institucional: Principais nomes: Thorstein Veblen (1857-1929) e Wesley Mitchell (1874-1948). A escola institucionalista discorda da forma que outras escolas, como a neoclássica e clássica, não dão a devida importância à natureza social dos indivíduos. Thorstein Veblen trouxe a ideia de que os indivíduos são complexos e que existem diversas razões por trás de suas decisões. Veblen também afirma que a racionalidade é moldada de acordo com a sociedade em que o indivíduo está inserido, isto é, grande parte do que o compõe vem das leis, convenções sociais, costumes, etc. Chang afirma que o New Deal — conjunto de medidas econômicas e sociais utilizado para resolver a Crise de 1929 —, apesar de muitas vezes ser tratado como um projeto da escola keynesiana, pertence, na verdade, à escola institucionalista. Nova economia institucional: Principais nomes: Douglass North (1920 - 2015), Ronald Coase (1910-2013) e Oliver Williamson (1932-2020). Se dissociando da velha economia institucional, a NEI (nova economia institucional) examinou como as instituições são criadas através das escolhas dos indivíduos. A NEI trouxe a ideia do custo de transação, que dizia que não existe apenas o custo de produção, como os neoclássicos afirmam. Para essa escola, além do custo de produção, existem alguns outros custos, um grupo define esses custos como “o custo envolvido nas próprias trocas do mercado”, e outro grupo estabelece como “o custo de funcionamento do sistema econômico”. A partir do conceito de custo de transação, várias teorias foram desenvolvidas. Com isso, é possível a explicação do motivo de muitas atividades econômicas serem realizadas na própria empresa, mesmo com a economia “de mercado”, isto seria porque as transações de mercado geralmente são caras, pois o custo de informações e da execução de contratos são elevados. Assim, é melhor e mais econômico que as transações ocorram dentro da própria empresa. Outra decorrência do conceito do custo de transação foi o estudo de como os direitos da propriedade interferem nos investimentos, nas escolhas de tecnologias e em outros aspectos econômicos. A escola behaviorista (XX) “Como nós não somos inteligentes o suficiente, precisamos restringir deliberadamente a nossa própria liberdade de escolha, através de regras.” Principais nomes: Herbert Simon (1916-2001). O behaviorismo, muitas vezes chamado de comportamentalismo, estuda de forma objetiva o comportamento humano, abandonando a ideia neoclássica de que os indivíduos sempre são racionais e egoístas. Herbert Simon desenvolveu o conceito de racionalidade limitada, para ele, o ser humano não é irracional, entretanto, tem uma capacidade limitada de processar informações, fazendo com que as suas opções sejam reduzidas. Simon afirma que, através de diferentes formas, o cérebro humano encontra “atalhos”, fazendo com que em uma situação com muitas escolhas, o cérebro foque nas opções mais promissoras, diminuindo as alternativas. Com isso, muitas vezes a decisão pode não ser a melhor, mas dessa forma a pessoa conseguirá lidar com a complexidade do mundo, mesmo tendo uma racionalidade limitada. Ainda, Simon argumenta que não é somente no nível individual que a racionalidade limitada está presente, mas também através de regras organizacionais e sociais, que restringem a liberdade de escolha, conceito conhecido como rotinas organizacionais. E, partindo da premissa de que um grupo de pessoas estão inseridos na mesma sociedade e respeitam as mesmasregras, é mais fácil saber as possíveis decisões que essas pessoas irão tomar. Mesmo a emoção sendo tratada como algo negativo por muitos economistas. Simon defende que, na verdade, a emoção é algo bom, pois ela faz com que a pessoa foque no problema mais urgente que precisa ser resolvido. Além disso, a escola behaviorista diz que dentro de uma organização é necessário lealdade, pois teria custos enormes para monitorar e punir uma empresa repleta de pessoas desleais.
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