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1 Conclusão: Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais: Conclusão: Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o EMPRENDER Dicas para lançar o seu negócio HUGO BELCHIOR Como ser um FISIOTERAPEUTA EMPREENDEDOR Como ser um FISIOTERAPEUTA EMPREENDEDOR Dicas para lançar o seu negócio HUGO BELCHIOR Desde 2008 a elevar a Fisioterapia em Portugal www.bwizer.com http://www.bwizer.com Para os meus pais. Nunca tendo investido directamente em qualquer projecto empresarial meu – nem nunca lhes pediria para o fazerem – proporcionaram-me as condições gerais para poder seguir este caminho. 5 O QUE DIZEM DESTE LIVRO Achei esta iniciativa muito interessante e corajosa. Parece-me que esta poderá ser uma poderosa mais valia para a comunidade de Fisioterapeutas, onde existem com certeza vários empreendedores desejosos de estratégias que possam ser um veículo adequado para a concretização dos seus sonhos. A escrita está extrema- mente acessível, numa lógica de discurso muito honesta. Não sou uma pessoa em- preendedora por natureza e, no entanto, dei comigo a ler todo o livro e a desfrutar imenso. Genuinamente, muitos parabéns Hugo por esta iniciativa. Venham as próximas. Ana David Fisioterapeuta, Coordenadora da Fisioterapia das Modalidades de Alta Competição do Sport Lisboa e Benfica • • • A editora SAGE realizou durante o mês de abril de 2016, um estudo sobre o perfil dos empresários da geração milénio (pessoas nascidas entre 1983 e 2000), nas áreas dos valores e motivações, cultura, adoção de tecnologia e burocracia (o título da obra: "Walk with me - meet the new generation of entrepreneurs. SAGE, 2016"). Cinco perfis de empresários emergiram: os planeadores; os tecnológicos; os in- tuitivos; os realistas e os aventureiros. De uma amostra global de 7.400 jovens empresários de várias partes do mundo, um valor significativo de 66% diz colo- car a sua vida à frente do trabalho; 69% referem que as atividades que desen- volvem para a comunidade constitui uma parte importante daquilo que fazem; 62% dizem ter sacrificado o lucro para se manterem fiéis aos seus valores e 63% dos jovens empresários acreditam que terão mais do que uma experiência em- presarial na sua vida. 6 Nesta iniciativa do Hugo Belchior encontramos estes ingredientes descritos na primeira pessoa, e acredito que a sua experiência, mais do que os seus ensina- mentos, será a principal fonte de inspiração para todos quantos procuram jun- tar as peças do seu próprio puzzle pessoal. De leitura fácil e corrida, lemos este livro quase com aquela impressão de ter- mos o Hugo aqui ao nosso lado falando de coisas que fazem sentido e contando histórias interessantes. Emanuel Vital Fisioterapeuta e Presidente do Conselho Directivo Nacional da APF • • • O Livro - Como ser um Fisioterapeuta Empreendedor. Dicas para lançar o seu negócio - da autoria do Hugo Belchior é uma excelente ferramenta que decorre da experiência pessoal, da identificação de oportunidades e da assertividade in- dispensáveis à colocação de produtos e/ou serviços no mercado. Sem ambição de ser um tratado do empreendedor, cuida e mitiga erros fundamentais, indi- cando etapas essenciais para empreender com probabilidade de sucesso. A sua leitura trará, com toda a certeza, benefícios de tempo e acerto. Professor Doutor Espregueira-Mendes Director da Clínica do Dragão - Espregueira-Mendes Sports Centre – FiFA Medical Centre Excellence • • • Os “tempos gloriosos para a fisioterapia” que o Hugo Belchior menciona neste seu livro, têm exatamente a ver com a crescente autonomia do fisioterapeuta, não só como prestador de cuidados, mas principalmente na sua capacidade actual de gestor e responsável pelo seu próprio negócio. Os desafios que se colo- cam, implicam a necessidade de aquisição de competências e conhecimentos empresariais, bem como o “quanto baste” da capacidade de assumir riscos. Este 7 livro é certamente uma excelente base de reflexão para o jovem empreendedor e representa um estímulo e um guia para a iniciativa privada em fisioterapia. Isabel de Souza Guerra Fisioterapeuta e ex-Presidente do Conselho Directivo Nacional da APF • • • Conheci o Hugo há alguns anos, não muitos, e tenho acompanhado a sua carreira com muito interesse e curiosidade. Gosto da maneira de estar, do estilo e da forma. O conteúdo, esse está mais que demonstrado em todo o seu percurso. Rico, diversificado e, acima de tudo, feito, como se diz agora, de partilha e de entusiasmo contagiante de fazer acontecer. Parabéns Hugo por este livro mas, acima de tudo, por tudo o que tem inspirado tanta e tanta gente. E muito obriga- do pelo convite. Um orgulho! Prof. José Soares Professor Catedrático de Fisiologia na FADE, Universidade do Porto. Autor do best seller "Running – muito mais do que correr” • • • “Como ser um fisioterapeuta empreendedor” é leitura obrigatória para quem se lança a empreender. "Pára-quedas" de segurança para o que vai encontrar e alerta para as dificuldades que terá de ultrapassar. Destaque especial para o capítulo "Como captar clientes" Parabéns Hugo.” Luís Pinto Fisioterapeuta da equipa de futebol profissional do Futebol Clube do Porto • • • 8 “Como ser um fisioterapeuta empreendedor”, é um fantástico contributo de Hugo Belchior à nossa fisioterapia. Conheci-o ainda nos tempos da Belpac, tendo-o reencontrado mais tarde na Bwizer. Conhecer melhor o seu percurso de vida, só aumentou a admiração que tenho pelo Hugo! Este livro, tanto pode ser visto como uma ferramenta valiosa na orientação dos profissionais que estão a iniciar os seus projetos como, para os mais velhos como eu, se auto avaliarem e fazerem o switch que acharem necessário para melhorarem o seu negócio. Maria João Palmeira Fisioterapeuta e empreendedora (Movimento Encadeado) • • • O livro de Hugo Belchior “Como ser um Fisioterapeuta Empreendedor” é, neste momento, leitura obrigatória para quem quiser iniciar os seus passos na Fisioterapia Privada, mas também tem opiniões e estratégias importantes para quem apenas trabalha com doentes. Trata-se de uma obra que, de forma muito objectiva, foca todos os pontos im- portantes para definir uma estratégia de intervenção para quem quer iniciar-se nesta área. O Fisioterapeuta Hugo Belchior é um homem de sucesso na sua área, demonstra conhecer como ninguém o actual mercado de fisioterapia, as suas vantagens e as suas dificuldades e, neste seu livro consegue, de uma forma muito prática, colocá-las à disposição de todos. Este livro também me ajuda apesar dos meus33 anos de prática privada em Fi- sioterapia. Olímpio Pereira Fisioterapeuta e empreendedor (FisioRoma) • • • 9 União. Para mim quando se fala do Hugo Belchior e dos seus projectos só me surge esse termo, União. A sua forma de estar muito particular visa sempre unir conceitos, contextos e informação. Para mim a informação é a base do funcionamento de tudo, é aquilo que nunca se perde e sempre se pode ganhar, e o Hugo tenta reunir o máximo de informação em torno da Fisioterapia. A criação de uma empresa para partilha de informação, a promoção de vários encontros de partilhas de experiências entre Fisioterapeutas de diversas re- alidades, a introdução de forma audaz do conceito de negócio em fisioterapia, até à junção de toda esta informação neste livro são o exemplo de quão ímpar tem sido o seu trabalho. Ricardo Martins Fisioterapeuta e empreendedor (Fisiomar) • • • Este livro, generoso contributo do Hugo Belchior para a fisioterapia, coerente com o espírito empreendedor do seu autor, constitui uma ferramenta útil para aqueles que têm as características adequadas mas que necessitam da inspiração e do exemplo para dar o primeiro passo para lançar a sua empresa. Rui Macedo Fisioterapeuta e docente da ESS-IPP. Curiosidade: foi o primeiro director de curso do Hugo Belchior, na CESPU. Apesar do investimento que exigiu, a versão digital deste livro será distribuída gratuitamente a todas as pessoas que se registem em www.f isioterapeutaempreendedor.pt. Peço-lhe portanto que não partilhe a cópia que agora está a ler com ninguém. Se quiser partilhar o livro – e agradeço-lhe por isso – por favor remeta para www.f isioterapeutaempreendedor.pt onde o download de uma nova cópia será possível de forma imediata. Esta é a forma de manter alguma visibilidade sobre o alcance do livro e de poder envolver o maior numero possível de pessoas na melhoria deste projecto. Obrigado, Hugo Belchior http://fisioterapeutaempreendedor.pt http://fisioterapeutaempreendedor.pt http://fisioterapeutaempreendedor.pt ÍNDICE 12 14 17 25 27 31 34 37 43 46 49 53 57 60 64 70 71 Enquadramento do livro A estrutura do livro A minha história: de fisioterapeuta a empreendedor A emergência das unidades privadas de fisioterapia O empreendedorismo é para mim? Aspectos específicos dos serviços que há que ter em conta O cliente é Rei Como captar clientes O Produto Que preço cobrar Investimento Financiamento: como arranjo dinheiro para investir? Enquadramento legal das unidades privadas de fisioterapia A fartura pode matar mais do que a fome Exemplos de empreendedorismo em fisioterapia Conclusão Agradecimentos 12 foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais: Conclusão: Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais: Conclusão: ENQUADRAMENTO do LIVRO 13 Nos