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DRESCHER, Seymour. “As revoluções franco-americanas, da década de 1780 à de 1820”. In: Abolição: uma história da escravidão e do antiescravismo. São Paulo: Editora Unesp, 2011. pp. 205-253. · As revoluções franco-americanas, da década de 1780 à de 1820 ► No interior da revolução, 1783 a 1791 → Permanências ‣ Mesmo após o processo de independência das 13 colônias, o sistema de escravização ainda se mantém. ‣ A necessidade de mão de obra para ocupar os lugares de prosperidade do mundo novo faz com que ocorra a manutenção da exploração do escravizado, e consequentemente, o aumento nos lucros e no poder daqueles que mantivessem as negociações. → A relação da França com o tráfico de escravos ‣ 1785 a 1790 – Os portos coloniais franceses recebem o maior percentual de escravizados em relação a qualquer outra potência imperial. ‣ Motivados pelos lucros que poderiam ser obtidos nas lavouras das colônias, prezam pela manutenção do tráfico, e por consequência da escravidão. → A prosperidade de São Domingos ‣ Com suas lavouras de café e açúcar e seu número expressivo de escravos, a colônia de São Domingos se sobressaía até mesmo do Império Francês. ‣ Essa colônia recebia a maior parte dos investimentos ultramarinos franceses, mas ela também era responsável por quase metade do comércio ultramarino de todas as colônias francesas. → A França revolucionária ‣ Mesmo com a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão afirmando que a liberdade era um direito individual, demorou ainda cinco anos para que a abolição fosse declarada. ‣ Contudo, existia uma inconstância no sistema escravista, em algumas colônias a liberdade nunca chegou. Além de que ela voltaria atrás algumas em relação a proibição ou não do tráfico de escravos. → Escravizados e pessoas de cor livres (gens de couleur) ‣ Os escravos eram 80% a 90% da população nas colônias francesas. ‣ Os gens de couleur quase se igualavam aos brancos na colônia de São Domingos. ‣ As pessoas de cor livre em sua maioria eram ricas e tinham sua educação nos mesmos moldes dos brancos, além de terem liberdade para circular entre a colônia e a França. ‣ Esse destaque social e econômico dos gens de couleur trouxe à tona o desejo dos brancos de mais restrições e obstáculos para as pessoas livres de cor. → O debate sobre a escravidão e o tráfico de escravos ‣ A escravidão até momentos antes da revolução francesa ainda era um tema de pouco destaque. ‣ Inicialmente existiam alguns poucos projetos de abolição que pensavam a escravidão como um problema. ‣ A condenação moral da escravidão passa a ser interesse de alguns economistas políticos da França. ‣ A proposta de Adam Smith ganha espaço no que diz respeito ao reconhecimento de que o trabalho livre era mais barato e eficiente que o escravo, associado a esse pensamento pode-se colocar a ideia de que o progresso econômico estava relacionado a um processo civilizador geral. ‣ É preciso destacar que raramente a violência do sistema escravista era colocado em destaque nas discussões. → Amis des Noirs e as propostas de mudanças ‣ Os Amis des Noirs era formado por membros da elite parisiense que buscava a efetivação da proibição do tráfico escravo. ‣ Queriam inserir a questão da escravidão como uma pauta dentro dos aspectos que deveriam ser mudados. ‣ É preciso entender que foram colocadas algumas ações contra a escravidão na Convocação dos Estados Gerais, mas inicialmente as pequenas ações contra escravidão foram derrotadas pelos interesses escravistas. → O papel ocupado pelas colônias ‣ Não deveriam ter conhecimento sobre o debate em torno da escravidão e da desigualdade social, visto que, poderia ser um mecanismo que poderia causar instabilidade. ‣ Através de um decreto aprovado em 1790, a França buscava estruturar suas colônias no sistema escravista, apoiando a autonomia para o tráfico de escravos e o reconhecimento dos escravizados como propriedade dos senhores. ‣ Mesmo