últimos anos, e com especial destaque nos últimos meses, tenho sido contactado muito frequentemente por fisioterapeutas, com o intuito de os ajudar nos seus projectos empresariais. Imagino que isto se deva a três razões fundamentais. Primeiro, porque eu próprio sou fisioterapeuta. Segundo, porque sendo fisioterapeuta, levei a cabo uma mudança de carreira que me conduziu ao mundo das empresas. Terceiro, porque vou sendo conhecido na comunidade da fisioterapia, desde logo por causa da Bwizer, empresa líder de mercado na formação avançada para fisioterapeutas e que conta com milhares de clientes por ano e que me permite ter contacto com inúmeras histórias e casos de sucesso. A estas razões creio juntar-se outra: o facto de, na Bwizer, já termos organ- izado alguns eventos ligados ao tema, e de eu próprio ter sido um dos forma- dores. Tudo isto tem levado a que algumas pessoas me vejam como uma fonte po- tencial de informação e como não me é possível responder, de forma minima- mente detalhada, a todas as pessoas que me contactam – apesar de que creio nunca ter deixado de responder a ninguém – decidi desenvolver soluções que possam ajudar várias pessoas ao mesmo tempo. Decidi escrever este livro para ajudar aqueles que querem empreender e não sabem como, tal como aqueles que, tendo já os seus negócios, os quer- em fazer crescer. Faço-o porque também eu vivi momentos em que sentia que queria avançar como o meu negócio e estava cheio de dúvidas e receios. Não sabia o que fazer, por onde começar e tinha medo de como as coisas poderiam evoluir. Agora, que vou a caminho de 10 anos de experiência com projectos próprios, sinto que já posso partilhar alguns ensinamentos; coisas que gostaria muito que alguém me tivesse ensinado quando comecei. Faço-o ainda porque estou genuinamente convencido que se vivem tempos glorio- sos para a fisioterapia e que aquilo que hoje se puder fazer para a potenciar, terá retorno durante muito tempo. O que aqui partilho é algo que se baseia no meu estudo e na minha ob- servação. Não pretende ser algo muito detalhado mas é algo que tem o objec- tivo de ser amplo e, sobretudo, útil. https://www.bwizer.com/pt/ https://www.bwizer.com/pt/ https://www.bwizer.com/pt/arquivo_/ciclo_de_conversas_93como_criar_um_gabinete_94_-_geral_10071_001.html a ESTRUTURA do LIVRO 15 Para alcançar os objectivos que tracei para este livro, ser útil apresentando informação que considero ser relevante para quem quer empreender e o quer fazer com maior possibilidade de sucesso, estruturei-o da seguinte maneira: • A minha história • começo por descrever o meu percurso para que me conheça um pouco melhor e para que perceba como é que, de fisioterapeuta, me transformei em empresário. Talvez se reveja em alguns aspectos. • A emergência das unidades privadas • reflicto sobre as mudanças que se têm verificado na fisioterapia e como isso mudou aquilo que os fisioterapeutas têm que ter para serem bem sucedidos. • O empreendedorismo é para mim? • neste capítulo tento ajudá-lo a re- flectir sobre se o caminho do empreendedorismo é o caminho certo para si. • Aspectos específ icos dos serviços • a fisioterapia é um serviço (não é um produto físico) e isso acarreta algumas especificidades que há que ter em con- ta. Aqui, descobrirá quais são. • O cliente é Rei • às vezes os fisioterapeutas esquecem-se que no centro do processo têm que estar os clientes e não eles próprios. Espero que depois de ler este capítulo nunca mais se esqueça. • Captar clientes • a maior angústia de quem pondera criar o seu negócio é sempre o de saber se conseguirá captar o número suficiente de clientes. Neste capítulo dou algumas pistas para captar clientes enquanto reforça a sua mar- ca pessoal.• O Produto que vai vender • já pensou que as sessões de fisioterapia são um produto como outro qualquer, cujas características tem que definir em detalhe? Nesta parte do livro alerto-o para alguns aspectos cruciais a ter em conta na con- strução do seu produto. • Preço a cobrar • outra das grandes angústias é a de definir o preço. Recon- heço que é das decisões difíceis de tomar contudo, deixo aqui algumas ideias que o vão ajudar. • Investimento • afinal, o que é isso de um investimento? Como sei qual será o investimento necessário e como sei se algum dia vou ter retorno? Neste 16 capítulo deixo algumas questões para as quais deverá obter resposta no seu caso em concreto. • Financiamento • “como posso arranjar o dinheiro de que necessito para avançar com o meu negócio?” é uma das perguntas que mais me fazem. Não há soluções miraculosas mas, neste capítulo, deixo-lhe algumas consider- ações que podem ser bem importantes. • Enquadramento legal • Os fisioterapeutas em Portugal podem ter o seu es- paço próprio ou têm que estar enquadrados numa clínica de Medicina Física e Reabilitação? Sem aprofundar, deixarei algumas notas sobre o enquadra- mento legal das unidades privadas de fisioterapia. • A fartura pode matar mais do que a fome • será que isto faz sentido? Leia este capítulo e veja como vender demais pode ser o princípio do fim... • Exemplos de empreendedorismo em f isioterapia • num livro em que se fala de empreendedorismo não podia faltar uma secção com alguns exemplos reais. Exemplos que escolhi porque considero que podem ter muito a ensi- nar-nos. • Conclusão • • Agradecimentos • este livro implicou o esforço de muitos. Tento não me esquecer de ninguém nos agradecimentos. Tem duas formas de ler este livro. Por ordem, aquela que acredito que será a melhor opção por construir melhor cada conceito, ou saltando directamente para cada capítulo, se preferir. Espero que desfrute, seja qual for a opção. 17 Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais: Conclusão: Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, a MINHA HISTÓRIA : de f isioterapeuta a empreendedor 18 Nasci a 20 de Março de 1981, no Porto, em Portugal. Escrevo este livro com 35 anos, em 2016. Nestes 35 anos já tive a oportunidade de fazer bastantes coisas e, quase sempre, divertindo-me ao longo do processo. Saltando rapidamente para os meus 17 anos, altura em que tive que decidir que curso frequentar para dar seguimento aos meus estudos superiores, re- cordo que tinha bastantes dúvidas sobre o que seguir. Era bom aluno mas não era excelente. Podia entrar em bastantes cursos mas não em todos. A verdade, contudo, é que a grande angústia que sentia nem era a de, even- tualmente, não entrar no curso que sonhava. A angústia maior é que não sabia o que mais me entusiasmava e aquilo que me imaginava a fazer a nível profissional. Durante aquele último ano antes de entrar no ensino superior, decidi que a Fisioterapia seria o meu caminho. Tinha já eu tido alguma vez algum contacto com a fisioterapia? Conhecia eu f isioterapeutas? Nem por isso. O que acontece é que i. Tinha que decidir alguma coisa e a área da saúde era a possibilidade mais forte. Ii. Num mundo pré-Google, em 1998, tinha fei- to umas pesquisas, e começara a achar a fisioterapia interessante, iii. Tinha uns vizinhos que eram sócios de uma clínica de fisioterapia e, como sabia disso, perguntei-lhes se seria possível ir visitar a clínica algum dia e passar lá umas horas para perceber se me entusiasmava. Acederam ao meu pedido e lá fui eu. Um fisioterapeuta recebeu-me e acompanhei-o umas horas no seu trabalho. Um fisioterapeuta bem simpático, muito disponível, e que me deu o empurrão final para seguir fisioterapia. Estava bem longe de saber que aquele fisioterapeuta, 14 ou 15 anos depois, seria um dos formadores mais destacados de uma empresa que entretanto criei, a Bwizer. Esse fisioterapeu- ta é o Alexandre Novais. E assim, aos 17 anos, entrei em fisioterapia na CESPU, apostado em curtir a vida, com muita festa e pouco estudo durante, pelo menos, o primeiro ano. Afinal, não foi bem assim. Por três razões. Primeiro, a seriedade com que me costumo dedicar às coisas de foro profissional, que é um traço de personali- dade meu, impediu-me de não me dedicar com afinco desde o primeiro dia de aulas. Segundo, porque tratava-se de uma escola privada, cara, e quem a pagava não era eu, eram os meus pais. E, não sei bem porquê, logo nas primeiras semanas de aulas decidi calcular o preço de cada aula, dada a men- salidade que pagava. Não me lembro do valor exacto mas lembro-me bem de considerar que o facto de não ir às aulas significaria que estaria a atirar para o lixo um valor nada desprezível, ainda por cima dinheiro que não era meu. Terceiro, rapidamente comecei a gostar das aulas e do curso. E, de repente, https://www.bwizer.com/pt/ https://www.bwizer.com/pt/a_bwizer/formadores/alexandre_novais.html 19 estava claramente dedicado ao curso e, afinal, ainda tinha tempo para me divertir e até para participar em actividades associativas que, 4 anos depois, no último ano do curso, me haveria de conduzir à presidência da Associação Nacional de Estudantes de Fisioterapia. Estudei bastante e rapidamente me coloquei um objectivo, terminar o curso com uma média final de 17 valores. No final do primeiro ano não fiquei satis- feito com algumas notas pelo que decidi fazer uma série de exames de mel- horia na época de Setembro. Consegui subir vários valores em quase todas os exames e isso revelou-se fundamental para que, 4 anos depois, terminasse o curso com a almejada média de 17 valores e que me valeu, ainda por cima, o prémio de melhor aluno do meu curso e um cheque de €1.000 em formação que, curiosamente, nunca utilizei. Importa dizer que, naquela época, a fisioterapia se tinha transformado numa licenciatura bi-etápica, o que significa que depois de 3 anos de bacharelato se podia fazer mais um ano, conducente ao grau de licenciado (hoje já não é assim; a fisioterapia é uma licenciatura normal, de 4 anos). Isto levou a que no final do 3º ano, então com 20 anos e tendo já feito o meu programa de intercâmbio internacional de 3 meses em Valência (Espanha), com o meu bom amigo Sérgio Simões, fosse convidado para substituir um fisioterapeu- ta numa das clínicas de maior fama da época, a MEFIREA, convite feito di- rectamente pelo seu director clínico, também director clínico do serviço de Medicina Física e Reabilitação do HospitalPedro Hispano, em Matosinhos, onde tinha completado o meu último estágio do curso. Para que tenha uma noção do tempo, foi num desses dias de substituição do colega mais velho que caíram as torres gémeas em Nova Iorque, na sequência dos cruéis aten- tados terroristas da Al-Qaeda. Naquela altura estava a recolher dados para a minha monografia de 3º ano – tinha-me proposto avaliar os níveis do Síndrome de Burnout nos fisiotera- peutas do distrito do Porto – e isso levou-me a calcorrear o distrito durante umas semanas quentes de verão, a distribuir questionários a dezenas de fi- sioterapeutas. Foi penoso – e o meu velho carro não tinha ar condicionado – mas foi muito útil conhecer, no terreno, o mercado das clínicas de fisioter- apia. E, cereja em cima do bolo, numa dessas clínicas, em Felgueiras, o dono perguntou-me se não queria lá trabalhar. Respondi-lhe que naquela altura não podia decidir porque estava na redacção da monografia mas que iria ter em conta o convite. Confesso que foi apenas uma resposta simpática porque 20 não me estava a imaginar ir todos os dias de Leça do Balio (Matosinhos), onde vivia, até Felgueiras. Mal eu sabia que pouco tempo depois seria precisa- mente lá que começaria a trabalhar e que, anos mais tarde, já muito depois de deixar a prática clínica, a pessoa que me fez a tal proposta haveria de ser meu cliente. Foi o José Freitas, hoje um cliente assíduo da Bwizer. Acontece que o meu contacto com a realidade profissional foi bem menos en- tusiasmante do que eu imaginara e, portanto, rapidamente concluí que não pretendia manter aquele registo toda a vida. Concluí isto ainda com 20 anos e muito pouco tempo depois de começar a trabalhar. Por razões relacionadas com o início do 4º ano do curso – que decorria em horário pós-laboral – tive que sair daquela clínica, que ficava demasiado longe. Rapidamente arranjei emprego em Paredes, numa clínica de Medicina Física e Reabilitação. E foi a desilusão absoluta! Era uma clínica com algumas (poucas) pessoas simpáticas mas com um funcionamento anacrónico, de fraca qualidade e entediante. Essa circunstância teve contudo um aspecto muito positivo: ajudou-me a concluir, em definitivo, que a fisioterapia não era o meu caminho de longo prazo. E eu, que gostara tanto do curso... Apesar da má experiência que tive, e dos momentos de desalento por que passei – coisa muito rara em mim, lembro-me de acordar alguns dias sem vontade de ir trabalhar – estou certo que desempenhei o meu trabalho com profissionalismo, aliás reconhecido numa carta de recomendação que trouxe quando saí da clínica alguns meses volvidos, para ingressar num projecto completamente diferente, num “gabinete” de fisioterapia na cidade do Porto. Foi assim que entrei no Gabinete de Fisioterapia do Jorge Ribas, fisiotera- peuta afamado da cidade, com uma clientela invejável. O Jorge Ribas tinha o mérito – e tem – de ter sido dos primeiros fisioterapeutas a abrir o seu próprio espaço e a trabalhar com imensa autonomia. Era um indivíduo mui- to competente e respeitado e aprendi bastante com aquela experiência, no- meadamente a nível domiciliário, os serviços que eu mais assegurava. Não obstante a grande melhoria de condições que vivenciara, a experiência não se traduziu num aumento brutal do meu prazer. Gostava da fisioterapia – e gosto – mas não me via propriamente como fisioterapeuta. Como esta sensação se apoderara de mim há já algum tempo, fui dedicando tempo e esforço a procurar descobrir o meu caminho. E acontece que a res- posta sempre lá tinha estado. Eu só precisava de me escutar melhor. https://www.bwizer.com/pt/ http://www.jribasfisio.pt/ 21 Desde adolescente, tinha uma espécie de fascínio por histórias de em- preendedores, de empresários, de pessoas que criavam coisas, sobretudo coi- sas marcantes. Lembro-me de me entusiasmar com aquelas histórias e de me imaginar a vivê-las. Aliás, nos últimos anos do ensino secundário tinha uma espécie de ficheiro secreto no meu computador com uma lista de negócios que achava interessantes e que queria um dia lançar. Não sei onde foi parar esse ficheiro mas tinha alguma curiosidade em o recuperar. Não pelas ideias que lá estavam vertidas mas pelo início do processo que deixavam antever. Esse ímpeto empreendedor esmoreceu um pouco durante os primeiros anos do curso de Fisioterapia mas nem aí desapareceu completamente. Aliás, durante o primeiro estágio do terceiro ano, altura em que ia para Guimarães todos os dias para estagiar no hospital local, havia dias em que pegava no meu velho carro e ia até Ponte de Lima, onde estava a estagiar o meu bom amigo Manuel Paquete, para uma noite de copos, com regresso a Guimarães na manhã seguinte. E, se a memória me não falha, foi numa dessas noites que os dois, talvez animados pelo verde branco de uma tasca onde íamos sempre jantar, lançámos as bases daquele que seria o primeiro projecto empresarial de ambos, a Belpac, nome estranho mas que resultava, com alguma imaginação, da junção dos nossos apelidos: Belchior e Paquete... Enfim, reconheço que o processo não foi particularmente rebuscado mas, as- sim foi! Tudo isto, note-se, foi ainda durante o curso, antes de ter trabalhado nos locais que já referi e de ter chegado à conclusão que não queria ser fisi- oterapeuta. O meu processo de reflexão foi-se aprofundando e concluí que queria avançar com o meu negócio próprio. Sentia contudo que não sabia o sufi- ciente para me lançar logo nessa aventura. Isso levou-me a concluir que se- ria útil aprender mais algumas coisas antes de um passo desses. Foi assim que me decidi candidatar a um MBA (master in business admnis- tration) que não é mais do que uma formação pós-graduada em gestão, tipi- camente procurada por pessoas que querem catapultar as suas carreiras no mundo da gestão. Identifiquei a business school onde queria fazer o meu MBA, a EGP, actual PBS (Porto Business School) e lá me candidatei. Era muito novo, talvez novo demais – tinha 22 anos – quando iniciei o MBA, depois ter abandonado o https://www.linkedin.com/in/manuelpaquete http://belpac.pt/ https://www.pbs.up.pt/ 22 emprego seguro no gabinete do Jorge Ribas. Era o mais novo aluno de toda a escola (havia mais cursos para além do MBA) e, como seria de esperar, o úni- co fisioterapeuta. Aliás, creio mesmo ter sido o primeiro fisioterapeuta por- tuguês a fazer um MBA em full-time. Lembro-me bem dos olhares inquisi- dores de alguns colegas, sobretudo dos mais experientes, quando percebiam que para além de só ter 22 anos, era fisioterapeuta! Aqueles tempos iniciais não foram nada fáceis até porque não tinha quaisquer bases daqueles te- mas e tinha um domínio muito rudimentar de ferramentas matemáticas, tão necessárias em várias disciplinas. Seja como for, cedo meti na cabeça que, tal como os outros, iria conseguir concluir o MBA, e com notas decentes, o que viria a acontecer. Esse processo foi facilitado por colegas muito mais sabe- dores do que eu e até solidários, e que recordo com carinho. O MBA foi uma experiência muito marcante por tudo o que aprendi, pelo enorme desconforto a que me sujeitou, pela superação, pelo networking e até porque até certa altura, validou socialmente a minha mudança de car- reira. Para além de tudo isso, estava longe de imaginar na altura que um dos colegas, um dos alunos mais brilhantes, o José Vidrago, haveria de se tornar meu sócio. De todo o modo, ao longo daquele ano não fazia ideia do que poderia fazer no fim do MBA... Estava bastante apreensivo, devo confessar. Mas os deuses estavam comigo e na recta final do MBA surgiu a possibili- dade de integrar um processo de recrutamento para a Optimus (empresa de telecomunicações que entretanto se fundiu com a ZON criando a NOS), para um lugar de gestor de projectos na área do desenvolvimento comercial. Do MBA, estávamos 3 na corrida. Acabei por ser eu o seleccionado, a par de dois jovens engenheiros, e assim, aos 23 anos, entrei no mundo das telecomuni- cações e deixavadefinitivamente para trás a fisioterapia como profissão. Aprendi imenso na Optimus – foi um verdadeiro MBA prático – e fui evoluin- do na empresa. A certa altura era gestor comercial e chefiava uma equipa de pessoas mais velhas do que eu. Cometi imensos erros mas agora, olhando para trás, apesar das vítimas circunstanciais, percebo que foi um processo fundamental para o meu próprio desenvolvimento enquanto gestor e líder. Entretanto, era tempo de sair da Optimus – o corpo pedia-me uma experiên- cia como empreendedor – e foi assim