diante do entusiasmo da revolução era perceptível que as questões de hierarquia social permaneciam inalteradas. ‣ Mesmo diante de uma França mergulhada em aspectos revolucionários, suas colônias estavam inseridas em uma estrutura de controle para uma eventual resistência por parte dos escravos. → Revolta de São Domingos ‣ Organizada através da reunião da elite escrava, inicialmente de maneira secreta, foi rapidamente difundida pelas diferentes lavouras. Trouxe pânico para elite colonial e a tentativa de se firmar acordos com os rebeldes ou por fim, através da brutalidade, desse evento. ‣ Os negros revoltosos tiveram que lutar contra homens de cor livre, brancos e outros negros escravizados, que eram colocados para lutar pelos seus donos. ‣ Mesmo diante dessa acentuada revolta, a França permaneceu com seu sistema escravista, inclusive propôs o reconhecimento da cidadania plena dos homens livres de cor para auxiliar na reestruturação da ordem. → A tentativa de estabelecer a ordem em São Domingos ‣ As tropas francesas conseguem conter parte dos revoltosos que se rendem e tentam oferecer liberdade e remunerações para outros. ‣ Os escravos que permaneciam tentavam recrutar aqueles que ainda estavam nas lavouras, essas ações trouxeram uma preocupação maior e de urgência para França no que diz respeito a emancipação. ‣ Mas foi só a ameaça de invasão das colônias caribenhas francesas pelos britânicos que fez com que a França efetivamente decretasse a emancipação em 1794. → A proposta de emancipação ‣ A proposta francesa de liberdade incluía o trabalho compulsório para aqueles que não quisessem ser recrutados como corsários ou soldados. ‣ Os libertos ainda estariam sujeitos as lavouras; e diferente do que desejavam, teriam que voltar para as grandes propriedades através do trabalho forçado. ‣ Ressalta-se o descompromisso Francês com emancipação em todas as suas colônias e a fragilidade emancipatória nas colônias que foram atingidas. → A restauração da escravidão por Napoleão ‣ Napoleão Bonaparte decide que a autoridade francesa deveria ser plena nas colônias. ‣ O aumento da repressão, a organizações para restabelecer a escravidão e o tráfico de escravos faz com que ocorra união entre os negros escravizados e as pessoas de cor livres para lidar contra as forças francesas em São Domingos. → Haiti revolucionário ‣ Busca-se a independência da França, e foi diante da batalha com as tropas francesas que o Haiti consegue estabelecer o fim da instituição da escravidão e o desaparecimento daqueles que davam sustentação a velha ordem. ‣ Esse aspecto revolucionário traz a perspectiva de que era possível romper com as estruturas do sistema escravista. ‣ Entretanto, a preocupação do Haiti com a manutenção do seu governo independente e o estabelecimento do fluxo comercial faz com que seus recursos não se direcionem para pôr fim a instituição da escravidão em outros locais. ► O impacto revolucionário franco-caribenho → A instituição escravista pós-revolução haitiana ‣ Os países colonizadores não se sentiram ameaçados pela perspectiva revolucionária dos escravizados do Haiti. ‣ Através da perspectiva histórica é possível reconhecer que a revolução pode até mesmo atrasado a abolição em alguns lugares; como por exemplo no caso inglês, que aproveitou para expandir seu território de domínio e aumentar o número de escravos. → A perspectiva da França sobre o Haiti ‣ Os franceses buscavam evitar mencionar sobre o levante revolucionário em São Domingos, quando traziam esse assunto era para mostrar o caráter violento e selvagem do evento. ‣ Evitava-se utilizar o nome Haiti, quando raramente a antiga colônia era mencionada. A ideia principal era banir aquele território que proporcionou tantos problemas para a França. ‣ O Haiti só consegue seu reconhecimento diante da monarquia francesa em 1825, mas através do pagamento de uma alta quantia para os familiares das grandes lavouras.
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