que larguei tudo para me dedicar à Bel- pac, empresa que co-fundei com o Manuel Paquete. Despedi-me da Optimus https://www.linkedin.com/in/josevidrago http://www.belpac.pt/ http://www.belpac.pt/ 23 em Dezembro de 2006. Tinha 25 anos e muita ambição. Naquela altura, a dúvida que se me colocava era se deveria abandonar tudo o que já tinha, nomeadamente um salário, e abraçar o...nada! Tinha clara noção do enorme risco que enfrentava mas percebi que tinha muito mais receio de um dia olhar para trás e de me arrepender por não ter feito o que sentia que queria fazer, do que tentar e não conseguir. Isso tornou a decisão surpreendentemente fácil e nunca me arrependi, apesar de tantos momen- tos difíceis que entretanto vivi. percebi que tinha muito mais receio de um dia olhar para trás e de me arrepender por não ter feito o que sentia que queria fazer, do que tentar e não conseguir. A Belpac nasceu como uma empresa de serviços domiciliários sob a marca Fisio Domus, actividade a que cedo juntou a prestação de serviços de fisioter- apia, terapia da fala e terapia ocupacional a outras empresas que nos subcon- tratavam. Depois de uns primeiros anos duríssimos, praticamente sem cli- entes – e eu sem qualquer rendimento, gastando aquilo que poupara durante os temos na Optimus – as coisas começaram a estabilizar um pouco mais e, hoje, somos uma empresa que presta mais de 15.000 horas de serviços por ano, com receitas históricas acumuladas superiores a 1,5 milhões de euros. A Belpac ajudou-me, por um lado, a conhecer bem o potencial e as limitações dos serviços domiciliários e, por outro, a conhecer as restrições e as vanta- gens de um serviço mais tradicional, em contexto de residência geriátri- ca/unidade de cuidados continuados. Passaram já pela Belpac dezenas de prestadores de serviço, o que me foi também muito útil para entender como recrutar, seleccionar e formar profissionais de saúde, tendo sido confronta- http://www.fisiodomus.pt/ 24 do com inúmeros erros meus que me deram lições dolorosas mas úteis. A Belpac foi também fundamental para melhorar as minhas competências de gestão de tesouraria, apesar de reconhecer que as competências financeiras nunca serão o meu factor distintivo. Mas aquilo que a Belpac mais me proporcionou foi a consciência de que é possível abrir uma empresa, pô-la a funcionar do zero e ganhar dinheiro com isso, ao mesmo tempo que fazemos coisas relevantes para a sociedade. Essa constatação – ainda em fase embrionária – levou-me a desenhar um outro modelo de negócio e a fazer disso uma nova empresa. Foi assim que em 2008 nasceu a Bwizer, hoje líder em formação avançada para fisioterapeutas em Portugal, pese embora operar também noutros sectores. Na Bwizer tra- balham hoje 10 colaboradores, temos um volume de negócios anual consist- entemente acima de 1 milhão de euros, organizando mais de 300 eventos por ano que movimentam mais de 6.000 inscrições. Uma das coisas fantásticas da Bwizer é que é a prova viva que os fisioterapeutas podem fazer coisas dif- erentes da fisioterapia técnica, ainda que fazendo uso do seu conhecimentos de saúde como um factor distintivo. Dos 10 colaboradores da Bwizer, 9 são licenciados em fisioterapia mas trabalham hoje em áreas como o marketing, as vendas, as operações e a gestão geral. É portanto com base na minha experiência académica e profissional que vou partilhar consigo algumas considerações fundamentais para quem se quer lançar no mundo dos negócios ou para quem, já lá estando, quer reflectir sobre o caminho que tem seguido e quer potenciar os seus resultados. Conto consigo nesta viagem. https://www.bwizer.com/pt/ 25 decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais: Conclusão: Decidi escrever este com um propósito claro: poder ajudar especi- ficamente os fisioterapeutas e, de uma forma geral, todos aqueles que tenham algum ímpeto empreendedor, a definirem melhor o seu caminho e a estruturarem melhor os seus negócios. Estou certo que muito ficou por dizer. Algumas coisas que podia ter desenvolvido mas decidi não o fazer aqui – quis manter este texto com uma perspectiva introdutória, não demasiado complexa ou assustadora – e outras tantas coisas que podiam ter sido ditas não o foram pelas minhas próprias limitações, limitações que, assumindo, decidi que não me impediriam de partilhar aquilo que sei. É que num, tal como na vida, desde logo na vida empresarial, se estiver- mos à espera de criar o produto perfeito, nunca vamos criar produto nenhum! Conto agora com o seu feedback através do email empreendedor@ bwizer.com. Prometo ler cada um dos email que me forem enviados. Poderá continuar a seguir-me, e a acompanhar as minhas dicas, através dos seguintes canais:Quando decidi escrever um sobre empreende- dorismo em Fisioterapia, a minha ideia era escrever uma coisa bem simples e a EMERGÊNCIA das UNIDADES PRIVADAS de FISIOTERAPIA 26 Se esteve atento ao mercado da fisioterapia em Portugal nos últimos anos, ter-se-á apercebido de duas tendências fundamentais. A primeira, teve que ver com a pressão financeira que atingiu as unidades convencionadas de Me- dicina Física e Reabilitação (MFR), fruto das dificuldades financeiras do Es- tado. Realçaria 3 medidas que contribuíram para o aperto financeiro destas unidades: o aumento das taxas moderadoras, a redução do número de P1s a que cada paciente tem direito e a redução da subsidiação nos transportes de doentes. Tudo isto contribuiu para a redução das receitas daquelas unidades pelo aumento das barreiras à procura. A segunda tendência é o aumento marcado do número de unidades privadas de fisioterapia, tradicionalmente designadas por gabinetes de fisioterapia. Este crescimento, aliás, não será in- dependente da primeira tendência que descrevi. Estando estes fenómenos mais ou menos ligados, é inegável o aumento dos fisioterapeutas que trabalham em unidades próprias, sem qualquer con- venção e vivendo portanto no mercado livre ou seja, no mercado em que o cliente escolhe directamente o prestador, pagando-lhe a totalidade do preço, um preço não subsidiado. Não constatar este fenómeno é não perceber para onde evolui a fisioterapia. E a fisioterapia parece-me claramente evoluir para um mercado liberal, saindo do registo tradicional das clínicas MFR con- vencionadas e dos hospitais públicos. Há ainda um outro fenómeno que importa aqui constatar: a entrada em massa de fisioterapeutas em locais onde antes não existiam, quer por sub- stituição de elementos com menor formação, quer pelo surgimento de no- vas oportunidades. E, neste capítulo, destacaria os clubes desportivos sem esquecer as residências geriátricas e até as unidades de wellness (veja-se, a título de exemplo, a aposta do Holmes Place na fisioterapia). Este movimento está a mudar a relação do mercado com a fisioterapia e com os fisioterapeutas, ao mesmo tempo que coloca novos desafios a estes profis- sionais, que têm que se adaptar a uma prática de crescente autonomia, bru- tal exigência de resultados e menor enquadramento institucional, o que põe umatónica muito marcada no conhecimento e na formação. Estes desafios têm-se revelado perfeitos para alguns e uma grande angústia para outros. Acredito que a tendência da liberalização da fisioterapia veio para ficar e é nesse pressuposto que este livro é escrito, com o objectivo de ajudar os fisi- oterapeutas a melhor se adaptarem a este contexto. 27 o EMPREENDEDORISMO É para MIM? 28 Parece estar a ficar na moda ser empreendedor e isso é muito positivo para uma cultura como a nossa que, tradicionalmente, não é muito promotora do risco, da inovação e da livre concorrência. Mas se a promoção do empreendedorismo é algo positivo, acredito que nem toda a gente tem as características que lhe permitirão ser um empreendedor com o mínimo de êxito. Deixo claro que não acredito na romantização do empreendedor como um super-homem contudo, há coisas óbvias que um empreendedor, nomeadamente aqueles que começam do zero, sem grande apoio financeiro ou mesmo nenhum, têm que ter. Destacaria a resiliência, a capacidade criativa, o foco na execução e a confiança para avançar mesmo se o contexto não for o mais cómodo. Começando pelo último ponto, a confiança, chamo a sua atenção para o facto de que quem faz, quem faz diferente e, sobretudo, quem tem algum sucesso, tende a ganhar alguns ódios de estimação. Não é inevitável que isto acon- teça mas é altamente provável pelo que, se não tem o estofo necessário para saber lidar com críticas, sobretudo as injustas, pense bem se quer ter um projecto que o venha a pôr em confronto com situações destas. quem faz, quem faz diferente e, sobretudo, quem tem algum sucesso, tende a ganhar alguns ódios de estimação. A resiliência de um material refere-se à sua capacidade de dobrar sem que- brar e uso-o aqui como uma analogia à capacidade de resistência à adversi- dade. É a capacidade de aguentar o embate mesmo quando tudo parece cor- 29 rer mal. Esta característica não deve contudo ser confundida com teimosia e incapacidade de aceitar a realidade. Se tudo apontar para o fracasso do seu projecto, seja inteligente e livre-se dele rapidamente, em vez de o levar por diante só por teimosia. De todo o modo, meta desde já uma coisa na cabeça: nem tudo vai correr bem e, por isso, ou tem resiliência ou vai fracassar. A criatividade tem que ver com a capacidade de criarem formas novas de fazer as coisas e de antecipar o futuro. Se se limitar a fazer tudo aquilo que todos fazem, sem mais, vai ser mais difícil. se se f icar pelo sonho e pela idealização, nunca será um empreendedor. O empreendedor def ine-se pela capacidade de transformar um sonho em realidade. Deixei a capacidade de execução para o fim por considerar que é a mais im- portante. Um empreendedor não é (só) um sonhador. Está claro que importa ter um sonho, uma visão que quer alcançar contudo, se se ficar pelo son- ho e pela idealização, nunca será um empreendedor. O empreendedor de- fine-se pela capacidade de transformar um sonho em realidade. Empreender é construir, é levar a cabo e, portanto, se é daquelas pessoas que fala muito, está sempre a dizer que um dia vai fazer mas os dias sucedem-se e nunca faz, pense bem se ser empreendedor é mesmo para si. Um funcionário de uma empresa pode, e deve, ter um postura empreendedora mas, por norma, a empresa não dependerá do seu empreendedorismo para avançar; já num negócio próprio tudo é diferente e, goste ou não, ninguém vai trabalhar por si... E é bom que não seja daquelas pessoas que põe nos outros a culpa dos 30 seus insucessos porque se não tiver capacidade de auto-análise e de se pôr em causa e às suas acções, dificilmente conseguirá contornar os problemas que certamente vai encontrar. E sabe que mais? Alguns desses problemas vão ser culpa sua. E porquê? Porque errar faz parte do processo e ninguém nasce ensinado. • • • Para reflectir: Tem o que é preciso para se lançar numa aventura destas? 31 curta, abordando apenas dois ou três aspectos fundamentais contudo, à me- dida que ia escrevendo fui-me entusiasmando e acabei por escrever algo que, estando longe de ser exaustivo, é mais alargado do que o plano inicial. E isso implicou um maior investimento de tempo e, desde logo por isso, um impacto maior no meu trabalho diário que só não teve reflexos negativos na Bwizer pelo excelente trabalho da nossa equipa, a quem faço o primeiro agradecimen- to. A empresa não existiria hoje sem o trabalho dedicado de tantos e, por isso, é mais do que devido este meu agradecimento. Agradeço também a simpatia das pessoas a quem fiz referência ao longo do, nomeadamente os casos que descrevi sucintamente – e sem lhes fazer toda a justiça merecida – por permitirem a divulgação dos seus projectos e, mais importante, por serem tão inspiradores. É devido um agradecimento às várias pessoas que reviram detalhadamente o texto e que fizeram correcções e sugestões de melhoria bem importantes, nomeadamente o Manuel Paquete e o José Vidrago, meus sócios na Bwizer. Agradeço também a X e Y pelo trabalho gráfico que tiveram na montagem e edição do. Por fim, agradeço a todos os clientes, parceiros, fornecedores, prestadores de serviço e colaboradores que já tive na Bwizer e na Belpac. Sem eles teria sido impossível aprender o que quer que fosse e este texto nunca teria sido escrito. Tem sido uma caminhada com altos e baixos mas uma caminhada que tem valido bem a pena percorrer. ASPECTOS ESPECÍFICOS dos SERVIÇOS QUE HÁ QUE TER em CONTA 32 Vender serviços de fisioterapia, como qualquer serviço, é diferente de vend- er milho, carros ou móveis. Trata-se de um serviço e os serviços têm algumas características que os tornam diferentes dos produtos físicos e os tornam es- peciais. Já reparou que um serviço de fisioterapia não pode ser palpado, provado ou armazenado? É óbvio que não pode, uma vez que não tem uma existência física. Trata-se da característica da intangibilidade. E o curioso disto é que, ao contrário de um produto, o cliente não o pode tocar e, depois de o comprar, não o pode levar para casa; o serviço esgota-se no momento em que é presta- do. Com o consumo do serviço, o cliente fica apenas com o resultado e com uma recordação. Deve ter em conta esta característica dos serviços na hora de preparar e entregar o seu. De todo o modo, pode ser útil tentar tornar o serviço um pouco mais tangível para o cliente, para que aumente a sua valorização. Uma forma simples de o fazer é associar-lhe algo físico ou algo que prolongue a experiência de consumo. Uma aplicação de Kinesio Tape, uma folha com os exercício prescritos para casa ou o acesso a um programa de software onde esses exercícios estejam descritos, são tudo formas de con- seguir aquele efeito. Mas há mais! Já pensou onde começa o serviço de fisioterapia e acaba o fi- sioterapeuta? Posto de outra forma: será que o serviço é o próprio fisioter- apeuta e o seu trabalho? Ainda que considere que um serviço inclua toda a experiência do cliente e que, por isso, não haja uma sobreposição total entre aquilo que é o fisioterapeuta e o serviço que o cliente consome, é óbvio que há uma absoluta inseparabilidade entre aquilo que é o prestador e o serviço por si prestado; o serviço é assim consumido no exacto instante em que é produzido. Isto levanta desafios imensos porque pode ter uma dependên- cia excessiva dos profissionais com quem trabalha, denotada desde logo pelo facto de os seus clientes exigirem ser tratados por um fisioterapeuta em particular, seguindo-o se ele for trabalhar para outro local. Por outro lado, esta característica protege-o da concorrência uma vez que torna a sua oferta muito mais dificilmente replicável. A variabilidade é outra característica que merece ser tida em consideração. A variabilidade traduz a variação poten- cial do serviço de acordo com o momento em que é prestado, ou o estado de espírito de quem o presta, por exemplo. É uma característica fácil de com- preender se pensar que o serviçoque presta, enquanto fisioterapeuta, pode variar, por exemplo, com o momento do dia, dado o estado de cansaço que tenha. 33 Todas estas características dos serviços são circunstâncias que deve ter em atenção quando pensar naquilo que vai apresentar ao seu cliente e na forma como vai estruturar o seu negócio, desde logo na dimensão de relação com o cliente. 34 o CLIENTE É REI 35 Não assuma que conhece o cliente tão bem que não precisa de lhe perguntar nada. Isso é arrogância e, por norma, nos negócios a arrogância paga-se cara. Parece um cliché dizer que os clientes têm que ser bem tratados mas nunca é demais repetir e é importante pensarmos criticamente no que traduz um bom serviço ao cliente. A primeira coisa para que o alerto é que, em bom rig- or, não sabe se o cliente está ou não satisfeito...se não lhe perguntar! Não as- suma que conhece o cliente tão bem que não precisa de lhe perguntar nada. Isso é arrogância e, por norma, nos negócios a arrogância paga-se cara. Ava- lie os aspectos que mais podem influenciar a percepção do seu cliente, desde o tempo de espera à simpatia dos funcionários, passando pelo conforto das instalações aos procedimentos administrativos, por exemplo. Repito: nunca assuma que sabe mais do cliente do que realmente possa medir. É pois fundamental trabalhar no sentido da satisfação do cliente porque apenas clientes satisfeitos serão, potencialmente, clientes fiéis. Clientes fiéis são fonte de boca a boca positivo, garantem receitas recorrentes e são mais baratos – a nível da captação – que novos clientes. A fidelização tem que ser um desiderato do seu negócio e isso, lembre-se, só se consegue na sequência de satisfação. Deverá portanto pensar em coisas como os canais que os seus clientes terão para marcar consultas e para o contactar, deverá definir como será o seu es- paço e que tipo de privacidade proporcionará, se será open space ou em gabi- nete individual por exemplo; terá que definir se cumpre horários de consulta com rigor ou se, por outro lado, poderá ser aceitável deixar que haja atrasos. Deverá pensar se faz uma chamada pós-consulta a todos os clientes e quem a faz. Poderá ainda decidir se recebe o seu cliente com algum mimo especial (ex. um chá) ou se não tem nada disso, nem sequer umas garrafas de água na 36 sala de espera. Deverá definir se o cliente pode pagar com vários meios (ex. MB e cartão de crédito) ou se só aceita dinheiro vivo. Repare como há uma infinidade de detalhes que influenciarão a percepção da qualidade do seu serviço. Tem que decidir como os quer gerir e tem que ser consistente nessa gestão. E, uma vez implementada uma determinada política de gestão da relação com o cliente, deverá ser humilde o suficiente para a ajustar se os resultados dos seus questionários de satisfação não esti- verem em linha com os objectivos a que se propôs. 37 COMO CAPTAR CLIENTES 38 A elaboração deste livro foi precedida de um questionário sobre empreende- dorismo em fisioterapia que partilhei com uma série de pessoas, sobretudo através das redes sociais. Das largas dezenas de pessoas que tiveram a ama- bilidade de responder, ficou claro que a principal preocupação e o principal receio na hora de se decidirem por um projecto próprio se centrava na cap- tação de clientes ou, posto de outra forma, no risco de não conseguirem os clientes necessários. Está bem de ver que nunca se consegue eliminar totalmente o risco de nen- hum projecto empresarial. • • • O risco é indissociável de qualquer actividade humana, com destaque para a actividade empresarial pelo que, se não tiver tolerância ao risco, quererá talvez reconsiderar a sua opção pelo empreendedorismo. Tenha em atenção que a única coisa que um gestor realmente gere é o grau de risco a que se quer expor, sendo uma mera ilusão a gestão das receitas. Por esta razão, deverá gerir as coisas por forma a que não incorra em mais risco daquele que pode suportar. E digo-lhe isto a propósito da captação de clientes porque é evidente que são os clientes a sua fonte de receitas e que, sem clientes, não terá quaisquer receitas. Mas antes de se aterrorizar com a perspectiva de não captar clientes, tem que pensar em duas coisas. Primeiro, que clientes quer captar. Segundo, quantos tem que captar, no mínimo, para que o seu negócio seja rentável. Saber que clientes captar é importante na medida em que dificilmente (e desejavelmente, aliás), o seu serviço será um serviço adequado a TODO o mercado. Será talvez só para mulheres, ou só para homens; será porventura para crianças ou só para adultos. Será para pessoas endinheiradas ou nem por isso. Será para quem quer um tratamento VIP ou pelo contrário, para quem valoriza mais o preço baixo. Há uma infinidade de mercados, como vê. Tem que saber para quem se destina o seu produto e, uma vez sabendo, tem que ir atrás dessas pessoas. Quanto ao número mínimo de clientes que tem que captar para não perder dinheiro a cada mês, é um cálculo que lhe sugiro que aprenda a fazer, uma vez que deve ser o seu objectivo mínimo mensal. Para calcular este indicador 39 deverá saber exactamente qual o seu custo fixo mensal e saber qual a mar- gem média da sua venda (a margem é a diferença entre o preço que cobra e os custos variáveis associados a essa venda). Uma vez tendo estes dados, bas- tará dividir o custo fixo total pela margem unitária, obtendo assim o valor, em número de vendas, que tem que alcançar para cobrir os seus custos fixos e, logo, para não perder dinheiro. * Posso dizer-lhe que, na Bwizer, esse número é calculado ao dia e acompan- hado em permanência e assim, cada pessoa que lá trabalha sabe, no fim de cada dia, se a empresa gerou as receitas necessárias para suportar o custo do dia, ou não. É um motivador poderoso para correr um pouco mais... Mas então, como captar clientes? Considero o negócio da fisioterapia como um negócio de confiança isto é, aq- uilo que as pessoas mais valorizam, sobretudo em serviços não convencio- nados e mais diferenciados, é o grau de confiança que possam depositar no seu fisioterapeuta. Isto não é de estranhar, uma vez que as pessoas tendem a recorrer à fisioterapia em situações de fragilidade e, para além disso, os trata- mentos envolvem toque físico, muitas vezes com o paciente meio despido. Saia da sua pele de fisioterapeuta por um momento e reconheça que se trata de uma situação que, de confortável, tem pouco. Saber que a confiança – e a credibilidade – são factores fundamentais na hora de escolher um fisiotera- peuta, ajuda a melhor preparar um plano comercial porque, parafraseando ad contrarium um conhecido publicitário brasileiro e adaptando à fisiotera- pia, vender fisioterapia não é como vender um detergente. Creio pois que um fisioterapeuta que pretenda actuar em regime liberal deve, antes de mais, apostar na criação da sua marca pessoal e do seu posiciona- mento. E, nos tempos que correm, uma adequada utilização das redes soci- ais é a forma mais fácil e mais poderosa para o fazer. Diria que há 3 redes incontornáveis em Portugal, o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Poderá * • custo fixo mensal (CF): custos que tem que suportar a cada mês, independentemente das vendas que faça. Inclui coisas como salários fixos e renda, por exemplo. • Margem (bruta) (MB): preço – custos da venda (custos em que incorre em cada venda – ex. Material consumível) • número de vendas mensais a fazer para não perder dinheiro: trata-se do chamado “BEP – break-even point”. BEP = CF/MB 40 também ponderar o Snapchat contudo, no nosso país, neste momento, os 3 primeiros parecem-me os mais importantes a não ser que o seu público seja adolescente e, nesse caso, o Snapchat ganha uma relevância adicional. O importante é definir que posicionamento quer ter e, depois, ser consist- ente com esse objectivo e ir partilhando com os seus seguidores conteúdo relevante que contribua para o tal posicionamento e que reforce a sua no- toriedadee autoridade. Recorde que “posicionamento” não é mais do que a forma como os outros, des- de logo os seus potenciais clientes, o vão ver; a percepção que vão ter de si. Conselho: não invente uma personagem; seja genuíno. Como tudo que tem um lado positivo, há também um lado negativo nas re- des sociais, que é a forma potencialmente viral como algum momento de infelicidade pode ser propagado. Tenha muito cuidado na forma como gere o seu comportamento público porque toda a sua credibilidade pode ser arru- inada com um momento infeliz, por mais injusto que possa ser. A par das redes sociais, que ajudarão a construir a sua marca pessoal, deverá ponderar outras formas de divulgar os seus serviços. Recordando aquilo que dizia atrás, sobre a confiança, fica fácil de perceber que o canal de promoção que melhor se ajusta a esta característica é o boca-a-boca, fenómeno que se caracteriza pela partilha de informação entre as pessoas, de forma directa. Neste caso, bem entendido, refiro-me a um boca-a-boca positivo. Ora, para promover o boca-a-boca positivo tem que satisfazer o cliente (ver o capítulo ”o cliente é Rei”) mas, naturalmente, há primeiro que os captar. Uma das formas que poderá seguir é o de promover os seus serviços junto de uma base de cli- entes mais próxima, nomeadamente amigos e familiares, para tentar daí des- encadear este fenómeno. Devo contudo dizer que sou algo céptico em relação aos amigos e família porque é fácil haver uma perspectiva menos profissional e isso não resolverá nada. Lembro-me que quando lancei a Belpac fiz algumas tentativas nesse sentido e, salvo erro, foram todas um fracasso. Talvez queira, em alternativa, promover a experimentação dos seus serviços, eventualmente com oferta da primeira sessão/sessão de avaliação. Poderá 41 chegar a estes clientes através de parcerias com ginásios, grupos de running, sessões de rastreio, etc. O importante é começar a tratar algumas pessoas. Depois, é uma questão de brilhar e de impactar. Se o conseguir, tem tudo para fidelizar essas pessoas, que vão depois gerar mais boca-a-boca positivo e potenciar as suas vendas. Tem é que ter alguma paciência porque as coisas não acontecem de um dia para o outro. (Sugestão: não se compare logo com quem está no mercado há mais tempo, porque essas pessoas já tiveram o tempo para potenciar este fenómeno). Uma alternativa muito válida é a de ganhar notoriedade por conta de ou- trem, ir criando uma base de clientes/fãs que depois o procurarão quando tiver o seu próprio espaço. Poderá trabalhar no gabinete de um colega antes de abrir o seu – tenha atenção àquilo que acordar com essa pessoa, nomead- amente a nível de não concorrência; outra opção é de trabalhar num clube desportivo já que os clubes costumam ser um palco interessante para ganhar traquejo, visibilidade e contactos. Ainda outra opção é de fazer alguma publicidade “tradicional”, com dis- tribuição de flyers, por exemplo. Pelas razões que expus atrás, e por ex- periência própria, não tenho uma opinião favorável sobre este tipo de acções contudo, poderá fazer alguns testes; não acredite em tudo o que lhe digo! O que lhe posso sugerir é que meça bem os resultados de cada acção, registan- do o investimento que implicou, por um lado, e identificando qual o canal responsável pela captação de cada cliente, registando ainda a margem gera- da para verificar se aquele investimento foi rentável ou não. Se for, replique. Se não for, e se verificar que o problema esteve em algum componente da execução, tente corrigir esse problema. Se vir que, pura e simplesmente, não há resultados, então pare com essa promoção. (Cliché para memorizar: if you have to fail, fail fast). Canais mais massificados e mais caros, como TV e Rádio, não são canais ad- equados para este tipo de negócios, de âmbito local e de pequena dimensão. Poderá optar por rádios locais mas, tal como sugeri para a questão dos flyers, se o fizer meça os resultados! Aliás, medir os resultados de qualquer acção comercial é o mínimo que tem que fazer, se quiser ter uma gestão compe- tente. Em resumo: ao estruturar a sua política comercial deverá ter consciência daquilo que os clientes mais valorizam, e deverá saber que clientes pretende 42 captar. Deverá sempre medir os resultados e não deverá fazer investimen- tos que não possa suportar. Deverá sobretudo apostar naquilo que possa contribuir para a construção da sua marca pessoal, confiando depois no bo- ca-a-boca que resultará do seu bom trabalho e do seu foco no cliente. 43 o PRODUTO 44 o que vai vender e aquilo que os clientes avaliarão, vai para além do que muitas vezes os f isioterapeutas pensam que é a “totalidade” do que apresentam ao mercado, as suas competências técnicas. Este capítulo está aqui para o ajudar a reflectir sobre o produto que vai apre- sentar. Reparará que no capítulo “aspectos específicos dos serviços que há que ter em conta” usei a designação “serviço” e não “produto”. A partir daqui, ao “serviço” chamarei “produto”. Apesar de, tecnicamente, a designação mais correcta ser “serviço”, considero que a designação “produto” torna mais clara a ideia que aqui quero abordar: que aquilo que vai vender é um produto como outro produto qualquer e que, por isso, tem que ser construído com o cuidado que qualquer produto exige, seja ele um automóvel, uma barra de chocolate ou um telefone. O produto que vai apresentar ao mercado é constituído por tudo aquilo que influenciará a experiência do cliente e, por essa razão, vai para além da “mera” sessão de fisioterapia; a forma de atendimento, os canais que disponi- biliza, os horários de atendimento são, também eles, características do pro- duto e características que deverá definir. O mesmo acontece com o espaço físico onde recebe os clientes e o espaço onde decorrem os tratamentos, por exemplo. A esta altura já se estará a dar conta que o que vai vender e aquilo que os cli- entes avaliarão, vai para além do que muitas vezes os fisioterapeutas pensam que é a “totalidade” do que apresentam ao mercado, as suas competências técnicas. Posto isto, como deverá ser o seu atendimento, o seu espaço, a sua farda, o seu horário de atendimento, etc.? Todas as características do seu produto devem estar subjugadas à sua estraté- gia, onde quer chegar e como se quer posicionar. Devem ainda ser coerentes, 45 significando isto que devem todas contribuir para o mesmo posicionamento e não serem antagónicas (ex. se quiser ter um produto que se distinga por um serviço ao cliente de excepção, e se tiver uma sala de espera extremamente bonita, não deverá depois ter tempos de espera elevados). Creio que está claro que tem que pensar “para além” da componente técni- ca da fisioterapia contudo, não se deverá esquecer das características que impactam na dimensão técnica. Assim, deverá definir se as sessões são em espaço aberto ou em gabinete fechado. Deverá definir a sua duração. Terá que definir ainda se o tratamento é todo feito pelo mesmo fisioterapeuta ou se podem coexistir vários. Deverá escolher os equipamentos a usar e definir se se baseia mais em terapia manual, em exercício, em tecnologia ou num mix de todos. Terá que definir se a marquesa é coberta com uma folha de papel de marquesa, se com TNT ou com uma toalha felpuda. Tudo impacta na forma como os seus clientes vão entender o seu produto. Não deixe nada ao acaso. Será também importante perceber aquilo que os concorrentes fazem para que, no mínimo, tenho noção daquilo que existe no mercado. 46 QUE PREÇO COBRAR 47 O preço é uma das variáveis do marketing e aquela que, quase sempre, mais angústia cria. A angústia de quem marca o preço é sempre o de não saber quantos clientes afastará por cada euro que suba. Está bem de ver que o empresário deve cobrar o preço mais alto possível sem afastar demasiados clientes, respeitando a sua estratégia, o segmento para onde se posiciona, a concorrência e a sensibilidade do mercado ao preço.Se no caso dos serviços convencionados há uma tabela de preços (por acto terapêutico, tipicamente), no mercado liberal isso não se coloca, cabendo ao empresário, sem restrições, a definição dos preços a cobrar. Há hoje fisioterapeutas a cobrarem preços muito díspares nos seus gabinetes privados. Há quem cobre €10 por sessão (desconheço quem cobre menos mas admito que exista), e há vários que cobram €20, €30, €40, €50, ou acima disso. Portanto, aquilo que vai cobrar deve ter largamente em conta a forma como se quer posicionar. Recordo apenas que o preço é apenas mais uma das variáveis do marketing pelo que, seja o que for que decida em termos de preço, garanta coerência com a gestão das outras variáveis. Não parece fazer muito sentido cobrar uns singelos €10 por sessão e proporcionar ao cliente sessões de 3 horas, por exemplo. Deverá ainda recordar que as receitas (o preço a que vende, multiplicado pe- las unidades vendidas) não são sinónimo de margem. Como já vimos atrás, a margem reflecte a diferença entre as receitas e os custos em que se incorre para as obter (cada venda que faz tem custos variáveis associados como, por exemplo, o dos produtos consumíveis que gastar logo, a margem será a recei- ta deduzida desses custos). Contudo, mais importante do que isto, deverá ter em atenção que a margem das suas receitas deverá ser superior ao seu custo fixo pelo que, de algum modo, esta questão deverá também ser reflectida no preço a cobrar (recorde o que foi dito no capítulo “Como captar clientes”). Outra circunstância a considerar é a concorrência e os preços que cobra. Se bem que não creio que, quando se trata de produtos tão identitários como um serviço privado de fisioterapia se deva ter demasiada preocupação com aquilo que os concorrentes directos cobram, reconheço ser útil conhecer aquilo que estes fazem até para perceber se o seu preço está alto ou baixo. Esta deve ser sempre uma análise relativa, ponderada pela diferença entre o valor acrescentado do seu serviço e o dos seus concorrentes, isto é, se consid- erar que há um concorrente que tem um serviço com um valor acrescentado 48 mais elevado do que o seu mas o seu preço for igual ao dele então, o seu preço estará demasiado caro e não será, provavelmente, competitivo. A definição do preço não fica por aqui, ainda assim. Faz sentido cobrar preços diferentes, pelo mesmo serviço, a clientes diferentes? Fará sentido ter uma politica de melhores clientes e cobrar preços diferenciado? Deve haver preço especial para packs ou isso desvaloriza o produto? O preço deve ser fixo por sessão ou poderá variar de acordo com as técnicas que aplica, a tecnologia utilizada ou o tempo dispendido? Não tenho aqui espaço, nem é o momento, para aprofundar cada uma des- tas inquietações. De todo o modo, o que lhe digo é que deverá ser coerente e consistente, e assumir um preço. E, se tiver que o mudar, mude-o; se tiver cometido algum erro, tente corrigi-lo com a máxima rapidez. INVESTIMENTO 50 a decisão de investir deverá ser feita se a estimativa de retorno f inanceiro for a que def inir Se está a ponderar abrir um negócio, se já tem um e pondera expandi-lo, se está apenas a pensar se deve comprar um determinado equipamento ou até inscrever-se num curso Bwizer, está sempre a considerar a possibilidade de um investimento. Um investimento não é mais do que a alocação de recursos a um qualquer projecto, com o objectivo de obter um determinado retorno. No âmbito deste livro, focamo-nos nos retornos de natureza financeira, sendo contudo certo que os retornos podem assumir outras formas, desde logo emocionais, po- dendo esse ser o critério fundamental de decisão. No âmbito que aqui abordo, a decisão de investir deverá ser feita se a estima- tiva de retorno financeiro for a que definir. Será possível estimar, com 100% de certeza, o retorno que vai obter? Nada disso, temo bem! A análise de retorno assenta em estimativas futuras que podem não se verificar por inúmeras razões. Não obstante, não há mel- hor opção do que essas estimativas... Terá que fazer estimativas assentes em pressupostos tão razoáveis quanto possível. De todo o modo, a grande virtuosidade de uma análise de investi- mento não é tanto estimar as receitas que possa obter mas os custos em que terá que incorrer. Estimar receitas é algo muito falível – e tão mais falível quanto mais embrionário é o negócio – mas é bem fácil estimar os custos e o investimento necessário que terá que suportar. Deverá pois definir qual o ri- sco que está disposto a correr, desde logo em termos de quantidade de euros que assume poder perder. Isto não deve ser visto com dramatismo; é mesmo 51 assim, qualquer investimento poderá não ter o retorno pretendido pelo que, o que há a fazer, é definir qual o risco máximo que está disposto a suportar. Não pense que tudo vai correr bem! Siga o cliché: espere o melhor, mas pre- pare-se para o pior. Quanto ao cálculo do investimento que necessitará, é tão simples quanto lis- tar tudo o que vai necessitar, pedir orçamentos e comparar preços e fazer uma conta de somar... Claro está que aquilo que vai comprar dependerá quer dos seus objectivos quer do dinheiro que tiver disponível. Poderá ambicionar montar uma clíni- ca de 2.000m2 com piscina e equipamento de alta tecnologia mas poderá não ter dinheiro para isso e, portanto, terá que rever os seus planos. Por out- ro lado, para um fisioterapeuta poderá fazer sentido investir numa super marquesa eléctrica por alguma razão especial e, para outro, poderá bastar uma marquesa portátil de €100. Tem que definir o que quer, quanto pode gastar, e a que ritmo quer investir. não use a falta de dinheiro como desculpa para não começar porque isso pura e simplesmente não é uma real barreira neste tipo de negócio. Não pretendo fazer uma listagem de tudo o que poderá ter que adquirir como investimento inicial mas há duas coisas que quero deixar claro. A primeira é que deve ser exaustivo nesta análise; não deve deixar nada de fora, para não ter surpresas, desde equipamentos a obras, passando por custos administra- tivos de criação de empresa (caso abra uma empresa), etc. A segunda é que 52 realmente não precisa de muito dinheiro para começar. Vou repetir: não use a falta de dinheiro como desculpa para não começar porque isso pura e sim- plesmente não é uma real barreira neste tipo de negócio. Se meter na cabeça que quer começar com a tal clínica de 2.000m2, em instalações próprias e com a tecnologia de última geração, aí sim, vai precisar de dinheiro. Bastante dinheiro. Mas, se não tem todo esse dinheiro, pode perfeitamente começar com muito menos. Do que é que necessita para começar a fazer uns domicílios? Não mais do que uma caixa de luvas de látex, talvez um creme de massagem e umas ban- das elásticas, por exemplo. Menos de €100 de investimento, seguramente. Mesmo que não tenha viatura própria, pode sempre ir de transportes públi- cos, como faz muita gente. E ainda que monte um pequeno gabinete, pode começar apenas com uma marquesa portátil, papel de marquesa, creme e pouco mais. Com menos de €250 está pronto a começar! Para além de calcular o valor a investir, deverá conseguir fazer alguns cálcu- los sobre o retorno desse investimento, nomeadamente o Payback e o VAL mas isso já fica fora do âmbito deste livro. FINANCIAMENTO: como ARRANJO DINHEIRO para INVESTIR? 54 Algumas pessoas poderão estar nesta altura a pensar: “tudo isto é muito bo- nito mas eu não tenho dinheiro para investir. Como posso fazer?” No fim do capítulo anterior tentei demonstrar que, para começar a ganhar dinheiro como fisioterapeuta freelancer, não precisa de um grande investi- mento. De todo o modo, reconheço que é sempre preciso algum dinheiro e que, para montar um gabinete razoavelmente equipado, esse valor rapida- mente pode ascender a €5.000, subindo para €20.000 se quiser apostar em mais alguma tecnologia, e indo por aí acima dependendo do tipo de obrasque tenha que fazer, do equipamento que adquira e do mobiliário que escolha. Seja qual for o valor do investimento, será necessário algum dinheiro. E que formas existem para financiar o seu investimento?: • familiares e amigos • é uma das formas mais habituais para financiar o investimento em pequenos negócios e, se conseguir esta via, é perfeit- amente legítima. Apenas o alerto para o risco que eventualmente passe para a sua família; se o risco for demasiado elevado – isto é, no caso de as coisas não correrem bem, se o dinheiro que a sua família perder for demasiado penalizador, pense muito bem antes de usar esta fonte de fi- nanciamento; • capitais próprios • talvez já tenha algum dinheiro seu, ou porque poup- ou ao longo da vida ou porque herdou, por exemplo. • business angel • um business angel é alguém que tem dinheiro para investir, quer investir num projecto que considere ter potencial de re- torno, tem alguma experiencia de gestão e vontade de ajudar. Há vários business angels por aí e até associações de business angels. Agora, tenha em atenção que investir num negócio de fisioterapia por parte de um in- vestidor externo, é tão menos interessante quanto mais dependente da “marca” do fisioterapeuta for esse negócio, porque aumenta o risco para o investidor. Um business angel não está ali propriamente para o ajudar a ficar rico, está ali para obter retorno do seu investimento (o que implicará ajudá-lo, obviamente, mas isso não será o seu fim último). Há outras formas de financiamento, nomeadamente empréstimos bancários e até alguns programas de apoio ao empreendedorismo mas como isso varia 55 muito de programa para programa e de instituição para instituição, terá que ser seu trabalho saber mais sobre estas opções contudo, não espere milagres. • • • Se optar pelo queixume em vez do trabalho, não vai chegar longe. A propósito do assunto financiamento, é útil falar um pouco de paciência. A paciência é fundamental. Se quiser que tudo aconteça amanhã e não ti- ver capacidade de esperar pelos resultados, tudo será bem mais difícil. Por outro lado, importa também reconhecer que há pessoas que têm condições pessoais que tornam algumas partes do processo mais fáceis – ter pais ricos e que metam dinheiro no negócio dos filhos, por exemplo – mas se se ref- ugiar na sua condição pessoal, porventura menos favorável, para justificar nada fazer, então é porque não tem dentro de si o que é preciso para avançar. Se optar pelo queixume em vez do trabalho, não vai chegar longe. Eu, pelo menos, não investiria nem um euro no seu projecto. se não tiver dinheiro hoje para investir, tenho uma solução para si: comece a trabalhar por conta de outrem, poupe e depois invista. Cruzando a importância de meter mãos à obra, a relevância da paciência e a necessidade de financiamento que sempre existe, se não tiver dinheiro hoje para investir, tenho uma solução para si: comece a trabalhar por conta de outrem, poupe e depois invista. É fácil? Não obrigatoriamente. É possível? Claramente, sim! Tudo dependerá de como quer alocar os recursos que for 56 acumulando. Se preferir gastar o seu dinheiro a comprar um carro novo ou mais caro ou a ir de férias para locais mais dispendiosos, está no seu direito mas não se queixe depois que não tem €10.000, €1.000 ou até €500 para investir. Eu só estou a fazer hoje o que faço, porque fiz duas coisas claramente disrup- tivas na minha vida: 1. frequentei um MBA: o MBA era caro e, como tinha que deixar de tra- balhar, deixaria de ter rendimentos. E não foram os meus pais a pagarem o MBA. Fui eu. E consegui fazê-lo porque tinha trabalhado dois anos e tinha poupado uma parte considerável do meu rendimento. 2. despedi-me da Optimus para montar a minha primeira empresa: os meus pais nunca meteram um só euro em qualquer projecto empresarial meu. Foi sempre tudo com base no meu dinheiro. E quando, aos 25 anos decidi despedir-me da Optimus para abrir a Belpac (eu e o meu sócio in- vestimos um total de €10.000), só o fiz porque tinha trabalhado quase 2,5 anos, e tinha poupado um dinheiro razoável. O dinheiro que me permitiu ter a liberdade de tomar aquela decisão, pelo menos. Os tempos que se seguiram não foram fáceis; andei vários anos sem dinheiro praticamente nenhum, já depois de ter tido um salário razoável. A capacidade para seguir em frente depende portanto da forma como aloca os seus recursos e do grau de compromisso que tem com os seus objectivos. Qual o seu grau de compromisso para fazer o que tem que ser feito? ENQUADRAMENTO LEGAL das UNIDADES PRIVADAS de FISIOTERAPIA 58 Sei bem que das maiores dúvidas que assaltam os fisioterapeutas são as de natureza jurídica. Podem ter espaço próprio ou não? Há regras especificas para esses espaços? Podem trabalhar sem prescrição médica? E a prescrição tem que ser obrigatoriamente de um médico fisiatra? Que tipo de técnicas pode um fisioterapeuta aplicar? Pode estabelecer acordos directamente com seguradoras e outras entidades? Estas são apenas algumas das perguntas que mais vezes são colocadas. Apesar da relevância desta questão, não aprofundarei este assunto. E não o faço por três razões fundamentais. Primeiro, porque não sou jurista o que significa que não me posso arrogar o direito de partilhar qualquer infor- mação que possa ser interpretada como aconselhamento jurídico. Segundo, porque precisamente por não ser jurista, não é um tema que domine pro- fundamente. Terceiro, porque a legislação pode mudar a qualquer instante, correndo o risco de estar a partilhar informação obsoleta, induzindo-o em erro. Não obstante estas limitações, direi algumas coisas que me parecem importantes: • gestão do risco • no capítulo relativo ao investimento já abordei o tema do risco. Recordo que o risco, desde logo o risco legal, é algo que não se consegue eliminar completamente de um projecto empresarial. O que terá que ponderar é o grau de risco que está disposto a suportar. Tratando-se de uma avaliação e uma decisão sempre subjectiva e individ- ual, sempre lhe digo que se estiver à espera de uma circunstância 100% perfeita, sem qualquer risco, talvez tenha que esperar para sempre, até porque tratando-se de uma profissão ainda relativamente nova e cuja di- mensão liberal só agora começa a ganhar maior expressão, é natural que a legislação nem sempre acompanhe aquilo que se passa no “terreno”. • A segurança do cliente sempre em primeiro lugar • não vacile nesta di- mensão! A segurança do cliente tem que ser preservada antes de qualquer coisa – atenção ao risco de negligência ou dolo - pelo que não faça coisas para as quais não esteja preparado. Se sentir que não consegue resolver um problema e que um outro colega poderá ajudar melhor, não hesite em encaminhar o caso. Não invente! Já agora, já alguma vez fez formação em suporte básico de vida? A sua formação ainda está actualizada? Confesso que me espanto com a brutal quantidade de fisioterapeutas que, indepen- dentemente do local onde trabalham, não têm formação oficial em SBV. Não brinque com coisas sérias. 59 • Consentimento informado do cliente • uma forma de gerir um pouco melhor o seu risco, passa por garantir que o cliente assina um consen- timento informado, como aliás os serviços jurídicos da APF (associação portuguesa de fisioterapeutas) sempre sugerem. É algo que faz? Note que um consentimento informado assinado não é um cheque em branco para fazer ao cliente o que lhe apetecer, descurando as melhores práticas clíni- cas contudo, em caso de conflito, será um argumento que poderá ser-lhe útil. • Apoio jurídico • como profissional de saúde, aposto que se sente re- voltado quando considera que pessoas não qualificadas estão a prestar serviços que deviam ser assegurados por pessoas com formação específi- ca, não é assim? Se assim é, porque é que não recorre a um jurista para lhe esclarecer as dúvidas jurídicas que tem?! Uma das opções que tem – seguramente não a única – passa por
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